Busted, Até na Festa Junina?!

Escrito por Cáàh | Revisado por Pepper

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  - Vamos, Cáàh. - A voz masculina ressoou por toda a sala e subiu as escadas, chegando ao quarto da garota mencionada.
  - Estou indo. - Cáàh rolou os olhos e pegou o celular de cima da cama.
  "Anne, te pego em 5 minutos."
  Cinco minutos depois, porém, a garota ainda estava esperando o pai sair de casa e trancar a porta.
  - Sinceramente, pai. Não sei como tem coragem de mandar eu me apressar se é o senhor que demora. - Cáàh reclamou, encostando-se ao carro. O pai resmungou algo inaudível.
  "Talvez demore mais de 5 minutos, é o meu pai dirigindo!"
   até podia ouvir a risada da amiga. Tinha certeza que falaria algo como: Vish, vou ali dormir até amanhã, beijos.
  Rolou os olhos imaginando a cena.
  O fato é que estava muito irritada. Não queria sair de casa, primeiro porque era sábado, e sábado era sagrado. Era dia de ficar em casa, sem fazer nada, assistindo seriados na companhia da amiga, , e dividindo todas as besteiras comestíveis que tivesse em casa.
  Segundo porque o destino não a interessa nem um pouco!
  Estavam de dirigindo, - sim, agora estavam mesmo se dirigindo, já que o pai da garota conseguiu fechar e trancar a casa - à festa que todo ano a cidade oferecia.
  A festa era Junina e era oferecida às crianças pobres, e aos artistas frustrados, como gostava de chama-los. Artistas frustrados eram os caras que faziam uma peça musical ou atuavam muito mal e iam lá, divulgar o seu talento na esperança de que alguém visse qualidade neles e eles conseguissem alguma a mais, alguma coisa que não fosse vaias!
  , sempre que podia, inventava desculpas e faltava nessas festas.
  Ano passado atuara muito bem - bem até demais, chegou a pensar se não teria alguma chance na carreira artística - fingindo estar doente. Pensando bem, não era realmente uma mentira, já que ela ficaria mesmo doente caso tivesse que ir à festa.
  Há dois anos a desculpa era que não estava bem e precisava da amiga por perto. Passaram a tarde e a noite fazendo o que deveria ser feito em todos os sábados: assistiram seriados e comeram todas as besteiras possíveis encontradas, nessa vez, na casa da .
  Esse ano, porém, não tinha desculpa. Seu pai jurara que a arrastaria até a festa, mesmo que ela estivesse doente.
   pensou seriamente em cair de propósito na sexta feira, quebrar a perna e ficar, sem sombra de dúvidas, incapacitada para ir à festa. Mas ficar de doce a festa toda, passar raiva, odiar o lugar e as pessoas ainda era melhor do que quebrar a perna. E se, no tombo, acontecesse algo a mais? E se, no lugar da perna fosse o pescoço? Não! Era melhor enfrentar a festa.
  - ! – gritou feliz, pulando do carro e correndo em encontro à amiga.
  - Oi, . – devolveu, fazendo menção de abraça-la.
  - ! , , ! – exclamou, pulando no mesmo lugar, esganiçada. – Me diga que você não é a minha amiga . – choramingava agora.
  - Que foi? – O pai da mais velha perguntou lá de dentro do carro. Depois era ele o demorado.
   olhou para ele e ergueu os ombros, tão confusa quanto ele.
  - , você está de caipira! – Agora estava quase aos prantos.
  - Ah, é isso? – perguntou e riu, puxando a amiga para o carro. – É uma festa junina, . Todos vão assim. Fala sério... – E, sem esperar pelas honras, abriu a porta da carona e empurrou para dentro, então foi para a porta de trás. – Oi. – Sorriu simpática e o pai da amiga respondeu do mesmo jeito.
  Enquanto o homem dirigia como se não tivesse pressa alguma em alcançar o seu destino – o que era bem visto por – a mesma choramingava, ainda incrédula que a amiga estava daquele jeito. , lá atrás, se esticara toda e estava naquela posição de lagarto morto por atropelamento na pista. Ou seja, estava confortável, apenas rindo da indignação da amiga.
  Já não bastava ter meu pai envolvido nessas festas ridículas, minha amiga está tão ridícula quanto a festa! pensava inconformada.
  - Garotas, chegamos. – Achando que a viagem demorara mais do que o necessário, e ao mesmo tempo querendo estar na rua ainda, pulou para fora.
  - Olha que legaaaal. – cantarolou, pulando para fora também. A diferença é que ela pulara animada e pulara como se, pensando melhor, quisesse quebrar a perna.
  - O que é legal? – perguntou, visivelmente cansada.
  - Doces, , doces! – exclamou e agarrou a mais velha pelo braço, arrastando-a logo em seguida.
  Antes que se virasse para a frente para arrasta-la dignamente, vira: os olhos da amiga brilhavam.
  - ALGODÃO-DOCE! – gritou, correndo à frente e levando de arrasto.
  - Esse doce é nojento. – resmungou e recebeu um belo dedo do meio.
  - Eu gosto e é gostoso, ok?! Agora, me vê um algodão-doce aí. – pediu, virando-se para o rapaz.
  - E é por conta da casa. – Ele respondeu, entregando-lhe o doce.
   arregalou os olhos, parecia que só agora ela reparara no cara. Ele era alto, loiro e seus olhos eram, na opinião de , de um azul lindo. O mais lindo que já vira. Ele sorriu, ao perceber que estava sendo quase radiografado e suas bochechas, nada pequenas e bem gordinhas, foram tingidas por um rosa clarinho que foi se intensificando conforme soltava a baba pelo canto da boca.
  - . . ! – gritou puxando o braço da garota com força. A garota não olhava para os dois e não percebera a situação. Estava ocupada demais vendo a barraquinha em frente a de doces.
  - Que foi, demônia? – perguntou irritada, se virando.
  - Olha como fala comigo. Além de mais velha eu sou mais alta! – brigou e então, esquecendo-se de sentir raiva e esquecendo-se que estava em um lugar que deveria ser odiado, ela apontou igual uma criança para a frente, quase acertando a cara de e deu uns pulinhos. – Vaaamos.
  Ainda sem saber como poderia ser amiga de alguém como , a seguiu.
  Não que ela tivesse realmente escolha. a arrastara e ela era obrigada a seguir a mais velha, mais alta e mais maluca.
  Acabaram parando em frente a uma barraca que estava repleta de armas, havia, ao lado das armas vários ursinhos, que eram os prêmios para quem acertasse o meio do arco.
  - Eu quero a maior e mais foda. – falou, se pendurando no ‘balcão’.
  O rapaz, que acabara de atender dois jovens, se virou para ela. Não parecia muito feliz, mas um sorriso brotou no canto de seus lábios.
  - Que horas e onde? – Ele perguntou, os lábios se curvando ainda mais ao ver que a garota não entendera. O sorriso malicioso fez , que era normalmente a mais lerda, perceber antes de . Já que a outra estava muito ocupada analisando o rapaz. ria, aumentando a raiva de , que, enfim, entendera.
  - Seu idiota. Só não enfio a mão na sua cara porque você parece mais um poste do que um homem e eu teria que subir em um banco pra acertar a sua fuça.
  Arrastando , saíram dali.
  - ADOREI! – gritou quando conseguiu parar de rir. , irritada, acertou o tapa, que estava reservando para o rapaz, no braço da amiga. – Sua cavala.
  - Égua.
  - Idiota.
  - Vadia.
  - Puta!
  Entreolharam-se e começaram a rir. Nada anormal... Não para elas.

  - Por um momento achei que o bom e velho Simpson ia levar o tapa. – O rapaz que cuidava da barriquinha das armas se virou na direção da voz.
  - Por momento, até eu. – Charlie concordou, rindo. – O que quer, Willis?
  - A maior e mais foda. – Ele imitou a garota e riram novamente. – Só queria avisar que as apresentações começarão daqui meia hora. Nós seremos os segundos.
  - Certo. – Charlie concordou, assentindo distraidamente. Estava procurando a garota que queria mata-lo.
  - Eu venho te buscar, pelo jeito você não ouviu nada. – Willis rolou os olhos. – Vou avisar o Bourne.

  - Jimmy. – Ele gritou feliz, pulando e se pendurando no balcão.
  - Oi, Matt. – James respondeu, um sorriso enorme nos lábios.
  - Que aconteceu contigo? – Willis ergueu uma sobrancelha e fingiu-se de sério.
  - Uma garota linda apareceu aqui. – Bourne respondeu e encostou ao balcão. – Quer algodão-doce?
  - Está pior que o Charlie. – Matt negou com a cabeça, inconformado. Então encarou James e percebeu o que falara. – Por que estou surpreso? Você sempre é o pior mesmo. – Antes que James entendesse, ele continuou: - Vamos ser os segundos a se apresentar, daqui meia hora. Venho te buscar também. Obrigado. – Ele acrescentou, roubando o algodão-doce que James pegara.

  - Cansei, cansei, cansei. – cantarolou, sentando-se no chão mesmo, já que todos os bancos estavam ocupados.
  - Eu também, nunca comi tanto. Acho que vou explodir, . – falou assustada, passando a mão pela barriga.
  - Credo, . ‘Tá parecendo uma grávida. – se benzeu, fazendo rir.
  - Quero mais algodão-doce. – choramingou.
  - Acabou de falar que comeu um monte, está até com medo de explodir e quer mais?
  Agora era que não entendia como podia ser amiga de uma morta de fome daquele calibre.
  - Ahn... É que...
  - O quê? – perguntou curiosa.
  - O rapaz que estava cuidando da barraca era tão lindo, . – sentou-se ao lado da amiga e abraçou pelos ombros, sorrindo. – Lindo, lindo.
  - Sério? Eu nem vi. – comentou pensativa. – Estava olhando para a barraquinha em frente. Mas é, nem importa. Se você achou bonito então é bem provável que eu ache feio.
  Riram, era sempre assim.
  - Não gostou do cara das armas? – perguntou, tentando não gargalhar.
  - Boba. Não. Ele é um idiota!
  Ficaram em silêncio. até pensou em puxar assunto, mas estava com os olhos brilhosos, e um sorriso enorme nos lábios. Sabia que ela só se interessaria por alguma coisa se envolvesse o ‘vendedor de algodão-doce’.
  - ? Vem. – se levantou em um pulo e puxou para cima.
  - Onde vamos? – perguntou perdida.
  - Atrás do seu vendedor de SENHOR.
  - Senhor? – perguntou ainda mais perdida. A coisa só piorou quando ela trombou em , que havia parado de andar.
  - Er... De algodão-doce, algodão-doce. – falou, agarrando a mão da amiga e puxando-a novamente.
   vira o ‘cara das armas’ fora da barraca agora. Ele era realmente alto, mas parecia muito mais bonito ali. E também, ele estava sem aquele avental horrível que todos os vendedores estavam usando.
  Ele vestia uma camisa social preta, uma gravata branca e jeans. À sua direita tinha um rapaz alto, porém mais baixo que ele, também de camisa social preta, mas a gravata era da mesma cor e seu jeans era preto. À sua esquerda vinha um loiro, camisa branca, jeans largo e um tênis realmente enorme.
  - Estamos chegando. – falou, embora sua voz estivesse um tanto distante. – Chegamos.
  - Aaah. – choramingou ao ver que quem estava na barraca agora era uma senhora.
  - O que querem? – A senhora perguntou simpática.
  - Ahn... – começou, olhou para a amiga procurando ajuda. estava na ponta dos pés e olhava para algum ponto lá na frente. – ! – Sibilou, cutucando-a nas costas.
  - Ai. – reclamou e virou-se para a frente, quase capotou ao ver quem estava ali. – Cadê seu loiro bonito?
  - Não sei. – sibilou novamente.
  - O que querem? – A senhora repetiu, uma expressão confusa.
  - Queremos saber onde está o loiro bonito da que estava aqui agora a pouco. – falou sem rodeios.
  - Ah. O James. – A mulher falou e assentiu. – Ele foi pra lá.
  E apontou para onde olhava há pouco.
  - E o que tem lá? – A maior perguntou interessada.
  - É lá que as bandas e grupos se apresentam em toda festa. – A senhora respondeu pacientemente. – O que querem?
  - Obrigada. – agradeceu e puxou dali.
  - Ei, tem como parar de me arrastar e me contar para onde vamos? – perguntou cansada.
  - Você nunca assistiu Sherlock Holmes? – perguntou irritada. – Ou leu os livros?
  - Não!
  - Não sabe o que está perdendo. – assentiu enquanto falava, acentuando que Sherlock era ótimo. – Enfim, ele nunca conta os seus planos. Eu aprendi com o mestre.
  Ainda confusa, apenas seguiu a maluca.
  - Chegamos. – Ela falou alegre, parando ao lado de uma árvore.
  - Legal, e o que fazemos agora, Sherlock? – perguntou rolando os olhos.
  - Apenas esperamos para ver se estou certa. – respondeu normalmente e, depois de algum tempo: - EU ESTAVA!
  - AI. – gritou, levando a mão ao ouvido direito. ainda a deixaria surda.
  - Olha, olha. É o seu loiro bonito? – perguntou animada, apontando para a frente.
  - OH. MY. GOD! – gritou e então levou as mãos à boca. – É, é ele. É lindo, não?
  - Não. – assegurou rindo. – Mas ok, vamos aproveitar.
  - Aproveitar? – perguntou arregalando os olhos para , então voltou a atenção para a frente.
  James ajeitava a guitarra. Matt estava sorrindo e piscando para as garotas. Charlie estava sentado à bateria.
  - Aproveitar? Você nem queria vir. – continuou, enquanto James pegava o microfone. deu de ombros.
  - Olá. – James começou, envergonhado. – Nós somos a Busted e estamos aqui essa noite para, além de ajudar na festa, divulgar o nosso trabalho. Não temos muito tempo e vamos tocar apenas uma musica. Espero que goste. Se chama... – Ele cortou a frase ao ver que o olhava sorrindo. – Fallin for you.
  - Quê? – Matt perguntou, parando com os sorrisos e as piscadelas. James ficou ainda mais vermelho.
  - Eu gostei. – Charlie aprovou lá da bateria e o olhou curiosa. A voz dele era bem grossa, e, pensando bem, incrivelmente linda. Charlie estava arrumando os microfones. Tinha três em sua volta, dois ele deixou para a bateria e um ele arrumou para ficar em seu alcance. Depois de microfones arrumados ele se sentou novamente e encontrou os olhos de . Piscou sapeca. A garota corou, mas sorriu.
  Matt, escandalizado, resolveu brigar depois e tocar no momento. Por isso, arrumou o baixo e se posicionou ao microfone.
  Três minutos depois eles acabaram e foram bem aceitos. Todos bateram palmas para os três.
  - Eu quero falar com eles. – choramingou, olhando para onde eles iam. Estavam desaparecendo de vista, por trás das caixas de som e de umas coisas que lembravam paredes, que as garotas supunham ser para alguma outra apresentação.
  - Eu também, eu também. – choramingou por igual. – Mas não podemos. Quer dizer, com que cara eu vou chegar naquele poste?
  - Não precisa, o poste veio a você. – Uma voz há pouco conhecida se fez ouvir. Viraram-se e deram de cara com um Matt sorridente.
  - Parabéns! – Exclamaram juntas. continuou. – Foi bem legal, sério.
  - Eu nunca venho nessas festas, mas hoje valeu a pena. – soltou e corou ao ver que Charlie a olhava.
  - Bom, eu vou indo. Até logo. – Ele acenou e piscou para as garotas, saindo dali.
  - O James tem que cuidar dos doces. – Charlie avisou, empurrando o amigo. Fazendo ele ficar mais perto de , que sorriu.
  - Tenho mesmo. – James assentiu constrangido.
  - Tem? – perguntou meio triste.
  - Tenho, vamos junto? – Ele perguntou e assentiu.
  - Vai mesmo. Me abandona aqui com o poste. – acenou exageradamente, fazendo os dois rirem enquanto se afastavam.
  - Nada legal chamar alguém de poste. – Charlie comentou, encostando-se à árvore.
  - E é legal fazer uma pergunta daquelas né? Eu estava falando das armas. Da barraca. De mentira. Eu só queria ganhar um urso, poxa. – choramingou, cruzando os braços.
  - É que eu não poderia perder a chance de perguntar aquilo. – Charlie falou e virou-se para ela, ainda encostado a árvore.
  - Por quê? – perguntou curiosa, virando-se para ele também.
  - Porque eu realmente gostaria de saber a hora e lugar para nos encontrarmos novamente. – Charlie sorriu, chegando mais perto.
  Sem saber exatamente como, se viu presa entre a árvore e o corpo de Charlie. Então ele se aproximou, devagar, e a beijou.
  - Acho. – começou depois que partiram o beijo – que podemos nos encontrar aqui no parque mesmo. Final de semana que vem.
  - Sério? – Charlie perguntou, roubando-lhe um selinho. sorriu.
  - Sim, mas com outro propósito.
  - Qual? – Charlie perguntou, agora meio triste.
  - Conversar sobre a divulgação da Busted. – tinha os olhos brilhando.

  E assim aconteceu, uma semana depois eles se reuniram, mas não no parque, e sim na casa de . Passaram o dia conversando. Fizeram panfletos, se disponibilizou em correr atrás de lugares para possíveis shows e , com a ajuda deles, montou várias fotos que seriam usadas em um site que sairia logo, logo.
   nunca imaginara que em uma festa junina conheceria os seus melhor amigos!

FIM



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