Breaking Sweet
Escrito por Gaby | Revisado por Beezus
Eu estava num lugar escuro, minha respiração estava falha, os olhos fechando e o coração sobressalto. Não conhecia o ambiente onde estava, até porque como eu já disse, tudo estava escuro, acho que não conseguiria nem ver uma pessoa ali. Logo em seguida, uma neblina toma conta do lugar, deixando um pouco mais visível para eu poder ver o que estava a minha frente; nada. Exatamente, nada.
Talvez fosse algum tipo de estrada abandonada, ou somente uma sala fechada... MAS COMO DIABOS EU VIM PARAR AQUI?! "Calma, . Tudo vai ficar bem". Ok, eu não sei onde eu estou e se estou sozinha, qual minha saída?
Comecei a caminhar, na verdade, eu corria por precauções, caso contrário, aquele frio iria tomar conta da minha pessoa. Logo avistei algum tipo de luz, ela brilhava tanto que chegava a me deixar impossibilitada de ver o que estava acontecendo.
- ... – ouvi um sussurro atrás de minha orelha, me virei para ver, mas nada estava ali.
- Quem ta ai? – gritei perguntando de volta; sem resposta... Voltei minha atenção para onde eu ia antes de ser interrompida. Agora eu corria maia depressa ainda, tão depressa que eu podia sentir meu corpo esquentar e gotas de suor se formarem em minha testa.
- ... – dessa vez, a "coisa" praticamente me chamava. Ela parecia estar indo na mesma direção que eu corria. – Venha... – "NEM MORTA!" Até parece, geralmente nos filmes quem se ferra é o que segue a voz, e bem, hoje definitivamente que não quero me ferrar. – Venha, ! – dessa vez a tal voz parecia enfurecida por eu não atender ao seu pedido.
- Nem morta! – respondi ao nada e segui correndo, dessa vez na direção contraria. Não foi muito tempo até que a "coisa" voltasse. Dessa vez ela tinha se manifestado em uma forma meio humana meio sobrenatural. Seus olhos eram de um vermelho penetrante, a pele era branca e clara, quase que como de uma boneca e a roupa era como aquelas de hospital. Seu cabelo era castanho, mas estava tão bagunçado que parecia mais como um ninho de pássaros. – O que você quer?
- Venha comigo... – ela se virou e eu não tive outra reação a não ser a seguir. – Quero lhe mostrar uma coisa. – ela numa passada de mãos, levou a névoa para longe, tornando tudo mais visível. Eu estava numa floresta fria, eu não pude sentir nenhum sinal de vida. Então é isso, eu estou sozinha com a "coisa".
- O que? – ela nem sequer parou de andar, e a cada passo ia adentro daquele lugar obscuro.
- Sua vida. – meus olhos se arregalaram, o que?! Minha vida? Mas eu ainda estou viva! Não tem jeito de isso estar realmente acontecendo.
- Minha vida? – perguntei irônica. – Eu ainda estou viva. – bufei.
- Tem certeza? Olhe só o seu estado. – me olhou de cima a baixo. Depois, eu me olhei de cima a baixo... Sangue para todo lado, uma poça de sangue se formava nos lugares em que eu havia passado, e minha roupa, que eu não tinha percebido, era também de hospital, estava totalmente manchada. Eu não tinha falas, morri? Não pode ser, eu não consigo me lembrar de nada! A noite anterior eu tinha passado com... Ah, não me lembro, que bosta!
- Mas... – foi a única coisa que consegui pronunciar.
- Te explico depois, agora venha logo. – ela se apressou e eu a segui, pode parecer estranho, mas eu não me sentia morta. Na verdade, quase não sentia nada, e a região em que o machucado se encontrava, estava normal, como todo o meu corpo. O ser sem nome adentrou em uma parte meio que "sem arvores" da floresta, um local onde certamente pessoas já haviam passado. – Chegamos...
- Ok, agora me explica. – a encarei.
- Tudo bem... , você morreu... – como se eu já não soubesse, e rezava para que fosse mentira. -– E bem... Você é uma das poucas almas que geralmente chamamos de perturbadas. Seu espírito foi maltratado em vida, e agora, na sua morte... Terá o direito de escolher.
- Mas escolher entre o que? – eu não entendia nada do que ela dizia, meu espírito foi maltratado... por quem?!
- Veja por si mesma. – em sua mão, apareceu um anel... Logo, lembranças de um passado cruel vieram em minha mente.
FLASHBACK
- Você não tem o direito de falar assim comigo! – ele gritava, a cada aumento de voz meu coração apertava mais.
- Tudo que você tem feito é me chatear e me machucar, o que você quer? – eu não pude deixar de controlar a lagrima que escapava de meu olho.
- Você é fraca, não aguenta e depois eu sou quem te machuca.
- Eu não sou fraca! E se sou, então você é o covarde. Quem me traiu com uma vagabunda foi você. – gritei, mas em um piscar de olhos, senti a mão de se chocando fortemente contra meu rosto, provocando um estalo e me fazendo cambalear para o lado. O olhei horrorizada. Levei a mão ao lado esquerdo de meu rosto, o sentindo arder. Eu estava assustada, nunca isso havia acontecido antes.
- Nunca mais diga isso. – agora eu não conseguia superar, talvez fosse fraca mesmo, mas eu não podia negar que não tinha superado nada nesses últimos anos. Ha pouco tempo, me pediu em casamento, e eu aceitei. Mas de uns dias pra cá, ele tem andado diferente, estressado, acabado, doentiamente mal. Mas por mais que ele fosse assim, eu o amava, não o atual, mas sim o antigo. O de quando o conheci. Não. Eu não iria mais aguentar isso, meu relacionamento com foi um dos piores, nunca tinha me atingido tanto no amor, tudo que eu sempre fiz foi o melhor de mim. Eu só queria que no final tudo pudesse acabar bem, e ao invés de começa outra guerra com ele, eu sinceramente acho que já é hora de partir.
Fiquei em pé, em posição. E, dando as costas para ele, fui a meu quarto, ou melhor, nosso quarto para pegar minhas coisas, não demorou tanto para que eu ouvisse passos atrás de mim, ele correu para chegar a minha pessoa e me abraçou pela cintura. Eu o empurrei para trás e continuei andando até chegar ao quarto e abrir apressadamente o guarda-roupa. Apanhei a mala que estava no canto e, pegando roupas do modo mais apressado que eu já fiz, as joguei na mala. Nem ligando que iam amassar, eu só queria sair dali. Já tinha pegado roupas suficientes, "suficientes para um mês, em outra oportunidade eu pego o resto". Agora, o espaço que sobrou na mala, era para os sapatos, coisas de higiene e algumas outras coisas mais. As peguei rapidamente e me direcionei as escadas, que dariam para porta principal.
- Ei, aonde vai, ? – ele me perguntou a trás de mim, depositando beijos em meu pescoço. Aquilo poderia até ser bom, mas meu rosto latejava demais para eu sentir qualquer outra coisa.
- Embora daqui.
- Como assim? – ele perguntou com os olhos arregalados.
- Você entendeu. Tchau . – me tirei dos braços dele e fui até a garagem, onde pegaria meu carro e bem, partiria. Eu já estava com as coisas dentro do carro, malas, telefone, escova... tudo!
- Você vai me abandonar assim? – indagou ele.
- Assim? – arqueei uma sobrancelha. – Adeus... – dei partida no carro e vi desaparecer de longe.
Narrador POV.
tinha ido embora, era o fim para os dois, definitivamente. que tinha ficado na casa teve um pouco de sorte, ela não tinha simplesmente partido, tinha deixado de propósito uma carta para ele. Que escrevia há alguns meses atrás.
"Querido ,
Quero que saiba que os meus momentos com você foram os melhores da minha vida, e não escrevo essa carta só para quando eu partir, mas sim para lhe entregar quando meu coração me avisar. Eu estava escrevendo essa carta há um tempo, mas ainda não achei o momento certo para te falar dela. Eu preciso muito te falar que eu te amo profundamente e que, se um dia nos separarmos, saiba que eu sempre irei te amar, mesmo que meu coração possa pertencer a outro...
Nos últimos dias, querido , você andou um pouco mudado. Seu jeito de falar, de agir, suas necessidades, você está diferente... e pra pior. Eu sei que você me traiu, e acho que nunca me esquecerei disso, já que, ainda foi com uma qualquer por ai. Deve estar pensando "Como ela pode me amar assim?" Bem querido, nem eu sei a resposta, mas eu ainda te amo, mesmo que tudo o que você fez até hoje foi literalmente me quebrar em pedaços...
Eu sei que ninguém pode negar que desde o começo, nosso casamento ia de mal a pior, e eu não consigo viver uma mentira assim, sei que nós nos apaixonamos e que eu fui o seu "céu" (era isso que você costumava dizer), mas agora, acho que não passamos de cinzas, bem separadas um do outro. E mesmo que digam que é minha culpa por partir, você também tem parte nisso, afinal... Por que começamos isso?
Então você que nunca diga que eu simplesmente fui embora, eu sempre irei te querer... Então é por isso que eu preciso te avisar que...
Ao ler o final daquela carta, ele chorou, não podia acreditar no que ela dizia ou escrevia ali... Mas num lado, enquanto ele chorava, no outro, ela recompunha suas forças enquanto dirigia, mas logo foi parada por um carro da policia.
- Senhora, posso ver seus documentos? – perguntou o policial que aparentava ter a mesma idade dela. assentiu e pegou os documentos do carro entregando ao homem. – Senhorita , não está um pouco cansada para dirigir? – ele perguntou olhando para a feição de acabada dela, que mesmo assim, negou a situação óbvia. – Sinto muito, mas não posso te deixar dirigir assim. – ele falou, bufou. Agora aquele policialzinho iria ser mais um dos problemas dela. Mas outro bem pior estava prestes a chegar, na verdade, ele virava a esquina em uma velocidade imensa.
- ! – ela ouvir seu nome ser chamado de longe, logo em seguida uma batida da porta de um carro. Como ele tinha arrumado um carro tão rápido?
- ? – sussurrou para si mesma. Olhando assim para fora do carro, onde ele se encontrava, mas não era nada bom, seus olhos eram enfurecidos e sua respiração era ofegante e terrível.
- Leve esse bastardo para o inferno com você!...
MINUTOS DEPOIS
O policial não podia crer no que estava vendo, a mesma mulher que ele havia parado na rua, agora estava morta, como uma pessoa dessas pode morrer de um jeito horrível como aqueles? Ela não merecia, pelo menos ele achava que ela era alguém boa, mas essa é a vida, não? Os bons que jogam limpo morrem cedo, os que jogam sujo vivem mais... Ela era tão jovem, pelo menos era o que contava em sua ficha...
Autópsia:
Dados pessoais.
Nome: , .
Prontuário: 28453 - IMNY
Sexo: Feminino
Idade: 19 anos
A garota morreu por tiros e socos, seu corpo não aguentou mais de cinco minutos.
OBS: A vítima se encontrava num estado de procriação.
Não podia ser... Como alguém teria a coragem se matar alguém numa situação daquelas?
FLASHBACK OFF.
Agora tudo estava bem claro, minhas tristes memórias agora estavam de volta.
- Entendeu agora? – a coisa perguntou. Eu assenti com um pouco de medo, passei a mão por minha barriga que sangrava, agora eu entendia o porquê de eu estar sangrando... Em Terra, eu morri com um bebê comigo, ele tirou meu bebê, é como se eu tivesse sem algo muito importante para mim, como se eu tivesse me imaginado mãe pra nada.
- Agora, me diga, quem é você? – ela se virou para mim, eu me aterrorizei. Os olhos, a boca, o rosto, o corpo, a fisionomia, tudo! Ela era eu, praticamente igual a mim, me senti olhando-me no próprio espelho. – Eu... – ela sorriu.
- Não sou você! Sou sua parte sombria... – ok, desde quando eu tenho uma parte sombria?! – E como eu já disse, fui maltratada em vida, fomos maltratadas em vida. – É, aquilo não era mentira alguma. – Estou aqui para te fazer uma proposta.
- Uma proposta? – perguntei quase que irônica.
- Sim, uma proposta... Você tem a chance de voltar pra Terra, por mundo dos mortais. E, ao invés de se perder na vida, concertar tudo ou... bem não interessa. E o outro é ir para o céu, o que escolhe?
- Ah, agora você me fala o que queria dizer com aquele "ou"! – aumentei o tom.
- Ei, calma! Na verdade... A segunda opção era a pior... Vingança.
- Vingança?
- Sim! Vingança, assim aquele idiota do vai pagar pelo que fez! Ele nunca deveria ter nos tocado! – agora tudo estava claro, eu sabia que era estranha, mas meu lado "obscuro" era bem pior, tudo que ela fez foi me trazer aqui para que eu pudesse ficar curiosa para saber o que tinha me acontecido, e me tentar, dizendo que a vingança era o único caminho... Olhando por outro ângulo, tudo o que ele me fez, tudo o que eu senti, sofri... O mais justo seria uma bela revanche... mas isso está contra todos os meus sentidos, não! Não iria arriscar o céu por um bastardo qualquer... Iria? "Pense no seu bebê"... Não! Saí pensamento ruim! Ai que bosta, eu devo ser a única pessoa no mundo que fica em discussão mental entre pensar em ir para o céu e ficar no mundo mortal para uma vingança...
- É, talvez eu deva voltar... – vi um sorriso maligno brotar em seu rosto, eu estava só falando, não selava um acordo!
- Fechado... ¬ Agora ... – falou com uma voz diferente, não era a mesma, dessa vez era mais maligna, uma voz dupla. – Eu tenho a sua alma...
Vi a obscuridade em seus olhos, a maldade em sua face, agora, aquela que me parecia um ajuda, tinha me traído e agora, eu já não tinha mais milha alma, teria que aprender como criar uma vida nova na terra, somente para que, então depois, possa ter minha vingança e assim então ter meu destino traçado...
- Filha da mãe! – gritei.
- Ei, não se assuste, eu lhe dei uma oportunidade... Você vai se vingar, mas quando você morrer sua alma vai para o inferno... Nunca se esqueça, . A vingança é uma faca de dois gumes, ela nunca faz bem. – e então foi o meu fim, tudo ali foi desaparecendo de certo modo, e eu, bem... para mim só restava à sobrevivência nova. Mas talvez, até que voltar seria uma boa ideia...