Boys boys boys

Escrito por Li Santos | Revisado por Natashia Kitamura

Tamanho da fonte: |


NOTA: Esse é um spin-off de “Chelsea Girl”

  Hoje é o grande dia.
  O dia mais esperado por todo adolescente de 18 anos: a formatura do ensino médio.
   chega na casa de , após ela ligar para ele pedindo sua ajuda com urgência. Ao entrar no quarto da amiga, ele a vê usando seu lindo vestido azul-água, os cabelos avermelhados presos para o alto, o rosto iluminado ao ver a figura atônica do amigo parado próximo a porta de seu quarto.
  — -chan! — ela diz muito feliz ao vê-lo e chega próxima a ele. — O que acha desse vestido para a formatura? Estou indecisa...
  Ela questiona e não consegue pronunciar nada, seus pensamentos estão fervilhando, seu coração erra as batidas de maneira boba e suas mãos estão suando mesmo sendo outono e fazer frio lá fora.
  — ! — ela chama a atenção dele novamente.
  — Oi... — ele diz, abobado.
  — Esse vestido está bom em mim para a formatura? Me ajuda!
  — Você está linda, ...
   diz muito abobalhado. Mas, mesmo estando em estado de choque ao ver a amiga tão linda assim, ele não consegue perder a piada.
  — Essa cor de vestido... — ele inicia sua fala e já o encara sabendo que virá algo engraçadinho a seguir — parece uma água-viva ambulante — conclui ele e ri.
  — ! Seu bobo!!! — ela começa a bater nas costas do amigo que continua rindo, ele se vira e segura os braços dela, dando um abraço forte em seguida.
  — Pode me apertar, morder, bater… só não muito porque eu posso me apaixonar.
  — Cala a boca! Seu bobo! — ela ri, divertida.
   “Mais do que eu já estou…”, pensa em tom melancólico e sente a garganta embolar. Mesmo sentindo que seu coração deteriorava cada vez que ele abraçava sem poder confessar seus sentimentos, ele adorava sentir o calor do corpo dela. O acalmava.
  Ele não sabe quanto tempo irá suportar ficar longe dela mesmo estando tão perto, mas não quer se afastar, pois sabe que será pior para ele.
  Seria sua destruição.

[...]

  Após ajudar a escolher finalmente seu vestido de formatura, retorna à sua casa para se arrumar, quando foi atender ao chamado de , ele estava tomando banho para ir à formatura. Seu irmão mais velho se arruma no quarto ao lado, ambos estão ansiosos para encontrarem os amigos uma última vez. As incertezas de qual universidade irão cursar afligem os amigos. O único que já tem certeza do que fará é , o último integrante do quarteto de amigos, o jovem cursará Ciências da Computação na universidade da cidade; e ainda não receberam o resultado da universidade, apenas que estão na lista de espera caso haja desistências devido à grande procura por esse curso; já a mascote do grupo, a , passará um tempo com os pais em outra cidade e, possivelmente, não conseguirá cursar Ciências da Computação junto com os amigos. A festa de formatura de hoje será o último dia que os quatro estarão juntos.
  Essa festa será marcante para eles.
  Já prontos, e se encontram com o amigo na porta da casa deles e vão juntos buscar na casa da jovem que já está pronta há quase duas horas.
  — Eu odeio quando vocês se atrasam, sabiam? — comenta ela ao ver as figuras risonha dos três amigos parados à sua porta. Os três de smoking, cheirosos e bem penteados.
  — Acha que ficar lindo assim é rápido? — diz apontando para si mesmo. — Demora, meu bem.
  — Pois é, — comenta rindo.
  — Você bem deveria saber, -chan — completa . — Já que você está extremamente linda hoje.
   sente o rosto ruborizar.
  — Obrigada, — diz ela, tímida.
  — Já disse que está parecendo uma água-viva ambulante? — questiona e recebe o olhar entediado da amiga.
  — Já, .
  — Ohhh, parece mesmo — diz rindo ainda mais. — Little água-viva!
  — Parem! Seus idiotas! — parte para cima dos irmãos e começa a estapear eles.
  — Ih, ficou brava a pequena — zomba se protegendo dos tapas dela.
  — Bocós! — ela diz muito irritada e ajeita os cabelos. — Vamos logo!
  Ela passa pelos três e sai andando até o caminho que farão para irem para a escola. Os três se encaram e riem da birra da amiga e a seguem enquanto conversam aleatoriamente. Ao chegarem ao pátio principal do colégio encontram os demais colegas de turma que já tomam conta de todo o ambiente externo do local. Todos muito bem-vestidos para a festa que já começou. Por se atrasarem, os três perderam a cerimônia de abertura oficial da festa, mas isso já estava planejado entre os rapazes, só esqueceram de combinar com a .
  A música alta é um indicativo de que ali é a pista de dança mesmo que sem toda a decoração festiva seja apenas a quadra de esportes onde os quatro já praticaram muito vôlei, basquete e futebol juntos. Eles adentram o local, sempre juntos, e começam a dançar no ritmo da música. Logo começam a suar e é o escolhido para buscar bebidas para todos, após ter perdido com cara ou coroa. Sentindo pena do amigo, o acompanha, deixando e na pista de dança. A mesa das bebidas que há dentro da quadra já está desabastecida por conta com calor humano que faz ali, apesar de estar frio do lado de fora, então os amigos vão para parte externa pegar bebidas. O vento frio de outono corta a pele deles assim que eles saem da quadra. A parte externa está quase deserta, se não fosse por alguns alunos que conversam próximos ao campo de beisebol e futebol americano que há ao lado.
  — Vamos ficar um pouco aqui fora — pede e concorda. — Vem comigo — ele a puxa pela mão e a leva até às arquibancadas do campo.
  — Eu vou sentir falta daqui — comenta ao se sentar ao lado de na arquibancada e coloca seu copo de bebida ao lado dela, ele faz o mesmo.
  — Verdade, fará muita falta — concorda ele olhando nostálgico para o campo vazio.
  — Eu não queria ir embora... — a voz tristonha da amiga faz um nó se formar na garganta de , que passa o braço direito nos ombros dela.
  — Hey, pequenina, não fica assim — diz ele, carinhoso. — Nós vamos visitar você nesse período que ficar lá e vai ser só um ano, né?
  — É... — responde ele ainda tristonha. — Mas eu não queria ter que me despedir de vocês — ela ergue o olhar para encarar o amigo.
  — Não é um adeus, ...
  O coração de volta a errar as batidas de maneira boba e isso o deixa com falta de ar de repente. O aroma adocicado emanado por o hipnotiza, o olhar tristonho dela o deixa muito estranho e com vontade de exterminar o que a faz ficar dessa forma. Ele odeia a ver assim. Sentindo-se tomado por uma vontade genuína e doce, se aproxima do rosto dela, põe a mão livre sobre a bochecha de que sente o toque quentinho da mão do amigo e fecha os olhos involuntariamente. De maneira delicada, puxa um pouco o rosto dela para si e beija os lábios de suavemente. Um beijo tão gostoso quanto o toque de sentir as mãos dela em cima de suas coxas apertando-as conforme a intensidade do beijo aumenta.
  — Perdão... — diz ofegante pelo beijo. — Eu...
  — Seu beijo é bom, . É acolhedor — comenta ela e sorri. Esse gesto faz o corpo de relaxar um pouco.
  — Eu queria muito que você ficasse — diz ele ainda abraçado a ela e completa: — Você é realmente especial, .
  — Vou sentir sua falta, -chan, meu amigo esquentadinho e implicante — ela ri do próprio comentário e arranca um sorriso dele. — Ae, ele sorriu para mim.
  — Sua chata — dá um beijo na bochecha dela e completa: — Não conta para ninguém sobre o...
  — Não vou contar, será nosso segredo — comenta ela sorrindo. — Posso te confessar algo?
  — Pode.
  — Seu beijo é bem quente — ela ri do próprio comentário e se levanta de repente.
  — Não foge! — diz ao ver ela descer as escadas da arquibancada rumo ao campo.
  — Tenho que ir ao banheiro! — grita ela e sai correndo rumo aos vestiários que ficam do outro lado do campo, atrás dos bancos de reserva.
  — Boba... — ele comenta para si mesmo e sorri abobado — Como eu amo você, ...
  A última frase sussurrada por ele que só ele mesmo ouve é dita de maneira melancólica. A dor de não conseguir contar o que realmente sente por ela só não é tão grande quanto a dor de saber que aquele beijo pode ter sido o último.
  O beijo da despedida.

[...]

  Quando volta do banheiro, em direção à arquibancada, não vê mais sentado ali. Ela balança a cabeça em negação e sorri lembrando-se do beijo dele enquanto anda de volta para a pista de dança.
  — Então é aí que você está, senhorita água-viva — a voz de é ouvida e o encara rindo.
  — Pare de me chamar assim, — briga ela e faz um bico emburrado com os lábios.
  — Awn, o biquinho dela — ele diz com a voz fofa e aperta as bochechas dela fazendo-a rir.
  — Idiota, isso dói.
  — Tudo você reclama, meu amor, vem cá e me dá um abraço — ele a puxa para si e a abraça. — Vou sentir sua falta, minha pequena.
   dá um beijo no pescoço dela.
  Esse gesto a faz arrepiar-se sem querer, acolhida no abraço do amigo ela sente o calor do corpo dele que já está sem o paletó, suado, mas ainda muito cheiroso. O fato dele estar bêbado não incomoda que repousa a cabeça no peito dele enquanto recebe o carinho das mãos de em seus cabelos. Enquanto é ninada por ele, pensa nos sentimentos adversos que sente por ele. Ela sempre o achou sexy e divertido; sempre que ele a chama de “meu amor” ou “minha pequena” ela realmente se sente amada por e queria que ele dissesse isso verdadeiramente; sentir o calor dele é tão relaxante para ela que esquece por alguns instantes da promessa que fez a si mesma de nunca se apaixonar por nenhum dos três, apesar de ela já ter feito isso antes e reprimir um sentimento por um deles. Mas, toda vez que a abraça dessa forma, ela sente uma imensa e intensa vontade de beijá-lo sem se importar com mais nada.
  E é justamente isso que ela faz.
   ergue os braços e agarra o rosto de , beijando-o com intensidade.
  Inicialmente, sente-se surpreso pelo beijo repentino da amiga, mas em questão de segundos ele se rende ao dançar da língua dela dentro de sua boca, os apertos que ela dá em sua nuca faz ele ficar animado e também começa a apertar o corpo dela para mais perto de si. Os braços firmes dele fazem com que ela não queira findar o beijo nunca mais, a intensidade dos apertos e dos lábios prensados aos seus fazem a jovem querer mais..., porém, interrompe o beijo.
  — Nossa... — diz ele ofegante.
  — Que quente, , eu...
  — Não precisa falar nada, meu amor — ele diz e deposita um beijo na testa dela, ainda abraçado à amiga. — Você é incrível, vou sentir sua falta.
  — Eu não vou para sempre, ainda vai ter que me aturar quando eu voltar — comenta ela rindo.
  — Te digo o mesmo, princesa.
  — Sentirei falta dos seus mimos...
  — Se quiser, posso te dar muitos outros mimos agora mesmo — ele diz de maneira maliciosa e sorri de canto.
  — ! — ela bate nele, mas ri do comentário. — Bobo! Não é assim que as coisas funcionam.
  — Uma pena, meu amor...
  Sorrindo, os dois caminham de volta para dentro da quadra onde os alunos ainda dançam animados ao som de outra música dessa vez. Após encontrarem os amigos, e voltam a dançar animados, pensando no beijo que acabaram de dar.
  Estar dançando ali com os amigos, faz sentir-se nostálgica e melancólica novamente por ter que ir embora. Tudo bem que ela ficará apenas um ano longe deles e que eles prometeram visitá-la todo final de semana, mas não será a mesma coisa. Desde muito nova que ela convive com os três, sempre juntos, eles nunca se separaram para nada durante esses anos. Ter que ficar um ano longe deles será uma tortura para ela.
  Agora, toca uma música lenta e rapidamente os alunos formam pares. puxar uma colega de turma e se puxado por uma outra colega que logo agarra o pescoço dele, ao olhar para o lado a jovem vê observando-a e sorri.
  — Parece que teremos que dançar juntos, água-viva — diz ele estendendo a mão para ela.
  — Até você, ?! — reclama e dá um tapa na mão dele, mas logo a segura e envolve seus braços no pescoço do amigo. — Se me chamar assim de novo eu irei te bater.
  — Você está muito fofa nesse vestido — comenta ele enquanto balança o próprio corpo junto com o dela no ritmo da música.
  — Fofa? — questiona ela arqueando a sobrancelha. — Eu estou maravilhosa, eu sei disso — diz ela, convencida e ri. — Obrigada, , você é um amor.
  — Só disse a verdade — ele dá de ombros e encosta o queixo dela em seu ombro afagando seus cabelos.
  Enquanto aspira o perfume dos cabelos da amiga, pensa na distância que ficará dela. Um ano é muito para ele, o jovem não suportaria tanto tempo assim longe da moça que o faz sentir-se bem daquele jeito que só ela conseguia.
  — Você é tão importante... — sussurra ele.
  — Hã? — ela não ouve e encara ele confusa.
  — Eu disse que você é a água-viva mais linda da festa — ele diz, disfarçando e ri. fecha a cara e dá uma mordida no ombro dele.
  — Isso é por me chamar de novo de água-viva — ela diz brava, enquanto ele ri.
  — Sua mordida nem doeu — comenta ele risonho.
  — E isso é por zombar da minha mordida...
  Impulsivamente, puxa o rosto de e o beija na boca, calando sua risada. Ainda de olhos abertos, o jovem vê a amiga o beijar com carinho. Ele jamais imaginou que ela tomaria essa atitude e demora algum tempo para finalmente retribuir ao beijo, apertando as costas dela com carinho.
  Mas o beijo dura poucos segundos.
  — Meu presente de despedida para você — diz ela com um sorriso fofo no rosto e completa: — Promete que vai me visitar?
  — Prometo — ele responde, simplesmente, e aperta o corpo dela em seu abraço. — Eu te amo — ele pensa e fecha os olhos voltando a dançar colado a ela.
  A festa de formatura dos quatro amigos ainda não acabou, mas para eles os eventos que ocorreram hoje já serviram para marcarem eles para sempre. Tantos sentimentos colocados à prova todos de uma vez e de maneira repentina e intensa faz os quatro pensarem em coisas diferente nesse exato momento. Eles ainda não sabem se irão realmente se ver daqui há um ano, mas sabem que devem aproveitar essa “última festa” juntos como se realmente fosse a última.
  O destino é imprevisível e a única certeza deles é que existe muito amor entre os quatro.
   é realmente especial para os três, mas somente um deles realmente conquistará o coração dela.

Fim!



Comentários da autora