Borderline

Escrito por Jessie O. & Steph | Revisado por Mariana

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  - E assim podemos concluir que as experiências vividas na primeira infância têm um papel fundamental na formação do “self”, sendo estas diretamente influenciadas pelo contexto sócio-econômico e cultural em que o infante se insere, moldando, portanto, sua identidade imutável, ao passo que esta por sua vez também interfere na criação da identidade mutável. Por hoje é só, turma, nos vemos na semana que vem.
   estranhamente não estava prestando atenção aquela aula, o que espantaria qualquer um que conhecesse a jovem de dezessete anos. Psicologia sempre foi o curso dos sonhos, e trabalhar com crianças era a sua meta de vida, por isso as aulas de comportamento infantil do sr. Finnigam eram as preferidas da garota – mesmo estas sendo absurdamente chatas. Se despediu brevemente de Alex e Marie, seus amigos mais próximos desde o inicio deste primeiro período na universidade. Caminhou até a saída incomodada com os olhares dos alunos que passavam à sua frente. Tinha a impressão de que estes sabiam de toda a verdade sobre sua vida. Não é como se ela estivesse cometendo um crime ou algo assim, o problema é que o falso moralismo dos outros os cegava para assuntos mais importantes ao seu redor. Por que é que ao invés de prestar atenção aos alunos que realmente passavam dificuldades por ali eles insistiam em cuidar de sua vida? Decidiu parar de se preocupar com esses assuntos, porque hoje era um dia especial. Iria se encontrar com ele de novo, depois de quase um mês mantendo contato apenas por internet e telefone. A cada vez que a expectativa do encontro surgia em sua mente, os joelhos tremiam, as mãos suavam, e o coração disparava. Algo bem no seu íntimo fazia piada com essas reações exageradas, e parecia querer alertar sobre algum tipo de perigo ao mesmo tempo.
  - Impossível. - ela mesma se respondia em pensamento - Deixe de ser estúpida, . Você NÃO está apaixonada por ele. É só atração física. Tesão. Sexo. Química. Somente isso.
  Despertou da batalha interna quando alguém esbarrou forte em seu ombro no metrô. Estava parada feito uma idiota na frente da segunda catraca, impedindo a passagem das pessoas que lhe lançavam olhares mortíferos ao se dirigirem para as outras catracas livres. Rapidamente pegou o cartão de estudante no bolso frontal da mochila e andou depressa, entrando no trem que acabava de chegar à estação. Pôs os fones de ouvido e deu play no modo aleatório. Os primeiros acordes de “Seventeen” inundaram seus ouvidos, fazendo seu estômago congelar. Odiava o humor ácido que o destino usava consigo às vezes. Encarou a tela do celular pensando em pular para a próxima faixa, mas não conseguiu. Logo estava batendo levemente o pé no ritmo da música, enquanto cantarolava baixinho “I’m only seventeen. I’ll show you love like you’ve never seen…”. Seria capaz de jurar que ele havia escrito a bendita música para ela, se esta não tivesse sido gravada anos antes de a garota nascer. Alguns minutos se passaram e lá estava ela entrando na lanchonete combinada. Ainda da porta, reconheceu os cabelos e a jaqueta. Teve vontade de pular no seu pescoço e começar os amassos ali mesmo, mas controlou o impulso. Enfiou as mãos no bolso do enorme casaco de moletom bordado com o nome da faculdade, respirando fundo ao se aproximar dele.
  - Hey!
  - ! Oi! Achei que você ainda fosse demorar um pouco.
  - É, a aula acabou alguns minutos mais cedo. Como você está?
  - Bem. Um pouco cansado por causa da viagem. Me desculpe por não ter ido te buscar na faculdade.
  - Não tem problema. Eu até prefiro assim. É mais discreto. - a garçonete veio anotar os pedidos, olhando muito para o moreno. Talvez estivesse o reconhecendo, mas envergonhada demais para perguntar. Era sempre assim.
  - Então o senhor quer um sanduiche de rosbife com batatas e coca-cola. E a sua filha? - sorriu simpática, tentando ser engraçada, ao encarar a menina sentada em frente ao homem, que mantinha a seriedade.
  - Não sou filha dele.
  - Ela não é minha filha. - disseram ao mesmo tempo. A mulher ficou mais vermelha que um tomate, murchando instantaneamente o sorriso.
  - Me desculpe! E-Eu pensei... Er... O que a senhora vai pedir?
  - Quero um sanduíche de frango com queijo e um refrigerante de limão.
  - Certo… Hm, okay. - quis estrangular o homem a sua frente quando notou a expressão divertida em seu rosto.
  - Qual a graça, ? - perguntou carrancuda ao que a mulher se afastou.
  - Oh, Deus, você me chamou de ... Isso não é bom.
  - O que não é bom é você ter uma crise de riso toda vez que acham que sou sua filha!
  - Não precisa exagerar, . Só acho curioso quando as pessoas deduzem isso apenas por causa da idade. Você nem é parecida comigo.
  - Isso me irrita. E você sabe muito bem, .
  - Ah, que bom! O voltou! - gargalhada aliviada dele a fez se esquecer um pouco a raiva. Será que sempre gargalhara tão encantadoramente assim? Talvez a saudade estivesse fazendo ela admirar mais esses pequenos gestos.

  **

  Adentraram o apartamento conversado a respeito das aulas dela na faculdade. Para ainda era um pouco estranho estar naquele lugar, sabia que era uma das razões pela qual ele não havia se mudado para o Colorado ou a Califórnia mas não sabia ao certo como se sentia com aquilo. Os corredores vazios eram de dar arrepios, mas ela não estava ligando muito para isso. A empolgação do primeiro ano de curso era evidente, e estava achando ela cada vez mais radiante a cada palavra que ouvia. Seus olhos sempre foram brilhantes daquele jeito? Pareciam duas pedras preciosas. ’Porra, , que merda é essa? Pare de pensar como um moleque carente. Ok, você está carente. Mas pelo menos pare de ser moleque.’
  - ? Você está me ouvindo?
  - O quê? Claro, estou ouvindo, mas, na verdade, não quero só conversar...
   fechou os olhos assim que sentiu as pontas dos dedos de no seu rosto. Sabia que ele estava muito próximo por causa da respiração quente que chegava até sua pele. Quando os lábios tocaram os seus, sentiu algo no seu baixo ventre revirar. Um simples beijo vindo daquele cara já a deixava molhada. O beijo se intensificou, os braços da garota agora estavam em seu pescoço e os corpos já estavam colados. Ela se viu prensada entre e a parede, e quando suas virilhas se roçaram sentiu a ereção do homem. Tremeu levemente com a excitação, e mergulhou as mãos por baixo da camiseta preta que ele vestia. O homem logo tratou de tirar a jaqueta e jogá-la no chão mesmo, interrompendo o beijo para que ela tirasse também a camiseta. Olhava para ela intensamente, o azul dos seus olhos escurecia mais e mais, a medida que suas mãos passeavam pelo corpo da jovem. Retirou o moletom junto com a blusa fina que ela trajava, se afastado um passo para admirar o corpo a sua frente.
  - Tão linda, . Você é tão linda. Não vou cansar de te olhar nunca.
  A garota sentiu o rosto quente, tinha certeza que estava vermelha. Olhou para baixo, tímida, antes de começar a abrir a própria calça e descê-la pelas pernas rebolando suavemente, como se pedisse para ele continuar observando. Terminou de chutar a calça junto com os tênis all star pretos. não conseguia respirar normalmente. A garota a sua frente era inocentemente tentadora. A calcinha branca com estampa de bolinhas pretas combinava com o sutiã de mesma estampa. Nada sexy como uma lingerie de renda, mas ainda assim excitante demais para ele. Seu membro pulsou violentamente quando puxou os cabelos para cima de um ombro e virou de costas, se apoiando na parede e empinando a bunda levemente.
  - Me ajuda com o sutiã, ? - já estava com a voz baixa e pesada, e ele mal podia esperar para ter aquele tom sussurrando em seu ouvido. Hipnotizado, estendeu a mão direto para o fecho abrindo-o ao mesmo tempo em que beijava o ombro descoberto. Escorregou as mãos pelas costas e cintura dela, que instintivamente se empinou ainda mais, jogando a cabeça para trás. Terminando de se livrar da peça de roupa aberta, voltou a ficar de frente expondo os seios com mamilos rígidos.
  - Perfeitos. - ele pensou. Voltou a beijá-la com mais avidez, e as unhas pouco compridas arranhavam de leve seu tórax. Gemeu baixo para expressar seu prazer, as mãos pequenas continuavam a descer até atingir o botão de sua calça jeans. Devidamente aberta por ela, a calça foi retirada e esquecida com os sapatos ali mesmo. não se lembrava de já ter se sentido tão excitado antes, a carregou no colo, com as pernas rodeando sua cintura, e a levou até o quarto. Deitou-a sobre a cama como se ela fosse se partir a qualquer momento, tecendo uma trilha de beijos do pescoço para o colo de . Quando sua língua encontrou o mamilo esquerdo, viu suas costas arquearem no colchão e um gemido alto e sensual o fez aprofundar a carícia. Continuou beijando, lambendo e mordiscando, enquanto o outro seio era massageado e apertado. Trocou os lados dos carinhos, repetindo os gestos no seio oposto. Desceu os beijos pela barriga, fazendo questão de olhá-la nos olhos enquanto se aproximava da área que tanto desejava, retirando a última peça de roupa. Carinhosamente afastou suas coxas, fazendo-a dobrar os joelhos em consequência. Sem parar de encarar os olhos acima, começou a beijar primeiro a parte interna da coxa, depois a virilha. Com os dedos, puxou os poucos fios ralos que havia ali, enquanto esfregava gentilmente o nariz na sua intimidade em um carinho pouco usual. O cheiro dela era um estimulante, uma mistura de sabonete de lavanda e... cheiro de menina. Precisava provar aquilo logo, afastou os lábios com os dedos, formando um V, e a lambeu. A garota revirava os olhos, e a ereção dele parecia que o explodiria a qualquer momento. Saboreava o gosto dela como quem experimenta o melhor doce do mundo. Nada poderia se comparar ao sabor de . Sem perceber, logo ele a estimulava tanto com os dedos, quanto com a boca, prestando atenção nos pequenos gritos e chamados urgentes pelo seu nome. Estava tão excitada e eles mal haviam feito alguma coisa. Os dedos levemente calejados tocaram o clitóris e o corpo da garota se contorceu ainda mais. Os lábios sobre a sua pele se moveram num sorriso fazendo com que ela quase o estapeasse por conta da lentidão. Os movimentos circulares ficaram mais rápidos, assim como a pressão que o dedo fazia sobre o ponto ficou mais forte, e pouco a pouco o corpo dela se tornava mais e mais mole. Era como se fosse feita de pura gelatina. O orgasmo estava próximo. O tesão que tomava conta de era igual, senão maior, ao que sentia quando estava no palco. agora puxava seus cabelos para que ele se enterrasse mais nela, e não demorou para a garota gritar longamente, estremecendo todo o corpo. voltou a subir sobre ela, tomando cuidado para não depositar todo o seu peso, e a beijou. Queria que ela sentisse o próprio gosto, quem sabe assim ela entenderia por que ele enlouquecia.
  - ... Eu quero você. - os olhos que antes estavam fechados pelo êxtase e prazer do sexo oral, se abriram como uma flor. podia ler excitação, malícia e, contraditoriamente, ingenuidade ali. Havia algo a mais, mas ele não soube identificar. Encarou os olhos azuis do homem de cabelos grisalhos sentindo outro espasmo passar pelo corpo. Havia algo na maneira que ele olhava pra ela. Algo que praticamente incendiava seu corpo.
  - Eu sou sua, . - não soube se foi pela frase, ou por sentir as mãos descerem sua boxer e apertarem seu membro, mas ele gemeu alto. Se apoiou em apenas um braço e com a outra mão posicionou o membro absurdamente rígido na entrada molhada da garota. Escorregou minimamente para dentro, voltando o braço para cima, apenas para lhe acariciar o rosto. Seu coração pulsava tanto quanto seu membro. Teve vontade de dizer algumas palavras que quase formavam um nó em sua garganta, mas permaneceu calado e ao que deslizava lentamente pra dentro dela. Sentia a carne se estender e moldar ao próprio pênis, e o rosto dela não podia estar mais lindo: a testa franzida e a boca em ‘O’ denunciavam que estava gostando muito daquilo. Ele sorriu, encostando o lado do rosto no dela para beijar seu pescoço. Começou os movimentos de vai e vem devagar para aproveitar as sensações ao máximo, mas era impossível manter tanto controle. Quando deu por si, se balançava sobre o corpo de penetrando fundo, num ritmo alucinado. A garota tinha a impressão que era ele quem tinha dezessete anos e não o contrário. Observou seu rosto ao que ele franziu as sobrancelhas gemendo maravilhada com a beleza deste. O tempo realmente fazia bem a algumas pessoas. Se bem que desde sempre era um filho da puta gato pra caralho, mas por que diabos ele continuaria assim, não, melhoraria depois de mais de vinte anos? Esse cara só podia ter um pacto com satã. Moveu os quadris sob ele concluindo que, sim, para ser gato e foder daquele jeito ele indubitavelmente vendera sua alma ao tinhoso. Ela mordia o lábio inferior e arranhava suas costas, gemendo vez ou outra ou dizendo pequenas obscenidades em seu ouvido, e tudo só trazia ainda mais tesão para .
  - Ah! ! Eu... Eu vou...
  - Eu sei, linda. Vem comigo. Porra, !
  Os orgasmos arrebataram os dois ao mesmo tempo. gritou o nome dele por mais tempo que julgava ser possível e ele urrou sentindo os dois corpos estremecerem juntos. Algo dentro dela apertava seu pênis deliciosamente, prolongando o orgasmo alguns segundos. Olhou mais uma vez em seus olhos e a beijou profundamente antes de sair dela com cuidado e deitar ao seu lado na cama. Virou-se de costas e ele se encaixou atrás de si. Clichê e meloso, mas para ele aquele era o melhor lugar do mundo agora. Respirava em seus cabelos, sentindo o cheiro do shampoo de baunilha, e desenhava círculos aleatórios no braço que a garota usava para apoiar a cabeça por baixo do travesseiro.
  - . E-Eu queria dizer que... Eu senti sua falta.- não precisava estar vendo seu rosto para saber que novamente ela estava vermelha.
  - Eu também senti, minha menina, nunca mais quero ficar tanto tempo sem te ver. - apertou o abraço, para que ela tivesse certeza de que ele não a deixaria ir embora. Ele já era viciado em , e não iria abrir mão dela por nada.

  **

  Acordou vendo que o dia estava dando espaço para a noite. Teria que usar de novo a desculpa da hora extra como explicação do atraso para o jantar em casa. Olhou para o lado e viu dormindo um sono pesado, a perna enroscada na dela e um braço na altura do seu estômago. Os cabelos um pouco compridos estavam bagunçados no travesseiro, e a mecha grisalha que ele tinha logo acima da testa, que era muito sensual aos olhos da menina, caía sobre seu rosto. Pena que ela teria que ir embora, caso contrário, iria acordá-lo para fazer tudo de novo. Riu silenciosamente quando pensou no que ele diria.
  “Garota, você é insaciável. Lembre-se de que eu sou um velho de 45 anos!” Claro que seria apenas uma provocação, sabia que ele estaria com tanto desejo quanto ela, mas já que teria que passar vontade não queria interromper seu sono. Se desvencilhou com cuidado, indo para a sala buscar suas roupas e mochila. Se vestiu rápido, e checou o celular quando fechou a porta atrás de si. Uma nova mensagem.
  22456: Olá. Informamos que seu novo saldo é de $65.783,21. Para realizar qualquer transação, dirija-se à agência mais próxima. Bank of America.”
  Caminhando até o metrô, buscou dentro de si qualquer traço da vergonha que sentiu na primeira vez que o homem depositou os dez mil dólares em sua conta e não encontrou. Depois de tantos momentos, tanto convívio, tinha certeza que o dinheiro era só uma transação bancária agendada mensalmente por costume e não um pagamento pelo sexo. Sorriu quando lembrou dos olhos azuis que a encararam logo depois do orgasmo naquela tarde. Podia até estar enganada, mas algo a dizia que um sentimento muito forte estava atingindo o coração dele também. O celular em sua mão vibrou, e uma nova mensagem apareceu na tela.
  Sugar Daddy: Não acredito que você foi embora sem me acordar. Já estou com saudades. Te vejo amanhã?
  Prontamente ela respondeu:
  Claro que sim. Ainda não terminei de matar as saudades. Adoro você.
  Poucos minutos depois, o celular vibrou pela segunda vez.
  Sugar Daddy: Mal posso esperar. Também adoro você, little girl. Até amanhã.
  O peito de pareceu inflar de tanta expectativa. Agora que tinha notado a reciprocidade, podia admitir: estava apaixonada por .

FIM



Comentários da autora


Jessie:Hey, girls! Obrigada por lerem Borderline! Mais um trabalho muito legal e divertido que desenvolvi com a Steph. Sempre uma honra escrever com você, vaca.
Quero muitos comentários, sim? Se vocês mostrarem que gostaram, quem sabe The Sugar Daddy Chronicles não retorna com outros capítulos? ;)
Xx

Steph: Oi gente! Super animada para essa fic. Será a primeira da série se agradar o público, é claro. Digam aí nos comentários se gostaram e o que acham que pode acontecer na próxima parte. Obrigada por lerem e muito obrigada ao Kip Winger por ter inspirado esta loucura ;) PS: Jessie pare de me amar.