Black & Diggory II

Escrito por Reh | Revisado por Lelen

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Prólogo

  Flashback
  Virou-se assustado, olhando em todas as direções;
   — Fleur? — Será que tinha encontrado com alguma das criaturas de Hagrid? — FLEUR? — gritou o mais alto que pôde, dando meia volta e correndo para a direção que ele achava que o som tinha vindo.
  Correu por mais ou menos dois minutos, mas não conseguiu escutar mais nada. Escutou um novo barulho quando entrou em uma nova trilha, ao virar-se, com a varinha em punho, viu Vitor Krum parado, entrando no mesmo caminho que ele.
  — Ah, é você... — Suspirou aliviado, tornando a olhar para o outro lado. — Escuta... — Virou-se para o búlgaro, vendo-o erguer o braço com a varinha apontando em sua direção. Diggory franziu o cenho, confuso. Que droga de brincadeira era aquela? — Que é que você está fazendo? — gritou indignado, era assim que Krum queria vencer? — Que diabos você pensa que está fazendo? — perguntou novamente, vendo-o caminhar em sua direção, o olhar fixo no loiro.
  Cedrico deu um passo para trás erguendo a varinha, mal acreditava que Krum estava mesmo pronto para atacá-lo. No instante seguinte Cedrico estava jogado ao chão, a varinha longe de suas mãos.
  Se contorcia no gramado, sentindo o ar faltar em seus pulmões.
  Ouvia os próprios gritos desesperados saindo por sua garganta. Os pensamentos agitados em sua cabeça não o deixavam pensar com clareza, mas a falta de ar em seus pulmões começou a deixá-lo tonto, enjoado.
  — Cedrico! Ouviu uma voz ao fundo de sua mente gritar e então a dor sumiu.
  Se manteve parado, arfando, o corpo trêmulo.
  Não conseguia colocar-se em pé naquele instante. Seus pensamentos ainda agitados dificultavam o entendimento da situação. Alguém abaixou-se ao seu lado, chacoalhando-o pelos ombros.
  — Cedrico! Está tudo bem? Consegue se levantar? — Aos poucos conseguiu focar o rosto de Harry Potter, o garoto o encarava preocupado. — Diggory?
  — Está... Eu... — Olhou para os lados, confuso, ainda sentindo certa dificuldade para respirar. — Krum... Ele se aproximou pelas minhas costas...
  Potter olhou para um ponto logo a frente, voltando a virar-se para Diggory pouco depois, o qual tentava levantar-se com certa dificuldade, estendeu a mão para ajudar o colega.
  — Você ouviu a Fleur gritar?
  — Acha que ele a pegou também?
  — Talvez... Vamos terminar a prova e sair desse lugar!
  Cedrico concordou, aceitando a mão estendida como apoio, firmando os pés no chão com certa dificuldade. Potter virou-se, dando alguns passos para frente, após disparar faíscas vermelhas no local em que Vitor estava caído.
  —  O que você ach... Diggory?
  Cedrico sentiu-se estranho por um instante, parecendo incapaz de mover-se ou dizer qualquer coisa, logo sentindo a escuridão dominá-lo.
  Flashback off.

  Diggory abriu os olhos com certa dificuldade, a claridade o incomodando momentaneamente.
  Passou a língua pelos lábios secos, olhando para o próprio corpo; estava sem camisa e parte de seu braço enfaixado e com uma pasta laranja que ele reconhecia por ter usado depois da primeira prova, quando tinha queimado parte de seu corpo.
  Ao virar a cabeça para os lados, reconheceu a Ala Hospitalar, e, mais lentamente ainda, seu cérebro pareceu lembrar-lhe o que tinha acontecido:

O Torneio Tribruxo tinha acabado. Ele havia perdido.

  Sentiu a frustração e irritação dominarem seu corpo, mas distraiu-se ao ouvir cochichos vindos de algum ponto ao lado. Virou-se para a maca próxima à porta de saída, vendo várias pessoas no local, ao olhar com mais atenção, reconheceu os Weasley e Hermione, não conseguindo ver direito quem era o outro homem por ali, mas percebeu que era Potter quem estava deitado na maca, talvez também tivesse se machucado. Não viu , o que o fez arquear a sobrancelha por um instante, questionando internamente onde a namorada poderia estar, seus pais também não estavam por ali, o que o incomodou levemente. Talvez não estivesse tão machucado, não fosse nada sério, mas nenhum dos três estavam minimamente preocupados com ele?
  Pouco mais de dois minutos depois, enquanto olhava entediado para o teto, ouviu passos e virou a cabeça, vendo a loira entrar no local segurando um copo de bebida, enquanto vários outros flutuavam próximos a ela.
   olhou em sua direção, abrindo um sorriso grande ao notar que ele já estava acordado. Esqueceu-se do feitiço e do próprio copo, correndo em sua direção para abraçá-lo, ouvindo um barulho alto quando todas as bebidas caíram ao chão.  O pessoal olhou ao redor, assustado com o que acontecia até verem-na sobre o lufano.
  — Eu disse que era melhor se eu e Fred fossemos, mas ninguém quis me escutar! — George falou em voz alta. — Não derrubaríamos nada só porque o bonitão da escola está acordado!
  — É, agora teremos que ir buscar do mesmo jeito! — Fred concordou. — Obrigado, Black!
  O casal ignorou os comentários dos gêmeos, continuando abraçados por alguns instantes até a loira se afastar, beijando-lhe os lábios demoradamente. Diggory esqueceu-se de qualquer frustração ou pensamento derrotado que tinha até um minuto atrás, tê-la próximo era mais do que o suficiente, principalmente quando ela juntou suas bocas: sentiu como se já pudesse enfrentar mais três dragões.
  — Isso foi por eu estar preocupada! — sussurrou ao afastar-se, vendo-o abrir os olhos um pouco desnorteado. — E isso é por me fazer ficar preocupada! — Estapeou-o no ombro que não estava machucado.
  — Ouch! — exclamou a encarando, sorrindo de canto.
  — É sério, Diggory. Se você não tivesse colocado seu nome no Cálice, você não estaria aqui. Consegue imaginar o que poderia ter te acontecido se você pegasse aquela Taça? — replicou nervosa, deixando as brincadeiras de lado.
  Cedrico franziu o cenho, confuso.
  — Se eu tivesse chegado até a Taça eu… Ganharia mil galeões? — negou, apontando com a cabeça para a maca de Potter.
  — A Taça era uma Chave de Portal — suspirou, não sabendo como contar tudo o que tinha acontecido de forma resumida, por isso achou melhor falar apenas o principal —, Você-Sabe-Quem retornou.
  Diggory abriu a boca, chocado, demorando alguns segundos para processar a informação.
  — O que…? Como…?
  — Veja só quem acordou! — Ouviram uma voz aproximando-se.
  — Te conto mais tarde — avisou, logo vendo o pai parar ao seu lado.
  — Espero que esteja bem disposto, ainda não tivemos nossa conversa! — Sirius sorriu, piscando para Cedrico quando este o olhou, surpreso com sua presença. — Fiquei pensando se um duelo ainda é apropriado ou vocês são modernos demais para essas coisas? Eu tive que duelar algumas vezes quando estava estudando… — comentou pensativo, o braço cruzado e a mão esquerda coçando a barba. — Nunca com o pai de alguma namoradinha, mas dá no mesmo, não é verdade? — Sorriu para os dois.
   sentiu o rosto esquentar e olhou para o lado contrário de Cedrico. O rapaz, por sua vez, manteve o contato visual com Sirius, embora não parecesse capaz de pensar em uma resposta, era informação demais e minutos de menos para processar tudo aquilo. Sorriu nervoso para o homem, sem saber exatamente como reagir ao vê-lo pessoalmente, principalmente ao lembrar-se do que havia acontecido no ano anterior, quando Sirius se passou por um cachorro e ele acabou por revelar coisas demais.
  — Como se sente? — Black questionou quando notou que os dois adolescentes pareciam constrangidos, o que até seria divertido se não fosse a situação em que se encontravam. — Soube que foi muito bem no Torneio!
  — Nem tanto assim, não é? — Deu um sorriso amarelo, apontando para a parte do corpo machucada. — E também não ganhei… — Sirius abanou a mão no ar, sentando-se ao seu lado na cama.
  — Mas foi o Campeão de Hogwarts, huh? E eu soube que você foi atacado pelo Krum durante a prova e, ao que indica, por Olho Tonto também. — Encarou-o por alguns instantes, Diggory pareceu surpreso com a segunda informação, mas entendeu que o que sentiu antes de desmaiar deveria, sim, ter sido um feitiço. — O que, se pensarmos bem, até que foi uma coisa boa, não? Quem sabe o que poderia ter acontecido…
  Diggory concordou, ainda um tanto confuso com tudo, olhando de canto para , esperando que depois ela o inteiraria nas informações.
  — Quem sabe... — respondeu em voz baixa, com um sorriso triste nos lábios finos.
  Black sorriu para o rapaz antes de levantar-se, bagunçando rapidamente os cabelos de Cedrico, apertando-lhe o ombro em seguida.
  — Descanse bem, Diggory, não gostaria de tornar a ver minha filha chorando pelos cantos, preocupada com você...
  — Pai!
  — O que? Não era pra ele saber? — Cedrico sorriu ao olhar para a garota que encarava séria o pai. — De qualquer forma, preciso resolver algumas coisas para Dumbledore. Nos vemos em breve, Cedrico! 
  — Foi um prazer, senhor. — Apertou-lhe a mão, firmemente. Sirius sorriu de canto.
  — Aperto de mão forte, muito bem. Não tem mais com o que se preocupar, , seu namorado já está bem. Essa noite não vai precisar ficar acordada do lado dele!  — abriu a boca, chocada, o rosto mais vermelho do que nunca.
  — Eu te odeio! — sussurrou para o pai, vendo-o gargalhar, jogando os cabelos para trás.
  — Não seja tão exagerada! — Sirius aproximou-se, abraçando-a apertado, sendo retribuído da mesma forma. — Eu também te amo. Nos vemos logo, ok?
  — Mas...
  — Eu prometo! — Segurou-lhe nos ombros, encarando-a por alguns instantes, assumindo uma pose séria. — Preciso fazer o que Dumbledore me pediu. Mantemos contato! — Beijou-lhe a bochecha. — Até logo, Cedrico, conversamos mais tarde!
  Viram Sirius passar novamente pela maca na qual Harry estava, despedindo-se rapidamente do afilhado, antes de tornar a se transformar no grande cachorro negro.  Cedrico coçou a sobrancelha, sem jeito, antes de olhar para a namorada, que permanecia com o olhar na porta.
  — Então... Você ficou aqui a noite toda? — perguntou em tom baixo, tentando esconder o sorriso que crescia em seus lábios. o olhou com a sobrancelha arqueada.
  — Patético, Diggory. Patético!
  Cedrico novamente deu de ombros, sorrindo sem jeito para a garota.
  — Eu te amo, sabia? — balançou a cabeça e olhou para o lado oposto, tentando esconder, sem muito sucesso, um sorriso tímido. Notou quando a mão do lufano envolveu a sua, apertando-a gentilmente.
  — Não consegui parar de imaginar o que poderia ter te acontecido se chegasse naquela Taça… — confessou em voz baixa. — Harry quase morreu, Cedrico. — Encarou-o por um instante, em meio a um suspiro. — Entende o que eu digo?
  Cedrico deixou o olhar cair sobre o grupo do outro lado, respirando fundo antes de voltar a atenção para a namorada.
  — Não tem mais com o que se preocupar, . Eu estou aqui e não pretendo mais ficar longe de você. E eu prometo que no próximo Torneio eu não coloco meu nome! — A loira negou com um aceno, sorrindo pequeno antes de beija-lo mais uma vez e, em seguida, começar a detalhar o que sabia sobre os últimos acontecimentos.


Um.

  Diggory estava sentado no parapeito do corredor, olhando distraidamente para os jardins, nos quais os estudantes continuavam a conversar e se despedir dos visitantes antes que estes fossem embora. A confusão na final do Torneio e o anúncio de Dumbledore de que Voldemort havia retornado não parecia importante naquele momento. Poucos alunos falavam a respeito, a maioria não parecia ter assimilado a importância daquela informação e outros tantos, a grande maioria dos estudantes, não estava realmente convencido. Afinal, apenas Harry Potter tinha o visto, e Dumbledore só dizia que o Lorde das Trevas havia retornado, por causa do garoto. Mas, e as provas?
  Cedrico era um dos poucos que tinha acreditado na história, internamente sabia que só havia feito por saber de todos os detalhes, talvez se só tivesse uma versão mal contada como os outros, também não acreditasse.
  Se fosse sincero, parte do motivo de Cedrico acreditar de prontidão em tudo aquilo, mesmo antes de ter todos os detalhes, era porque acreditava. E era porque Dumbledore acreditava: o diretor já estava tomando as devidas precauções, embora Cedrico não soubesse exatamente quais, tinha dito que o bruxo havia dado ordens para alguns professores e para Sirius, a missão deles era de reunir alguns amigos antigos e conversarem com outras tantas pessoas. Dumbledore preparava-se para uma Guerra que o Ministério e o próprio Ministro nem mesmo cogitavam.
  Fudge achou ridícula a simples ideia de Voldemort ter retornado.
  Era um absurdo e por isso o Ministério decidiu abafar os comentários.
  Com tudo isso acontecendo, mesmo embora seu orgulho parecesse ter sofrido um grande golpe por ter perdido para Potter no Torneio, Cedrico conversou com Harry, oferecendo algum apoio caso viesse a precisar de alguma coisa.

  Assustou-se quando sentiu alguém apertar-lhe os ombros, virando-se e vendo sorrir para ele, antes de pegar impulso para sentar-se ao seu lado, cruzando as pernas. Permaneceram em silêncio por alguns instantes, olhando para o pessoal rindo nos gramados.
  — O que foi? — perguntou ao perceber o sorriso contido que ela mantinha nos lábios. deu de ombros, o sorriso crescendo aos poucos.
  — Dora me mandou uma carta pela manhã… Talvez… Talvez meu pai passe alguns dias em casa com a gente… — Encarou-o sorridente.
  Cedrico piscou surpreso, sorrindo em seguida, vendo a animação da loira.
  — Fantástico!
  — Eu sei! — Concordou com a cabeça, tornando a olhar para os colegas, o sorriso ainda presente em seu rosto. Diggory permaneceu olhando-a por tempo indeterminado, sorrindo consigo mesmo, até ela olhar em sua direção, curiosa com seu sorriso fácil sem motivos aparentes.
  — O que foi?
  — Gosto de te ver sorrindo. — Deu de ombros, vendo-a ficar levemente constrangida. — Você fica realmente fofa quando fica vermelha, mas não é mais tão fácil te fazer ficar com vergonha desde que começamos a sair…
  — E esse é seu objetivo para hoje, Diggory? — questionou rindo fracamente, sentindo o rosto esquentar cada vez mais.
  — Talvez, mas também tenho outra coisa em mente, sabe?
  — Hm, e o que seria? — Riu ao vê-lo ficar em pé, apoiando o braço na perna da garota, inclinando-se em sua direção.
  — Vou deixar você descobrir sozinha dessa vez… — Piscou antes de beijá-la.
  Black riu baixinho contra os lábios do namorado antes de passar os braços por seu pescoço, acariciando os seus cabelos curtos.

  Cedrico chegou em casa mais sorridente do que o normal por duas razões simples: Primeiro, tinha se despedidomuito bem da namorada em uma das salas de aula vazias para compensar os dias que não se veriam. E, a segunda, tinha sido a primeira vez que realmente aparatara!
  A sensação era horrível, mas ao mesmo tempo era ótimo poder finalmente fazer aquilo sem precisar da ajuda dos pais por ser menor de idade. Não precisava mais de vassouras, lareiras ou do nightbus. Poderia estar em qualquer lugar que quisesse em poucos segundos. E, obviamente, uma das vantagens de agora ser considerado maior de idade, era que poderia, por exemplo, aparatar na casa de a hora que quisesse. Óh, aquilo era fantástico! Já se imaginava fazendo algumas visitas para a namorada, depois, é claro, de descobrir os dias que Sirius Black estaria por perto. A última coisa que queria era o pai da garota o encontrando escondido em algum canto.
  Conversava com os pais enquanto comia, contando-lhes sobre o ano turbulento e tudo o mais que se lembrava. O casal o deixava a par das novidades, que não eram tantas assim, dos meses que ele esteve na Escola.
  — Ah, Ced, vamos viajar nessas férias! Seu pai conseguiu alguns dias de folga! — Rachel contou empolgada, olhando do marido para o filho.
  Cedrico parou de mastigar, franzindo o cenho.
  — Viajar?
  — Vamos visitar seus avós, estivemos com eles no Natal, mas como você estava em Hogwarts, prometemos que assim que retornasse das aulas íamos para lá!
  — Estão morrendo de saudades, não paravam de perguntar sobre você, querido.
  O rapaz tomou um gole de suco, pensando sobre o assunto. Até não era má ideia visitar os avós em Liverpool, mas aquilo significava que não poderia ver , e seu recente plano de visitá-la à noite não seria colocado em prática.
  — Quanto tempo?
  — Umas três ou quatro semanas, talvez um pouco mais…
  — Eu provavelmente voltarei para o trabalho antes, mas vocês ficarão mais dias, seus tios e primos também estão indo!
  — Será ótimo poder rever todo mundo, eles não estavam no Natal — Rachel comentou, sorrindo para o filho.
  — Você pode contar sobre o Torneio, filho! — Cedrico suspirou um tanto frustrado.
  — O que foi, querido?
  — Eu… Tinha planejado passar alguns dias com a … — Amos abanou a mão, rindo levemente.
  — Vocês poderão se ver quando voltarmos, garanto que ninguém vai morrer de saudades! Além do mais, já passaram o ano todo juntos!
  — Mas… Um mês? Não pode ser sei lá… Umas duas semanas?
  — Um mês passa tão rápido quanto duas semanas, vocês nem vão perceber!
  — Talvez para você… — reclamou apoiando o rosto na mão.
  — Jovens, sempre tão dramáticos…
  — Por que você não a convida, Ced? — Rachel sugeriu animada. — Tenho certeza que todos vão gostar de conhecê-la!
  Cedrico sorriu com a ideia, ajeitando-se na cadeira, seria ainda melhor passar alguns dias com ela longe de Londres, sem tanta supervisão da família, mas logo desfez o sorriso.
  — Ela não vai.
  — Como sabe? Nem perguntou… Tenho certeza que Andrômeda confiaria em deixá-la passar alguns dias conosco…
  — É claro que separaríamos os quartos… — Amos comentou, vendo o filho engasgar-se com o suco que tomava. Após poucos segundos, no qual ainda sentia o rosto queimar e via o sorriso divertido do pai, finalizou seu raciocínio:
  — Sirius vai ficar na casa dos Tonks por alguns dias, não vejo a menor possibilidade de ela querer ficar longe de casa…
  — Ah, mas isso vai ser muito bom para eles! — Rachel novamente sorriu, Cedrico a encarou. — Ela não passa muito tempo com o pai, Ced, vai ser bom para eles. Os dois precisam disso!
  — E essa viagem vai ser boa para vocês dois também, filho. É sempre bom sentir um pouco de saudades de quem se ama, melhora a relação! — Cedrico encarou seu pai por alguns instantes, rolando os olhos e negando com a cabeça, rindo baixo.

   o abraçou por vários minutos na entrada da casa, despedindo-se antes da viagem dos Diggory para Liverpool. Prometeram mandar cartas durante as semanas que estivessem separados, e, aproveitando o momento que estavam sozinhos, após certificar-se que não tinha ninguém na rua, Cedrico virou-se para beijá-la com intensidade, querendo memorizar com detalhes para as semanas que passariam distantes.
   apertou-lhe os ombros, arfando leve quando o rapaz mordeu o seu lábio inferior, antes de ouvirem um latido alto, próximo demais; Cedrico soltou-a no mesmo instante, virando-se assustado para os lados, sua mente fértil já imaginava Sirius apontando-lhe a varinha e azarando-o ali mesmo. Contudo, para sua sorte, não era um cachorro negro que estava latindo, era apenas o cachorrinho do vizinho, latindo para um pássaro que tinha pousado na cerca que separava os dois terrenos.
  — Você parece nervoso… — cantarolou, segurando a risada.
  — Você não pode me culpar por ter medo do seu pai — resmungou, antes de respirar fundo, tornando a abraçá-la por alguns instantes. — Te vejo na volta!
  — Sentirei saudades!

Dois.

  Diggory aproveitava o último final de semana que passaria com os primos no The Cavern Club, um pub inglês bastante popular na cidade, tanto para trouxas quanto para bruxos. Se você soubesse fazer o pedido certo. Os bruxos tinham uma senha para acesso a outra parte do pub, longe dos olhos curiosos dos trouxas.
  Cedrico vinha se sentindo muito bem, agora que era maior de idade, conseguia fazer várias coisas que queria há anos e não era permitido pela lei. Com todas as novidades e o tempo em que passou com os primos, aquele mês realmente passou mais rápido do que o esperado, mas também não era verdade a parte que seu pai insistia em repetir dele praticamente não sentir saudades da namorada. Na verdade, parecia uma eternidade desde que tinham se visto pela última vez.
  Tinham trocado algumas cartas durante aquelas semanas, mas Cedrico sempre tinha a impressão que a garota estava deixando de lhe contar alguma coisa, e ele esperava descobrir assim que a encontrasse. também não tinha dado muitos detalhes sobre Sirius, embora tivesse dito que estava vendo-o com certa frequência.
  — Ora, se não é o concorrente número um de Cedrico novamente aparecendo no jornal! — Brandon apareceu rindo, mostrando-lhes a edição do Profeta Diário. Cedrico arqueou a sobrancelha, primeiro para o riso fácil do primo — visivelmente bêbado —, segundo pela brincadeira. Se arrependeu até o último fio de cabelo por ter comentado sobre a namorada ser tão próxima a Harry. Cedrico então pegou o jornal dando uma olhada na primeira página; Potter tinha usado o feitiço do Patrono na frente de um trouxa.
  Franziu o cenho, confuso.
  No fundo sabia que deveria ter algum motivo para o garoto ter feito aquilo, embora o jornal parecesse negar veementemente e exigisse que o Ministério tomasse uma atitude severa, já que Harry Potter, embora famoso, ainda era menor de idade. Era até irônico ver uma matéria no folhetim falando mal do garoto, visto que até pouco mais de um mês antes pareciam colocar Harry como um herói; o grande Campeão de Hogwarts.
  Deixou o jornal de lado, tornando a prestar atenção na conversa dos primos enquanto tomava sua bebida. Sentia falta de passar tempo com eles, costumavam ser todos muito próximos quando mais novos e achava que acabariam juntos em Hogwarts, mas os gêmeos acabaram na Escola de Bruxaria dos Estados Unidos, Ilvermorny, já que o marido de sua tia, irmã de sua mãe, era de lá. Os três sempre acabavam em pequenas discussões para decidir qual era a melhor e, mesmo negando infinitamente, os gêmeos sabiam que Hogwarts era superior e até tinham uma pequena inveja de Cedrico.
  — Então, quando vamos conhecer sua garota? — Brandon tornou a questionar, esticando-se em sua cadeira e olhando ao redor. Diggory deu de ombros, um sorriso leve no rosto.
  — Quando forem a Londres posso apresentar, vão gostar dela!
  — Isso se vocês ainda estiverem juntos, não é? — O rapaz tornou a rir, cutucando o primo. — Depois de tantos dias, talvez ela já tenha te trocado pelo Potter!
  Cedrico revirou os olhos, tornando a tomar sua bebida e preferindo não responder o comentário do primo. No fundo, embora não tivesse nenhuma prova de que Harry estivesse interessado em , confiava em sua intuição que dizia que sim, ele estava. Porque já havia reparado nos olhares do moreno para a garota. talvez não soubesse e o rapaz talvez não tivesse confessado nada, mas para Cedrico era óbvio que Harry Potter queria mais do que uma simples amizade. Então, sim, no fundo Diggory se revirava com a mínima possibilidade de o moreno tentar algo com sua namorada, mas tentava não pensar tanto naquilo pelo bem de sua própria sanidade.
  Só mais dois dias e estaria em casa e, com isso, poderia visitar a namorada!

  A garota terminava de escovar os dentes quando escutou a campainha tocando no andar de baixo. Sorriu sozinha antes de sair do banheiro e descer as escadas, vendo Cedrico conversar com Andrômeda. O rapaz virou-se para a escada, vendo-a descer os últimos degraus, o sorriso tomou seu rosto quando andou em sua direção, abraçando-o apertado.
  — Bom, acho melhor deixar vocês dois conversarem, não? Imagino que tenham muito para colocar em dia — Andy disse antes de virar-se em direção à cozinha. — Prometo que não conto para o Sirius que os deixei sozinhos! — Piscou para o casal, rindo consigo mesma.
  Cedrico passou a língua pelos lábios finos, olhando ao redor.
  — Seu pai está aqui? — Ela riu negando com a cabeça, antes de puxá-lo pela mão em direção ao seu quarto.
  Assim que passaram pela porta do cômodo, Diggory a puxou para um novo abraço, muito mais apertado e demorado que o anterior, tentando, de alguma forma, suprir o tempo que tinham ficado afastados.
  — Caramba, eu realmente senti sua falta! — sussurrou contra seu ouvido, vendo-a rir baixinho.
  — Eu também, mais do que achei que sentiria! Quer dizer, um mês não é assim tanto tempo, não é? — Afastou-se momentaneamente dele, olhando os olhos cinzentos do namorado. Cedrico fez careta.
  — Eu descobri que um mês é muito tempo!
  — Mas aposto que você se divertiu com seus primos! — comentou sorrindo.
  Diggory reparou que a garota parecia mais relaxada e animada do que se lembrava, e tinha um brilho diferente nos olhos. também parecia incrivelmente mais linda para ele, talvez fosse o sorriso fácil ou o tempo que não a tinha visto, imaginá-la nunca era tão bom quanto tê-la ao seu lado. Cedrico concordou com a cabeça, antes de colocar as mãos no rosto da namorada, olhando-a nos olhos por alguns instantes, movimentando os lábios para sussurrar um “senti sua falta”, em seguida, curvou-se para beijá-la com toda a vontade que tinha guardado durante as últimas semanas.
  Passaram incontáveis minutos aos beijos e abraços, até a garota o afastar lentamente, com os lábios vermelhos e o batimento alto, enquanto tentava normalizar a respiração. Abriu os olhos, sorridente, vendo-o sorrir de volta, mordendo levemente o lábio inferior. Diggory suspirou, passando a mão pelos cabelos, antes de virar-se, sentando-se na cama ao lado.
  — Você não corta mais o cabelo? — a loira questionou rindo, parando em frente ao namorado e passando os dedos pelos cabelos castanhos dele, compridos o suficiente para jogá-los para trás. — Está querendo ficar igual meu pai, é? — Cedrico riu antes de passar os braços pela cintura da garota.
  — Não, só não tive tempo de cortá-los ainda, resolvi ver minha garota antes, sabe? — Piscou. — Você, por outro lado, andou cortando esse cabelo! Está bem mais curto do que da última vez que te vi! — comentou puxando uma das mechas loiras. concordou balançando a cabeça, para que ele visse melhor o corte.
  — Digamos que eu não sou muito a favor de passar calor e está absurdamente quente esse verão! Estava pensando em mudar a cor também, mas não gostei muito do resultado… — Deu de ombros.
  — Espera, você pintou? Como eu não tenho nenhuma foto desse acontecimento? — questionou surpreso, vendo-a negar.
  — Dora se passou por mim, foi extremamente legal e assustador ao mesmo tempo!
  Cedrico gargalhou, concordando.
  — Não me importaria se você mudasse, mas gosto deles assim…
  — Eu sei, também gosto… É só que… — Suspirou, parecendo acanhada. — Pareço muito com a minha mãe, sabe? Vi uma foto dela quando tinha a minha idade… — O lufano concordou com um aceno, sorrindo pequeno.
  — Mesmo que você seja idêntica a ela, não quer dizer que seja a mesma pessoa, . — A garota suspirou, concordando, embora ainda parecesse um tanto incerta.
  — Você poderia me ajudar a escolher uma nova cor, posso pedir quando Dora chegar!
  — E se eu confundir vocês duas e beijar a errada? — A loira abriu a boca inconformada.
  — Passa umas semanas fora e nem lembra mais quem é sua namorada, Diggory? — O rapaz riu, negando, antes de puxá-la para mais perto, aproveitando para beijá-la mais uma vez.
  Com seus braços ao redor da cintura de Black, Cedrico teve extrema facilidade para fazê-la sentar-se em seu colo, passando as pernas de cada lado de seu corpo. colocou os braços ao redor do pescoço do rapaz, acariciando a nuca dele e puxando seus cabelos vez ou outra, enquanto se beijavam, até ambos se empolgarem e Cedrico acabar caindo de costas sobre o colchão com a garota por cima, rindo da situação que se encontravam, embora o rapaz não parecesse se importar, descendo a mão pelas costas dela, apertando-lhe a cintura.
  — Chega, chega! Me conta sobre suas férias!
  Cedrico fez careta ao ser afastado, demorando alguns segundos para normalizar a respiração, mas começou a contar-lhe sobre tudo o que tinha acontecido naquelas semanas, dando alguns detalhes que ele não tinha contado nas cartas que trocaram. Contou algumas situações que passou com os primos, os passeios que fez — ouvindo-a reclamar que gostaria de conhecer Liverpool, mal havia saído de Londres durante todos aqueles anos — e o quanto os dois queriam conhecê-la e, entre uma história e outra, aproveitou para beijá-la sempre que tinha vontade.
  — Mas e você? Não recebi muita coisa nas suas cartas, não é? O que você estava escondendo, Black?
   abriu a boca, uma falsa surpresa em seu rosto, e então voltou a sorrir animada. Encostou-se na parede ao lado da cama, cruzando as pernas, enquanto começava a contar sobre as últimas semanas, vendo Cedrico deitado, apoiando o cotovelo na cama e a cabeça na mão.
  — Bem, como eu não viajei, não teve muitas novidades… Fiquei em casa a maior parte do tempo… — Deu de ombros, mas Diggory notou que o sorriso permaneceu em seus lábios.
  — E seu pai?
  — Ele ficou aqui na primeira semana, mas começou a achar muito arriscado, porque aconteceu duas vezes de Aurores aparecerem aqui, sem avisar, por sorte não deu em nada porque ninguém sabe que ele é um Animago…
  — E…?
  — O quê?
  — Você está sorrindo demais para ter passado só uma semana com Sirius, e tenho certeza que não é por minha causa que você está assim tão feliz...
  — Ei! É claro que eu fico feliz em te ver, seu bobo! — Cedrico sorriu, aproximando-se novamente para beijá-la na bochecha, mas logo se afastou, aguardando a resposta da garota. — Bem… Digamos que… — Tornou a passar a mão pelos cabelos do rapaz.
  — Que…?
  — Digamos que… Eu esteja morando com meu pai nas últimas três semanas!
  — O QUÊ? — questionou surpreso. — Como? Você acabou de dizer que…
  — Eu seeeei! — Cortou animada. — Mas ele voltou para a casa da família, não é o melhor lugar do mundo, na verdade às vezes me lembra a sala do Snape… — contou com uma careta. — Mas, bem, tenho meu próprio quarto e posso passar o tempo com ele!
  — Isso é maravilhoso! — Cedrico sorriu para a namorada. — Como está sendo? — franziu o nariz, suspirando em seguida.
  — Um pouco… Movimentado. Tem muita gente naquela casa, na maior parte do tempo a Sra. Weasley quer nos fazer de Elfos… Eu não nasci para tirar pó. Nem para cozinhar! Você tem noção do quão ruim fica minha comida? Papai deixou para o Bicuço e nem ele comeu. Bicuço come de tudo, Ced!
  — Quer dizer que um dia, se casarmos e dependermos de você na cozinha, vamos morrer de fome? — Diggory perguntou com a sobrancelha arqueada, gargalhou quando a viu concordar. — Ainda bem que eu me viro bem! — Piscou divertido, encostando-se na parede e passando um braço pelos ombros da namorada, puxando-a para seu lado. encostou a cabeça no peito do rapaz, entrelaçando sua mão com a livre dele, brincando com seus dedos. — Mas me explica uma coisa, não entendi bem… Por que você diz que tem tanta gente na casa? E por que a mãe do Rony está lá?
  — Godric Gryffindor! Eu não te contei! — Virou-se agitada, batendo com a mão na testa. — Merlin! Desculpa, se bem que… Não podia ter contado por cartas… — comentou pensativa. — Enfim… Papai ofereceu a casa para ser a sede da Ordem da Fênix!
  — A Ordem do quê?

  Diggory esperava, nem tão pacientemente, sentado no sofá, batucando os dedos no joelho. Olhava o relógio de cinco em cinco segundos, esperando que o tempo passasse muito mais rápido do que, de fato, estava passando.
  Já era ruim o suficiente não ver a namorada sempre que queria, já que ela estava com o pai na sede da Ordem, e o lugar era secreto, então Cedrico não podia visitá-la. Não ainda. Mas ele conseguia entender essa parte e até lidou muito bem com tudo, pelo menos até duas semanas atrás, quando descobriu por uma carta dela que Harry Potter estava na sede. No mesmo instante começou a questionar se não poderia passar no lugar ou se ela não poderia ir até sua casa, o que seria ainda melhor já que não teriam Sirius por perto; por mais que detestasse admitir, Diggory tinha sim certo medo do homem.
  O pior era que ele não a culpava por querer ficar em casa com o pai, sabia o quanto a garota sentia falta dele e nem por um momento reclamou por ela não querer deixar o lugar. O problema era saber que Potter agora estava ao seu lado, vinte e quatro horas por dia. Já não bastava isso em Hogwarts?
  Cedrico confiava na namorada, mas não tinha tanta certeza se confiava em Harry Potter e sabia o quanto os dois eram próximos. Tentou por diversas vezes se distrair com qualquer coisa que não envolvesse os dois juntos na mesma casa, mas parecia que toda vez que começava a pensar em outra coisa, sua mente o fazia lembrar de Black e Potter.
  Tinha uma mistura de sentimentos dentro de si: frustração, ciúmes, raiva e culpa. Sentia-se culpado por imaginar algo que provavelmente estava acontecendo apenas em sua cabeça. Sentia-se culpado por imaginar que poderia corresponder aos sentimentos de Potter, os quais Diggory nem sabia com certeza se existiam e, mesmo se fosse real, ela já havia lhe dito anteriormente que via Potter como um amigo, quase como irmão. E aquilo deveria ser o suficiente, mas não era.
  Cedrico sabia que gostava dele tanto quanto ele gostava dela, mas tinha medo de descobrir como ela reagiria se um dia Potter se declarasse. Seria possível que ela o deixaria para ficar com Harry?
  Era um ciúme quase irracional, mas simplesmente não conseguia evitar, por mais que tentasse, e era isso que o fazia se sentir tão culpado. Odiava sentir-se daquele jeito.

  A campainha finalmente tocou às 14h35, e o rapaz levantou com um pulo, andando até a porta, abrindo-a sorridente.
  — Olá, Dora!
  A mulher estava com os cabelos azulados presos em um rabo-de-cavalo alto e vestia seu casaco habitual do trabalho por cima das roupas normais.
  — E aí, priminho? Ou eu deveria dizer cunhadinho? Não sei bem… Enfim… — Cedrico riu constrangido, antes de perguntar se a mulher não queria entrar, o que foi negado rapidamente. — Na verdade estamos com um pouco de pressa, digamos que estou atrasada para uma reunião… — Rolou os olhos.
  Diggory concordou, apenas avisando sua mãe que estava saindo.
  Os dois seguiram lado-a-lado até o meio da calçada de entrada, quando Tonks segurou no braço de Cedrico, prontos para aparatarem, já que ele nem mesmo sabia para qual local estavam indo.
  O lufano ainda detestava aquela sensação, mas era algo tão rápido, que não dava muito tempo para pensar a respeito. Quando abriu os olhos, notou estar parado em frente a um pequeno parque em uma área residencial cheia de trouxas. Atravessaram a rua e pararam na calçada, casas iguais estavam à frente, Diggory notou que a casa à direita tinha o número onze, e a esquerda o número treze. Ninfadora colocou a mão no bolso do casaco, tirando um pequeno pedaço de pergaminho amassado, entregando-o para Cedrico.
  — Leia rapidamente, é nossa senha! — Piscou para o rapaz.

A sede da Ordem da Fênix encontra-se no Largo Grimmauld, número doze, Londres.”

  Quase no mesmo instante, no qual Dora pegou de volta o bilhete para queimá-lo, Cedrico viu uma nova construção começar a se materializar entre as casas onze e treze. Abriu a boca um tanto surpreso com aquilo. não havia dito que a Casa dos Black estava sob feitiços como aquele.
  Os dois subiram os degraus de entrada e Tonks abriu a porta deixando-o entrar primeiro, seguiram por um corredor escuro e um tanto empoeirado.
  — Molly ainda não fez o pessoal limpar essa parte — cochichou sorridente —, eles não param de reclamar que estão trabalhando mais que Elfo Doméstico!
  Cedrico riu lembrando-se da última carta que tinha recebido da namorada, falando sobre isso.
  — Finalmente, Ninfadora!
  Diggory novamente foi surpreendido ao ver Olho-Tonto-Moody parado no canto da sala, próximo de Remo Lupin. Quando Severo Snape apareceu, vindo de um corredor lateral, Cedrico achou que tinha voltado para Hogwarts mais cedo: parte dos professores estavam ali, incluindo, Minerva McGonagall que conversava com um bruxo negro e careca que parecia estranhamente familiar, mas Diggory não o reconhecia.
  — Boa tarde, Sr. Diggory!
  O lufano reparou que talvez fosse muito óbvia sua cara de surpresa, por isso logo tratou de arrumar a postura, virando-se para a professora que foi quem o cumprimentou, atraindo também a atenção dos demais presentes na sala.
  — Boa tarde, professora.
  — Cedrico!? — Lupin parecia um tanto surpreso ao vê-lo.
  — Ele veio ver a — Dora avisou, Diggory sentiu o rosto esquentar quando Remo arqueou a sobrancelha olhando-o sorridente, assim como Minerva.
  — Diggory, é? — Moody o olhou de cima a baixo. — Você já é maior de idade, não? Ouvi boas coisas a seu respeito.
  — Hm… Obrigado… — agradeceu constrangido, ainda sendo analisado pelo ex-Auror.
  — Quim Schacklebolt — o homem negro adiantou-se, esticando a mão —, prazer.
  — Igualmente — Cedrico respondeu apertando-lhe a mão —, o senhor é um Auror também, não? — Quim concordou com um aceno.
  — Soube que esteve muito bem no Torneio — elogiou educadamente.
  — Bom, eu não ganhei… — Deu de ombros, sem graça.
  — Mas foi o verdadeiro Campeão de Hogwarts! Se não tivesse acontecido tudo o que aconteceu, tenho certeza que estaria com a Taça! — Minerva argumentou, fazendo-o ficar um tanto constrangido com o elogio. — Cedrico é um aluno modelo na escola, Monitor-Chefe, se não estou errada? — O rapaz concordou animado, lembrando-se do novo cargo.
  — Recebi a notícia ontem!
  — Como é? Você virou Monitor-Chefe? — Diggory virou-se em tempo de ver e Hermione entrando na sala, vindas de outro cômodo.
  — Alguém vai ter problemas… — Mione cantarolou rindo, olhando de soslaio para a amiga, antes de cumprimentar o rapaz.
  — Eu não estou gostando dessas ameaças, Granger. — arqueou a sobrancelha, virando-se para Minerva, ao tempo que chegava ao lado do namorado. — Estou começando a pensar que estão querendo me cercar na esperança que eu pare de perder pontos pra Grifinória!
  — O que não seria uma má ideia, não é mesmo? — McGonagall a olhou significativamente.
  — A gente recupera no Quadribol, professora! — respondeu rindo, antes de abraçar o namorado.
  Ouviram um pigarro e, ao olhar, Cedrico viu Sirius Black parado de braços cruzados e o olhar preso no casal.
  — Não é porque eu autorizei o relacionamento que eu aceito tanta demonstração de afeto, ainda mais embaixo do meu teto! — Diggory afastou-se da garota rapidamente, parecendo ligeiramente nervoso quando se adiantou para cumprimentar o homem, ouvindo uma risada ao fundo.
  — Até parece, você fala mais dele do que a ! — Remo contou divertido, fazendo o resto do pessoal olhar para Sirius, surpreso. Black abriu e fechou a boca, sem reação.
  — Eu… Só disse que ele parece um bom aluno… ou não é verdade? — Virou-se para Minerva, que concordou segurando um sorriso. — E que era bom com cachorros!
  Snape rolou os olhos, entediado.
  — Muito bonito o momento, mas acredito que agora que a Ninfadora chegou, podemos começar a reunião ou tem mais alguém atrasado?
   notou o olhar irritado que a prima direcionou ao mestre de poções por chamá-la pelo nome de batismo.
  — Falta o Arthur… — a mulher falou, ao notar que o Weasley mais velho não estava entre eles.
  — Ele não virá, está no Ministério — Quim avisou.
  — Muito bem, muito bem, então vocês três podem ir subindo. — Moody apontou para as duas garotas e Cedrico, demorando o olhar no rapaz. — Apesar de…
  — Nem pensar! — Minerva negou com a cabeça, sabendo o que Alastor queria. — Diggory é maior de idade, mas ainda está estudando.
  — O quê…? — O lufano questionou confuso, sem entender o que aquilo significava. virou-se de um professor para outro.
  — Vocês querem que Cedrico entre para a Ordem? — questionou surpresa. — Estou aqui faz quase dois meses e ninguém me aceita, ele chegou faz cinco minutos e já tem convite? Acho injusto!
  — Ninguém vai entrar na Ordem, Black, principalmente alguém menor de idade e irresponsável como você! — Snape respondeu friamente.
  No mesmo instante Sirius deu um passo à frente, pronto para começar uma discussão.
  — Vamos começar, temos muito o que resolver. Além do mais, nenhum estudante vai entrar para Ordem! — Minerva interferiu, dando um passo em direção a Sirius, olhando séria dele para Snape. E então olhou para os três adolescentes. — Vocês já podem subir.

  Hermione abriu a porta do segundo quarto no corredor, entrando e sendo seguida pelo casal. Cedrico logo viu Harry, Rony, Gina, Fred e George sentados em duas camas de solteiro que tinham ali, conversando. Os cinco pararam virando-se para a entrada, logo percebendo que as duas garotas não estavam mais sozinhas.
  — Olá, Cedrico! — Gina foi a primeira a dizer, seguida pelos quatro garotos.
  — Oi, tudo bem? — perguntou simpático, acenando para todos.
  Sentou-se ao lado de na cama à esquerda, enquanto olhava ao redor. O quarto era um tanto escuro com sinais de infiltração e parte do papel de parede estava gasto, mas ao prestar mais atenção nos móveis, Diggory teve certeza que o quarto costumava ser bastante luxuoso. Foi então que Cedrico lembrou-se do quão importante era o nome Black antes de toda a confusão com Sirius, e quão rica era a família.
  Os Diggory tinham dinheiro e o sobrenome já tinha sido importante; Eldritch Diggory, tataravô de Cedrico, chegou a ser Ministro da Magia e o primeiro a recrutar uma Comissão de Aurores na Inglaterra, também começou a questionar o uso de Azkaban como prisão, mas morreu ao pegar Varíola de Dragão antes de chegar a alguma decisão sobre o local. Os Diggory tinham certo respeito na comunidade bruxa, mas Cedrico sabia que não era nem perto de ser tão grande quanto o sobrenome Black, e nem próximo de serem tão ricos. Seus pais tinham uma boa quantia de ouro em Gringotes, o que lhes garantia viverem bem, mas sem nenhum luxo.
  A Família Black era extremamente conhecida, respeitada e temida por muitos. Se voltassem quase duas décadas, antes de Sirius ser preso em Azkaban e antes da Primeira Guerra, os Black eram uma das principais famílias bruxas junto aos Lestrange e, mais recentemente, os Malfoy, principalmente porque as três famílias mantiveram uma aliança por muitos anos, casando-se entre si para manter a linhagem e o Sangue-Puro. Contudo, após Voldemort ser derrotado, parte desse prestígio foi perdido. Os Black não chegaram a declarar que eram a favor do Lorde das Trevas, mas a maioria sabia que eles concordavam com muitas das ideias de Riddle: os Black não aceitavam Sangues-Ruins e desprezavam os trouxas. E, como Sirius e eram agora os últimos a carregarem o sobrenome Black, podia-se dizer que a família já não era importante como antes. Embora ainda fosse um sobrenome imponente, Black agora só era ligado ao Comensal foragido, principalmente porque a maioria não sabia que era a filha de Sirius, a grande maioria nem sequer sabia que o bruxo tinha uma filha.
  — Moody praticamente chamou Cedrico para a Ordem! — a loira contou para o pessoal no quarto, Diggory notou que todos os olhares viraram-se em sua direção.
  — Como é? Por quê? — os gêmeos questionaram ao mesmo tempo.
  — Porque ele é maior de idade e um exemplo de estudante! — Piscou ao olhar para o namorado, que negou com um aceno, sorrindo pequeno.
  — Mas nós já temos 17! — George reclamou indignado.
  — Não é só por isso — Mione negou, atraindo a atenção de todos. — Cedrico é maior de idade, bom aluno e ótimo em feitiços, não? E foi muito bem avaliado no Torneio, principalmente se considerarmos que ele foi o Campeão pela Escola. Harry não teria participado em situações normais!
   o cutucou na cintura, vendo-o sorrir de lado ao tempo que tentava segurar a risada ao ouvir os elogios de Granger.
  — Cedrico pode entrar na Ordem e nós não? — Harry perguntou levemente irritado. — Desculpe, Diggory, mas… — O rapaz levantou-se, andando de um lado para o outro. — Quer dizer, eles nem mesmo saberiam que Voldemort retornou se eu não tivesse dito, não é?
  — Harry… — Hermione chamou, mas o amigo ignorou.
  — Me deixaram no escuro o verão todo e agora Cedrico entra na Ordem por ser maior de idade?
  O lufano arqueou a sobrancelha, não gostando de como soou o que Potter tinha dito.
  — Eu não vou entrar, Minerva disse que nenhum estudante vai — avisou segurando-se para não ser rude.
  — É, mas Moody ficou interessado, tenho certeza que vão te chamar quando terminar Hogwarts... — comentou pensativa, Cedrico a olhou curioso.
  Sabia o que a Ordem da Fênix significava, sabia o que tinham feito durante a Primeira Guerra. Sentiu-se extremamente feliz e orgulhoso de si mesmo por Alastor Moody, um dos maiores Aurores que já existiu, considerá-lo para o grupo. Porém agora, olhando para todos naquele quarto, achava que ninguém o considerava capaz de participar de algo como aquilo. E saber que a namorada parecia hesitante com aquela possibilidade o fez sentir-se mal por saber que ela não o considerava bom o suficiente. Principalmente por saber que achava Harry Potter uma ótima adição para a Ordem.
  Parecia que tinha voltado meses no tempo e estavam naquela mesma conversa sobre ele colocar ou não seu nome no Cálice de Fogo. Naquele instante Cedrico começava a achar que não tinha sido uma boa ideia ir até o local, talvez devesse ter ficado em sua casa.
  Continuaram conversando sobre o assunto, passando para o possível motivo da reunião que acontecia no andar de baixo. notou que Cedrico estava extremamente quieto, não fazendo comentários sobre a conversa, e foi ainda mais evidente que tinha algo o incomodando quando ele suspirou ao seu lado, parecendo impaciente.
  — De qualquer forma, nem Dora nem meu pai estão dizendo muita coisa… — Rolou os olhos, levantando-se. — Se alguém tiver alguma ideia… — Deixou subentendido que ela estava disponível para qualquer coisa que os ajudasse a descobrir o que acontecia. — Quer conhecer o resto da casa? — perguntou para Diggory, que a olhou após alguns segundos concordando com um aceno e a seguindo para fora do quarto.
  — Acho melhor você não conhecer o quarto dela, lembre-se de que Sirius está no andar de baixo, Cedrico! — Fred gritou antes de fecharem a porta.
  — Ele é um assassino louco e perigoso! — George completou, rindo junto dos demais.

  Ignorando a brincadeira dos gêmeos, o primeiro (e único) lugar que levou Cedrico foi para seu quarto, o último cômodo do lado esquerdo do corredor do segundo andar. Esperou o rapaz entrar para fechar a porta, andando até sua cama grande e sentando-se na mesma enquanto via o namorado olhando ao redor. O quarto estava muito mais organizado do que o outro, tinha dito que passou algumas tardes junto de Sirius arrumando-o para deixá-lo um pouco mais seu. Boa parte da decoração do quarto na casa dos Tonks foi transferida para lá; uma grande bandeira da Grifinória ocupava parte da parede lateral e ao lado da porta tinha uma escrivaninha e um grande espelho com várias fotos ao redor. Cedrico reparou nas duas únicas com porta-retratos ali, ambas recentes.
  , Sirius e Dora estavam sentados no sofá da casa dos Tonks, com Andy e Ted em pé logo atrás, riam para a foto, levantando copos de alguma bebida em um brinde silencioso. Na outra foto, Diggory lembrava-se bem dela, sua mãe tinha tirado no dia da terceira tarefa do Torneio, quando estavam juntos andando pelos terrenos de Hogwarts, Cedrico abraçava a namorada pela cintura e ambos riam para a câmera. Sorriu levemente ao lembrar do dia, e então suspirou puxando a cadeira da escrivaninha, sentando-se na mesma e encarando os pés. suspirou audivelmente antes de cruzar as pernas.
  — Não entendo, de verdade, Cedrico. Você disse que queria vir aqui, que estava com saudades e tudo o mais, e agora mal me olha na cara? — questionou com a voz baixa. Diggory travou a mandíbula, olhando para o chão escuro. — Eu posso pelo menos saber o motivo dessa vez?
  — Não é como se eu quisesse ficar brigando com você…
  — Mas é exatamente isso que você está fazendo agora, e eu nem sei o motivo.
  Cedrico levantou-se frustrado, cruzando os braços e andando de um lado para o outro no quarto.
  — Pelo mesmo motivo do ano passado, você não confia em mim.
  — O QUÊ? — perguntou incrédula. — Quando foi que eu não confiei em você? Olha, se foi pelas suas admiradoras, eu tinha motivos, ok? — Diggory sorriu triste, colocando as mãos nos bolsos da calça.
  — Não quero dizer no sentido de traição, — explicou chateado, vendo-a franzir o cenho, confusa. — Quero dizer que você nunca me acha capaz de fazer algo, quando sugeri colocar meu nome no Cálice ano passado, o tempo todo você ficava dizendo o quanto era perigoso e que eu poderia me machucar…
  — Se eu não me engano, você acabou queimado em duas tarefas e teve Krum te azarando com uma Maldição Imperdoável, não? — Arqueou a sobrancelha. Cedrico concordou com um aceno, fechando os olhos por poucos segundos. teve a impressão que o namorado parecia cansado, mas não soube dizer do quê.
  — Eu, na verdade, não sei o que te dizer. — Deu de ombros, olhando para baixo, estava sendo sincero, nem ele mesmo sabia o que o incomodava tanto, não sabia definir o misto de sentimentos e pensamentos que o ocupavam.
  — Se você não me disser, não tenho como saber o que está acontecendo, Ced. — Levantou-se, se aproximando dele.
  — Eu sei… É só…  — O rapaz suspirou, passando a mão pelos cabelos. — Você sabe o quanto eu gosto de você, , mas a sensação que eu tenho é que você não confia em mim, que você realmente não me acha capaz de fazer as coisas…
  — Que coisas?
  — A Ordem, por exemplo. Eu entendo seus amigos não me acharem capaz, mas você? — Ele a encarou por alguns instantes.
  Aos poucos a garota parecia entender ao que ele se referia, ao tempo que parecia tirar um peso de seus ombros e a angústia do peito. Nem mesmo notou o quão aflita estava com aquela conversa, até sentir um alívio passar por seu corpo.
  — É esse o problema? — Ela negou com a cabeça, não podendo deixar de sorrir.
  — Você acha pouco? — Cruzou os braços impaciente.
  — Não acho que você não seja capaz de fazer as coisas, Diggory. Tanto que foi o Campeão de Hogwarts, huh? — Sorriu, passando os braços pela cintura do rapaz. — Só me preocupo com você, é diferente. Não quer dizer que não te ache corajoso ou que não sei que você se sairia bem. Mas, por alguma razão, você só quer participar de coisas perigosas, primeiro o Tribruxo, agora esse súbito interesse na Ordem…
  — Você pareceu bem chateada por Olho-Tonto ter sugerido isso.
  — Mas é óbvio! — reclamou impaciente, batendo o pé no chão de forma mimada. — Sabe o tempo que eu estou tentando descobrir alguma coisa? Sabe o número de vezes que eu já perguntei ao meu pai o que está acontecendo e não tive resposta? E você chegou e no mesmo instante Moody já quer te recrutar? Não é por ser você, Cedrico, eu teria a mesma reação se fosse outra pessoa.
  Diggory passou a língua pelos lábios finos, pensando sobre o assunto, finalmente passando os braços pela cintura da garota.
  — Você parece aceitar muito bem se chamarem Harry para a Ordem.
  — Porque se o Raio puder participar, quer dizer que eu também posso! Sou mais velha e estamos na mesma sala. Não tem muita coisa que ele faça que eu não saiba, sem contar que, noventa por cento das vezes que ele fez alguma besteira, eu estava junto. — Deu de ombros, explicando seu ponto de vista. — Papai é o responsável legal por Harry, então se ele deixar Potter entrar na Ordem, não existe razão para eu não entrar.
  — Então por que eu tenho a sensação que você sempre está de acordo com Harry participar de qualquer coisa mais arriscada, mas quando eu digo que quero fazer algo diferente você reclama?
   tornou a negar com a cabeça, um sorriso leve nos lábios.
  — Você não sabe o número de vezes que eu e Harry brigamos por essas coisas, não quer dizer que não aconteça, Cedrico. Potter é meu melhor amigo, me preocupo muito com ele, e me preocupo ainda mais com você porque não consigo imaginar o que eu faria se alguma coisa te acontecesse. Harry não é meu namorado, então não adianta eu ameaçá-lo… Ele simplesmente faz o que quer, não é? Assim como você, no final das contas.
  Diggory encarou-a por alguns instantes.
  — Meio que me ofende você continuar achando que eu gosto mais do Potter e que vou trocá-lo por ele a qualquer momento ou que eu não confio em você e na sua capacidade. Achei que já tínhamos passado desse ponto depois de todo esse tempo…
  — Eu sei… — concordou, frustrado consigo mesmo e sua confusão de sentimentos e ciúme. — É só… — Cedrico virou-se para a namorada, apertando-a contra ele. — Não é como se eu conseguisse evitar, sabe? Eu tento, de verdade, mas não consigo não pensar em vocês dois… Você sabeE eu sei o quanto isso é irritante, eu confio em você, , mas…
  — Diggory, se eu quisesse namorar Harry Potter eu já teria te dito isso faz tempo — falou séria, encarando os olhos cinzas do rapaz. — Não me importa o que as pessoas dizem dele ou de você. Harry é meu melhor amigo e você meu namorado, eu vejo uma grande diferença nisso. E o fato de estar mais próxima dele porque somos da mesma Casa ou porque ele está aqui, não muda o que eu sinto por você. Consegue entender isso? — O lufano suspirou, concordando com a cabeça.
  — Desculpa…
  — Não precisa me pedir desculpas, Diggory, só lembra disso na próxima vez, ok? Porque não tem condições de a gente ter essa mesma conversa toda semana! — Cedrico sorriu triste, acenando com a cabeça.
  — Prometo que vou me esforçar — avisou, tornando a puxá-la pela cintura —, mas eu estava reparando… Estamos sozinhos, e eu ainda nem te beijei…
  — Você é meio lento mesmo, não é? — a garota comentou envolvendo o pescoço dele com os braços, Cedrico gargalhou antes de encostar os lábios nos dela, beijando-a enquanto pressionava seu corpo contra o da namorada.

  Assim que a reunião terminou e os membros da Ordem se dispersaram, a maioria deixando a casa, Black saiu da cozinha, espreguiçando-se no caminho até a sala, estranhando ao notar o silêncio que prevalecia no lugar. Ao prestar um pouco mais de atenção, percebeu que não era apenas na sala, mas a casa inteira estava naquele silêncio, suspeito demais para o número de adolescentes que estavam ali.
  Subiu as escadas para o segundo andar, podendo ouvir alguns cochichos vindos do quarto no qual Harry dividia com Rony, bateu na porta antes de entrar logo vendo os Weasley, Mione e o afilhado o olharem no mesmo instante.
  — Já acabou a reunião?
  — Como foi?
  — O que decidiram?
  — O que está acontecendo?
  Black negou com a cabeça, divertido com a reação das crianças.
  — Molly provavelmente me mataria se eu contasse e… — Sirius contou rapidamente o número de pessoas dentro daquele quarto, dando por falta de duas. — Cadê…?
  — Eu disse que não era uma boa ideia o Cedrico conhecer o quarto da ! — Fred comentou em voz alta, negando com a cabeça, viu Sirius olhá-lo assustado antes de deixar o quarto.
  Black saiu dando passos largos pelo corredor até chegar ao quarto da filha, abrindo a porta de supetão.
  — BLACK!? O que é isso??

  A garota arqueou a sobrancelha, inclinando levemente a cabeça para o lado, passando a língua pelos lábios, enquanto tentava entender o drama do pai, que continuava parado na entrada de seu quarto com o rosto vermelho e a respiração falha, olhando dela para Cedrico, aguardando uma explicação. Diggory olhou surpreso para o homem, e então olhou para o lado, vendo a namorada parecendo tão confusa quanto ele próprio. Tornou a olhar para Sirius, notando quando o mesmo respirou fundo, acalmando-se.
  — Do que você está falando, pai? — perguntou finalmente.
  Sirius pigarreou baixo, sentindo o desespero aos poucos esvair-se ao notar que, na verdade, não tinha razão para preocupações. Olhou atentamente para os dois por alguns instantes, apenas para certificar-se de que não estavam tentando enganá-lo de alguma forma. Contudo, Diggory estava bem longe de sua filha, sentado na ponta da cama com as pernas compridas esticadas e com o que parecia ser uma foto em mãos, enquanto , uma criança inocente que talvez nem mesmo devesse ter um namorado, estava com as pernas cruzadas no meio da cama com um livro aberto à sua frente. Não tinham rostos vermelhos, respirações falhas ou roupas amarrotadas, definitivamente, um bom sinal.
  — Hm… Bem… — Sirius sentiu-se ligeiramente constrangido, sendo analisado pela filha que manteve os olhos nele o tempo todo, encarando-o desconfiada. — Fred disse que… E vocês estavam com a porta fechada… — explicou-se, colocando uma mão no bolso da calça, enquanto passava a outra pelos cabelos compridos.
  Demorou alguns segundos para o casal entender ao que o moreno se referia, mas no instante seguinte Diggory ficou vermelho, gaguejando algo difícil de compreender, mas Black poderia afirmar que ele queria dizer um ‘eu nunca faria nada disso, senhor. O que, é claro, não era totalmente verdade, mas Diggory torcia para que Sirius não pudesse ler seus pensamentos, principalmente os que envolviam a filha do homem.
   também ficou vermelha, mas por outro motivo. Levantou-se andando até o mais velho, puxando-o pela mão e fechando a porta para que Cedrico não os ouvisse.
  — Eu não acredito no que você estava insinuando. Você… Por Merlin. Como é que… — falava nervosa, sem conseguir concluir as frases. A respiração acelerada enquanto passava a mão pelos cabelos loiros. — Pai… Como… Por que…
  — Não foi bem minha culpa… — avisou, embora não a olhasse. — Quer dizer, o que eu deveria esperar? Vocês dois sozinhos, a porta fechada… Fred disse… Bem, não importa.
  — Eu esperava mais de você, pai — a garota falou séria, parando de andar em círculos e o encarando finalmente. — E achei que você esperasse mais de mim. Confiasse mais em mim.
  Sirius suspirou, concordando com um aceno.
  — Essa coisa de ser pai de adolescente é muito complicada, sabe? — admitiu com um sorriso pequeno. — Não sei muito bem como reagir a certas coisas… Era mais fácil cuidar de você quando era um bebezinho que mal sabia engatinhar, e mesmo assim não me dava um segundo de sossego, mexendo em tudo o que alcançava… — relembrou com pesar. — Agora você já é uma garota crescida com um namorado. — Fez careta. — Um namorado maior de idade, vale lembrar. Não é que eu não confie em você, mas tem certas coisas que acontecem que ninguém me ensinou como devo reagir… Ainda mais depois de ter passado tantos anos longe, não te conheço tão bem quanto antes… É difícil aprender sozinho, sabe? — baixou a cabeça, suspirando antes de voltar a encarar o homem.
  — É estranho ter toda essa preocupação. Principalmente quando você demonstra o tempo todo. Andy não era assim, ela simplesmente confiava que eu agiria bem e caso não acontecesse ela me deixava de castigo mais tarde, mas nunca ficou falando muita coisa como você tem feito… — Encolheu os ombros, sorrindo de lado. — Não sei se já me acostumei com essa ideia de pai ciumento
  Sirius riu baixinho, puxando-a para um abraço apertado.
  — Também não estou acostumado com minha filha namorando, mas vamos tentar resolver isso, ok? Vou tentar me controlar melhor quando ver vocês dois juntos, mas agradeceria se não ficassem sozinhos com a porta fechada. Eu já tive dezessete anos e sei exatamente como é. Confio em você, mas no momento não sei se confio tanto no Cedrico, é difícil de acreditar, mas eu já fui adolescente com uma namorada mais nova, sabe?
  — Sirius Black, eu realmentenão preciso ter esse tipo de imagem na minha cabeça — reclamou ainda abraçada com o homem, afastando-se momentaneamente apenas para encará-lo. — Prefiro manter sua imagem de pai conservada!

  O restante das semanas passou com mais rapidez do que esperavam, principalmente com a Sra. Weasley os forçando a continuarem a limpar a casa, de forma a torná-la mais habitável.
  — Não sei para que, a gente vai voltar para Hogwarts, Sirius não vai se incomodar de ter alguns cômodos bagunçados… — os gêmeos reclamavam vez ou outra, assim como o restante.
  As reuniões da Ordem continuavam sendo secretas, embora um detalhe ou outro tivesse escapado depois que Sirius tinha contado que Voldemort buscava uma arma secreta. As teorias eram várias, mas ninguém estava perto de descobrir qual seria essa arma. Não tiveram nada realmente importante acontecendo desde a audiência de Potter no Ministério, o que era um tanto entediante para os Weasley e Hermione.
  Harry e , por outro lado, não reclamavam, na verdade estavam adorando poder passar todos aqueles dias com Sirius, que sempre contava alguma história sobre os tempos dos Marotos em Hogwarts, Lupin normalmente precisava interromper as narrativas visto que eram sempre muito mais exageradas do que ele se lembrava.
  Faltando poucos dias para voltarem à Escola e a casa novamente se tornar um tanto solitária, Sirius foi, aos poucos, isolando-se do restante, passando bastante tempo com Bicuço, fato que não passou despercebido pela filha, que sempre que conseguia escapar da limpeza, subia para o quarto e sentava-se no chão sujo de penas ao lado do pai, enquanto viam o hipogrifo limpar as próprias asas. Nessas horas eles não conversavam muito, apenas ficavam sentados lado-a-lado, sorrindo sempre que Bicuço fazia algum barulho inusitado, e aquilo era o suficiente para os dois.
  O pior momento, na opinião de Black e Potter, foi no dia do embarque na plataforma. Sirius deveria ficar em casa enquanto os outros iriam com Olho-Tonto, Dora e mais alguns bruxos, e, após uma despedida com muitos abraços e algumas lágrimas, quando já estavam saindo do Largo Grimmauld, um grande cachorro preto começou a segui-los querendo passar mais alguns instantes com os dois.
  Ao atravessarem o portal da plataforma 9 ¾, Almofadinhas ficou sobre as patas traseiras abraçando-os antes que os dois embarcassem, atraindo a atenção de alguns estudantes, dentre eles Draco Malfoy, que olhou desconfiado para o cachorro antes de embarcar junto com o pessoal da Sonserina.
  Cedrico apareceu após despedir-se dos pais, andando até o grupo e dando dois tapinhas na cabeça do cachorro, que latiu contente para o lufano, abanando o rabo agitado. Assim que todos embarcaram e o trem partiu, o cachorro e o pequeno grupo de escolta, desaparataram.

Três.

  Diggory passou um bom tempo na cabine de e seus amigos, conversando amigavelmente com Potter, inclusive jogando uma partida de snap explosivo com ele e xadrez bruxo com Rony, perdendo de lavada, o que não foi surpresa para ninguém já que todos perdiam para o ruivo no jogo.
  Horas depois, despediu-se deles e foi para a cabine dos amigos antes de juntar-se com o restante dos monitores (incluindo Granger, Weasley e, para surpresa dos três, Malfoy), tirando algumas dúvidas e ensinando-lhes como agir com os outros alunos.
  Entre a confusão de ajudar Hagrid a separar os alunos do primeiro ano e confirmar que todos os outros pegaram as carruagens, Diggory não tornou a ver a namorada, só a encontrando com o olhar rapidamente na mesa da Grifinória durante o jantar de boas-vindas. A menina conversava empolgada com alguns colegas da Casa, enquanto esperavam o discurso de Dumbledore.
  Cedrico parecia que não comia há dias, embora fizesse apenas algumas horas desde que tinha comido alguns pedaços de bolo que comprou no trem, mas sentia um buraco em seu estômago e começou a tamborilar os dedos da mesa, esperando a comida que não vinha. Seu desespero só aumentou quando percebeu que o discurso de Dumbledore não seria curto, muito pelo contrário. E, para surpresa de todos, a nova professora, Dolores Umbridge, interrompeu o falatório do diretor, começando um monólogo chato que começou a dar-lhe sono, embora, no final, ele tivesse entendido ao que a mulher se referia e não gostou nem um pouco do que ela havia dito. Não sabia dizer o quanto de poder ela teria na Escola, mas se fosse maior do que de McGonagall, a qual era Vice-Diretora, o ano seria, no mínimo, complicado.

  Cedrico havia terminado sua ronda antes de seguir com sua mochila para a biblioteca, pronto para colocar algumas matérias em dia e estudar para seu NIEM’s. Tinha apenas uma semana que as aulas haviam retornado, mas já era incrivelmente exaustivo o número de matérias acumuladas, principalmente em Poções e Transfigurações. Suspirou frustrado ao não encontrar Black em nenhuma das mesas de estudo, e logo juntou-se aos amigos mais ao fundo, retirando os livros grossos e pesados, enquanto puxava alguns rolos de pergaminhos, tinteiro e pena.
  Sempre que ouvia um barulho na porta, olhava na direção, esperando ver a namorada entrar a qualquer momento. Apenas confirmou no relógio em seu pulso que as aulas da garota já tinham terminado há uns bons quarenta minutos, mas nem sinal dela. Eles não haviam realmente combinado de se encontrar para estudarem, mas Cedrico tinha esperanças que acontecesse, embora parte de si achasse bom ela não estar ali; era difícil para ele se concentrar nos estudos quando a loira estava ao seu lado, mas notou que também era complicado prestar atenção em todas as suas anotações quando não a via.
  Tinha dois dias que não conseguiam conversar direito, Diggory estava mais atarefado do que o normal com suas tarefas de Monitor agora que havia sido promovido, e a quantidade de estudos não facilitava nenhum dos lados; tinha começado a se preparar mais cedo do que gostaria para seus NOM’s no final do ano. E nenhum dos dois teve tempo de sequer pensar no Quadribol, embora o lufano já devesse estar se preocupando com a nova temporada.
  — Cedrico, se você não fizer a lição eu não consigo copiar, sabia? — Emmett sussurrou para o amigo, vendo-o rolar os olhos no instante seguinte, rindo baixo.
  — Talvez você devesse fazer hoje, e eu copiar, apenas para variar.
  — Não queremos diminuir suas boas notas, não é? — Monty sorriu enquanto Diggory negou com a cabeça, suspirando antes de voltar sua concentração para o pergaminho à sua frente.

   esticou-se na cadeira, estalando os dedos após deixar a pena ao lado do pergaminho.
  — Por Merlin, eu não aguento mais escrever, meus dedos doem! — reclamou antes de prender os cabelos que soltaram-se de seu coque preso com lápis.
  — Poderíamos estar lá fora, aproveitando que ainda não é inverno! — Rony concordou frustrado, olhando pela janela da torre para os gramados verdes.
  — Podem ir, mas quando vocês reprovarem em seus exames, não digam que eu não avisei! — Hermione murmurou, antes de voltar a prestar atenção em suas anotações.
  — Alguém aqui sabe mesmo como motivar os amigos! — sorriu irônica, levantando-se pouco depois.
  — Não é como se funcionasse com você, é? — a amiga respondeu no mesmo tom, olhando-a rapidamente.
  — Relaxa, Mione, só vou esticar as pernas um pouco. E eu já terminei o resumo de Adivinhação e a lição de Feitiços. Aproveito para ver se Harry ainda está com a Cara de Sapo, faz mais de duas horas que ele saiu, e eu ainda não jantei! — falou antes de retirar-se, podendo escutar o ruivo reclamar por também estar com fome, embora tivesse jantado mais cedo.
  Black desceu as escadas até o Salão Principal encontrando poucas pessoas jantando, não localizou nem Cedrico na mesa da Lufa-Lufa, nem Harry junto com os amigos da Grifinória, mas aproveitou para pegar um pedaço de torta de rins, ovos e bacon para comer.
  — Acho que você tem estudado muito, porque isso é café-da-manhã, não jantar, Tonks! — Dino Thomas riu apontando com a cabeça para o prato da colega.
  — Tão engraçado esse rapaz! — Negou com a cabeça, mastigando um pouco de bacon. — Vocês viram o Potter? — perguntou entre uma garfada e outra. Simas rolou os olhos, Neville e Dino negaram. — Você sabe que é bem ridículo acreditar no Profeta ao invés de acreditar em Harry e Dumbledore, não é? — comentou em voz baixa com o colega ao seu lado, tomando um gole de suco antes de virar-se para o mesmo. — Quantas vezes Potter estava errado sobre alguma coisa, e quantas ele já enfrentou Voldemort? Pense um pouco nisso antes de ficar contra ele, Simas. — Terminou antes de levantar-se, não finalizando sua refeição e deixando o Salão em seguida.
  Olhava para baixo enquanto andava, distraída com o cadarço desamarrado, esbarrando em alguém ao passar pela porta.
  — Harry?!
  — Hm, oi — o rapaz respondeu, rapidamente colocando as mãos dentro dos bolsos, ato que não passou despercebido pela loira, que arqueou a sobrancelha por alguns instantes antes de tornar a conversar.
  — Estava indo te procurar. Como foi?
  — Nada demais… — Deu de ombros, entrando no Salão Principal junto com ela. — Umbridge me fez repetir uma frase várias vezes…
  — Qual frase? — perguntou no tempo em que os dois sentaram lado a lado na mesa da Grifinória, um tanto afastados de Simas.
  — Não devo contar mentiras. — Sorriu de lado, esticando a mão direita para pegar um pouco de suco de abóbora.
   o olhou por alguns instantes enquanto o colega se servia do jantar e, ao notar que ele não diria muito mais a respeito, suspirou mexendo nos cabelos, agora soltos, e sentando mais despojadamente no banco, preferindo puxar outro assunto ao invés de ficarem em silêncio.
  — Você sabe que a Angelina é a nova Capitã, certo? — perguntou retoricamente, vendo-o concordar com a cabeça. — Ela vai começar as inscrições para goleiro… — explicou olhando em volta, suspirando enquanto encarava alguns colegas que ainda jantavam. — Vamos ser massacrados, não vamos?
  — Por que diz isso? — Harry perguntou ao levar um pedaço de bacon na boca, mastigando devagar.
  — Porque é a verdade. Ninguém é tão bom quanto Olivio e soube por fontes confiáveis, sendo a fonte eu mesma — contou rindo —, que McLaggen vai tentar ocupar a posição.
  — E isso é ruim? Ele sempre fala que é maravilhoso no Quadribol…
  — Se ele fosse tão bom já estaria no time, não concorda? Ele não entrou nem como reserva. Olivio deveria saber que ele não é tudo aquilo, espero que Angelina não cometa o erro de aceitá-lo.
  Potter riu com gosto. Não admitiria aquilo para ninguém, mas gostava quando falava de alguém com ele, mesmo se fosse sobre algum aluno que ele não conhecia direito, principalmente porque lhe permitia pensar em outros assuntos e esquecer momentaneamente os problemas, parecia que ela sempre sabia o momento exato de puxar assuntos aleatórios ao invés de pressioná-lo em algum que ele não tinha interesse em conversar, diferente de Mione e Rony, por exemplo.
   passou a língua pelos lábios e virou-se na direção de Harry ao ouvi-lo gargalhar.
  — Gosto de ouvir sua risada, sabia? — comentou de repente, tornando a olhar para frente, pegando uma maçã do cesto, Harry sentiu as bochechas esquentarem rapidamente, mas não pareceu notar. — Fazia tempo que não te via rindo. Eu sei que tem motivos, mas… Tente relaxar mais, está mais estressado que a Mione com os NOM’s! — Virou-se para olhá-lo rapidamente, sorrindo de lado. — Aliás, falando em NOM’s, como eu sou muito legal, deixo você copiar minha lição. Só não deixe a Granger ver. — Piscou antes de levantar-se, mordendo a maçã vermelha. — Nos vemos no Salão Comunal, Raio — avisou passando a mão pelos cabelos curtos e arrepiados do rapaz, antes de sair do Salão.
  Potter acompanhou com o olhar a amiga se afastar, sentindo o coração bater acelerado e o rosto ainda quente pelo comentário da garota. Suspirou antes de voltar sua atenção para o jantar, de repente Umbridge não parecia mais ser o pior dos seus problemas naquele ano!

  Cedrico voltava junto com os colegas do sétimo ano para o Castelo quando viu a namorada subindo as escadas.
  — Ei — chamou mais alto, subindo alguns degraus para poder alcançá-la.
  Black virou-se pouco antes do lufano a encontrar no meio do segundo lance.
  — Olha só quem apareceu! — Sorriu para o rapaz que parou dois degraus abaixo. — Fui te procurar na biblioteca, mas já estava fechada… Achei que estivesse no seu Salão Comunal…
  — Tive aula de Astronomia — ergueu o braço direito, mostrando o livro que carregava —, e você? Não te vi o dia inteiro…
  — Pois é, senhor Monitor Chefe, agora que você está com mais este cargo, fica difícil mesmo. — Arqueou a sobrancelha, encostando-se de braços cruzados no corrimão. — Mas na verdade eu passei as horas vagas estudando. Acredita nisso?
  Cedrico riu baixo, concordando com a cabeça, apontando para a maçã que a garota segurava.
  — Você vai terminar isso? Estou com fome… — Fez cara de sofrido, vendo-a estender a fruta pouco depois. — Já vai dormir? — perguntou enquanto mastigava.
  — Não, ainda não terminei meu trabalho de DCAT. — Olhou para o lado por um instante para ter certeza que ninguém se aproximava. — O que achou da Cara de Sapo?
  Diggory arqueou a sobrancelha antes de sentar-se no degrau do lado oposto, encostando-se na parede e esticando as pernas, deixando seu livro de astronomia no degrau de cima.
  — Achei ok. Não tivemos muitas novidades, ela chegou na sala, fez um discurso sobre os outros professores, falou sobre o Ministério e passou alguns textos para lermos. — Deu de ombros. — Você pelo visto já está de implicância, não? — Black abriu a boca indignada.
  — Não estou de implicância. A mulher é louca! Não vai nos deixar treinar os feitiços, disse que é desnecessário sabermos nos defender! Para que serve uma aula de Defesa se a gente não vai saber se defender? — questionou abrindo os braços, frustrada. — E nos tirou cinquenta pontos!
  — O que você fez? — questionou ao terminar de comer, conhecia a namorada bem o suficiente para saber que ela era bem capaz de perder até duzentos pontos para a Grifinória.
  — Nada. — Rolou os olhos, logo fazendo menção de sentar-se, de forma que Diggory puxou as pernas, dando-lhe espaço. — Dessa vez não fui eu. Harry começou a falar sobre a última tarefa do Torneio, sobre Voldemort, e bem, você pode imaginar, não é? — Cedrico suspirou, concordando com a cabeça.
  — Potter também não perde uma chance de arrumar problemas. Poderia simplesmente ter ignorado tudo… — o encarou por longos segundos.
  — Você está mesmo defendendo a mulher? Não foi você quem me disse que esse ano seria mais difícil com ela aqui?
  — Eu não estoudefendendo ninguém! — Negou com a cabeça. — Estou dizendo que ele poderia ter evitado. Só isso.
  — Você evitaria se estivessem te chamando de mentiroso? Eu sei que eu não evitaria. Poderia perder quinhentos pontos.
  — Tenho certeza que sim. — Riu baixo, notando que a namorada ainda parecia incomodada. — Potter não está errado em tentar se defender, mas ele pode evitar alguns dos problemas, não é? Por exemplo, se ele tivesse se mantido em silêncio não teria ficado de castigo. — franziu o cenho por alguns instantes.
  — Como sabe que ele estava de castigo?
  — Precisei entregar alguns trabalhos na sala da Umbridge, ele estava lá quando entrei. — Passou a mão pelos cabelos. — Será que podemos mudar o assunto agora? Realmente não queria ficar falando sobre essas coisas no único momento que estamos juntos.
  — Tudo bem… — concordou suspirando, sabia que se mantivessem a conversa, acabariam brigando e era a última coisa que ela queria naquele momento. — Quer falar sobre o quê? — Diggory sorriu de lado.
  — Na verdade, não estou realmente interessado em conversar nesse instante.
  Viu a loira o olhar chocada, embora um sorriso tomasse os cantos de seus lábios, o que só aumentou quando o lufano aproximou-se o suficiente para encostarem os lábios.
  — Eu só quero ver se te encontram se agarrando no meio das escadas, vai perder seu título de Monitor-Chefe! — Soprou contra os lábios finos do rapaz, ouvindo-o rir baixo.
  — Eu vou me arriscar dessa vez.

  Com um mês que as aulas retornaram, a única novidade era o número de decretos criados por Dolores que havia sido nomeada Alta Inquisidorapelo Ministro, o que significava que a mulher tinha liberdade para fazer o que quisesse em Hogwarts, principalmente aterrorizar os alunos.
  As aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas continuavam tão ruins quanto na primeira semana e tão entediantes quanto as de História da Magia, e agora Umbridge também estava encarregada de avaliar os outros professores, podendo demitir quem quisesse, se achasse necessário. O mais impressionante em tudo aquilo era o número de pais que concordavam com aquelas atitudes do Ministério interferindo na educação em Hogwarts.
  — Edwiges?! — Potter sorriu ao ver a ave branca aproximando-se na hora do Correio Coruja. Estava há mais de uma semana esperando uma resposta de Sirius.
   terminava de ler a carta enviada pelos Tonks quando notou sua coruja parada na mesa, com um pedaço de pergaminho amarrado em sua pata. Acariciou suas penas por alguns instantes após desamarrar a carta e logo os dois pássaros tornaram a voar para fora do Salão em direção ao Corujal.
  — E então? — Mione perguntou em voz baixa para os dois, notando que já tinham terminado de ler suas correspondências. — Alguma novidade sobre a Ordem?
  — Aparentemente as coisas não vão bem, o que não é uma novidade. — A loirsa suspirou, guardando o bilhete no bolso da capa. — Mas é melhor conversarmos sobre isso depois. — Olhou por sobre o ombro, vendo a professora próxima à mesa.

  No sábado, enquanto voltavam mais animados para o Salão Comunal depois de terem passado o dia embaixo de uma árvore próxima ao Lago Negro, ainda estudando, mas pelo menos ao ar livre, o trio encontrou com Potter já sentado em uma das poltronas próximas à lareira, enquanto lia o livro recomendado para o trabalho de História da Magia.
  — Faz tempo que você voltou? Podia ter ido encontrar conosco — Rony falou ao jogar-se no sofá, deixando os livros espalhados de qualquer jeito no chão.
  — Não muito — respondeu dando de ombros, enquanto Mione sentava-se ao lado do ruivo e ao chão, próxima à lareira, aquecendo-se um pouco.
  O inverno ainda não tinha chegado, mas já começava a esfriar e, após passar as duas últimas horas no vento gelado, era bom estar em um lugar quente.
  — Como foi com a Umbridge? — Hermione questionou, retirando o casaco que usava.
  — Ok, nada fora do normal — tornou a responder o moreno, ainda olhando para o livro em mãos.
  — O que aconteceu com a sua mão? — perguntou de repente, encarando a mão esquerda do amigo, que parecia ter uma cicatriz grande.
  — Nada! — apressou-se a dizer, mostrando a mão direita. Black arqueou a sobrancelha com um sorriso irônico nos lábios antes de aproximar-se, puxando a outra mão de Potter.
  Demorou alguns segundos para a garota entender o que era, a expressão concentrada em seu rosto fez Harry respirar fundo, tornando a negar com a cabeça quando ela o encarou finalmente.
  — Não foi nada, sério.
  — Nada? — Foi Mione que começou, também olhando para a mão do colega e entendendo rapidamente o que acontecia. — Você tem que dar queixa, contar para Dumbledore.
  — Não, Hermione. Você não entende.
  — A mulher está te torturando, Harry! — Rony concordou, mas Harry os ignorou, deixando o livro de lado e levantando-se. — Se seus pais soubessem disso…
  — Mas eu não tenho pais, tenho Rony? — falou sobre o ombro, fechando as mãos em punho.
  — Não, não tem — concordou, levantando-se devagar —, mas não quer dizer que a mulher possa fazer o que quiser e você aceitar.
  — Não estou aceitando nada.
  — Desculpe, mas se você não quer falar sobre isso nem para os seus amigos, imagino que Umbridge alcançou o objetivo dela de te deixar isolado. Ou você acha que todas as provocações nas aulas para te fazer parecer um louco, são sem querer? — Cruzou os braços, encarando-o significativamente por alguns instantes. — Se você é ingênuo a esse ponto, sinto muito, mas eu não sou.
  — está certa, Harry. Precisamos fazer alguma coisa. É muito simples e…
  — Não tem nada de simples nisso, Mione, mas vocês não entendem! — respondeu frustrado, passando a mão pelos cabelos curtos, virando-se para a janela, notando a chuva que começava a cair do lado de fora.
  — Então nos explique.
  — Não é preciso — continuou, soando debochada a cada palavra, apenas por saber o quanto aquilo irritava o moreno, porém era um bom jeito de notar o quão estupido estava sendo. — Harry está querendo provar que não é um garotinho assustado que precisa de Dumbledore ou de qualquer pessoa para resolver seus problemas. Ou talvez ele só não esteja acostumado a ser ignorado pelo diretor ou por ninguém, quer dizer, é o Menino que Sobreviveu, não? Como é que ninguém está prestando atenção nele?
  Potter virou-se com raiva, os punhos fechados e a mandíbula travada.
  — O que foi? Estou errada? Ou estou cem por cento certa? — Sorriu de lado, irritando-o ainda mais.
  — Você não sabe o que está dizendo.
  — Talvez, mas me parece muito simples; você quer resolver tudo sozinho, porque se Dumbledore não quer falar com você, então ninguém pode te ajudar, não é? — rebateu. — Não sei se você se lembra, Potter, mas boa parte das vezes que você teve algum problema, pelo menos um de nós estávamos com você!
  — Não é nada disso… — Negou com um aceno rápido.
  — Vocês ouviram isso? — Rony perguntou de repente, atraindo a atenção dos três amigos. — O que…? — Virou-se para a lareira.
  — Pai? — exclamou surpresa, aproximando-se apressada.
  — Eu… Esqueci de avisar — Harry suspirou —, recebi um bilhete hoje… — Deu um sorriso sem graça.
  — Olá! — A voz rouca de Sirius preencheu a sala vazia, os quatro aproximaram-se ainda mais após certificar-se que ninguém estava à vista. — O que está acontecendo?
  — Umbridge — Potter falou rapidamente, não dando chance de ninguém contar sobre a pequena discussão de poucos minutos. — Não nos deixa usar as varinhas em aula e já está mandando tanto quanto Dumbledore.
  — Era de se imaginar… — Black suspirou. — Achamos que Fudge não os quer treinados em combate…
  — Em combate? — Rony repetiu confuso.
  — O que eles acham que está acontecendo nessa escola? Que estamos juntando um exército, ou…
  — Exatamente! — Sirius concordou com a filha. — Ele está cada dia mais paranoico, está achando que Dumbledore está criando um exército para invadirem o Ministério.
  — Quando a gente acha que vai ter um pouco de paz… — Weasley suspirou, jogando-se novamente contra o sofá.
  — E quanto a Ordem? — Harry questionou ansioso. Sirius demorou alguns instantes para responder.
  — Os outros não querem que eu diga isso a vocês, mas… As coisas não vão nada bem… — Respirou fundo, concluindo sua frase em seguida. — Voldemort está ficando cada vez mais poderoso e juntando seguidores mais rápido do que conseguimos…
  — Pai, você acha que Fudge ou Umbridge podem estar trabalhando com ele? Ou talvez sob algum feitiço?
  — Pouco provável… Cornélio está com medo de perder seu cargo como Ministro e Dolores… Bem, ela não é muito agradável…
  — O que faremos? — Rony foi o primeiro a se manifestar após algum tempo de silêncio.
  — Bem… Voc- — o homem parou de falar abruptamente. — Vem vindo alguém. Sinto muito, mas, por ora pelo menos, parece que vocês estão sozinhos nessa.
  Assim que Sirius sumiu, os quatro espalharam-se pela sala com os pensamentos a mil enquanto tentavam, de alguma forma, arrumar alguma solução para tudo aquilo.
  — Umbridge quase nos faz esquecer de todos os problemas, não é? — comentou esfregando as têmporas. — Quer dizer, quem se lembra do mundo lá fora quando temos a Cara de Sapo bem aqui?
  — De qualquer forma — Hermione começou —, temos que ser práticos. Não temos como ajudar nas coisas da Ordem, mas podemos fazer algo para resolver o problema mais próximo. Umbridge não está nos deixando usar magia e não está nos ajudando a passar nos NOM’s, e se ela não quer nos ensinar, precisamos de outro professor.
  — O que quer dizer? — os três perguntaram confusos.
  — Precisamos de alguém que nos ajude a aprender a nos defendermos por conta própria, se o Ministério não quer admitir o retorno de Você-Sabe-Quem, bem, não podemos sair ameaçando todos para que acreditem em Harry, mas podemos tomar conta de nós mesmos.
  — Eu ainda não entendi… — O ruivo começou, levantando-se do sofá e aproximando-se dos outros três que estavam em pé próximos à janela.
  Granger respirou fundo, fechando os olhos por alguns instantes, antes de virar-se para Potter.
  — Precisamos de alguém que já tenha experiência em batalhas, precisamos estar prontos.
  — Você está dizendo o que eu acho que você está dizendo? — tornou, quando Mione concordou com a cabeça, a garota sorriu. — Eu adorei a ideia!
  — Que ideia? — os dois rapazes perguntaram.
  — Precisamos que você nos ensine, Harry.
  — Vocês… Precisam… Que eu… O quê?

  Cedrico bateu na porta de carvalho e pouco depois pôde escutar os saltos batendo contra o chão, até que a porta se abriu e Dolores Umbridge sorriu para ele, parecendo quase fofa.
  — Diggory, obrigada por vir, entre, por favor. — Deu espaço para o lufano, que ajeitou a alça da mochila em seu ombro antes de sentar-se na cadeira que a mulher indicava.
  — Algum problema, professora? — questionou quando a mesma sentou-se, oferecendo-lhe uma xícara de chá.
  — Não, exatamente… — Sorriu para o aluno, colocando cinco colheres de açúcar em sua própria bebida. — Como Alta Inquisidora é meu dever me preocupar com a educação e o bem-estar de todos os alunos de Hogwarts. Como você sabe — sorriu novamente, antes de tomar um gole do líquido claro em sua xícara de porcelana —, estou ainda em um período de avaliação dos seus outros professores — Diggory concordou, mantendo a expressão neutra —, mas também me preocupo com alguns alunos, os que eu vejo que têm potencial, como você, Cedrico.
  — Potencial?
  — Oras, não se faça de rogado, querido. Você é Monitor Chefe, um aluno modelo, o melhor em seu ano, Capitão do time de Quadribol, um dos Campeões da Escola no Torneio do ano passado… — Encarou-o, esperando alguma reação, que não veio.
  Diggory era cauteloso, não faria qualquer comentário sem ter certeza do que se tratava aquele chamado.
  — É óbvio que você tem potencial para ser um grande bruxo, Diggory. Seu pai é um ótimo funcionário do Ministério e, eu estava conversando com o Ministro há poucos dias sobre isso, você tem chances de ser ainda melhor do que seu pai. Talvez chegar até mesmo ao cargo de Ministro em alguns anos, como seu tataravô. Imagino que você esteja almejando um cargo no Ministério, não é?
  — Hm… Bem… Quando eu terminar os estudos, talvez…
  — O que você pretende, querido? — Sorriu, encorajando-o.
  — Talvez… O setor de Cooperação Internacional… — respondeu um tanto sem graça, sentindo seu rosto esquentar.
  — Ora, ora, já consigo te ver como chefe do setor! — Juntou as mãos, olhando para algum ponto da parede com uma expressão exageradamente feliz. — Por isso acho importante termos esta conversa, Cedrico. Eu quero te ajudar a conseguir o que você deseja no futuro.
  — Hm… Obrigado, eu acho… — Deu um pequeno sorriso, embora soubesse que a mulher não falava isso apenas por querer ser legal. Era tão óbvio que Dolores queria algo em troca que Cedrico sentia-se até ofendido por ela achar que poderia enganá-lo daquela forma.
  — Mas, para isso, você precisa ter um currículo impecável, o que você certamente já tem, e, alguém que te indique. Você sabe, indicação hoje em dia é tudo.
  — É claro…
  — Por isso, estive pensando… — Novamente o sorriso exagerado, Cedrico manteve uma expressão educadamente curiosa. — Eu preciso de alunos como você ao meu lado, Diggory, para mantermos a ordem e voltarmos aos bons costumes que tanto prestigiam o nome de Hogwarts.
  — Entendo…
  — Eu acho que você seria uma ótima escolha, é popular e influente. As pessoas escutam as suas ordens, você se sairia muito bem e, é claro, eu deixaria o Ministro muito bem informado da sua colaboração. — Cedrico concordou com um aceno, olhando para as próprias mãos, enquanto escutava a mulher pigarrear antes de terminar sua frase: — Só tem um pequeno problema, é claro. — Diggory a olhou, agora genuinamente curioso. — Sua namorada.
  — ? O que tem de errado com ela? — questionou nervoso.
  Dolores sorriu, levantando-se de sua cadeira estofada e dando a volta em sua mesa, puxando a cadeira ao lado de Cedrico e sentando, encarando-o.
  — Você sabe tão bem ou até mesmo melhor do que eu, Cedrico. Sua namorada é bem… Problemática, para dizermos o mínimo.
  Diggory permaneceu em silêncio, mais por não acreditar no que estava ouvindo do que por não ter uma reação apropriada para o momento.
  — Ela está sempre perdendo pontos para a Grifinória, as notas não são as melhores… está sempre no local errado com as pessoas erradas.
  — A senhora quer dizer Harry Potter? — perguntou descrente. — O problema com ela é por ser amiga de Potter?
  Umbridge respirou fundo, permanecendo com o sorriso, que no momento Cedrico queria poder arrancar de seu rosto, antes de negar com a cabeça.
  — Não é apenas o Potter. Você deve saber… Imagino… Sobre a família dela…? O motivo de morar com os Tonks? — Cedrico concordou com um aceno, mantendo os dentes cerrados e a mandíbula travada. — Pois bem, você não vai querer sujar seu futuro por causa de uma namoradinha da escola, não é?

Quatro.

  Diggory saiu da sala de Umbridge e seguiu direto para seu dormitório, ignorando por completo a ronda que deveria fazer para terminar suas obrigações como Monitor Chefe naquela noite. Tomou um banho rápido e colocou sua calça de pijama, deitando-se pouco depois. Não quis conversar com os colegas de quarto e nem se importou em fingir prestar atenção no que diziam, simplesmente não ligava.
  Sua cabeça parecia pesada com o tanto de coisas que a enchiam. Nunca imaginou que algum de seus professores pudesse se incomodar com seu relacionamento com . Era óbvio que ele tentava passar o maior tempo possível com a garota, mas isso não atrapalhava suas obrigações como Monitor, nem como capitão do time de Quadribol, e claramente não atrapalhava suas notas, nem as dela. As notas da garota aumentaram consideravelmente nos últimos dois anos, e era justamente por estudarem juntos que isso acontecia; McGonagall tinha comentado sobre isso não tinha nem uma semana! A professora de Transfiguração o elogiou por ter conseguido fazer a aluna realmente prestar atenção nas aulas e se dedicar aos estudos, os trabalhos dela só não eram melhores que os de Hermione. E Diggory nunca deixou suas notas baixarem, sempre manteve a mesma média alta, continuava sendo o melhor aluno de seu ano e nada tinha mudado.
  Mas aquilo não parecia suficiente para Dolores Umbridge.
  O que a mulher tinha sugerido era absurdo! Cedrico não poderia terminar com a namorada, não poderia e, principalmente, não queria. Não fazia o menor sentido em sua cabeça.
  Obviamente ele desejava ter um bom emprego quando saísse de Hogwarts, ainda não tinha se esquecido do que tinha dito para pouco antes da terceira prova do Torneio Tribruxo, quando estavam sozinhos no corredor depois de passarem algum tempo aos beijos.
  Ele falava sério, realmente tinha intenção de trabalhar e ter dinheiro suficiente para quando se casassem, não que realmente estivessem pensando no assunto no momento, mas era algo para o futuro. Diggory não imaginava como seria ter outra garota em sua vida, porque tinha a melhor de todas e era extremamente apaixonado por ela. Não era possível que não conseguisse um emprego, um bom emprego no Ministério, por namorar a filha de Sirius Black. Ele era o melhor aluno de Hogwarts desde seu primeiro dia na Escola! Umbridge não deveria estar falando sério, provavelmente só quis assustá-lo, mas aquilo levantava outro ponto: por que toda essa raiva de ?
  Não era possível que fosse apenas por ela ser filha de Sirius, ninguém do Ministério sabia que os dois conversavam ou que ela tinha passado o verão na companhia do pai. Para todos os efeitos, ela tinha passado as férias com os Tonks e continuava sem qualquer contato com Sirius, imaginando que ele era um assassino foragido de Azkaban. Seria possível que tudo aquilo era pela garota ser amiga de Potter?
  Diggory sabia que Harry continuava sendo impertinente durante as aulas e continuava a ficar em detenção, mas aquilo era Potter, não . Até onde sabia, a namorada ainda não tinha aprontado nada contra a professora, embora não gostasse dela, assim como boa parte dos alunos. Então qual era a razão para tudo aquilo? E quais eram as chances reais de a mulher estar falando sério sobre sua relação com Black afetar um possível emprego?

  Cedrico esperava encostado em uma pilastra, enquanto os alunos começavam a sair da sala de Snape, não demorando a visualizar a loira com os cabelos presos em um rabo-de-cavalo sair acompanhada dos três amigos. Andou apressadamente até a namorada escutando parte da conversa, na qual Granger reclamava com a amiga:
  — Cinquenta pontos, você perdeu cinquenta pontos em uma única aula!
  — E como isso foi minha culpa? — Arqueou a sobrancelha. — Se Malfoy não tivesse começado…
  — Não importa, você sabia que Snape iria tirar pontos e continuou a briga!
  — Tudo bem, recupero no Quadribol, relaxa!
  — Esse é o problema, vocês poderiam conseguir mais pontos, não recuperar os que perderam! E nem sabem se vão ganhar! Nem goleiro a Grifinória tem!
  — Mas ainda temos Harry e eu mesma, o que já significa vitória! — Deu de ombros, convencida. Cedrico riu baixo, atraindo a atenção do quarteto. — Ei!
  — Olá. — Acenou com a cabeça para os outros três. — Será que podemos conversar antes da sua próxima aula?
  — É claro! — Sorriu, esperando enquanto os amigos se afastaram, Hermione virou-se falando mais alto:
  — Não se atrase ou Umbridge vai acabar tirando mais pontos!
  — Tá, tá! — Ergueu a mão, fazendo pouco caso.
  — O que aconteceu com Snape? — Diggory questionou após dar um rápido beijo na namorada e ambos seguiram pelo corredor.
  — Briguei com Draco e só eu perdi pontos. Como sempre.
  — E por que vocês brigaram? — questionou entrelaçando suas mãos.
  — Porque ele é um babaca — respirou fundo, baixando o tom de voz, parecendo um tanto alterada ao relatar — e porque ele estava insinuando coisas sobre meu pai. — Cedrico arqueou a sobrancelha, olhando assustado para a garota.
  — Que coisas?
  — Eu acho que Draco o reconheceu na estação quando fomos embarcar.
  — Mas para isso ele teria que saber que Sirius é um Animago, quais as chances?
  — Não sei, mas não gostei do tom que ele usou. — Negou com a cabeça, apertando levemente a mão que segurava a de Cedrico.
  O lufano negou com a cabeça, parando de andar e puxando a outra para olhá-lo.
  — Não se preocupe, não tem chances de o Draco saber de nada, ele provavelmente só estava querendo te irritar e conseguiu, não? Até pontos você perdeu… Cinquenta! — Afinou a voz, tentando soar igual Hermione, fazendo-a rir levemente.
  — Enfim — deu de ombros, querendo mudar de assunto —, o que aconteceu? Você não deveria estar na biblioteca ou algo assim?
  — Quadribol, na verdade — corrigiu, precisava mesmo começar a preparar seu time se quisesse ter chances de vencer o jogo contra Corvinal —, mas precisava conversar com você antes… Quer dizer — se enrolou, passando a mão livre pelos cabelos —, eu precisava tirar uma dúvida.
  — Pode falar — disse curiosa, parando no final das escadas e olhando-o.
  — Você… — Olhou para os lados, certificando-se que estavam sozinhos. — Como está sua situação com a Umbridge? — Black franziu o cenho estranhando a pergunta, dando de ombros em seguida.
  — Eu a detesto, mas até o momento nada de novo. Não perdi pontos se é o que você quer dizer, até agora só Snape teve essa honra! — Sorriu, quase orgulhosa de seu bom desempenho. Cedrico riu de leve, negando com a cabeça. — Por quê?
  — Eu só… Queria ter certeza. — Passou a língua pelos lábios, tornando a sorrir de lado. — Umbridge me parece mais severa que Snape, é melhor você tomar cuidado nas aulas dela.
   apenas confirmou com a cabeça, não parecendo se importar muito com o aviso. E então voltaram a andar um pouco mais apressados, pois ela já estava quase atrasada para sua próxima aula.
  — Te vejo na hora do almoço? — perguntou antes de subir o último lance de escadas, separando-se do lufano.
  — Com certeza! — Sorriu para ela, beijando-lhe os lábios um pouco mais demoradamente antes de ela se afastar e subir correndo, esperando chegar na sala antes da professora.
  Diggory sorriu de lado, antes de respirar fundo e olhar o relógio andando para o Salão Principal, que estava parcialmente vazio, e puxar um pergaminho em branco de sua mochila começando a elaborar táticas para sua equipe.

  O restante da semana correu sem fortes emoções, embora Diggory tivesse notado que sempre que Umbridge passava por ele, fosse nas aulas ou pelos corredores, a mulher sorrisse sugestiva, quase como se quisesse lembrar-lhe da conversa que tiveram.
  Cedrico tinha pesquisado os horários da professora e evitava andar com quando sabia que ela estaria por perto, na verdade, com o passar dos dias, a garota foi notando que cada vez menos andavam juntos pelos corredores e só se encontravam na biblioteca para estudar ou em alguma sala vazia depois do horário das aulas. Até o momento não tinha visto nada demais naquilo por não achar que era algo intencional, mas mudou completamente de atitude em uma tarde, quando estavam juntos e, ao ver Umbridge se aproximando, Cedrico se afastou apressado, soltando sua mão e dando bons passos para trás. A professora passou pelo casal, sorrindo para o lufano e olhou de cima a baixo para a garota, que arqueou a sobrancelha e continuou a encarar-lhe, não parecendo minimamente abalada.
  — Menos cinco pontos para a Grifinória — a mulher disse sorrindo, anotando algo em sua prancheta e começando a se afastar. Diggory respirou fundo e fechou os olhos, sabendo o que viria a seguir.
  — Desculpe, o que foi que a senhora disse?
  — Menos cinco pontos para a Grifinória, querida — repetiu pausadamente, sorrindo. Black sorriu de lado, concordando com um aceno.
  — Eu poderia saber o motivo? Pelo que me consta, não estou fazendo nada contra as regras.
  — Seu uniforme está desalinhado! — avisou, apontando para a gravata solta da aluna. a olhou incrédula, mas Dolores apenas virou-se e continuou seguindo seu caminho, ralhando com alguns alunos mais à frente.
  — Isso não pode ser sério — reclamou enquanto a mulher se afastava, Cedrico a encarou por alguns instantes, negando com a cabeça. — Eu vou matar aquela mulher.
  — Eu avisei que você deveria ter cuidado… — Começou, mas ficou em silêncio ao notar o olhar que a namorada lhe lançou.
  — Você está dizendo que a culpa foi minha?
  — Não, eu só…
  — É por isso que você não quer mais andar comigo? — Cruzou os braços, desabafando irritada.
  — O que…? Eu não…
  — Eu já percebi, Cedrico. Você não quer ser visto em público comigo, é isso?
  — É claro que não, , não diga bobagens. — Negou com a cabeça.
  — Então me explica, por que você se afastou quando a Cara de Sapo chegou? E por que você só pode encontrar comigo à noite, quando não tem ninguém por perto?
  — Não sei do que você está falando… — desconversou, olhando para o lado.
  Black esperou alguns segundos, mas ao notar que ele não iria dizer mais nada, descruzou os braços, dando-lhe as costas e seguindo na direção contrária.
  — … Espera! Eu não… — Parou de falar quando ela virou o corredor, sumindo de sua vista. — Droga!

  Black não falou com Cedrico no resto da tarde e não apareceu para jantar à noite, de forma que o lufano não conseguiu se explicar com ela. Pensando bem, talvez até tivesse sido bom, nem mesmo sabia como explicar. O que ele poderia dizer?
  Era óbvio que ele a estava evitando, não porque não gostava de andar com ela, por Merlin, era a melhor hora do seu dia quando estava com a namorada! Mas achou que se Umbridge não os visse juntos o tempo todo, talvez a professora não tivesse motivos para implicar com a garota. Cedrico só não queria que ela perdesse pontos ou acabasse em detenção por sua causa, embora continuasse sem entender o motivo do interesse da professora em seu relacionamento.
  No sábado, Cedrico tentou falar com a garota durante o café, mas ela não estava no Salão quando ele chegou e precisou se apressar, pois tinha reservado o Campo de Quadribol para treinar durante a manhã e seu time já o esperava.
  Passou quase duas horas conversando com o grupo, explicando as novas táticas que tinha bolado e motivando os jogadores como podia, aceitando sugestões sempre que alguém tinha uma nova ideia.
  Quando finalmente subiram em suas vassouras, Cedrico passou um bom tempo sobrevoando o Campo, vendo a forma que estavam jogando e como estavam aderindo às novas estratégias, sorrindo animado com o que estava vendo durante aquelas horas. Se treinassem com empenho, teriam grandes chances de vencer o jogo contra a Corvinal, embora o outro time fosse forte.

   estava sentada entre Harry e Rony enquanto escutavam Hermione falar para o grupo de alunos que tinha aparecido no Cabeça de Javali. No meio do discurso, Potter levantou-se dando sua versão sobre alguns casos e negando quando a amiga disse que ele estava sendo modesto.
  — É verdade que você sabe conjurar um Patrono Corpóreo? — uma das garotas perguntou, o que gerou uma rodada de perguntas sobre as habilidades de Harry.
  — E no terceiro ano ele afastou mais de cem Dementadores, eu vi! — contou, vendo as caras surpresas dos colegas, Harry a olhou, sorrindo agradecido. — E salvou meu pai — sussurrou para apenas ele ouvir, fazendo-o rir baixo.
  — É por isso que estamos aqui, precisamos que alguém nos ajude a nos defender, a nos proteger de… Voldemort! — Hermione finalmente disse, respirando fundo. — Precisamos que você nos ensine, Harry.
  Assim que a reunião terminou e o grupo assinou seus nomes no pergaminho encantado por Granger, o quarteto foi voltando para Hogwarts, sem muito ânimo de continuarem em Hogsmeade, especialmente porque começava a esfriar.
  — Eu ainda não entendi uma coisa — Mione começou, chamando a atenção dos amigos, mas virou-se diretamente para —, por que Cedrico não veio?
  Harry rolou os olhos, dando uns passos à frente e acompanhando Rony, conversando sobre qualquer outro assunto que não fosse Diggory. Não que não gostasse do lufano, apenas… Bem, honestamente ele não gostava de Cedrico. E sabia que era algo recíproco. Provavelmente nem o olharia na cara se não fosse por … Olhou de canto para a loira por um instante, negando com um aceno, tinha outras coisas para se preocupar do que pensar em beijando Cedrico Diggory. Sentiu o estômago revirar ao pensar naquilo, mas ignorou a sensação, voltando a prestar atenção no que Weasley dizia.
  — Porque eu não contei. — Deu de ombros, olhando para frente e escondendo as mãos nos bolsos do casaco. Respirou fundo quando notou que a amiga continuava esperando uma resposta mais completa. — Brigamos ontem antes que eu pudesse falar e, bem, se depender de mim não vou dizer tão cedo.
  — E qual foi o motivo? — questionou diminuindo o passo, assim como a outra.
  — Lembra o que eu falei sobre Umbridge me descontar pontos por causa da minha gravata? — A outra concordou com um aceno. — Cedrico, meio que insinuou que era minha culpa. E não foi a primeira vez, ele vive falando para eu não arranjar problemas com ela…
  — Bem, isso não é exatamente um mau conselho! — Hermione começou incerta.
  — É, mas ele tem evitado andar comigo, porque não quer que ela veja.
  — Como é? Por quê?
  — Não sei e, sinceramente, não sei se quero saber. Se ele está com medo dela, o problema é dele — reclamou, dando passos mais rápidos.
  — Você deveria conversar com ele!
  — Eu já sei o que ele vai me dizer, Hermione. Que não é nada disso, que eu estou louca ou sei lá. — Exasperou-se. — Eu sei do que estou falando. Quando eu perguntei, ele desconversou! Se não quis me explicar quando eu pedi, agora não quero saber.
  Granger rolou os olhos, rindo leve, era sempre assim quando o casal brigava (o que vinha realmente acontecendo com um pouco mais de frequência pelo que dizia).
  — Eu não dou até amanhã à noite para vocês estarem bem!

  Contrariando a expectativa de Granger, a loira não fez as pazes com Cedrico no final de semana, na verdade nem mesmo o viu por mais de um minuto. Se esbarraram no domingo de manhã e Diggory até parou para dar oi, mas logo foi carregado por Monty e o restante dos jogadores para o Campo de Quadribol para treinarem antes do jogo na próxima semana.
  O time passou boa parte do domingo treinando antes de darem lugar para o grupo da Corvinal que também precisava usar o campo. Quando Cedrico finalmente estava livre para procurar a namorada, ela estava na Torre da Grifinória fazendo trabalhos e estudando e não podia falar com ele. A dúvida que ficou em sua cabeça por alguns minutos era se ela não podiaou não queria, mas confirmou ser a primeira quando conseguiu conversar com Hermione na hora do jantar. Embora tivesse aquela pequena porcentagem de orgulho, motivo pelo qual não estava exatamente se esforçando para conversar com ele.
  Com a demora para resolverem tudo, Cedrico resolveu que precisava explanar suas dúvidas com alguém, precisava de um conselho sobre o que deveria fazer, e só conseguiu pensar em uma pessoa para isso. Talvez não fosse a ideal, mas naquele momento pareceu sua primeira e única saída. A parte ruim, é claro, era precisar de alguns dias para ter uma resposta de sua carta.
  Na segunda o lufano chegou no Salão Principal no horário do correio, logo vendo que estava entretida lendo uma carta que, pelo sorriso em seu rosto, ele tinha certeza que vinha de Sirius. Diggory leu a carta dos pais e a guardou no bolso, querendo lembrar-se de passar no Corujal ainda naquela tarde para responder, contudo, o que esperava ainda não tinha chegado, o que não era exatamente uma surpresa, já que tinha enviado na noite anterior.
  Quando estava indo para as estufas, para sua última aula do dia, encontrou os alunos do quinto ano voltando para o Castelo e sorriu ao encontrar conversando com Neville. Cedrico desviou seu caminho, parando na frente da namorada, sorrindo para ela.
  — Oi, Neville. — Acenou para o outro, que respondeu um pouco sem graça. Não tinha problemas com Cedrico, mas sempre ficava um pouco intimidado quando alunos de outras Casas falavam com ele. — Podemos conversar mais tarde? — perguntou para a garota. o olhou por alguns instantes, dando de ombros pouco depois.
  — Às oito no lugar de sempre? — sussurrou em seu ouvido quando curvou-se para beijar-lhe a bochecha. Notou que ela o olhou torto por alguns instantes, provavelmente incomodada por ele ainda querer se encontrar escondido, mas acabou por concordar.

  Diggory desceu as escadas e seguiu pelo corredor à esquerda, andando tranquilo e, vez ou outra, olhando para os lados, certificando-se que não tinha ninguém por perto. Encontrou com Filch pouco depois, desejando-lhe um “boa noite” educado, antes de virar o corredor e entrar na terceira sala vazia. Sorriu ao perceber que já estava lá, sentada em uma cadeira mais ao canto, olhando pela janela. Bateu com a varinha na porta, tornando a trancá-la, andando na direção da namorada.
  — Boa noite! — Sorriu, colocando as mãos nos bolsos e parando ao seu lado.
  — Boa... — respondeu sem se alterar, olhando-o brevemente.
  Cedrico suspirou, passando a mão pelos cabelos e em seguida puxou uma cadeira, sentando-se ao seu lado.
  — Sei que está chateada comigo, e eu sei que realmente parece que estou te evitando, mas…
  — Se você disser que eu estou imaginando coisas, eu vou embora. — Cortou, encarando-o levemente irritada. Diggory concordou com a cabeça, suspirando.
  — Eu estou — confirmou —, mas não é porque eu gosto ou porque não quero que nos vejam juntos. Sabe que eu gosto de mostrar para todo mundo que você é minha garota! — comentou a encarando, vendo-a rolar os olhos, mas com um sorriso leve em seus lábios, um bom sinal. — É só que a Umbridge está mesmo de olho em você, não sei o motivo, mas parece que ela procura alguma razão para te tirar pontos ou dar detenções, assim como faz com Potter — explicou, vendo-a encará-lo com a sobrancelha arqueada. — Não quero que ela use nosso namoro como desculpa para uma detenção. — Suspirou ao olhar em seus olhos, achando melhor ser totalmente honesto. — E, bem… Ela me chamou para conversar há alguns dias…
  — Sobre? — questionou curiosa.
  — Hm… Bem, falou sobre meu histórico como estudante e disse que eu poderia conseguir um bom emprego do Ministério se tivesse a pessoa certa me indicando… Entende? — A garota concordou com um aceno, esperando a conclusão. — Ela… — Suspirou antes de finalizar. — Disse que eu não deveria sair com você, que deveríamos terminar. — Black o olhou incrédula, sem saber o que dizer por um instante.
  — É por isso que está me evitando? Quer terminar? — Foi a vez de Diggory a olhar surpreso, negando no mesmo instante, parecendo chocado por ela considerar aquilo, nem mesmo tinha passado por sua cabeça terminar.
  — Pelo amor de Deus, , é claro que não. Só não sei por que ela está na sua cola, achei melhor que ela não nos visse juntos o tempo todo para não correr o risco de ter problemas para você…
  — Para mim ou para você? — replicou debochada.
  — O que quer dizer?
  — Ela está te oferecendo um bom emprego, não?
  Cedrico piscou duas vezes ao entender ao que a loira se referia, sentindo-se frustrado com aquilo.
  — Acha mesmo que eu terminaria com você por causa da droga de um trabalho no Ministério? — perguntou descrente, a garota deu de ombros, um pouco desconfortável. — Prefiro trabalhar com Trouxas a terminar com você. — permaneceu alguns instantes em silêncio, pensando a respeito.
  — Eu não sabia exatamente o que pensar, você estava me evitando sem motivos…
  — Eu sei… Sinto muito — passou a mão nos cabelos, irritado com a situação toda —, mas não quero, nem por um minuto, que você pense que eu quero terminar ou que te colocaria em segundo lugar em qualquer coisa. Eu só não sei o que fazer com tudo o que está acontecendo!
   aproximou-se, entrelaçando seus dedos com os do rapaz.
  — Podemos nos ver fora dos horários, se você acha mais fácil assim.
  Cedrico olhou para suas mãos juntas, apertando-a gentilmente.
  — Gosto de andar com você pelo terreno, . — Encarou-a. — E não quero precisar ter um relacionamento escondido, mas não faço ideia do que fazer nesse momento. Você achou mesmo que eu estava querendo me afastar de propósito? — Ela deu de ombros, não respondendo de imediato.
  — Não sei, você e a Hermione nunca querem quebrar as regras, a princípio imaginei que depois daquele decreto sobre manter uns trinta centímetros de distância, você estivesse com medo de se aproximar…
  — Pelas barbas de Merlin! — resmungou, escutando a risada baixa da garota à sua frente. — Eu largava o trabalho de Monitor sem pensar duas vezes! — Piscou sorrindo de lado para a garota. — Eu prometo que vamos resolver isso, ok?
  — Eu sei, confio em você.
  — Será que podemos esquecer isso por um momento e nos concentrar em algo ainda mais importante?
  — Que seria…?
  Diggory mordeu o lábio inferior, parecendo levemente pensativo.
  — Não sei, talvez aproveitar o que não aproveitamos no final de semana? Me parece uma boa ideia!
   sorriu quando notou o lufano aproximando-se de seu rosto, encarando-a por alguns instantes antes dele juntar seus lábios. Passou as mãos por seu pescoço quando Cedrico a puxou para mais perto, logo levantando-se e a puxando com ele, juntando seus corpos e não demorando para aprofundar o beijo.
  Cedrico sempre aproveitava os momentos que tinha sozinho com a loira, embora não a pudesse beijar sempre que podia nos corredores, contentava-se em andarem juntos, apenas porque sabia que poderiam se encontrar depois e ele a beijaria o quanto quisesse. Não demorou para dar alguns passos cambaleantes até a parede mais próxima, prensando-a contra a mesma e descendo os beijos para seu pescoço, sentindo-a ofegar enquanto puxava seus cabelos com certa força.
  Cedrico ainda tentava recuperar a respiração descompassada enquanto ajeitava os cabelos após a namorada sair em direção ao Salão Comunal da Grifinória. Sentia o corpo quente e certas partes mais visíveis que o normal, e foi por isso que ainda esperava para poder sair da sala e voltar para seu dormitório. Estava ficando cada vez mais complicado para ele passar aqueles momentos com Black, eram sempre bons e rápidos demais. Queria ter mais tempo com ela, mas também ficava nervoso por sempre esperar um algo a mais.
  Desde a terceira prova do Torneio Tribruxo, era sempre assim que se sentia quando ficavam sozinhos em um lugar mais reservado. Vários beijos, muitos apertos, alguns suspiros mais longos, mas sempre paravam nisso. sempre parecia saber quando o namorado estava prestes a perder o controle e o interrompia na hora certa (ou errada, na opinião de Cedrico). Entretanto, ele sabia o motivo de ela se afastar; entendia muito bem o que todo aquele excesso de reações significava e ela não estava pronta para dar aquele passo. Diggory nem mesmo reclamava, pois entendia perfeitamente, ainda era nova, por mais que não parecesse em alguns momentos, e eles namoravam há menos de um ano.
  Não era porque Cedrico já tinha saído com outras garotas (muito mais rápido do que com ela) que faria o mesmo. Embora quisesse, muito.
  Por ora, contentava-se com os beijos mais longos.
  Respirou fundo uma última vez, antes de abrir a porta e sair em direção ao seu Salão Comunal, andando rapidamente até lá com um sorriso em seus lábios.

  No outro dia pela manhã, no caminho para o Salão Principal, um aglomerado de alunos estava parado em frente ao portal, enquanto Filch pendurava mais um decreto:

82
Todos os estudantes serão submetidos a interrogatórios sobre suspeitas de atividades ilícitas.
  

  Cedrico leu e releu o artigo, o cenho franzido enquanto tentava entender o motivo. Não fazia sentido em sua cabeça, o que ela considerava “atividades ilícitas”? A menos que Fred e George estivessem vendendo seus logros escondidos, já que tinham sido proibidos, não tinha muito mais o que a professora pudesse considerar irregular.
  Cedrico sentiu quando alguém pegou em sua mão, virando-se em tempo de ver a namorada parar ao seu lado, olhando para o decreto novo, franzindo o cenho por alguns instantes antes de arquear a sobrancelha.
  — Uau, alguém está realmente preocupada com as teorias de conspiração contra o Ministério.
  — Shiu! — Apertou-lhe a mão, olhando para os lados. A última coisa que precisavam era da garota sendo levada para interrogatório.
  — O que? Ah, por favor, não me diga que está preocupado com essa bobagem? — Abanou a mão no ar, rolando os olhos e rindo baixo. — Vamos, eu tenho aula com a Minerva, isso sim é preocupante! Sabe o tamanho do trabalho que ela pediu…? — Puxou-o pela mão, entrando no saguão acompanhada de Cedrico, que riu baixo negando com a cabeça. Beijou-lhe a testa antes de se separarem para suas mesas, voltando a se encontrar rapidamente antes das aulas do dia iniciarem.

  — Ela suspeita, não é? — Hermione comentou em voz baixa, enquanto andavam para a próxima aula.
  — Ela não teria como saber… — Rony negou com um aceno, parecendo preocupado. — Será que alguém contou?
  — Não, se ela tivesse alguma prova já teria nos expulsado, são apenas suspeitas — argumentou, ajeitando a mochila em seu ombro. — Mas talvez devêssemos esperar um pouco antes de fazer uma reunião…
  — Não faz diferença — Harry deu de ombros, atraindo a atenção dos amigos —, ainda não encontramos um lugar bom o bastante, só teremos uma reunião depois disso.
  Quando estavam cruzando a sala, Granger sentou-se rapidamente ao lado de , o que fez Potter arquear a sobrancelha já que era sempre ele quem sentava ao lado da garota nas aulas de Transfiguração. Deu de ombros dando a volta e sentando-se com Rony, na mesa à frente.
  — O que foi?
  — Você já contou para o Cedrico?
  — Ainda não — negou com a cabeça —, esqueci de dizer ontem…
  — Talvez seja melhor esperar um pouco, soube que Umbridge está de olho nele — Hermione começou a dizer, vendo a expressão confusa da amiga. — Ela quer que Cedrico a ajude a monitorar a Escola e os alunos, parece que prometeu algumas indicações para quando ele sair de Hogwarts… Para trabalhar no Ministério…
  — Como você está sabendo disso? — perguntou surpresa.
  — Eu escutei Draco comentando com a Pansy ontem durante a ronda, logo antes de voltar para a Torre!
  A garota concordou com um aceno sem dizer nada, aproveitando quando McGonagall entrou na sala poucos segundos depois para prestar atenção em seu livro ao invés de imaginar se Diggory chegaria ao ponto de terminar com ela por causa do Ministério.

  Não demorou nem um dia para mais alguns decretos serem criados, nenhum realmente importante ou preocupante apenas as mesmas besteiras de sempre, na opinião de grande parte dos alunos, até que um chamou a atenção de todos:

98
Aqueles que desejarem se juntar à Brigada Inquisitorial para créditos extras, poderão se inscrever no escritório da Alta Inquisitora.

  — Só o pessoal da Sonserina vai se inscrever… — Weasley comentou, dando a volta no aglomerado e andando até a mesa, não demorando para pegar uma grande quantia de bacon.
  — Não sei — Harry começou em voz baixa —, soube que ela tem pegado pesado com alguns alunos… Talvez o pessoal que se sinta ameaçado não queira se arriscar…
  — Talvez eu me inscreva — comentou antes de tomar seu suco, os três a olharam surpresos. — Seria bom, sabe? Estar infiltrada!
  — Até parece que ela vai deixar — Potter riu —, você provavelmente é a segunda pessoa que ela mais quer expulsar, logo atrás de mim!
  A garota respirou fundo, deixando seu copo na mesa e virou-se com a sobrancelha arqueada.
  — Então eu tenho que fazer alguma coisa — respondeu, alterando a postura —, não nasci para ficar em segundo na vida, Potter. Vou passar você na lista dela!
  — Ah, pelas calças de Merlin! — Granger ralhou, rolando os olhos enquanto os dois riam.
  — Potter? Tonks? — Angelina apareceu poucos segundos depois. Desde que assumiu como Capitã do time de Quadribol, Angelina parecia muito mais estressada que o habitual, embora ainda não estivesse no mesmo nível de Olivio Wood. — Estamos com problemas!
  — O que aconteceu? — Harry perguntou, virando-se no banco para ficar de frente com a colega.
  — Umbridge ainda não assinou a permissão do nosso time, ainda não podemos jogar.
  — O quê? Ela não pode não liberar! O que ela disse? — perguntou exasperada.
  Angelina respirou fundo, passando a mão pelos cabelos longos.
  — Que ainda está estudando a possibilidade. — Começou ansiosa. — Eu só queria pedir para vocês dois se comportarem. Eu sei que você tem tido problemas nas aulas dela Harry, mas — suspirou — ela pode usar isso para não nos deixar jogar!
  — Não pode ser… — negou com a cabeça.
  — Eu não estou pedindo, na verdade estou mandando: ou vocês dois se comportam ou estão fora do time, entendidos? — Colocou as mãos na cintura, querendo soar imponente, mas no final da frase fez uma cara de quem poderia chorar a qualquer momento, quase desculpando-se pelo tom de voz usado.
  — Sem problemas — responderam em uníssono.
  — Vocês acham que…?
  — Não! — Harry cortou o amigo. — Não pode! Não pode.
  — Eu uso o poder a mim investido como filha de um Comensal foragido, se ela não liberar a gente de jogar!
  — Ah, pronto. Daqui a pouco vão criar a nova versão dos Marotos! — Granger rolou os olhos, rindo em seguida junto com os amigos.

  No final da aula de Herbologia seguiram direto para o Salão Principal, querendo comer o máximo que podiam depois de duas horas num trabalho pesado e chato, no qual reenvasaram algumas plantas venenosas. Estavam conversando e comendo tranquilos quando Umbridge entrou seguida de um grupo de alunos, Draco foi o primeiro que Black viu, logo atrás da professora. Rolou os olhos, voltando a virar-se para seu prato de comida quando escutaram o pigarro da mulher.
  — Eu quero apresentar a vocês — começou sorridente, olhando demoradamente para a mesa da Corvinal, Lufa-Lufa e, então Grifinória —, os primeiros integrantes da Brigada Inquisitorial! Lembrando que quem quiser participar, é só falar comigo! — Apontou para o grupo que fazia fila ao seu lado.
  Meia dúzia de alunos da Sonserina, dois da Corvinal (o que já era uma surpresa), Filch (o que a fez rolar os olhos), e…
  — Cedrico? — A voz de Rony chegou aos seus ouvidos.
   encarou o namorado por alguns instantes, notando sua cabeça baixa e a expressão séria em seu rosto. O pequeno distintivo brilhando em sua capa, logo ao lado do M de Monitor. Pareceu levar uma eternidade até Diggory erguer o rosto, olhando para os colegas e, por fim, virando para a mesa da Grifinória. A expressão confusa da namorada logo mudou ao encará-lo nos olhos, a loira negou com a cabeça, tornando a virar-se em direção aos amigos, mas Diggory notou o olhar decepcionado. Respirou fundo, fechando os olhos por alguns segundos antes de ouvir a voz da professora, dizendo que já podiam ir almoçar com seus colegas.
  Cedrico andou diretamente para sua mesa, não querendo olhar para mais ninguém ao sentar-se ao lado de Monty, o lufano encarou-o por alguns instantes, a expressão tão confusa quanto a de .
  — O que foi que aconteceu? Ontem mesmo estávamos rindo dessa ideia de Brigada?
  O rapaz demorou um minuto completo para respondê-lo, servindo-se antes de dar de ombros, soprando um simples “Crédito extra”.
  Emmett continuou a olhar o amigo, não parecendo muito convencido com a justificativa, mas sem saber se deveria mesmo insistir no assunto. Sabia que Diggory não faria algo que não concorda por causa de notas extras, nem mesmo precisava daquilo! E o loiro esteve no dia anterior junto dele, Davies e Parker falando sobre como Umbridge estava tentando controlar todos os alunos com toda essa história de Brigada Inquisitorial. Cedrico não mudaria de ideia tão rápido sem motivos.
  Virou-se para continuar a almoçar, mas logo Rogério sentou-se ao seu lado, despojado como sempre e sem importar-se em estar na mesa da Lufa-Lufa ao invés da Corvinal, mesmo com o Salão lotado.
  — Ser Monitor e Capitão do time não era suficiente para sua agenda? — Começou brincalhão, logo notando o suspiro cansado do loiro. — O que aconteceu?
  — Ced acha que precisa de crédito extra! — Monty respondeu pelo amigo, tornando a encará-lo. — Se até eu que provavelmente serei reprovado em Poções não estou preocupado com notas extras, você acha mesmo que essa desculpa é suficiente?
  — Não que eu não ache que você pudesse mesmo estar atrás de notas extras — Davies considerou —, mas ao lado dela? Se fosse da Minerva ou do Flitwick talvez…
  — Está tentando se tornar menos popular? — Monty continuou. — E solteiro? Porque a Grifinória não está parecendo muito animada com a ideia. — Apontou com a cabeça ao ver andando para fora do Salão, notando quando Cedrico ergueu o olhar para ver a loira se afastar.
  — Talvez seja exatamente isso, ele quer terminar e não sabe como… — Cedrico rolou os olhos, negando com um aceno.
  — Qual é, Ced, o que rolou? Que tipo de amizade é essa que deixa seu melhor amigo sem respostas?
  — Melhores — Daves corrigiu —, não passei sete anos aguentando vocês dois para nem ser considerado um melhor amigo!
  — Você não tem andado muito conosco depois que começou a sair com a outra loirinha — Monty pontuou. Daves ficou vermelho.
  — Não é bem assim… E não vem ao caso agora, o foco é no Diggory!
  Montgomery e Davies continuaram encarando o loiro quando ele terminou de explicar o que acontecia, tendo revelado que era filha de Sirius porque sabia que nenhum dos dois repetiria aquela informação para nenhuma outra pessoa e nem julgariam a garota por aquilo (embora, apenas por garantia, tivesse evitado dizer que tinha sim contato com o pai).
  — E ela quer que vocês terminem porque o pai da garota foi para Azkaban?
  — Mas ele não foi apenas para Azkaban! — Rogério começou, deixando as brincadeiras de lado. — O cara matou treze Trouxas, não foi?
  Diggory se segurou para não rebater a informação, dizendo que o bruxo na verdade era inocente. Era melhor não se aprofundar naquele assunto agora, afinal, não havia provas além da palavra de e Harry.
  — Sim, mas foi Sirius Black e não . Você acha que se meu pai dá uma poção errada no St Mungus e alguém morre a culpa é minha?
  — Cara, você tá comparando duas coisas sem sentido! — Daves tornou a negar. — Seu pai não daria uma poção sabendo que está errada para matar um paciente. O pai dela deliberadamente matou treze pessoas!
  — Que seja… — Monty deu de ombros, embora concordasse que não era realmente uma boa comparação. — Não foi ela quem matou os Trouxas, foi? E se mais nenhum professor liga para essa história, por que a Umbridge tá usando isso contra você? Ela sequer pode revelar que a Grifinória é filha dele? Você não disse que tem um acordo dos Tonks com o Ministério? — Cedrico concordou com um aceno, já tendo pensado sobre o assunto.
  — Também pensei nisso, se existe um acordo direto com o Ministro, ela não poderia revelar isso para ninguém, mas foi praticamente isso que ela quis dizer quando me chamou para conversar hoje pela manhã! — contou, passando a mão pelos cabelos curtos. — Simplesmente insinuou que era apenas uma questão de enviar uma Coruja para o Profeta Diário e amanhã mesmo estaria na primeira página a história toda sobre ser filha de Sirius Black e Victoria Lestrange.
  — Pô, mas que família, hein? — Rogério comentou de repente. — Com tantas garotas em Hogwarts, Diggory, não tinha uma melhor não?
  Os dois lufanos riram do comentário, embora ainda se mantivessem mais sérios do que o que costumavam quando estavam juntos.
  — Talvez ela esteja blefando! — Montgomery argumentou, passando a língua pelos lábios. — Apenas querendo que você entre na Brigada, mas mesmo que não participasse ela não diria nada, porque não pode!
  — É, mas olha o que ela tem feito em Hogwarts — Cedrico replicou —, já está mandando mais do que a McGonagall, quem garante que se ela falar algo o Ministro vai fazer algo a respeito?
  — Quem garante que ela vai sequer confirmar que foi ela quem deixou “escapar” a informação? Poderia só mandar uma Coruja dizendo ser uma fonte anônima — Daves pontuou —, mesmo que você saiba que foi ela, vai ser a sua palavra contra a dela. A gente vai saber que você está dizendo a verdade, mas você acha que alguém do Ministério vai acreditar em você só por ter boas notas?
  — E se você falasse para o Dumbledore ou para a McGonagall? Eles com certeza acreditariam, ainda mais a Minerva que também parece odiar a Umbridge!
  — E ela gosta da Tonks também — Davies concordou com Monty —, deve tentar ajudar a não divulgarem essa informação!
  — Talvez, mas também nada impediria a Umbridge de despedir a própria Minerva, você não ouviu o que ela falou durante a aula de Transfigurações? Ela pode mandar qualquer funcionário embora!
  — Você acha mesmo que ela ousaria enfrentar a Minerva? A Minerva? — Emmett questionou, incrédulo.
  — Se ela realmente tem tanto apoio do Fudge como ela diz que tem…
  — E é provável que tenha — Daves concordou —, eles não a colocariam em Hogwarts se não tivesse!
  — Achei que era só para abafar as histórias sobre Você-Sabe-Quem que o Potter conta desde a última prova… — Monty considerou, o corvino deu de ombros.
  — Talvez inicialmente, mas parece mesmo que ela quer desmoralizar todos os professores e o próprio Dumbledore!
  — Rogério tem razão — Diggory concordou suspirando ao passar a mão pelos cabelos — ou seja, não tenho opções, não é? — Os três permaneceram em silêncio por alguns instantes.
  — Deveria falar para a o motivo de ter entrado na Brigada — Emmett aconselhou —, é claro que ela e os amigos odeiam a Umbridge, assim como quase toda Hogwarts — pontuou —, pelo menos ela vai entender que é pra tentar ajudá-la!
  — Monty está certo — Davies colocou a mão sobre o ombro do loiro —, se você não falar o motivo, ela vai achar que é pelo futuro possível emprego no Ministério!
  Diggory negou com um aceno:
  — Sei que sim, mas se eu falar que é pra Umbridge não espalhar no Profeta sobre a família dela, vai ser pior. não vai querer que eu faça isso e é capaz de realmente arranjar problemas com a Umbridge, aí sim todo mundo vai saber sobre os pais dela!
  — Você está sendo nobre e burro também! — Monty falou por fim. — Se não disser que está tentando ajudar, vão acabar terminando, sabe disso, não sabe?
  Cedrico concordou, soube no mesmo minuto que Dolores Umbridge ameaçou contar para todos sobre a família da garota que ele não teria escolhas. Talvez não se importasse por Sirius ser inocente, mas quase ninguém sabia disso. Se descobrissem que ela é filha de dois dos maiores Comensais de Voldemort, a loira não teria mais um minuto de paz em Hogwarts, era capaz de o Ministério tentar até mesmo expulsá-la quando começassem a ser cobrados pelos pais de outros alunos.
  Diggory não tinha opções, só esperava que fosse como fosse, ainda confiasse o suficiente nele para apenas aceitar suas escolhas.

Cinco.

   sabia que tinha algo muito errado acontecendo com Cedrico, principalmente quando ele não a procurou por uma semana inteira, além de ter desviado da garota sempre que se encontravam nos corredores ou no Salão Principal. Ele apenas dava um sorriso amarelo e dizia estar ocupado, sumindo rapidamente de sua vista. Por mais que a incomodasse, não o procurou. Se Diggory queria ter segredos e, de alguma forma, concordava com o que o Ministério estava fazendo em Hogwarts, não era ela quem iria dizer alguma coisa. Se fosse sincera, ela só não tinha reclamado ainda, porque não tinha conseguido conversar com o namorado. O que a deixava três vezes mais frustrada que o normal.
  Resolveu dedicar-se aos estudos, voltando a pedir ajuda para Hermione sempre que precisava e, agora que o time de Quadribol estava liberado por Umbridge, voltou a treinar com o máximo de empenho possível. Também estava ansiosa para a primeira reunião do grupo contra o Ministério, que aconteceria naquela noite, e ao notar que Harry parecia muito mais preocupado e nervoso com a reunião, tirou o dia de estudos para ajudá-lo a se acalmar e concentrar-se em outra coisa que não fosse a aula. Os dois passaram a parte da tarde que não tinham aulas sentados no gramado do terreno, tentando ignorar o vento frio que se aproximava e conversando sobre coisas banais que não os lembrasse de Hogwarts e nenhum dos problemas relacionados ao retorno de Voldemort.
  Harry estava em uma luta interna sempre que ficava sozinho com a amiga. Preferia quando tinham Hermione e Rony ou quando estavam junto do restante do time, assim conseguia também focar sua atenção em outras pessoas. Ao mesmo tempo que gostava de passar um tempo com a loira, afinal ela era sua melhor amiga e sempre se divertiam juntos, achava cada vez mais complicado qualquer proximidade com . Ainda tentava ignorar os sentimentos que já havia reparado há alguns meses estarem mudando, preferia acreditar em qualquer outra coisa que não fosse a possibilidade, mesmo que mínima, de estar apaixonado por ela. Sentia o estômago embrulhar sempre que sequer considerava aquilo. era sua melhor amiga, ele não podia gostar dela daquela forma. E, a pior parte, ele sabia que não tinha possibilidade alguma de ela sentir o mesmo, pois gostava de Cedrico.
  No início realmente achou que era apenas um pouco de ciúmes por saber que a loira estava passando mais tempo com Diggory e aproximaram-se o suficiente para ela o considerar um bom amigo. Imaginou que estava apenas com ciúmes ao imaginar que pudesse ter outro melhor amigo que não fosse ele (ou Rony), principalmente porque com toda a confusão de Sirius, a garota estava estranha e afastada de todos, mas próxima de Cedrico. Em sua cabeça imaginou que ela não queria mais ser amiga deles depois de ter conhecido o loiro que, além de mais velho, era bastante popular em toda a escola.
  Após tudo resolvido, quando voltaram a se aproximar como os bons amigos que eram e sabia que embora agora também conversasse com Diggory, não iria excluí-lo, pensou que todo o ciúme havia ficado para trás e era até mesmo uma bobeira que realmente tivesse se sentido daquela forma. Ainda não gostava muito de Cedrico e sabia que o lufano também não era lá um grande fã do moreno, mas não se importava em ter uma “convivência pacífica”. Isso, é claro, até descobrir que os dois estavam saindo, o que já parecia estranho o suficiente.
  Sabia que gostava do loiro, mas até então não parecia grande coisa, havia escutado diversas vezes de diferentes garotas o quanto ele era bonito (Harry não sabia o que viam nele, mas tanto faz), então podia sim ser só uma atração, Potter mesmo havia começado a achar bonitas várias meninas desde seu terceiro ano, não deveria ser nada demais. Mas não demorou muito para começarem a namorar e, a partir disso, Harry achou que poderia morrer sempre que via o casal juntos. Quis convencer-se que era o mesmo ciúme de antes, apenas o medo de ela se afastar dos amigos agora que tinha um namorado, mas não se afastou deles, inclusive, seguiu ao seu lado durante todo o Torneio Tribruxo, o defendendo sempre que achava necessário, independente de quem fosse.
  Não queria se sentir daquela forma, menos ainda esperar que os dois terminassem para que, talvez, ele pudesse ter uma chance. gostava de Diggory e o loiro gostava dela também. Os dois estavam felizes. , sua melhor amiga, estava feliz. Aquilo deveria ser sempre o suficiente para ele, e mesmo assim, lá no fundo, uma parte de si torcia para que eles terminassem e, quem sabe, o olhasse diferente. Achava que poderia vomitar sempre que pensava naquilo. Sentia-se péssimo, o pior amigo que alguém poderia ter. Draco Malfoy talvez fosse melhor do que ele.
  — Harry? — Virou-se ao ouvir a voz da loira, que o encarava com o cenho franzido. — Tudo bem?
  — Tá sim, só estou pensando no que fazer mais tarde… — disse a primeira coisa que veio à cabeça, olhando para outro canto.
  — E não era justamente para não pensar nisso que estamos passando frio?
  — Ahn… Bem… — Deu de ombros, sem saber o que dizer.
  — Relaxa, Raio, vai dar tudo certo!

  Diggory havia acabado de enviar uma coruja aos pais e voltava do Corujal quando viu e Harry sentados juntos ao canto. Aproximou-se lentamente, ainda mantendo uma distância grande dos dois, apenas observando o que faziam por um tempo, queria saber o que tanto conversavam e por que estavam tão próximos. E, o pior, em sua opinião, é que não era a primeira vez que aquilo acontecia na semana, todas as vezes que encontrava com Black, ela parecia muito próxima de Potter. Por mais que tivesse prometido a si mesmo que não teria mais ciúmes de Harry, era algo quase impossível de se cumprir. Sabia que os dois eram amigos e respeitava, mas não via necessidade em estarem sempre tão próximos. Ele nunca ficava tão próximo das colegas quando estavam conversando.
  No fundo não achava que ela pudesse traí-lo daquela forma, mas também não era como se Diggory estivesse sendo o namorado mais presente do ano no momento, o que só aumentava seu medo de a garota acabar por terminar o relacionamento já um tanto conturbado dos dois.
  E se Potter realmente gostasse dela e se declarasse?
  Cedrico sabia que Potter tinha muito mais em comum com ela do que ele, e os dois eram amigos desde a primeira semana em Hogwarts, eram melhores amigos. Também sabia que os dois tinham segredos demais, e, ele tinha certeza, nem Rony ou Hermione sabiam de todos.
  Contudo, Diggory também sabia que Potter estava interessado em Cho Chang (pelo menos ele ainda esperava que estivesse!), tinha reparado, já no final do ano anterior, o quanto ele parecia nervoso quando a corvina se aproximava, e suas suspeitas foram confirmadas quando soube que o moreno a havia convidado para o Baile de Inverno. Diggory tinha até mesmo pensado em tentar ajudá-lo a conquistar Cho, mas não sabia qual era a melhor forma de abordar o assunto, os dois não eram amigos, não existiam razões para Cedrico chamá-lo para conversar e falarem da garota. Talvez ficasse muito óbvio que ele queria tirar Potter de perto de Black se o fizesse.
  Na verdade, já tinha tentado puxar aquele assunto com a namorada, para saber como ela reagia à situação, e sorriu sozinho ao lembrar-se de como ela não pareceu se importar.

   Isso é sério? Ah, não acredito que o Raio não me contou! Rolou os olhos. Coincidentemente, Cho passou pelo casal, apenas a alguns metros de distância. Com tanto que ele não a deixe pegar o Pomo-de-Ouro só porque ela é a namorada dele…
  — Quer dizer que também seria errado eu falar para meu time deixar você fazer alguns gols? perguntou rindo. A garota o olhou com a sobrancelha arqueada, piscando em seguida.
  — Ced, meu amor, eu não preciso da ajuda deles para marcar! E eu te conheço, você nunca deixaria isso acontecer; Quadribol é Quadribol, relacionamentos à parte.”

  Porém, até onde Diggory sabia, Potter não tinha conseguido nada com Chang e continuava muito próximo de , mais ainda na última semana. E Cedrico sabia que tinha culpa, se não estivesse se esquivando da garota, talvez as coisas estivessem diferentes.
  — Espiando sua namorada, Diggory? — Cedrico virou-se assustado, vendo Draco Malfoy parado ao seu lado com um sorriso enviesado em seus lábios. O lufano rolou os olhos, tornando a olhar para a frente.
  — Como se eu precisasse…
  — Eu acho que precisa ou não teria ciúmes sempre que a visse com Potter.
  O apanhador tornou a virar-se para Draco.
  — Como é?
  Malfoy deu uma risada baixa, dando de ombros.
  — Eu já vi sua expressão sempre que Potter se aproxima, Diggory. Você detesta vê-lo com minha priminha.
  — Você não sabe do que está falando.
  — Não sei? — ironizou, virando-se para a saída. — Você quem sabe, mas se fosse a minha namorada, eu faria algo a respeito.
  Diggory sorriu de lado, irônico.
  — Talvez eu devesse xingá-la na frente de todos, não? Parece um bom jeito de conseguir chamar a atenção de uma garota.
  Malfoy o encarou por alguns instantes, chegando a abrir a boca antes de dar-lhe as costas, a raiva transparecendo em seu olhar.
  — Babaca… — Diggory disse baixo, antes de tornar a olhar para o gramado, não encontrando ou Harry no lugar de antes e, ao olhar o relógio, se deu conta que estava atrasado para a próxima aula.

  Assim que a Armada de Dumbledore terminou a primeira reunião do grupo na Sala Precisa, todos voltaram para seus Salões Comunais em grupos pequenos, tentando não chamar a atenção.
  — Foi uma boa aula, Harry, já pode candidatar-se para professor de DCAT no futuro! — piscou para o amigo que riu, negando com a cabeça.
  — Eu espero ter uma carreira maior do que um ano, obrigado! — comentou enquanto andavam de volta para a Torre da Grifinória.
  — Eu nunca entendi, sabem? — Rony puxou o assunto, o cenho levemente franzido. — Por que todos os professores de DCAT só permanecem um ano?
  — Ninguém sabe. — Mione deu de ombros, parecendo animada depois da reunião. — Mas não era assim antes, teve um professor que ensinou por quase trinta anos antes de sair, eu li em Hogwarts Uma…
  — Ok, ok, mas pensem pelo lado positivo — cortou o pequeno discurso que os três sabiam que viria de Granger —, significa que só temos que aguentar Umbridge esse ano e no próximo ela já terá ido embora. Não pode ser tão ruim, não é?
  — Poder pode, mas é um pensamento bom — Harry concordou.
  — A luz no fim do túnel! — Weasley encerrou rindo junto com os amigos.
  — Mas temos que tomar cuidado com ela e o pessoal da Brigada… — Hermione lembrou-os. — Além do mais… Eu… Eu… — Parou de falar assim que alguém entrou no corredor no qual estavam.
  Os quatro ficaram em silêncio e Harry escondeu o Mapa do Maroto dentro do bolso, torcendo para que não fosse Umbridge. Poucos segundos depois, os quatro respiraram um pouco mais tranquilos ao notar que era Cedrico quem tinha virado no corredor, parecendo um tanto confuso ao notar os quatro por ali.
  — Hm, já passou do horário… — Começou encarando-os desconfiado.
  — Estávamos levando os dois de volta para a Torre — Hermione respondeu rapidamente, apontando para Harry e . — Eu disse que já estava tarde, mas… Bem…
  — Entendo. — Cedrico pareceu um pouco mais mal-humorado ao entender que Black estava, novamente, sozinha com Potter, independente do horário que fosse. — É melhor vocês dois se apressarem, se mais alguém os vir aqui fora nesse horário, vão perder pontos.
  — Tudo bem, obrigado. — Harry acenou com a cabeça, puxando pelo braço para que seguissem o corredor, Hermione e Rony ficaram um pouco atrás para ajudar Cedrico com a ronda.
  — Podem ir, vocês dois — comentou em voz baixa —, também já estou indo para meu Salão Comunal.
  — Bem, boa noite, Cedrico! — Rony sorriu antes de andar apressado atrás dos outros dois.
  Hermione ficou parada por alguns instantes, olhando-o de canto ao notar que o mais velho parecia chateado.
  — Vocês deveriam conversar — começou em voz baixa, atraindo sua atenção —, nós dois a conhecemos bem, se você não for o primeiro a puxar o assunto, não vai falar nada e vocês vão continuar brigados.
  — Não estamos brigados…
  — Muito bem, vão continuar sem se falar e se ignorando — corrigiu, os braços cruzados.
  Cedrico suspirou, dando de ombros.
  — Não tenho nada para dizer, eu sei qual é o problema e não posso mudá-lo. — Desabafou. — E vai continuar não aceitando, fim de papo.
  — Eu sei que não é da minha conta, mas… — Esperou até Cedrico voltar a encará-la, concordando com a cabeça e a incentivando a continuar. — O que aconteceu?
  Diggory bufou um tanto impaciente, passando a mão pelos cabelos e encostando-se na pilastra próxima, os braços cruzados e o olhar baixo.
  — Sinceramente? Não faço ideia. Quando vi já estava com metade da escola me detestando por estar na Brigada, entre eles, minha namorada. Eu só queria que esse ano acabasse logo. — Terminou parecendo cansado.
  Granger sorriu sem jeito, concordando com um aceno. Identificava-se muito com Diggory em alguns pontos, em outros nem tanto, mas gostava do lufano, ele era uma boa pessoa e um bom aluno.
  — É seu último ano na Escola, você precisa ir bem nos NIEM’S e créditos extras são sempre bem-vindos, não?
  Cedrico concordou após alguns instantes, Hermione colocou a mão em seu ombro, parecendo solidária aos seus dilemas.
  — No final vai dar tudo certo, você vai ver. — Começou — Mas, Diggory, de verdade, se vocês dois não conversarem logo, as coisas vão piorar e vocês vão acabar terminando. Imagino que não seja isso que você queira, estou certa?
  O lufo fechou os olhos, concordando com um aceno de cabeça, enquanto suspirava.
  — Obrigado, Hermione. — Sorriu pequeno em sua direção. — Das bruxas da sua idade você é a mais inteligente! — Piscou, já tendo visto aquela brincadeira algumas vezes. Granger sentiu o rosto esquentar, negando sem graça.

  No sábado pela manhã quando o Correio Coruja chegou, Diggory recebeu a resposta de sua carta enviada há quase duas semanas.

“Demorei para responder, porque não sabia se queria dar conselhos para você. Talvez eu prefira que continue afastado da minha filha. Por outro lado, já recebi umas três cartas de falando sobre isso, e estou começando a me incomodar.  Não tenho muito o que te dizer, imagino que você já saiba o que deve fazer, não? Fale com ela, Cedrico. Explique o motivo de ter aceitado entrar no grupo da Umbridge. Se você permanecer em silêncio, não demora muito eu serei obrigado a te azarar por fazê-la chorar. Gosto de você, Diggory, mas tenho minhas obrigações de pai.
  Apenas converse com ela, tenho certeza que vai entender.
  
  Sirius.”

  O lufano sorriu pequeno, achando engraçado a forma do homem tentar ajudá-lo.
  Gostava de saber que tinha a confiança de Sirius e que o homem até gostava dele, mesmo que um pouco. Provavelmente as coisas mudariam se algum dia Black imaginasse o tipo de pensamentos que Cedrico tinha, mas até esse dia, o qual Diggory esperava que nunca chegasse, era bom saber que poderia conversar com o homem.
  O conselho não tinha sido muito diferente do de Hermione na noite anterior, o que apenas confirmava o que ele já sabia: ou conversavam ou acabariam terminando, e aquilo era a última coisa que o rapaz queria. O problema era que ele não tinha o que dizer. Quando mandou a carta para Sirius, só contou que estava se sentindo pressionado por Umbridge a entrar na Brigada, mas a ameaça de revelar sobre a família deles só veio dias depois. E não tinha certeza se deveria contar ao homem sobre aquilo, não sabia exatamente qual poderia ser sua reação, e Sirius já tinha outras coisas para se preocupar. Aquilo era algo que Cedrico deveria resolver sozinho, de um jeito ou de outro.
  Havia passado parte da noite pensando no que Granger tinha dito, sobre como as coisas só piorariam se eles continuassem fingindo que nada tinha acontecido, até chegar ao ponto que a melhor saída seria o término. Se já detestava ficar alguns dias longe dela, nem mesmo gostava de imaginar como seria se eles, de fato, terminassem. Gostava demais da namorada para sequer considerar não a ter ao seu lado e foi por tudo isso que, depois do café-da-manhã, saiu a procura da garota.
  Diggory esperou no fim das escadas por vários minutos até passar por ali, já usando seu uniforme de Quadribol. Levantou-se apressado, chamando-a no instante seguinte.
  — Oi…
  — Oi.
  Os dois se encaram por vários segundos até o lufano soltar o ar de uma única vez, parecendo frustrado consigo mesmo.
  — Eu só queria te desejar boa sorte. — Sorriu de lado, vendo-a concordar com um aceno.
  — Obrigada!
  Continuaram sem conversar, apenas se encarando até o lufano fechar os olhos, baixando a cabeça e negando algumas vezes. Era estranho para ele não saber o que dizer ou como agir. Cedrico sempre sabia o que fazer em situações normais, mas nunca era tão fácil quando ela estava ao seu lado.
  Já tinha imaginado aquela conversa algumas vezes, e em nenhuma pareceu tão difícil quanto estava sendo naquele momento.
  No fundo nenhum dos dois sabia o que dizer, nem o que queriam ouvir. Apenas não queriam continuar naquela situação estranha e um tanto constrangedora. Estavam sem conversar há vários dias e quando acabavam no mesmo lugar, não sabiam como agir, inventando desculpas e afastando-se apressados. Não era assim que deveria ser, Cedrico estava em seu último ano em Hogwarts, queria aproveitar o tempo que tinha com a namorada antes de se formar, mas nada tinha saído como planejado por ele, muito pelo contrário. Nunca pareceram tão distantes como estavam naquele ano e, o próximo passo em sua cabeça, era o término. Algo que ele nem mesmo gostava de pensar.
  — Eu realmente não sei o que dizer… — Colocou as mãos nos bolsos, ainda olhando para os próprios pés. o olhou por alguns instantes, notando que também não sabia como agir ou o que deveria dizer, por fim, resolveu fazer a única coisa impulsiva que lhe ocorreu naquele instante:
  — Cedrico… — Começou com a voz baixa, não sabendo se teria coragem para terminar aquela frase, não tinha pensado sobre aquilo antes, mas agora que passou por seus pensamentos, parecia quase bizarro e ela já se arrependia por ter começado.
  Encarou os olhos cinzentos do lufano por alguns instantes, tentando definir o que tinha ali, mas ele só parecia extremamente chateado e ela não fazia ideia do motivo, se era por estarem brigados ou se era por toda a situação. E se tivesse chegado ao ponto que ele não gostava mais dela? E se ela tivesse sido implicante o suficiente para ele deixar de querer ficar com ela?  Sentiu o peito apertar com a ideia de Cedrico já não sentir o mesmo que antes. E se ele gostasse de outra pessoa? Talvez ele só não tivesse coragem de encerrar tudo com ela em consideração ao tempo que tiveram juntos.
  Talvez não terminasse por medo do que Sirius poderia fazer. Diggory poderia ter se arrependido de tê-la pedido em namoro. Se fosse aquilo, o que ela faria?
  — Vocêquerterminar? — perguntou rápida, incerta. Respirou fundo no instante seguinte, mas parecia que todo o ar do mundo não era o suficiente naquele momento.
  Cedrico a olhou confuso por longos segundos, parecendo demorar para entender o que ela havia dito. Na verdade, ela notou que tinha dito rápido demais e que talvez ele realmente não tivesse entendido. Mas, antes que ela pudesse fazer a pergunta novamente, Diggory abriu a boca algumas vezes, mas não disse nada. Olhou para o lado, passando a língua pelos lábios secos, tornando a virar-se para , encarando-a nos olhos.
  — Você quer terminar?
  Se olharam por algum tempo, ambos pensando no assunto.
  O que faria se Diggory dissesse que sim? Como passaria o resto do ano encontrando com ele pelos corredores, fingindo que nada aconteceu? E se ele começasse a namorar outra garota?
  Diggory tinha a mesma coisa em mente, e se ela tivesse tocado no assunto porque queria terminar com ele? E se ela começasse a namorar Harry Potter ou qualquer outro cara na escola? E se ela terminasse com ele porque simplesmente não gostava mais dele? O que ele faria? Nem mesmo imaginava como seria passar dias, semanas e meses olhando para ela, sabendo que não era mais sua namorada e que não estavam mais juntos, que ela não gostava mais dele.
  A falta de resposta dos dois lados os deixou ainda mais nervosos, sem saber o que se passava com o outro.
  — Tonks! — Angelina chamou de repente, assustando-os. — O que está fazendo? Precisamos ir, o jogo já vai começar!
  — Certo… — disse com a voz baixa, notando sua boca seca e a respiração acelerada. — Conversamos depois do jogo, ok? — pediu sem olhá-lo, não tendo coragem de encará-lo naquele instante. Desceu os degraus que faltavam andando apressadamente até Angelina, logo a seguindo para fora do Castelo em direção ao campo.
  Diggory soltou o ar assim que notou estar sozinho, fechando os olhos e os punhos. Seu coração batendo acelerado contra seu peito. O que estava acontecendo ali? Como chegaram naquele ponto de um término estar sendo cogitado?

  A partida tinha começado há vários minutos, o jogo seguia com a Grifinória ganhando por 40 a 0 e por mais que Cedrico tentasse se concentrar em assistir junto com os colegas, no fundo, parecia que nada estava acontecendo, embora tivesse escutado várias vezes os gritos de “Weasley é nosso Rei”. Sentia-se como se ainda estivesse na escadaria, aguardando a garota com o uniforme vermelho e o número 5 brilhando nas costas responder se queria ou não terminar o namoro. Seu coração parecia bater pesado contra seu peito, sua vontade era gritar da arquibancada, chamar seu nome e implorar para que ela não o deixasse. Queria gritar que a amava e que não se importava com o Ministério, nem Umbridge nem nada, porque se ela não estivesse ao seu lado as coisas não faziam sentido.
  Será que ela realmente pensava que ele estava preferindo um trabalho no Ministério a estar com ela?
  Diggory lembrava-se com perfeição da primeira vez que a escutou dizendo que o amava, logo antes da terceira prova do Torneio Tribruxo, e de como se sentiu quando escutou aquilo. Lembrava-se tão bem quanto todas as outras vezes que haviam tido ao longo do tempo que estavam juntos. Cedrico ainda se sentia do mesmo jeito quando a beijava, mas e se não fosse recíproco? E se ela não se sentisse mais do mesmo jeito quando estava com ele? Por mais que ele quisesse gritar que a amava, não tinha nada que ele pudesse fazer se ela não sentisse o mesmo.
  — WOW! — Monty gritou ao seu lado e, automaticamente, Cedrico olhou para o céu, não demorando para ver que tinha acontecido algo grave na partida: Um dos batedores da Sonserina tinha arremessado um balaço contra uma das artilheiras da Grifinória, acertando-a em cheio.
  — Ela está bem? — o moreno tornou a dizer ao seu lado, parecendo preocupado. Foi só aí que Diggory notou quemtinha caído.

  A partida foi interrompida assim que atingiu o chão, com mais impacto do que gostaria por não estar controlando sua vassoura. A artilheira arrastou-se pelo gramado com a mão na cabeça, gemendo baixo enquanto os companheiros de time aterrissavam ao seu lado.
  — Eu não acredito que ele fez isso! — Angelina gritava histérica, enquanto se aproximava. — Você está bem?
  — ? — A voz desesperada de Harry aproximou-se de seus ouvidos e logo sentiu suas mãos tocarem-lhe as costas e o braço, enquanto ele tentava saber se ela estava bem.
  Escutava Madame Hooch gritar com quem quer que fosse, mas não se importava, sua cabeça doía demais para prestar atenção em qualquer outra coisa. No fundo, perguntava-se como aquilo tinha acontecido, seu orgulho estava ferido. Como podia não ter visto um balaço vindo em sua direção?
  Sabia que estava distraída naqueles minutos iniciais, por mais que tentasse prestar atenção no jogo, sua mente não parava de mostrar-lhe imagens de Cedrico Diggory, mas não achou que fosse o suficiente para cair da vassoura. Aquilo chegava a ser humilhante!
  — Deixe-me ver, Potter, saia da frente! — Sentiu quando uma mão gelada lhe tocou o rosto, logo virando-a de lado e não demorando a reconhecer Madame Pomfrey olhando-a séria enquanto tentava ver se estava muito machucada.
  — Tem muito sangue! — Rony falou mais ao fundo.
  Black tentou levar a mão até a cabeça, mas foi impedida pela enfermeira.
  — Sou eu quem tem que ver isso, Tonks — ralhou a mulher.
  — Como ela está? — McGonagall perguntou apreensiva, chegando afoita até o gramado.
  — Preciso de alguns minutos para saber…
  — Ela pode continuar a jogar? — Angelina questionou após vários minutos, nos quais Pomfrey passou fazendo um curativo no corte grande na testa de , enquanto examinava os sinais vitais da jogadora.
  — Eu diria que não. — A mulher começou, terminando o curativo. — Tonks precisa de…
  — Eu posso jogar! — falou com a voz fraca, tentando sentar-se no gramado.
  — Claramente não pode — a mulher ralhou, empurrando-lhe o peito com força para que voltasse a deitar. Escutava a torcida da Sonserina gritar, parecendo rir da situação inteira, enquanto os demais colegas xingavam. Harry estava ajoelhado ao seu lado, esperando para saber como ela estava.
  — Eu já estou bem… — repetiu, respirando fundo e afastando as mãos habilidosas da enfermeira. — Eu posso continuar o jogo.
  — Se o corte abrir…
  — Eu faço outro curativo. — Virou-se para Potter assim que se sentou no gramado, sentindo a cabeça tornar a doer. — Pegue a droga do Pomo de uma vez, Raio.
  Harry riu parecendo aliviado, concordou com a cabeça e esticou a mão ao se levantar, para servir de apoio para a amiga.

  Cedrico pareceu impaciente por vários minutos em seu lugar nas arquibancadas, queria descer até o gramado e ver se a garota estava bem, mas não podia fazer isso. Não era seu time que estava jogando e, mesmo sendo monitor, não tinha autoridadepara tanto. Acalmou-se um pouco ao ver que estava se mexendo, tentando levantar-se, mas foi apenas quando ela ficou em pé que ele respirou aliviado, notando que ela continuaria na partida mesmo com um curativo grande na testa e parte da cabeça enfaixada. Angelina aproximou-se para conversar com ela antes de a garota comentar algo com Rony e Harry e, então, tornar a pegar sua vassoura.
  Madame Hooch voltou a apitar depois que o campo já estava liberado e os jogadores em suas vassouras, não demorando a jogar a Goles.
  Diggory aplaudiu, comemorando entusiasmado quando a namorada marcou um gol, e comemorou da mesma forma as outras cinco vezes que ela repetiu o feito, embora tenha notado que em alguns momentos ela ficasse parada no ar, levando a mão na cabeça, parecendo cansada.
  Desejou que Potter pegasse logo o Pomo para encerrar a partida de uma vez e, felizmente, seu pedido não demorou a acontecer. Pouco mais de três minutos depois, Harry alcançou o Pomo-de-Ouro, agarrando-o e dando uma volta pelo campo com a mão erguida.
  Assim que o jogo terminou, Cedrico desceu o mais rápido que pôde, não demorando a chegar no gramado que tinha sido invadido pelo pessoal da Grifinória. Precisou de alguns minutos para encontrar , aproximando-se dela assim que a viu. Os dois se encararam por alguns instantes e Diggory pôde ver que o curativo que ela tinha já estava manchado de sangue novamente, olhando-a preocupado.
  — Você está bem?
  — Vou sobreviver. — Sorriu de lado, dando de ombros.
  Cedrico concordou com um aceno, demorando alguns instantes para se pronunciar.
  — Parabéns pelo jogo, foi muito bem…
  — Obrigada!
  — Tonks! — McGonagall apareceu no meio da multidão. — Ótimo jogo, agora você precisa ir à Ala Hospitalar e… Ah, Diggory — a professora sorriu quando o viu —, faça o favor de acompanhá-la, sim?
  — Claro, professora.
  O casal seguiu em silêncio, e Cedrico segurou na mão da garota quando foram passar no meio dos torcedores, para garantir que não se separariam. Sentiu seu coração bater apertado quando a mão dela envolveu a sua, sem saber se aquela seria a última vez que aquilo aconteceria ou não.
   seguiu carregando sua vassoura, a qual Cedrico ofereceu-se para levar pouco depois, antes de irem guardá-la para, só então, seguirem para dentro do Castelo.

  Madame Pomfrey terminou os curativos e pediu para a garota permanecer ali aquela noite em observação devido à pancada na cabeça, principalmente depois de ela ter dito que se sentia um tanto enjoada. Assim que a enfermeira deixou-os sozinho, Cedrico levantou-se da cadeira em que estava sentado, puxando a cortina ao redor da maca em que estava, dando-lhes um pouco mais de privacidade, tornando a sentar-se ao lado da garota pouco depois.
  — Sente-se melhor?
  — Com sono, na verdade, mas não posso dormir por algumas horas, então… — Deu de ombros, vendo-o concordar com um aceno.
  — Você deveria contar a Sirius, ele vai gostar de saber que vocês ganharam o primeiro jogo… Mas provavelmente vai ficar preocupado com você… — Lembrou-se, franzido o cenho. riu baixo ao seu lado, concordando.
  — Provavelmente vai querer saber quem foi… — ponderou por alguns instantes, após tornarem a ficar em silêncio. — Ele gosta de você, sabe? — comentou em tom baixo. — Meu pai…
  Cedrico a encarou com a sobrancelha arqueada, um sorriso no canto dos lábios.
  — Achei que ele estava esperando a melhor oportunidade para me azarar…
  — Talvez. — Riu, olhando-o de lado.
   baixou o olhar para o lençol que a cobria, passando os dedos pelo mesmo, sentindo o tecido distraída, enquanto tentava arranjar um novo assunto.
  Diggory respirou fundo, esticando a mão e pegando na mão direita da garota, apertando-a gentilmente junto à sua. Os dois passaram alguns segundos olhando para seus dedos entrelaçados, sem nada dizer, até Diggory erguer o olhar para o rosto dela, começando em tom baixo:
  — Eu não quero terminar. Eu sei que não estamos muito bem e que eu não tenho sido o melhor namorado do mundo nas últimas semanas, mas eu não quero terminar — desabafou, encarando os olhos . — As últimas semanas só não foram piores que as duas últimas horas que eu passei sem saber se vocêquer terminar comigo. Se você me disser que não gosta mais de mim, infelizmente não tem nada que eu possa fazer para mudar isso, mas se você me disser que quer terminar por causa dos últimos dias… … Eu sei que esse ano tem sido uma confusão, e pensamos diferente em alguns pontos, mas…
  — Eu não quero terminar com você, Cedrico. Isso nunca me passou pela cabeça. - Apertou-lhe a mão, sorrindo de lado. — Não sei o que te fez entrar no grupo da Umbridge, realmente não acho que seja algo bom, e você está certo, estamos em lados opostos esse ano, por assim dizer, mas eu não terminaria com você por causa do Ministério, Diggory. Você éuma boa pessoa, independente do que esteja acontecendo esse ano.
  Cedrico mordeu o lábio inferior, concordando com um aceno.
  — Eu prometo que vou te explicar os meus motivos, eu só não posso fazer isso agora…
  — Eu acredito em você, Cedrico.
  O lufano suspirou aliviado, sorrindo antes de inclinar-se na cadeira, em direção à cama em que a namorada estava, encostando os lábios nos dela.

Seis.

  Cedrico quase parecia uma nova pessoa, sentia-se mais animado do que tinha estado desde que o semestre havia começado, embora continuasse sem poder estar com a namorada o tempo todo, o fato de saber que ela entendia sua situação ajudava bastante e os encontros depois das aulas também eram bastante satisfatórios.
  O jogo contra a Corvinal tinha sido complicado, mas conseguiram ganhar por uma diferença pequena de 80 pontos e agora estavam logo atrás da Grifinória na busca pela Taça. Era difícil, mas não impossível. Os estudos seguiram como sempre, deixando-lhe mais tempo do que gostaria na biblioteca, fazendo todos os trabalhos necessários e estudando para as provas que estava tendo antes da pausa para o fim de ano.
  Seus trabalhos extracurriculares no momento não exigiam muito, com a Brigada Inquisitorial em um número cada vez mais alto, na maior parte do tempo ele só evitava que algum aluno da Sonserina exagerasse nos castigos e pontos descontados dos colegas das outras Casas.
  Quase não ouvia mais reclamações sobre Potter e Black da professora já que os dois pareciam sempre muito comportados em aula e pelos corredores, Umbridge, é claro, suspeitava de algo e queria que Cedrico descobrisse o que eles faziam, mas o lufano não estava assim tão empenhado em passar essa informação. Era óbvio para ele que os dois estavam aprontando, mas ainda não tinha lhe contado nada e ele suspeitava que ela nem diria, principalmente depois de Diggory ter dito que escutou uma conversa de Umbridge com Snape, na qual ela pedia pelo Veritasserum.
  Cedrico não ficava de todo feliz com a aproximação da namorada com Harry, mas tentava demonstrar menos o ciúme e até estava se saindo muito bem. Claro que ficava curioso para saber o que eles faziam e até acreditava que a professora estava certa ao achar que eles se reuniam com outros estudantes, mas não tinham perguntado para , e nem pretendia tão cedo, apenas para o caso de Umbridge usar o soro da verdade com o lufano. Além do mais, se ela confia nele e aceitou que Cedrico faria parte da Brigada mesmo sem saber o motivo, o loiro também estava determinado a demonstrar a mesma confiança, mesmo que não fosse assim tão fácil!

   tinha acabado de sair do Salão Comunal, carregando sua bagagem já pronta para voltar para sua casa durante o feriado. Cedrico estava sentado no último degrau, esperando-a para irem juntos até o trem que os levaria de volta a Londres. , ele notou, parecia mais nervosa que o normal, embora não tivesse dito nada. Diggory queria perguntar por que Harry e os Weasley haviam saído de Hogwarts no meio da noite anterior, mas ela não parecia querer comentar sobre aquilo, mantendo a expressão nervosa em seu rosto. Estavam quase embarcando quando Dolores Umbridge a puxou pelo braço, parecendo mais histérica do que o costume.
  — Você, senhorita, me diga, onde está Harry Potter?
  Cedrico permaneceu ao seu lado, mantendo uma mão no ombro da namorada. A loira sorriu de lado para a professora, aproveitando aquele pequeno momento no qual a mulher não tinha qualquer vantagem sobre a mesma; McGonagall estava a poucos metros de distância.
  — No meu malão ele não está, professora. Não posso ajudar, desculpe.
  A voz insolente da mais nova fez a expressão da mulher alterar-se, parecia que uma veia explodiria em seu rosto. Umbridge sorriu da mesma forma, curvando-se levemente em sua direção.
  — Se eu fosse você, tomaria cuidado com o que diz, nunca se sabe quando um segredinho pode se espalhar pela escola, não é mesmo, Black?
  A garota respirou fundo, não deixando-se abalar, mantendo o sorriso em seus lábios.
  — Ainda bem que eu sou eu e a senhora é a senhora, não concorda? — Baixou o tom de voz, dando um passo em direção à professora. — Eu também teria cuidado se fosse a senhora, até parece que está ameaçando uma aluna, filha de um assassino foragido de Azkaban… Eu me pergunto o que ele faria se soubesse… — Afastou-se, voltando ao tom alto e animado de antes. — Boas festas, professora.
  Black virou-se uma última vez para olhar a expressão horrorizada de Umbridge antes de embarcar. Diggory estava sem saber como reagir, parte de si queria rir da cara de Dolores, mas outra parte preocupou-se com o que aquilo poderia gerar. E se Umbridge resolvesse se vingar dizendo que era filha de Sirius? Suspirou cansado, passando a mão pelos cabelos antes de seguir com a garota para um dos vagões do trem.
  Cedrico aproveitou que Hermione tinha saído da cabine quando faltavam poucos minutos para chegarem à Estação de Kings Cross para despedir-se da namorada, já que não a veria pelas próximas duas semanas, queria que pudessem passar o Natal juntos, mas viajaria com sua família e estaria com Sirius e os Tonks.
  Assim que chegaram à Estação, não demorou para avistar seus pais e Ninfadora, conversando em um canto um pouco afastados da multidão. Abraçou os pais antes de cumprimentar Dora e esperou enquanto sua mãe conversava com , que sempre parecia muito tímida perto de Rachel, o que o fazia rir levemente. Despediu-se beijando-lhe a bochecha, apertando levemente sua cintura, ouvindo-a rir contra seu pescoço antes de aparatar com os pais depois de passarem pelo portal, enquanto a loira agarrou-se no braço da prima para voltarem ao Largo Grimmauld.

   sentiu os braços de Sirius ao seu redor assim que passou pelo corredor, não demorando nem dois segundos para corresponder ao abraço apertado do pai, contente por finalmente vê-lo depois de tantos meses afastados.
  — Como está? — A voz rouca do homem perguntou baixo, antes de soltá-la.
  — Melhor agora, pai! — Piscou animada, sabendo o quanto ele gostava de quando ela o chamava daquela forma.
  Sirius passou a mão pela cabeça da filha, dando uns tapinhas parecidos com os que ela dava quando ele estava em forma de cachorro, algo como se dissesse “boa garota!, o que a fez rir antes de virar-se para cumprimentar o restante do pessoal.
  Embora quisesse visitar o Sr. Weasley depois do ataque de Nagini, optou por ficar em casa e passar o tempo que tinha com o pai. Conversaram bastante e ele a ajudou com alguns deveres de casa, adorando poder relembrar as épocas de Hogwarts.
  — E como estão as coisas com a Umbridge? — perguntou assim que a filha espreguiçou-se, deixando a pena sobre o pergaminho aberto. Ela deu de ombros.
  — Talvez eu a tenha lembrado que você é um foragido perigoso de Azkaban… — comentou segurando um sorriso. O homem arqueou a sobrancelha, aguardando a conclusão da história. — Ela estava de marcação comigo e quis me ameaçar quando eu estava para embarcar, era óbvio que eu não deixaria por menos, não é verdade?
  — O que foi que você fez?
  — Ela quis dizer que se eu não falasse sobre Harry e os ruivos, ela poderia deixar escapar meu segredinho — deu de ombros novamente, tomando um gole de seu suco —, eu só a lembrei que você continua foragido e que seria interessante saber qual seria sua reação se descobrisse que alguém do Ministério está me ameaçando…
  Sirius baixou a cabeça, mordendo o lábio inferior e fechando os olhos por alguns instantes, no fundo queria rir, mas manteve uma pose séria, suspirando antes de começar seu discurso de pai preocupado.
  — Por mais que eu adore saber que você herdou essa parte de mim, você fez errado. Dolores pode mesmo espalhar na Escola que você é minha filha, e isso causaria muitos problemas…
   cruzou os braços, encarando o mais velho.
  — O Ministério sempre soube disso e mesmo depois que você escapou, nunca me perguntaram nada…
  — Mas a maioria dos seus colegas não sabem, e é melhor manter dessa forma.
  — Pai, o máximo que iria acontecer é terem medo de mim, o que eu acho ótimo para as partidas de Quadribol…
  — Eu estou falando sério, .
  — Eu também! — protestou, batendo com a mão na mesa. — Se o Ministério é burro de achar que você é um Comensal, o problema não é meu.
  — Vai ser se toda a Escola souber que você é minha filha.
  — Sirius Black III começou levantando-se com as mãos na cintura —, a filha sou eu e o sobrenome é meu. Se eu quem estou em Hogwarts não vejo problemas que todos descubram que meu pai é o primeiro bruxo que fugiu de Azkaban, por que você se importa? Além do mais, todo mundo que realmente me importa já sabe que sou sua filha! — Deu de ombros voltando a sentar-se, jogando os cabelos para trás. — Vão me prender por ser sua filha? Eu vou é ameaçar o Ministério todinho!
  Sirius manteve-se sério por alguns instantes, abrindo um sorriso orgulhoso logo depois. Pensou em várias coisas que poderia dizer naquele momento, mas não conseguiu achar nada muito significativo, ao invés, levantou-se dando a volta da mesa da cozinha e beijando-lhe a cabeça antes de retirar-se por alguns instantes; não precisava vê-lo chorando.

  O Sr. Weasley teve alta do St. Mungus na manhã de Natal e todos aproveitaram a ocasião para fazer um brinde em sua homenagem, entre tantos brindes que faziam aquele dia. Por Harry que tinha avisado a todos e assim salvo Arthur; por Sirius que emprestava a casa e Remo por ter sido o melhor professor que já tiveram; Rony, que era Monitor; pelos gêmeos que ainda não tinham recebido um berrador naquele ano; por que tinha perdido 70 pontos pela Grifinória; Gina que havia ido muito bem em sua estreia no Quadribol e pela Sra. Weasley que tinha feito uma comida muito boa; e, finalmente, pelo bruxo responsável por inventar o hidromel (embora Rony, Harry, e Gina não tivessem experimentado).
  Ao terminarem a grande rodada de brindes, começaram a almoçar antes de trocar os presentes. Os Weasley deram seus famosos agasalhos tricotados à mão por Molly e esse ano, ganhou um preto com um grande “B” dourado no meio, o qual ela achou muito apropriado e vestiu de imediato já imaginando usá-lo quando fossem à Hogsmeade. Rony lhe deu uma barra de chocolates da Dedos de Mel, Hermione (que passava o Natal na França com os pais) lhe mandou uma nova coleção de penas, incluindo uma colorida que só era possível ver o que se escrevia após dizer um feitiço. Harry deu-lhe uma camiseta de seu time favorito de Quadribol (Holyhead Harpies) e Cedrico mandou-lhe uma enorme caixa de seus chocolates preferidos, a qual provavelmente demoraria meses para terminar (ou talvez apenas algumas poucas semanas!). Remo lhe deu um livro sobre Runas Antigas que era uma de suas matérias favoritas e, finalmente, Sirius saiu por alguns minutos da sala voltando com um pacote comprido e fino, que a filha não precisou de muitos segundos para adivinhar o que era.
  — Achei injusto só ter dado uma vassoura nova para Harry, Feliz Natal!

  — Vitor eu te amo, Vitor eu te amo sim! Quando estamos distantes, meu coração bate só por vocêeee!
  Sirius e Lupin pararam na entrada da sala, olhando aquela cena e segurando a risada; dançando uma espécie de falsa com Fred, enquanto George e Harry cantavam fingindo reger uma orquestra. Gina gargalhava ao lado, sentada na ponta do sofá e vez ou outra juntando-se ao coro, já Rony estava emburrado no canto, os braços cruzados e o rosto tão vermelho quanto seus cabelos.
  — O que está acontecendo aqui? — Black perguntou disfarçando a risada.
  — Estamos reencenando a história de amor de Rony Weasley e Vitor Krum! — George começou a explicar, sendo atrapalhado por um grito de Fred.
  — Krum bobão, Krum bobão!
  — Ele é um artista! — completou juntando as mãos e suspirando, forçando uma expressão apaixonada. O grupo começou a gargalhar, principalmente quando Rony mandou-os calar a boca, dizendo que nunca tinha dito aquilo.
  — Por que essa implicância? — Remo questionou sentando-se na poltrona próxima.
  — Krum quase foi nosso cunhado — Gina comentou rindo —, mas Hermione Granger foi mais rápida!
  Mais risadas vieram quando a ruiva terminou o comentário, fazendo o irmão ficar tão envergonhado que acabou levantando-se e subindo as escadas em direção ao seu quarto.
  — Não deviam fazer isso... — Sirius comentou coçando a barba, olhando sério para os estudantes.
  — Ele ficou assim agora, mas minutos atrás estava rindo quando estávamos imitando a ! — Harry explicou sentando-se no lugar que o amigo desocupou.
  — Rony não sabe brincar! — concordou jogando-se no sofá oposto, no qual seu pai estava.
  — Eu perdi essa imitação? Quero ver! — pediu sorridente, vendo a filha rolar os olhos e negar com a cabeça.
  Os gêmeos levantaram-se no mesmo instante.
  — Você sabe com quem está falando? — Fred afinou a voz, colocando uma mão na cintura e arqueando a sobrancelha, sorriu de lado antes de completar. — Black, herdeira do sobrenome mais nobre e importante do mundo bruxo.
  — Eu nunca disse isso! — protestou em meio às risadas.
  — Por enquanto, , por enquanto.
  — Não vou negar que me pareceu uma ótima ideia, só preciso da oportunidade correta! — Sorriu esperta, fazendo-os rir por mais tempo.
  — Remo, eu tenho uma dúvida — Harry chamou o homem, virando-se sério para o mesmo e atraindo a atenção dos amigos. — Sirius era arrogante em Hogwarts ou adquiriu essa característica sozinha?
  — Ei! — Pai e filha falaram ao mesmo tempo.
  Lupin riu baixo, concordando com a cabeça.
  — Sirius até hoje é uma das pessoas mais arrogantes que eu conheço, acho que esse detalhe está impregnado no DNA dos Black, Régulo era igual!
  — Ei! — reclamaram novamente, quase parecendo ofendidos.
  — Não gostei do que você está insinuando, Aluado — o mais velho reclamou, cruzando os braços.
  — Por Merlin, parece que estou vendo a ! — George comentou fingindo-se chocado.
  — Ah, cala a boca! — a loira reclamou dando língua.
  — Brincadeiras à parte, , George está certo. Você se parece muito com Sirius!
  Os dois se entreolharam rapidamente, arqueando as sobrancelhas antes de darem o mesmo sorriso de lado, tão típico de ambos.
  — Olha só, quem diria que mesmo com tantos anos distante você acabaria tendo as mesmas manias, não é? — Black sorriu para a filha, parecendo orgulhoso por notar tantas similaridades.
  — Como eu disse — Remo interrompeu sorridente —, deve ser algo do DNA de vocês!

  Sirius e Remo olharam surpresos quando viram Harry, e os gêmeos descendo as escadas, usando seus uniformes da Grifinória, enquanto Gina vinha mais atrás usando uma capa preta e os cabelos presos em um coque apertado, um livro embaixo do braço e a varinha na mão. Parou no último degrau, gritando com o quarteto:
  — Por que eu não estou surpresa em ver vocês dois em detenção, de novo? — questionou ríspida, na sua melhor imitação de Minerva McGonagall.
  Harry, que tinha os cabelos mais armados que o normal, passou a mão pelos mesmos tentando parecer ainda mais desleixado, exatamente como diziam que seu pai fazia.
  — Não foi nossa culpa, professora, Almofadinhas…
  — Ei, não venha colocar a culpa em mim, Pontas! — protestou, tornando a erguer o rosto para a professora, arrumando sua capa e mantendo a pose elegante, os cabelos curtos e pretos levemente ondulados nas pontas, o que surpreendeu Sirius que não fazia ideia que a filha já tinha tamanho domínio em Transfiguração.
  — Professora — Fred e George começaram, passando na frente do casal, os cabelos claros da cor de Lupin, as roupas um pouco sujas e um arranhão falso em suas bochechas esquerdas —, eu tentei pará-los, sinto muito. Fracassei no meu dever de Monitor! — Baixaram a cabeça ao mesmo tempo.
  Sirius e Remo não conseguiram controlar a gargalhada depois daquela frase, Black curvando-se ligeiramente, a mão na barriga.
  — Quase uma viagem ao tempo! — Lupin comentou em meio a risadas.
  — Eu nunca mais conto nada sobre essa época, vocês usam contra nós!
  — Ainda bem que vocês pararam, já estava imaginando que teria que fingir beijar alguém! — comentou rindo, apontando a varinha para o próprio cabelo que voltou a ser loiro e comprido, enquanto sentava-se no sofá, seguida pelos outros quatro; Gina soltou o coque e Harry tentava baixar os cabelos curtos. Os gêmeos não pareciam se importar com os cabelos claros, deixando-os daquela forma e apenas limpando o corte em seus rostos.
  — O que quer dizer com isso? — Sirius questionou com a sobrancelha arqueada.
  — Remo me contou que você beijava todo mundo, pai. — Deu de ombros, sem se incomodar.
  — Quem diria que Cedrico seria tão parecido com Sirius, hein? — Fred comentou pensativo.
  — Como é? — o homem tornou a perguntar, parecendo confuso.
  — Cedrico namorou Hogwarts inteira antes de começar a sair com a loirinha aqui! — o Weasley explicou-se, olhando de canto para a garota.
  — Pois é, esse é o tipo de coisa que ninguém precisa relembrar, obrigada. — Rolou os olhos, entediada.
  — Cedrico Diggory? — Black pareceu extremamente surpreso. — Aquela cara de bom moço é apenas para me enganar?
  — Talvez seja esse o charme dele… — Gina comentou em voz baixa, vendo concordar com um aceno.
  — Cedrico até saiu com a namorada do Harry! — George relembrou, fazendo tanto Potter quanto mexerem-se desconfortáveis. Harry já se xingava mentalmente por ter aberto a boca e contado a Rony que havia beijado Cho. Talvez se não tivesse feito aquilo, os gêmeos não teriam escutado e ficassem comentando pouco a pouco!
  — Ela não é minha namorada…
  — Mas você estava a beijando pelos corredores, logo ela é algum casinho… — Fred replicou rindo, vendo-o ficar vermelho. Depois de Rony (o qual continuava emburrado no quarto), Harry era sua segunda pessoa favorita para envergonhar.
  — Como é que é? — Sirius encarou o afilhado, que deu de ombros. — Quem é?
  — A japonesinha Chang, que deu o fora no Harry ano passado! — George explicou.
  — Ela não me deu o fora, só tinha outro par…
  — E foi aí que o Harry chamou a para o Baile e ela não quis ir!
  — O QUÊ?
  — Não foi nada demais, pai…
  — Você chamou minha filha para um baile, Harry Potter? — Sirius virou-se sério, encarando-o descrente. Harry olhou assustado para o padrinho, então o homem passou a encarar a filha, sentada ao lado de Potter. — E por que foi que você não aceitou?
  — Porque eu já tinha combinado de ir com Cedrico. — Deu de ombros novamente, passando a língua pelos lábios. — Harry me deixou como segunda opção, papai. Minha autoestima foi atingida!
  — Ah, cala a boca! — Potter comentou baixo, um tanto envergonhado.
  — Eu não acredito no que estou vendo, você deixou minha filha como segunda opção?
  — Por um instante achei que Sirius estava com ciúmes, agora tenho a sensação que ele está triste por não ter ido… — Remo comentou coçando a barba rala.
  — Sirius, me diz uma coisa — Fred começou, sentando mais na ponta do sofá e encarando o homem —, você e James tinham algum tipo de plano de juntar o casalzinho aqui — apontou para os dois amigos — quando eles crescessem, para juntar as famílias?
  — O quê? — Black falou com a voz uma oitava mais fina, pigarreando antes de continuar e levantando-se do sofá, afastando-se em direção às escadas. — É claro que não, é cada ideia…
  Remo começou a gargalhar, enquanto os adolescentes o encaravam um tanto confusos.
  — Isso foi um sim?

  Na manhã antecedente ao retorno para a escola, deram de cara com a manchete do Profeta Diário confirmando que Umbridge finalmente havia cumprido com sua ameaça, mesmo que não tivessem como provar que ela era a culpada.

EXCLUSIVO: SIRIUS BLACK E VICTORIA LESTRANGE TIVERAM UMA FILHA E ELA ESTÁ EM HOGWARTS!

  O notório assassino Sirius Black, fiel seguidor D’Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado, ganhou as primeiras páginas do nosso jornal há dois anos, sendo o primeiro bruxo a escapar de Azkaban.
  Black segue desaparecido, embora o Ministério garanta que continua com uma Força Tarefa para localizá-lo, segundo informações, a última vez que Black foi avistado foi em um vilarejo ao norte da Irlanda.
  Quem ainda está em Azkaban é, a também seguidora de Você-Sabe-Quem, Victoria Lestrange.
  O casamento de Black e Lestrange passou despercebido por todos, não seja mesmo uma surpresa já que todos sabemos que famílias Puro-Sangue gostavam de manter os laços, mas o que chamou nossa atenção foi descobrir que o Ministério Bruxo e o Ministro, que deveriam sempre zelar pelo bem-estar geral da nossa comunidade, preferiram manter em segredo o fato de eles terem tido uma filha.
  Isso mesmo, um dos casais mais fiéis a Você-Sabe-Quem teve uma filha e a Ministra da época, Millicent Bagnold, aceitou não divulgar essa informação após a ida do casal para Azkaban! Dois Comensais da Morte tiveram uma filha e o Ministério deixou toda a comunidade bruxa sem saber e, pior, a deixaram ir para Hogwarts!
  Sabemos que muitos dos nossos leitores têm filhos na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts nesse momento, prontos para voltarem depois de passarem as festas de final de ano em casa, por isso resolvemos fazer o que o Ministério não fez e divulgar essa informação, afinal, é o mínimo que todos merecemos! Os pais precisam saber que seus filhos estão em segurança!
   Lestrange Black está no seu quinto ano em Hogwarts e pertence à Grifinória, Dumbledore e outros professores sabem sobre a linhagem da garota e também a deixou ir para Hogwarts. Segundo informações de nossa fonte, está sempre envolvida em atividades suspeitas, sendo muito próxima de Harry Potter (imaginamos que ele não deva saber sobre o histórico familiar da garota!). O que também nos leva a questionar essa amizade entre os dois. Será que ela tem algum interesse nessa aproximação do Menino-Que-Sobreviveu? Há dois anos Sirius Black invadiu a Torre da Grifinória (outra informação que todos falharam em divulgar!), todos sabemos que é necessária senha para entrar nos Salões Comunais das Casas… Como ele conseguiu esse acesso?
  Deixamos aqui nossa solidariedade aos pais e alunos que deveriam ter sido informados sobre a presença da filha de Sirius Black, sabendo que os mesmos podem correr um risco maior com ela em Hogwarts enquanto o pai continua foragido.
  Esperamos que tanto o Ministro Cornélio Fudge quanto o diretor Alvo Dumbledore tomem a decisão correta e protejam nossas crianças!

Sete.

   ainda encarava sua foto em preto e branco na primeira página do Profeta, enquanto ouvia Sirius esbravejar pelos cantos sobre a matéria, completamente transtornado que Umbridge tivesse divulgado a informação e, principalmente, porque ele não podia fazer nada a respeito. Não era como se ele pudesse ir para o Ministério ou no Profeta Diário exigir alguma coisa!
  O Sr. e a Sra. Weasley tentavam acalmar um pouco os ânimos do moreno, ao tempo que Remo já considerava conversarem com Dumbledore para ver o que seria possível fazer, já que o Diretor com certeza teria que lidar com Corujas de pais reclamando sobre aquilo. poderia não ser responsável pelos supostos atos dos pais, mas a ideia de ter sido exposta daquela forma poderia atrapalhar seus anos restantes na escola.
  Os gêmeos já bolavam formas de dar vomitilhas e outros produtos para a professora, enquanto Rony e Gina concordavam, xingando-a de diversos nomes e vez ou outra tendo Molly gritando com eles pela forma que falavam. Já Harry encarava a loira, sem saber exatamente o que dizer. Sabia que a amiga não estava lá tão preocupada com a ameaça de saberem sobre Sirius, mas isso havia sido antes de ter seu nome e foto na primeira página do Profeta.
  — Você está bem? — perguntou simplesmente, vendo-a encará-lo após alguns segundos.
  — Eu acho que podiam ter usado uma foto melhor, sabe? — Deu de ombros, atraindo a atenção do pessoal.
  — Essa é a sua maior preocupação? — Potter replicou, não deixando de sorrir.
  — Bem, é claro que vai ser um saco se quiserem me expulsar de Hogwarts — começou, passando a língua pelos lábios —, mas todo mundo que eu tenho mais próximo já sabe sobre isso e não é como se eu me importasse tanto assim com a opinião de outras pessoas com quem eu nem falo. No máximo vou ficar chateada se me tirarem do time de Quadribol!
  Sirius a encarou por um tempo sem dizer nada, apenas acenando com a cabeça quando a loira olhou em sua direção. Sabia que não seria tão fácil quanto a garota pensava, mas se ela estava disposta a encarar aquilo (e não era como se tivessem alguma alternativa!), teria sempre seu apoio, só torcia para que realmente não fosse tão ruim quanto ele já imaginava, a última coisa que queria era a filha tendo problemas por causa dele e Victória.
  — Eu acho que é uma boa foto. — Harry riu, apontando para o jornal e encarando uma foto da garota do ano anterior, usando o uniforme da Grifinória, sorrindo para a câmera. — E McGonagall nunca deixaria te tirarem do time, ainda mais depois da última partida!
  — E Dumbledore jamais deixaria te expulsarem! — Gina concordou.
  — Hm… — A garota considerou ao olhar para Lupin. — Mas Remo não teve tanto apoio depois do Snape ter dito que era um lobisomem!
  — Uma situação diferente — o homem sorriu pequeno —, e fui eu quem pediu demissão justamente para evitar problemas para Dumbledore.
  — Está dizendo que deveria sair da escola para evitar problemas? — Fred e George disseram ao mesmo tempo, forçando uma expressão chocada.
  — Isso não é hora para brincadeiras! — Molly ralhou vendo George rir enquanto Fred piscava divertido para a loira.
  Não muito depois, Andromeda, Dora e Ted aparataram na casa, completamente indignados com a situação e, ao saberem que havia sido um funcionário do Ministério, a revolta deles foi ainda maior. Ninfadora sabia que Umbridge era uma mulher difícil de lidar, mas jamais imaginou que fosse capaz de tanto, principalmente porque iria respingar diretamente no Ministro.
  Embora a conversa tenha, em muito, sido em torno das possíveis consequências e o que poderiam fazer agora que tinha vindo à tona toda a história, tentaram passar o restante da tarde em um clima um pouco mais agradável antes de jantarem juntos, aproveitando as últimas horas antes dos adolescentes voltarem para Hogwarts.

  Por algum motivo (que agora parecia bem estúpido), realmente achou que não seria lá grandes coisas a matéria do Profeta. Talvez muitos nem mesmo tivessem visto a notícia. Ledo engano.
  Assim que passou pelo portal na Plataforma 9 ¾ não demorou a começar a reparar nos olhares e sussurros (alguns nem tão baixos) vindo dos alunos e seus pais, chegando ao ponto de até mesmo se afastarem alguns bons passos de onde ela estava. Até mesmo riria de tão ridículo se não estivesse começando a se preocupar com a situação, embora não fosse admitir aquilo em voz alta, principalmente perto de seu pai. Sentiu o cachorro lamber sua mão direita, virando-se para olhá-lo e sorrindo o mais confiante que podia, Sirius não precisava de mais essa preocupação, não era culpa dele.
  Hermione havia chegado há poucos minutos e ficou ao seu lado, assim como os ruivos e Harry, todos tentando agir o mais normal possível, como se não vissem os olhares e comentários. viu Monty a poucos metros de distância conversando com o pai, quando o moreno se virou em sua direção, sorriu acenando com a mão, como sempre fazia quando se viam pela escola. Sorriu de volta, feliz em saber que pelo menos o melhor amigo de Cedrico também não parecia se importar com sua situação. Talvez fosse estranho se Montgomery reagisse de forma diferente, mesmo que eles dois não fossem super próximos (embora tivessem andado juntos algumas vezes) sabia que Cedrico ficaria realmente triste se aquilo pudesse, de alguma forma, interferir em sua amizade com Emmett. Esperava que os outros amigos de Diggory reagissem da mesma forma, pelo menos os mais próximos como Rogério e Oliver, sabia que era quase impossível que o time de Quadribol do loiro fosse muito favorável à situação já que nem mesmo gostavam dela.
  Então começou a reparar em algo que não havia pensado, e se os colegas da própria Casa a tratassem diferente? Havia reparado em alunos da Corvinal, Sonserina e alguns da Lufa-Lufa, mas não tinha realmente prestado atenção em como o pessoal da Grifinória estava olhando para ela. Virou-se para os lados, Dino Thomas estava mais ao canto conversando com Simas e os pais do garoto, nenhum deles olhou em sua direção. As gêmeas Patil estavam a poucos passos de distância e, Padma ou Parvati, não sabia dizer, virou para o outro lado assim que seus olhos cruzaram com os da loira. Angelina sorriu brevemente em sua direção, assim como Neville, mas ambos desviaram o olhar rapidamente.
  Os Diggory apareceram faltando menos de dez minutos para o embarque, cumprimentando a todos antes de pararem ao lado da garota, Rachel foi a primeira a aproximar-se o suficiente para abraçá-la.
  — Tenho certeza que logo vai ficar tudo bem! — disse apertando-a gentilmente. apenas concordou, agradecendo.
  — Como você está? — Cedrico perguntou assim que sua mãe se afastou, olhando-a preocupado.
  — Não sei ainda — deu de ombros, olhando ligeiramente para os lados —, imagino que vou descobrir em breve!
  — Não acredito que ela realmente fez isso! — Diggory pareceu transtornado, travando a mandíbula.
   o olhou por um segundo, mas antes de dizer qualquer coisa ouviram o apito do trem e o maquinista pedindo para os alunos embarcarem. Despediram-se dos Diggory, Molly, Dora e Almofadinhas (Sr. Weasley ainda se recuperava do ataque e os Tonks concordaram que seria melhor não estarem na Plataforma para tentarem atrair menos atenção para a loira), e após carregarem os malões para dentro da locomotiva, Cedrico, Hermione e Rony precisaram ir direto para o vagão dos Monitores.
  — Podemos conversar em particular depois? — o lufano pediu antes de se afastar, vendo-a concordar com um aceno.
  Obviamente, embora Cedrico tivesse passado um tempo junto com e seus amigos, não tiveram como conversar em particular e, mesmo que soubesse que ela provavelmente contaria tudo para eles depois, não queria explicar a situação na frente deles. Era uma conversa que deveria ter apenas com a loira, mesmo que precisasse ser no dia seguinte.

  Assim que passou pelo Salão Principal e andou em direção à mesa da Grifinória para o jantar, começou a reparar nos olhares em sua direção e cochichos ao redor, muito mais aparentes do que na plataforma. Sentou-se ao lado dos amigos, como sempre fazia, mas também reparou em alguns olhares ansiosos vindos dos próprios colegas de Casa, até mesmo Lino Jordan pareceu afoito ao vê-la se sentar tão próximo, embora tenha disfarçado com um sorriso forçado antes de olhar para o outro lado. Nenhum grifinório disse nada para a loira, mas ela podia sentir os olhares em sua direção. Os três amigos também repararam, Harry sendo o que mais sabia como a amiga estava se sentindo já que sempre era alvo de olhares, puxou um assunto qualquer para distraí-la, da mesma forma que a garota fazia quando era com ele.
  Dumbledore fez um rápido discurso de boas-vindas após o feriado, desejando a todos um bom semestre e muito estudo para os alunos que teriam NOM’s e NIEM’s antes do jantar ser servido, não dando qualquer abertura para comentários sobre . Umbridge, o grupo pôde ver, sorria de orelha a orelha, claramente satisfeita com o que estava acontecendo.
  Quando o jantar foi encerrado e os alunos começaram a voltar para suas Casas, McGonagall apareceu, puxando-a para o lado.
  — Você está bem? — perguntou calmamente.
  — Sim, não se preocupe, professora, não vai ser Umbridge quem vai acabar com o meu dia. Ou com o meu ano. — Sorriu confiante, embora já soubesse que não seria bem assim. Minerva concordou com um aceno, sorrindo de canto antes de desejar-lhe uma boa noite e seguir em direção ao seu próprio quarto.
  Black despediu-se dos amigos e seguiu direto para seu dormitório assim que entrou no Salão Comunal, fingindo ignorar os olhares dos colegas. Esperava alguns comentários e olhares de alunos de outras Casas, mas não da Grifinória! Todo mundo a conhecia após todos aqueles anos, achavam mesmo que ela poderia fazer qualquer coisa ruim? Sua vontade era falar que Sirius era inocente, sua mãe, de fato, era uma Comensal, mas seu pai era inocente! Mas quem acreditaria em suas palavras quando não tinha nenhuma prova?
  Não muito depois, Hermione e Gina entraram no quarto, puxando assuntos aleatórios até ficar tarde o suficiente para resolverem dormir. reparou que, embora já fosse passado das dez da noite, as colegas de quarto ainda não tinham aparecido, considerando se Lilá e Parvati estavam esperando que a garota fosse dormir para entrarem no dormitório.  

  Diggory escutava comentários sobre Sirius Black, Victoria Lestrange e desde que entrou no trem de volta para Hogwarts, tentando ignorar tudo o que ouvia já que sabia que não poderia, por exemplo, defender Sirius, contudo, sempre que escutava o nome da namorada, precisava respirar fundo para não gritar com qualquer que fosse o colega.
  Monty e Rogério pareciam revezar para estarem sempre ao lado do loiro, evitando que ele brigasse com alguém, enquanto Oliver (que só soube de tudo ao ler o Profeta) parecia estranhamente ocupado, evitando-o desde a noite anterior, assim como parte dos colegas da Lufa-Lufa. Outra parte parecia decidida a questioná-lo sobre o que sabia e se não tinha medo de estar junto de . Cedrico preferiu não responder a nenhum deles, mesmo porque, boa parte do pessoal já o havia visto junto da namorada no dia anterior e, se não estava com ela no momento, era por estar preso na aula de Aritmancia.
  Contava os minutos para o almoço, precisava conversar com o mais breve possível, mas também olhava no relógio de tempo em tempo, contando as horas até as duas aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas que teriam no final do dia. Queria ver se Umbridge teria coragem de falar alguma coisa a respeito e, é claro, aproveitaria o final da aula para retirar-se da Brigada. Não fazia sentido ele estar naquilo agora que o único motivo para ele ter entrado havia sido exposto.
  Assim que a aula de Poções terminou, Diggory seguiu apressado para o Salão Principal, seguido pelos amigos que aproveitavam para reclamar um pouco de Snape, o qual havia pedido um enorme trabalho para a próxima aula. Separaram-se de Rogério assim que passaram pelo portal, vendo o moreno juntar-se ao pessoal da Corvinal, enquanto os dois seguiam para a Lufa-Lufa. e os amigos ainda não se encontravam na mesa da Grifinória, aproveitando para comer rapidamente enquanto esperava a loira.
  Não muito depois seguiu ao lado do trio, acenando com a cabeça em sua direção quando virou-se para o seu lado, embora fosse claro para ele que a garota não estava lá muito confortável. Uma coisa era quando todos a encaravam por perder pontos, outra bem diferente era quando a julgavam por um assunto pessoal que ela nem mesmo poderia resolver. Esperou alguns minutos até vê-la terminar de comer (notando o grupo um tanto afastado de outros grifinórios), antes de levantar-se e chamá-la para conversar antes das próximas aulas iniciarem. Hermione fez questão de lembrá-los que era melhor os dois estarem se preparando para os exames que se aproximavam ao invés de “namorarem”.
  — Eu bem queria. — Cedrico soprou em direção a ao se afastarem, escutando a risada baixa dela. — Como você está? — perguntou assim que se afastaram o suficiente, sentando-se sozinhos no parapeito de uma janela a dois corredores de distância.
  A garota suspirou longamente, dando de ombros em seguida.
  — Já tive dias mais fáceis por aqui, mas ninguém está falando nada pra mim, não é? Sei que estão cochichando e apontando, mas ninguém veio me xingar nem nada do tipo. Então imagino que pudesse ser pior!
  Diggory concordou com um aceno, sorrindo solidário para com a situação.
  — Sirius não deve ter reagido muito bem, não é?
  — Ele queria invadir a sala do Fudge e cobrar por respostas — comentou sorrindo pequeno —, um pouco mais dramático que o normal dele… Remo disse que seria uma boa ideia tentar conversar com Dumbledore, mas acho que ele está me ignorando…
  — Ele não quis falar com você? — Surpreendeu-se, arregalando levemente o olhar.
  — Bem, eu não falei diretamente com ele… — explicou, dando de ombros sem jeito. — Não é como se ele ficasse andando por toda a escola, mas papai mandou uma Coruja no sábado, imaginei que ele já tivesse respondido e me chamasse para conversar ou algo do tipo. McGonagall falou comigo ontem e me deixou um bilhete no final da aula de hoje, pedindo para eu ir conversar com ela na sexta, mas acho que não é sobre isso…
  — O que mais seria?
  — O que fazer após Hogwarts, talvez? Mione falou com ela logo antes das férias…
  — Ah, pode ser sim, Sprout conversou comigo no quinto ano, antes dos NOM’s, para direcionar as matérias que eu precisava me sair melhor — relembrou.
  — Não que precisasse, né? — Sorriu. — Você só não tirou um Ótimo em Adivinhação!
  — Mas também usei isso para escapar das aulas. — Piscou, sorrindo de lado. — Sinceramente, nem sei como fiquei tanto tempo com Adivinhação no currículo…
  — Eu sei que Harry, Rony e os gêmeos só se mantêm para poder dormir ou fazer outras lições — contou rindo —, mas nem assim eu aguentaria a Trelawney!
  — Talvez melhore agora que dividiram com o Firenze!
  — Adivinhação nunca é boa — negou com um aceno —, mas ele deve ser muito melhor do que ela sim, o que também não é difícil! Enfim… — Deu de ombros, tornando a olhar para o namorado. — Como foi o feriado?
  — Nada mal, aliás, obrigado pelo presente. — Sorriu ao lembrar-se da camiseta do Pudlemere que havia ganhado e mais um kit de luvas e protetores para Apanhador. — Mas podemos falar mais disso depois, queria falar com você antes das aulas… — Passou a mão pelos cabelos, olhando para o lado por um instante, sem saber exatamente como começar, mas querendo explicar o que havia acontecido. Resolveu que não adiantava se enrolar, o principal que ela precisava saber era o motivo de ele ter concordado em “ajudar” Umbridge. — Ela me chamou após as aulas para conversar — começou a dizer, não se dando ao trabalho de dizer quem o havia chamado, era claro para os dois —, voltou a falar sobre meu futuro no Ministério, mas eu disse que não tinha interesse em participar da Brigada e já havia atividades demais no meu currículo… — Suspirou ao olhar para a namorada. — Dolores disse que se eu não a ajudasse, ela poderia deixar escapar o seu “segredinho de família”.
  — Ela te ameaçou com isso? — perguntou surpresa, vendo-o concordar com um aceno. — Achei que só estava falando sobre o seu possível futuro no Ministério, não imaginei que ela fosse tão baixa! Mas você deveria ter me contado! — pontuou ao encará-lo. Cedrico suspirou, concordando com a cabeça.
  — Achei que poderia causar mais problemas do que soluções, você é muito impulsiva. Poderia acabar falando ou fazendo algo e ela usar isso contra você!
  — Bem, no final ela fez do mesmo jeito, não foi? Independentemente de você tê-la ajudado ou não. — Balançou a cabeça. — Você deveria contar para alguém, Ced. Pomona ou Minerva, ou mesmo ao Dumbledore. Ela pode ter o apoio do Ministério, mas não tem o de Hogwarts!
  — Também pensei nisso, até falei com Monty e Daves a respeito, mas ela também está mandando em todos os professores por aqui, já tentou mandar a Trelawney embora, não seria difícil tentar fazer o mesmo com a Mcgonagall ou a Sprout!
  — E você acha que a Minerva deixaria ela a mandar embora de Hogwarts? É mais fácil ela acabar em Azkaban do que fora de Hogwarts!
  Cedrico riu fraco, concordando com um aceno ao passar a mão pelos cabelos.
  — Sinto falta de épocas mais fáceis durante as aulas!
  — Jura? E quando foi que isso aconteceu? — respondeu com a sobrancelha arqueada. Em sua opinião, não teve um só ano desde que entrou em Hogwarts que as coisas haviam sido calmas!
  — Isso porque o seu grupo vive quebrando as regras — rebateu debochado, vendo-a concordar rindo. — Nos vemos depois das aulas?
  — Sim, mas provavelmente na biblioteca, Hermione está pior que os professores falando dos NOM’s! 

  Quando finalmente chegou para a aula com Umbridge, Cedrico sentou-se junto a Monty, como sempre fazia, deixando o livro sobre a mesa e ficando em seu lugar de sempre, no meio da sala. A professora sorriu para todos os alunos, puxando conversa naquele tom de voz enjoado e, juntando a isso o sorriso falso e os retratos de gatos espalhados por toda a sala, fazia boa parte dos alunos quererem pular da janela. Pouco depois começou a fazer algumas perguntas sobre o conteúdo do livro, aguardando que os alunos se voluntariassem a responder, quando não o faziam, ela mesma apontava para alguém. Virou-se então para Diggory, que se mantinha quieto durante a aula, claramente incomodado com alguma coisa que, é claro, Dolores sabia muito bem o que era.
  — Sr. Diggory, você sabe a resposta?
  — Não sei — respondeu calmamente.
  — Não sabe? — Umbridge repetiu, sorrindo docemente. — Não fez as atividades durante o feriado?
  — Não fiz. Estava ocupado com outras coisas. — Deu de ombros, não parecendo nem um pouco arrependido. Obviamente havia estudado, talvez menos do que deveria se considerasse que era seu ano de NIEM’s, mas não fazia questão de continuar aquela conversa com a professora.
  — Algo mais importante do que seus estudos? — Dolores pontuou, ainda mantendo o sorriso nos lábios.
  — Não, apenas mais importantes do que essa aula. — Sorriu de volta, notando a veia no pescoço da mulher começar a pulsar. Até mesmo os colegas pareciam surpresos com o desenrolar da conversa, não era todo dia que Cedrico Diggory respondia um professor daquela forma.
  — Menos 10 pontos para a Lufa-Lufa — Dolores disse em voz alta. — Espero que isso não comece a ser rotineiro, Sr. Diggory. — Tornou a sorrir antes de fazer mais duas perguntas para outros alunos e começar a aula.
  — Caramba — Emmett comentou baixo ao seu lado —, nunca achei que viveria para te ver perder pontos!
  Cedrico negou com um aceno, levemente culpado.
  — Foram só dez, não é muita coisa.
  — Vindo de você é equivalente a 500!
  Ao final da aula, quando todos os demais alunos já estavam saindo, o loiro aproximou-se da mesa da professora, pigarreando para chamar-lhe a atenção, já que Dolores parecia muito entretida com seus retratos de gatos. A mulher virou-se sorrindo em sua direção.
  — Algum problema Sr. Diggory?
  — Não, muito pelo contrário — começou, colocando um pequeno distintivo sobre a mesa de madeira da mulher. — Estou apenas oficializando minha saída da Brigada Inquisitorial. Nós dois sabemos o motivo de eu ter aceitado participar, como não faz mais diferença, não tem motivos para eu continuar. Tenha um bom dia, professora! — Sorriu pequeno, antes de virar as costas, logo ouvindo o pigarro da mulher.
  — Tem certeza que não quer repensar sua posição, Sr. Diggory? Não esqueça o que conversamos sobre o seu futuro no Ministério.
  Cedrico respirou fundo, girando lentamente sobre os calcanhares antes de respondê-la.
  — Acredito que minhas notas serão suficientes para qualquer coisa que eu queira no Ministério, mas se não for possível conseguir um bom emprego devido aos meus relacionamentos pessoais, talvez eu não queira trabalhar no Ministério.

  Na quarta-feira teriam a primeira aula do semestre com Umbridge, então o humor de Harry, Rony e não poderia estar pior, a única coisa que parecia alegrar o trio o suficiente para suportarem duas aulas com Dolores, era a reunião da Armada de Dumbledore que aconteceria naquela noite! Até então, embora ainda recebesse diversos olhares e comentários, nada além havia acontecido desde a matéria no Profeta, mas tinha reparado em um distanciamento maior de diversos colegas.
  O grupo seguiu sem qualquer ânimo para a aula de DCAT, sentando-se em seus lugares de sempre e abrindo os livros, prontos para horas de puro tédio, fingindo prestarem atenção no que leriam.
  Umbridge já estava em sua sala, é claro, e no quadro ao canto estava o título da aula e a página que deveriam abrir em seus livros, além das atividades e trabalho que deveriam entregar até o final das duas horas.
  No começo nada aconteceu, seguindo o ritmo entediante de todas as aulas anteriores com a mulher, sendo possível ouvir apenas o barulho das penas escrevendo nos pergaminhos. havia imaginado que teria algum problema já no começo da aula, mas a mulher continuava em silêncio rondando os alunos para garantir que faziam suas atividades em silêncio. Até então, nada fora do normal e muito mais tranquilo do que a loira tinha pensado, mas é claro que Dolores Umbridge não deixaria aquilo quieto e, mesmo que os primeiros quarenta minutos tivessem sido de puro silêncio, a garota deveria ter se preparado melhor para o que viria.
  Dolores sorriu enviesado ao notar as mesas separando os alunos assim que todos se sentaram já no começo da aula, embora Potter, Granger e Weasley ainda se mantivessem perto de Black, era visível que os outros alunos preferiam se distanciar da garota. Também havia reparado aquilo no Salão Principal durante as refeições, mas aquele era o momento certo de agir, longe de Dumbledore e outros professores que pudessem intervir, principalmente McGonagall.
  A mulher pigarreou, atraindo a atenção dos alunos, que já esperavam por alguma outra atividade tão chata quanto a que faziam.
  — Chegou ao meu conhecimento que alguns alunos não estão satisfeitos com o que vem acontecendo nesses últimos dias… Também recebi algumas corujas de pais preocupados… — E então olhou diretamente para a loira, a qual a encarou de volta com a sobrancelha arqueada. Esperou que a mulher continuasse a dizer algo, mas Umbridge apenas a encarava, mantendo a expressão de sempre.
  — Quer me dizer alguma coisa, professora? — questionou finalmente.
  — Talvez, ao invés de você estar mais à frente e seus colegas tão afastados, você devesse se sentar mais ao fundo da sala.
  — Ou talvez não devesse estar na escola! — alguém gritou mais ao canto, fazendo toda a sala virar-se. reconheceu como uma aluna da Corvinal, Nanette Desford, uma morena que andava sempre com o grupo de Cho Chang.
  — Talvez você devesse calar a boca! — Harry gritou de volta.
  — Menos 10 pontos para a Grifinória — Umbridge alertou, virando-se para o garoto — e detenção após as aulas hoje, Sr. Potter.
  Dolores queria gargalhar com o desenrolar das coisas, não tinha realmente imaginado que outros alunos começassem a reagir e pedir a expulsão da loira. Seu primeiro pensamento foi que a respondesse de forma que pudesse colocá-la de detenção, mas o resultado estava muito melhor do que ela poderia sonhar: a metade da sala pertencente a Corvinal e Sonserina concordavam com Desford sobre a garota sair da Escola, era um absurdo que tivessem que dividir as aulas com a loira, poucos alunos da Lufa-Lufa se manifestaram contra, a maioria preferindo não se envolver, assim como os alunos da Grifinória que também permaneceram em silêncio, sem defendê-la nem pedir por sua saída, com exceção, é claro, dos amigos da garota, Harry e Rony gritavam de volta já em pé em seus lugares ameaçando qualquer um que falasse de , enquanto Hermione tentava intermediar a situação, tirando a culpa da loira. Black, por sua vez, se manteve em silêncio, apenas encarando Umbridge durante parte da gritaria.
  Por fim, embora quisesse gritar de volta com cada um deles, preferiu apenas se afastar, não era como se ela fizesse qualquer questão de estar naquela sala de aula, menos ainda com um grupo que preferia escorraçá-la por algo que nem era sua culpa. Fechou seu livro, colocando-o dentro da mochila de qualquer jeito, não se importante com o tinteiro, pergaminho ou penas: os amigos provavelmente levariam para ela depois, mas se não fizessem, ainda tinha outra dezena de materiais em seu dormitório. Levantou-se da cadeira, vendo a sala aos poucos tornar a ficar em silêncio.
  — Aonde pensa que vai? — Umbridge chamou ao vê-la começar a se afastar. Queria constrangê-la, humilhá-la e deixá-la de castigo, mas ainda forçá-la a estar em sua presença para que se mantivesse desconfortável.
  — Não sei, talvez dormir — disse por sobre o ombro, continuando seu caminho até a saída.
  — Eu não lhe dei permissão para deixar minha aula, se não quiser perder cem pontos pela Grifinória, é melhor voltar para seu lugar.
   virou-se para encarar a professora, sorrindo de lado para a mulher antes de responder em voz alta e o mais calmamente possível:
  — Pois pode tirar duzentos pontos, não estou nem aí.
  Umbridge pareceu perto de explodir ao ouvir aquilo, quase gritando antes que a garota passasse pela porta.
  — Trezentos pontos a menos para a Grifinória e um mês de detenção para a Srtª. Tonks.
   riu antes de fechar a porta:
  — Se eu fosse a senhora, esperava sentada para não se cansar. E, caso tenha se esquecido, professora, meu nome é Black, pode começar a usá-lo.

OITO.

  — O que é que você vai fazer agora? — Foi a primeira coisa que ouviu quando o grupo de amigos se aproximou da loira no Salão Comunal. deu de ombros.
  — Não é como se ela estivesse ensinando muita coisa!
  — Provavelmente vai aprender mais sozinha do que a gente na sala — concordou Rony com a garota, sentando-se ao seu lado no sofá, Harry sentou na poltrona de frente e os três continuaram a olhar Hermione, enquanto a mesma listava incontáveis motivos para aquilo ter sido uma péssima ideia.
  — E você perdeu trezentos pontos para a Grifinória! — relembrou afobada.
  — Não me lembro de ter visto nenhum deles querendo me ajudar a não ser motivo de chacota na aula da Umbridge ou do Snape, por que deveria me preocupar com isso?
  — McGonagall vai surtar quando souber que…
  — Ela já sabe! — cortou, passando a mão pelos cabelos. — Me chamou para falar com ela amanhã antes das aulas para conversar a respeito.
  — Tenho certeza que ela vai pedir pra você voltar atrás!
  — Eu acho que não — respondeu Harry, negando com um aceno. — Minerva também não suporta a Umbridge!
  — Mas Minerva não precisa passar nos NOM’s! — retrucou Mione, finalmente se sentando ao lado dos amigos.
  — Pela cara do pessoal, acho que já sabem que você perdeu os pontos — comentou Rony em voz baixa, reparando no olhar nada amigável dos colegas de Casa, direcionados à loira.
  — Sinceramente, tenho outros problemas maiores do que perder pontos pra Grifinória!
  — Mas…
  — Eu acho melhor a gente mudar de assunto — avisou Harry antes que Mione e começassem a discutir. — Tudo certo para a reunião hoje, não é?
  — Sim, já mandei mensagem para todo o pessoal! — concordou Granger após alguns segundos, parecendo contrariada em não continuarem falando sobre os pontos perdidos e, principalmente, a desistência de em uma aula tão importante, mesmo que ministrada por Umbridge.
  — Pronto, vou aprender tudo o que eu preciso para o NOM’s com Harry Potter! — piscou, sorrindo divertida.

  Cedrico seguia fazendo sua ronda um tanto quanto frustrado, antes de poder dar a noite por encerrada e voltar para seu Salão Comunal, ainda deveria terminar uma redação para a aula de Astronomia, mas ficaria para o próximo dia. Nem parecia que faziam apenas três dias que voltaram do feriado, tamanho o número de atividades que já estava se acumulando com as aulas, além dos estudos extras para o NIEM’s. E, é claro, outra parte que não era nem um pouco motivadora era o fato de estar em seu último ano em Hogwarts e mal poder aproveitar o tempo com a namorada, pois os dois, quando não estavam em aula/atividades, estavam estudando. Era pedir muito um tempo livre para ficarem em alguma sala deserta? Aparentemente, era sim. Quando não era ele extremamente ocupado com suas atividades, era quem não podia passar um tempo com ele pois precisava estudar, como naquela noite.
  Quando dobrou mais um corredor, apenas ignorando os gritos de Pirraça que xingava dois andares acima, deu de cara com a última pessoa que estava esperando encontrar aquela noite. vinha andando junto de Harry, os dois cochichando e rindo de alguma coisa. Se fosse em qualquer outro dia, embora sentisse ciúmes da mesma forma, Cedrico talvez não se importasse tanto, mas havia dito mais cedo que não poderia encontrar com ele aquela noite pois teria que estudar para os NOM’s, passaria a noite estudando no Salão Comunal e, agora, estava vindo de um corredor deserto com ninguém menos que Harry Potter. Num primeiro momento eles nem mesmo pareciam tê-lo notado, até que Diggory pigarreou, cruzando os braços e se colocando à frente dos dois.
  — Posso saber por que estão fora da Torre da Grifinória esse horário? — perguntou com a voz séria, aproveitando-se do seu papel de Monitor-Chefe para descobrir o que acontecia. Harry olhou de canto para , a qual apenas acenou com a cabeça para o moreno antes de sorrir de canto para o namorado. — Estou aguardando uma resposta antes de tirar alguns pontos da Grifinória! — avisou, os dois deram risadinhas, descrente que ele pudesse fazer aquilo. Diggory sentiu a raiva subir por seu corpo. — Menos dez pontos para a Grifinória, alunos fora da cama! — disse em voz alta.
  A dupla o olhou surpreso, jamais imaginando que Diggory faria aquilo; já os havia visto quebrando as regras tantas outras vezes, principalmente , e sequer dizia qualquer coisa. Aparentemente Cedrico havia chegado no seu limite para acobertar a namorada e os amigos dela.
  — Eu… — começou Harry sem saber exatamente o que dizer, sentindo o clima estranho que se instaurava.
  — Pode ir, nos vemos daqui a pouco — avisou a loira, vendo-o se afastar apressado, a última coisa que queria era presenciar qualquer briga e ainda tinha que correr para a reunião da AD.
  Cedrico esperou o mais novo se afastar antes de começar seus questionamentos.
  — O que estava fazendo com Potter?
  — Nada.
  — Se bem me lembro, você disse na hora do jantar que estaria ocupada estudando essa noite… Não vejo nenhum livro embaixo dos braços!
   arqueou a sobrancelha, cruzando os braços.
  — O que está querendo insinuar? — perguntou irritada.
  — Eu não estou insinuando mais nada — respondeu no mesmo tom. — Desde o verão estamos tendo problema pra ficar juntos porque você está sempre ocupada com seus amigos, sempre com Harry Potter. E agora, depois de dizer que passaria a noite estudando, estava saindo de um corredor vazio com ele? O que acha que estou querendo dizer com isso?
  Black fechou os olhos por um instante, segurando a vontade de gritar e mandá-lo parar de ser tão idiota. Mesmo depois de todo aquele tempo Cedrico não poderia apenas confiar nela?
  — Eu não aguento mais você reclamando sobre a mesma coisa toda semana! Quantas vezes eu vou precisar repetir que Harry é meu amigo? Meu melhor amigo? Custa muito para você acreditar nas coisas que eu te digo? É assim tão difícil poder confiar em mim ao invés de insinuar coisas sem sentido e me acusar do que eu não fiz? Eu não vou aceitar você querer me fazer escolher entre você e meus amigos, Diggory, eu sempre te disse isso. Se para você não está bom dessa forma, acho melhor terminarmos por aqui, Cedrico, porque desse jeito não dá mais! — Virou as costas, afastando-se o mais depressa que pôde do loiro, nem queria olhar em sua cara naquele momento.
  Diggory ficou parado no mesmo lugar por alguns instantes até que, aos poucos, pareceu perceber o que tinha acabado de acontecer devido a mais um ataque de ciúmes de sua parte.

  Quando finalmente entrou na Sala Precisa, estava levemente mais calma. Na verdade, não estava e queria aproveitar aquela aula para lançar o maior número de feitiços que pudesse para extravasar a raiva, mas ninguém precisava saber daquilo, por isso respirou fundo e deixou seu término com Diggory do lado de fora da sala. Preferia se concentrar em outra coisa e pensar naquilo depois quando tivesse uma oportunidade de falar com Hermione ou Gina para desabafar.
  Porém, havia se esquecido momentaneamente do outro problema que tinha naquele momento e só se deu conta daquilo quando entrou na sala e boa parte das pessoas começaram a encará-la.
  — O que ela está fazendo aqui? — perguntou Miguel Corner, um quartanista da Corvinal, em voz alta, encarando-a de braços cruzados. arqueou a sobrancelha.
  Harry, Mione e Rony, que estavam mais ao canto antes de começarem a reunião da noite, viraram-se rapidamente para olhar o que acontecia. Potter olhou para e de volta para Corner.
  — O que , minha melhor amiga, está fazendo em uma reunião organizada por ela, Hermione, Rony e eu? — perguntou debochado, aproximando-se da loira e encarando o mais novo. — Se não está bom para você, pode se retirar.
  Miguel não se deixou abalar com a resposta, estufando o peito ao olhar para o quarteto e então para os demais colegas ao redor.
  — Acredito que eu não seja o único que não queira estar na presença da filha de Sirius Black e Victoria Lestrange, estou errado?
  Vários alunos, a maioria da Corvinal, concordaram com um aceno ou aproximando-se de Miguel, demonstrando que também não a queriam por perto. Apenas duas alunas da Corvinal pareceram não concordar com aquilo, Luna Lovegood e Evie Darling (uma amiga de Gina com quem já havia treinado anteriormente). Alguns alunos da Lufa-Lufa pareciam claramente não querer se envolver na discussão, preferindo se manter em silêncio, embora Suzana Bones, Ana Abbott e Zacharias Smith tenham se aproximado dos corvinos, concordando com o posicionamento. Em contrapartida, Gina, Fred e George foram os primeiros a se manifestarem a favor da loira e contra o que o grupo fazia, tendo o apoio imediato de Luna e Evie. Kátia Bell demorou alguns instantes, mas também ficou ao lado dos grifinórios, assim como Dino, mas Simas (que fazia sua primeira participação na AD), Neville, Angelina e Lino resolveram ficar em silêncio, mais ao canto.
  Harry e Rony se juntaram ao grupo, respondendo que era até mesmo ridículo eles sugerirem que devesse sair, mas a loira e Mione ficaram mais próximas da entrada. Assim que se olharam, as duas souberam o que seria o melhor a ser feito, por mais injusto que aquilo fosse.
  O foco da Armada de Dumbledore sempre foi preparar os alunos da melhor forma possível para o que estaria por vir, então era uma droga para precisar se retirar de algo que gostava de participar, mas ainda tinham objetivos maiores ali.
  — Eu sinto muito!
  — É, tudo bem… Posso aproveitar para me preparar para o NOM’s…
  — Aham, e o apelido do Diggory agora é NOM’s? — brincou, sabendo que a primeira coisa que a amiga faria era passar mais tempo com o namorado. riu baixo, não querendo falar sobre o término naquele momento.
  — Tanto faz — disse em voz alta, pronta para se retirar da sala —, não é como se eu fizesse questão de estar em uma sala após as aulas com um monte de gente que eu não quero ver a cara! — Deu de ombros. — Além do mais, vocês com certeza precisam muito mais das aulas do que eu, principalmente você, Miguel — respondeu debochada.
  Harry e Rony foram para perto da amiga, negando de imediato.
  — Está brincando? Você não pode deixar eles te tirarem da AD! — disse o ruivo apressado.
  — Exatamente! Prefiro que todos eles saiam do que ter um de vocês se afastando por causa de um grupo de idiotas!
  — Não se preocupem, é verdade o que eu disse, embora você seja muito bom professor, Harry, não tem nada que eu já não saiba fazer, não é? Com exceção do Patrono, suas dicas foram realmente boas para isso. Além do mais, eles realmente precisam muito mais do que eu!
  — Não importa — Potter negou com a cabeça —, a AD só está acontecendo porque nós quatro resolvemos nos juntar, se eles te querem fora, não precisamos mais disso aqui!
  — Precisamos sim. — segurou em seu ombro, olhando-o séria. — Pode deixar, Harry, não acho que seja você, Mione e Rony me expulsando. Não vou sair chateada com vocês! E é como eu disse para Mione, posso aproveitar para estudar para os NOM’s!
  — Até parece!
  — Nos vemos no Salão Comunal! — avisou, aproximando-se de Harry e cochichando para que nem mesmo Hermione pudesse ouvir. — Mas não me importaria se você pegasse o Corner como ajudante e o azarasse hoje!

   acordou cedo na manhã seguinte, tendo ido dormir assim que chegou no Salão Comunal na noite anterior para tentar esquecer tudo o que havia acontecido no dia anterior. Ainda não havia contado para a amiga sobre seu término com Cedrico, no fundo preferia fingir que nada havia acontecido, talvez com a força do pensamento pelo menos aquilo poderia ser resolvido. Ou talvez fosse melhor afastar-se de Diggory naquele momento, sabia que Umbridge poderia sim acabar complicando as chances de Cedrico conseguir um bom trabalho no Ministério e ele estava há poucos meses de se graduar, seria melhor para ele se estivessem afastados. E, é claro, naquele momento não queria ter o ciúme excessivo de Diggory além de todos os outros problemas que já estava tendo. Seria melhor para os dois darem um tempo!
  Pensar naquilo doía. E se na verdade eles acabassem por terminar para sempre? Ele estava quase finalizando os estudos, logo estaria ocupado demais com trabalho e outras coisas para ter tempo para ela. E se ele conhecesse alguém no Ministério que tivesse mais coisas em comum? E se Diggory se apaixonasse por outra garota? Ou se simplesmente se cansasse de toda a confusão e briga que tinham desde o começo? Cansada de encarar o teto e ter milhões de coisas para pensar, decidiu apenas levantar-se cedo, indo tomar banho e se arrumar para as aulas, tendo ainda que encontrar McGonagall antes da aula de Feitiços.
  Black seguiu andando até a sala da Professora, sentindo-se um tanto faminta, mas decidida a pelo menos não se atrasar para falar com a Vice-Diretora para ter pelo menos uma coisa a seu favor. Bateu na porta de carvalho e segundos depois a mesma se abriu sozinha e logo pôde ver Minerva mais ao fundo da sala, atrás de sua mesa cheia de pergaminhos ao redor.
  — Bom dia, . Sente-se, por favor.
  — Bom dia, Professora! — disse, seguindo para o local indicado já pronta para o sermão que viria.
  — Imagino que saiba o motivo de eu tê-la chamado?
  Concordou com um aceno, mordendo o lábio inferior antes de respondê-la.
  — Porque eu perdi alguns pontos pra Grifinória…
  — Alguns? — repetiu descrente.
   sorriu sem graça, finalmente sentindo-se culpada pelo que havia feito. Não tinha problema com os colegas, realmente não estava se importando com eles quando basicamente todos a queriam fora da escola, mas sabia que McGonagall deveria ter ficado completamente chocada ao descobrir que um único aluno perdeu tantos pontos. Deveria ser algum recorde em Hogwarts.
  — Além dos pontos perdidos — Minerva continuou, negando por um instante ao pensar na quantidade —, temos outro problema mais grave, não é mesmo?
  — Se for sobre as aulas de Defesa… Sinceramente, professora, não é como se eu fosse perder muita coisa… Umbridge é horrível! Como foi que deixaram ela avaliar os outros professores se as aulas dela são péssimas?
  A mais velha olhou para baixo, mas a loira pôde notar o sorriso divertido que brincou em seus lábios finos por um segundo.
  — Independentemente disso, Defesa Contra as Artes das Trevas é uma grade praticamente obrigatória para os próximos anos, então você precisa ir bem no NOM’s para garantir nota o suficiente para se manter!
  — Eu entendo, professora — concordou devagar —, mas não vou me desculpar com a Umbridge e nem voltar para as aulas dela. Ela só passa exercícios teóricos, posso fazer isso sozinha e ainda sou capaz de ter resultados melhores do que em sala…
  McGonagall a encarou por alguns instantes, os lábios crispados.
  — Não imaginei que você voltaria para as aulas com ela e nem pediria para você retornar depois do que aconteceu.
  — Não?
  — Diggory conversou comigo no início da semana, disse que Umbridge já estava ameaçando contar sobre Sirius e Victoria. E soube o que aconteceu ontem. Não te forçaria a voltar para as aulas dela, mas você ainda precisa ter um bom ensino para se preparar melhor para os NOM’s, por isso, tomei a liberdade de achar outra solução para o seu caso.
  — Qual seria? — perguntou curiosa.
  — Conversei com Filio e nós dois iremos nos revezar para te ensinar, é claro que não somos os mais indicados para a matéria, mas…
  — Isso é sério, professora? É fantástico! Muito melhor do que as aulas com Umbridge!
  Minerva sorriu brevemente com a animação da mais nova.
  — Não pense que não iremos exigir sua máxima dedicação e exercícios para vermos o seu progresso! E, é claro, você ainda terá que estudar sozinha como faz com as outras matérias em preparação para as provas!
  — Sem problemas! Caramba, a Hermione vai querer morrer quando souber que estarei tendo aulas particulares! — disse rindo, mas a mais velha ergueu o dedo, olhando-a seriamente.
  — Isso ficará apenas entre nós três. Para todos os efeitos, você estará estudando sozinha. Não queremos mais alunos largando aulas e pensando que terão essa mesma flexibilidade. Conversei com o Diretor e ele permitiu em caráter de exceção.
  — Certo, professora, não vou dizer nada! — garantiu, ainda empolgada com a resolução do problema. — E quando começamos?
  — Vou analisar seus horários livres junto com os meus ou os de Filio para marcarmos, te avisarei assim que tiver tudo acertado. Por ora isso é tudo, pode ir para suas aulas.
  — Obrigada, Professora! Vou ser a melhor aluna de Defesa Contra as Artes das Trevas que vocês dois já tiveram! — Piscou, pronta para se retirar, só então lembrando-se de outro detalhe. — Ainda preciso vir aqui amanhã ou prefere conversar agora?
  McGonagall suspirou, negando com um aceno.
  — Venha amanhã no horário marcado, a conversa terá a presença da Alta Inquisidora.
   abriu a boca surpresa, apenas concordando antes de se retirar da sala.

  Diggory não conseguiu dormir na noite anterior e nem se concentrar nos estudos no dia seguinte. Ficava repassando mentalmente as últimas brigas que tinha tido com a garota, sempre pelo mesmo motivo. Os amigos obviamente notaram seu estado, embora não soubessem o que havia acontecido, pelo menos até passarem pela garota ao saírem do Salão Principal depois do almoço, quase esbarrando com ela que vinha acompanhada de Hermione e Gina.
  Montgomery e Daves, como não sabiam da briga, sorriram como sempre faziam ao encontrá-la, acenando ou fazendo alguma piada.
  — E aí, Grifinória! — Monty piscou em sua direção, vendo-a sorrir para ele e Rogério, cumprimentando-os com um aceno, mas ignorando por completo Cedrico.
  Granger e Weasley, o rapaz pôde reparar, o encararam com reprovação, nem mesmo se dando ao trabalho de dizer qualquer coisa antes de seguir com para a mesa.
  — O que foi que aconteceu? — perguntou Daves surpreso, virando-se para o amigo. — Deveria ter imaginado que essa sua cara de Texugo triste é por falta de uns beijinhos!
  — Terminamos.
  — O quê?! — gritaram ao mesmo tempo, parando de andar para encararem o mais velho.
  — Tecnicamente ela quem terminou comigo — explicou, não se sentindo nem um pouco animado com aquilo.
  — Por quê? Por Merlin! Eu já podia ver vocês dois casados com cinco crianças loirinhas ao redor! Todos muito bons em Quadribol e provavelmente aterrorizando a McGonagall! — disse Emmett, completamente surpreso com tudo. Jamais havia imaginado que Cedrico e terminariam, pois sabia o quanto o melhor amigo gostava da garota.
  Diggory sorriu triste com o comentário, dando de ombros em seguida.
  — Tive uma crise de ciúmes ontem, basicamente me xingou e terminou tudo porque acha que eu não confio nela.
  — E confia? — Rogério tornou com a sobrancelha arqueada.
  — É claro que sim! — respondeu no mesmo segundo.
  — Pois não parece. Você quase morre sempre que a garota está com Harry Potter. Não é para menos que ela surtou!
  — E você não pegou implicância com o Potter quando soube que a Darling era apaixonadinha por ele? — replicou no mesmo tom, vendo o amigo ficar vermelho.
  — Completamente diferente! Evie gostava dele sem nem conhecer, é amiga do Potter há anos. Eu tinha motivos para ter um pouco de ciúmes. Você não tem, nunca disse que gostava dele!
  — Sou obrigado a concordar com o Daves, mesmo contra a minha vontade — Monty adicionou, colocando uma mão sobre o ombro do amigo. — Tudo bem você querer passar mais tempo com ela, mas ter um ataque sempre que a via com o amigo não faz sentido, Ced. É sua característica menos lufana possível!
  Cedrico rolou os olhos com o último comentário do moreno, embora, no fundo, soubesse que eles tinham razão.
  — Bom, não é como se eu pudesse fazer muita coisa agora, não é?
  — Tenta falar com ela, Diggory. De repente a garota te dá mais uma chance se você prometer parar de ser ciumento.
  — É mais fácil falar do que fazer! 

  Na sexta-feira pela manhã, deixou os amigos tomando o café da manhã antes de seguir para a sala de McGonagall para conversarem sobre seu futuro. Talvez estivesse mais animada se fosse uma conversa apenas com a mestra de Transfigurações, mas saber que Umbridge estaria lá quase a fazia desistir de comparecer. Porém, saber que Minerva e Flitwick haviam se oferecido para ensiná-la Defesa Contra as Artes das Trevas a fez sorrir, mal podia esperar para ver a cara de Dolores sabendo daquilo! A menos que ela não soubesse, afinal McGonagall pediu para que a garota não contasse a ninguém… De qualquer forma, saber que ela não precisaria de Umbridge para absolutamente nada era um grande alívio e rapidamente mudou seu humor.
  — Pode entrar! — Ouviu a voz da professora assim que bateu na porta. — Bom dia, Srta. Black.
  — Bom dia, Professora! — respondeu no mesmo tom educado, sentando-se na cadeira em frente à mesa da mais velha. Por um instante achou que Dolores não estava por ali, mas logo o perfume doce da mulher chegou até ela, que fez uma leve careta, preferindo ignorar a presença da mulher.
  — Imagino que a essa altura já saiba o que vamos conversar hoje!
  — Sim, Mione passou um relatório detalhado antes das férias… — Riu baixo, vendo-a concordar.
  — Já pensou no que irá fazer após se formar? — Tornou no instante seguinte, olhando-a com certa expectativa.
   mordeu o lábio inferior. Na verdade nunca havia realmente pensado sobre o assunto pois sempre pareceu muito longe de acontecer e mesmo quando Hermione avisou sobre a conversa, não pensou em muitas possibilidades.
  — Honestamente? Não sei… Acredito que tenha muitas funções no Ministério que devem ser interessantes e eu não conheço todas… — Deu de ombros, podendo ouvir um pigarro vindo do canto de Umbridge. Pensou mais um pouco antes de responder a única coisa que havia pensado: — Minha opção desde sempre foi Quadribol, mas não sei se conseguiria jogar profissionalmente…
  Minerva a encarou por alguns segundos, com as mãos juntas sobre a mesa antes de suspirar.
  — Você tem alguma ideia de quantas vezes por ano eu escuto essa resposta? Todo mundo quer jogar Quadribol profissionalmente, mesmo quem nunca conseguiu sequer entrar para o time da Grifinória!
   concordou, completamente desanimada. Já sabia que não era algo fácil de se conseguir de qualquer jeito, mas ouvir aquilo de Minerva pareceu enterrar toda e qualquer esperança que a garota tinha.
  — Contudo — McGonagall continuou, fazendo com que a loira tornasse a olhar em sua direção —, hoje é uma das poucas vezes em que escuto isso sabendo que existem, sim, grandes chances de acontecer, .
  — A senhora acha mesmo?
  — Em todos os meus anos em Hogwarts, foram poucos os alunos em que tive certeza que isso poderia acontecer. Carlinhos Wesley foi, é claro, um desses alunos, mas ele preferiu estudar dragões na Romênia. Olivio Wood eu sempre soube que poderia ter futuro, pois sempre foi muito focado e é habilidoso, só precisava trabalhar mais alguns aspectos. Agora, você, — fez uma pausa, ambas ignoraram a tossida que vinha mais ao canto da sala —, desde o primeiro jogo contra a Lufa-Lufa no seu terceiro ano eu tive certeza que poderia jogar profissionalmente. Você voa muito bem e tem uma excelente visão de jogo, além é claro de uma ótima mira para fazer gols. Você é muito natural voando. Tenho certeza que poderia jogar profissionalmente se continuar se dedicando para isso!
   sorriu largamente ao ouvir os elogios da mulher, mas antes que pudesse responder qualquer coisa, ouviram a voz de Umbridge.
  — Minerva, querida, talvez não seja tão bom dar tantas esperanças. Quadribol é muito mais do que um jogo em Hogwarts!
  McGonagall respirou fundo antes de olhar na direção da mulher.
  — Eu sei que sim, Dolores. Talvez se lembre de que eu também já joguei Quadribol. Imagino ter mais conhecimento do que estou dizendo!
  O sorriso em Umbridge vacilou por um instante antes dela continuar:
  — Os tempos agora são outros, Minerva. Não me parece justo você dar tantas esperanças para uma aluna que claramente terá problemas para se encaixar em qualquer time.
  — Não vejo motivos que levem a não ser escolhida por um time profissional, jogando como joga. E em dois anos tenho certeza que estará ainda melhor!
  Umbridge sorriu mais ainda, passando a língua pelos lábios calmamente antes de responder:
  — Está se esquecendo, Minerva querida, que ela tem um certo problema familiar. Eu sinceramente duvido que qualquer time queira ter em sua equipe a filha de dois Comensais da Morte — disse, agora aproximando-se da mesa para poder olhar bem para a loira. fechou as mãos em punho, segurando a vontade de xingar a mulher. — E isso vale para qualquer lugar, principalmente o Ministério da Magia.
  A adolescente sorriu de lado ao ouvir aquilo.
  — Não é como se eu fizesse questão de querer trabalhar num lugar em que o funcionário mais importante tem medo de admitir a verdade. Quem é que quer trabalhar no Ministério da Magia quando não se pode confiar na capacidade do próprio Ministro?
  — Como eu estava dizendo — Minerva continuou, tentando amenizar a situação e tendo a atenção de no mesmo instante —, acredito sim que você tem grandes possibilidades e…
  — Detenção, Srta.
  — … vou me certificar de que você tenha a oportunidade de tentar ser selecionada em um time, ainda tenho muitos contatos…
  — E não se esqueça que para você conseguir se graduar precisará de boas notas em todas as matérias. Sem estar nas minhas aulas, eu duvido que consiga mais do que um T nos NOM’s.
  — … inclusive no Puddlemere, podemos talvez organizar uma reunião para que te conheçam nas próximas férias.
  — Nenhum time de Quadribol irá contratá-la…
  — Tenho certeza que será uma grande oportunidade e posso inclusive ver de trazer alguém do time para Hogwarts para assistir o próximo jogo da Grifinória!
  — … Quem vai querer a filha de dois Comensais da Morte em seu time? Não tem nenhum cabimento!
  — O resto dependerá de você se manter focada e se dedicar ao esporte!
  — Não se preocupe, Professora McGonagall, não vou desapontá-la!
  — Já pode se retirar!
  — Detenção na minha sala após as aulas, Srta.
  — Até depois, Professora! — olhou para Dolores, sorrindo de canto antes de sair da sala. — Eu vou aparecer sim, pode esperar! — Piscou em sua direção, antes de fechar a porta, não esperando por sua reação.

  É claro que não apareceu na detenção, assim como não havia se importado nos dois dias anteriores e apenas ignorado os bilhetes que recebeu vindo de Umbridge. Já estava fora da sala dela, não deixaria que a mulher ainda a torturasse depois das aulas como estava fazendo com outros alunos. Harry talvez tivesse aceitado calado a cicatriz em sua mão, mas jamais facilitaria daquela forma. Contudo, deveria ter esperado algum tipo de retaliação da mulher.
  Enquanto estava jantando com os amigos, rindo da conversa junto a Rony, até Angelina Johnson parar próximo a ela, a expressão séria.
  — Podemos conversar? — pediu em voz baixa, sem coragem de olhar em seus olhos.
   franziu o cenho por um instante, concordando com um aceno antes de se levantar e andar com a colega para fora do Salão. Pararam em frente às ampolas que contabilizavam os pontos de cada casa, sendo visível a diferença da Grifinória comparada com as outras, após tantos pontos perdidos por durante a semana (agora ela quase se sentia culpada pela situação).
  — Algum problema? — perguntou ao notar que a mais velha parecia muito desconcertada para iniciar a conversa.
  Angelina respirou fundo algumas vezes, ainda sem ter coragem de olhar diretamente em seus olhos, mas o fez por alguns segundos.
  — Apesar de toda a situação te envolvendo, eu não pensei em te tirar do time porque você é uma ótima jogadora, e seria burrice minha fazer isso. Nos deixaria em grande desvantagem para o resto do ano… — dizia, mexendo as mãos compulsivamente. A loira apenas concordou com a cabeça, sentindo algo afundar no seu peito, já imaginando o que viria. — Mas… Umbridge me chamou para conversar durante o almoço… — Passou a mão pelos cabelos longos, antes de respirar fundo e finalmente encará-la. — Devido a situação toda, ela não acha certo que você possa ficar no time quando tem tantos alunos com medo de você… Então se quisermos continuar, você precisa sair…
   notou o tom de voz de Angelina, talvez ela fosse um dos alunos com medo dela e, embora dissesse que a garota era boa jogadora, não estivesse assim tão contrariada com a história. Olivio Wood provavelmente causaria um alvoroço na escola toda se isso acontecesse na época em que o moreno era o Capitão: Wood fazia de tudo por Quadribol, até na época que Harry era acusado de ser o Herdeiro da Sonserina ele não se importou, usou isso como vantagem. Mas Angelina não era Olivio Wood.
  — Eu entendo — respondeu finalmente, passando a língua pelos lábios —, se aceita uma indicação, Gina Weasley é muito boa no Quadribol, acho que seria ótima para me substituir.
  — Vou conversar com ela… Sinto muito!
   concordou mais uma vez, dando um meio sorriso antes da morena se afastar. Angelina realmente não parecia sentir nem um pouco a situação e ela percebeu que o tom de voz da mais velha era mais se justificando caso a loira resolvesse se vingar da decisão, afinal ela era filha de Sirius Black e Victoria Lestrange, talvez pudesse ser tão perigosa quanto os pais.
  Black suspirou, decidindo voltar para o Salão Comunal mais cedo, queria dormir e esquecer tudo o que havia acontecido durante aquela semana. Se continuasse daquele jeito, talvez Umbridge conseguisse mesmo fazer sair da escola, pois não conseguia se imaginar passando mais seis meses daquele jeito. 

NOVE.

  Não demorou muito para a notícia sobre se espalhar pela escola. Diggory, é claro, já sabia dos pontos perdidos e da loira desistindo das aulas de Umbridge — o que ele mesmo gostaria de poder fazer. Mas não imaginava que a situação pudesse ser ruim o suficiente para que Angelina a tirasse do time de Quadribol (ameaçada ou não). Soube que McGonagall havia tentado intervir, porém, sem resultados. Já fazia alguns dias que tentava conversar com a garota, mas Black ainda preferia o evitar e as amigas também não pareciam interessadas em passar seu recado. Com o tempo passando, apenas parecia mais claro para ele que havia estragado tudo e não teria como reverter a situação.
  No sábado seguinte, porém, concordou em falar com o loiro, o que lhe deu um pouco de esperanças. Talvez, talvez ela não estivesse mais tão brava com ele e os dois pudessem se acertar. Se ela aceitasse voltar com ele, Diggory jamais voltaria a falar nada sobre a amizade dela com ninguém, fosse Harry Potter ou qualquer outro cara. Obviamente ainda teria ciúmes, mas havia aprendido sua lição e seria mais cuidadoso para não demonstrar. E daí que ele sentia vontade de derrubar alguém da Torre de Astronomia? Ela não precisava saber disso!
  Caminharam juntos até o campo de Quadribol e sentaram-se na arquibancada, ficando em silêncio por alguns minutos, olhando a neve que caía. Fevereiro estava ainda mais frio que o normal.
  — Eu sinto muito, de verdade — disse finalmente, a voz baixa, olhando-a de lado. suspirou, concordando com a cabeça.
  — Eu também sinto, Cedrico. Mas sinto mais ainda porque você não confia em mim.
  O lufano fechou os olhos por alguns instantes, não sabendo como responder.
  No fundo, aquilo era verdade e ele sabia, não tinha como negar, ao mesmo tempo que confiava em , não conseguia demonstrar aquilo porque sempre que a via com Potter tinha certeza que algo aconteceria, que a proximidade dos dois em algum ponto deixaria de ser apenas amizade. E, para sua triste surpresa, ele mesmo a estava afastando e jogando-a nos braços de Harry. Nem mesmo havia confirmado ainda se Potter nutria algum sentimento por ela, mas a ideia o atormentava.
  — Eu não quero perder você — soprou baixo, quase em um sussurro.
   demorou algum tempo para responder, mas ele a escutou fungando.
  — Eu amo você, Diggory — disse, finalmente, passando a mão pelos olhos. — Eu te amo, mas eu não quero continuar desse jeito. A gente passou a maior parte desse ano brigando, quando não era por causa da Umbridge, era o seu ciúme. Eu não aguento mais.
  Cedrico olhou para a frente, o chão branco, coberto de neve.
  — Você quer mesmo terminar, não é?
   negou com um sorriso triste.
  — Eu não quero, mas acho melhor se nos afastarmos por um tempo. Acho que passamos da época em que poderíamos ser apenas bons amigos e, claramente, isso — apontou de um para o outro — não está funcionando agora. Não é como se eu te detestasse ou algo do tipo — garantiu, passando a língua pelos lábios —, mas acho que é melhor para nós dois se não conversarmos, pelo menos por agora. Eu tenho os NOM’s e você precisa se dedicar para os NIEM’s. Talvez depois… — Parou por um instante, mordendo o interior da bochecha. — Talvez depois dê certo, talvez não. Mas espero que saiba que independente de qualquer coisa, gosto muito de você, Cedrico.
  Diggory mordeu o lábio inferior, concordando com um aceno.
  — Eu também — respondeu, embora não conseguisse olhá-la. — E sinto muito por isso. Não era bem como eu esperava que as coisas acontecessem entre a gente… De qualquer jeito, espero que as coisas melhorem pra você esse ano, mesmo que… Mesmo que as coisas estejam assim agora, gostaria que soubesse que ainda pode contar comigo se precisar de algo.
  — Você também — sorriu pequeno —, contanto que não seja estudo, é claro. Quem sabe agora você não consegue levar a Taça de Quadribol?
  Diggory fez um barulho com a boca, negando com um aceno.
  — Quem sabe…
   aproximou-se, abraçando-o apertado e sendo correspondida da mesma forma antes de se levantar, sorrindo triste e se afastar em seguida. Cedrico permaneceu sentado na arquibancada, o coração apertado e uma lágrima escorrendo por seus olhos cinzas.

  Não demorou muito para Umbridge notar que o casal não estava mais junto, o que a deixou ainda mais satisfeita. Talvez não conseguisse controlar a garota que seguia sem comparecer em suas detenções, independentemente do número de pontos que ameaçasse tirar, mas estava na hora de usar Diggory a seu favor mais uma vez: sabia que a loira, assim como Potter, estava armando alguma coisa. Eles tinham um grupo e ela tinha certeza que de alguma forma, aquilo envolvia Alvo Dumbledore, é claro que sim, Potter era protegido do Diretor! E achava que também era óbvio que Cedrico Diggory tinha alguma informação sobre isso, podia tê-lo perdido na Brigada Inquisitorial, mas ainda tinha outros truques para conseguir o que queria!
  Esperou o final da aula de Defesa Contra as Artes das Trevas para chamar o lufano antes de o mesmo sair.
  — Diggory, preciso que passe na minha sala após as aulas, ok? Tenho alguns assuntos que gostaria de conversar.
  Cedrico concordou com um aceno, não parecendo muito animado.
  A verdade era que Diggory parecia fazer tudo no automático nas últimas semanas e, quando não estava ocupado com alguma coisa, ficava na biblioteca ou em seu quarto, estudando ou dormindo. Tomava cuidado para não encontrar com nos corredores, sabendo as aulas que ela tinha e como se evitarem. Depois de terem oficialmente terminado, só a encontrou duas vezes: na saída de uma das aulas de McGonagall e no Salão Principal, durante o almoço. Até as refeições eles faziam em horários diferentes, evitando-se o máximo possível.
  Parte de si sentia a falta da garota, queria poder conversar com ela e ter no mínimo sua amizade de volta, mas sabia que não seria fácil e que não era a melhor hora para aquilo. Diggory não conseguia olhar para Black apenas como uma amiga como havia sido no começo. Ele não conseguia apagar de sua memória tudo o que havia acontecido entre os dois e os sentimentos que ainda tinha por ela. Embora estivesse se esforçando.
   também não estava muito melhor, mas esforçava-se para continuar agindo normalmente e fazer o que sempre fazia. Para não dizer que estava tudo horrível a ponto de fazê-la querer sair da escola, as novas aulas com McGonagall e Flitwick estavam indo realmente bem. Ambos pareciam impressionados com o que a loira conseguia fazer e como estava se dedicando às aulas. tinha como objetivo tirar um Ótimo nos NOM’s para poder esfregar na cara de Umbridge! Lupin que, assim como Siris, também sabia das aulas extras, havia dado algumas dicas tanto para a garota (por meio de cartas) quanto para Minerva.
   queria contar para os amigos, principalmente quando Hermione questionava tanto sobre os estudos da loira, mas não queria correr o risco de desapontar a Vice-Diretora, havia prometido segredo e aproveitavam os dias que havia reunião da AD para marcarem as aulas, assim eles não desconfiavam do sumiço da garota que sempre voltava para o Salão Comunal antes dos amigos. E, da mesma forma que queria se sair bem nos NOM’s para irritar Dolores, Minerva também parecia ter feito sua missão pessoal ajudar a garota com o Quadribol, mesmo que não estivesse jogando no time da Grifinória. Duas vezes por semana em dias e horários variados, McGonagall dava um jeito de ajudá-la a treinar e passar dicas diferentes. Havia prometido que conseguiria pelo menos uma entrevista durante as férias para a garota e iria se certificar que ela estivesse jogando bem o suficiente para isso.
  Mas apesar do incentivo da Professora, o que havia sido realmente muito bom, a loira ainda sentia falta de Cedrico Diggory. No fundo achava que era uma questão de tempo até voltar com o lufano, tinha certeza que ele ainda gostava dela tanto quanto ela gostava dele, achava que só precisavam de um tempo e que logo estariam juntos como antes. Talvez a distância ajudasse, pelo menos foi isso que Hermione aconselhou, assim evitariam brigas e poderiam se dedicar aos estudos e, em breve, resolveriam os problemas e estariam juntos mais uma vez. Black contava os dias para que isso finalmente acontecesse.
  Isso até o dia que encontrou Cedrico conversando com outra garota, Cho Chang. Os dois estavam sentados lado-a-lado na biblioteca conversando em voz baixa, escondeu-se entre as estantes de livros, olhando de longe os dois. Notou o sorriso fácil no rosto de Diggory e os cochichos entre eles até a corvina pegar na mão do loiro. Segurou a raiva e a vontade de chorar dando as costas e afastando-se o mais rápido que pôde do lugar, derrubando alguns livros no caminho e recebendo um sermão da bibliotecária, mas não parando para ouvir por mais de dois segundos, não querendo que Cedrico a visse ali.
  Potter a encontrou no canto da escada, abraçada às próprias pernas enquanto olhava para o nada, perdida em pensamentos. Sentou-se ao seu lado, puxando um assunto qualquer para distraí-la. Não precisava perguntar o que tinha acontecido, era um tanto óbvio que ela estava triste por causa de Cedrico desde o dia que terminaram. E, mesmo que tentasse negar para si mesmo, Harry não estava de todo chateado por aquilo, é claro que não gostava de ver sua melhor amiga daquele jeito, mas parte de si estava realmente contente que ela tinha, finalmente, terminado com Diggory. Nunca gostou de ver os dois juntos, Cedrico podia até ser legal, mas não o suficiente para estar com Black, nem mesmo sabia o que ela tinha visto no lufano. E, de novo, sentiu a culpa dominá-lo por sequer considerar em aproveitar da situação. era sua amiga, sua melhor amiga. Ele deveria ser melhor do que aquilo.
  Tempos depois estavam rindo juntos conforme Harry contava sobre as ideias dos gêmeos para darem vomitilhas para Umbridge, quando Cedrico e Cho viraram o corredor em que estavam, andando juntos, embora não muito próximos. Os quatro se encararam por alguns segundos, apenas acenando com a cabeça. Cho foi a única que chegou a dizer oi, correspondido apenas com um sorriso amarelo dos dois. Cedrico chegou a parar por um instante como se fosse dizer algo, mas, ao invés disso, apenas acenou novamente, afastando-se acompanhado pela morena.
  — Eu achei que você estava saindo com a Chang — comentou após alguns segundos.
  — É, eu também. — Deu de ombros, franzido o cenho por um instante. — Devo encarar isso como um recado sutil de não chamá-la para sair novamente, não é?
   riu baixo, concordando.
  — Nem tão sutil. O que foi que você fez esse final de semana?
  — Eu não fiz nada, para dizer a verdade, foi a Hermione. Lembra que ela me chamou para a entrevista com a Skeeter? Foi no mesmo dia…
  A garota concordou com um aceno, lembrando-se vagamente de Potter ter dito que a corvina não pareceu muito satisfeita por ele sair no meio do encontro.
  — Então ela e o Diggory estão juntos? — questionou interessado. deu de ombros.
  — É o que parece, não?
  — Que ótimo — disse quase irônico —, fomos trocados pelos dois alunos exemplares.
  — Imagino que é nossa culpa, huh? Nossa imagem não é das melhores na Escola.
  — Pode ser, mas eu não trocaria nossa fama de querer destruir o Ministério por boas notas! — Deu de ombros, sorrindo de lado.
  — Fale mais alto, talvez Umbridge só precise de uma confissão nossa para nos mandar a Azkaban! — Arqueou a sobrancelha em direção ao moreno, vendo-o rir ao concordar. — De qualquer jeito, você não tem a reunião da AD hoje?
  — É… — concordou a contragosto. — Não é a mesma coisa sem você, sabe?
  — É claro que eu sei! — respondeu no mesmo instante. — Sou muito necessária em qualquer lugar, é claro que você sentiria minha falta!
  Potter riu, empurrando-a de leve com o ombro enquanto negava com a cabeça.
  — E o que vai fazer nesse tempo?
  — Talvez dormir? — disse em tom de pergunta. — Imagino que o melhor fosse estudar mais um pouco…
  — Eu não aguento mais estudar, poderia simplesmente dormir o resto do semestre!
  — Então somos dois!
  Não muito depois, Mione e Rony apareceram para irem junto a Harry para a Sala Precisa, enquanto acenava com a mão, dizendo que os encontraria no Salão Comunal. Esperou que eles se afastassem o suficiente para seguir o caminho contrário em direção à sala de Flitwick para mais uma sessão de Defesa Contra as Artes das Trevas.

  Quando Cedrico entrou na sala de Umbridge, sentou-se na cadeira almofadada, tentando ignorar os miados irritantes dos gatos nas paredes e o cheiro doce que o lugar tinha. Não escutou muito do que Umbridge começou dizendo, principalmente quando ela citou o nome de . A imagem recente da garota com Potter não o deixava concentrar-se em nada mais. Eles não pareciam juntos, mas estavam perto o suficiente, rindo de alguma piada interna. Sua vontade na hora foi de ter puxado Potter, jogando-o escada abaixo, afastando-o de sua garota. Porém, não era mais sua garotae se as coisas continuassem daquele jeito, talvez ela não voltasse a ser tão cedo. E, é claro, ainda precisava tentar se controlar para mostrar que estava mesmo disposto a mudar e evitar as crises de ciúmes. Mas era sempre mais fácil falar do que agir.
  Notou também o olhar de Black sobre Cho e por um segundo quis parar e garantir que não havia nada entre eles, haviam conversado por alguns minutos e aquilo era tudo. Não queria que ela imaginasse que ele a havia trocado, mas por fim desistiu e apenas continuou seu caminho. Obviamente já havia se arrependido, assim que tivesse a oportunidade, iria tentar explicar para a loira que não havia absolutamente nada entre ele e Cho. Inclusive, acalmou-se quando Cho disse que havia saído com Harry no final de semana anterior, mas só até ela dizer que não tinha rendido e não iria repetir, pois, o garoto a tinha deixado de lado para encontrar com Hermione.
  O suspiro aliviado que escapou por seus lábios ao ouvir aquilo não podia ser descrito em palavras.
  Harry estava interessado em Hermione, pelo menos foi isso que Cho havia entendido.
  Muito melhor, até achava que os dois combinavam. Hermione era legal, Potter não era de todo ruim. Eles eram amigos e, de fato, estavam sempre próximos também, mas Diggory não havia notado antes porque seu ciúme só o fazia enxergar o moreno junto de . Mas, então, se Potter e Granger estavam juntos, não tinha motivos para ter ciúmes.
  Umbridge continuava a falar e Cedrico concordava com a cabeça vez ou outra, embora não prestasse nenhuma atenção. Reconheceu as palavras Ministério, Fudge, carreira e futuro. Nenhuma delas lhe interessava no momento, queria sair daquela sala e ir encontrar com , pensar em um jeito de se desculpar e voltar o namoro, queria poder beijá-la novamente. Aceitou quando a professora lhe entregou uma xícara de chá, mesmo que não quisesse, apenas para fingir prestar atenção no assunto, parecer interessado. Tomou um gole do líquido e segurou a careta, era extremamente doce.
  Umbridge continuou falando, levantando-se de sua cadeira por alguns instantes e rodeando a sala, Diggory aproveitou para jogar o restante do chá na planta mais próxima, o gosto exagerado do açúcar ainda presente em sua boca.
  Sentiu-se estranho por alguns instantes, parecia que sua língua formigava e, quando Umbridge sentou ao seu lado, Cedrico não conseguiu pensar em nada que não fosse na voz irritante da mulher, com perguntas e mais perguntas.
  — Harry Potter e Black têm um grupo secreto, não é verdade? — perguntou, Diggory acenou com a cabeça, sem conseguir se controlar. — O que eles fazem?
  — Potter ensina os alunos a usarem feitiços.
  — Quantos alunos fazem parte?
  — Não sei. Talvez uns trinta.
  — Onde eles se reúnem?
  — Não faço ideia.
  — Quem mais faz parte?
  — Hermione Granger, os Weasley, Cho Chang, Luna Lovegood, Evie Darlie e mais alguns alunos da Grifinória, Corvinal e Lufa-Lufa.
  Umbridge sorriu, os olhos brilhando enquanto levantava-se.
  — Uma última pergunta, Diggory. sabe o paradeiro de Sirius Black?
  — Sim, senhora. Eles conversam por cartas.
  — Excelente.
  Demorou vários minutos para o efeito da poção passar e só então Diggory tomou consciência do que tinha acontecido e do que ele havia dito. Procurou por todo o Castelo, tentando um jeito de avisá-la do que tinha feito. Precisava contar a Sirius que ele talvez não estivesse seguro. Agradeceu imensamente a professora não ter tido a ideia de perguntar se ele sabia o local em que Black se escondia, tinha certeza que seria uma questão de minutos até o Ministério aparecer e tornarem a levá-lo para Azkaban. Também precisava avisar sobre a AD, não poderiam se reunir por algum tempo. Xingou-se incontáveis vezes por não ter conseguido se controlar. Era tão melhor quando ele sequer sabia sobre esse grupo! Mas é claro que Rogério Davies tinha que ter dado alguns detalhes que sabia por Darling. Se aquilo tivesse acontecido apenas alguns dias atrás, Cedrico não teria nada para dizer.
  No momento só esperava que pudesse encontrar alguém antes que Umbridge procurasse algum dos outros alunos, mas Cedrico não foi rápido o suficiente. Não encontrou com , Harry, Hermione ou Rony. Nem nenhum outro aluno que sabia fazer parte do grupo.
  Quando virou um corredor no terceiro andar sentiu o coração bater acelerado.
  A professora estava junto com Filch, Malfoy, alguns alunos da Brigada e, ao lado, Cho Chang.
  — Bombarda!
  Uma pequena explosão foi ouvida e então as paredes ruíram, revelando a sala secreta com um grupo grande de alunos, poucos segundos depois, viu Draco puxar Potter, arrastando-o para o lado, enquanto os demais alunos seguiam para outro caminho. Sentiu-se aflito ao não conseguir ver entre eles. Talvez Umbridge a tivesse encontrado antes? 
  Esperou do lado de fora da sala pelo que pareceram horas, mas nem sinal da loira. Havia visto Potter voltar a ser carregado junto a Umbridge quase uma hora antes e nada além disso. Foi então que, vindo de um corredor lateral e parecendo completamente tranquila, apareceu. A garota carregava um livro embaixo do braço e pareceu surpresa quando notou sua presença.
  — O que aconteceu? — perguntou finalmente, vendo-a franzir o cenho sem entender.
  — Com o quê?
  — Com você e os outros?
  — Do que está falando, Diggory? — replicou, parando próxima a ele, completamente confusa.
  Cedrico respirou fundo, passando a mão pelos cabelos antes de responder:
  — Achei que você também estava na sala junto com o restante do grupo de Potter. Faz horas que estou esperando para tentar falar com você!
   piscou. Piscou de novo, parecendo demorar para entender o que ele dizia.
  — O que…?
  — Como é que você não estava na reunião?
  — Eu… Tive que sair depois da matéria sobre meu pai… — explicou em voz baixa, baixando o olhar por um instante. Cedrico pareceu completamente chocado com a informação. — Mas o que aconteceu hoje?
  — Umbridge invadiu a sala em que as reuniões acontecem. Levou Potter até Dumbledore e depois voltou pra cá com ele e os outros alunos.
  — Como foi que ela descobriu? — Tornou no mesmo instante. Cedrico não sabia como explicar que era culpa sua. Sabia o que aquilo significava, mas tinha outras prioridades no momento. Sirius poderia estar em risco.
  — Foi minha culpa — soprou, quase em um sussurro, vendo-a encará-lo em dúvida. — Umbridge me chamou na sala dela hoje. Estava falando sobre o Ministério, Hogwarts… E então me deu um chá para tomar…
  — O que você tomar chá com a Cara-de-Sapo tem a ver com a AD?
  O loiro engoliu em seco, passando a língua pelos lábios finos antes de continuar:
  — Ela colocou Veritasserum no chá.
  A expressão confusa da garota foi dando lugar a uma surpresa e então incrédula.
  — Você…?
  — Eu não consegui evitar, ela me perguntou algumas coisas e quando eu vi já estava falando! — contou apreensivo, a voz desesperada. — Me perguntou se eu sabia sobre o grupo e quem se reunia…
  — E como é que você sabe…?
  — Darling faz parte do grupo e comentou algumas coisas com o Daves, ele me disse há poucos dias como funciona… Mas não disse que você não estava mais fazendo parte… Umbridge deve ter ido até a Cho depois que eu falei o nome dela, imagino que também deu alguma coisa para ela tomar…
   deu as costas ao lufano, ainda escutando-o se desculpar e tentar explicar o que tinha acontecido.
  — Tem mais uma coisa… — Passou a mão pelos cabelos, parecendo mais nervoso. — Ela perguntou sobre Sirius.
  Black gelou por dentro, prendendo a respiração.
  — Ela sabe? Você contou? — perguntou em voz baixa, Diggory negou.
  — Ela perguntou se você tem contato com ele e eu disse que trocam cartas…
  Black respirou fundo por um instante, fechando os olhos por breves momentos antes de tornar a encará-lo.
  — Se alguma coisa acontecer com meu pai, Diggory…
  — Ele vai ficar bem, você sabe como Sirius é… E, Quim faz parte, não é? Não vai deixar ninguém o pegar!
   negou com um aceno, olhando-o com tanta raiva que Diggory estava esperando que a qualquer momento ela pegasse sua varinha e o azarasse.
  — Se pegarem meu pai por sua causa, eu nunca vou te perdoar.

DEZ.

  A garota passou a semana nervosa, principalmente por não conseguir se comunicar com Sirius e avisar o que estava acontecendo. Tinha medo que uma das cartas fosse interceptada e não poderia arriscar-se desse jeito. Harry parecia tão nervoso quanto, mas, diferente dela, não chegou a culpar Diggory por aquilo, mesmo que não gostasse tanto do lufano.
  — Se ela colocou uma poção da verdade, não tinha o que ele pudesse fazer...
  — Bem, se ele não tivesse dado chance ao azar, talvez isso não tivesse acontecido! — retrucou nervosa.
  A solução foi, mesmo que arriscada, tentar enviar uma carta para os Tonks, aproveitando para tentar avisar que Dora também poderia estar sendo monitorada.

  Olá, família,
  No geral está tudo bem aqui, com exceção da Cara-de-Sapo. Umbridge segue insuportável como sempre, não vejo a hora dela sumir desse lugar — e os sonserinos também.
  Infelizmente Dumbledore fugiu e agora estamos sendo todos monitorados 24 horas, E TORTURADOS TAMBÉM, eu juro que se eu ficar com essa cicatriz feia na minha mão eu vou  divulgar isso para os outros jornais que não seja o Profeta Diário! Se me dissessem que ela trabalha com Você-Sabe-Quem eu acreditaria no mesmo instante. Completamente surtada!
  Acredita que ela está usando Veritaserum nos alunos?
  Cedrico foi o primeiro que ela enganou e fez ele contar todos os segredos que ele sabe. Se duvidar agora ela sabe até que ele tinha um cachorro escondido dos pais dele!
  Eu aposto que tem alguma regra sobre isso ser ilegal, mas é claro que ninguém faz nada pois esse Ministério só sabe monitorar os funcionários mesmo, coisas boas o Fudge não sabe fazer.

  Queria que as férias chegassem logo.
  Manda um beijo para o Almofadinhas!
  Nos vemos em algumas semanas,

  Beijos, amo vocês!
  

  Com o passar das semanas, não tiveram notícias sobre Sirius, o que significava que eles tinham entendido seu recado. Potter parecia ainda mais chateado, pois o padrinho era o único com quem se comunicava por cartas regularmente, e agora não recebia corujas de ninguém, embora sempre lhe mostrasse um pedaço das cartas que recebia dos Tonks, as quais tinham alguma nota para Harry, escrita por Sirius.
  A entrevista que Harry tinha dado para O Pasquim para contar em detalhes a volta de Voldemort havia finalmente saído. E, mesmo com o Ministério tentando inviabilizar a matéria, muitos bruxos tiveram acesso à mesma, duvidando cada vez mais da palavra de Fudge e do Profeta Diário. As pessoas estavam com medo, mas estavam aos poucos acreditando e se protegendo.
  Nesse meio tempo, Cedrico acabou por fazer as únicas coisas que podia: dedicou-se aos estudos, querendo garantir suas boas notas no NIEM’s e ao Quadribol, conseguindo finalmente deixar seu time em primeiro lugar no final do campeonato. Tinha obviamente comemorado a vitória junto com os colegas, mas teve uma sensação meio agridoce com o final. Primeiro pelo jogo contra a Grifinória ter sido completamente estranho, a começar por não estar jogando (tendo sido substituída por Gina Weasley) e para completar, Potter e os gêmeos Weasley haviam sido expulsos do time após uma briga com Malfoy — Umbridge e Snape pareceram bastante contentes com aquilo.
  No último jogo do Campeonato contra a Sonserina, ganharam de 320 x 170 e embora a diferença para a Grifinória tenha sido de apenas 80 pontos, foi o suficiente para vencerem pela primeira vez em 60 anos.
  Algo que o ajudou a sentir-se ainda melhor foi quando o encontrou sozinho e foi cumprimentá-lo pela vitória. Ali ele sentiu que as coisas ainda poderiam dar certo entre eles e precisou fazer força para não parecer idiota na frente dela, sorrindo por receber um elogio.
  — Obrigado — disse, mantendo um sorriso nos lábios, mais feliz ainda por ter sido ela a procurá-lo depois de quase dois meses em que estavam em um clima estranho. Queria abraçá-la, mas não sabia se deveria, mas quando a garota se aproximou o suficiente para um abraço rápido, aproveitou para também dar-lhe um beijo no rosto.
  — Finalmente os dias de glória da Lufa-Lufa! — brincou, vendo-o rir ao concordar. — Primeiro o Tribruxo, agora a Copa de Quadribol. Quem diria!
  — Não que eu tenha ganhado o Torneio ano passado — relembrou, vendo-a dar de ombros. — E seu pai? — perguntou em voz baixa, tomando cuidado para ninguém escutá-los.
  — Está tudo bem, ele está em segurança — contou, parecendo sem jeito por um momento. — Acho que te devo desculpas, não é?
  Diggory arqueou a sobrancelha, colocando as mãos no bolso da calça, negando com um aceno.
  — Se eu estivesse no seu lugar, provavelmente teria feito pior do que gritar.
  — Eu, sinceramente, duvido. — Sorriu pequeno. — E não foi sua culpa, não tinha como você saber, não é? Sei que em uma situação normal não teria dito nada. Sinto muito.
  O lufano tornou a abraçá-la, por mais tempo do que da primeira vez.
  — Não tenho nada para desculpar, está tudo bem.
  Começaram a andar juntos pelo corredor em direção ao Salão Principal para almoçarem.
  — E como estão as coisas com a Umbridge agora?
   deu de ombros.
  — Acho que finalmente desistiu de esperar que eu aparecesse na sala dela para alguma punição, até pontos ela parou de tirar da Grifinória…
  — E tem conseguido estudar sem participar das aulas dela?
  — Sim, provavelmente estou melhor sem as aulas dela. — Riu baixo, vendo-o concordar.
  — Isso eu tenho certeza, não tem servido pra nada. Se precisar de alguma ajuda para estudar… — ofereceu, tentando parecer sutil, embora desejasse que ela concordasse para que pudessem voltar a passar um tempo juntos.
   o encarou por um instante, olhando para os lados antes de dizer-lhe em voz baixa:
  — McGonagall e Flitwick têm me ajudado a estudar durante esse tempo, mas pediram para eu não contar pra ninguém. Hermione surtaria se soubesse!
  Diggory pareceu surpreso por um segundo, sorrindo em seguida ao garantir que manteria o segredo, feliz por ela ter confiado em algo que aparentemente não havia contado nem para os amigos.
  — Você talvez tenha a melhor nota da escola nos NOM’s de DCAT! — brincou, vendo-a rir ao concordar.
  — E você, preparado para os NIEM’s? São na próxima semana também, não é?
  — Tudo em ordem, não passei os últimos sete anos sendo o melhor aluno do meu ano para errar agora. — Piscou divertido.
  — Ficaria surpresa se estivesse preocupado — respondeu, acenando ao despedir-se assim que passaram a entrada do Salão, andando em direção às mesas de suas Casas.
  Não haviam conversado muito e não era nem de perto a proximidade que Cedrico gostaria, mas havia sido o suficiente para melhorar o seu humor das últimas semanas. 

  A semana de NOM’s e NIEM’s, como todos imaginavam, vinha sendo um tanto estressante para todos os alunos que estavam prestando os testes, mas até então nada fora do normal havia acontecido. Black, Potter e Weasley tinham plena consciência que suas notas não seriam tão boas quanto as de Granger, mas pareciam bastante satisfeitos com seus desempenhos até o momento. Harry havia se saído muitíssimo bem na prova de Defesa Contra as Artes das Trevas, tendo certeza que seria sua melhor nota. Rony também estava confiante em uma boa nota e, enquanto riam de Hermione — que embora tivesse ido bem não conseguiu passar pelo Bicho Papão (Minerva dizendo que a morena havia reprovado em todos os exames), os três sabiam que ela não precisava realmente se preocupar. Foi quando viram sair do teste sorrindo confiante que Granger desconfiou que ela pudesse ter aprontado alguma coisa.
  — É claro que não — rolou os olhos, não deixando de sorrir —, talvez não seja a melhor nota de todas, mas só de ver a cara da Umbridge quando eu terminei o teste já foi o suficiente para ganhar meu ano!
  — E eu posso saber como você se sairia tão bem sem ter participado das aulas dela?
  — Talvez seja justamente por isso — Rony respondeu pela loira —, estávamos provavelmente em desvantagem todo o semestre ao ter que aguentar a Cara de Sapo!
  — Estou falando sério, Ronald — Hermione cortou, voltando a encarar a amiga. — Como você pode ir tão bem se não esteve nas aulas? Você detesta estudar.
  — Mas estudo mesmo assim — rebateu. — Que diferença faz para você se eu fui bem ou não? Não é como se fosse afetar as suas notas, Mione.
  — Eu só acho muito estranho… Você tem certeza que não deu um jeito de colar?
  — E como é que eu faria isso?
  — Tem várias coisas que eu me pergunto como vocês conseguem fazer — viraram-se ao ouvir a voz de Minerva próxima a eles —, mas felizmente dessa vez eu posso garantir à Srta. Granger que não tem nada a ver com quebrar as regras — disse, olhando para Mione. — Com tudo o que aconteceu nestes últimos meses, Filio e eu decidimos ajudar a Srta. Black a estudar para evitarmos mais problemas envolvendo-a — contou, a garota abriu a boca completamente surpresa. — Isso, é claro, foi uma exceção e não esperamos repetir com nenhum outro aluno — Minerva explicou, então olhando para a loira por um momento. — Espero que tenha ido realmente bem para ter valido o nosso tempo!
  — Pode apostar que sim, Professora.
  A mais velha acenou com a cabeça, logo afastando-se do grupo.
  — Como foi que você não disse isso antes? — Harry foi o primeiro a perguntar.
  — Eles pediram para guardar segredo, justamente para não correr o risco de todos os alunos quererem abandonar as aulas da Umbridge.
  — Faz sentido — concordou Rony ao começarem a andar para jantarem antes da próxima prova na Torre de Astronomia. — Todo mundo iria sair!
  — Eu já tinha vontade de sair mesmo sem saber disso — concordou Harry, olhando de canto para Mione que seguia calada. — Pensando nos exames?
  A morena seguiu em silêncio, atordoada com a ideia de que enquanto ela teve que aturar Umbridge — que claramente era uma péssima professora —, havia sido (em sua opinião) recompensada ao ter aulas particulares com McGonagall e Flitwick, mesmo tendo perdido tantos pontos para a Grifinória e desistido de uma das aulas obrigatórias.
  Sentindo o debate interno da amiga, relembrou o motivo para tanto:
  — Era isso ou eu provavelmente seria expulsa de Hogwarts porque se não atingisse notas mínimas no NOM’s, Umbridge usaria isso contra mim, além é claro dos outros alunos já pedindo a minha cabeça. — Então virou-se para encarar Granger. — Se eu tivesse apenas abandonado as aulas ou perdido pontos sem motivos, Minerva provavelmente seria quem me expulsaria da escola ou pelo menos me deixaria o ano todo de castigo. Só se solidarizaram comigo pela matéria no Profeta, tenho certeza.
  Hermione pareceu pensar a respeito, embora parte de si ainda achasse um tanto quanto injusto, já que ela sempre seguia as regras e ainda assim não tinha oportunidades de aulas particulares com os professores, entendeu o motivo. Concordando com a cabeça e resolvendo deixar o assunto para lá para focar no próximo exame.

  No dia seguinte, após toda a confusão envolvendo McGonagall, Umbridge e outros bruxos do Ministério, estava quase dormindo em cima do pergaminho, não fazia ideia do que estava escrevendo, nem mesmo se lembrava de ter estudado aquela parte sobre a Revolução dos Duendes, procurando mais a fundo, teve um rápido flashback de Hermione brigando com ela e Harry por estarem jogando snap explosivo ao invés de estudarem, o que, agora, parecia realmente uma péssima ideia, mas os dois acharam que mereciam um descanso depois de tantas horas de estudo.
  Olhou para o lado vendo Potter extremamente confuso e parecendo tão sonolento quanto ela. Duas cadeiras mais à frente, viu Rony praticamente babando em seu pergaminho, por outro lado, Hermione estava escrevendo freneticamente, deixando-a ainda mais nervosa.
  Após aquele momento em que se distraiu vendo os amigos, tudo pareceu acontecer muito rápido; em um momento estava tentando focar-se em inventar alguns nomes para não deixar a questão em branco e no outro ouviu fortes barulhos vindos de fora da sala. Umbridge, sentada no centro do Salão Principal na cadeira que pertencia a Dumbledore, levantou-se hesitante quando os barulhos aumentaram. Gritou uma ou duas vezes para os alunos tornarem a prestar atenção na prova, mas todos viraram-se quando um novo barulho, parecido com um tiro de canhão, foi ouvido.
  As paredes do Salão pareciam tremer com o barulho e quando Umbridge abriu a porta, Fred e Jorge entraram voando pela sala soltando feitiços e jogando alguns de seus logros. Pergaminhos voaram enquanto os alunos gritavam, aplaudindo a confusão que se formava. Dolores tentava pará-los sem sucesso e, em determinado momento, os gêmeos lançaram uma espécie de dragão de fogo que correu pela sala em direção à diretora. 

  Cedrico, como esperado, não teve qualquer problema com suas avaliações, tinha certeza que sua melhor nota seria em Transfiguração, principalmente ao ver McGonagall sorrir para ele quando terminou sua demonstração. Também tinha ido muito bem em Feitiços, Aritmancia, Poções e Defesa Contra as Artes das Trevas, mas sentia que não tinha dado o seu melhor em Astronomia, porém nada que o preocupasse muito, assim que terminasse sua prova de Runas Antigas estaria oficialmente encerrando seu tempo em Hogwarts. Era uma sensação e tanto pensar naquilo, mas no momento Diggory tentava se concentrar em responder a última parte de seu teste, pelo menos até começar a ouvir uma gritaria vinda do andar inferior. Explosões e mais gritos e, logo depois, palmas e ovações.
  Virou-se para a examinadora, que também parecia confusa com o que estava acontecendo, levantando-se para ver mais de perto. O grupo com pouco mais de vinte alunos, já que Runas Antigas era uma matéria opcional, deixou o teste de lado olhando para a porta e esperando alguma explicação sobre o ocorrido.
  — Mas… o quê?
  — Olhem! — gritou um dos alunos, apontando para a janela.
  Todos levantaram-se ao verem fogos de artifício explodindo no céu e um grupo de alunos correndo para os jardins. Cedrico logo reconheceu os gêmeos Weasley com suas vassouras a vários metros do chão, enquanto jogavam mais alguns feitiços, animando os quintanistas. Diggory procurou com o olhar, não demorando para reconhecer com seus cabelos extremamente loiros ao lado dos amigos, parecendo tão animada quanto os demais.
  — Sem nenhum controle… — A examinadora dizia, também prestando atenção na confusão. — Alvo jamais deixaria uma coisa assim acontecer… Muito bem, voltem para seus exames, vocês têm mais quarenta minutos.
  Mesmo que contrariados, o grupo de alunos voltou aos seus lugares, tentando retomar a concentração no teste o que já era difícil, especialmente com a gritaria que continuava do lado de fora.
  Cedrico estava curioso para saber o que acontecia, sorriu sozinho ao pensar que isso com certeza seria o suficiente para puxar assunto com Black por um bom tempo. Achava que estava na hora de eles voltarem a ser amigos, queria ter sua companhia de volta, mesmo que ainda não pudesse beijá-la.
  Voltou a olhar sua prova, muito mais motivado para terminá-la de uma vez e ficar livre dos testes. 
  O plano de Diggory de assim que terminasse sua prova procurar e conversar sobre o que tinha acontecido, não saiu tão bem quanto o esperado. Após entregar os dois pergaminhos sentindo-se bastante aliviado por finalmente ter terminado as provas e um tanto nervoso ao lembrar-se de que, em menos de duas semanas, Hogwarts terminava oficialmente para ele, procurou Black pelo Salão Principal, mas não a encontrou. Perguntou para alguns alunos da Grifinória, mas nenhum deles parecia tê-la visto. E os outros três amigos da loira também não estavam à vista.
  Pensando que ela tivesse voltado para o Salão Comunal, Diggory voltou para o Salão da Lufa-Lufa aproveitando para tomar um banho antes do jantar, poderia conversar com ela depois da refeição, talvez para relembrarem algumas das noites que ficaram depois do horário em alguma sala vazia conversando sobre assuntos diversos ou apenas aproveitando o tempo que tinham juntos.
  Cedrico suspirou reparando na falta que sentia da garota, desde as conversas bobas que tinham até os beijos que davam quando estavam completamente sozinhos. Foi só quando o jantar estava terminando e ele ainda não a tinha visto, o que já tinha o deixado um tanto preocupado, que Diggory começou a ouvir alguns comentários;
  — Eles foram pegos pela Umbridge, invadiram o escritório dela durante a confusão com os Weasley!
  — Falaram que eles estavam tentando conversar com Dumbledore!
  — Foram até a Floresta Negra e não voltaram mais!
  — Longbottom, Di-Lua e a garota Weasley também foram pegos!
  — Black azarou o Malfoy! 
  Quando ouviu a última frase, o que não parecia nem um pouco improvável, Diggory passou a observar a mesa da Sonserina procurando por Draco, mas não o encontrando. Tinha algo muito errado acontecendo e ele não fazia ideia do que poderia ser. Não parecia nem um pouco estranho os quatro tentarem invadir o escritório de Umbridge, mas não fazia ideia do motivo que os levaria a fazer aquilo. Alguma coisa muito séria precisava ter acontecido para chegarem àquilo, mas o que seria?
  Levantou-se de sua mesa ignorando as demais conversas dos amigos, procurou com os olhos na mesa dos professores, mas também não encontrou Snape ou McGonagall, talvez um dos professores soubesse o que estava acontecendo… Procurou inicialmente Minerva, mas a bruxa não estava em nenhum canto do castelo. Decidiu procurar por Snape, encontrou-o em sua sala, escrevendo em um pedaço de pergaminho.
  — Senhor…?
  — O que quer, Diggory?
  — Desculpe, estava procurando a Prof. McGonagall e…
  — Minerva foi levada ao St. Mungus ontem à noite após ser Estuporada — disse, sem se importar em dar muitos detalhes. Diggory sentiu o próprio queixo cair com a informação incompleta. Quem poderia ter atacado a professora? — O que precisa?
  — Ah… Eu soube… Eu ouvi… — começou não sabendo bem o que dizer, ainda atordoado com a ideia de Minerva McGonagall no St. Mungus. — Está tudo bem?
  Severo rolou os olhos impaciente antes de levantar-se e andar a passos largos pela própria sala em direção à saída. Por um momento Cedrico teve certeza que o professor o mandaria sair, principalmente quando o agarrou pelos ombros, mas ao invés disso, saiu junto com o lufano descendo rapidamente as escadas.
  — Potter teve uma falsa visão, acha que o Lorde das Trevas tem Black junto dele.
  — O quê?
  — Black é irresponsável, não seria surpresa nenhuma ser capturado — resmungou —, porém desta vez foi uma falsa visão, mas é claro que arrogante como Potter é, não sabe disso e nem considerou essa possibilidade.
  — Então… Eles estão na Floresta como falaram?
  — Não — negou em tom baixo, ainda o puxando pelo ombro. — Eles estão no Ministério.
  — Eles… O quê?
  — Foram para Londres, imagino que sete adolescentes sejam o suficiente para derrotar Comensais da Morte, não é mesmo? — comentou ironicamente.
  — É uma emboscada!
  — Me surpreende que para um aluno tão inteligente você tenha demorado tanto para entender algo tão simples, Diggory — Snape replicou áspero.
  O lufano ignorou o comentário, estava preocupado demais com o que estava acontecendo para ligar para o professor o chamando de idiota.
  — Como faço para chegar até lá? — perguntou de repente. Snape o encarou. — No Ministério…?
  O bruxo rolou os olhos, abrindo a porta da sala de Umbridge.
  — Você não vai, a esta hora a Ordem já está lá.
  — Sirius…?
  — Obviamente, ele gosta de chamar atenção.
  Diggory sentiu o coração acelerar, não tendo ideia do que poderia fazer para ajudar de alguma forma, uma sensação ruim dentro de seu peito. Não tinha como aquilo acabar bem, eles não podiam lutar contra Comensais da Morte. E se o próprio Voldemort aparecesse? E se, de fato, pegassem Sirius? E, pior ainda, se algo acontecesse com ?
  Como tinha sido tão burro de não ter percebido que tinha algo errado antes?
  Talvez se não tivesse sido idiota o suficiente durante o ano inteiro, não teria terminado com ele e ela teria contado o que estava acontecendo antes de invadirem o escritório da diretora ou antes de irem ao Ministério. Nunca se perdoaria se algo acontecesse com ela ou mesmo qualquer um dos outros, sabendo que talvez pudesse ter ajudado de alguma forma.
  Snape o empurrou em direção a cadeira mais próxima, dando a volta e sentando-se na cadeira da diretora.
  — O que…?
  — Só nos resta esperar por notícias da Ordem.  

  Talvez se a perguntassem o que tinha acontecido mais tarde, não soubesse explicar. Tinha sido tudo uma confusão de cores e feitiços, a última coisa que se lembrava com exatidão era de ter entrado para fazer a última prova do ano, depois daquilo nada parecia fazer sentido.
  Em um momento estava rindo com os amigos por causa dos gêmeos, no outro Harry tinha tido uma visão de Sirius sendo torturado. Em um instante estavam invadindo a sala de Umbridge e no outro ela tinha azarado Draco (esperava que o deixasse inconsciente por dias), depois disso encontraram com Harry e Hermione saindo da Floresta Negra e, então, voaram para Londres em Testrálios, o que era ainda mais estranho já que nem mesmo conseguia ver no que estava montada.
  E ao chegarem ao Departamento de Mistérios a verdade veio à tona: era tudo mentira.
  Sirius nunca esteve em perigo, mas agora eles estavam cercados por Comensais da Morte!
  Lembrava-se vagamente de ter gritado alguns feitiços, de ter acertado um ou outro Comensal, mas nada que fosse o suficiente para deixá-los em segurança.
  Harry tinha a profecia em suas mãos, mas nenhum deles tinha um plano para escapar.
  Estavam cercados e nada podiam fazer sobre aquilo.
  Porém, a maior surpresa daquela noite foi quando o capuz de um dos Comensais caiu e, assim que olhou em sua direção, a reconheceu, Victoria Lestrange Black estava parada diante de seus olhos.
  A mulher loira de olhos claros a encarou por alguns instantes, não parecendo nem um pouco surpresa de encontrá-la ali, apenas indiferente.
  — Mamãe e filha estão juntas, é? — Bellatrix riu ao notar as duas se encarando.
  No momento seguinte estavam todos presos e sem suas varinhas, enquanto Harry parecia não ter outra escolha a não ser entregar a profecia.
  E tudo voltou a acontecer muito rápido mais uma vez: Sirius apareceu, saindo do véu logo atrás de Harry e no momento seguinte a Ordem estava quase inteira ali.
  Seu pai a puxou junto com Harry para o canto, pedindo para manterem-se escondidos enquanto os adultos tomavam conta do resto. Permaneceram olhando todos os duelos que aconteciam por alguns minutos e logo viu seu pai olhar em direção a Victoria, do outro lado da sala, duelando com Dora! E então Sirius tomou o lugar da sobrinha. O casal se encarou por alguns instantes até Sirius sorrir irônico.
  — Como está, meu amor?
  Victoria sorriu da mesma forma, os olhos brilhando.
  — Muito melhor do que você, querido, os anos em Azkaban não te fizeram muito bem, não é?
  — Nem a você — respondeu no mesmo tom antes de erguer a varinha, uma luz vermelha saiu da mesma em direção à mulher que desviou com facilidade, logo devolvendo o ataque.
   assistiu sua mãe e seu pai duelarem, ignorando completamente o que acontecia ao redor, defendendo-se e atacando em um piscar de olhos.
  — Esse é o tipo mais estranho de briga de casal que eu já vi na minha vida — comentou Luna ao seu lado.
  Neville gritou quando Dumbledore apareceu, os Comensais pareceram ainda mais nervosos, incluindo Victoria que se distraiu por um instante, sendo atingida por um feitiço estuporante lançado por Sirius no momento seguinte, caindo desacordada.
  Sirius olhou ao redor, vendo Dora duelando com Bellatrix, deu um passo para ajudar a sobrinha, mas logo notou que algo não estava certo; Lestrange sorria como uma psicopata, o que seria normal se o bruxo não a conhecesse tão bem, tinha algo a mais ali. E ele estava certo.
  Bellatrix nocauteou Dora e virou-se para Sirius, mas não foi para ele que seu feitiço foi lançado, no último momento ela virou-se, apontando na direção de .
  Sirius gritou quando notou o que acontecia, mas não foi rápido para evitar que sua filha fosse atingida. Harry ainda tentou puxá-la para o lado quando viu o raio, mas não foi rápido o suficiente; a garota foi lançada vários metros ao ar, caindo com um baque forte no chão.
  Bellatrix gargalhou antes de esquivar-se de outros feitiços, derrubando Remo e correndo escada acima, escapando de Dumbledore no caminho.
  Potter encarou caída, desacordada, seu coração bateu acelerado, o medo espalhando-se por seu corpo. Seus olhos recusando-se a registrar a imagem com o medo do que aquilo poderia significar. A garota não se mexia, tinha tanto sangue…
  Sirius correu em direção à filha ignorando todo o resto, lágrimas já inundando os olhos do homem. Harry virou-se na direção das escadas, vendo Bellatrix no topo enquanto os demais Comensais estavam presos ou desmaiados.
  Pulou por sobre Rony que estava encolhido no caminho, pisando na mão do ruivo sem querer, antes de sair em disparada atrás de Bellatrix. Se algo acontecesse com … Era tudo culpa dela! Não, a culpa era dele mesmo por ter caído naquela armadilha! Mas não deixaria Lestrange sair impune.
  Sirius alcançou a garota puxando-a para seus braços e tirando parte dos cabelos loiros caídos por sobre o rosto desacordado da menina. Limpou parte do sangue que escorria, tentando estancá-lo com medo de tentar sentir o pulso da menina.
  Chacoalhou-a devagar nos braços, chamando seu nome sem ter qualquer resposta.
  Hermione tinha as mãos no rosto, lágrimas caindo incessantes por seus olhos, assim como de Luna e Gina. Neville e Rony olhavam para a cena sem saber o que dizer ou fazer. Quim aproximou-se aflito, enquanto Moody acordava Remo e Ninfadora, assim como o grupo de Comensais que havia sido estuporado, amarrando-os juntos.
  Victoria pareceu demorar alguns instantes para entender o que acontecia, sua cabeça latejando, seu olhar logo preso da reação assustada de todos os membros da Ordem que encaravam Sirius Black agachado ao canto, segurando alguém em seus braços. No segundo instante reconheceu os cabelos loiros que o ex-marido afagava.
  — Ela está morta? — questionou em voz alta, sendo ignorada por todos.
  — Bellatrix — Lucius disse ao seu lado, em um sussurro audível apenas para ela.
  Dumbledore deu passos largos em direção à garota, embora parte de si quisesse ir atrás de Potter, sabendo o que poderia estar acontecendo no outro andar. Ajoelhou-se ao lado de Sirius, o homem mais pálido do que ele jamais havia visto.
  — Eu não… Eu não consigo sentir o pulso… — soprou com a voz embargada, enquanto encarava o mais velho. — Ela não tem pulso… Dumbledore… Por favor… 

  Diggory roía as unhas, ansioso. Balançava o pé tentando conter um pouco da aflição que sentia, do nervosismo. Pareciam horas intermináveis sem qualquer notícia do que estava acontecendo, sem saber se estavam todos bem, sem saber se estava bem. Já estava escuro, era o meio da madrugada e eles ainda não tinham notícias.
  Snape parecia entediado, aproveitando para ler um livro que estava sobre a mesa, estava quase na metade quando ouviu um estalo vindo da lareira às suas costas.
  Severo e Cedrico viraram-se ao mesmo tempo para ver o que era, logo a voz de Quim fez-se presente no meio das chamas azuladas.
  — Voldemort não conseguiu a profecia — começou com a voz grave. Diggory levantou-se de sua cadeira se aproximando e agachando-se em frente a lareira.
  — Tá todo mundo bem? — perguntou nervoso, o coração acelerado.
  Quim ficou em silêncio antes de começar a responder.
  — Duelamos com os Comensais, Bellatrix estava entre eles. — Aguardou alguns instantes para continuar, parecendo não saber o que dizer, Diggory sentiu a mão tremer e o ar faltar.
  — Perdemos alguém? — questionou Severo finalmente.
  — foi levada ao St. Mungus desacordada, ainda não sabemos seu estado.

ONZE.

  Diggory batia o pé incessantemente, angustiado com a demora. Estava sentado em uma das cadeiras disponíveis na sala de espera do hospital junto com boa parte da Ordem da Fênix, os Weasley e Granger. Pelo que sabia, Sirius tinha sido arrastado pelo Ministério, ainda como o assassino foragido de Azkaban, mas Dumbledore, Quim e Olho-Tonto tentavam resolver a situação depondo a seu favor. E Potter tinha sido obrigado a ficar e dar um novo depoimento sobre todos os acontecimentos desde a Terceira Tarefa do Torneio Tribruxo.
  Ninfadora parecia tão nervosa quanto ele, a mulher roía as unhas enquanto esperava por notícias, havia dito que Andrômeda e Ted ainda não sabiam sobre o acontecido, pois resolveu aguardar por novidades antes de contar para evitar que os pais passassem pelo mesmo nervoso.
  Já fazia horas que estavam ali e não tinham dito absolutamente nada sobre o estado de . Tudo o que sabia era que a garota tinha chegado desacordada e quase sem pulso.
  Passados mais alguns longos minutos ouviram vozes alteradas e logo Sirius Black apareceu em um rompante, assustando as pessoas ao redor. Por sorte, Olho-Tonto foi rápido o suficiente para protegê-lo dos feitiços que alguns seguranças tentaram lançar sem que o homem se desse conta, preocupado em saber de sua filha.
  — O que aconteceu? Como ela está? — questionou com a voz rouca, olhando para todos e esperando que alguém pudesse lhe responder.
  — Ninguém sabe, Sirius — Dora começou, ficando em pé —, ainda não falaram nada.
  — Isso não pode ser bom, não é? Se fosse algo simples já teriam avisado. — Virou-se para a enfermeira que passava, puxando-a pelo braço. — Quero ver minha filha!
  — Sirius, se acalme — pediu Moody. — Você fazer um escândalo só vai render mais uma visita a Azkaban!
  Black pensou em argumentar, mas desistiu, jogando-se em uma cadeira próxima e baixando o rosto.
  Harry sentou-se ao lado dos amigos, acenando com a cabeça para Cedrico quando notou o loiro mais ao canto. Diggory queria saber exatamente o que tinha acontecido, mas não achava que era o melhor momento para perguntar. Conforme o tempo passava, sentia-se mais nervoso.
  Por que demoravam tanto para dizer como ela estava?
  Passados mais uns quinze minutos, Sirius levantou-se impaciente, pronto para invadir o quarto em que a garota estava para ver com seus próprios olhos o estado da menina, mas antes que seguisse pelo corredor, o bruxo responsável por apareceu sorrindo para o grupo.
  Cedrico demorou poucos segundos para reconhecer o medibruxo como sendo o pai de Monty.
  — Ela vai ficar bem, não se preocupem.
  Foi quase palpável a onda de alívio, Black chegou a colocar a mão sobre o peito parecendo tirar um peso sobre os ombros; as horas que passou depondo e as chances de voltar para Azkaban não foram nada perto do desespero de não saber como a garota estava e imaginar que o pior pudesse ter acontecido.
  — Eu já posso vê-la?
  — Ela está descansando — Eoin Montgomery informou, paciente —, mas já está fora de perigo. Ela perdeu bastante sangue, o problema não foi apenas a queda, mas o feitiço que foi utilizado. Demoramos mais do que o esperado para descobrir o motivo para ela continuar sangrando após o curativo. Ela irá precisar tomar uma poção por alguns dias, mas irá se recuperar completamente. Só é possível que ela acorde um pouco confusa.
  — Confusa como? — perguntou Dora com o cenho franzido.
  — Sem saber o que aconteceu nas últimas horas, nada sério, apenas temporário. Apenas evitem passar muita informação em pouco tempo, ela precisará descansar por alguns dias. E é melhor não entrar todo mundo ao mesmo tempo, temos um grupo grande aqui, o ideal é apenas um ou dois por vez.
  — Eu vou primeiro — avisou Sirius, já seguindo pelo corredor do qual o medibruxo tinha vindo.
  Cedrico sentiu-se um tanto frustrado, queria poder vê-la com seus próprios olhos, saber que estava bem, mas também imaginou a felicidade que ela sentiria quando visse o pai ao seu lado. Sorriu antes de voltar a sentar-se na cadeira, um tanto mais relaxado por saber que pelo menos ela não corria nenhum risco. E foi então que se permitiu virar para Dora e perguntar o que tinha acontecido no Ministério.

  A loira abriu os olhos demorando até conseguir focar sua visão em algo, notando o quarto claro no qual se encontrava. Por alguns instantes achou que estivesse na Ala Hospitalar, mas então notou que o local não era conhecido, era um quarto melhor e tinha apenas mais uma maca vazia ao seu lado direito. Sentiu o corpo doer quando se mexeu, sua cabeça parecia pesar uma tonelada e a dor era forte a ponto de fazê-la querer fechar os olhos e voltar a dormir o máximo possível, a claridade parecia atrapalhar ainda mais sua situação.
  Respirou fundo sentindo-se um tanto enjoada, mas ao olhar para o lado viu Cedrico deitado, todo torto, numa cadeira que não parecia muito confortável. Diggory parecia cansado, dormia desajeitado e ela pensou na dor que ele sentiria quando acordasse. Sorriu pequeno por saber que ele estava ali, que ele havia se preocupado mesmo que não estivessem juntos.
  Suspirou olhando para o lado, tentando recobrar as lembranças da luta no Ministério, sem saber como tinha acabado; lembrava-se de Dumbledore aparecendo. Harry ao seu lado e seu pai lutando com Bellatrix.
  Um arrepio passou por sua espinha e o ar pareceu faltar por alguns instantes.
  Será que Sirius estava bem?
  Por que não estava ali com ela?
  Será que tinha sido capturado?
  — Ei! — Ouviu a voz baixa de Cedrico enquanto o lufano coçava os olhos, passando a mão pelos cabelos bagunçados. — Como está?
  — Tudo bem, acho. — Sorriu pequeno, tentando não lhe passar o desespero que sentia. “Ele está bem, ele está bem, repetia como um mantra, tentando focar-se no que Diggory falava e aos poucos tentando entender o que tinha acontecido e descobrir se estavam todos bem. O medo de perguntar em voz alta e ter uma resposta negativa era grande demais. O que faria se Sirius não estivesse bem? E se ele estivesse em Azkaban?
  Cedrico, por sua vez, comentou superficialmente sobre como ela tinha ido parar no St. Mungus, alegando que não tinha todos os detalhes por medo de ela ficar nervosa ao saber como as coisas tinham se desenrolado. Diggory então puxou um novo assunto, tentando conversar sobre coisas banais ao invés de pensarem sobre os últimos acontecimentos.
   aceitou a conversa, dando continuidade na mesma, seu peito ainda parecia apertado sem saber sobre Sirius, mas o medo de confirmar que ele estava em Azkaban era maior do que qualquer coisa naquele momento.
  — Bem, talvez tenhamos uma boa notícia em Hogwarts para o próximo ano — Cedrico começou sorrindo pequeno, o encarou curiosa. — Umbridge não vai continuar, não depois dessa noite. Imagino que são menos chances de você perder alguns pontos!
  A garota sorriu, concordando com a cabeça.
  — Não sei bem, talvez tenha que me cuidar mais agora que você não vai estar mais lá para encobrir minhas fugas.
  Diggory concordou sorrindo nervoso, era estranho demais pensar que não estaria na escola no próximo ano e que talvez estivesse trabalhando ou qualquer outra coisa que bruxos formados faziam.
  — Quando vai ser sua formatura?
  — Hm… Daqui duas semanas, de acordo com minhas notas…
  — Como se tivesse alguma chance de você ser reprovado — a garota comentou tranquila, fazendo-o rir baixo. — Serei convidada para te ver em trajes a rigor novamente?
  Diggory concordou sorridente, sentindo o rosto esquentar por um momento ao lembrar-se do tempo que passaram juntos durante o Baile de Inverno.
  — Espero contar com sua ilustre presença. — Piscou divertido, vendo-a concordar com um aceno.
  O loiro chegou a abrir a boca para comentar algo, mas desistiu, olhando para suas mãos com o cenho franzido.
  — O que foi?
  — Hm… Eu iria comentar sobre o Baile, mas… Bem… — Deu de ombros, sem graça.
   concordou sem nada dizer, ainda era uma das melhores noites que tinha tido na vida, só não era melhor do que a noite que havia encontrado Sirius pela primeira vez e descoberto que ele era inocente.
  — Eu estive pensando… — Pigarreou, querendo que a voz saísse mais confiante. — Eu sei que as coisas estão um pouco estranhas ainda, mas…
   o encarou, esperando que ele continuasse, sentindo o estômago revirar em expectativa.
  — Será que podemos voltar a ser amigos? Mesmo que não seja como antes… Quer dizer… Eu só… Eu só não gostaria de perder totalmente o contato com você…
  A loira concordou, sorrindo em sua direção. Um tanto triste por saber que o máximo que ele estava querendo era sua amizade, no fundo esperava que ele fosse propor dos dois voltarem, mas pensando bem, talvez ele não quisesse por estar quase fora de Hogwarts. Se já havia sido difícil com eles podendo se ver quase todos os dias, nem mesmo imaginava como seria complicado agora que eles nem mais estariam juntos na escola.
  — Eu adoraria, Ced. Espero que me mande corujas mesmo estando ocupado com o que for fazer depois das férias!
  O lufano riu garantindo que mandaria várias, antes de inclinar-se para beijar-lhe a bochecha. Não era nem de longe o que ele queria, mas era melhor do que nada. Pensaria nos próximos passos depois que já estivesse recuperada e eles pudessem se encontrar fora do hospital.
  Continuaram conversando por mais alguns instantes, até que a porta abriu de supetão e Sirius entrou ansioso. O homem focalizou sua visão na loira, acordada e conversando na cama e o sorriso gigante em seu rosto não pôde ser evitado, andou em sua direção extremamente aliviado por vê-la consciente. Tinha passado horas ao seu lado quando ainda estava desacordada, apenas para saber que ela estava bem e queria ter esperado para quando ela acordasse, mas ainda precisou voltar para dar mais alguns depoimentos ao Ministério já que só tinha conseguido algumas horas para visitá-la.
  — Finalmente, achei que precisaria de alguma poção para você acordar!
   abriu o mesmo sorriso, respirando fundo ao ver seu pai ali antes de sentir os braços do mais velho ao seu redor, apertando-a por alguns longos minutos. O medo sumindo de seu ser, o coração batendo tranquilo e o peito parecendo mais leve.
  Sirius se afastou alguns centímetros, colocando as mãos em seus ombros, encarando-a sério.
  — Se você ousar me deixar preocupado dessa forma outra vez eu juro que você vai passar o resto da vida de castigo!

   havia sido liberada do St. Mungus e pôde ficar em casa ao invés de ir para Hogwarts nos últimos dias, já que nem prova nem aula ela teria. Só voltou para a escola um dia antes do término para a formatura de Cedrico. Usava um vestido preto com pequenas pedrinhas brilhantes, um salto não muito alto e os cabelos loiros presos em um penteado bonito com algumas mechas soltas e onduladas.
  Notou, assim que passou pelos corredores, os olhares de vários colegas sobre si e, embora seu orgulho insistisse em dizer que sim, sabia que não era por seu vestido bonito que a encaravam.
  Além de saberem que ela era filha de Sirius Black, o bruxo que passou anos em Azkaban e depois ficou 2 anos foragido e havia acabado de ser inocentado, mas era claro que grande parte da comunidade bruxa não estava convencida. Parte deles ainda olhavam incertos em sua direção, um pouco assustados, a outra metade olhava com curiosidade, cochichando ao seu redor sobre o assunto.
  Encontrou os Diggory junto com outros pais na entrada do Salão Principal, esperando pelo início da cerimônia.
  — , querida! Como está? — perguntou Rachel ao vê-la, abraçando-a por alguns instantes e olhando para seu rosto, procurando vestígios do acidente de dias antes.
  — Estou bem, obrigada. — Sorriu antes de cumprimentar Amos, os dois virando para elogiá-la, dizendo o quão bonita estava.
  — Ced vai ficar feliz em te ver assim, hein? — comentou o homem brincalhão, levando uma pequena cotovelada da esposa que lhe negou com a cabeça. Talvez tivesse esquecido que eles tinham terminado, ou talvez tivesse feito de propósito; Amos era muito bom em fazer comentários inconvenientes às vezes.
  — E Sirius? — questionou Rachel olhando por sobre o ombro da loira, esperando encontrar o homem caminhando em direção ao pequeno grupo.
  — Ah, ele não achou uma boa ideia vir, ainda tem muita gente comentando sobre tudo… Papai achou que chamaria mais atenção que os formandos. — Coçou a nuca sem graça. Os Diggory concordaram com um aceno, ao tempo que a mais velha lamentava que ele não pudesse comparecer.
  Quando as grandes portas de carvalho foram abertas, o grupo com cerca de 60 pessoas, entre pais, irmãos e outros familiares, seguiu em direção às cadeiras enfileiradas. As quatro mesas compridas tinham sido retiradas dando lugar para cadeiras individuais na frente da mesa dos professores, a qual também não estava mais presente, embora os professores todos se encontrassem por ali.
  Não demorou muito para a cerimônia começar com os diretores de cada Casa chamando os nomes dos formandos que vinham de um corredor lateral para pegarem suas varinhas em um sinal de que, agora, poderiam usá-las fora de Hogwarts.
  Assim que os alunos da Corvinal, Grifinória e Sonserina saíram, a Professora Sprout foi mais a frente, começando a chamar os alunos da Lufa-Lufa; Cedrico, como tinha sido o único a se formar com honras, foi o último a ser chamado, pois seria ele quem encerraria a cerimônia:
  — Cedrico Edmund Diggory!
  O rapaz andou em direção a professora, ouvindo uma salva de palmas e os gritos animados que ele reconheceu virem de seu pai e , fazendo-o segurar a risada enquanto negava com a cabeça.
  Olhou rapidamente para eles assim que a professora entregou sua varinha, agradecendo antes de apertar a mão de Dumbledore e dos demais professores. Parou ao lado do diretor para iniciar seu discurso, o qual tinha treinado algumas vezes em frente ao espelho. Sorriu na direção de , antes de pigarrear e começar em seu tom mais formal possível:
  — Boa noite a todos, agradeço em nome dos meus colegas a presença de vocês hoje. — Virou-se para Emmett rapidamente, o qual segurava a risada e agradecia mentalmente por não precisar fazer aquilo. — Depois de sete anos, finalmente estamos livres das aulas e estudos, — ouviu alguns gritos aliviados dos colegas —, infelizmente, é claro, — recomeçou encarando-os — essa era a parte fácil e agora perdemos a vida boa. — Fez uma careta para os amigos, sendo acompanhado com lamentos e suspiros. — De qualquer forma, foram sete anos de muito aprendizado para o que nos espera daqui para a frente…
   sorria conforme Diggory falava, parecendo extremamente confiante em tudo o que dizia. Quando o discurso terminou, após mais uns dois minutos, ele tornou a agradecer aos convidados e foi aplaudido ao descer em direção aos pais, sendo abraçado pelo casal antes de virar-se sorridente para a loira.
  — Fico feliz que tenha vindo! — disse um pouco constrangido ao abraçá-la.
  — E você achou que eu perderia a formatura do melhor aluno, Capitão e Monitor de Hogwarts? — Piscou, vendo-o rir. — Papai pediu desculpas por não poder vir, ele achou que não seria uma boa roubar a atenção da noite!
  Cedrico sorriu concordando antes de andarem para uma das mesas pequenas que, assim que a cerimônia das varinhas tinha se encerrado, apareceram pelo salão. Todas com os nomes dos alunos que se formavam e o número de convidados que cada um tinha.
  Os quatro conversaram por algum tempo antes do jantar ser servido e, após quase uma hora, uma música começou a tocar. Cedrico aproveitou o momento para chamar para uma dança, que ela aceitou na mesma hora, aproximando-se dos outros estudantes que também dançavam na pequena pista improvisada.
  Ficaram em silêncio por alguns minutos, apenas dançando abraçados.
  — Como estão as coisas? — puxou o assunto, virando-se para olhá-la.
  — Tudo bem, quer dizer… — Suspirou. — Estamos bem, mas tem sempre alguém esperando para tentar ver meu pai e nem todos parecem confiar que ele não é um foragido.
  — Imagino que ainda vá demorar um pouco para isso mudar, mas pelo menos agora o Sirius pode sair de casa, não é?
  — Sim, mas ele ainda prefere fazer isso como cachorro, diz que é mais fácil! — confessou, vendo-o rir ao saber.
  — Tenho certeza que logo todo mundo esquece isso e Sirius vai andar livremente por aí! — garantiu, acenou sorridente. — Acho que não comentei antes, mas você está realmente bonita hoje.
  A garota corou fortemente, agradecendo em voz baixa.
  Era estranho ficar tão tímida em sua presença depois de tanto tempo juntos, parecia que estavam de volta no tempo quando não sabiam que gostavam um do outro.
  Continuaram dançando, conversando sobre coisas aleatórias, mas quanto mais ficavam juntos, mais Cedrico pensava na falta que sentia dela ao seu lado e no quanto ele tinha errado para causar a separação dos dois. E sabia que a pior parte tinha sido por seu ciúmes exagerado.
  — O que foi? — perguntou quando notou o cenho franzido e o olhar baixo do lufano.
  Diggory sorriu pequeno, dando de ombros.
  — Sinto sua falta.
   parou de dançar, encarando-o por um instante. Cedrico apenas a olhou, sem saber se tinha dito algo errado, mas no momento seguinte a garota colocou as mãos sobre seus ombros, esticando-se para juntar seus lábios.

DOZE.

  Diggory ajeitou o cabelo, olhando-se no espelho e confirmando que estava bem apresentável.
  Sentia o nervosismo querer dominá-lo, um frio na barriga parecido com os dias que jogava Quadribol, só que muito pior. Era seu primeiro passo no mundo real, a partir deste dia não tinha mais Hogwarts, pontos ganhos ou salas de aula. Daquele momento em diante Cedrico estava em uma realidade completamente diferente dos últimos sete anos e nem mesmo sabia se estava pronto para aquilo, no fundo, temia que seu tempo na Escola não tivesse sido o suficiente.
  Respirou fundo, encarando seu reflexo por alguns instantes antes de deixar o olhar focalizar em uma foto presa no canto do espelho, tirada quase dois anos atrás na Copa Mundial: usava um cachecol da Irlanda, os cabelos bagunçados por causa do vento, rindo em sua direção. Cedrico puxou-a com cuidado olhando para a imagem da garota por algum tempo, era uma de suas fotos preferidas dela, lembrava-se daquele momento como se ela estivesse ao seu lado, rindo por causa de uma piada que ele tinha feito. Suspirou antes de tornar a prendê-la no espelho, o estômago agora revirava por causa da falta que sentia de Black, a qual não via desde o dia de sua formatura há quase seis semanas.
  Tinham trocado algumas cartas durante aquele tempo, mas estava de férias com Sirius e haviam deixado a Inglaterra no mês anterior. No fundo não sabia se mudaria muita coisa se ela estivesse em casa, depois do beijo durante sua formatura, nenhum dos dois tocou mais no assunto. Acabaram apenas sorrindo sem graça e, mesmo que parte de Diggory tivesse esperanças que tudo voltasse ao normal, soube que não seria assim tão simples quando Black, sutilmente, desviou de pegar em sua mão ao voltarem para a mesa. Queria conversar logo com ela, mas não achava certo fazer aquilo por cartas, então continuava esperando que ela voltasse para casa para ver como seria o relacionamento dos dois a partir disso.
  Saiu de seu quarto, caminhando lentamente até a cozinha, pegando qualquer coisa para comer antes de ouvir seu pai o chamando para irem ao Ministério. Sentia uma corrente de nervosismo passar por seu corpo, nem mesmo sabia o que faria no trabalho e sentia uma pressão extra por saber que a razão de ter conseguido aquela vaga era justamente por ser filho de Amos Diggory. Estavam apenas lhe fazendo um favor e Cedrico não queria perder aquela chance.

  Diggory passou a semana um tanto quanto entediado, mas se lhe perguntassem no trabalho ele sempre dizia estar satisfeito e empolgado. Na verdade, por estar nos seus primeiros dias e ainda ser recém-graduado, só o que ele fazia era revisar alguns textos e documentos que nem eram assim tão importantes no momento. Esperava que ao fazer tudo certo, pelo menos recebesse algo mais interessante para fazer, já que até então só não estava mais chato do que as aulas do Prof. Binns.
  O que melhorou seu humor durante aquela semana foi conseguir os mesmos horários de Daves e com isso conseguirem sair para almoçar quase todos os dias ao mesmo tempo, já que o moreno também estava iniciando seu trabalho como Desfazedor de Feitiços — nada tão glamoroso quanto o corvino esperava, mas claramente mais empolgante que o trabalho de Diggory até o momento. E em duas semanas Monty deveria iniciar seu treinamento para o Departamento de Mistérios então possivelmente conseguiriam se encontrar com alguma facilidade. Esperava mesmo que as coisas melhorassem para ele com o passar do tempo, pois era até um pouco humilhante imaginar que os dois amigos estariam lidando com coisas muito melhores do que ele.
  Sua sexta-feira, no entanto, foi muito melhor do que o esperado e não por ter qualquer novidade no trabalho, mas por ter recebido uma carta de no dia anterior dizendo já estar de volta em Londres e que ele poderia visitar a casa quando quisesse. 
  Quando saiu do trabalho, avisou ao pai que primeiro passaria na casa dos Black, vendo Amos arquear a sobrancelha, sorrindo de canto ao dar um tapinha em suas costas. O mais novo fez questão de ignorar o gesto antes de se afastar. Aparatou pouco depois no Largo Grimmauld, encarando as casas enquanto esperava a número 12 se materializar; mesmo não sendo mais um fugitivo, Sirius ainda mantinha a casa sob proteção, assim evitando os trouxas e vários bruxos curiosos.
  Bateu na porta e esperou por alguns instantes, ouvindo passos logo depois.
  — Cedrico! — sorriu ao olhá-lo, dando espaço para que o mesmo entrasse.
  — Como vai? — cumprimentou, beijando-lhe a bochecha. — Como foram as férias?
  — Maravilhosas! — respondeu animada. Cedrico reparou enquanto andavam pelos cômodos que a garota estava bem bronzeada. — Estou até triste que acabaram, mas ainda tenho que comprar meu material e fazer alguns trabalhos antes de voltar pra escola!
  Caminharam pelo corredor em direção à cozinha na qual Sirius parecia entretido cozinhando.
  — Diggory, por que não estou surpreso? — Deu uma risadinha debochada para o rapaz, vendo-o corar levemente ao aproximar-se para um aperto de mãos. — Soube que começou a trabalhar?
  — Sim, um pouco chato na verdade. — Deu de ombros, rindo sem graça ao sentar-se em uma das cadeiras ao redor da mesa. Explicou o que fazia para os dois, tendo a atenção dividida entre sua história e Sirius reclamando que não estava dando certo a receita que Andrômeda havia passado. — De qualquer jeito, como foi meu pai quem conseguiu o trabalho, acho que não posso reclamar muito, não é?
  — O que quer dizer? — questionou confusa.
  Cedrico passou a língua pelos lábios, parecendo ainda mais sem graça.
  — Estou meio que “em teste”, sabe? E só consegui isso porque meu pai tem um cargo bom no setor de Execução de Leis.
  Sirius gargalhou, negando com a cabeça, fazendo os dois o encararem confusos.
  — Você deve ser bem ingênuo para acreditar nisso, Diggory. Por mais conhecido que seu pai possa ser, não foi por causa dele que você conseguiu seu emprego.
  — Perdão?
  Black encarou-o por um instante, sorrindo de lado.
  — Minerva disse que você era um dos melhores alunos de Hogwarts. Se formou com honras, não foi? me disse que sua pior nota foi um “Excede Expectativa” no NIEM’s. Seu currículo escolar já é melhor que mais da metade das pessoas que trabalham no Ministério. Se dê um pouco mais de crédito, Cedrico — disse antes de voltar a mirar a panela que fervia. — Seja lá o que Andy faz, não é nada parecido com isso. Vou sair para comprar comida, vocês dois se comportem até eu voltar! — Apontou com o dedo para Diggory antes de usar a varinha para esvaziar o conteúdo da panela.
  Cedrico apenas concordou com um aceno.
  — Já sei com quem você não aprendeu a cozinhar!
   riu, concordando com um aceno.
  — É porque você não viu ele tentando cozinhar comida espanhola, muito pior.
  — Como foram as férias? — perguntou, sorrindo.
  — Boas, muito boas. Fomos para uma cidade de trouxas na Espanha com uma praia muito bonita! Nos últimos dias passamos por um vilarejo bruxo de lá porque papai queria comprar umas bebidas. — Sorriu pequeno, negando com a cabeça. — Tenho quase certeza que ele saía à noite, depois que eu tinha ido dormir.
  — Por quê? — questionou genuinamente curioso.
  — Digamos que ele pareceu bem interessado na dona do restaurante trouxa, jantávamos lá quase todas as noites.
  — Seu pai teve um encontro?
  — Provavelmente mais de um — fez careta —, nunca perguntei porque é o tipo de coisa que não preciso saber sobre ele. Mas não duvido que ele volte pra lá quando eu estiver em Hogwarts!
  — Caramba… — franziu o cenho, também não imaginava Sirius tendo encontros, mas talvez apenas porque nunca tivesse realmente pensado a respeito — bem, até faz sentido… Quer dizer, ele não chega a ser velho, não é? Sirius tem quantos anos?
  — Trinta e sete. Não me importo que ele tenha encontros, até ficaria surpresa se não tivesse, porque ele é bonitão — deu de ombros —, o problema é pensar sobre isso.
  Cedrico gargalhou, concordando.
  — Também não gosto muito de pensar sobre meus pais e o relacionamento deles!
  Os dois ficaram em silêncio por um momento.
  — E você já está cem por cento melhor desde a invasão no Ministério? — perguntou, referindo-se ao incidente com Bellatrix há quase dois meses.
  — Sim, já estou pronta pra outra! — Piscou, vendo-o negar com um aceno.
  — Não foi a melhor das experiências te ver em uma cama de hospital… — Suspirou, vendo-a rir baixo.
  — Agora você sabe como eu me senti durante as provas do Torneio Tribruxo!
  Cedrico concordou, rindo antes de encará-la por um instante, passando a língua pelos lábios.
  — Estou pensando em entrar na Ordem… — contou em voz baixa, querendo saber a reação da garota. — Quim falou comigo sobre isso quando fui ao Ministério para deixar alguns documentos antes de começar a trabalhar…
  Black o encarou, sorrindo leve.
  — Faz sentido, Moody queria te recrutar no verão passado.
  — Sim… Mas não sei se vou conseguir ajudar tanto assim… — explicou, sentindo-se um tanto incerto.
  — Bem, é como papai disse, você deveria se dar um pouco mais de crédito, Cedrico, você era o melhor aluno em Feitiços e Transfiguração, não é?
  — Não acho que seja suficiente pra isso. Foi por isso que conversei com Quim, pra saber se teria como ter algum treino extra, entende? Aprender mais coisas.
  — O que ele disse?
  — Que Moody provavelmente vai querer me ensinar pessoalmente.
   riu baixo.
  — Se prepare, quando Dora estava treinando para ser Auror com ele, vivia reclamando que ele era muito severo.
  Cedrico concordou sorrindo, aproveitando que estavam sozinhos para iniciar outro assunto:
  — Eu queria conversar com você sobre outra coisa também, mas entendo se você não quiser.
  A garota o encarou, esperando que ele continuasse.
  — Eu… Bem, queria saber se… — Coçou a nuca um tanto constrangido sem saber o que dizer. Tinha treinado aquilo tantas vezes, imaginando tudo o que falaria quando estivessem juntos, mas não parecia capaz de lembrar-se de nada no momento. — Queria, sabe…? Vou entender se você não quiser mais sair comigo, talvez no seu lugar eu fizesse o mesmo… — Suspirou, sem coragem de encará-la, olhando para as próprias mãos em cima da mesa de carvalho. — Eu só… Não queria manter isso tão estranho como nos últimos meses. Sinto sua falta, e tudo bem se você quiser manter só amizade, mas… Eu queria saber se teria outra chance com você... — Olhou-a de canto, reparando que a garota também não o encarava, parecia um tanto pensativa, olhando para a parede.
  — Você acha que poderíamos ser só amigos, Ced? Como antes? — perguntou, olhando-o por um instante. Diggory passou a língua pelos lábios, pensando por um momento. Sorriu triste ao constatar que nunca seria igual, pois achava que seria impossível ter ela por perto e não esperar que em algum momento as coisas fossem mudar.
  — Então… é isto, não é? — questionou chateado. — Sinto muito.
  — Bem — coçou o nariz, olhando-o divertida em seguida —, não acho que a culpa foi inteiramente sua, não é como se eu não quisesse ter te beijado.
  Diggory riu sem jeito, ainda sem conseguir olhá-la.
  — Cedrico? — chamou-o após alguns instantes de silêncio, o rapaz a olhou sem saber direito o que fazer. — Você quer voltar a namorar comigo?
  O loiro pareceu confuso por alguns segundos.
  — Eu… É claro que sim! — respondeu afoito. — Mas não entendo, você disse que queria ser minha amiga…
  — Não, eu perguntei se você achava que poderíamos ser apenas amigos, como antes. Nunca disse que era o que eu queria!
  Cedrico se sentiu estúpido ao notar o tempo que passou a encarando, demorando a entender e rindo de si mesmo pouco depois.
  — Espere só até eu contar ao seu pai que foi você quem me pediu para voltar! — Os dois riram divertidos e Cedrico se aproximou mais da garota sentada ao seu lado. — Eu sou completamente apaixonado por você, Black — soprou levemente contra seus lábios antes de beijá-la. 

   estava terminando de arrumar seu malão para iniciar mais um ano em Hogwarts enquanto o pai e Cedrico esperavam na sala, conversando sobre Quadribol e alguns outros assuntos aleatórios.
  — Senhor, eu estava pensando… Queria na verdade pedir um favor… — começou Diggory, fazendo Sirius arquear a sobrancelha.
  — Outro além de eu permitir que namore minha filha? — Viu-o rir sem graça, acenando com a cabeça. — Pode dizer, Cedrico, e, pelas barbas de Merlin, quantas vezes vou precisar dizer para parar de me chamar de senhor? Já passamos dessa fase.
  — Desculpe, Sirius… — recomeçou, pigarreando um tanto envergonhado. — Bem, não sei se a comentou com você… — Olhou-o por um instante, esperando alguma reação enquanto falava. — Mas Quim conversou comigo sobre eu entrar na Ordem, gostaria de ajudar de alguma forma, entende?
  — Sim, sim, Ninfadora me contou que estavam considerando falar com você assim que saísse de Hogwarts. Você vai começar a aprender algumas coisas com Alastor, não?
  — Sim, senhor… Digo, Sirius… — Suspirou, coçando a nuca. — Não que ele não seja incrível, é claro, mas, bom…
  — O que foi, Diggory? — perguntou o homem, finalmente, vendo-o cada vez mais vermelho e sem graça. Se não estivesse tão curioso, faria alguma piada.
  — Eu queria saber se você poderia me treinar também? Entendo se não puder ou quiser…
  — Eu? Por quê?
  — Bem, eu sei que você era muito bom com feitiços em Hogwarts e ainda conseguiu virar um Animago no quinto ano, não? Independente do motivo, isso era muito avançado… E eu sei que você sabe alguns feitiços que eu nem faço ideia de como executar ou mesmo os conheça, entende? Sem contar que foi o único a fugir de Azkaban, não?
  Sirius olhou para o lado, tentando segurar o sorriso orgulhoso e um tanto arrogante, sabendo que o que o outro tinha dito era verdade, mas era ainda melhor por escutar de outra pessoa. Ainda mais ao ver que Cedrico parecia impressionado com cada feito do homem e, bem, o rapaz namorava sua filha, era bom saber que tinha algum respeito.
  — Acredito que te ensinar algumas coisas seja o mínimo para retribuir a comida que você me deu há alguns anos, não? — comentou, não querendo soar tão amigável. 
  — Achei que era por isso que você estava ok comigo saindo com sua filha... — brincou, sorrindo de lado.
  — Bem, isso também, mas sendo tão parecida comigo, se eu dissesse não era capaz de vocês aparecerem casados na semana seguinte. — Deu de ombros, vendo-o rir ao concordar. — Pois muito bem, Diggory, vou conversar com Olho-Tonto para ver os horários e o que ele planeja te ensinar e partimos disso.
  Cedrico concordou satisfeito, empolgado com a possibilidade de aprender tantos feitiços novos com dois dos maiores bruxos que ele conhecia.
  — Obrigado, Sirius!

  Os dois andavam juntos pela estação em direção à plataforma de embarque. Sirius tinha sido convencido a deixar de sair como cachorro, pois a garota queria poder finalmente se despedir dele decentemente antes de embarcar para a Escola e, mesmo que achasse que seria um tanto incômodo, não pôde negar-lhe aquilo, também querendo ter aquele momento de pai e filha. Atravessaram juntos o portal enquanto conversavam, não demorou muito para Sirius começar a reparar nos olhares que recebiam, mas tentou ignorá-los permanecendo junto à filha enquanto esperavam por Harry que chegaria junto com os Weasley.
  — Finalmente, achei que tinham perdido o horário! — Ouviram uma voz familiar, virando-se para o lado e encontrando Dora, junto com Andy, Ted e Cedrico.
  — O que todos vocês estão fazendo aqui?
  — Encontrei com Ced no Ministério sexta e ele me falou que Sirius não viria de cachorro! — Piscou divertida, cumprimentando os dois.
  — Sem contar que estávamos com saudades de te trazer para embarcar! — comentou Andy, abraçando-a apertado. — Quase não aparece para nos visitar!
  — Tia, eu tava lá na quinta-feira! — Negou com a cabeça, rindo com o drama.
  — Foi o que eu falei, mas você acha que ela me escuta? — Ted rolou os olhos, sorrindo antes de abraçá-la.
  — Achei que você estaria com Olho-Tonto? — questionou Sirius um tanto confuso com a presença de Diggory, tinha permitido que o casal ficasse sozinho por alguns minutos na noite anterior, acreditando que não se veriam na estação.
  Cedrico deu de ombros, rindo culpado.
  — Talvez eu esteja um pouco atrasado… — Abraçou a namorada de lado, beijando-lhe a bochecha apenas para evitar problemas futuros com o mais velho.
  — Nossa, vocês realmente não vivem sem mim, não é? Veio todo mundo me dar tchau! — soltou sorridente ao olhar para o grupo, todos a encararam por alguns instantes, rolando os olhos ou negando com a cabeça.
  — Mas você é bem filha do seu pai! — Andy negou, rindo. Sirius deu uns tapinhas desajeitados em sua cabeça, quase como se acariciasse um animal de estimação.
  — Criei muito bem nos últimos anos!
  — Ah, os ruivos! — Dora acenou para o grupo que tinha acabado de passar pelo portal, Harry e Mione os acompanhavam. Potter foi sorridente em direção ao padrinho, apertando-o em um abraço.
  — Ainda bem que chegaram, já estava pensando que eu iria sozinha pra Hogwarts e precisaria me esforçar mais para perder pontos em nome de todos nós! — brincou , abraçando os amigos e os Weasley rapidamente.
  Hermione negou com a cabeça.
  — Por um segundo pensei que você iria se esforçar para dar o seu melhor...
  — Oras, Mione, mas o nosso melhor é perder pontos! — Harry deu de ombros, concordando com a loira.
  — Quem mais vai desafiar o Ministério se não nós? — argumentou Rony do seu canto.
  — Saudades da Hermione que fundou a Armada de Dumbledore! — Gina suspirou ao lado, fazendo os outros rirem. Os estudantes se despediram do grupo, com muitos abraços e recomendações para, de fato, escutarem Hermione e ficarem longe de tantas confusões.
  — É tão legal vocês ainda acharem que a gente vai se comportar… — Rony sorriu, olhando para sua mãe que fechou a cara no mesmo instante.
  — Sim, em cinco anos de Hogwarts invadimos a Floresta Negra, a sala do Snape e o próprio Ministério, mas no sexto ano vamos apenas estudar! — concordou , rindo enquanto negava com a cabeça.
  — Quando foi que vocês invadiram a sala do Severo? — questionou Dora surpresa.
  Rony, Hermione e Harry encararam a loira com os olhos arregalados.
  — Que foi? Eu não sabia que era segredo!
  — Pelo menos dessa vez vocês não perderam pontos. — Gina riu com o comentário.
  — Só tentem não serem expulsos, lembrem-se que vocês ainda têm alguns anos para se formarem — acrescentou Sirius divertido com a conversa.
  — E todos sabemos que Hermione não será tão legal como eu para acobertar as saídas de vocês fora do horário — relembrou Diggory, vendo , Harry e Rony virarem-se para encarar Granger.
  — Ah, mas agora que você não está mais em Hogwarts não tem por que a sair da Torre depois do horário, não é, ? — Gina cutucou-a com o cotovelo, vendo Sirius engasgar com a própria saliva, recebendo tapinhas nas costas dados por Ted, o qual achava a situação inteira muito divertida.
  — Como é que é?
  Diggory ficou roxo, mas a loira apenas encarou a mais nova, dando de ombros.
  — Ginevra, se você quiser me constranger precisa mais do que insinuar que eu saía toda noite para beijar o Cedrico!
  — Como é? — Black tornou, olhando de um para o outro.
  — Olha, vocês vão voltar para Hogwarts, mas eu continuo vendo o Sirius toda semana, agradeceria se parassem com os comentários — pediu Cedrico, juntando as mãos como se implorasse.
  — Muito bem, é melhor vocês embarcarem antes que o bonitão aqui tenha uma morte precoce! — disse Dora aos risos.
  Diggory e Tonks se davam muito bem, se viam quase todos os dias no Ministério e também andavam juntos após o trabalho. Vez ou outra Dora dava algumas dicas de feitiços para ele, ajudando-o como podia. Além de saírem para beber algumas vezes para conversarem sobre coisas banais ou sobre o quão frustrada Ninfadora ficava sempre que Remus não entendia seus comentários ou fingia não entendê-los. Até o momento Cedrico era o único que sabia sobre os sentimentos da mulher pelo mais velho, e ela gostava de ter contado, Diggory era um bom ouvinte e conselheiro.
  Despediram-se mais uma vez, abraçando todos antes de embarcarem, virou para Cedrico, o qual fez menção de inclinar-se para beijá-la, mas viu Sirius parado encarando os dois de braços cruzados, por isso só suspirou e beijou-lhe a bochecha, vendo-a rir ao negar.
  — Medroso! — sussurrou ao abraçá-lo apertado.
  — Ele pode fingir que estava me treinando e me matar escondido, ok? — respondeu em meio a risadas. Antes de subir no trem, deu a volta correndo, fazendo o grupo olhá-la confuso, achando que tinha esquecido algo, mas ela apenas aproximou-se puxando Cedrico pela camiseta, beijando-lhe os lábios rapidamente.
  — Tchau, Ced!
  Diggory sorriu de lado, passando a mão pelos cabelos quando ela se afastou.
  — Eu não fiz nada! — Levantou as mãos, olhando para o pai da namorada que rolou os olhos.
  — Graças a Merlin vocês vão passar alguns meses separados!
  Esperaram o trem partir e, assim que virou a primeira curva, despediram-se uns dos outros antes de aparatarem para fora da estação. 

  Alastor Moody resmungou frustrado com o atraso do outro, reclamando ainda mais quando ele explicou que tinha ido até Kings Cross.
  — O que estamos fazendo aqui é importante, Diggory, você pode beijar sua namorada mais tarde.
  — Desculpe, não vai se repetir! — Sorriu sem graça, embora não estivesse nem um pouco arrependido de ter ido se despedir da garota, que só voltaria a ver dali há várias semanas, por poucas horas, em Hogsmeade.
  — Muito bem, agora que você já sabe como usar o Animus Corpus, vamos dificultar as coisas: As Maldições Imperdoáveis. Já sabe usar alguma delas?
  — Apenas em teoria — respondeu simples. Quando Olho-Tonto o encarou por alguns instantes sentiu-se um tanto ingênuo e burro por não ter se preparado para aquilo. — Desculpe.
  — Não precisa se desculpar, Diggory — suspirou —, em tempos normais qualquer um que tenha acabado de se formar e não trabalhe como Auror não sabe nem a teoria de boa parte desses feitiços, mas não estamos em tempos normais, não é? Muito bem, se você já sabe o teórico, vamos ver se consegue o prático. Comecemos com o Imperius.
  Cedrico concordou com a cabeça, segurando a varinha enquanto esperava que Moody utilizasse algum feitiço como das outras vezes nos quais ele pudesse praticar.
  — É em mim que você deve usar essa maldição, Diggory. Não tenho como saber se está sendo eficiente de outro jeito. Muito bem, estou esperando! 
  Ele precisou de algumas tentativas antes de realmente conseguir acertar a mão, sentia-se mal por precisar uma Maldição em Olho-Tonto.
  — Vamos lá, não se deixe apegar pelas aparências. E se eu fosse um Comensal da Morte? Alguém que você precisa enfeitiçar para conseguir algo importante? Vamos, Diggory!
  — Império! — soprou, apontando a varinha para Moody.
  O homem ainda o olhava exasperado por alguns instantes, esperando o ataque que Cedrico hesitava, mas logo sua expressão alterou para uma suave, quase infantil. O rapaz o encarou por alguns instantes, sorrindo sozinho ao reparar que finalmente tinha conseguido.
  — Ahn… Dê uma pirueta! — pediu vacilando, sem saber o que fazer.
  No instante seguinte, Moody virou-se numa pirueta um tanto desengonçada, fazendo o mais novo rir baixo. Pensou por um momento, passando a língua pelos lábios.
  — Entregue-me sua varinha.
  Moody, com as mãos trêmulas, fez o que o outro pediu.
  Assim que a pegou, Cedrico baixou a própria, deixando de lançar o feitiço.
  O mais velho piscou, balançando a cabeça.
  — Muito bem, Diggory, inteligente. — Apontou para a varinha que estava nas mãos do outro. — Agora vamos para a outra parte da Maldição.
  Cedrico arqueou a sobrancelha confuso.
  — Que outra parte?
  — A qual é você quem está sob a Maldição e deve evitar fazer o que eu mando — sorriu — e acredite, isso é muito mais difícil. Império!

TREZE.

  Cedrico deixou o material sobre a mesa, pegando seu casaco e despedindo-se dos colegas antes de deixar o escritório em direção ao elevador. Puxou a gravata que usava, afrouxando-a alguns centímetros.
  — Olá, Diggory! — Ouviu o cumprimento assim que ele entrou no elevador. — Já está indo para casa? — perguntou a mulher sorridente. Scarlet era apenas três anos mais velha do que Diggory e ele lembrava de tê-la visto algumas vezes em Hogwarts, tendo pertencido a Corvinal.
  — Boa noite! — Sorriu educado. — Não, tenho mais alguns compromissos antes de ir para casa. E você?
  O sorriso da morena aumentou.
  — Na verdade, estava pronta para te chamar para um jantar, mas já que você tem outro compromisso, vamos deixar para outro dia.
  Diggory sentiu o rosto esquentar um pouco quando a mulher piscou em sua direção, apenas acenando com a cabeça antes de mirar a porta do elevador vendo-a abrir e Monty entrar pela mesma, olhando estranho para o loiro ao ver seu rosto vermelho.
  — Tudo bem aqui? — perguntou divertido, logo vendo a morena ao lado dar uma risadinha.
  — Estava apenas perguntando ao Diggory quais os planos dele para hoje, mas parece que o bonitão já está ocupado — riu, vendo-o coçar a nuca completamente sem graça —, quem sabe esse final de semana?
  — Ahn.. Bem…
  — Infelizmente não vai dar — respondeu Emmett pelo amigo, vendo-o suspirar aliviado. — Já temos planos para sábado e domingo. — Sorriu para Scarlet. — Vai precisar deixar para uma próxima.
  — E você prefere sair com seu amigo a sair comigo, Diggory?
  — Na verdade — Cedrico pigarreou —, vou encontrar minha namorada.
  — A que está em Hogwarts? — tornou, mantendo o mesmo tom sedutor. — Sabe que não sou ciumenta!
  Mais uma vez o elevador abriu as portas e desta vez Dora entrou sorridente no mesmo, acenando para o trio, alheia à conversa.
  — Como vai, primirinho? — Riu para Cedrico antes de virar-se para os outros dois. — Emmett, Scarlet!
  — Tudo bem, Tonks? — Monty sorriu.
  — Ah, esqueci que Diggory está saindo com sua prima… — disse Scarlet em meio a um suspiro, atraindo a atenção da Auror. — Imagino que teremos que deixar a conversa para outro dia! — Piscou assim que o elevador chegou no primeiro andar, sorrindo para todos antes de sair.
  — Que conversa? — Ninfadora arqueou a sobrancelha, cruzando os braços ao encarar o loiro.
  — Scarlet segue tentando chamar o Ced para sair — disse Monty divertido, vendo o amigo suspirar negando.
  — E eu já disse que estou namorando…
  — Mas ela não é ciumenta! — relembrou Emmett, segurando a risada ao ver Diggory negar.
  — Eu conheço bem a Scar — Dora começou, seguindo os dois pelo corredor — e sei o que ela pode aprontar, mas se eu suspeitar que você está dando conversa pra ela…
  — Acha mesmo que eu faria isso? — Cedrico virou-se para a mulher.
  — Para o seu próprio bem, eu espero mesmo que não!
  — Até parece, estou contando os dias para encontrar em Hogsmeade! Além do mais, se eu estivesse pensando em sair com outra pessoa, com certeza não seria com alguém no Ministério. Seria no mínimo mais discreto, não?
  — Ah, então já tem tudo planejado!? — Montgomery fingiu um tom chocado, levando um soco no ombro do outro.
  — Cala boca, Monty! E você já conversou com Quim?
  — Mais ou menos, precisei parar pra resolver umas coisas do meu treinamento enquanto conversávamos, mas vamos ver sobre isso segunda.
  — Seria ótimo ter você na Ordem — disse Dora animada — e pode aproveitar e treinar junto com o Ced também!
  — Está brincando? — Diggory negou com um aceno. — Espero que ele tenha que passar por tudo sozinho, quem sabe assim Moody para de implicar tanto comigo!
  Montgomery gargalhou, dando tapinhas nas costas do outro:
  — De repente você não é mais o aluno modelo de Hogwarts. Bem-vindo ao mundo real!

  Olho-Tonto esperou pouco paciente até Cedrico apontar a varinha para o animal e, embora dissesse o feitiço, ambos sabiam que nada aconteceria porque Diggory não queria matá-lo. Bufou após a terceira tentativa do mais novo.
  — O que estamos fazendo aqui? Achei que você queria aprender feitiços para defender-se e atacar — esbravejou a poucos passos do rapaz.
  — Eu quero, mas… — Suspirou. — Preciso treinar com um coelho?
  — Não temos como saber se você vai conseguir se não treinar, não? E se aparecer a oportunidade de matar o Lorde das Trevas? Vai hesitar?
  — É diferente… É um coelho! Como vou matar um coelho? — repetiu, virando-se com certa frustração.
  — Pense em outra coisa, ignore o animal. E se fosse um Comensal? Concentre-se Diggory. Treine sua mente. Em uma batalha você não pode pensar no que seria certo ou errado. Estamos em guerra, você tem sua varinha para se defender e muitas vezes apenas uma oportunidade para revidar; vai atacar ou deixar-se ser atacado? Prefere ver algum aliado ser morto porque hesitou?
  Cedrico encarou os pés por alguns segundos, era óbvio para Alastor a briga interna que o mais novo passava, seus princípios o impediam de atingir seu potencial. Embora Cedrico quisesse ajudar a Ordem, também não conseguia ir mais a fundo nos treinamentos por não querer machucar inocentes, mesmo que fosse um coelho. Resolveu aproveitar-se do ponto fraco do rapaz, precisava que Diggory parasse de pensar tanto antes de agir ou morreria antes que pudesse tirar a varinha do bolso.
  — E se fosse sua namorada em perigo, Diggory? — começou Moody, atraindo a atenção do rapaz. — E se Black estivesse aqui e um Comensal a atacasse? Imagino que você fosse querer salvá-la, não?
  Cedrico respirou fundo concordando com um aceno e Alastor começou a descrever toda uma cena (com mais detalhes do que Diggory gostaria de ouvir) sobre sendo torturada por Comensais, tornou a virar em direção ao coelho, sua mão tremia ligeiramente.
  — Avada Kedavra.

  O loiro ficou quieto por alguns minutos, ouvindo o discurso de Moody e apenas concordando com a cabeça sem ter muito o que dizer. Sentindo-se mal pelo o que havia feito, sabia que Olho-Tonto estava certo e ele deveria parar de hesitar, não poderia pensar tanto em uma luta, mas aquilo era totalmente diferente de precisar lançar a Maldição da Morte em animais.
  — Como está indo com a poção? — perguntou o mais velho ao notá-lo em silêncio por tanto tempo.
  Diggory abriu a boca, mostrando a folha de mandrágora que estava embaixo de sua língua há dias demais.
  — Preciso de mais duas semanas para terminar.
  — Já encontrou o resto das coisas?
  — Sim, Sirius conseguiu tudo o que faltava, só estamos esperando a época para fazer a poção.
  — Excelente, será bom termos mais um Animago no grupo, principalmente um que os Comensais não conhecem, a essa altura não podemos confiar que Almofadinhas já não seja de conhecimento de Voldemort.
  — É verdade que os Animagos são reflexos do Patrono? — Diggory questionou após alguns instantes.
  — Não necessariamente, o animal que você vira ao usar um feitiço como esse é reflexo da sua personalidade, o Patrono pode alterar-se com o passar dos anos de acordo com o emocional do bruxo. Por quê? Qual seu Patrono Corpóreo?
  Cedrico suspirou, coçando a barba rala que crescia.
  — Um texugo. Esperava poder virar um animal um pouco mais discreto que isso...

   conversava com Potter, que ainda parecia incerto sobre o teste que precisaria fazer em poucos dias; achava que era muita responsabilidade ser o novo Capitão do time da Grifinória.
  — Ah, para de reclamar, Raio, pelo menos agora você tem algo pra se vangloriar ao invés de dizer que escapou do Voldemort três vezes.
  — Eu nunca disse isso, é você quem sempre lembra! — respondeu, rindo baixo ao negar com a cabeça.
  — Ah, é… Mas você está perdendo sua chance. De qualquer forma — deu de ombros —, pelo menos imagino que possa fazer o teste esse ano, não é?
  Harry a encarou por alguns instantes.
  — Do que você está falando? Não tem chances de eu montar um time sem ter você no grupo. Não precisa de teste!
  — Agradeço, mas caso você não se lembre, Gina foi muito bem ano passado. E a Katia também é muito boa, imagino que possam ter mais algumas opções interessantes para os testes…
  — E eu ainda duvido que alguém seja melhor do que você. Também já vi Katia jogando por anos, só preciso de mais um Artilheiro, imagino que deva ser a Gina, mas…
  — Harry, você não pode começar um time sem testar todas as posições — rebateu, sorrindo pequeno —, nunca se sabe, vai que alguém surpreende?
  Potter suspirou, concordando com um aceno embora tivesse certeza que seria impossível trocar as duas colegas. Gina era, de fato, uma boa opção para completar a posição, havia se saído muito bem no ano anterior no lugar de .
  — E como estão as coisas? — perguntou, preferindo mudar de assunto, ainda gostaria de evitar pensar muito em Quadribol, embora o teste fosse em poucos dias.
  — Nada tão ruim, tem sempre alguém me olhando de canto, mas pelo menos não estão falando nada na minha frente. — Deu de ombros. — E não temos Umbridge por aqui, sempre vou considerar isso uma vitória! Embora Snape não seja muito melhor… Dumbledore podia tentar recontratar o Remo!
  — Isso sim seria uma notícia boa — concordou, rindo —, mas pelo menos Poções não está ruim…
  — É claro que você acha isso, é o melhor aluno da sala! — respondeu debochada, sorrindo de canto. — Hermione está a ponto de surtar por não ser o destaque desse ano.
  — Ela também não lidou muito bem com a gente tendo notas melhores do que ela no NOM’s de DCAT, não duvido que logo esteja contando pra McGonagall sobre o livro… — Rolou os olhos, então baixou o tom de voz ao tornar a olhar para a loira. — Você acha que é considerado trapaça?
   deu de ombros, negando em seguida.
  — São apenas anotações, não é? Algum ex-aluno tinha um truque ou outro para conseguir alguma solução melhor em determinadas poções, não acho nada demais. Mas você conhece a Mione, ela jamais abriria a cabeça para qualquer coisa diferente, tenho certeza que esse é o único motivo dela não ter ido para a Corvinal! — replicou, vendo-o concordar rindo. encarou a entrada do Salão Principal, vendo Rony e Gina andando até eles, sorriu de lado ao baixar o tom de voz para um sussurro: — Você acha que eles desenrolam esse ano?
  — Eles quem? — perguntou confuso.
   encarou o moreno por alguns segundos, sem saber se ele estava tentando guardar segredo ou apenas não havia reparado em nada. Tinha certeza que Rony já deveria ter mencionado alguma coisa para o amigo, mas talvez estivesse enganada.
  — Mione e Rony. Não vai me dizer que nunca reparou que eles são a fim um do outro?
  Harry escancarou a boca, olhando-a chocado.
  — Isso é sério?
  — Godric Gryffindor que te proteja, Harry Potter, você é muito devagar.
  — Ah, cala a boca! — resmungou, olhando para o pergaminho aberto com alguns rabiscos que nem ele entendia. — E como sabe disso?
  — Mione me contou, é claro, e o Rony é muito óbvio, principalmente depois do ataque de ciúmes dele durante o Baile! — respondeu rápido ao ver os ruivos a poucos metros de distância. — Tinha certeza que ele já havia te contado alguma coisa…?
  Harry apenas negou com um aceno ao ver os Weasley próximos à mesa.
  — Do que estão falando? — perguntaram os dois ruivos ao mesmo tempo, sentando ao lado dos amigos.
  — Táticas de Quadribol! — respondeu Harry rápido, olhando de canto para que encarava o Weasley de lado, um sorrisinho nos lábios.
  — O que foi? — perguntou Gina ao ver a expressão da outra.
  — Nada, só estava pensando comigo mesma o quanto garotos podem ser devagar, não?
  — Oh, sim! — concordou a ruiva rindo. — Mais lentos que qualquer Trasgo!
  — Ei! — Os dois reclamaram, olhando de uma para outra.
  — Mas qual o motivo exato para isso? — Gina tornou, ainda divertida.
   passou a língua pelos lábios, olhando do moreno para o ruivo.
  — Motivos não faltam, é só olhar para eles. — Gargalhou ao ver a cara de ofendidos que fizeram. — Mas acho melhor não dizer perto deles, te conto mais tarde. — Piscou, vendo-a concordar.
  Harry rolou os olhos, negando com um aceno enquanto Rony olhava de um para outro, extremamente curioso.

  As duas garotas conversavam no Salão Comunal, sussurrando e até mesmo cogitando uma aposta sobre Rony e Mione, a qual apareceu pouco depois vinda da biblioteca, e estava prestes a subir direto ao dormitório, se não fosse pela loira rolar os olhos e chamá-la para se juntar a elas:
  — Oi, Granger!
  Mione virou-se na direção das duas, arrumando a alça da mochila no ombro antes de se juntar às duas, sentando ao lado de Gina e deixando a mochila de lado.
  — Então, sobre o que vocês estavam conversando?
  Gina começou a rir, negando.
  — Tenho certeza de que você não vai querer saber.
  — Como é? Por quê?
  Black sorriu de lado, aproximando-se mais da outra.
  — Estávamos comentando que Harry ainda não sabia que você gosta de Rony e vice-versa.
  Granger abriu a boca, o rosto pálido até pigarrear algumas vezes, negando com a cabeça.
  — Tá vendo, nem a Mione acreditou que o Harry pudesse ser tão devagar! — a ruiva apontou, rindo junto com a outra enquanto viam Hermione sem graça.
  — Por que estão falando disso? E parem de falar, alguém pode escutar.
  — Ah, relaxa, ninguém tá prestando atenção. E estamos falando baixo. — abanou a mão no ar. — Estava falando com o Harry mais cedo e lembrei disso, não sei bem o motivo. Aí comentei com ele e o Raio ficou chocado quando eu contei!
  Hermione suspirou, parecendo mais tranquila.
  — Não estou muito surpresa, são todos lentos mesmo.
  — Você quer alguma ajuda com isso? — perguntou Gina sorrindo, sentando mais na ponta da cadeira. — Poderíamos insinuar algo para meu irmão, porque se você ficar esperando ele fazer algo… Por Merlin, você vai ficar mais sozinha que a Lula Gigante!
  — É, a gente poderia falar que você tem um encontro! Lembra como ele ficou durante o Baile? Um insuportável de tanto ciúmes!
  — Sim, coitada da Patil! — concordou a mais nova.
  — Das duas, né? Porque o Harry também foi péssimo! — Mione acrescentou. — Mas acho que não tem muito o que fazer…
  — Ah, eu posso pensar em umas três coisas! Podemos falar, por exemplo, que você tem um admirador secreto. Assim não precisa dizer o nome de ninguém! — replicou Gina toda animada.
  — Ou podemos fazer muito melhor do que isso! — sorriu ao ver um grupo de garotos passar pelo quadro da Mulher Gorda.
  — O quê? — perguntaram ao mesmo tempo.
  — Mione, você não falou que o Córmaco ficou todo se insinuando pra você? — Sorriu para a amiga, que ficou vermelha.
  — Que nojo!
  — Concordo, ele é insuportável, poderíamos encontrar alguém melhor, porém — juntou-se mais as duas, sorrindo de canto —, o Córmaco vai tentar entrar no time da Grifinória como goleiro, não? E a melhor parte é que o Rony é ciumento e inseguro, vai querer morrer quando vir o McLaggen chegando junto com você! — Piscou brincalhona, vendo as duas rirem, embora Mione parecesse extremamente sem graça.
  — Ele não tinha uma namorada?
  — Ah, não, a Chloe terminou com ele ano passado — Gina negou com um aceno —, até me surpreende que ela tenha aguentado tanto tempo!
  — Então, o que acha, Mione?
  Granger mordeu o lábio inferior, negando após pensar por alguns segundos.
  — É melhor deixarmos tudo como está, dependendo de como forem as coisas, eu falo com vocês!
  — Ah, só porque a gente já tinha planejado tudo. Eu falei para fazermos sem contar! — Gina bufou, jogando-se contra o encosto da cadeira.

  Potter, é claro, nem mesmo considerava trocar as duas artilheiras do time por quem quer que fosse, conhecia Kátia Bell e o suficiente para saber que não tinha a menor chance de montar seu time sem qualquer uma delas, contudo, para ser justo, precisava fingir que as vagas também estavam abertas. Sua única dúvida, embora mínima, seria com Gina para o caso de ter alguém tão boa quanto. Estranhou o número de alunos ao redor e estressou-se bastante ao notar que mais da metade não eram nem mesmo alunos da Grifinória.
  — Era só o que me faltava — resmungou com as três meninas, as quais estavam mais próximas, negando com a cabeça.
  — Tá popular, hein, Potter? — Kátia riu, vendo-o rolar os olhos.
  — Eu estava quase pensando em te entregar o cargo de Capitão — disse para , que abriu um sorriso largo —, mas aí não teríamos time, porque o pessoal ainda tem medo do Sirius!
  A loira fechou a cara, xingando-o baixo.
  Quando o teste pôde, finalmente, começar, Potter notou que as arquibancadas estavam cheias de alunos de outras casas, curiosos. Achava que se esperasse mais tempo Rony ganharia mais confiança, mas talvez seu plano tivesse ido por água abaixo, visto que ele ficava ainda mais nervoso na frente do pessoal. Não foi surpresa para ninguém que Bell, Black e Weasley foram escolhidas as três artilheiras principais, ainda mais após o teste ter sido realizado e elas terem se saído extremamente bem.
  Os batedores não eram nem próximos de serem Fred e George, mas talvez não fossem dos piores, Peakes e Coote pareciam a melhor dupla para a posição. O principal problema no momento era a vaga de goleiro, pois McLaggen estava indo tão bem quanto Rony. Pelo menos até o último lance, no qual as três artilheiras trocavam a goles em uma jogada normal, porém rápida, e no final Gina lançou a bola nos aros e Córmaco ter saído totalmente da direção da mesma, levando o gol.
  Potter suspirou aliviado, apitando e encerrando o teste, agradeceu a todos os presentes e parabenizou seu time antes de marcar o primeiro treino da temporada para a próxima semana.
  — Vocês não acharam extremamente estranho o Córmaco ter errado daquele jeito? — comentou Gina ao seguir junto de Harry e para o Salão Principal, Rony tinha ficado um pouco mais atrás, conversando com Simas e Dino (o qual tinha entrado como reserva para a posição de Artilheiro). — Ele estava em todas as bolas!
  O trio encarou o colega que andava logo à frente deles parecendo um tanto chateado, até bater com tudo em uma das estátuas, derrubando-a.
  — Estranho? — sussurrou Black ao passarem por ele, olhando-o por sobre o ombro. — Eu diria que isso está muito mais próximo de uma azaração do que qualquer outra coisa…
  — Mas quem…? — começou Harry, chegando à mesa da Grifinória na qual Mione estava escondida atrás de um grande livro de Astronomia. — Eu não acredito... Hermione!?
  — O quê? — perguntou sem olhá-los, a voz baixa
  — A pessoa quando está apaixonada perde o bom senso. — riu, recebendo um tapa fraco da morena ao sentar-se ao seu lado. — Mas nunca mais faça isso quando for sobre Quadribol, se Rony falhar esse ano a culpa é sua!

  Cedrico sorriu ao ver a namorada que se aproximava do Três Vassouras junto do trio de amigos, rindo baixo ao notar o moletom preto com o grande B dourado no meio (o qual havia ganhado dos Weasley no ano anterior), a abraçou apertado quando ela parou sorridente ao seu lado.
  — Senti sua falta! — Ouviu-a dizer próxima a sua orelha, a apertou ainda mais em seus braços.
  — Também senti a sua — respondeu, puxando-a para um beijo.
  — Ah, oi? — resmungou Rony quando chegou próximo aos dois, Mione e Harry apenas gritaram de longe em cumprimento, logo entrando no bar. — Deixa eu contar para o Sirius!
  Black apenas retirou um dos braços que estava envolta do pescoço do namorado, mostrando o dedo do meio para o ruivo sem sequer olhar em sua direção.
  — Mal-educada! — falou antes de entrar no bar junto com os outros dois amigos e deixando o casal do lado de fora.
  Separaram-se pouco depois, ainda sorrindo um para o outro, Diggory passou a abraçar de lado.
  — Quer entrar ou…?
  — Ou?
  — Não faço ideia, mas qualquer lugar que não tenha tanta gente e eu possa te beijar sem ouvir piadas sobre seu pai!
   riu, concordando antes de darem as mãos e seguirem pelas ruas lotadas de estudantes em direção a um ponto mais isolado. Quando se deram conta, estavam próximos a Casa dos Gritos, o que não era de todo ruim, pois quase nenhum estudante aparecia por aquele lado, ocupados demais no Três Vassouras ou na Dedos de Mel.
  — Não é muito romântico, uh? — comentou Cedrico ao pararem, sentando-se no chão gelado por cima de uma toalha que ele conjurou instantes depois.
  — Cedrico, tem três meses que não nos vemos, não estou nem um pouco preocupada com o romantismo!
  O outro gargalhou, concordando antes de puxá-la para mais perto, beijando-a com vontade. Em dado momento, após muitos beijos longos e saudosos, Diggory a puxou para seu colo, querendo mais contato com a outra.
  — Esqueci de dizer — soprou contra seus lábios, ouvindo-o murmurar. — Feliz Aniversário, Ced.
  — , meu aniversário foi em setembro. — Ele riu fraco, tornando a beijar-lhe o pescoço, fazendo-a se arrepiar por completo. — É mais fácil eu já te parabenizar pelo seu do que o contrário.
  A garota riu fraco.
  — Mas não estávamos juntos em setembro, estávamos? Só dizer por carta é estranho.
  — Não foi de todo ruim — respondeu, passando a língua pelos próprios lábios, sentindo-a acariciar seus cabelos ao virar-se para olhá-la — porque eu não poderia te beijar mesmo, então até que foi um bom timing para você ficar de castigo!
  — Ei, nunca é uma boa ideia eu ficar de castigo com o Snape — negou, fazendo careta —, mas o que aconteceu? Não entendi por que você também não poderia vir!?
  Cedrico passou a mão pelo cabelo bagunçado, enquanto ainda mantinha a outra sobre a cintura da mais nova.
  — Eu disse que Sirius e Olho-Tonto estão me treinando, não?
  — Sim, papai falou que é superengraçado sua cara sempre que ele te ameaça durante os treinos! — Sorriu para ele, vendo-o rolar os olhos.
  — Bem, aprendi algumas coisas com eles e agora… — Respirou fundo, pensando no trabalho ainda incompleto. — Estou tentando virar um Animago.
  — Você o quê? — gritou a loira, afastando-se bons centímetros dele. — Como assim você estava me escondendo isso o tempo todo? Por Merlin, Diggory!
  — Não estava escondendo — defendeu-se. — Só que ainda não sei se vai dar certo, é supercomplicado e pode demorar uma eternidade agora porque fazem quase três semanas que estou esperando um raio de tempestade que não acontece nunca!
  — Você ficou com aquela folha o mês todinho na boca? — questionou enojada, vendo-o confirmar. — Ainda bem mesmo que eu fiquei de castigo. Que coisa mais nojenta!
  — E você acha que isso foi ruim? — Concordou, fazendo careta. — Se você visse a cor da poção que eu vou precisar tomar depois… Eu nem sei por que topei fazer isso! E sabe o que é pior? — A garota arqueou a sobrancelha, negando curiosa. — Eu possivelmente vou virar o reflexo do meu Patrono, que é um texugo! O que eu vou fazer como texugo?
   abriu um sorriso, virando-se para o lado e colocando a mão sobre a boca, tentando abafar o som das risadas.
  — Isso mesmo, ria mais do seu namorado.
  — Eu não acredito que você vai ser um texugo, Cedrico! — Explodiu em risadas. — Que texuguinho mais gracinha, hein? — Apertou-lhe as bochechas, vendo-o rolar os olhos, enfezado. — Mas você não sabia que eles são bichos sociáveis e destemidos? Além de extremamente fofos.
  Cedrico arqueou a sobrancelha, encarando-a.
  — Como é que você sabe disso?
  Deu de ombros, sorrindo de lado.
  — Foi a Mione que me disse uns anos atrás, quando estávamos falando sobre os animais de cada Casa. Eu jurava que o leão da Grifinória era o mais forte, né? E ela falou que na verdade o texugo é tão destemido que pode matar cobras e enfrentar leões.
  — Então você está dizendo que a Lufa-Lufa é a melhor casa de Hogwarts? — Sorriu de lado, vendo-a negar rapidamente.
  — Estou dizendo que texugos não são inúteis, calma lá! Grifinória sempre será a melhor Casa, mas admito que a Lufa-Lufa é quase tão boa quanto!
  A garota abriu a boca segundos depois, rindo ao tempo que negava.
  — O que foi agora?
  — Mas era óbvio que você seria um texugo, não? Quer alguém mais lufano do que você, Cedrico? Caramba, a Minerva vai chorar quando souber que você vai se transformar num animal que representa uma das Casas de Hogwarts!

  O casal se despediu depois de algumas horas juntos, nas quais aproveitaram o tempo sozinhos para alguns amassos, antes de sentirem frio e fome o suficiente para obrigá-los a levantarem-se e seguirem de volta para perto das lojas, parando para comerem algo quase no final da tarde e tomarem algumas cervejas no Três Vassouras.
  — Te vejo no Natal! — Cedrico a abraçou, apertando-a contra si.
  — Espero que chova antes disso! — sussurrou em sua orelha, vendo-o concordar antes de beijarem-se uma última vez. — Aproveita e diz oi para meu pai e os Tonks quando os encontrar! E manda um beijo pra sua mãe também, faz tempo que não falo com ela.
  Cedrico riu, concordando.
  — Ela não para de perguntar como você está indo na escola e se anda perdendo pontos!
  — Pois diga que estou me comportando bem esse ano!

   estranhou chegar até a Torre da Grifinória sem encontrar nenhum dos amigos, mas achou que talvez eles tivessem ficado um pouco mais em Hogsmeade, por isso seguiu para o dormitório aproveitando para tomar um banho e esquentar-se um pouco depois de tantas horas no frio.
  Não que reclamasse, na verdade poderia passar a noite inteira na neve com Cedrico e ainda assim seria pouco. Sentia o corpo esquentar só de lembrar das horas que tinham passados juntos por um tempo, achou que estivesse daquela forma já que faziam semanas que não se viam, mas soube que não era apenas saudades quando se olhou em um dos espelhos do banheiro, notando a marca arroxeada em seu pescoço quando tirou o cachecol, lembrando-se dos beijos do mais velho. Respirou fundo, soltando o ar devagar. Sabia que Cedrico estava há bastante tempo em um ponto de querer mais do que beijos, mas agradecia por ele não mencionar nada ou pedir por algo que ela não se sentia pronta a fazer. Era uma das coisas que mais gostava no namorado, ele sabia dar-lhe espaço.
  Contudo, já fazia tempo que ela sentia quando as coisas mudavam com ele, quando deixavam de ser apenas alguns amassos em salas vazias ou em suas casas durante as férias. E, por mais que às vezes permitisse que ele puxasse um pouco sua camiseta ou a apertasse com mais força em determinadas áreas, sabia pará-lo antes que fizessem algo que ela talvez se arrependesse mais tarde. No fundo achava que talvez já estivesse no mesmo estágio que Cedrico ou pelo menos perto o suficiente.
  Sentia o corpo esquentar sempre que pensava no namorado e os beijos não pareciam mais ser o suficiente para matar as saudades, fosse por estarem separados nos últimos meses ou mesmo quando estavam juntos em Hogsmeade ou nas férias. Parecia sentir falta dele.
  Assim que terminou seu banho e trocou suas roupas pelo uniforme da escola, desceu as escadas, olhando rápido pelo Salão Comunal, não encontrando nenhum dos três por ali.
  — Ah, finalmente! Por que demoraram tanto? — perguntou ao esbarrar com eles nas escadas. Mione começou a relatar o que tinha acontecido com Kátia Bell, a qual tinha sido levada para o hospital após ser enfeitiçada com uma magia poderosa. — E você acusou o Draco? — questionou por fim, sentada junto aos amigos no canto das escadas do quinto andar, nenhum deles se importou quando a escada começou a se mexer, virando em outra direção.
  — É muito suspeito, não é? Toda essa história dele ser um Comensal…
  — Você acha que ele é um Comensal, Harry, nós nunca concordamos e nem provamos nada — cortou Granger, olhando-o significativamente.
  — Ah, não sei… Eu até acho que o Harry pode ter razão nesta parte, embora não ache que ele tenha muita coisa que Voldemort possa se interessar — deu de ombros, pensativa —, contudo… — Virou-se para o amigo. — Encontrei com Draco quando estava saindo da Dedos de Mel e pelo que disseram, foi bem próximo desse horário que vocês encontraram a Kátia.
  — Tem certeza que era ele? — perguntou Potter ansioso, suspirando quando a viu concordar com um aceno.
  — Ele estava junto com o grupinho de sempre, Pansy Parkinson não perdeu a oportunidade de falar besteira, então quando eu a xinguei de volta, vi Draco no canto, parecia distraído, mas estava junto com eles.
  Harry passou a mão pelos cabelos, frustrado.
  — Deve ter alguma coisa no meio, não faz sentido.
  Mione parecia fazer um grande esforço para prestar atenção no assunto, pois já estava claro que não aguentava mais conversar sobre isso.
  — Bom, não temos nenhuma prova que Draco fez qualquer coisa errada, não é? Então é melhor deixarmos isso de lado.
  — E o que vamos fazer com o time da Grifinória? — Rony tornou de repente, Mione rolou os olhos, não se importando muito.
  Por algum motivo que fugia muito do entendimento de qualquer um dos outros três, Hermione nunca teve o mesmo interesse que eles em Quadribol, achava até superestimado.
  — Vou ter que pegar um dos reservas, não? — Harry suspirou, coçando o nariz. — Falarei com Demelza amanhã.
  — Achei que chamaria o Dino para substituir a Katia. — arqueou a sobrancelha, vendo-o negar, dizendo que Demelza parecia voar melhor. — Ainda bem, depois da ruiva e da Bell, ela foi com quem me dei melhor nos passes, Dino jogava mais forte do que precisava na hora de passar, teve duas vezes que eu quase derrubei a Goles e aí precisei lançar de qualquer jeito para o gol...
  — Foi em uma dessas que o Córmaco defendeu, não? — Weasley tornou, olhando de canto para Hermione. — Ele está interessado em você, sabia, Mione?
  — Patético — a outra respondeu, virando para o lado e sentindo as bochechas esquentarem. Harry e se entreolharam, segurando a risada.

  Na manhã do jogo, Black esperou o ruivo sair acompanhado dos dois batedores do time antes de puxar Potter para o lado.
  — Você colocou mesmo a Felix no suco dele? — cochichou enquanto andavam mais devagar em direção ao campo, Harry pareceu chocado. — Raio, eu sei que ele estava péssimo nos treinos, mas se for verdade e a Minerva descobrir, nunca mais vamos jogar.
  — Não sei do que você está falando! — Negou com a cabeça. — Vamos logo, ainda temos que trocar de roupa!
  Para surpresa e, talvez, um pouco de sorte, nem Draco nem Vaisey, que era o melhor artilheiro da Sonserina, jogariam a partida, o que já deixava o time inteiro mais confiante. Assim que Hooch apitou o início do jogo lançando a Goles, os jogadores se posicionaram em campo voando em todas as direções, Gina Weasley acabou por pegar a bola primeiro, fazendo um lançamento rápido para Demelza, que, embora estivesse nervosa com a primeira partida, fez um ótimo passe para , a qual só teve o trabalho de tirar do goleiro Urquhart e lançar no terceiro aro, abrindo o placar.
  Harry aplaudiu, vibrando assim como a torcida nas arquibancadas, olhando para o lado à procura do Pomo-de-Ouro. No meio tempo que sobrevoou o campo, a Grifinória marcou mais dois gols e Rony defendeu maravilhosamente bem um lançamento da Sonserina.
  A única coisa que parecia incomodar a todos os jogadores do time vermelho eram os comentários maldosos vindos de Zacarias Smith, um aluno da Lufa-Lufa que não perdia a oportunidade de falar besteiras; após insinuar que os Weasley só estariam no time por serem amigos de Potter, e que os dois batedores não eram bons o suficiente, começou a falar sobre Black.
  —... Me parece que nem os jogadores da Sonserina querem se aproximar muito da artilheira, provavelmente, assim como todos na escola, ainda estão desconfiados com toda a história dela ser filha de Sirius Black.
  Com o jogo em 90x0 para a Grifinória, não sentiu nem um pouco de culpa quando fez sinal para Gina lançar a Goles, parando bem à frente de Zacarias e, quando a bola estava apenas a alguns metros de distância, vindo rápida e forte, desviou-se, deixando-a passar e acertar em cheio o lufano.
  — Opa, desculpa aí!
  Pôde ouvir Minerva gritar da bancada dos professores, mas não deu atenção, tornando a sobrevoar o campo enquanto Madame Hooch tornava a iniciar o jogo. Harry, pouco depois, ficou assustado ao notar que o apanhador da Sonserina estava próximo do Pomo, voando o mais rápido que podia até o mesmo, conseguindo distrair por um instante o jogador, apenas o necessário para apanhar a bolinha dourada.
  — Ganhamos! — gritou, erguendo o braço e sobrevoando o campo. — Ótimo jogo, time! — parabenizou seus jogadores quando os mesmos se aproximaram. — Cadê a Gina?
  — Desculpe, Professora, eu esqueci de frear! — dizia para McGonagall após ter colidido com Smith, o qual mexia-se bobamente entre os escombros.
  — Eu juro que se ele falar mais qualquer coisa eu vou empurrá-lo da Torre de Astronomia! — cochichou para Harry enquanto desciam juntos para o gramado. — E pensar que ele é da Lufa-Lufa!
  — Festa na Torre da Grifinória! — alguém gritou no meio da multidão.
  Assim que Potter explicou o que, de fato, tinha acontecido com a bebida de Rony, a qual não tinha nem uma gota de poção da sorte, Weasley e Granger tornaram a brigar e cada um seguiu para um canto, deixando os dois amigos sem saber direito o que fazer. aproveitou que não tinha tantos alunos tão próximos, ainda um tanto apreensivos com ela e Sirius, para comer e beber tranquila, estava já se despedindo de Harry e Gina antes de subir para tomar um banho quando eles (e todo os alunos da Grifinória) viram Rony e Lilá Brown aos beijos.
  — Eu diria que ele ainda precisa aprender a beijar! — comentou Gina, fazendo uma cara de nojo e ouvindo a gargalhada dos outros dois ao lado. 

  Embora tenham se doído por Hermione e, de fato, achassem um tanto nojenta a relação de Rony com Lilá, já que eles não pareciam ter limites e se agarravam em qualquer canto, tanto quanto Harry preferiram não se envolver, apenas escutavam o que cada um tinha a dizer, contudo, sempre que tinha uma oportunidade, Black aproveitava para fazer comentários ácidos sobre o ruivo, o qual ficava extremamente sem graça.
  E, é claro, como Lilá parecia estar sempre ao redor de Weasley durante boa parte do tempo, os dois acabaram passando mais tempo do que gostariam na biblioteca com Mione.
  — Você não vai na festa? — questionou Harry surpreso, vendo a loira negar com um aceno.
  — Primeiro eu não tenho ninguém para levar, afinal você convidou a Luna, não é? — Arqueou a sobrancelha. — Agora nem com você eu posso ir e não vou aparecer sozinha ou chamar alguém para ir comigo, já que Ced não está mais aqui. Segundo, também não tenho nenhuma roupa festiva para esse ano e não vou gastar meu dinheiro comprando uma de última hora! E, por último, tirando vocês dois e Gina, não gosto de ninguém que está nesse clube e todo mundo fica me encarando, vocês não lembram do jantar?
  — Eu achei que você gostasse de ter atenção… — comentou Mione, sorrindo de canto. deu de ombros.
  — Não desse tipo, nem posso azarar ninguém por me irritarem! Além do mais, fiquei de conversar com meu pai hoje, então…
  — Como é que você vai fazer isso? — perguntou Harry agitado.
  — Você não lembra aquele espelho que ele nos deu no verão, não? Você não acha mesmo que eu fico semanas esperando por Corujas quando posso falar com ele em dois minutos, não é?
  Harry coçou a nuca, desconfortável, sentindo-se idiota por nunca ter usado o objeto, nem mesmo lembrava-se onde o tinha deixado.
  — Aquilo é ilegal, sabia? — comentou Hermione com a amiga, vendo-a rolar os olhos.
  — Mione, tem tanta coisa que fazemos que é ilegal que se alguém aqui, além do Snape, quisesse mesmo nos expulsar, talvez nem mesmo tivéssemos entrado em Hogwarts! Ninguém vai me tirar pontos por causa de um espelho! Muito me admira você vir falar disso quando estava fazendo Poções Polissuco pelos cantos!
  — Era diferente… — respondeu em voz baixa, tornando a olhar para seu livro.
  Os dois riram da amiga antes de Harry virar-se em sua direção.
  — E com quem é que você vai para a festa?
  Hermione ficou roxa, falando tão baixo que os amigos tiveram que se curvar para escutarem.
  — Córmaco McLaggen.

  Black e Potter despediram-se dos Granger na estação de Kings Cross e seguiram junto com Sirius por alguns minutos enquanto esperavam os Weasley; Harry tinha sido convidado a passar o Natal em uma praia Trouxa junto com , os Tonks e os Diggory, mas preferiu aceitar o convite de Rony e ficar com os ruivos durante aquelas duas semanas de férias. Não era como se não suportasse ver Cedrico — atualmente estavam se entendendo muito bem, mas com certeza preferia evitar ter o casal ao seu lado nas férias, mesmo que aos poucos (aos poucos mesmo) achasse que estava superando o que sentia por , preferia não ter que ver os dois aos beijos em qualquer oportunidade.
  Sirius, embora tivesse pensado várias e várias vezes sobre deixar sua filha no mesmo local que Cedrico, acabou por concordar que seria muito bem-vinda duas semanas na praia, fugindo do frio que fazia naquela época do ano. Porém, como também queria passar o tempo com Harry e o afilhado não tinha se interessado em ir para a praia, revezaria para ficar com os dois adolescentes durante o período.
  — Até a volta, Harry! Feliz Natal!
  — Nos vemos daqui alguns dias, ok? — Sirius sorriu para o rapaz, abraçando-o antes de despedir-se dele e dos Weasley aparatando logo depois. 

  Diggory olhava ansioso para o relógio, esperando o horário para ir embora do Ministério.
  O dia tinha sido extremamente entediante e não podia esperar mais para ir embora. Batucava os dedos na mesa de mogno, esperando e olhando vez ou outra para a mala ao canto da sala, parecendo chamá-lo, apressando-o. Queria já estar com a namorada que não via desde o Natal.
  Não que cinco dias fossem muita coisa, já que quase não se viam durante o ano, mas parecia pior por saber que ela estava tão perto. Respirou fundo, inclinando a cadeira para trás, tentando passar o tempo naquela última meia hora interminável.
  Quando o relógio finalmente deu cinco e meia, Cedrico levantou-se apressado pegando suas coisas e caminhando para fora do escritório vazio, era o único trabalhando naquele dia. Cumprimentou algumas pessoas no elevador e nos corredores, não querendo demorar mais que o necessário para sair do prédio. Chegou à rua movimentada e andou apressado até uma rua secundária, segurando firme em sua mochila, aparatando pouco depois, pronto para aproveitar o feriado de fim de ano.

  Assim que abriu os olhos em frente à casa de praia em que seus pais estavam com os Tonks, Cedrico sorriu animado andando apressado para dentro do lugar, retirando a gravata que usava no caminho. Não estava quente, afinal era inverno, mas também não estava frio como em Londres para vestir tanta coisa. Chegou cumprimentando os pais e os Tonks, olhando ao redor a procura da namorada, que logo descobriu estar na praia. Trocou-se o mais rápido que pôde, saindo em busca de logo depois de comer um pedaço do bolo que Andy havia feito; a mulher cozinhava bem demais para que ele pudesse recusar.
  Cedrico sentiu a brisa vinda do mar assim que colocou os pés descalços na areia branca e fofa da praia de Great Bay, seu lugar preferido para passar as férias. A praia era, na grande parte do tempo, deserta, com alguns quilômetros de areia extremamente branca e águas de tons esverdeados ou azulados, dependia muito do dia. Tinha uma floresta e muitas pedras em volta o que dificultava um pouco a chegada, então, por mais que fosse bela, os trouxas não costumavam ir tanto ao lugar.
  Great Bay não era só maravilhosa durante o dia, tinha a paisagem ainda mais deslumbrante durante as noites estreladas, as quais eram raras devido ao tempo sempre nublado, mas as poucas vezes que Diggory foi sortudo o bastante para ver o céu sem nuvens à noite, foram as noites mais belas que já teve.
  Seu olhar percorreu a extensão da areia do lado direito, mas tudo o que via era a paisagem deserta do local, virou-se para o outro lado procurando pela garota. Estreitou os olhos, vendo um pontinho destacando-se na areia clara. Sorriu, começando a andar até ela. Black estava deitada sobre uma toalha, parecendo entretida lendo um livro, que Cedrico não conseguia ver o nome devido à distância. Foi se aproximando devagar, mantendo um sorriso nos lábios com a concentração da namorada.
  De repente ela olhou para o lado ao tentar afastar o cabelo do rosto, vendo-o se aproximar lentamente.
  Diggory notou o sorriso que ela deu em sua direção, fazendo-o sorrir automaticamente. No instante seguinte, ela corria até ele, diminuindo rapidamente a distância entre os dois. O rapaz abriu os braços quando ela se aproximou o suficiente, sabendo o que viria a seguir.
  Black pulou em cima dele, apertando-o com força.
  Cedrico segurou-a assim que a sentiu envolver seu pescoço com os braços, pressionando seus corpos e enterrando seu rosto contra os cabelos loiros bagunçados dela. Girou-a no ar por alguns instantes, fazendo-a gargalhar próximo ao seu ouvido de forma que os pelos de sua nuca arrepiaram por completo.
  Por Merlin, ele nunca se cansaria de escutar aquela risada!

QUATORZE.

  Cedrico e Sirius conversavam na sala enquanto esperavam a garota descer com o malão para poder retornar a Hogwarts.
  — Será que um dos bonitos aí embaixo poderia me ajudar com o malão? Ah, é, não preciso. — Riu sozinha, usando ela mesma sua varinha para deixar a mala pesada flutuar à sua frente.
  Os dois rolaram os olhos, negando com a cabeça.
  — Isso é o tipo de coisa que eu não vou sentir falta quando você sair, já perdeu a graça há dias — comentou Sirius ao vê-la descendo.
  — Talvez pra você que tem permissão para isso desde sempre, pai, pra mim ainda é novidade! — Deu de ombros, sorrindo satisfeita por já ser maior de idade. — Espera só até eu poder aparatar!
  — Oh, aí sim ninguém vai parar essa menina! — Cedrico negou com a cabeça, pesaroso. — É capaz de aparatar na sala do Ministro, só para dizer que sabe.
  — Merlin que continue dando paciência aos professores de Hogwarts para lidarem com tanto adolescente chato o ano inteiro!
  — Menos o Snape! — deu de ombros, ignorando a parte em que poderia fazer um drama ofendido.
  — De fato, ele você pode atrapalhar o ano todinho, quanto mais melhor. Só cuidado com os pontos da Grifinória — alertou-a, sorrindo de lado.
  — Vamos então? Já que vocês só reconhecem o quanto sou legal quando eu estou longe… — Deu de ombros, escutando-os rir ao levantarem-se, aparatando pouco depois.
  Diggory aproveitou que Sirius conversava com Harry para abraçar a namorada, beijando-lhe demoradamente a bochecha.
  — Vou sentir sua falta!
  — É bom que sinta mesmo! — avisou, abraçando-o apertado. — Te vejo em algumas semanas, Ced! — Piscou, beijando-lhe os lábios por um momento.
  — Muito bem, já chega, você tem um trem para pegar! — ouviram Sirius gritar, logo tratando de separá-los. — Já passaram o feriado inteiro juntos, está na hora de você voltar para Hogwarts!
  — Também vou sentir sua falta, pai! — Sorriu, abraçando-o apertado.
  — Até a volta, filha. 

  Harry contava sobre suas suspeitas com Draco para as duas amigas, já que nenhuma delas esteve presente, assim como toda a visita do Ministro na Toca, o qual pediu-lhe ajuda.
  — Caramba, eles estão cada vez mais sem limites. Todo mundo cagou na sua cabeça ano passado, agora querem que você os ajude? Será que já estão organizando uma retratação no Profeta Diário? Era o mínimo.
  — Até parece… — Harry negou para a loira. — Mas e sobre o Draco, hein?
  — Faz até um pouco de sentido, mas é como o Lupin disse, Snape poderia estar fingindo ajudar…
  — Ok, Mione, mas isso quer dizer que ele trabalha para Voldemort, não?
  Granger pareceu um tanto contrariada ao concordar, mas logo já tratou de conseguir uma desculpa. Parecia tão interessada em achar outra solução para aquilo quanto Lupin e Arthur.
  — Vocês vão ver quem está certo no final! — Potter cruzou os braços, frustrado.
  — Ah, finalmente! Agora sim! — elogiou , fazendo os dois olharem-na confusos. — Demorou 16 anos, mas Harry Potter finalmente está usando seu status de Menino-Que-Sobreviveu para fazer as pessoas concordarem com ele! Ensinei direitinho!
  — Ah, fica quieta! — negou Harry, rindo, antes de colocar uma porção de salgadinhos na boca. — E como foram as férias de vocês?
  Black virou-se para os doces que tinha comprado, fingindo interesse em ler as embalagens.
  — As minhas foram ok… — respondeu em voz baixa, o rosto um tanto vermelho, algo que não passou despercebido por Hermione, que arqueou a sobrancelha para a amiga, mas ficou em silêncio. 

  Diggory chegou na casa de Sirius, que já o esperava do lado de fora sentado na escadaria em sua forma animago. Quando viu o rapaz parado na esquina, o cachorro negro levantou-se, andando apressado até ele. Cedrico segurou na pata do animal, aparatando segundos depois.
  Sirius encarou-o por alguns instantes vendo-o tentar, novamente, transformar-se, mas não era tão fácil usar transfiguração em si mesmo, era muito mais difícil do que usar em objetivos inanimados, coisa que Cedrico fazia muito bem. Já havia se passado vários dias que continuava naquele mesmo feitiço, e Diggory seguia tendo dificuldades na parte final da transformação, o que o deixava extremamente irritado.
  — Não está ruim, Diggory, só precisa se concentrar melhor. Está quase conseguindo…
  — Bem, quase não me ajuda muito, não? Nem a mim, nem a ninguém. — Suspirou, cansado.
  — Garanto que após conseguir se transformar umas duas vezes, depois será muito fácil. — Deu de ombros. — Como está indo com Olho-Tonto?
  — Melhor do que aqui, pelo menos lá eu sinto que estou progredindo…
  Sirius rolou os olhos.
  — Vocês jovens estão muito desesperados, sabe quanto tempo eu demorei para conseguir chegar nessa parte em que você está? Meses.
  — Mas você tinha quinze anos, Sirius. Quinze.
  — Você está quase conseguindo, Diggory, só falta a listra nas costas e estará perfeito. Se dê um pouco mais de crédito. É uma magia muito avançada, se fosse tão fácil virar um Animago todos os bruxos seriam.
  Cedrico concordou a contragosto, sentando-se no gramado por alguns instantes, descansando. Achava que a parte mais difícil já tinha passado; ficou um mês com aquela folha de mandrágora na boca, esperou semanas por uma chuva de raios e ainda teve que tomar a poção — a qual tinha um gosto e cor horrível. Pensou que após passar por tudo aquilo, pelo menos a transformação seria fácil. Ledo engano.
  Olhava o céu já escuro ao redor, sentindo a brisa gelada bater contra seu rosto, bagunçando seus cabelos.
  — Posso te fazer uma pergunta? — Olhou o mais velho de canto, o homem parecia relaxado, escorado em uma árvore próxima, fazendo pequenos feitiços com a varinha, apenas para se distrair. Concordou com a cabeça, aguardando-o continuar. — Se, hipoteticamente, você estivesse em um relacionamento e tivesse outra pessoa interessada em você…
  — Diggory, se você terminar sua frase dizendo que está enganando minha filha, eu juro que eu te mato agora mesmo e ninguém vai achar seu corpo. E não tem nada de hipotético no que estou dizendo.
  Cedrico riu, negando veemente.
  — É claro que não, que mania de querer me matar sem eu ter feito nada! — Passou a mão pelos cabelos, Sirius continuava o encarando de braços cruzados e a sobrancelha arqueada. — Tem uma mulher no Ministério, ela já me chamou para sair algumas vezes…
  — E o que foi que você disse?
  — Que não podia, sempre invento alguma desculpa…
  — Ela sabe que você namora? E que eu sou o pai da sua namorada? E que eu vou matá-lo se você fizer minha filha sofrer? — perguntou, olhando-o significativamente.
  Cedrico concordou, rindo baixo ao ver que o mais velho continuava sem perder uma chance de ameaçá-lo, no fundo agradecia por Sirius continuar daquele jeito, pelo menos demonstrava que ele ainda não sabia o que tinha acontecido entre ele e , e Diggory preferia que continuasse assim, se Black já o ameaçava por achar que ele faria a garota chorar, imagine o que faria se descobrisse o que tinham feito durante o feriado?
  — Ela sabe. Assim que voltei com , disse que estava namorado e tudo o mais.
  — E?
  — Não parece ter feito muito efeito, volta e meia ela comenta sobre estar em Hogwarts e nós estarmos no Ministério e outras coisas do tipo.
  Sirius o encarou de lado por um momento, relaxando por alguns instantes; se fosse sincero, sabia que Cedrico não faria nada errado. Ele realmente gostava de sua filha e, para a tristeza de Sirius, também gostava de Diggory. O homem soube desde o começo que não teria muito o que fazer para mantê-los longe um do outro e, no fundo, gostava de Cedrico, até o achava um ótimo rapaz: se sua filhinha tinha que sair com alguém, ele ficava feliz em saber que pelo menos era com o loiro. Contudo, precisava manter sua pose de pai preocupado, ciumento e perigoso, ao menos para aquilo seu tempo em Azkaban tinha servido, não que ele realmente achasse que o mais novo acreditasse muito em suas ameaças, mas pelo menos garantia o respeito.
  — Qual era a pergunta?
  — O que você faria para isso parar? Se nem dizendo que namoro adiantou?
  — Bem, sinceramente não tem muito mais o que dizer, apenas que você não tem interesse em sair com ela e tente manter alguma distância. De qualquer forma, você deveria contar para sobre isso, porque se ela descobrir por outra pessoa, você terá problemas.
  Diggory arqueou a sobrancelha, olhando-o desconfiado.
  — Você vai contar?
  Sirius deu de ombros.
  — Não me entenda mal, mas não é como se eu fosse ficar muito triste se ela permanecesse solteira por mais tempo. é claramente muito jovem para estar namorando!
  — Sirius, ela invadiu o Ministério ano passado. Agora é maior de idade e já pode usar magia fora da Escola, mas não pode namorar? — questionou divertido.
  — Por mim não namoraria antes dos vinte e cinco. Todos fazemos coisas idiotas antes dessa idade.
  Cedrico passou a língua pelos lábios, segurando a vontade de rir.
  — Você não casou com vinte? E foi pai com vinte e um?
  — Exatamente, e veja só como eu terminei, anos em Azkaban junto de minha ex-mulher e minha filha está namorando desde os quinze. O mínimo que eu espero é que vocês não sejam tão irresponsáveis quanto eu fui e, sinceramente, não sei se confio em você tanto assim.
  O mais novo olhou para baixo, um tanto constrangido, concordando com a cabeça.
  — Não tem com o que se preocupar, Sirius. Eu prometo. 

  Com o passar do tempo, parecia que Mione e Rony nunca mais ficariam no mesmo ambiente sem brigarem, pelo menos era isso que Harry e achavam. O que, querendo ou não, acabava por separar os quatro; ficava ao lado da amiga, passando tempo demais na biblioteca — o que não era de todo ruim devido às matérias e trabalhos acumulados. E Harry passava algum tempo com Rony, ouvindo-o falar que não tinha motivos para Hermione ainda estar brigada com ele, pois ele nunca prometeu nada. Pelo menos até Lilá aparecer, porque sempre que o casal estava junto, Potter dava um jeito de sumir bem rápido.
  Harry também estava empenhado em conseguir a memória que precisava com Horácio para assim saberem o que Voldemort havia descoberto em seu último ano em Hogwarts. Uma das partes ruins de ter seus amigos separados era justamente isso, ter que repetir tudo duas vezes e ainda escutar Rony e Mione falando mal das ideias um do outro. A única coisa “boa” nisso tudo era que estava tão sem paciência quanto ele e não perdia as oportunidades de mandar os dois amigos calarem a boca, principalmente Rony porque todos sabiam que ela sempre defenderia Hermione, mesmo que a amiga também não estivesse totalmente certa.
  — Olha, Rony, você não abre sua boca para falar mal da Granger, porque se eu bem me lembro, foi você quem fez um escândalo quando ela foi ao Baile com o Krum, e ela sim não te devia satisfação de absolutamente nada. E mesmo assim você acabou com a noite dela, com a minha e a do Harry também. Se não fosse por você atrapalhando o tempo todo, talvez ela estivesse até hoje namorando o melhor Apanhador do mundo que, inclusive, é um gato. Pelo menos ela conseguiu beijá-lo, várias vezes. E pelo que fiquei sabendo os beijos dele foram pra lá de satisfatórios!
  O resultado do comentário foi Weasley com o rosto tão vermelho quanto seus cabelos e o silêncio dele pelo resto do tempo que passaram juntos. A loira não sabia se era por vergonha ou raiva do seu comentário, mas também não se importava; a única pessoa que poderia brigar com Hermione era ela mesma, jamais deixaria Rony ou qualquer outro garoto magoar sua amiga, e no fundo era uma de suas atividades favoritas deixar o ruivo de boca fechada.
  Gina também passava bastante tempo com eles agora, principalmente com Black e Granger, já que estava sem paciência para seu irmão. Sem contar que sempre pedia conselhos para as duas, pois seu relacionamento com Dino parecia cada dia mais conturbado.
  — Em resumo, garotos são insuportáveis! — concluiu, tendo as duas concordando.
  — E extremamente idiotas! — Hermione acrescentou.
  — E absurdamente ciumentos! — finalizou. — Por que a gente gosta deles mesmo?
  — Definitivamente não por opção! — Granger logo respondeu, bufando impaciente enquanto comia mais uma bomba de chocolate; as três estavam reunidas no dormitório do sexto ano, já que as companheiras de quarto de e Hermione não estavam por ali.
  — Eu só queria entender como eles são tão devagar e inseguros para as coisas, é tão irritante! — Gina suspirou. — E eu odeio que alguém queira me dizer o que fazer e, por alguma razão, eles se sentem nesse direito!
  — Oh, sim! — concordou veemente com o canto da boca sujo de creme. — Eu queria matar o Cedrico toda vez que ele vinha insinuando que eu tinha algo com o Harry ou falava como se quisesse que eu deixasse meus amigos de lado. Sinceramente, não sei como eu nunca azarei ele em tantos anos. Vontade não faltou!
  — Sim! — gritou a Weasley. — Dino ontem veio falar sobre a minha roupa, eu juro pra você que eu fiquei bem pertinho de socar a cara dele, igual a Mione fez com o Draco!
  Granger ficou vermelha, mas gargalhou lembrando-se do ocorrido.
  — Eu não sei se devo ficar triste ou feliz por não estar em um relacionamento, porque vocês fazem parecer horrível.
  — Ah, tem seu lado bom… — começou Gina. — Mas nem sempre vale o estresse!
  Black terminou de mastigar, concordando enquanto levava o copo de suco até a boca.
  — Eu acho assim — começou, engolindo antes de continuar, limpando a boca com a mão —, se chegar ao ponto que você chora mais do que ri, menina, é hora de aparatar bem rápido! Porque esse foi um dos motivos de eu ter terminado com o Ced no ano passado, estava insuportável ficar com ele no mesmo ambiente porque a gente sempre brigava. Por tudo! — Suspirou, cansada só de lembrar da situação. — O lado bom disso é que funcionou e nós dois melhoramos, mas se tivesse ficado daquele jeito, eu provavelmente estaria beijando outras bocas.
  As duas riram bastante, concordando.
  — Quem vocês super gostariam de beijar? — Gina questionou animada. — Eu peço desculpas desde já, mas preciso dizer que sempre achei o Diggory maravilhoso!
  Black arqueou a sobrancelha, dando de ombros.
  — Você e boa parte da escola! Como, em nome de Godric Gryffindor, eu comecei a namorar ele? Não tenho ideia, mas se ele me perguntasse, eu me faria de bem “olha, eu beijo quem eu quiser, viu? Tô disputadíssima!”, só pra ele não se garantir demais — respondeu, jogando os cabelos para trás e os prendendo em um rabo-de-cavalo. — Eu com certeza teria beijado o Wood, achava ele muito gato! E, se não tivesse a personalidade insuportável, o próprio Córmaco! — Gina e Hermione a olharam surpresas. — Ai, gente, ele é bonito, viu? Pena que por dentro ele é pior que um trasgo!
  — Sim, se ele não fosse tão irritante, não me importaria de beijá-lo! — Mione concordou, dando de ombros. — Adorava o Lino também, bonito e engraçado! Ah, e o Davis da Corvinal, tão lindo!
  — Ah, mas o Rogério Davies era unanimidade na escola toda! — concordou de imediato. — Ced que me perdoe, mas sempre quis saber se o Daves era mesmo o “melhor beijo de Hogwarts”!
  — Com certeza, o Montgomery também não era nada de se jogar fora! — Gina acrescentou, continuando as risadinhas junto com as amigas.
  — Monty está solteiro, Gina, se não der certo com o Dino e você quiser, eu falo pro Ced te arranjar um encontro! — brincou , vendo a ruiva gargalhar embora concordasse.
  — Sabem quem ficaria maravilhoso de boca fechada? — tornou a ruiva, atraindo a atenção das duas. — Malfoy! Porque, infelizmente, ele é bonito.
  — Ew, você sabe que ele é meu primo, não? — replicou , fazendo careta. Notaram que Hermione ficou em silêncio, baixando a cabeça e mexendo no pacotinho de Feijõezinhos de Todos os Sabores. — O que foi?
  — Ahn? Nada? — Pigarreou, ainda sem olhá-las. — Tudo bem… Eu meio que tinha um crush nele… Mas foi por pouco tempo! E nem sei como! — respondeu rápido ao ver a cara das outras duas. — Ele é horrível! Mas pelo que sei, ele é bem popular com as garotas, né?
  — Pois é, tem gente que não se importa com o conteúdo: não vê a Lilá beijando meu irmão? — Então virou-se para Mione, sorrindo amarelo. — Desculpa, amiga, mas que péssima escolha, viu? De todos os meus irmãos, justo o Rony?
  — Sim, Fred e George são muito melhores! Gui e Carlinhos nem se fala, se eu fosse mais velha com certeza gostaria de ser sua cunhada! — A loira apontou para Gina, que começou a gargalhar. — Rony só está melhor rankeado que o Percy, e só porque o Percy tá metido com o Ministério!
  — Exato! — a Weasley concordou, Mione deu de ombros.
  — Não é como se eu escolhesse, não é? — Suspirou. — Mas e o Harry, gente? Ninguém comentou do Harry, vai me dizer que ninguém nunca pensou em beijar o Menino-Que-Sobreviveu? Eu sei que eu já! — confessou, corando. — No terceiro ano ele estava tão bonito!
  Gina ficou tão vermelha quanto seus cabelos, baixando a cabeça
  — Você ainda gosta dele? — perguntou chocada, abrindo a boca.
  — Acho, não tanto quanto antes, mas fico toda boba quando ele fala comigo… Mas é só uma paixonite platônica! E você? Vai me dizer que todos esses anos andando pra cima e pra baixo juntos, nunca pensou em nada?
  — Ah — deu de ombros —, eu ficava meio boba no primeiro ano, mas acho que era mais por ser o famoso Harry Potter, não por de fato gostar, sabe? Mas se não tivesse o Ced e eu não achasse que estragaria nossa amizade, eu beijaria, com certeza. Acho que o Potter já foi, ou é — virou-se para Gina, arqueando a sobrancelha —, o crush de todo mundo na Escola. Tem que ter alguma recompensa por ter enfrentado o Voldemort tantas vezes, não?
  — Mudando um pouco de assunto — recomeçou Mione, tomando um gole de suco —, o que foi que aconteceu nas suas férias? Você ficou muito estranha quando perguntamos disso na volta para Hogwarts e eu te conheço bem demais para saber que algo aconteceu! O que foi?
  Black arqueou a sobrancelha, encarando-a por alguns instantes. Gina olhou de uma para a outra, rindo, antes de pegar o travesseiro mais próximo e jogar na loira.
  — Para de deixar todo mundo curioso, o que rolou?
  — Eu não sei do que vocês estão falando. — Olhou para o canto com a maior cara de culpa possível.
  — Bem, você pode contar para nós ou eu posso perguntar para o Sirius! — Mione ameaçou brincando, vendo-a abrir a boca e xingá-la baixinho.
  — Isso foi baixo, Granger.
  — E aí? — insistiu Gina, vendo-a dar de ombros. — É o que eu tô pensando?
  — Não sei legilimens, Weasley, não tenho como saber o que você tá pensando, sabe? — respondeu a outra, sorrindo de lado.
  — Você e o Diggory… Sabe? — insistiu, rindo. — Vocês foram para os finalmentes?
   coçou a nuca, olhando para baixo por um instante, suspirando.
  — Talvez…
  — Eu não acredito! — gritou Hermione, logo baixando a voz quando as duas pediram. — Eu sabia que você tinha aprontado alguma coisa! Eu tinha certeza! Por que não me falou antes?
  — Ah, eu não sei… Fiquei com vergonha…
  — Godric Gryffindor nos proteja, alguma coisa deixou Black com vergonha!
  — Ah, cala boca, Weasley! — A outra riu, jogando alguns doces na ruiva.
  — Pois muito bem, abre o jogo! Como foi?
  — Estranho! — confessou, fazendo careta. — Muito estranho, no começo eu só me perguntava o que eu estava fazendo ali, mas depois foi muito bom! Não que eu tenha como comparar, mas Ced é muito bom no que faz. — Riu sem graça, vendo as amigas fazerem caras engraçadas, chocadas com tudo.
  — E os detalhes, Black? Conta mais!

  Janeiro correu sem grandes novidades, até finalmente terem o final de semana livre para visitar Hogsmeade. E é claro, o casal combinou de se encontrar no vilarejo, o que acabou não dando certo já que ele não apareceu no local na hora marcada. A loira andava emburrada, de cabeça baixa, resmungando por nem mesmo ter sido avisada do atraso e voltando para Hogwarts quando esbarrou com alguém, virando-se em tempo de ver Harry a olhar assustado.
  — Ah, é você. O que faz aqui sozinha? — perguntou, passando a mão pelo ombro.
  — Diggory não apareceu — rolou os olhos —, e você?
  — Bem, minhas opções eram ficar estudando com Mione ou ficar com Uon-Uon e Lilá, que não passam mais de dois segundos sem se beijarem.
  — É… Um pouco nojento, não?
  Harry fez uma careta leve, acenando positivamente. 
  — Quer tomar alguma coisa?
  Black concordou e logo caminharam em direção ao Três Vassouras, que estava cheio de estudantes e outros bruxos. Harry foi pegar as cervejas enquanto encontrava um lugar para sentarem, uma mesa mais ao fundo de frente a uma janela um tanto empoeirada. Sinalizou com a mão quando viu o amigo a procurando pelo lugar.
  — Então… — começou a garota após tomarem um gole de suas bebidas e se encararem sem ter muito o que dizer.
  — Então… — concordou ele, sorrindo de lado. — Como estão as coisas?
  — Nada demais — pensou um pouco —, as aulas estão melhores sem a Umbridge — Harry concordou junto dela —, estou aguardando meu Capitão dizer quando teremos treino de Quadribol — arqueou a sobrancelha, vendo-o rir —, e as aulas estão sob controle. McGonagall até elogiou meu último trabalho, sinto que evoluí. E você?
  Potter gargalhou, concordando.
  — Ainda não sei se sirvo para Capitão, é estranho ter o time todo dependendo das minhas decisões… — argumentou, pensando um pouco. — As aulas estão boas, mas não tive elogios da Minerva!
  — Mas teve do Slughorn, não? — Arqueou a sobrancelha, vendo-o rir sem graça. — Não estou julgando, provavelmente usaria o livro também. Sabe o que seria ainda melhor? — Potter a encarou, curioso. — Se as aulas ainda fossem com o Snape, já pensou a cara dele quando você começasse a ser o melhor da turma? — Riu, vendo-o concordar, logo parando de sorrir ao pensar em Snape. — O que foi?
  Harry travou a mandíbula por um tempo, pensativo, passando a mão na sobrancelha.
  — Eu… — Olhou-a por um tempo antes de aproximar-se, curvando-se sobre a mesa, vendo-a fazer o mesmo. — Vou te contar uma coisa que ninguém mais sabe, bem, só Sirius e Remo, mas enfim… Lembra quando eu tinha as aulas de Oclumência com ele? — concordou, esperando-o continuar. — Bem, ele encerrou tudo, certo? Mas não foi sem motivos…
  — O que aconteceu?
  — No último dia, eu estava com raiva de ele ver todas as minhas memórias e eu não conseguir parar, certo? Então, quando ele foi usar Oclumência de novo, eu usei Protego.
  — Esperto, faria o mesmo! 
  — Então, aconteceu que eu consegui ver algumas lembranças dele…

   tornou a recostar-se na cadeira, encarando os olhos verdes do amigo.
  — Não me entenda mal, Harry, é óbvio que James e meu pai não estavam certos… Para falar a verdade, não me surpreende muito saber sobre Sirius — comentou, passando a língua pelos lábios antes de continuar —, mas era diferente, não? E Remo falou que ele mudou depois que começou a sair com a sua mãe…
  — Pode ser, mas dizerem que eles faziam isso por serem jovens e inconsequentes? Nós somos e não fazemos nada assim.
  — Não? — argumentou a outra, vendo-o a encarar confuso. — Tudo bem, tirando o Draco e alguns alunos da Sonserina, nunca arranjamos briga com outros, ainda mais sem motivo dessa forma, mas… Inconsequentes? Harry, no primeiro ano fomos atrás do Quirrell, não? E no segundo, atrás do basilisco?! Quer dizer, mal sabíamos Wingardium Leviosa… Quanto mais eu penso sobre essas coisas, mais penso o quanto fomos burros. Podíamos ter morrido, todos os quatro.
  — Mas é diferente de sair azarando alguém apenas por estar entediado! — retrucou, vendo-a suspirar, concordando.
  — Eu sei, porém, pelo que você disse, Snape também não era nenhum santo, não? Ele chamou sua mãe de Sangue-Ruim quando ela tentou ajudá-lo…?
  Harry concordou, mexendo com as mãos, parecendo um tanto chateado.
  — Sempre que falavam que eu sou parecido com meu pai, achava que era algo bom, entende? Mas agora…
   tornou a aproximar-se, colocando sua mão sobre a do amigo.
  — Como eu disse, não tem justificativa nenhuma para como nossos pais se comportavam, mas ao menos James mudou, não foi? Virou outra pessoa quando começou a sair com Lilian e, você precisa lembrar disso mais do que qualquer outra coisa, Harry — o garoto a encarou, curioso —, James pode ter sido um babaca quando mais novo, mas sempre teve o coração no lugar certo. Ele lutou contra Voldemort na Primeira Guerra, entrou na Ordem e se sacrificou para tentar ajudar você e sua mãe. Ele não agiu certo quando era novo, mas depois melhorou como pessoa e tentou salvar vocês, não foi?
  Potter a encarou, franzindo o cenho.
  — O que quer dizer? Como sabe disso?
   tornou a recostar no apoio da cadeira, mordendo o lábio inferior.
  — Como sabe disso? — insistiu Potter, ansioso.
  A garota suspirou antes de continuar:
  — Sirius estava um tanto bêbado nas nossas férias — começou com a voz baixa —, um dia começou a chorar e me contou do dia que ele foi preso, o dia que seus pais morreram…
  Harry abriu a boca, sem saber o que dizer.
  — O que aconteceu? — perguntou já sentindo a voz falhar.
  — Ele nunca soube ao certo, acho que ninguém sabe — tornou a segurar a mão do amigo —, mas quando ficou sabendo do que aconteceu, papai foi até Godric's Hollow — mordeu o lábio sem saber como continuar, não achava certo ser a pessoa quem contava aquilo, Harry talvez nem mesmo precisasse saber —, ele disse que a casa estava em ruínas, parte do teto tinha caído… James estava perto das escadas, Harry… — Sentiu um nó na garganta, vendo Potter abaixar a cabeça, fungando. — Sirius disse que… Ele parecia bloquear o caminho, entende? Porque sua mãe e você estavam no seu quarto…
  Harry puxou as mãos, cobrindo o rosto, sentindo as lágrimas escorrerem.
   levantou-se, dando a volta na pequena mesa e sentando ao lado do moreno, abraçando-o desajeitadamente enquanto o outro continuava a cobrir o rosto.
  — Eu sinto muito.

  Potter precisou de vários minutos para se recuperar e nem por um segundo se sentiu julgado por , ela continuou ao seu lado, abraçando-o, mexendo com seu cabelo vez ou outra.
  Suspirou sentindo-se mais calmo, passando a mão pelo rosto e limpando os vestígios de lágrimas.
  — Está ok? — Ouvi-a perguntar após alguns instantes, Harry concordou com um aceno.
  — Obrigado — soprou baixo, vendo-a sorrir pequeno, piscando para ele.
  — Está com fome? Não almocei, não me importaria de comer alguma coisa… — comentou, puxando um assunto diferente, vendo-o tornar a concordar, agradecido. — Já volto.
   retornou um tempo depois com dois pastelões de rins e duas bombas de chocolate, dando de ombros quando o amigo arqueou a sobrancelha.
  — Passei na Dedos-de-Mel, é sempre bom ter sobremesa, não?
  Comeram em silêncio, parte porque realmente estavam com fome, parte porque não sabiam como começar um novo assunto, Harry se sentia um pouco constrangido e não tinha certeza do que falar no momento. Foi só quando começaram a comer a sobremesa que o moreno resolveu falar:
  — E você levou um bolo, é?
  A garota sorriu sem graça, dando de ombros.
  — Diggory quem saiu perdendo. — Piscou, vendo-o rolar os olhos, tomando mais um gole de sua bebida. — E você? Fazia tempo que não conversávamos, não é?
  — , a gente conversou hoje cedo…
  — Quero dizer conversar igual fazíamos, de tudo e nada ao mesmo tempo, sabe? Além do mais, temos Mione e Rony, então estamos sempre juntos, mas não exatamente, entendeu?
  Potter passou a língua pelos lábios finos, concordando com a cabeça.
  — Eu sei, sinto falta disso, porém a culpa é sua. — Deu de ombros, limpando as mãos após terminar de comer.
   arqueou a sobrancelha, mastigando devagar.
  — Como isso é minha culpa?
  — Bem, você está muito ocupada com o Diggory, não?
  — Ced nem está em Hogwarts esse ano — lembrou —, mas admito que posso ter mal administrado meu tempo ano passado — concordou, suspirando. — Foi mal.
  Harry riu, negando com um aceno.
  — Não precisa se desculpar por preferir passar o tempo com seu namorado.
  — Ei, não disse que prefiro — negou. — É só… Diferente, sabe? Mas é óbvio que gosto de passar o tempo com vocês, e gosto de quando conversarmos sem ter Rony e Mione gritando pelos cantos.
  — Eu quase sinto falta dos dois brigando o tempo todo do que se ignorando dessa forma… — comentou pensativo, vendo-a concordar após tomar um gole de bebida. 
  — E sabe o que é pior? Eu duvido que Rony goste da Lilá, acho que ele só está saindo com ela porque a Gina falou que ele era o único que não tinha beijado ninguém.
  Harry gargalhou, concordando.
  — Com certeza ele já beijou muito mais do que eu! — Sorriu sem graça, lembrando-se de seus encontros um tanto fracassados com Cho no ano anterior.
  — Potter, tenho certeza que Rony já beijou mais do que eu, você e Granger juntos! — Riu com o amigo.
  — Mas você não fica muito atrás, não? Vivia sumindo com o Diggory... — Arqueou a sobrancelha, sugestivo. sorriu de canto, o rosto um tanto avermelhado.
  — Foi diferente e nem era tanto assim…
  Potter sorriu pequeno, olhando para seu copo quase vazio.
  — Outra bebida? — perguntou a garota, Harry concordou vendo-a levantar.
  — Pode deixar, eu pago essa! — chamou, antes dela sair, negou, mas acabou pegando o dinheiro quando ele ofereceu dois galeões. — Você pagou o almoço. 
  O garoto suspeitou que ela talvez não quisesse correr o risco de conversar sobre seu relacionamento com Cedrico, o que, no fundo, talvez fosse uma boa ideia, Harry não queria ter muitos detalhes.
  — Pois bem — disse ao colocar o copo em frente ao apanhador —, já sabemos que eu sumia à noite para dar uns beijos no Cedrico, mas e você?
  Harry a encarou, franzindo o cenho.
  — Nada contra o Diggory, mas ele não é bem meu tipo… Nunca sumi para beijá-lo.
  Os dois riram por algum tempo, Potter reparou por alguns instantes no sorriso de Black, lembrando-se do quanto gostava de vê-lo, a garota ficava ainda mais bonita quando sorria.
  — Idiota — negou, ainda com vestígios do riso fácil nos lábios. — Quero dizer, e você, Harry Potter, interessado em alguém ou ainda pensando em Cho…?
  — Quê? Não… Não, com a Cho foi estranho… — Ajeitou-se na cadeira, deixando o braço sobre a mesa de madeira. — Não gostava de verdade dela, era mais…
  — Físico? — Arqueou a sobrancelha, lembrando-se de Hermione definindo o relacionamento que tinha com Krum no quarto ano.
  — Exato. — Sorriu sem graça, o rosto um tanto avermelhado. — Achei que gostava, mas acho que foi só… Sei lá…
  — A primeira garota que você se interessou? — tentou completar, o cenho franzido.
  — Acho que sim… Não sei bem se a primeira, mas a que dava para tentar algo.
  — O que quer dizer? — questionou confusa, curvando-se levemente sobre a mesa, cruzando os braços e os apoiando na madeira.
  — Ahn… — Coçou o pescoço, pouco à vontade com o rumo da conversa. — Talvez fosse um pouco parecido com o Rony agora, sabe? Quer dizer, Hermione estava saindo com o Victor e você namorava o Cedrico…
   começou concordando, mas então parou no meio do gesto, negando com a cabeça em seguida.
  — Harry, você chamou a Cho para o Baile, foi basicamente ao mesmo tempo que eu comecei a sair com o Diggory e a Mione a beijar Krum na biblioteca!
  Potter passou a língua pelos lábios, pensativo.
  — Quem diria, né? E a gente pensando que ela só estudava… — Tentou mudar o foco, sorrindo pequeno. Black concordou rindo baixo, mas não deixando o assunto anterior morrer.
  — Pois é, mas e você? Então Cho não foi seu primeiro interesse? — perguntou curiosa. — Qual é, Harry, sabe que não vou falar para ninguém o que você me contar!
  — Eu sei… — Suspirou, olhando pela janela. — É só… Estranho falar disso com você.
  — Somos amigos, não somos? Eu só não falo do Ced porque sei que vocês dois não se entendem tão bem e nem acho que você queira saber sobre muita coisa, mas não significa que não confiaria em falar com você ou que não quero saber sobre sua vida.
  Harry sorriu um tanto triste, a garota percebeu e ficou preocupada com a reação.
  — O que está acontecendo, Harry?
  — Quando foi que você começou a gostar dele? — tornou, vendo-a arquear a sobrancelha, suspirando em seguida.
  — Não sei ao certo, sabia que ele era bonito — deu de ombros —, mas não tinha reparado nele desse jeito, só via que sempre tinha alguma garota o olhando e coisas assim, mas não me importava… No terceiro ano ele foi de um cara que eu conhecia em Hogwarts para um amigo próximo, não muito diferente de você, na verdade… Exceto a parte de me ajudar a estudar! — Riu, vendo-o sorrir pequeno, concordando. — Acho que foi só no último dia de aula que eu percebi que gostava dele, porque ele estava beijando outra garota. — Rolou os olhos. — Nem mesmo sabia por que estava com tanto ciúmes…
  Harry passou a língua pelos lábios.
  — Foi por isso que você estava chorando antes de voltarmos para casa?
   concordou, lembrando-se do acontecido pouco depois.
  — Nem queria olhar pra ele, mas não era como se fosse culpa do Cedrico, porque não tínhamos nada, entende? Mas foi por causa disso que eu soube.
  — E sabia que ele gostava de você?
  — Não com certeza, às vezes achava que sim, mas também achava que era coisa da minha cabeça. Só soube mesmo no dia do sorteio dos nomes para o Tribruxo…
  Potter concordou, pensando sobre o assunto.
  — Você acha que se não tivesse se aproximado dele as coisas seriam diferentes?
  — Não sei, nunca pensei sobre isso para falar a verdade, mas acho que só demoraria um pouco mais para acontecer… Ou talvez a gente realmente nunca se falasse, então não teria por que começar a gostar um do outro. Embora eu com certeza sairia para um encontro mesmo se não fosse pensando em namorar! — Deu de ombros, vendo-o rolar os olhos. — Como se você não pensasse em sair com algumas garotas! — acusou, Harry sorriu. — Por que a pergunta?
  — Só curiosidade. É estranho, não? Eu nunca soube de quem eu gostava, acho que até o terceiro ano nem gostava de ninguém, então comecei a me sentir estranho, mas aí achei que era coisa da minha cabeça…
  — Com Cho?
  — Não — negou, triste —, com a Cho foi… Sei lá. — Sorriu pequeno. — Achava ela bonita e jogava bem Quadribol, um dia fiquei olhando pra ela na mesa da Corvinal e quando vi, já estava interessado, mas nunca fez muito sentido pra mim, eu mal conversava com ela.
   concordou pensativa, estava morrendo de curiosidade para saber de quem Harry gostava, mas pelo tanto que ele enrolava, tinha quase certeza que ele não contaria de forma alguma.
  — Então… Essa menina que você gosta, você conversa com ela?
  Potter concordou com um aceno, um tanto vermelho.
  — É da Grifinória?
  — Acho melhor pararmos por aqui, ok? Não adianta conversar sobre isso, , não faz diferença.
  — Por quê? Qual é, Harry, me conta! Eu não vou falar pra ninguém! Menos ainda pro Sirius ou pro Rony! Juro!
  O garoto soltou o ar lentamente, pensando sobre.
  — Ela gosta de outro cara, não vai acontecer nada.
  — Como você tem certeza?
  — Eu só sei. — Deu de ombros, sorrindo triste.
   mexeu-se na cadeira, empenhada em ajudar o amigo.
  — Mas não quer dizer nada, não é? Ela está saindo com esse cara? Ele gosta dela?
  Harry tinha medo de falar muito e ela descobrir sozinha, mas achou que a melhor saída para terminarem o assunto logo seria contar em partes a verdade.
  — É complicado.
  — Por quê? Quer dizer… Se eles não estão juntos, você nem sabe se ele gosta dela…?
  — Ele gosta, eu sei que sim.
  — Ele é legal?
  Potter pensou por um momento, por fim concordando.
  — Mas Harry, se… — A garota parou por um instante, pensativa. Potter sentiu um frio no estômago quando ela mudou a face pensativa para uma quase entendida, fechou os olhos por um instante.
  — É a Hermione?
  — O quê?
  — Mione gosta do Rony, ele gosta dela, é óbvio, mas o relacionamento deles é complicado. Ela é da Grifinória, vocês conversam desde sempre e o cara é legal…?
  Harry abriu a boca um tanto atônito, nem por um instante pensou em Mione, mas até fazia sentido a garota pensar na amiga como o amor não correspondido de Harry.
  — Digamos, hipoteticamente, que seja ela. Entendeu? Não tem o que fazer.
   mordeu o lábio, encarando-o por algum tempo.
  — Você deveria falar com ela.
  — O quê? Para quê?
  — Harry, vocês são amigos, mesmo que nada aconteça entre vocês dois, como vai ser se ela começar a sair com Rony? Você vai se sentir ainda pior do que gostando dela sem ela saber.
  Ele negou com um aceno.
  — Só vai piorar tudo, . Estamos bem desse jeito, não é? E se, hipoteticamente, ela para de falar comigo? Não tem por que estragar a amizade. Não tem o que fazer, eu descobri tarde demais que gostava dela e agora ela gosta de outro.
  — Por isso começou a sair com a Cho…?
  Harry concordou mais uma vez, cada vez mais chateado com o assunto.
  — Achei que era melhor tentar investir nisso, entende? Não era como se eu achasse ok gostar de uma amiga, ainda mais com a situação toda.
   sorriu triste, concordando também.
  — Você deveria dizer pra Mione, Harry. Tenho certeza que ela vai entender, não é sua culpa, ninguém escolhe de quem gostar. E é injusto você se sentir mal por algo assim. — Potter baixou a cabeça, pensando sobre o assunto, sentia o peito doer. — Pensa como vai ser pior se eles começarem a sair juntos sem saberem que você gosta dela? Sem nem evitarem dar uns beijos perto de você…
  O garoto fechou os olhos, concordando com um aceno, lembrando de todas as vezes que quis azarar Diggory apenas por ele estar perto de ou por estarem de mãos dadas.
  Black esticou a mão mais uma vez, segurando a do amigo.
  — Vai ficar tudo bem, Harry.
  Potter sentiu o coração pesar, o corpo aquecer quando notou suas mãos juntas. Suspirou.
  — Tem certeza que acha uma boa ideia?
  — É você quem decide, Cicatriz, mas eu acho que você não pode guardar isso pra sempre.
  Harry concordou, sussurrando em voz baixa:
  — É você.
   inclinou a cabeça confusa, o cenho franzido.
  — Eu o que…?
  Potter encarou os olhos , sorrindo triste. demorou alguns segundos para entender ao que ele se referia, parecendo surpresa, abriu a boca tentando dizer algo sem saber o que, por fim pigarreou:
  — Você disse que era a Hermione...
  Ele negou com a cabeça, mantendo o olhar nela e o sorriso calmo nos lábios.
  — Você quem falou dela. Eu usei “hipoteticamente”.
  A loira concordou depois de alguns segundos, ainda parecendo um tanto chocada.
  — Sinto muito — disse o moreno baixo, ela negou com um aceno.
  — Eu também, mas por você nunca ter me dito isso antes, Harry. — Mordeu o lábio, sem saber como continuar. — Como foi que isso aconteceu?
  Ele deu de ombros, pensando por um momento.
  — Não sei bem, você sempre foi minha melhor amiga, não é? No terceiro ano comecei a me sentir estranho quando estávamos juntos ou quando você me abraçava, mas achei que era da minha cabeça… — explicou, encarando suas mãos juntas na mesa. — Foi quando você começou a passar o tempo todo com o Diggory, achei que tinha ciúmes porque nós não estávamos próximos como antes, sabe? Mas que fosse só isso. Quando comecei a achar que estava gostando de você, quis pensar em outra garota, foi meio que por aí quando comecei a reparar na Cho. Seria bem mais fácil gostar dela, não?
   olhou para baixo, escutando seu melhor amigo dizer todas aquelas coisas sem saber como reagir. Sentia-se burra por nunca ter reparado em nada daquilo.
  — Era por isso que você ficava vermelho quando eu te elogiava, não é? — falou ao tornar a encará-lo, Harry concordou. — Achei que só não tinha se acostumado com elogios e ficava sem graça…
  Potter riu, sem emoção.
  — Parte era por isso mesmo, sou humilde. — Tentou fazer graça. — Porém, nunca fiquei assim quando a Mione me elogiou.
  Os dois ficaram em silêncio por um instante e Harry teve medo de perder sua amizade com a garota, achando que talvez fosse sempre ficar estranho entre eles e não poderiam mais conversar como faziam.
  — Não é como se eu quisesse. Eu juro que não queria, — falou em voz baixa, vendo-a tornar a olhar para ele, sorrindo pequeno. — Não é como se eu quisesse que você terminasse com o Cedrico ou algo assim. Eu sei o quanto você gosta dele e eu sei que ele gosta de você.
   negou com a cabeça, tornando a dar a volta na mesa, sentando ao seu lado e juntando suas mãos.
  — Não é sua culpa, Harry — falou com a voz falha, deixando uma lágrima escorrer. Harry concordou, sentindo o peito doer.
  — Eu sei que você é feliz com ele — soprou —, eu vejo o jeito que vocês se olham. E você é minha melhor amiga, eu estou realmente feliz por você estar tão bem com ele — disse baixo, suspirando. sorriu sem graça, sentindo o próprio peito doer. Odiava ver Harry triste e saber que era por sua causa, parecia mil vezes pior. — Eu juro que não queria me apaixonar por você, .
  — Como é? — Ouviram uma voz à direita, virando-se no mesmo instante ao reconhecê-la. — O que foi que você disse, Potter? — disse Cedrico com um tom duro, logo notando os dois de mãos dadas. Encarou a namorada por um instante, notando as lágrimas em seus olhos. — O que está acontecendo?
  — Cedrico… — pediu a garota com a voz baixa, enquanto Potter olhava para o lado um tanto frustrado e bastante tímido com a situação toda, soltando suas mãos. — Não é nada disso.
  — Nada disso o quê? Ele não acabou de dizer que está apaixonado por você? Eu escutei errado por acaso?
   levantou-se por um instante, colocando a mão em seu braço.
  — Me dá alguns minutos, ok?
  — Você só pode estar brincando comigo! — retrucou revoltado, Potter continuava olhando pela janela. — Você quer que eu saia para você ficar com ele depois dele ter se declarado?
  — Cedrico, por favor — pediu a loira, encarando os olhos cinzas do namorado. — Espera lá fora, ok? E nós conversamos.
  Diggory tornou a abrir a boca, mas olhou da namorada para Potter, antes de suspirar e concordar com um aceno, saindo do local a contragosto. Black tornou a sentar ao lado do amigo.
  — Desculpe, eu — começou Harry, mas a garota negou.
  — Não tem que se desculpar por nada, Raio. — Sorriu pequeno. — Eu quem deveria ter notado isso antes, não é? Eu sinto muito por nunca ter percebido.
  — Não tinha como você saber…
  — De qualquer forma, você é meu melhor amigo, eu nunca quis te deixar triste, você é uma das pessoas que eu mais amo no mundo. Eu não quero nunca perder você, Cicatriz.
  Potter riu baixo, concordando, passando a mão por baixo dos óculos, evitando as lágrimas.
  — Eu fico feliz de verdade por saber que você está bem, mesmo que seja com o chato do Diggory.
  Os dois riram baixo.
  — Eu queria muito poder te fazer a pessoa mais feliz do mundo — começou , vendo-o concordar sorrindo de lado. — Sabia que eu tive uma queda por você no primeiro ano? — contou, vendo-o a olhar surpreso. — Por que acha que eu concordei com aquele plano de passar por um cachorro de três cabeças?
  Tornaram a sorrir um para o outro e então se abraçaram.
  — Se depender de mim, nós nunca vamos ser estranhos um para o outro e sempre vamos ser próximos desse jeito, ok? — avisou, vendo-o concordar, agradecendo em voz baixa. — Eu te disse uma vez, não foi? Precisa de mais do que um Diggory pra você me perder!
  — Acho melhor você falar com ele, não? — lembrou, afastando-se.
  — Você está bem? — perguntou, olhando-o preocupada.
  — Não — confessou rindo —, mas tinha razão, foi melhor contar do que continuar guardando comigo. Vou tomar mais uma cerveja antes de voltar para a escola. Não se preocupe, se nem Voldemort conseguiu me matar, não vai ser isso que vai acabar comigo.
   sorriu pequeno, concordando.
  — Te vejo depois no Salão Comunal? — perguntou, vendo o moreno concordar sorrindo — Eu amo você, Raio!
  Potter riu baixo, abraçando-a mais uma vez.
  — Eu sei, eu sou o Menino-Que-Sobreviveu, todo mundo me ama. 

  Diggory estava de braços cruzados, olhando para o chão coberto de neve, esperando pela loira. Sua cabeça estava a mil e no fundo ele voltou a se sentir um tanto inseguro. No final, esteve sempre certo, Potter estava apaixonado por sua namorada. Sabia que gostava de Harry como amigo, mas estava um tanto apreensivo de que isso agora mudasse.
  Os dois eram melhores amigos desde o primeiro ano, estavam sempre juntos, tinham coisas demais em comum, eram quase perfeitos um para o outro.
  Bufou impaciente, queria voltar para dentro do Três Vassouras e falar com Potter.
  Como assim agora ele estava se declarando para sua namorada?
  Esperava que não esquecesse do que tinha com Cedrico para ficar com ele.
  Ouviu a sineta do bar e logo uma mão tocou em seu braço, fazendo-o ignorar seus pensamentos.
  — Ei! — Viu Black sorrir pequeno em sua direção, os olhos um tanto avermelhados. — O que aconteceu com você? Por que atrasou tanto?
  Diggory respirou fundo, tentando acalmar-se.
  — Tentei te mandar uma coruja ontem, mas era óbvio que não chegaria a tempo. — Rolou os olhos. — Precisei trabalhar pela manhã e tive uma reunião da Ordem depois do almoço, só consegui sair agora.
   concordou.
  — Esperei por horas e você não apareceu, achei que pudesse ter acontecido algo, mas estava com raiva. — Riu fraco, vendo-o negar com um aceno antes de inclinar-se para dar-lhe um beijo na bochecha.
  — Oi!
  A garota sorriu, abraçando-o por alguns instantes.
  — Podemos sair do frio? — pediu ao soltarem-se, Cedrico concordou e andaram até uma loja de chás e bolos próxima.
  — Então, o que aconteceu com você e Potter? — perguntou por fim, assim que sentaram-se e fizeram seus pedidos.
   suspirou, juntando suas mãos e apoiando a cabeça no ombro do namorado.
  — Estávamos conversando sobre diversas coisas, sabe? Fazia tempo que não saíamos só os dois. Então comecei a perguntar como estava a vida amorosa dele, se estava interessado em alguém ou se ainda gostava da Cho…
  — E ele falou que estava apaixonado por você.
  — Não — cortou, negando com um aceno. — Ele nem queria dizer nada, depois eu comecei a achar que fosse da Mione que ele gostava, e disse que ele deveria contar para ela porque antes de tudo eles são amigos e ela entenderia. E ele não poderia guardar pra sempre uma coisa assim.
  Cedrico ficou em silêncio, escutando-a sem fazer outros comentários, apenas mexendo em seu chá quando o mesmo foi entregue.
  — Foi bem triste. E eu não sei como nunca reparei nisso, Ced, ele é meu melhor amigo! Eu meio que deveria saber, não é? Sendo sobre mim ou qualquer outra pessoa.
  — Você não teria como adivinhar sem ele falar, embora eu suspeitasse.
  Sam suspirou impaciente.
  — Você não fazia ideia, não tem nada a ver com o seu ciúme.
  Diggory arqueou a sobrancelha, dando de ombros.
  — Mas em partes eu estava certo, não? Ele gosta de você.
  — O que não significa que eu goste dele também, não dessa forma.
  — Eu sei, desculpe. — Suspirou. — Sinto muito por tudo isso. Deve ser difícil para ele.
  Black concordou em silêncio, tornando a encostar sua cabeça no ombro do outro.
  — Não sei o que eu poderia fazer para ajudar…
  — Não tem o que fazer, . Não tem como controlar uma coisa assim — explicou. — Talvez com o tempo ele encontre alguém com quem goste de sair e de repente se apaixona por essa pessoa, mas não tem o que você fazer para adiantar esse processo.
  — Poderíamos apresentar alguém para ele, não? — sugeriu pensativa. — Gina está praticamente terminando com o Dino e eu sei que ela gosta dele!
  Diggory negou com a cabeça.
  — Se você começar a tentar arranjar encontros para ele, só vai piorar as coisas. O melhor que você tem a fazer é agir normalmente até que ele siga em frente.
  — Talvez não devêssemos ficar tão juntos quando ele estiver perto… — sugeriu, olhando-o de canto.
  Cedrico pensou por um instante, concordando.
  — Não sei se isso vai ajudar muito, mas podemos tentar. — Passou a língua pelos lábios antes de concluir. — Vou conversar com ele na próxima vez que nos vermos.
  — Como é?
  — Me desculpar, no mínimo. — Deu de ombros. — Não fui a melhor das pessoas com ele nos últimos anos, não é?
  A loira sorriu, beijando-lhe a bochecha.
  — Obrigada.

QUINZE.

  — Mais uma vez, é importante lembrarmos dos três D’s quando aparatamos! Destinação, Determinação e Deliberação. Primeiro, concentrem a mente na destinação desejada — dizia Twycross —, neste caso, o interior do seu aro. Agora, façam o favor de se concentrar nessa destinação. Segundo, focalizem a sua determinação de ocupar o espaço visualizado, deixem este desejo fluir da mente para todas as partículas de seus corpos! — continuava o bruxo do Ministério. encarava o aro empoeirado à sua frente, respirando fundo enquanto tentava manter sua mente focada no local. — Três, e somente quando eu der a ordem… Girem o corpo, sentindo-o penetrar o vácuo, mexendo-se com deliberação! Quando eu mandar… Um… Dois…
  A loira sentiu o coração acelerar conforme a contagem começou, fechando os olhos por um instante, ouvia um murmurinho ao lado, mas tentou manter-se focada no que interessava.
  — Três!
  Black girou o corpo, assim como todos os alunos ao redor, mas, como a grande maioria, apenas cambaleou por alguns instantes, demorando algum tempo para conseguir equilibrar-se e não cair de cara no chão. Ao olhar para os colegas que também preparavam-se para o teste, reparou que estavam todos parecendo tão atordoados quanto ela, menos Hermione Granger, a amiga tinha sido a única a conseguir aparatar.
  — Excelente, senhorita Granger! — elogiou o bruxo. pôde ver McGonagall acenar com a cabeça para a morena em um cumprimento silencioso. — Muito bem, todos vocês, é só fazerem como a senhorita Granger! Concentrem-se, arrumem seus aros e vamos tentar outra vez.
  A segunda e a terceira vez não mudaram muita coisa, apenas que Rony foi um dos alunos que acabou por girar demais e cair por sobre outro colega.
  Harry, ela pôde ver, parecia mais focado em espiar Draco do que tentar aparatar.
  Hermione era a única que continuava a conseguir aparatar com êxito, o que era elogiado a cada vez por Twycross e fazia os demais alunos rolarem os olhos, embora estivessem acostumados com a colega sempre se saindo bem na Escola.
  O estrunchamento de Susane Bones tinha sido a coisa mais emocionante da aula, pelo menos até a décima tentativa na qual, finalmente, Black tinha conseguido algum progresso, embora ao invés de aparatar dentro de seu arco, acabou uns bons metros à frente, próxima a Flitwick que sorriu encorajador, dizendo que estava quase conseguindo. Talvez fosse verdade, mas sentiu-se tão enjoada que nem mesmo queria tentar outra vez, era ainda pior aparatar sozinha do que quando acompanhava Sirius, Dora ou Cedrico; sentia como se fosse vomitar a qualquer momento.
  Felizmente ou infelizmente, Black não sabia ao certo dizer, conforme as demais aulas foram passando, não fez muito progresso; as poucas vezes que tinha conseguido aparatar tinham sido longe do seu objetivo, uma delas terminou no aro de Neville e na outra tinha caído aos pés de Snape, que não perdeu a chance de fazer piada com a falta de controle da mais nova.
  Com o passar de fevereiro e o inverno, aos poucos, se distanciando, nada muito relevante havia acontecido na escola, os treinos de Quadribol continuavam iguais, as aulas estavam boas — Harry continuava sendo um sucesso em Poções — e, para chateação dos outros dois amigos, Rony e Mione continuavam sem se falar.
  Black e Potter, por outro lado, continuavam com a amizade de sempre, conversaram mais um pouco assim que voltaram de Hogsmeade e, embora se sentisse um tanto culpada por toda a situação, Harry havia lhe garantido que não tinha com o que se preocupar. Aquilo acabou ficando como um segredo dos dois e eles seguiram tão amigos quanto antes. Parte de Harry parecia mais tranquila desde que se declarou, sempre soube que nada aconteceria entre eles, pois a amiga estava namorando com Diggory, mas ela estava certa quando disse que era melhor ele tirar aquilo do peito. Agora seu único problema era tentar descobrir o que Malfoy fazia quando sumia e o frustrava ainda mais saber que nenhum dos amigos parecia muito intrigado com o assunto, embora concordasse que era suspeito.

  No dia primeiro de março, após tomarem café, e Gina seguiram para a Torre da Grifinória, deixando Hermione lendo um livro no Salão Principal, pegaram os presentes que tinham comprado para Rony e seguiram até o dormitório masculino, prontas para parabenizá-lo pelo aniversário. Estranharam quando não o encontraram na cama ou no Salão Comunal, viram Lilá chorando ao canto, sendo consolada pelas amigas, o que parecia ainda mais estranho — quase foram perguntar o que havia acontecido, mas acharam melhor evitar qualquer detalhe sobre o relacionamento deles. Esperaram por um tempo até encontrarem com Neville que disse ter visto Harry carregar Rony, que estava mais aéreo que o normal.
  As duas deram de ombros e voltaram a se encontrar com Hermione, esperando que em algum momento os amigos aparecessem. Foi apenas uma hora depois, quando estavam conversando sobre o que fariam em Hogsmeade mais tarde, que McGonagall apareceu dizendo para Gina correr até a enfermaria pois Rony tinha sido envenenado.
  Hermione foi a primeira a levantar-se exasperada, correndo em direção à Ala Hospitalar seguida pelas amigas, ao chegarem, entretanto, apenas encontraram com Harry que estava encostado na parede, aguardando por mais informações. Potter contou o que tinha acontecido e precisou desculpar-se repetidas vezes quando Granger o confrontou por não ter ido avisar mais cedo sobre Rony, fora isso, não tinha qualquer informação adicional sobre o estado do ruivo. McGonagall, Dumbledore e Madame Pomfrey entravam e saíam da enfermaria, mas não diziam nada a respeito.
  Passaram o dia esperando para poderem ver o ruivo, o qual souberam que estava melhor próximo às três horas (o que lembrou Black do encontro que havia marcado com o namorado em Hogsmeade e ela não compareceu), mas só puderam de fato entrar para vê-lo às 20h, embora Rony continuasse desacordado. Sr. e Sra. Weasley apareceram no final da tarde para ver o filho, agradecendo imensamente a Harry por ter salvado a vida do amigo, e então foram para o escritório de Dumbledore.
  Fred e George apareceram pouco depois e, mais uma vez, Harry contou o que tinha acontecido.
  — O que vocês faziam em Hogsmeade? — perguntou Gina curiosa.
  — Viemos dar uma olhada na Zonko’s, estamos pensando em comprar a loja para termos uma filial das Gemialidades aqui — Fred começou a explicar.
  — É, mas não vai ser muito útil se vocês não puderem mais sair da Escola — emendou George —, mas pensamos nisso depois.
  — Então encontramos com Cedrico no Três Vassouras — recomeçou Fred, virando-se para que sorriu amarelo —, esqueceu de encontrar o seu namorado bonitão, não foi?
  — Estava esperando para dar os parabéns ao Rony antes de ir para lá, aí quando a Minerva falou que ele estava aqui, esqueci completamente — explicou-se, dando de ombros.
  — Tudo bem, ficamos bebendo juntos por um tempo, ele é mais engraçado do que parecia em Hogwarts — comentou George, impressionado —, contou umas piadas ótimas.
   o encarou surpresa, não se lembrava da última vez que Diggory tinha lhe contado alguma piada.
  — Recebemos a notícia que Rony estava aqui faz alguns minutos, viemos direto, acredito que ele entendeu o motivo de você não ter aparecido — concluiu Fred, piscando de lado para a loira.
  — São mais de oito horas, ele estava esperando que eu fosse aparecer essa hora?
  — Claro que não — negou George —, mas ficamos bebendo e conversando, quando vimos, já era tarde…
  — Mas o que importa é, quem tentaria envenenar o Rony?
  — Quem disse que era para Rony? — tornou Gina. — Conversamos sobre isso mais cedo, não achamos que Uon-Uon fosse o alvo.
  — Harry? — Fred arriscou.
  — Mais provável o Dumbledore, Slughorn disse que daria o hidromel ao diretor — comentou Harry pensativo, passando a língua pelos lábios.
  — Então quem quer que fosse não o conhecia muito bem — começou Mione, atraindo a atenção de todos, estava quieta a tarde toda, não tendo participado da primeira roda de conversa sobre o assunto —, qualquer um que conhecesse Slughorn saberia que haveria uma grande possibilidade de ele guardar uma coisa gostosa daquelas para si mesmo.
  — Her-mi-o-ne.
  Todos ficaram em silêncio e encararam o Weasley desacordado, que balbuciava palavras incompreensíveis, pouco depois roncou alto, voltando a ficar em silêncio.
  No momento seguinte ouviram um barulho alto e Hagrid entrou pela enfermaria, sujando de lama o chão limpo do local.
  — Acabei de saber, estava na Floresta… Aragogue não está bem de saúde… Estive com ele a tarde inteira… Vim jantar agora e a Professora Sprout me contou…
  — Por mim poderia morrer logo — cochichou próxima a Harry, que concordou com um aceno. Nenhum dos dois esquecia-se da aranha gigantesca que tentou devorá-los anos antes.
  — Olha só para ele deitado aí… — Negou com a cabeça ao ver Rony. — Coitadinho… Como ele está?
  — Nada mal, disseram que estará bem em poucos dias. — Harry sorriu confiante para o meio-gigante, que concordou com a cabeçona.
  — Quem poderia querer envenená-lo?
  — É o que estamos discutindo — contou Fred, cumprimentando o guarda-caças com um aperto de mão.
  — Talvez alguém esteja com raiva do time de Quadribol da Grifinória? — arriscou-se o mais velho. — Primeiro Kátia, agora Rony… Vocês três tomem mais cuidado! — Apontou para Gina, Harry e .
  — Não vejo ninguém querendo liquidar um time todo de Quadribol… — comentou George, negando com um aceno.
  — Wood faria isso com o time da Sonserina se não tivesse que pagar pelo crime — completou Fred, querendo ser justo.
  — Não acho que tenha algo com o time da Grifinória, mas os casos estão ligados — tornou Mione, vendo o grupo virar-se para olhá-la. — Os dois casos deveriam ter sido letais. Katia e Rony tiveram sorte, ao mesmo tempo não eram os alvos do envenenador. O que o torna ainda mais perigoso, já que não se importa com o número de vítimas.
  — Seja quem for, vai ficar mais desesperado ou mais ousado, não? Duas tentativas falhas de chegar ao Dumbledore — acrescentou . — Quem sabe o que fará na próxima vez? Talvez ele mesmo tente atacar o diretor…
  — Dumbledore não se deixaria pegar desse jeito, ele é inteligente.
  — Sim, Gina, mas você já pensou na possibilidade de ser um aluno? Dumbledore não desconfiaria de um aluno — continuou a loira, virando-se de lado para Potter. — Você provavelmente estava certo sobre suas suspeitas — cochichou, vendo-o concordar.
  Harry, Mione, Gina e voltaram para a Torre da Grifinória após serem expulsos da Ala Hospitalar por Madame Pomfrey, voltaram intrigados com a discussão que Hagrid havia presenciado entre Dumbledore e Snape, mas as garotas acabaram por ir direto para suas camas quando viram que McLaggen esperava por Harry no Salão Comunal. Conforme lembrado pelo rapaz, Rony não poderia jogar a partida de Quadribol, e ele ganharia a vaga de goleiro por, pelo menos, um jogo.

  Os comentários de de que talvez fosse melhor jogar com um a menos pareceram cada vez mais sensatos conforme os treinos aconteciam. Córmaco não gostava de receber ordens, agia como se fosse o capitão do time e irritava todos os companheiros, quando virou-se para Black dizendo como ela poderia voar, a loira encarou-o com tanta raiva que Harry teve certeza que ela o azararia naquele mesmo instante, e ele quase esperava que a garota o fizesse.
  — Se você não voltar para aqueles aros, eu juro que você nunca mais voar na sua vida, porque sempre que chegar perto de uma vassoura vai se lembrar do dia que eu arrebentei a sua cara.
  Após esse comentário e ao vê-la segurar a varinha com firmeza, Córmaco de fato voltou a sobrevoar os aros, embora continuasse a palpitar.
  — Eu sabia que em algum momento o medo que o pessoal tem de você por ser filha de Sirius serviria para alguma coisa! — disse Gina sorridente ao final do treino, quando passaram por McLaggen, vários metros à frente.
  — Harry, essa é nossa última chance de jogar sem ele amanhã, você tem certeza que não vai aproveitá-la? — perguntou a loira, vendo-o rir, mas negar com certo pesar. — Nem McGonagall se importaria se isso acontecesse, talvez até nos desse pontos extras!

  Como previsto, o jogo contra a Lufa-Lufa acabou por ser um desastre desde os primeiros minutos, já que McLaggen estava muito mais interessado em mostrar a todos os jogadores da Grifinória o quanto eles estavam errados ao invés de cuidar dos aros, o que deixou extremamente fácil para o time amarelo fazer o número de gols que quisesse, e o que era ainda pior: Zacarias Smith era um dos artilheiros do time.
  Harry Potter, que era basicamente a única esperança dos leoninos de conseguirem terminar logo aquela partida horrível, acabou sendo nocauteado por um balaço lançado pelo próprio goleiro da Grifinória. Depois de ser carregado para a Ala Hospitalar e o jogo voltar a ter início, as coisas só ficaram piores; com um jogador a menos, o qual era o capitão do time, Córmaco se sentiu ainda mais livre para dar ordens e cuidou menos ainda dos aros, levando um gol atrás do outro e os dois gols que cada uma das artilheiras da Grifinória marcaram não foram nem próximos do suficiente para evitar a derrota humilhante: 320 x 60.
  Ao final da partida, embora todos estivessem preocupados com Potter, os jogadores vermelhos cercaram o goleiro no vestiário e, enquanto Cootes e Peakes cuidavam da porta para que ninguém se aproximasse, Black, junto de Gina e Demelza, andou furiosa até Córmaco, empurrando-o em direção ao armário de vassouras.
  — Qual é o seu problema? Qual é a droga do seu problema? Você acabou com a gente, McLaggen. Não tínhamos defesa nenhuma! A Lufa-Lufa nem precisava se preocupar porque você nunca estava no seu lugar! Que droga de goleiro é você?
  — A culpa não foi minha se vocês não fizeram os gols, eu disse que a Wesley estava voando baixo e…
  — Se você abrir a sua boca — ameaçou, puxando a varinha contra o grandalhão —, eu juro que vai fazer uma visita ao St.Mungus. Você nunca mais vai entrar para o time da Grifinória, está me ouvindo? Eu não quero saber quem é o Capitão. Se você ousar aproximar-se desse time de novo, eu juro que eu acabo com você!
  — E vai ter ajuda! — completou Gina de braços cruzados próxima a loira.
  — Está feliz agora? Praticamente acabou com as nossas chances de ganhar a Taça. Como foi que levou dezessete gols em menos de 20 minutos de jogo? Era quase um por minuto. O que é que tem de errado com você?
  — O que está acontecendo aqui?! — gritou McGonagall, aparecendo à porta; a dupla de batedores acabou aproximando-se do grupo, esquecendo-se de vigiar.
  — Reunião do time, Professora. — sorriu falsa, vendo a mulher arquear a sobrancelha e alarmar-se ao vê-la empunhando a varinha.
  — Não me interessa se a Grifinória foi humilhada em campo, nada justifica vocês ameaçarem outro jogador do time.
  — Ele não é um jogador oficial do time, professora — Gina pronunciou-se.
  — Nunca será! — concordou Coote.
  — Foi, de fato, uma vergonha o que aconteceu — concordou Minerva, parecendo tão irritada quanto os alunos —, mas independentemente do que tenham feito de certo ou errado em campo, vocês não podem fazer uma coisa dessas. Onde é que você estava com a cabeça, Black? — Virou-se para a loira que deu de ombros, tornando a guardar a varinha.
  — Bem, estava pensando que eu deveria mesmo tê-lo azarado ontem à noite, assim teríamos mais chances de ganhar o jogo. E que se a senhora não tivesse aparecido, teria sido divertido mandar o Córmaco para a Ala Hospitalar para encontrar com Harry e Rony por lá — respondeu com sinceridade, encarando o companheiro de time por sobre o ombro, vendo-o se encolher.
  — Já chega! — gritou a mais velha, o rosto vermelho. — Todos vocês, voltem para o Salão Comunal agora! E se eu souber que qualquer um de vocês tornou a brigar dessa forma… — Respirou fundo, indignada.
  O pequeno grupo foi se dispersando sob o olhar atento da professora de Transfiguração, mas quando foi andando em direção à saída, após deixar sua vassoura no armário, Minerva a segurou pelo ombro.
  — Como é que você faz uma coisa dessas? — ralhou quando os demais se afastaram, andando lado a lado com a loira de volta ao castelo.
  — Ah, professora, não vai dizer que a senhora não teve nenhuma vontade de expulsá-lo ao ver o que ele fez no jogo? Ele tirou o Harry de campo com menos de dez minutos! E não parou um segundo no lugar! Meu arrependimento é não ter enfiado a Goles na cabeça dele!
  — Já chega — negou ríspida. — É claro que me dói ver a Grifinória ser humilhada dessa forma, e é claro que pensei na falta de sorte por Weasley estar na Ala Hospitalar, mas isso não justifica o que vocês estavam prestes a fazer!
  — Era só para assustá-lo, professora.
  Minerva a encarou por vários minutos antes de suavizar minimamente a expressão séria.
  — Depois de Potter, você é a escolha lógica para ser Capitã do time, precisa ter compostura, não pode se portar assim. Se eu descobrir que você fez qualquer coisa contra McLaggen em qualquer canto desse castelo, você estará fora da próxima partida, entendeu?
  A loira concordou em meio a suspiros.
  — Como se fizesse alguma diferença, quais são as chances de conseguirmos a Taça agora? — resmungou antes de despedir-se de McGonagall, seguindo pelo corredor em direção à Ala Hospitalar. 

  Cedrico sorriu confiante após terminar o treino da semana com Alastor, vendo o mais velho olhá-lo com certo orgulho: tinha conseguido vencê-lo em um duelo! O que ainda parecia um tanto improvável ao seu ver. Já havia ganhado de Gui e Ninfadora, mas não imaginava que pudesse ganhar de Olho-Tonto. Deveria ter duelando com Sirius, mas o mais velho rejeitou a ideia no mesmo instante.
  — Se ele se machucar, vão achar que foi de propósito! — Negou com um aceno, passando a mão pelos cabelos enrolados.
  — E se ele ganhar, você perde o respeito! — completou Dora, divertida.
  Diggory terminou o treino animado, embora estivesse realmente cansado; faziam dias que não conseguia descansar o suficiente, sempre que saía do Ministério encontrava com alguém da Ordem para treinar e os poucos finais de semana que teve livre, aproveitou para repassar o que tinha aprendido ou melhorar sua transformação em Animago.
  — Acho que está pronto para voltar a participar de missões, não? — Alastor começou, olhando-o por alguns instantes. — Vai acompanhar Tonks amanhã, Diggory. Descanse para estar bem-disposto.
  — Qual a missão? — perguntou curioso, tornando a colocar a jaqueta que estava mais ao canto do esconderijo em que se encontravam, em um terreno próximo à Costa.
  — Achamos que os Comensais estão procurando mais algumas pessoas do Ministério… — Gui começou em voz baixa. — Dentre eles, Miraphora Mina.
  — Por que esse nome me é familiar…? — Cedrico questionou confuso, tentando juntar um rosto ao nome.
  — Mina trabalha no Departamento de Mistérios — começou Moody, ficando mais sério. — É provável que Voldemort esteja querendo algo de dentro do Ministério.
  Cedrico concordou ao lembrar-se do nome, Mina era uma das responsáveis pelo treinamento de Monty para o Departamento.
  — Ou apenas querendo ter controle — continuou Sirius com a voz rouca. — Se ele conseguir alguém do Departamento de Mistérios, ficará mais fácil para ele controlar o Ministério.
  — Isso não pode ser um pouco problemático para o Monty? — perguntou, subitamente preocupado com o melhor amigo. Tonks negou com um aceno.
  — Emmett acabou de entrar no Departamento, ainda nem foi efetivado. Dificilmente terá acesso a muitas informações, Você-Sabe-Quem sempre procura por pessoas com mais poder do que funcionários recém-contratados. — Piscou para o loiro, vendo-o concordar com um aceno.
  — E esse é justamente um dos motivos de termos chamado Montgomery para ficar infiltrado pela Ordem — completou Sirius —, embora não esteja diretamente envolvido com tudo o que acontece, ele consegue algumas informações para estarmos mais atentos ao redor.
  — E vamos ficar de tocaia dentro e fora do Ministério — concordou Moody. — Montgomery ficará de olho nela durante o trabalho, já que ela é quem o está treinando, o que é uma sorte, e você poderá ficar com Tonks amanhã à noite, já que Gui e Remo estarão envolvidos em outra missão.
  — Protegendo alguém?
  Sirius e Alastor se entreolharam, negando com um aceno.
  — Dumbledore pediu para ficarmos de olho em Hogwarts, ele precisa resolver assuntos urgentes e se afastar da escola por alguns dias.
  — Foi por isso que encontrei com Quim em Hogsmeade, não foi? — Cedrico constatou um tanto surpreso, nem mesmo sabia que a Ordem estava vigiando Hogwarts. — Acham que alguém pode invadir a Escola? Por isso estão atacando os alunos?
  — Não sabemos realmente o que está acontecendo. — Sirius suspirou. — Dumbledore não nos disse muito, apenas solicitou que fiquemos de olho quando ele precisar se ausentar, por precaução.
  — Harry está certo que Draco Malfoy está envolvido com os ataques… — contou encarando o mais velho, Sirius apenas assentiu.
  — Eu sei, conversamos sobre isso no Natal.
  — Meu pai foi investigar as pistas de Harry, mas não temos nada contra Draco — completou Gui, vendo-o concordar. — Você sabe de alguma outra coisa?
  — Não muito, comentou sobre essas suspeitas com Malfoy, acham que ele pode ser um Comensal no lugar de Lucius.
  — É muito improvável que o Lorde das Trevas procure um adolescente, mesmo que por vingança — avisou Alastor em tom baixo. — Mas Snape e outros professores estão de olho nele. No momento, nossa maior preocupação está no Ministério e é por isso que você ficará de olho em Mina, Diggory.
  Cedrico concordou no mesmo instante, passando a língua pelos lábios secos, olhou para baixo por um momento.
  — Mas e se algo acontecer em Hogwarts… Se a Escola for atacada…
  — Estamos nos assegurando que nada aconteça, mas se Voldemort conseguir atacar a escola, então todos iremos para lá. Inclusive você, Cedrico.
  O rapaz concordou respirando fundo, sabia que Hogwarts não era nem um pouco segura de forma geral, sempre tinham alguma ameaça próxima, mas imaginar que alunos estavam sendo deliberadamente atacados e estavam correndo risco de um ataque de Comensais mudava completamente o panorama. 

  Diggory aparatou no local combinado, há várias quadras do endereço de Mina, encontrando Tonks pouco depois, a mesma se passava por uma senhora que caminhava pela rua com um carrinho de compras. Usaram um feitiço de desilusão e seguiram em silêncio pela noite escura, até chegarem em uma casa desocupada na esquina de frente à casa da bruxa, local no qual ficaram de tocaia por horas. Conversavam pouco para passar o tempo, mas sem se distrair muito ou chamar atenção. Ficaram revezando para olhar as janelas da casa, esperando por movimentações diferentes, vez ou outra Cedrico aproveitava que agora era um Animago para andar sorrateiro até o jardim da casa, garantindo que estava tudo em ordem.
  — Animado com mais uma ronda? — perguntou Dora após algum tempo em silêncio, as luzes na casa de Mina tinham se apagado há poucos minutos, logo depois das dez horas.
  — Bem, melhor do que ficar só treinando, não? — respondeu sorrindo pequeno, apreciando a nova oportunidade; tinha sido tirado de campo após ter sido nocauteado pouco depois de entrar em uma briga contra Comensais, acordando no St. Mungus quase uma semana depois.
  — Confiante?
  — Nunca o suficiente! — Riu baixo, negando.
  — Qual é, você esteve bem no treinamento, Moody não te mandaria de volta se não achasse que você está pronto!

  Passaram mais algumas horas por ali, conversando em voz baixa, ambos um tanto sonolentos revezando na vigia enquanto o outro cochilava por algum tempo. Cedrico inclinava para trás a cadeira de madeira em que estava sentado, os pés esticados sobre a mesa de canto, contando no relógio o tempo que faltava para poder descansar mais um pouco antes de chamar Ninfadora para a próxima ronda, quando notou uma luz acender na casa azul do outro lado da rua. Sentou-se direito por um momento, esfregando os olhos cinzentos antes de voltar a prestar atenção no que acontecia, se era só um alarme falso ou algo mais importante. Ficou em pé quando viu mais uma luz acender-se na casa.
  — Tonks — chamou pouco mais alto que um sussurro, pegando a varinha que estava ao lado. — Ninfadora! — Tocou-lhe o ombro, andando para fora da casa ao ver uma terceira luz acender-se.
  — O quê…? — começou, bocejando assustada, logo vendo o mais novo sinalizar com a cabeça.
  A Auror levantou-se de imediato, parecendo mais acordada do que nunca enquanto caminhavam rapidamente até a casa, ambos usando o feitiço de desilusão; fosse um ataque ou alarme falso, não deveriam chamar atenção naquele instante.
  Dora explodiu a porta de entrada assim que ouviram um grito vindo da casa, Cedrico piscou algumas vezes quando viu a mulher à sua frente, apenas confirmando que não era sua namorada quando a mesma olhou em sua direção; era absurdo o quão parecidas as duas eram, mesma cor de cabelos e tamanho, o rosto era bastante similar, mas possível notar os detalhes da idade, a maior diferença eram os olhos, os de Victoria eram bem mais escuros.
  — Tia, que surpresa! — disse Ninfadora assim que viu a mulher, a qual arqueou a sobrancelha. — Espera só até eu contar para o tio que você estava aqui!
  Victoria sorriu de lado.
  — Mande lembranças, espero encontrar com ele em breve.
  Diggory apontava a varinha para a mulher, seu cérebro parecia recusar-se a sequer considerar atacar a loira, sentia como se fosse atacar a própria namorada. Victoria usava um tom de voz cordial, como se tivesse de encontrar a sobrinha em uma loja após algumas semanas sem vê-la. Os olhos escuros viraram-se para o rapaz, olhando-o de cima à baixo, analisando-o.
  — Então você é o namorado de , não é? Muito prazer. — Sorriu de lado, cumprimentando-o. Cedrico olhou rapidamente para Tonks um tanto confuso com a situação, ela quase parecia inofensiva. — Acredito que tenha ouvido falar de mim ou talvez não, soube que minha filha e meu marido não gostam de compartilhar memórias sobre nossa família.
  Dora rolou os olhos.
  — Talvez eles tenham seus motivos, não? — Sinalizou para Cedrico enquanto dava passos para o lado, tornando a ouvir barulhos no andar superior, deixou que Diggory se entendesse com Victoria, subindo apressada para o quarto no qual Mina tentava afastar Yaxley.
  Cedrico continuou parado, apontando a varinha para a mulher, pronto para atacá-la caso tentasse fazer algo, mas Victoria tinha um olhar um tanto curioso em sua direção.
  — Diggory, não é? Conheci seus pais quando estive em Hogwarts — comentou tranquila. Ele travou a mandíbula, firmando a varinha. — Não se preocupe, querido, não vou atacá-lo, não é por você ou por minha sobrinha que estou aqui hoje.
  Por algum motivo, Diggory acreditou no que a mulher tinha dito, baixando ligeiramente sua varinha, embora a mantivesse firme em sua mão, ainda apontada para ela.
  — Achei que Comensais gostassem de matar quem não segue Voldemort — falou por entre dentes, vendo-a suspirar, dando de ombros.
  — Bem, não sou uma Comensal qualquer, sou? — Passou a língua pelos lábios, ainda parecendo interessada no mais novo. — Já temos Bella para matar por diversão, você precisaria ser uma ameaça para eu considerar atacá-lo e você e Ninfadora estão longe de serem meus alvos, se eu quisesse matá-los, teria feito quando estavam vigiando sonolentos. — Tornou a sorrir, Cedrico engoliu em seco. — Além do mais, imagino que minha filha ficaria chateada se eu o matasse, não?
  — E por que você se importaria?
  Victoria deu de ombros, olhando para um porta-retratos da casa.
  — Se eu quisesse que ou Sirius sofressem de verdade, eu faria pessoalmente. Qualquer outra coisa que aconteça com eles está fora do meu alcance.
  — Realmente, é de se surpreender que ela não goste de uma mãe tão zelosa quanto você! — replicou, irônico, vendo-a sorrir.
  — Cuidado com o que diz, Diggory, você não é meu alvo, mas nada impede que algum Comensal queira passar o tempo.
  Cedrico ouviu um barulho alto e então um grito masculino, Victoria continuava a encará-lo curiosa, mas virou-se por sobre o ombro em direção a escada quando viu Yaxley descendo apressado.
  — Vamos embora.
  — Concluiu a missão? — perguntou em tom baixo, vendo-o negar com um aceno ao tempo que via Cedrico parado próximo à porta.
  — Ora, ora, temos uma criança fora de Hogwarts.
  — Não. — Victoria negou quando o viu ergueu o braço. — Ele não é a missão. Vá buscá-la.
  — Por que você mesma não vai enquanto eu me divirto um pouco?! — Sorriu encarando Diggory, que devolveu o sorriso irônico. Victoria olhou de canto para o mais novo antes de virar ela mesma a varinha, tão rápido que nenhum dos homens sequer viu o movimento.
  Explodiu parte da casa, fazendo o segundo andar vir abaixo. Cedrico jogou-se para o lado e ouviu Tonks gritar por cair de repente, assim como Mina — a qual acabou soterrada por parte dos escombros.
  Victoria andou por sobre o local, chutando para longe a varinha da sobrinha, enquanto agarrava Mina pelas vestes. Desviou-se por um triz do feitiço que Cedrico lançou enquanto ele arrastava-se desajeitado, a perna extremamente dolorida.
  — Quem sabe na próxima, bonitão. — Lançou-lhe um expelliarmus, fazendo com que sua varinha voasse alguns metros. — Mande lembranças à minha filha, tenho certeza que a verei muito em breve. Yaxley.
  Dois segundos depois os três tinham aparatado, sumindo na escuridão.
  — Tonks? — chamou Cedrico em voz alta, ouvindo-a resmungar de um canto. — Consegue andar?
  — Tem certeza que não morremos? — perguntou após alguns instantes, enquanto tentava, sem sucesso, sair do lugar. — Como está?
  — Acho que quebrei a perna.

DEZESSEIS.

   encarava o livro sem conseguir registrar o que lia, tinha certeza que já havia visto aquele parágrafo no mínimo quatro vezes e lembrava-se vagamente da voz do Prof. Flitwick dizendo como seria a forma correta de fazer o feitiço, mas tudo o que vinha à sua mente eram frases da carta que recebeu horas antes pelo Correio.
  Cedrico e Dora tinham sido atacados por Comensais durante uma missão, sendo um deles sua mãe.
  Victoria havia atacado Diggory e Tonks ao mesmo tempo e era uma sorte enorme os dois não terem se machucado mais; Cedrico já estava bem, embora estivesse com alguns cortes pequenos no rosto e ombro, devido à queda do teto. Enquanto Ninfadora tinha um machucado grande nas costas, mas já estava sendo tratado e sentia-se melhor.
  Sabia que ambos estavam bem, mas não conseguia parar de pensar o que aquilo significava; sua mãepoderia ter ferido gravemente, ou até mesmo matado, duas das pessoas que ela mais amava no mundo.
  Nem conseguia imaginar o que faria se algo assim acontecesse, não poderia imaginar sua vida sem a prima, a qual ela tinha como irmã desde sempre, ou sem o namorado. E a pior parte de tudo aquilo era pensar que sua própria mãe os tinha atacado daquela forma (a qual, por sinal, era tia de Dora).
  Também imaginava a reação do pai ao saber daquilo, Sirius deveria estar ainda mais transtornado que ela, ainda mais sabendo o quão irônica Victoria era, mandando lembranças e garantindo que logo os veria, como se fossem uma família feliz.
  Virou-se quando Mione tocou em seu braço, apontando para a varinha de Black, a qual, sem que a loira notasse, soltava pequenas faíscas azuis. Deixou o objeto sobre a mesa, tentando prestar atenção na tarefa mais uma vez.
  “Mande lembranças, tenho certeza que a verei em breve”, o que ela queria dizer com aquilo?
  Talvez soubesse de algo que a Ordem ainda não tinha noção? Seria um ataque de Voldemort?
  Distraiu-se por um instante quando Harry e Rony entraram no Salão Principal, andando até a mesa da Grifinória, sentando-se ao lado dela e de Mione.
  — Draco tem estado na Sala Precisa! — falou em voz baixa. — Dobby acabou de me dizer! Era por isso que não conseguia encontrá-lo no Mapa!
  — Faz sentido, talvez os Marotos nem mesmo soubessem dela, ou talvez seja parte do feitiço da sala, não? — respondeu Hermione. — Descobriu o que ele faz lá?
  Potter travou a mandíbula, negando com um aceno. Hermione concordou em silêncio, tornando a prestar atenção em sua lição.
  — Poderíamos investigar… Podemos entrar lá, quer dizer, ele entrou ano passado, não foi? Junto de Umbridge…
  — Mas ele sabia exatamente o que fazíamos lá, enquanto você só tem suspeitas. Não vai adiantar pedir para a Sala se transformar no lugar que Draco faz seu trabalho de Comensal da Morte — retrucou Granger em voz baixa, mal tirando os olhos do pergaminho. — Você deveria se concentrar na lembrança que Dumbledore quer que você recupere, Harry.
  — Bem, eu já tentei de tudo, não foi? Simplesmente não tenho tido muita sorte no momento. — Bufou impaciente, olhando para a mesa da Sonserina, notando a falta de Draco, Crabbe e Goyle.
  — Harry? — A loira virou-se para ele de supetão, agarrando seu braço — É isso!
  — Isso o que? — perguntou assustado com a reação dela.
  — Sorte! Você precisa de sorte! — Sorriu para ele, logo vendo-o bater com a mão na testa.
  — Não acredito que não pensei nisso antes! 

  A Sra. Diggory entrou no quarto do filho após bater na porta, vendo-o terminar de calçar os sapatos, pronto para sair de casa mais uma vez.
  — Você tem certeza que é uma boa ideia, Ced? — questionou preocupada, escorada na porta.
  — O que quer dizer? — replicou confuso, terminando de amarrar os cadarços.
  — Estou preocupada com você, filho, eu e seu pai estamos. Já é a segunda vez que você se machuca! — Aproximou-se quando ele sorriu, estendendo a mão para que ela sentasse ao seu lado na cama.
  — Já conversamos sobre isso antes, mãe, está tudo bem, não foi nada sério, vê? — Puxou a camiseta para cima, mostrando que todos os cortes já estavam cicatrizados.
  — Não foi sério dessa vez, mas e se for na próxima? Já não bastou tudo o que aconteceu quando resolveu participar do Torneio? Resolveu agora se arriscar ainda mais?
  Cedrico passou a língua pelos lábios finos, pensando nas palavras que usaria.
  — Eu sei que é perigoso, mãe, e sei que não tem nada que eu possa dizer para que você ou meu pai concordem com isso, mas é a coisa certa, e vocês sabem disso.
  — Não precisa estar na Ordem para mostrar que está contra Você-Sabe-Quem! — replicou nervosa, já sentindo as lágrimas chegarem aos olhos.
  — Você sabe melhor do que eu o que significa ele ter retornado, mãe. E que se não fizermos algo para tentar pará-lo, logo as coisas estarão piores do que da primeira vez. Eu sei que não preciso fazer nada disso, mas não posso ficar olhando tantas pessoas se machucarem sem agir. Não foi assim que vocês me criaram. — Sorriu de lado, passando a mão pelo rosto da mulher, secando suas lágrimas. — Vai ficar tudo bem, ok? Eu prometo para você.
  Rachel concordou em silêncio, acenando com a cabeça, fungando baixo.
  — Só me diga uma coisa, não é por causa dela que está fazendo tudo isso, é?
  Cedrico tornou a encarar os olhos da mãe, o semblante confuso.
  — . Eu sei que foi por causa da que você resolveu participar do Tribruxo, porque queria chamar sua atenção. Não é por causa dela, é? Ou porque a família dela está envolvida com tudo isso? Tenho certeza que não deixaria de namorar com você se você não participasse dessa Ordem!
  O rapaz riu baixo, negando com a cabeça.
  — Não é por causa da , mãe. Eu prometi que nunca mais faria nada arriscado sem achar que fosse necessário, o que é um pouco irônico se a gente parar para pensar que é sempre ela quem faz o que não deve, não é? — Arqueou a sobrancelha, mantendo o sorriso calmo. — Eu realmente acho que é importante fazer isso, não estaria sem dormir direito tantas noites se não achasse que é o certo, sabe disso. Não é por orgulho ou capricho, ou para chamar atenção da minha namorada, mas porque eu sei que é necessário e eu devo fazer o que puder para ajudar.
  A mulher respirou fundo, sorrindo pequeno.
  — Ao mesmo tempo que eu quero te proteger, eu vejo o quanto você cresceu nos últimos anos, como bruxo e como homem, entende? Estou tão orgulhosa de você, Cedrico. Mesmo que quase me mate de preocupação toda semana!

  O grupo encarou Harry quando ele contou tudo o que tinha acontecido, desde que pegou a lembrança (embora tivesse ocultado essa parte, já que Gina estava presente), seu duelo com Draco e a detenção com Snape.
  — Eu disse que esse Príncipe tinha algo de errado! — comentou Hermione sem conseguir se conter. — Olha a confusão que você se meteu e…
  — Dá um tempo, Hermione! Draco queria usar uma Maldição Imperdoável, você deveria estar feliz que ele tinha esse trunfo! — Gina pronunciou-se, atraindo a atenção de todos.
  — É claro que estou feliz que Harry não foi amaldiçoado! — gralhou Hermione ofendida. — Só estou dizendo que se não fosse por esse Príncipe…
  — Eu não teria conquistado a Felix ou salvo o Rony ou…
  — Conquistado sua fama de mestre de poções! — concluiu Granger, vendo o amigo bufar irritado.
  — Convenhamos — começou a dizer —, você só odeia o Príncipe Mestiço porque finalmente alguém conseguiu ser melhor do que você em alguma matéria e você não suporta a ideia de não ser considerada a aluna mais inteligente da classe, Mione. — Encarou a amiga, que abriu a boca completamente ofendida. — E é claro que o Harry manteve o livro porque gostou de ser o centro das atenções por algo que não envolvesse ser O Escolhido, o Menino-Que-Sobreviveu e todo o resto que a gente já sabe. Então essa briga de vocês durante o ano todo foi por puro ego de ambos os lados — acrescentou, vendo-os fecharem a cara. — Depois vocês têm a coragem de dizer que eu sou a pessoa mais egocêntrica desse grupo.
  Gina e Rony riram, ainda vendo os outros dois amigos de cara fechada.
  — De qualquer forma — recomeçou Mione, deixando claro que não iria continuar como a vilã da conversa —, imaginaria que devido suas chances do jogo de sábado…
  — Ah, nem comece a falar sobre Quadribol, Granger, todos aqui sabem que você não dá a mínima! — Gina negou com a cabeça, fazendo a amiga se calar, vermelha. — Arranja outro argumento.
  — Bem, mas nisso ela está certa — resmungou Harry a contragosto —, não poderei jogar e agora só compliquei mais ainda as nossas chances.
  — Eu não acredito que minha única chance de ser Capitã desse time vai ser numa situação lamentável como essa, eu não mereço isso! — Black cruzou os braços, jogando-se contra a poltrona.
  — É por isso que a gente sempre fala que você é egocêntrica! — Rony apontou, sorrindo de lado.

  Os jogadores da Grifinória estavam reunidos no vestiário aguardando o horário do jogo começar, todos parecendo mais nervosos que nunca. Black respirou fundo, encarando-os de lado antes de chamá-los para o meio:
  — Muito bem, Harry Potter não está presente, mas ainda somos um time ótimo e podemos ganhar de qualquer outra Casa, principalmente agora que Córmaco não está no gol! — começou, vendo-os rir de nervoso. — Não tivemos muito tempo para treinar, mas todos sabemos que Gina é rápida o bastante para pegar o Pomo, por isso, Ruiva, assim que estivermos com a vantagem necessária, vá atrás daquela bola. Se, por acaso, qualquer um de vocês verem Cho Chang disparando para o Pomo, esqueçam o restante do jogo e lancem os dois balaços nela! — pediu, apontando para os batedores. — Não adianta de nada derrubarmos os outros artilheiros se ela pegar o pomo. Vamos manter nossas prioridades! Kátia — virou-se para a jogadora que retornava ao time após meses fora —, Demelza, vamos manter as jogadas rápidas pelo lado direito, a Corvinal não é muito forte nesse setor, e para o lado esquerdo vamos trocar bastante passes, até termos abertura suficiente, ok? E, Rony — virou-se para o amigo, que parecia verde —, se precisar vomitar agora, vá em frente, mas quando subir na vassoura você tem que estar preparado para defender como nunca na sua vida, entendeu? — Esticou a mão no centro do grupo, esperando que todos fizessem o mesmo. — Muito bem, não me orgulho disso, mas se necessário, gritem para os corvinas que viram Sirius Black ou até mesmo um Dementador, façam o que for necessário para ganharmos o jogo. Só não derrubem ninguém, porque não quero mais ninguém expulso! — Respirou fundo, olhando para cada um dos colegas. — Vamos ganhar esse jogo, todo mundo sabe que a Grifinória é a melhor Casa e tem o melhor time, provem isso hoje.

  Black andou até o centro do gramado, cumprimentando Bradley, o Capitão da Corvinal. Assim que Madame Hooch apitou, os dois subiram em suas vassouras, assim como o restante dos jogadores, e logo depois, a Goles foi lançada.
  O nervosismo pareceu sumir por completo no time de Godric Gryffindor. Bell pegou a Goles e seguiu em disparada para os aros, lançando a bola para , que se desviou de Chambers, o goleiro corvina, e tornou a lançar para Katia, a qual marcou o primeiro gol da partida. Após esse primeiro lance, pareceu que o time inteiro recuperou a boa forma, ignorando por total as inseguranças. Tudo saía como planejado, faltava pouco para cobrirem a diferença que precisavam para terem chances de ganhar a Taça, mas Cho Chang avistou o pomo, e Gina precisou segui-la de perto. Black lançou a Goles para Demelza e virou-se para Peakes, gritando para que o batedor lançasse um balaço em Chang, o qual a apanhadora desviou-se com rapidez. A Weasley conseguiu cobrir a distância que faltava, empurrando Cho com o ombro, tentando tirá-la do caminho do Pomo.
  — Joguem outro balaço! — gritou Black nervosa, apontando para as duas. O jogo estava em 220x160 e a Grifinória precisava de pelo menos mais três gols para conseguir a vantagem necessária. — Demelza, a bola! — tornou a gritar, precisavam garantir mais alguns pontos antes do Pomo. Katia tornou a pegar a Goles, lançando-a em direção aos aros, mas Chambers conseguiu defendê-la.
  Ouviram um barulho alto e ao olhar por sobre o ombro, Black suspirou aliviada, assim como todos os alunos da Grifinória. O segundo balaço acertou Cho em cheio, fazendo-a parar de perseguir o Pomo por alguns instantes, o suficiente para perdê-lo de vista.
  Com os dois times marcando o tempo todo, o jogo estava extremamente acirrado, parecia que toda vez que estavam próximos de atingir a marca necessária, Corvinal marcava um gol e os deixava em desvantagem novamente; ganhariam o jogo, mas não a Taça.
  Em determinado momento, não tiveram mais o que fazer, Demelza tinha se machucado ao se chocar com Egwu, e mal conseguia voar. Gina precisava refazer as contas a cada pouco e Coote ziguezagueava Chang, garantindo que se ela avistasse o Pomo, ele lançaria outro balaço na jogadora. Rony começava a ficar cada vez mais nervoso quando tomava um gol e parecia uma questão de tempo até tudo desandar como tinha sido a partida passada.
  — Ruiva! — gritou ao aproximar-se de Gina. — Pegue o Pomo!
  — Mas o placar…? — começou, entendendo quando a loira negou com a cabeça.
  — Vamos marcar por honra, não podemos ficar tão atrás no placar! — avisou a Katia e Demelza, que concordaram no mesmo instante, preparando-se para outra jogada que tinham treinado. — Rony, chega de tomar gol! — gritou para o ruivo, mesmo sabendo que aquilo talvez piorasse a situação. Black marcou mais três vezes antes de começarem a escutar os gritos dos torcedores, o time todo esqueceu-se por um momento da partida enquanto viam as duas apanhadoras voando com os braços esticados em direção à bolinha que voava poucos centímetros à frente.
  Por um segundo ninguém soube o que aconteceu, Chang e Weasley acabaram por trombar-se no chão enquanto tentavam alcançar a bola, e um silêncio tomou conta do lugar, até que Gina ergueu o braço direito, segurando o Pomo de Ouro entre os dedos.
  Embora a torcida da Grifinória gritasse empolgada com a vitória, os jogadores do time não pareceram tão animados de início, sentindo o gosto amargo do segundo lugar, 450x380. Assim que perceberam o placar final, os alunos da Corvinal começaram a gritar, comemorando a conquista da Taça após tantos anos.
  — Ótimo jogo, time! — parabenizou-os quando se aproximaram. — Vamos levar mais uma Taça para a Torre! — Sorriu para eles, antes de seguirem para o Salão Comunal, junto com os outros alunos que estavam realmente animados pela partida. 

  — Não foi tão ruim assim, tá todo mundo feliz, tá vendo? — falou Hermione, sentando-se ao seu lado na escadaria dos dormitórios.
  — É, eu sei, pelo menos conseguimos algo.
  — Então por que continua com essa cara? Deveria estar comemorando com o pessoal! — insistiu, vendo-a encarar o copo vazio.
  — Ah, sei lá, Quadribol costuma ser a única coisa que eu tenho certo controle, entende? Desde que entrei no time, só perdemos a última partida por causa do Córmaco, e agora nem conseguimos o primeiro lugar por causa de trinta pontos? Talvez se eu não ficasse gritando para Peakes e Coote acertarem a Cho, tivéssemos marcado esses gols…
  — Você fez o que um bom líder precisa fazer; se preocupar com o grupo todo para que o resultado final seja o melhor possível, ninguém está te culpando por não ter marcado mais gols.
  — Exatamente! — Gina parou na frente das duas, sorridente. — Se for para culparmos alguém, comecemos com o Harry que não estava na partida, e o meu irmão por ter levado tantos gols.
  — Falando no Potter... — Apontou com a cabeça ao ver o amigo passando pela passagem da Mulher Gorda. Rony foi correndo na direção do amigo, apontando para a Taça de segundo lugar, enquanto Harry era levantado pelos outros colegas.
  — Eu não acredito que ele nem esteve em campo hoje e foi carregado por todos, enquanto nós mal recebemos parabéns? — comentou Gina frustrada.
  — Ah, o machismo do Quadribol… Lembra quando mulheres nem podiam jogar? — argumentou ao ver a cena, rolando os olhos.
  — Eu me recuso, viu? Como é que ele e o Rony são sempre os heróis do jogo até quando não fazem nada? — Apontou para os dois distraídos com a comemoração. — Enquanto nós fazemos todo o trabalho e ainda escutamos idiotas como o Córmaco e Simas dizendo que deveríamos ter esperado para pegar o Pomo?
  — E você me perguntando o motivo de não estar me divertindo nessa festa… — Virou-se para Mione, que olhava para a cena toda fazendo careta.
  — Como se você se importasse muito com isso. — Riu para a amiga. — Quando foi que você se importou com esse tipo de coisa vindo de garotos?
  — Nunca, mas porque nunca dei motivos para me criticarem, sempre joguei bem, então eles não tinham como dizer que eu não deveria estar em campo ou sei lá — deu de ombros —, em último caso ameaçava todo mundo, agora nem isso posso fazer porque McGonagall tá de olho em mim desde o incidente com o Córmaco.
  — É por isso que eu espero pelo dia que teremos um time de Quadribol da Grifinória só de mulheres. — Gina cruzou os braços, olhando com descaso o grupo de garotos mais à frente.

  As semanas seguiram sem grandes movimentações, o grupo do sexto ano preparava-se para as provas finais e, embora ainda não soubessem o que Draco fazia na Sala Precisa, volta e meia e Harry passavam por ela usando a Capa de Invisibilidade, esperando terem sorte de encontrar Malfoy saindo da mesma. Black jogava uma partida de Snap com o Weasley, enquanto Hermione estava entretida com um livro de Astronomia, quando Harry apareceu correndo no Salão Comunal, fazendo um sinal para que os três o acompanhassem até o dormitório masculino.
  — O que aconteceu? — perguntou Rony ao ver o amigo esbaforido, puxando algo de dentro do malão.
  — Dumbledore achou uma e eu vou com ele — contou rápido, não dando chance para os amigos fazerem comentários. — O problema é o seguinte: Trelaweny escutou Malfoy na Sala Precisa, gritando vivas, comemorando por ter conseguido fazer o que estava fazendo o ano inteiro, e Dumbledore não estará em Hogwarts essa noite, ou seja, Draco e Snape poderão executar seja lá qual for o plano deles sem interrupções porque Snape sabe como evitar todos os feitiços de proteção que Dumbledore lançou na Escola…
  — Mas Harry… — começou Hermione, sendo calada no mesmo instante.
  — Escutem! — Irritou-se, jogando o Mapa do Maroto para ela. — Dumbledore acha que eu só vim para buscar a Capa, mas vocês precisam ficar de guarda! Se Draco ou Snape tentarem algo, vocês precisam ficar alertas! — Entregou um pé de meia para Rony.
  — Ahn… Obrigado? Mas para que preciso de uma meia?
  — Precisa do que está dentro dela, é a Felix Felicis, dividam entre vocês. Hermione, chame quem conseguir encontrar da AD para ajudarem, vocês precisam ficar alertas hoje!
  — Não, Harry, você leva a Felix, vai precisar mais do que a gente!
  — Não, Mione, estarei com Dumbledore, vou ficar bem. Agora façam o que eu digo, ok? Quero ter certeza que todos estarão bem caso eu esteja certo…
  — E você sabe que está! — completou sorrindo, vendo-o concordar.
  — Eu disse para vocês o ano inteirinho! — resmungou, passando a mão pelos cabelos bagunçados. — Muito bem, preciso ir agora, até depois.
  — Boa sorte!
  — Para vocês também! 

  O trio se encarou por alguns instantes após a saída de Potter.
  — Muito bem, vocês ouviram o Harry, vamos nos preparar para isso —começou , pensando rapidamente em um plano para manterem o controle. — Rony, procure Draco no Mapa, se não o encontrar no Salão da Sonserina, sabemos que deve estar na Sala Precisa e faremos tocaia. Hermione, aqueles galeões ainda funcionam, não é? Ótimo, use-os para tentar convocar o pessoal da AD. Vamos dar alguns minutos para ver quem aparece.
  — Malfoy não está em lugar nenhum! — falou Rony olhando os principais locais da Escola.
  — E o Snape? — perguntou Black, enquanto Granger corria para o dormitório feminino, procurando o falso galeão que usaram para se comunicar com os membros da Armada de Dumbledore no ano anterior.
  — Está na sala dele. — Apontou no mapa, após alguns instantes.
  A loira andava pelo dormitório pensando em como poderiam cobrir os dois sem levantarem suspeitas. Se pelo menos Harry não tivesse precisado da Capa…
  — O que está acontecendo? — perguntou Gina enquanto era arrastada por Mione para dentro do quarto.
  — Ah, ótimo! Precisamos de você, Ruiva! — sorriu ao vê-la, enquanto Hermione explicava rapidamente o que acontecia, após entregar uma das moedas para cada um dos amigos.
  — E o que faremos? Qual é o plano?
  — Primeiro precisamos saber quem mais vai aparecer, para sabermos em quantos seremos! — respondeu Black, aguardando algum pronunciamento de Granger.
  — Já mandei a mensagem, precisamos esperar alguns minutos para ver se temos respostas!
  — Ok, só que não temos tanto tempo assim — continuou, passando a mão pelos cabelos. — Já sei! Precisamos saber o que Draco está tramando, Crabbe e Goyle estão na Sala Precisa?
  — Não — respondeu Rony após poucos segundos —, estão no Salão Comunal da Sonserina.
  — Bem, então é pior ainda, porque se nem está precisando contar com sua proteção de sempre, Draco está mais confiante que o normal. Vocês fiquem aqui, se Snape está na sala dele, não precisamos nos preocupar com ele de imediato.
  — O que você vai fazer? — perguntou Gina ao vê-la andar para próximo da porta.
  — Ficar de tocaia na Sala Precisa, vocês continuem de olho no Snape e aguardando respostas da AD. Se Snape sair da sala dele, um de vocês precisará segui-lo, vamos nos comunicar pelos galeões!
  — E se te pegarem?! — gritou Hermione.
  — Granger, eu estou sempre fora da cama depois do horário, ninguém vai ficar surpreso com isso. Me avisem se algo mudar!

  Black andou sorrateira pelos corredores, escondendo-se atrás de armaduras ou em salas vazias sempre que ouvia passos. Depois do que lhe pareceram horas, finalmente chegou ao corredor da Sala Precisa, escondendo-se atrás de uma estátua enquanto esperava por Draco.
  Pegou o galeão do bolso, o mesmo não mostrava nenhuma informação nova, então deveriam estar bem. No fundo desejava que Harry estivesse errado sobre tudo e que pudesse reclamar com ele da noite mal dormida quando voltasse. Respirou fundo, acalmando as batidas do coração enquanto encarava a saída da Sala.
  O que Draco poderia estar fazendo ali?
  Já estava entediada por passar tanto tempo sem fazer nada quando sentiu o Galeão esquentar em seu bolso, mas antes que conseguisse entender a mensagem, ouviu passos aproximando-se do corredor e logo tratou de encolher-se o máximo possível prensando-se contra a parede, torcia para que fosse Filch e que o mesmo estivesse distraído com algo. Ou que talvez fosse algum aluno aleatório, quem sabe um casalzinho querendo ficar sozinho?
  — O que está fazendo fora do seu Salão Comunal, srta. Black? — Ouviu a voz de McGonagall, respirou fundo antes de olhar para a professora, a qual não parecia nenhum pouco feliz em vê-la ali.
  — Boa noite, Professora! — Sorriu inocente, levantando-se.
  — O que está fazendo aqui, senhorita?
  — Estava… Tentando chegar até a biblioteca, sabe? Queria um livro na Seção Reservada e não teria como conseguir com a Madame Pierce, não é?
  — E ao invés de estar no primeiro andar acabou escondendo-se no sétimo?
  — Eu me perdi!
  — Volte agora para seu Salão Comunal ou eu descontarei pontos por estar fora da cama.
  Black coçou a nuca por um instante, pensando em algo que pudesse dizer.
  — Na verdade estava te procurando, professora! — Minerva encarou-a por alguns instantes, esperando pela próxima desculpa que a garota inventaria. — Queria saber como me saí na prova, e… Ah, bem, a senhora sempre foi minha professora favorita, não é? Então fiquei pensando, já que meu pai e Moody estão ensinando Cedrico alguns feitiços diferentes, a senhora poderia me ensinar alguns também? Quer dizer, Diggory já vira um Animago e eu nem sei usar um feitiço de Desilusão? Claramente se eu soubesse, a senhora nem me veria aqui, entende? Imagina o tanto de pontos que estaríamos salvando para a Grifinória?
  — É realmente impressionante o número de histórias que você consegue contar em tão pouco tempo — respondeu com os braços cruzados. — Agora volte para seu dormitório, é uma ordem.
  Black suspirou, negando com a cabeça.
  — Sinto muito, não posso.
  — Como é?
  — A culpa é toda do Harry. — Deu de ombros, vendo a mais velha arquear a sobrancelha. — Potter pediu para vigiar Draco, estou só fazendo um favor.
  — Por que ainda estão falando nessa história de Draco Malfoy ser um Comensal?
  — Professora, depois de tantos anos eu nem discuto mais com o Potter, ele sempre acaba estando certo, sabe do futuro melhor que a Trelawney. Não que seja difícil também. — Deu de ombros, vendo a professora suspirar cansada. — Hoje em dia eu só concordo com o que ele diz e faço o que me pede.
  — Pois bem, vamos conversar sobre isso amanhã. Agora, pela última vez…
  — Espere um pouco, como a senhora sabia que eu estaria aqui? — questionou de repente, cruzando os braços. — A senhora não sabia, não é? — Arqueou a sobrancelha. — Então significa que também está vigiando Draco?
  — Para seu dormitório, Black!
  — Mas professora, se a senhora também quer vigiar ele, podemos nos ajudar, eu fico aqui e se eu bater nele só perco uns pontos, não é? Mas pelo menos ele não pode fazer nada de ruim, e a senhora pode ir atrás do Snape!
  — Já chega, ! — Exasperou-se. — Estou dando uma ordem, volte agora para seu dormitório e deixe que os adultos façam a segurança da Escola!
  — Tecnicamente eu já sou considerada adulta, tenho dezessete, lembra?
  — Agora!
   abriu a boca para argumentar mais uma vez, mas calou-se ao ouvirem barulho de passos e sussurros vindo de um corredor lateral.
  — Para seu dormitório, agora! — sussurrou a mais velha segurando a varinha, pronta para andar até a movimentação.
  — Não posso deixar a senhora sozinha! — Negou a mais nova, retirando sua varinha do bolso.
  — Quem foi que disse que ela estará sozinha? — Ouviu uma voz rouca às suas costas, virando-se em tempo de ver Sirius desfazendo o feitiço de desilusão, assim como Cedrico e, vindo mais ao fundo no corredor, Dora, Gui e Lupin. — Vocês não acharam que Dumbledore sairia de Hogwarts sem deixar a Ordem fazendo a segurança, não é? — Piscou para a filha, que ainda olhava surpresa para o grupo. — Agora volte para a Torre da Grifinória e deixe que nós cuidemos disso daqui pra frente! Isso é uma ordem!
  Cedrico sorriu por um instante em sua direção antes de seguir o restante do grupo pelo corredor em frente. Black pensou por um instante, queria seguir a todos, ajudá-los, mas talvez pudesse fazer aquilo de outra forma.
  Deu a volta e correu em direção às escadas, quase caindo quando uma delas começou a mexer-se.
  — ! — gritou Mione no topo de outra, junto dos ruivos, Neville e Luna. — O que está acontecendo? Vimos você e a Minerva no Mapa, de repente Draco saiu com várias pessoas da Sala Precisa!
  — Comensais! — gritou de volta, esperando a escada parar para poder correr até eles. — A Ordem também está aqui, foram todos atrás deles!
  — Qual o plano? — perguntou Neville aflito, sua camiseta estava um tanto suada de nervosismo.
  — Ah, finalmente, senti falta da AD, agora vamos poder usar os feitiços que aprendemos! — disse Luna animada, os olhos arregalados na direção de Black.
  — Certo… — concordou. — Muito bem, acho que no momento não temos muitas escolhas, não é? Os Comensais já estão aqui, assim como a Ordem, a única forma de ajudar seria duelando contra eles. — Virou-se para cada um por um instante. — Ninguém tem obrigação de passar por isso de novo, sabemos como foi ano passado, deve ser igual ou até pior do que foi no Ministério. Se alguém não quiser ir, não será covarde, provavelmente apenas muito sensato — disse, pensando nas probabilidades de luta.
  O grupo se entreolhou, todos assustados sabendo que, mais uma vez, estariam em perigo, mas ao mesmo tempo querendo ajudar de alguma forma.
  — Harry não pensaria duas vezes antes de ir lutar… — adicionou Rony.
  — Mas nós não somos Harry Potter, ninguém precisa fazer nada que não queira porque outra pessoa faria. — negou com um aceno. — É uma decisão pessoal.
  — Muito bem — Gina virou ao ver que todos pareciam incertos, assim como ela mesma —, todos fechem os olhos por um momento — certificou-se que todos fizeram antes de falar —, quem quer dar meia-volta, levanta a mão.
  Ao abrirem os olhos, repararam que ninguém o tinha feito, o que os fez sorrir uns para os outros.
  — Bom, não se esqueçam, mirem nos Comensais com os feitiços mais doloridos que souberem, se ficar feia a situação, escondam-se ou peçam ajuda para alguém da Ordem! Não corram atrás de ninguém sozinhos, ok? Não se separem do grupo!
  — — Mione a puxou pelo braço enquanto desciam apressados. — Você não tomou ainda! — Mostrou-lhe o frasquinho com um pouco da poção da sorte.
  — Todos vocês já tomaram?
  — Menos você e Luna, encontramos com ela quando estávamos saindo para te procurar.
  Black concordou pegando o frasco, tinha menos de um gole ali, não seria suficiente para dividirem. Tirou a rolha e deixou o líquido encostar em seus lábios fechados e então entregou-o para Luna.
  — Tome o resto, vamos precisar de toda a sorte que pudermos ter!

DEZESSETE.

  O grupo seguiu escada abaixo, escutando vozes altas conforme aproximavam-se do corredor que dava acesso a Torre de Astronomia. Empunharam as varinhas tentando feitiços que iluminasse o caminho, mas nada funcionava, independente de qual feitiço tinham usado ali, nada resolvia.
  — O que fazemos? — Rony tornou a gritar conforme andavam.
  — Não temos o que fazer agora, apenas lutar! — respondeu , tentava enxergar o vulto dos amigos, mas parecia impossível. Demoraram mais algum tempo para conseguirem sair da penumbra, embora o corredor seguinte não estivesse muito iluminado, conseguiam ver algumas sombras e explosões de cores sempre que feitiços eram lançados.
  A Ordem parecia dividida, assim como os Comensais, e duelavam pelos cantos.
  Mesmo sem conseguirem ver direito o que acontecia, parecia claro que a Ordem estava em desvantagem, ouviram Minerva gritar com Flitwick e então o professor de Feitiços correu pelo corredor lateral. Gina e Luna foram em direção à Ninfadora, que duelava com dois Comensais; Remo estava ocupado lutando contra um loiro grandalhão que não conhecia, mas que disparava feitiços para todos os lados, sem se importar em quem acertava.
  Cedrico e Minerva enfrentavam os Carrow, dois Comensais recém-saídos de Azkaban, conforme noticiou o Profeta semanas antes. Sirius e Bellatrix estavam mais ao canto, xingando um ao outro enquanto lançavam feitiços. Gui duelava com Greyback, e Rony e Neville correram em sua direção para ajudá-lo, mas antes foram atacados por outro Comensal desconhecido.
   olhou para todos os lados, fez menção de aproximar-se de alguns duelos, mas então notou Draco correndo em direção à Torre de Astronomia. Saiu em disparada atrás do primo, poderia não ser importante pará-lo, mas ela queria fazê-lo da mesma forma, era culpa dele que seguidores de Voldemort estivessem na Escola.
  — Abaixe-se! — Ouviu o grito de Cedrico, e logo um jato de luz passou a centímetros de seu corpo.
  Draco parou quando o jato vermelho acertou um ponto próximo a ele, logo vendo correr em sua direção escada acima, apontou a varinha para a prima com a mão trêmula.
  — Não deveria estar aqui, Black!
  — Nem você, Malfoy! — devolveu da mesma forma, pronta para azará-lo, mas se distraiu por um momento quando viu alguém tocar-lhe o ombro.
  — Boa noite, querida! — Victoria sorriu para a mais nova, acenando com a cabeça para Draco, que se afastou escada acima. — Quanto tempo não nos vemos! Nem tivemos a chance de conversar ano passado… — Inclinou a cabeça, os cabelos loiros caíam pelos ombros.
   sentiu a mão vacilar por um momento, sem saber como agir ao encarar novamente os olhos de sua mãe. A mulher estava certa, não tinham conversado da outra vez, mal a olhou por mais de alguns segundos e apenas quando a loira batalhava com Sirius.
  — Teve um bom ano? — tornou a falar, descendo alguns degraus.
   ouviu um grito desesperado vindo atrás de si e aquilo pareceu despertar-lhe para o que acontecia, tornou a estender a mão com firmeza, apontando a varinha para o peito da mais velha.
  — Saia do meu caminho, Victoria.
  A mais velha sorriu de canto, os olhos pareceram brilhar por um momento.
  — Conheci seu namorado há algumas semanas, bonitão, boa escolha. — A mulher encarou-o de longe, duelando ao lado de Minerva contra os Carrow. olhou o namorado pelo canto do olho, Cedrico parecia bem, defendendo-se e atacando na mesma intensidade.
  — Me lembrou um pouco do seu pai, na verdade, mas vamos esperar que tenha um futuro melhor que o de Sirius, não?
  A garota apertou a varinha na mão, apontando-a contra a mulher que estava apenas alguns centímetros de si.
  — Não abra sua boca para falar do meu pai.
  Victoria arqueou a sobrancelha, afastando-se minimamente quando a varinha começou a queimar o tecido de sua capa preta.
  — É impressionante o quanto você se parece com ele, mesmo tendo passado tantos anos com Andrômeda. Aliás, você deveria estar ajudando Ninfadora ao invés de estar atrás de Draco, ele é o menor dos seus problemas essa noite.
  — Tem razão. — Passou a língua pelos lábios. — Por que perder tempo com Malfoy quando poderia azarar você, não é mesmo?
  Victoria usou a varinha para proteger-se em um piscar de olhos, subindo dois degraus enquanto se protegia de outro feitiço lançado pela mais nova.
  — Imaginei que tivesse treinado mais do que isso, filha, não me diga que Sirius não te ensinou nada?
  A cada vez que via o sorriso calmo nos lábios da mulher ou que ela a chamava de filha, parecendo nada mais do que uma mãe preocupada, sua raiva crescia. Nem mesmo via o que acontecia ao seu redor, queria apenas atacar Victoria com todos os feitiços que vinham à sua cabeça, mas não pareciam o suficiente, a mais velha era muito mais ágil do que ela, desviava com facilidade de seus ataques.
  Victoria então começou a descer a escada, forçando-a a fazer o mesmo, logo estando junto aos demais, precisando preocupar-se em não acertar alguém que não fosse sua mãe.
  Fora isso, a mulher não parecia nem um pouco interessada em atacá-la de volta, apenas defendendo-se e fazendo comentários sobre o quão fraca ela parecia ao duelar.
  — Esperava mais de você, . Rodeada de membros da Ordem e mesmo assim não consegue me atacar? Imaginei que Sirius ou Minerva a ensinaram melhor do que isso, mas pode ser que eles te vejam como você realmente é, uma garotinha mimada e fraca que nem mesmo vale à pena treinar para combate, não?
  — Para uma Comensal você também não é muita coisa, é? — respondeu da mesma forma. — Todos conhecem Bellatrix e sabem que ela é louca, mas e você, mamãe? Abandonou a própria família para se juntar aos Comensais e nem mesmo ataca ninguém? Imagino que Voldemort, sim, deva ficar desapontado.
  O sorriso nos lábios da mulher vacilou por um momento.
  — Não sei se você tem coragem ou apenas não aprendeu a ter limites para dizer o nome do Lorde das Trevas com tamanho deboche.
  — Não é dele que estou debochando, embora, é claro, nem mesmo tenha conseguido matar um bebê de um ano. — Riu, aproveitando o momento para acertar a outra com um feitiço, lançando-a com força contra a parede, sorriu para a mulher. — Como eu disse, a decepção é você.
  Victoria a encarou por um momento e então virou o rosto, encontrando o olhar de Sirius, sorrindo para o ex-marido antes de apontar a varinha para a filha.
  — Você deveria ser mais cuidadosa, está sempre nos locais errados, na hora errada.
   caiu de joelhos, soltando a varinha no mesmo instante e levando as mãos ao pescoço, sentindo o sangue quente escorrer pelo corte que a mulher tinha feito. Por um momento achou que a própria Victoria havia se assustado com o resultado, dando um passo em frente como se fosse ajudá-la, mas ouviu o grito de Diggory, e com isso correu para as escadas, junto de Aleto Carrow.
  — Sirius! — gritou Cedrico para o mais velho, logo jogando-se ao lado da namorada, o olhar desesperado. — Está tudo bem, vai ficar tudo bem, . Sirius! — gritou novamente, logo vendo o homem correr em direção à mais nova, puxando-lhe as mãos para baixo para ver o tamanho do corte.
  — Respire fundo, vai ficar tudo bem, ok? Não se mexa muito! — falou sorrindo fraco em sua direção, mas a garota conseguia ver o olhar desesperado do pai, mesmo que ele fingisse estar calmo. — Diggory, a Ordem.
  — Mas…
  — Vá ajudar a Ordem!
  Cedrico vacilou por um momento, não querendo sair do lado de enquanto Sirius lançava um contra-feitiço para estancar o sangue. Beijou-lhe a testa antes de voltar a correr para o lado oposto, lançando feitiços para quebrar o bloqueio feito pelos Comensais.
  — Não sou nenhum medibruxo, mas acho que dessa vez não será necessário te levar ao St. Mungus! — disse com a voz trêmula, tentando passar confiança para a mais nova.
  — O que aconteceu? — perguntou Mione assustada ao ajoelhar-se ao lado dos dois, segurando a mão ensanguentada da amiga que mantinha os olhos fechados, tentando ignorar a dor que sentia.
  — Victoria é muito habilidosa com alguns feitiços — resmungou Sirius, ainda concentrado no contra-feitiço que, lentamente, fechava o corte, embora o sangue ainda continuasse a escorrer em quantidade. — Felizmente esse corte não foi tão profundo quanto poderia ser ou teríamos problemas maiores.
  — O que acha que vai acontecer com Gui? — perguntou Mione ao homem, o tom de voz baixo, enquanto ainda apertava a mão da amiga.
  — O que… — começou com a voz fraca, sentindo a garganta doer ainda mais.
  — Psiu! — Sirius negou com a cabeça. — Fique quieta!
  — Gui foi atacado por Greyback — explicou Hermione. — Rony e Flitwick o levaram para a Ala Hospitalar… Sirius, você acha que…?
  — Não sou o melhor para falar sobre o assunto — respondeu, apontando com a cabeça para Remo —, mas acredito que não será tão ruim. Não estamos em lua cheia, Greyback não estava transformado.
  Ouviram passos e gritos e, embora não pudesse virar o pescoço para ver o que acontecia, soube que os Comensais voltavam correndo da Torre de Astronomia.
  — Vai! — apontou com a cabeça, a voz fraca, tornando a colocar a mão sobre o corte, agora sem sangue, embora ainda dolorido. — Estou ok!
  Sirius ponderou por um instante, mas levantou-se apressado, tornando a duelar contra os Comensais que corriam pelo corredor, lançando feitiços para trás. 

  Cedrico entrou na Ala Hospitalar poucos minutos depois de ter deitado em uma maca, enquanto Granger terminava de passar um unguento dado por Madame Pomfrey sobre o corte recém-fechado, na tentativa de acelerar a cicatrização, ao tempo que a mais velha cuidava dos ferimentos de Gui.
  — Como estão? — perguntou afobado, aproximando-se da maca da namorada, que fez um joinha com a mão e deu um sorriso mínimo.
  Permaneceram os três sentados na maca, enquanto Rony andava de um lado para o outro, aguardando para saber do irmão mais velho. Neville estava sentado em uma cadeira próxima de Luna, a cabeça enfaixada depois de ter sido atingido por um dos Comensais. Sirius, Remo e Dora entraram logo depois, aproximando-se para ver como todos estavam.
  Sirius encarou a filha por um momento, abraçando-a apertado.
  — Está de castigo! — Sorriu ao olhar novamente em seus olhos.
  — Por quê? — questionou descrente, a voz fraca.
  — Por ter me desobedecido, mandei voltar para seu Salão Comunal, lembra?
  A garota passou alguns segundos com a boca aberta, sem conseguir pensar em qualquer resposta. Cedrico riu baixo ao seu lado, balançando a cabeça.
  — Contudo — Sirius continuou, mantendo uma mão em seu ombro —, estou orgulhoso.
  A loira rolou os olhos, sorrindo de canto. Nem cinco minutos depois, Harry e Gina passaram pela porta da enfermaria, andando até próximo ao grupo. Potter logo foi abraçado por Sirius, o qual queria confirmar que o afilhado não estava machucado.
  — O que aconteceu com o Gui? — perguntou ao ver o rosto extremamente machucado e ensanguentado do primogênito dos Weasley.
  — Foi atacado por Greyback durante a luta — contou Remo em um suspiro, olhando com pesar para o ruivo.
  — Mas ele não vai virar um… vai? — perguntou Rony preocupado, olhando de canto para o professor.
  — Não sabemos como vai ser ainda, Rony. Fenrir não estava transformado, mas ainda carrega o veneno consigo, não temos como saber o quanto Gui foi afetado por enquanto…
  — Onde está Dumbledore? — tornou no mesmo instante. — Gui foi atacado enquanto seguia ordens dele, ele tem um dever para com meu irmão e…
  — Rony… — começou Gina em voz baixa. — Dumbledore está morto.
  — O quê?! — gritou Sirius, olhando-a assustado.
  — Não! — Remo devolveu nervoso.
  Madame Pomfrey e Luna colocaram as mãos na boca, não acreditando no que ouviam. Neville encolheu-se na cadeira na qual estava sentado, abraçando as pernas. Hermione e Rony encaravam Harry, que apenas abaixou a cabeça, confirmando silenciosamente. Lupin desabou em uma cadeira próxima, as mãos cobrindo o rosto. Dora e Sirius negavam com a cabeça em completa descrença, enquanto o homem passava a mão pelos cabelos nervosamente. Cedrico fechou as mãos em punho, virando a cabeça para o lado como se não pudesse olhar para ninguém, enquanto fechou os olhos por alguns instantes, soltando o ar com força.
  — O que aconteceu? — perguntou Harry após alguns instantes, apontando para seu pescoço.
  — Estou ok. — Deu de ombros, a voz saiu fraca. — Como foi que ele morreu?
  — Snape o matou — respondeu Harry. — Eu estava lá e vi. Voltamos direto para a Torre porque vimos a Marca Negra… Dumbledore estava debilitado, fraco… Mas acho que sabia que era uma armadilha porque me imobilizou, não pude fazer nada… Estava com a Capa da Invisibilidade… — Potter quase parecia querer justificar seus atos, ou a falta deles, como se achasse que alguém pudesse culpá-lo por deixar o diretor morrer. — Então Malfoy entrou e desarmou Dumbledore…
  Hermione levou as mãos à boca, Rony gemeu. Luna encolheu-se ao lado de Neville, a boca trêmula. Gina sentou-se na maca de Gui, próxima aos pés do irmão, pensando no que ouvia.
   por um instante olhou para Sirius, que apenas negou com a cabeça, sabendo o que ela diria.
  — Logo depois chegaram outros Comensais… Depois Snape, e… Snape o matou. Usou a Avada Kedavra. — Harry respirou fundo, não conseguindo continuar. Sentou-se em uma cadeira vazia ao lado de Gina.
   pigarreou, querendo forçar a voz a sair, mas antes que pudesse tentar falar, Cedrico franziu o cenho.
  — Escutem.
  De algum lugar ouviram a Fênix de Dumbledore cantar de uma forma que ninguém jamais ouviu, um lamento comovido de terrível beleza. Quanto tempo ficaram ali, escutando aquela música, não saberiam dizer, mas parecia que aquele canto fazia diminuir um pouco a dor que cada um sentia com a perda do diretor. O momento foi quebrado quando ouviram a porta da enfermaria tornar a abrir e McGonagall entrar por ela, alguns cortes no rosto e as vestes um tanto rasgadas, assim como os demais, ela também demonstrava os sinais da batalha recente.
  — Molly e Arthur estão a caminho. — Então virou-se para Potter. — Harry, que foi que aconteceu? Hagrid disse que você estava com o Professor Dumbledore quando aconteceu…
  — Snape matou Dumbledore — respondeu o garoto.
  Minerva o encarou por um instante, então seu corpo balançou de modo alarmante, Sirius logo empurrou uma cadeira para próximo da mulher que desabou sobre a mesma, secando as lágrimas dos cantos dos olhos em um lenço escocês.
  — Snape… Sempre nos perguntávamos… Mas ele confiava… Sempre… Não consigo acreditar…
  — Snape era um excelente oclumente, Minerva — começou Remo com a voz grave —, sempre soubemos disso….
  — Mas Dumbledore jurou que Severo estava do nosso lado! — resmungou Ninfadora, os braços cruzados. — Sempre achei que Dumbledore soubesse de algo que não tinha nos dito…
  — Ele sempre insinuou que tinha uma razão inabalável para acreditar em Snape — concordou a mais velha, ainda secando as lágrimas. — Todos desconfiávamos, mas Dumbledore tinha certeza absoluta…
  — Eu gostaria de saber o que foi que ele disse para convencer Alvo de que realmente estava do nosso lado. — Tonks suspirou, passando a língua pelos lábios.
  — Eu sei… — começou Harry, chamando a atenção de todos. — Snape passou a Voldemort a informação que o fez caçar meus pais. Então Snape disse a Dumbledore que não tinha consciência do que estava fazendo, que lamentava realmente o que tinha feito. Lamentava que tivessem morrido.
  — E Dumbledore acreditou nesse conto de fadas? — esbravejou Sirius. — Snape odiava James! Sempre fazendo comentários… Insinuações… — Negou com a cabeça, enfurecido. — Deveríamos é tê-lo deixado morrer quando tivemos a oportunidade!
  — Sirius! — Remo chamou a atenção, sendo ignorado pelo amigo.
  — E estou errado? Snape estava sempre colocando aquele nariz enorme onde não era chamado, se tivesse morrido era muito bem feito. James e Lilian estariam vivos para começo de conversa, assim como Dumbledore!
  Todos ficaram em silêncio ouvindo Black praguejar em voz alta, desejando ele mesmo encontrar Snape para acertar as contas.
  — Espere um momento! — começou , a voz rouca saía um tanto chiada. — Quer dizer que Dumbledore acreditou em Snape, um Comensal da Morte assumido e fiel a Voldemort, só porque ele disse “sinto muito”? — questionou, encarando Harry, que acenou com a cabeça, sem saber o ponto que a amiga queria chegar. — Mas quando meu pai foi acusado de matar os Potter, que só estavam sendo perseguidos por causa de Snape, não passou pela cabeça de Dumbledore tentar descobrir se era verdade?
  — … — começou Sirius, mas ela o ignorou, levantando-se transtornada.
  — Ele acreditou sem nem mesmo conversar com você se você teria mesmo entregado o melhor amigo e ajudado Voldemort, mesmo que durante todo os anos de Hogwarts você tenha desprezado as Artes das Trevas e ido contra a família toda para ficar na Ordem? E feito tudo o que Dumbledore pediu para ajudar? Mesmo assim, ele deixou que você passasse doze anos preso, sem nem questionar se estava ou não envolvido, enquanto Snape só precisou chorar para ser inocentado por ele?
  — Não foi tão simples… — recomeçou Sirius, mas a garota o encarou enraivecida, apontando para a janela, gritando como podia, embora sua voz não saísse mais alta do que um sussurro.
  — É claro que não foi simples, você passou doze anos preso em Azkaban enquanto Snape só precisou dizer que estava arrependido de ter causado a morte dos pais de Harry e foi inocentado de tudo! Pois para mim parece muito claro que Dumbledore não era nem tão justo, nem tão esperto quanto todos pensávamos. Ou simplesmente não se importava com você por ser um Black? Porque obviamente, se era da família, seria tão ruim quanto todos os outros, e Snape, é claro, apenas a vítima influenciável! — vociferou. — E agora, olhe só, Dumbledore está morto porque o protegido dele o matou e você só está fora de Azkaban porque escapou por conta própria. Se quer saber, foi muito bem feito para ele! — finalizou, dando as costas e saindo da enfermaria sem olhar para trás.
  O grupo permaneceu em silêncio sem saber o que dizer após a saída da garota, até Gina virar-se para Cedrico, falando baixo:
  — Não vai atrás dela?
  Diggory negou com um aceno, embora aquela fosse sua vontade.
  — Ela não vai querer falar nem ver ninguém agora, é melhor que fique um pouco sozinha…
  Ninfadora então pigarreou, parecendo incerta, mas falando quando notou que todos a olhavam:
  — Sei que é ruim dizer isso, ainda mais se considerarmos que Dumbledore está… — Passou a língua pelos lábios. — Mas ela não está de toda errada, não é? Quer dizer, ele realmente acreditou nas desculpas de Snape, mas nem considerou saber sobre Sirius…
  — Não foi tão simples. — Black negou com um aceno, os braços cruzados. — Todos achavam que eu era o fiel do segredo dos Potter e eu estava na cena do crime quando o Ministério chegou…
  — Mas não investigamos — Remo concordou com Tonks —, você não teve um julgamento ou ao menos alguém que tivesse tentado escutar seu lado da história, apenas o deixamos em Azkaban… — Respirou fundo, olhando para o amigo. — Quando soube o que tinha acontecido, achei que seria impossível, mas, bem… Depois que Victoria também foi presa, as coisas pareciam fazer mais sentido…
  — E ninguém pensaria em Pettigrew… — concordou Sirius calmo.
  Tornaram a ficar em silêncio por alguns instantes até Harry tornar a questionar o assunto inicial:
  — Mas como Snape se envolveu na batalha?
  — É tudo minha culpa! — disse Minerva, parecendo desorientada com tudo o que acontecia. — Pedi para Filio chamar Snape quando vimos os Comensais… Ele estava na sala dele, talvez não soubesse… Achei que era besteira o que tinha dito sobre vigiá-lo, ou mesmo Malfoy…
  — O que aconteceu? — perguntou Potter ansioso, olhando para os amigos.
  — Enviamos mensagens para o pessoal da AD, mas só Luna e Neville responderam. — Contou Mione, apontando para os dois colegas. — saiu para vigiar Draco na Sala Precisa enquanto a gente acompanhava no Mapa o Snape.
  — E Draco? — tornou a perguntar, ansioso.
  — Ficou algumas horas na Sala Precisa, mas saiu por outro corredor, talvez soubesse que estávamos na entrada principal… — contou Mione, parecendo sem graça. — Na Torre de Astronomia, enquanto nós nos separamos para ajudar a Ordem contra os Comensais, viu Draco e começou a segui-lo na escadaria, mas…
  — Mas, o quê?
  — … — recomeçou Sirius. — Acabou se distraindo…
  — Com o quê?
  — Victoria. — Sorriu sem ânimo. — Victoria apareceu na escada e as duas começaram a duelar...
  — Foi ela quem…? — Apontou para o próprio pescoço, o padrinho apenas concordou com a cabeça.
  — Falando nisso — começou Gina, olhando para Harry —, foi uma sorte termos a Felix, parecia que os feitiços desviavam da gente o tempo todo! Neville só se machucou porque tentou atravessar a barreira dos Comensais, e … Não sei como ela se machucou… — A ruiva franziu o cenho.
  — Porque ela não tomou a poção. — Hermione suspirou. — Só tinha um pouco e ela deixou para Luna.
  — Então, o Snape…? — tornou Harry, após concordar com o que as duas haviam dito.
  — Flitwick foi chamá-lo e, sinceramente, todos ficamos felizes ao saber que Severo estava vindo, estávamos em desvantagem desde o começo! — explicou Remo, cansado. — Quando Gui foi atacado, tivemos que tirar Greyback de cima dele e isso deu ainda mais vantagem aos outros Comensais. Chegou um ponto que cada um que ainda duelava estava contra dois ou três!
  — Num momento, todos os Comensais passaram pelas escadas, e nós não conseguimos segui-los, tinha algum feitiço bloqueando a passagem — continuou Sirius, soando mais frustrado ao concluir. — Quando Ranhoso passou, imaginei que soubesse de algum feitiço que nós não sabíamos, afinal, era um ex-Comensal, não?
  — Tentei passar pela escada logo após ele, mas fui arremessado igual ao Neville que também já tinha apagado porque bateu a cabeça! — Lupin colocou a mão sobre o ombro do rapaz, como se o consolasse.
  — Independente do que aconteceu na Torre, a saída deles não fez sentido nenhum. — começou Cedrico, atraindo a atenção de todos por ser a primeira vez que falava, na maioria das reuniões da Ordem, Diggory apenas escutava o que diziam, só dando sua opinião quando achava que sabia do que falava. — Deixamos Snape e Draco saírem porque achamos que estavam sendo perseguidos, mas os Comensais estavam em vantagem e só Bellatriz e Greyback tentaram lutar, todos os outros correram para o jardim, e quando Snape gritou alguma coisa, até os dois que tinham ficado saíram.
  — Porque Snape não queria mais lutar — concluiu Harry —, ele gritou que já tinha terminado, já tinha matado Dumbledore…
  — Como foi que não percebemos que Snape e Malfoy estavam envolvidos? Deixamos os dois correrem sem nem mesmo tentar impedi-los! — Sirius pareceu transtornado, tornando a xingar em voz alta.
  — Bem — começou Rony sem graça —, nós avisamos, mas vocês não confiam no que dizemos…
  — Eu não entendi uma coisa… — começou Mione, virando-se para os mais velhos. — Se não era por causa do Draco, por que estavam no sétimo andar?
  — Dumbledore pediu para vigiarmos a Escola — contou Minerva, fungando —, disse que precisaria se ausentar por algumas horas e todos deveríamos vigiar, principalmente o sétimo andar.
  — Quando encontramos com , tínhamos certeza que vocês não estariam longe e logo estariam em apuros. — Tonks sorriu para os estudantes. — Mas parece que foram vocês que acabaram nos ajudando!
  — Só não sei como os Comensais entraram — adicionou Cedrico pensativo —, todas as passagens estavam bloqueadas…
  — A Sala Precisa. Tem um Armário Sumidouro, era isso que Malfoy ficou fazendo o ano todo, tinha outro na Borgin & Burkes! — Potter virou-se para os amigos, olhando-os significativamente.
  Hermione baixou a cabeça, o rosto vermelho, e Rony olhou para as próprias mãos.
  — Ainda não acredito que Malfoy fez isso mesmo.
  — Não acho que ele teria matado Dumbledore — negou Harry, tornando a atrair atenção de todos —, ele parecia assustado. Dizia que Voldemort mataria a ele e aos pais se não o fizesse, mas ele estava hesitando…
  — Fico pensando se tivesse continuado amiga dele se ele ainda seria assim ou talvez tivesse crescido uma pessoa melhor… — comentou Ninfadora aleatória, atraindo a atenção dos estudantes.
  — Como é? — Rony foi o primeiro a dizer em voz alta. — Eles eram amigos?
  — Por alguns meses quando eram crianças… Vocês não sabiam? 
  Ouviram passos apressados e a porta novamente foi aberta, o Sr. E a Sra. Weasley entraram correndo, e Minerva levantou-se no mesmo segundo, aproximando-se do casal.
  — Arthur… Molly… Eu sinto muito…
  — Gui! — sussurrou a mulher, aproximando-se do filho desacordado. — Ah, Gui!
  Lupin, Dora, Gina e Harry levantaram-se, dando mais espaço para os pais do rapaz.
  A Sra. Weasley curvou-se para o filho, beijando-o à testa.
  — Você disse que Greyback o atacou? — perguntou Arthur, aflito, encarando McGonagall. — Mas não estava transformado? Então o que significa isso? Que acontecerá ao Gui?
  — Ainda não sabemos, Arthur… — disse a mais velha, olhando para Lupin.
  — É provável que haja certa contaminação, Arthur — começou o homem, olhando-o com pesar. — São ferimentos malditos, não vão cicatrizar por completo. É um caso raro, talvez único… Não sabemos qual será o comportamento dele quando acordar…
  A Sra. Weasley então começou ela mesma a cuidar dos ferimentos do filho mais velho enquanto os demais olhavam para a cena sem ter muito o que dizer ou fazer.
  — E Dumbledore… — começou o Sr. Weasley após algum tempo. — Minerva, é verdade…? Ele realmente…?
  Quando Minerva confirmou, o homem tornou a suspirar, ainda mais pesaroso. Gina, que estava sentada na maca ao lado junto com Cedrico e Mione, virou-se para olhar a porta, estreitando o olhar. Fleur andou até a maca de Gui, uma expressão aterrorizada no rosto.
  — É claro que a aparência não conta… Não é… Realmente importante… — dizia Molly, os olhos presos no filho, sem prestar atenção ao redor. — Mas ele era um garotinho tão bonito… E ia se casar…
  — E que é que a senhorr querr dizerr com isse? — perguntou Fleur no mesmo instante. — Que querr dizerr com “el ia se casarr”?
  Os demais afastaram-se momentaneamente, dando mais espaço para as duas mulheres. Fleur estufou o peito, aproximando-se mais da maca.
  — Bem… Só que… — começou a mais velha, um tanto espantada.
  — A senhorra ache qe Gui vai desistirr de casarr comigue? — quis saber a francesa, jogando os cabelos para trás, parecendo ainda mais bela que o normal. — A senhorra ache qu porr côse desses morrdides, el non vai me amarr?
  — Não! Não foi isso…
  — Porrqu ele vai!
  — Você acha que ela vai azarar sua mãe? — sussurrou Cedrico com a ruiva ao seu lado, olhando a cena com um sorriso leve nos lábios.
  — Talvez…? — respondeu Gina, ainda olhando a cena de boca aberta.
  — Serrá preecise mais qu um lobisome para fazerr Gui deixarr de me amarr!
  — Bem, é claro… Mas pensei que… Visto que… Talvez…
  — A senhorr pensô qu eu non ia querrerr casarr com el’? U err’ esse a su esperrance? — desafiou a mais nova, ficando ao lado de Molly. — Qu me imporrte a aparênce deel? Ache qu su bastante bonite porr nós dois! Todes esses marrcas mostrram qu me marride é corrajose! Eu non deixarrie Gui quande ma precisse de mim! E eu é qu vou fazerr isse! — acrescentou ao puxar o unguento das mãos da Sra. Weasley, empurrando-a para o lado.
  Em um segundo momento, as duas mulheres se abraçavam, chorando e se desculpando uma com a outra por ações passadas. 
  — Está vendo?! — exclamou Dora com a voz cansada, encarando Lupin, que começou a olhar para o chão. — Ela ainda quer casar com Gui, mesmo que ele tenha sido mordido. Ela não se incomoda!
  — É diferente… — respondeu o homem, tão baixo que se não estivessem no mais completo silêncio, ninguém mais teria escutado sua resposta. — Gui não será um lobisomem típico… São casos completamente diferentes…
  — Mas eu também não me incomodo! Nem um pouco!.
  Sirius piscou várias vezes, pigarreando ao entender o que se passava.
  — Como é? Vocês…? Quê? — perguntou estarrecido, apontando de um para o outro. — Eu esperava mais de você, Aluado! — Sirius virou-se para o outro. — Não posso confiar em mais ninguém! Primeiro Diggory, agora você? — Levantou as mãos para cima, indignado. Cedrico encarou-o totalmente confuso. — Todos sabem que eu só era educado com você por causa de . — Deu de ombros. — E você? Pensei que fôssemos amigos! Como foi que nunca me contou…? E minha sobrinha...? — Sirius tornou para Lupin, o qual suspirou cansado.
  — Não disse porque não tem nada para ser dito sobre o assunto. Nunca tivemos nem teremos nada!
  — E já dissemos que está sendo ridículo! — A Sra. Weasley interveio.
  — Vocês também sabiam? — tornou Sirius, encarando o grupo. — Por que só eu não sabia? Sua mãe sabe? — Virou-se para Dora, que apenas suspirou, abaixando a cabeça. Então virou-se para Remo. — Não acredito que é por sua causa que Ninfadora está desse jeito!? Por que está a rejeitando dessa forma? Ela por acaso não é boa o suficiente para você? — Cruzou os braços, a cara fechada. — Minha sobrinha não é boa para você, Remo?
  — Não é nada disso — negou o homem. — Sou velho demais, pobre demais e perigoso demais para ela… Ninfadora merece alguém jovem e saudável.
  — Mas ela quer você — interpôs Arthur com um sorriso pequeno. — Afinal de contas, Remo, os homens jovens e saudáveis não permanecem sempre assim. — Apontou com a cabeça para o filho deitado entre eles.
  — E a família tem dinheiro — continuou Sirius —, se seu problema é a falta de trabalho, pois bem, podem morar comigo até conseguirem um lugar. Sempre que posso, te ajudo, agora você despreza minha sobrinha desse jeito?
  — Admito que estou surpreso com Sirius concordando com isso tudo… — Arthur sorriu para o moreno, que deu de ombros.
  — Em um mundo ideal, nenhuma das duas sequer pensariam em namoro, mas se não tem jeito… O que me ofende é não terem me dito nada! Somos amigos há anos e é essa a consideração que eu recebo?
  Remo abriu a boca, mas não chegou a dizer o que pensava, finalizando o assunto com a primeira coisa que pensou:
  — Não é o melhor momento para discutirmos sobre isso. Dumbledore está morto…
  — Dumbledore teria se sentido o mais feliz dos homens em pensar que havia um pouco mais de amor no mundo…  — disse Minerva secamente no momento em que as portas se abriram e Hagrid entrou.
  — Fiz o que mandou, professora… Re… Removi ele. A professora Sprout fez a garotada voltar para a cama, professor Slughorn disse que o Ministério foi informado, já devem estar chegando…
  — Obrigada, Hagrid. — Levantou-se a mulher. — Terei de ver o pessoal do Ministério quando chegarem. Hagrid, por favor, avise aos diretores das Casas, Slughorn pode representar a Sonserina… Diga que quero vê-los sem demora no meu escritório. Gostaria que você se reunisse a nós também. — Hagrid assentiu, logo virando-se para sair da Ala Hospitalar. — E antes de me reunir com o Ministério, eu gostaria de dar uma palavrinha com você, Harry… Se quiser me acompanhar…
  Harry se ergueu, acenando para os amigos enquanto afastava-se com McGonagall.
  — Que acham que vai acontecer? — perguntou Rony, olhando para a porta fechada.
  — Acredito que podem fechar a Escola… — respondeu Remo, cruzando os braços.
  — O quê?! — gritaram os estudantes, logo ouvindo Madame Pomfrey mandá-los falarem baixo.
  — Não podem fechar Hogwarts! — exclamou Mione, chocada.
  — Infelizmente — Sirius concordou com o amigo —, é uma opção plausível com tudo o que aconteceu esse ano… E com Dumbledore morto…
  — Mas outros diretores já morreram e nunca fecharam a Escola! — argumentou Gina. — Já tivemos anos piores, quer dizer, e o Torneio? Tínhamos um Comensal na escola o tempo todo e nem sabíamos! Você-Sabe-Quem voltou, e…
  — É diferente — Lupin interrompeu o raciocínio da mais nova —, nunca nenhum diretor foi assassinado por um professor da Escola…

  Antes de ir embora com o restante do grupo, Sirius procurou a filha pelo Castelo, encontrando-a no Salão Principal, sentada sozinha à mesa da Grifinória, andou até ela e sentou-se ao seu lado no banco.
  — Como está?
  — Bem…
  — Quer conversar?
  — Não tem o que conversar — negou com um aceno —, sabe que é verdade, Dumbledore não se importou com você em Azkaban, mas protegeu Snape como se ele não tivesse feito nada!
  Sirius concordou em meio a suspiros.
  — Acha que eu não pensei nisso durante todos esses anos? — questionou em voz baixa, atraindo o olhar da garota. — Que não me perguntei como ninguém sequer considerou a possibilidade da minha inocência? E eu nem mesmo sabia que Severo tinha sido responsável por Voldemort procurar pelos Potter…
  — Então por que continuou fazendo tudo que Dumbledore pediu? — questionou com o cenho franzido. — Você não devia nada a ele!
  — Não, não devia — concordou ele, sorrindo triste —, mas ainda era a melhor opção que tínhamos. Voldemort sempre teve medo de Dumbledore e, errando ou não, Alvo sempre foi um bruxo muito inteligente e poderoso.
  — Nem tão inteligente assim…
  — De qualquer forma, Dumbledore sempre foi a melhor chance que poderíamos ter contra Voldemort, e por mais que eu tivesse minhas diferenças com ele, nunca questionei suas ordens. — Suspirou, passando a mão pelos cabelos. — Alvo sempre soube que minha prioridade era você, então se tivesse a mínima chance de mantê-la a salvo, eu faria o que ele mandasse.
  A loira pensou por alguns instantes sobre tudo aquilo, passando a língua pelos lábios.
  — Sabe que ele basicamente manipulou todo mundo, não é?
  — Possivelmente — concordou, estralando o corpo, preparando-se para levantar —, mas sempre buscando um resultado melhor para a maioria e em tempos como esse é isso que vale.
   acenou com a cabeça, embora não parecesse muito convencida.
  — Não espero que você coloque Dumbledore em um pedestal, mas devemos admitir que, embora ele errasse, era um grande bruxo e a perda dele é enorme.
  — Talvez… Quem sabe se ele tivesse sido mais inteligente na hora de escolher inocentar alguém, não estivesse vivo.
  Sirius concordou, colocando a mão no ombro da filha.
  — Não ignore tudo o que ele já fez de bom por um erro…
  — Que te custou doze anos em Azkaban e teria sido muito mais se não tivesse fugido!
  — Ainda assim, Dumbledore pode ter errado com nossa família — encarou-a por alguns instantes —, mas pense no número de pessoas que ele ajudou durante todos esses anos, não apenas contra Voldemort!

  Nos dois dias que se seguiram, muitos alunos voltaram às pressas para suas casas, os exames foram cancelados e parte do Ministério estava hospedada em Hogwarts, assim como muitos bruxos em Hogsmeade, esperando para prestarem as últimas homenagens ao ex-diretor.
  O funeral acontecia nos terrenos da Escola, próximo ao Lago Negro.
  Várias cadeiras estavam dispostas em frente ao caixão branco, bruxos e bruxas de várias partes vieram para se despedirem, incluindo Madame Maxime, que tinha vindo da França. Vários bruxos comerciantes de Hogsmeade e do Beco Diagonal estavam por lá. Empregados do Ministério estavam espalhados pelas cadeiras, incluindo Umbridge — o que não passou despercebido pelo grupo de amigos.
  — É só ter a oportunidade certa e faço o barulho dos centauros — cochichou Rony para os amigos, fazendo-os rir de leve.
  Dora e Remo estavam sentados lado a lado, e a mulher parecia novamente feliz, mesmo que também sentisse o pesar da perda de Alvo.
  — Como foi que isso aconteceu? — perguntou em tom baixo para Cedrico, sentado ao seu lado na fileira de trás.
  — Sirius obrigou Remo a conversar com Dora, conversar de verdade, não apenas dizer que não daria certo e correr como ele havia feito nos últimos meses. Ele admitiu que também está apaixonado por ela e resolveu dar uma chance! — Sorriu, olhando para os dois de mãos dadas. — Soube que sua tia não gostou muito…
  — Ah, imaginei. — Suspirou negando. — Andy é maravilhosa, mas ainda é uma Lestrange, tem certos preconceitos… Melhora com o tempo…
   já não tinha mais o curativo em seu pescoço e a voz estava normal, agora tudo o que havia no local era uma cicatriz fina que, segundo Madame Pomfrey, deveria sumir em algumas semanas.
  Começaram a ouvir uma música alta e bonita vinda de um canto, e ao olharem ao redor, puderam ver os sereianos à margem do Lago, também prestando suas homenagens. Em seguida, uma chuva de flechas foi atirada no espaço ao lado enquanto os centauros estavam parados nas sombras da Floresta Negra, também despedindo-se do diretor.
  — Vocês conseguem imaginar o tamanho da importância do Dumbledore para até os centauros virem se despedir? — comentou Mione olhando para o local no qual eles estavam.
  — Nenhum diretor vai conseguir chegar ao mesmo nível — concordou Gina sentada ao seu lado, seguida por Harry e Rony.
  — Não sei, Minerva é muito boa! — analisou , olhando para a professora mais ao canto.
  — Você acha que ela vai ser a diretora? — questionou Rony surpreso.
  — Teoricamente ela já é, não? — opinou Hermione, também em voz baixa.
  — Já está usando o escritório que era do Dumbledore — contou Harry, lembrando-se da conversa que teve com ela anteriormente.
  — McGonagall só será diretora se Hogwarts abrir no próximo ano — acrescentou Cedrico, fazendo-os se virarem para olhá-lo. — Ainda não decidiram se vão reabrir, parece que os Conselheiros estão hesitando e o Ministério está contra.
  — Não é como se aqui fosse mais perigoso que outro lugar, muito pelo contrário, pelo menos têm vários bruxos fazendo a proteção — argumentou Rony, olhando para os professores em um canto.
  — Mesmo com toda a proteção, ainda tivemos dois alunos envenenados. Foi sorte não acontecer nada mais sério com você ou com a Bell, e não podemos esquecer de Malfoy deixando os Comensais entrarem na Escola e o que aconteceu depois… — concluiu, vendo-os consentir em silêncio.
  — Como vocês acham que Draco está? — perguntou a loira após alguns instantes. — Que foi? Harry falou que ele só estava atacando porque era ameaçado...
  — É o que parecia… — Potter deu de ombros. — Mas esse sempre foi o sonho dele, não é? Trabalhar para Voldemort…
  — Não acho — disse Black confiante, atraindo a atenção dos amigos. — Não estou querendo dizer que ele é um garotinho inocente, mas Draco não era assim antes. Se ficou desse jeito foi, e muito, por causa dos pais. Se eu tivesse ido morar com os Malfoy quando meus pais foram para Azkaban, estaria igual a ele…
  — Não sei se tanto assim… — começou Cedrico, olhando para o homem à frente. — Você é muito parecida com Sirius, e ele também foi criado da mesma forma que Draco e não acabou virando um Comensal, não é?
  — Você acha que se tivesse ido para a Sonserina estaria próxima de Draco hoje? — questionou Gina curiosa, vendo a amiga franzir o cenho, pensativa.
  — Não aconteceria, eu já tinha meu discurso preparado para implorar pra mudar de Casa ou sair da Escola se caísse na Sonserina. Treinei o verão inteiro antes de vir para Hogwarts!

  O quarteto se separou do restante mais ao final do funeral, quando algumas pessoas já começavam a se dispersar.
  — Vocês acham mesmo que não vão abrir a escola no próximo ano? — questionou Rony, jogando uma pedrinha no Lago.
  — Acho que vão sim, é como você disse, está igual em todo o lugar. — deu de ombros, suspirando. — Se tiverem alunos para vir, acredito que os professores estarão aqui para ensinar…
  — Não faz diferença — começou Harry, olhando para o Castelo. — Pelo menos para mim, abrindo ou não, não virei ano que vem.
  — Eu tinha certeza que você diria isso! — Hermione sorriu fraco na direção do garoto.
  — E o que vai fazer? — perguntou o ruivo, olhando para o amigo.
  — Bem, vou para a Rua dos Alfeneiros, porque era o que Dumbledore iria querer, mas apenas por uns dias…
  — E depois?
  — Pensei em visitar Godric’s Hollow. Quer dizer, meus pais estão enterrados lá… Pensei em fazer uma visita depois de tantos anos… — Coçou o nariz, olhando para baixo por um momento. — Depois… Bem, vou caçar as horcruxes.
  — Tudo bem, vamos com você! — Granger sorriu em sua direção, o garoto virou-se assustado para os três.
  — Que…? Não!
  — Ah, qual é, você acha mesmo que vai conseguir se virar sozinho? Nem mesmo descobriu quem é R.A.B! — Black abanou a mão no ar. — Se não estiver conosco, é provável que nem consiga sair de Londres!
  — Não é minha parte favorita do dia, mas tem razão! — acrescentou Rony, fazendo careta. — Sempre estivemos juntos, não é? Não vai ser agora que vamos deixar você sozinho.
  — Eu… É muito arriscado…
  — Diga-nos uma novidade agora! — Mione riu, colocando uma mão no ombro do moreno. — Sempre soubemos que era arriscado, Harry.
  — É, ou você acha que cachorros de três cabeças, basilisco, dementadores, Comensais e todo o resto durante esses anos foram como tomar um chá? Você não teria passado do primeiro ano sem a gente!
  Harry encarou a loira por um momento, rindo em seguida.
  — Mas só podemos ir após o casamento de Gui e Fleur! Minha mãe vai nos matar se não aparecermos!
  — Ah, ótimo… Será realmente bom participar de um casamento… — ironizou o mais novo.
  — Eu acho que vai, sim, pra amenizar a situação toda… — deu de ombros. — E não sabemos quando vamos ver o pessoal de novo, vai ser bom ter um momento de calma antes da guerra que vem por aí! 
  Black aproveitou a pequena conversa paralela de Mione e Rony para puxar Potter para o canto, os dois pararam lado a lado.
  — Era para ser uma surpresa, mas já que provavelmente não teremos tempo… — Sorriu para ele. — Papai comprou uma casa fora de Londres, um terreno enorme, Bicuço parece que já está adorando ter tanto espaço para variar um pouco…
  — Isso é ótimo! Sirius deve estar contente por poder se afastar de tanta gente curiosa no Largo Grimmauld…
  — Sim! — concordou a outra, lembrando da foto que o pai lhe mandou semanas antes, junto com o hipogrifo em frente à casa nova. — Mas não era essa a melhor parte. Ficamos parte do verão trabalhando nela, pintando e arrumando, meu quarto, é claro, é maravilhoso porque tenho muito bom gosto, você sabe! — Piscou, vendo o amigo rir. — Mas arrumamos o seu também! Colocamos algumas coisas da Grifinória e outras coisas que achamos que você gostaria, mas tem bastante espaço para você arrumar como quiser…
  — Eu… Tenho meu próprio quarto? — falou atordoado.
  — É claro que sim, não achou que meu pai compraria uma casa sem ter um quarto para você, não é?
  Harry abriu um sorriso enorme, olhando para baixo por um instante. Nunca tinha tido um quarto só seu, que fosse realmente seu. Herdou o segundo quarto de Duda, mas não sentia como se fosse seu, na verdade, nada naquela casa parecia pertencer a ele… Mas agora teria um quarto para decorar como quisesse na casa do padrinho.
  Suspirou ao lembrar que possivelmente não poderia visitar a casa e, menos ainda, ver seu quarto.
  — Talvez pudéssemos passar lá antes de sair para… Sabe? — sugeriu ao ver o sorriso diminuir no rosto do amigo.
  — Talvez…
  Ficaram em silêncio por um momento, olhando para o grupo de pessoas mais atrás.
  — Você tem certeza que quer ir junto? — questionou Potter, olhando para a amiga. — Você poderia ficar com Sirius, sei que ele gostaria de passar mais tempo com você… E tem Diggory também…
   acenou, passando a mão pelos cabelos.
  — Tenho certeza que papai adoraria passar mais tempo com nós dois e não seria nada mal ver o Ced com mais frequência, mas eu já disse que você é meu melhor amigo, Raio, e não tem nada que eu não faria por você. Então se precisarmos sumir por um tempo para achar sabe-se-lá-aonde uma forma de acabar com Voldemort, que seja. Tenho certeza que os dois vão entender!
  — Então é isso, não é? — concordou o outro, olhando mais uma vez para o Castelo. — Acho que é verdade o que dizem; Hogwarts nunca parece tão bonita até o momento que você sabe que nunca mais vai voltar!

CONTINUA...



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