Betrayal

Escrito por Laay | Revisado por Peagne

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   On

  Eu estava tão animada para o dia de amanhã que nem me importava mais com os chiliques que minha mãe dava, pela mansão inteira, com os empregados que a organizavam para o grande Dia. Seria o meu casamento e eu não teria que me preocupar com nada mais, nada mais a não ser me encontrar de vestido branco no horário marcada no altar improvisado, no jardim da mansão que pertenceria a mim e ao meu futuro marido, daqui a poucas horas.
  Estava tão feliz e sentia que nada, nem ninguém, poderia tirar aquele sentimento de mim. Nada e ninguém... a não ser meu futuro marido!
  Aquele cretino filho da puta enganou-me por baixo de meus próprios olhos, e eu fui a maior cega por não perceber. Ele não é alguém pra se amar pra vida toda. Eu pensava que seria, que viveríamos felizes pra sempre, mas estava completamente enganada!
  Eu tinha toda a certeza do mundo que seria a mulher mais feliz do mundo até receber o maldito DVD que continha a gravação da traição de . Eu me senti um lixo, traída e sem chão. A pessoa a qual eu convivi anos, amava e confiava cegamente, traiu-me pelas costas.
  Nos meus sonhos antigos era apenas eu e ele, e eu vi isso se tornar real. Mas então, tudo se foi. A traição levou a única coisa que amei e eu sei que nunca mais seria a mesma depois desse dia.
  O DVD continha em cenas íntimas com sua tão querida amiga de infância. Ela havia sido convidada para o casamento e eu fui tão inocente e tola em recebê-la tão bem, a tratar como se fosse da família. No final de semana em que a mesma passou conosco eu percebi que o relacionamento que mantinha com a mesma era de irmãos... ou talvez fosse apenas atuação na minha frente. Ridículo! Eu me sentia enojada ao lembrar-me deles juntos.
  Quando coloquei o DVD pra tocar e fui percebendo do que se tratava, os sentimentos dominaram-me em questão de segundos, primeiro pensei ser apenas um tipo de pegadinha, não quis acreditar de modo algum que aquilo era real. Passou pela minha cabeça que talvez aquilo fosse encenação e logo eles ririam para a câmera posicionada de mal jeito e diriam que haviam pregado alguma peça em mim. Nos amávamos tão intensamente e iríamos nos casar... mas então veio o choque quando eu percebi que eles se encontravam nus, deitados na cama. Choque maior ainda quando eu percebi que ele se encontrava sóbrio e parecia estar amando aquele momento ao lado de sua amiguinha. Comecei a me sentir sendo destruída, uma dor insuportável no peito e um bolo crescia em minha garganta. Meus olhos marejados e minhas mãos fechadas em punho. Eu podia sentir minhas unhas quase rasgando minha palma da mão. Mordi o lábio inferior com força impedindo o soluço de sair por minha boca. Sequei as poucas lágrimas que escorreram por meu rosto e fiz questão de ver aquele cretino transar com a vagabunda. O canalha ainda fez questão de cantar um trecho de uma das minhas músicas preferidas pra ela. Ele sempre a cantava pra mim quando terminávamos nossa noite de amor. Não poderia estar me sentindo pior! E havia provas de que o vídeo era recente. Claro que era recente. Foi na noite passada quando disse que passaria uma última noite de solteiro com os amigos no apartamento de Niall. Lembro-me bem da camiseta que ele vestia, afinal fui eu quem a dei de presente.
   já não era o meu grande sonho, ele era meu maior pesadelo!

...

  Enfim havia chegado o grande dia, eu continuava com minha ansiedade, mas não a ansiedade e felicidade que continha ontem. Era uma ansiedade completamente diferente e uma felicidade inexistente. Eu continuaria com o casamento e veria até onde seria capaz de levar aquela mentira de que me amaria até o fim de sua vida.
  – Como estou? – virei-me de frente à que sorria radiante ao me ver vestida de branco.
  O vestido era realmente lindo, o que eu havia sonhado desde que fui pedida em casamento por aquele cretino quando estávamos de férias na casa de praia dos pais de .
  – Perfeita! Como você sempre quis, está linda e radiante. irá se sentir mais apaixonado impossível. – ela deu pulinhos, super contente.
  Sorri falso e escondi a minha maior decepção. nunca me amou. Porque se me amasse verdadeiramente como tanto dizia em palavras e atos ele não teria cometido uma traição.
  Não havia comentado com , que era minha melhor amiga, e muito menos com mais ninguém sobre o ocorrido de ontem. Todos iriam descobrir na hora exata e essa hora aproximava-se mais ao decorrer dos segundos. Eu queria me ver livre daquele moleque o quanto antes. Não sentia mais desejo e prazer em tê-lo ao meu lado, sentia nojo e desprezo. Mas o pior era que eu sabia que esquecer seria impossível!

   On

  Arrependimento? Mais do que isso! Eu me sentia sufocado em mim mesmo e estar ali agora só piorava minha situação. Eu amava aquela garota mais do que tudo nesse mundo e o que cometi foi o maior erro de minha vida. era tudo o que eu tinha, eu me sentia angustiado e um canalha por tê-la feito de trouxa. Lembro-me quando a pedi em namoro, eu nunca cheguei a amá-la até aquele dia chegar. Ver o brilho em seus olhos e o sorriso encantador em seus lábios fez-me ter a certeza de que a ter ao meu lado era tudo o que eu queria. Mas eu fui um fraco, eu sou um fraco, covarde que sempre caía em tentação quando encontrava-me com Chloe, minha melhor amiga de infância e a garota mais escrota que já conheci em minha vida.
  Eu realmente não sei qual foi o meu problema. Afinal por que cair em uma mentira tão ridícula quanto aquela que Chloe me disse?
  "É sua última noite de solteiro, , nada melhor do que aproveitar a pequena liberdade que lhe resta." E então a garota me puxou para o quarto e ali tivemos uma noite interessante, confesso. E sim, eu admito que não me encontrava em efeito do álcool e fui mais otário ainda em cantar uma das canções favoritas de minha garota para aquela mulher que só queria me ver no fundo do poço. Eu sou um completo idiota! Mal sei como olharei nos olhos da mulher que amo quando estiver prestes a dizer "Sim" a ela. E uma dúvida cruel me corroía no momento: deveria ou não contar a ela que sofri um deslize e a traí com minha ex melhor amiga de infância? Ex porque não queria ver Chloe nem pintada de ouro. Na manhã passada a mesma veio com desculpinhas alegando que estava bêbada e pediu-me mil perdões. Eu mal me importava mais com essa garota. Minha prioridade era e seria apenas ela dali em diante. Eu tinha que vê-la e deveria dizer que a amava acima de tudo.
  Retirei-me do altar improvisado no jardim de minha futura casa, aquela onde eu deveria construir uma família com a mulher que amo, e segui rumo a entrada da cozinha aos protestos de minha mãe e da organizadora do casamento. Fui em direção às escadas, desesperado pra estar frente a frente à mulher que amava.
  – Aonde pensa que vai garoto? – , mãe de , impediu-me de subir o próximo e último degrau da escada de mármore branca.
  Senti-me nervoso por segundos e comecei a guaguejar ao invés de dizer logo que necessitava falar com .
  – Ande! Fale logo. Se quiser ir ao banheiro sabe que tem um no andar de baixo, agora se pensa em ver vai ficar querendo. Ver a noiva antes da cerimônia é estritamente proibido e você sabe disso. – disse-me severa. Suspirei frustrado e passei a mão no cabelo desarrumando-o completamente.
  – Eu só preciso ouvi-la e dizer algumas coisas. Prometo nem ao menos olhar como ela está vestida ou até a cor das unhas dela. – disse desesperado.
  Olhei-a nos olhos esperançoso. , receosa, olhou para o corredor que levava aos quartos. Logo ela gritou pelas garotas que deveriam estar com no quarto. As mesmas vieram com certo entusiasmo e passaram por nós tagarelando o quanto estava linda. Sei que por parte era apenas pra deixar-me mais nervoso e ansioso possível.
  – Venha comigo! Mas nada de abrir a porta e entrar no quarto. Irão conversar, você do lado de fora e ela dentro. Eu estarei logo ali na escada caso ouça você entrando. – disse-me e eu assenti com um curto sorriso nos lábios.

   On

  Após mamãe chamar pelas garotas eu tive a certeza que a hora havia chegado. Minhas mãos soavam e meu coração se encontrava acelerado. Eu tinha medo, medo do que poderia vir a acontecer. Medo de fraquejar e dizer um sim a ele. Medo de olhar em seus olhos brilhantes e me entregar como todas as outras vezes.
  – Querida.. – ouvi minha mãe chamar-me, então virei-me em direção a porta.
  Mamãe sorria docemente e forcei-me a sorrir também.
  – Está na hora? – perguntei e ela assentiu.
  Respirei fundo e dei um passo à frente mas ela me parou antes que pudesse prosseguir. Por um momento pensei que ela falaria que eu poderia desistir daquilo se quisesse, mas suas palavras pegaram-me de surpresa.
  – está aqui. – ela olhou pra trás e deu um pequeno sorriso. Ele se encontrava atrás da porta, mas eu não poderia vê-lo do lado em que me encontrava. – Ele quer falar com você antes da cerimônia. – engoli em seco e apenas assenti com a pior expressão possível.
  – Mas é ele aqui do lado de fora e você aí dentro. Sem essa dele te ver antes da hora. – ela soltou um riso e eu forcei-me a acompanhá-la.
  Mamãe fechou a porta e eu me encostei nela pra poder ouvir melhor o que aquele vagabundo queria dizer.
  – ? – sua voz tirou-me de pensamentos e por segundos vi-me perdida. Ah! como eu amava aquele ordinário.
  – Sim? – questionei um tanto quanto mexida.
  – Eu quero que você saiba que apesar de tudo eu a amo muito. Você é a mulher da minha vida e eu não poderia imaginar o resto de minha vida sem ser ao teu lado. Eu posso ter cometido erros, erros gravíssimos e que eu me arrependo mais do que tudo por tê-los cometido, mas eu a amo e espero que perdoe-me por tais atos. Eu nunca quis magoá-la e eu me sinto péssimo e um cretino apenas por pensar em vê-la chorando. – ou ele atuava muito bem ou estava realmente arrependido, o que eu duvidava muito. – Eu só quero que saiba que eu te amo, apenas isso. Eu daria tudo pra ver um sorriso brotar de seus lábios. Eu só espero que... que me perdoe. – e então um silêncio profundo se instalou no local.
  Eu não sabia o que dizer e muito menos o que fazer. Minha decisão estava tomada depois de tais palavras ditas. Espero que eu não me arrependa depois.

...

  Nesse momento estava com o braço enlaçado no do meu pai e caminhava rumo ao altar onde o homem que amava esperava-me com ansiedade. Suspirei fundo e forcei um sorriso nos lábios, afinal era o dia mais feliz da minha vida, certo? Errado!
  Papai entregou-me a e eu estremeci ao seu toque macio. Durante toda a cerimônia tentei evitar seu olhar sobre mim, mas era impossível. E então chegou a tão esperada hora.
  – , você aceita como seu futuro marido para amar, respeitar e viver para o resto de sua vida? – estávamos de mãos dadas, olhos nos olhos. Um pequeno sorriso nervoso surgiu no canto dos lábios dele e eu juro por Deus que estava segurando-me pra não jogar-me em seus braços. Eu teria que ser forte o suficiente, eu estava machucada e não deixaria que ele fizesse isso novamente comigo. Não mesmo.
  Dei um passo pra trás e ele apertou minhas mãos olhando-me um tanto quanto esperançoso e angustiado.
  – Você sabe que eu serei sua vida, sua razão de viver. Meu amor, meu coração está respirando por esse momento. No tempo eu acharei as palavras pra dizer antes que você me deixe hoje. – sua voz soou mais rouca do que o habitual e uma lágrima derramou no canto de seu rosto.
  Cada palavra dele parecia tão difícil de suportar. Espero que não me arrependa do que estou prestes a fazer.
  – Eu te amo tanto, ... eu sinto isso queimar por dentro, queima como o sol nascendo. Mas... eu não posso continuar ao lado de alguém que não parece sentir o mesmo que eu. Não dá pra se manter um casamento em que apenas um se mantém fiel. Então não se preocupe, eu ficarei bem. Você me machucou, então quando minha vida terminar, eu deixarei essa cicatriz. – desvencilhei minhas mãos das suas e lhe dei as costas.
  Desci do altar e fui a passos apressados para dentro de casa. Ouvia murmúrios, exclamações confusas e indignadas, mas pouco importava-me se deixei plantado no altar. Traição... eu fui traída e não deixaria que aquilo destruísse a minha futura relação que teria com ele. Como eu poderia continuar confiando em um homem que me traiu? Traiu a minha confiança, o meu amor. Eu o perdoo sim, mas não poderia continuar vivendo com essa dor. De modo algum! Saí em disparada para o meu quarto e retirei aquele vestido com pressa. Vesti uma calça jeans, regata, moletom e calcei um vans nos pés. Nem ao menos me importei com o cabelo e a maquiagem, queria apenas sair dali o quanto antes. Ao descer as escadas topei com e demais pessoas que não me importei em saber quem eram no momento.
  – Onde está a chave do seu carro? – a questionei e ela olhou-me assustada e confusa.
  – ... – começou mas eu a interrompi assim que vi e nossos pais aparecendo na sala.
  – Onde está, ? – aumentei o tom de voz.
  Ela apontou para o hall de entrada e logo avistei um molho de chaves em cima de uma mesinha contendo um arranjo de flores. Respirei fundo e corri até lá. Peguei as chaves e me retirei da casa ouvindo protestos de meus pais. Mal me importei. Eu queria me ver livre daquilo, me ver livre e respirar o ar puro. Não queria saber de e muito menos de responsabilidades, de tudo que meus pais jogariam na minha cara agora.
  Encontrei o carro de no meio de mais uns 15 e adentrei. Dei ré e saí dirigindo a toda velocidade pra longe dali. Tudo se resolveria com o tempo, mas eu esperaria não ter que voltar ali nunca mais. Eu seguiria minha vida e espero que faça o mesmo.

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