Belong Each Other
Escrito por Bi Berttolani | Revisada por Mary
Narrador em terceira pessoa
O suor escorria-lhe pela testa, descendo pela nuca e por baixo do coque elaborado que havia demorado horas para ser feito. Nervosa. Extremamente nervosa. E ainda não sabia como havia parado ali, naquele estado.
Quebec High School; Quebec-Canadá; três dias e algumas horas antes.
- Não, Emilly, ele não vai me chamar para o baile! - a morena reclamava, pelo o que lhe pareceu a milésima vez, com a melhor amiga em sua frente. Olhou pelo ombro e viu novamente a loira alta agarrada no pescoço de . Virou-se novamente para a amiga com uma careta no rosto. - Você já viu a namorada dele? A é alta, loira, peituda, magra. E eu? Sou essa coisinha baixa, com cabelo ruim, despeitada, gorda, largada, insignificante...
- ! Humpf! Ele tá vindo aí... - Emilly tentou chamar a atenção da amiga, que continuava a despejar seus defeitos para fora. se aproximava despreocupado, enquanto ela continuava a falar e falar.
- Bom dia, pequena. - ele sussurrou no ouvido da melhor amiga, fechando seus braços ao redor de sua cintura. parou de falar no mesmo instante que sentiu sua respiração tão perto. O coração batia loucamente contra o peito, conseguia ouvir o próprio batimento cardíaco no ouvido, enquanto ele lhe dava um demorado beijo na bochecha.
- Oi... - soprou fracamente, com as pernas bambas e as mãos tremendo juntas e cruzadas na frente do corpo. Tremia tanto que tinha medo de cair ou dele perceber, mas, por sorte, ele a segurava fortemente e estava preocupado demais em conversar e cumprimentar Emilly.
- Bebê! O que é isso?- a voz irritante de preencheu o silêncio -da parte de - e logo tinha sido puxado para longe da amiga. - Bom dia, meninas.- ela sorriu amigavelmente, mas revirou os olhos para a morena. Puxou para um beijo molhado e barulhento.
O estômago de revirou com a cena. A mesma sentia as borboletas, que antes estavam agitadas pelo contato dos dois, morrendo dentro da barriga e afundando seu estômago em nojo e repulsa. Não conseguiu conter a careta e teve que se segurar para não colocar o café da manhã para fora. Felizmente a cena logo acabou, pois sussurrou algo no ouvido da namorada, que riu e foi embora.
- Sinceramente, , eu não sei como você aguenta ela. - Emilly resmungou quando a outra loira já estava longe o suficiente, as palavras eram as exatas que estavam rondando os pensamentos de , que ainda estava um pouco tonta.
- É... - ele soprou, olhando para onde a namorada tinha ido.- Nem eu.
Emilly bufou e murmurou algo, logo em seguida já estava bem longe dali; deixando os dois amigos sozinhos. sentia os nervos pinicando embaixo da pele, tamanho era seu nervosismo. Não sabia como iniciar uma conversa e sua mente lhe fez se perguntar desde quando se sentia daquele jeito perto do melhor amigo. O mistério era que não se lembrava de quando, onde ou como; apenas sentia-se apaixonada por ele. E ela não tinha culpa daquilo... Tinha?
- Tudo bem com você, ?- ele perguntou amigavelmente, tirando-a de seus pensamentos. Ela o encarou sem saber o que responder, na verdade nem havia escutado sua pergunta.
- Desculpe, o quê?- ela perguntou meio perdida. Odiava se sentir daquele jeito. Sem saber o que fazer, o que dizer, como agir. Era desesperador.
- Eu perguntei se você está bem, mas parece que não. - ele respondeu a própria pergunta rindo e se aproximou, deixando-a mais nervosa. - O que aconteceu? - ele perguntou estreitando os olhos para ela, que continuava calada.
- Nada... Eu... - ela parou, respirando fundo e controlando todas as palavras que queriam sair por sua boca. - Eu tô bem. - sorriu para disfarçar seu momento de indecisão.
Ele percebeu, mas deixou passar. Ficaram se encarando por tanto tempo, que o tempo pareceu congelar entre eles. O silêncio era tanto que, quando o sinal do primeiro período tocou, os dois assustaram-se e logo cada um foi para um lado, sem mais nenhuma palavra.
(...)
estava deitada na cama, com a cortina da janela aberta, que balançava para dentro do quarto com o vento gelado que fazia do lado de fora. Sem conseguir pregar os olhos, lembrando do toque, agora quase invisível, de seu amigo naquela manhã, levantou-se e caminhou até a janela.
A casa ao lado da sua estava silenciosa, sem qualquer ruído ou luz acesa. O que a fez respirar aliviada, podendo sentar-se calmamente no banco que tinha em sua sacada. O vento gelado atingia-lhe os braços, arrepiando todos os pelos ali presentes, mas ela não se abalava com aquilo, estava acostumada em passar quase todas as madrugadas ali; respirando o ar gélido da noite.
Observava a fumaça que saia de sua respiração quando, inesperadamente, um brilho no céu lhe chamou atenção. Era um pequeno risco branco naquele breu imenso que tomava todas as noites de Quebec. Uma pequena estrela cadente que se arriscava naquela imensidão, como uma criança, fechou os olhos rapidamente e fez o seu pedido mais íntimo; quero ser feliz com a pessoa que eu amo.
Casa dos ; Quebec-Canadá; três dias antes (exatamente)
AND I DON'T WHY
BUT WITH YOU I DANCE
IN A STORM IN MY BEST DRESS
FEARLESS!
Emily e dançavam loucamente pelo quarto da morena, como faziam todas as quartas-feiras. Escolhiam um CD dos artistas que mais gostavam e dançavam e cantavam todas as músicas dele. Era quase uma tradição entre as duas. Dessa vez fora ideia da Emily colocar o CD "Fearless" de uma das cantoras favoritas delas.
- Ei, suas loucas. Dá pra abaixar esse som? - do outro lado da janela, gritando acima do som do rádio, encontrava-se rindo da performance das duas amigas.
As duas pararam de dançar no mesmo instante, rindo junto com o amigo. Emily abaixou o som, de modo que conseguissem conversar normalmente pela sacada de . Ambos, e , eram vizinhos desde que a família da garota viera de New York, por conta do trabalho do pai, que, antes achava e agora tinha certeza, fora a melhor coisa de sua vida. Seus quartos ficavam de frente um para o outro, fazendo com que as sacadas quase se encontrassem. A única coisa que separava os locais era a grande árvore que, na primaveira, ficava tão cheia de flores que quase tapava a visão de um quarto para o outro - além de sujá-los, claro.
- Oi, . - Emily resmungou apoiada na grade da sacada. - Pensei que estivesse ocupado demais com a para vir encher nosso saco. - ironizou, provocando tanto o amigo quanto a melhor amiga.
- Desculpa, eu só estava apreciando o show particular das duas novas Taylors. - rebatou, ficando na mesma posição que a loira.
- Não enche. - resmungou a loira, e logo eles começaram uma conversa cheia de provocações.
Enquanto os amigos conversavam, não deixou de perceber cada detalhe da roupa de . A camiseta colada no corpo, provavelmente tinha acabado de voltar da academia, a calça moletom folgada e os braços suados a mostra. Engoliu um suspiro quando percebeu que ele a encarava de volta, desviou o olhar e sentou-se no mini sofá que ele tinha ajudado a colocar em sua sacada. Tudo ali lembrava ele, cada pedaço da decoração nova do seu quarto, ele que ajudou. E, como se fosse o universo conspirasse para aquela paixão que ela filtrava por ele, a trilha sonora perfeita para o momento começou a tocar no rádio. Baixo o suficiente para que nenhum dos outros dois percebesse. Mas percebeu.
What you’re looking for, has been here the all time
So, why can't you see...?
You belong with me, you belong with me.
Quebec High School, Home vs Folks, arquibancada leste; Quebec-Canadá; dois dias antes.
Toda aquela gritaria deixava seus sentidos confusos. Nunca entendera por que as pessoas gritavam tanto por causa de um jogo, e lá estava: entre as pessoas malucas do colégio que gritavam por alguns garotos jogando no meio do campo. Culpava Emily por ter lhe convencido. De um lado tinha uma Emily delirando pelos jogadores do terceiro ano e, do outro, e quase se engolindo. Empolgante. E constrangedor. não parava de fazer barulhos estranhos e o som das bocas se chocando uma na outra fazia sentir seu estômago prestes a explodir de tanto nojo. Graças a alguma força do universo e para a felicidade de , se afastou de e disse que iria ao banheiro. Estava tão desinteressada no jogo que, infelizmente, escutava todas as palavras sussurradas entre os dois. E aquilo fora uma benção.
Alguns minutos depois, que pareceram horas para , ainda não tinha voltado. Ao seu lado, não parava de se remexer na cadeira. Hora levantava, hora sentava e olhava por entre as pessoas. Estava irritando . E muito.
- Mas que saco, ! - resmungou virando-se para o amigo. - Se está tão preocupado, por que não vai atrás dela? - disparou nervosa, tudo aquilo estava deixando-a pilhada.
- Desculpa, , você tem razão. Já volto. - desculpou-se e levantou, mas a simples hipótese de imaginá-los juntos, sozinhos, fez o coração de disparar. Segurou o braço do amigo antes de ele ir atrás da namorada. - O que foi, ? - ele virou-se para a amiga confuso.
- Eu vou. - respondeu, deixando-o ainda mais confuso ainda. - Eu preciso ir no banheiro também e... - precisava de uma desculpa convincente; e precisava rápido. Passando por ele e o sentando-o de volta no lugar completou: - sair daqui o mais rápido possível.
Desceu as escadas da arquibancada e andou discretamente pela lateral, espremendo-se entre as pessoas, em direção ao vestiário. A parte de fora da arquibancada estava tão cheia, com a banda, os técnicos e jogadores reservas que ela quase se perdeu. Entrou no grande, e vazio, corredor que dava para a ala de vestiários e banheiros e caminhou calmamente, feliz por estar longe de toda a bagunça do jogo. Quando fez a curva para o corredor dos banheiros parou no mesmo instante. Um jogador, reserva provavelmente, e uma garota estavam quase se engolindo ao lado da porta do banheiro. A garota, percebeu com horror, era .
Com os olhos arregalados em surpresa, deu alguns passos para trás, iria sair dali o mais rápido possível, iria para casa e não contaria a ninguém, mas esbarrou em algo, alguém, que a fez virar para trás rapidamente. Deu de cara com um nervoso e com o maxilar trincado.
- Não, , não. - pediu em um sussurro, pois sabia qual seria a reação do amigo e não queria ver aquilo.
Ele a ignorou e contornou a amiga, indo em direção ao casal. continuou de costas, mas não era surda e conseguia escutar os gritos vindos do amigo e da namorada dele. Um barulho estranho e alguém estava no chão, rezou para que não fosse . Um grito vindo de , que foi ignorado, pois logo passava pela amiga em passos rápidos e duros. não pensou duas vezes e nem olhou para trás, saiu correndo atrás do amigo.
Correu entre as pessoas que estavam comemorando o final do jogo e quase perdeu o amigo de vista no meio da multidão. Ele andava em passos largos e esbarrava em todos a sua frente, deixando vários resmungos por onde passava. não estava diferente, mas pelo menos pedia licença. Encontrou de costas para ela, com os braços acima da cabeça e a mesma encostada no tronco da grande árvore a sua frente. Seus ombros subiam e desciam rapidamente, indicando sua respiração descontrolada. Levantou um dos braços e esmurrou o tronco da árvore várias vezes, descontando sua raiva. correu até ele e lhe segurou o braço antes que ele fizesse um estrago na mão. Ele virou para encará-la e estava pronto para gritar com qualquer um, mas parou assim que a viu. sorriu triste para ele e levantou a mão desocupada para secar as lágrimas do amigo.
-Vai ficar tudo bem... - ela sussurrou passando o dedão na bochecha do amigo, tentando acalmá-lo.
Inesperadamente, ele a abraçou forte, despejando tudo em seu ombro. Estava confusa por se sentir feliz e triste ao mesmo tempo. Sentia seu coração apertar vendo seu amigo daquele jeito, mas sentia uma pontinha de felicidade por saber que não teria que aguentar por um bom tempo.
- ... - sussurrou em seu ouvido, assustando-a e fazendo seus pelos arrepiarem. Afastou seu rosto alguns centímetros do amigo e o encarou nos olhos, esperando o que ele queria lhe dizer. Piscou algumas vezes, estava mais nervosa e com o coração a milhão dentro do peito. - Eu... Obrigado.
- ... Não tem o que me agradecer. - o cortou, sorrindo-lhe amigavelmente. - Eu sempre estarei aqui para ajudar você. - soltou, e apenas alguns segundos depois percebeu a importância que aquela frase tinha; mas não pareceu perceber. - Afinal, somos melhores amigos, não? – perguntou, disfarçando o nervosismo e tentando se esquivar dele. Porém, a apertou contra si.
- Eu sei, . - ele respondeu, passando a mão pelas costas da melhor amiga, causando-lhe arrepios. - Eu... Eu queria te fazer uma pergunta... Mas... - , o que, diabos, está acontecendo com você? Sua mente batalhava entre si. Sentia incerteza com ali, entre seus braços e tão próxima. Sentia o coração dar cambalhotas por baixo da blusa e rezava para que ela não descobrisse seu nervosismo. Nunca sentira-se tão impotente como naquele momento. E as palavras resolveram simplesmente sumir de sua boca. Xingou-se internamente e coçou a garganta, tentando encontrar as palavras certas. - Bem, hum... Você... Você gostaria de ir ao baile comigo?- ele se enrolou, mas a frase finalmente saiu.
sentiu o tempo parar. Ficou surda por alguns instantes, sem sentir nada, sem respirar e, quando tudo pareceu voltar ao tempo normal, seu coração parecia querer sair do peito. Sentia a respiração acelerada de bater contra o seu rosto; estaria ele nervoso? Não, a desesperada ali era ela. Estava sem reação. Foram muitas emoções para um só, em apenas uma noite. Sentia que iria desmaiar a qualquer instante. Precisava falar alguma coisa, mas nada saia. Só conseguia respirar e piscar os olhos de vez em quando, encarando os olhos castanhos do melhor amigo.
- ! ! Finalmente achei vocês! Nós ganhamos! Ganhamos! - Emilly pulou em cima deles gritando e falando sobre o jogo do qual os amigos, misteriosamente, sairam e perderam a melhor parte. - Aí o gostoso do Kirke tirou a camisa e começou a correr e a gritar perto das arquibancadas, pena que ele tem namorada, por que... Por Deus... - ela girava e encenava tudo o que tinha acontecido; estava realmente empolgada com tudo aquilo. - Ei, por que vocês estão abraçados? - parou de repente, observando os dois com a cabeça tombada para o lado direito, lançando um olhar significativo para .
- Ahn, nada. - os dois responderam juntos e, com muito esforço, soltaram-se um do outro. Emilly conteu um gritinho de animação e sorriu minimamente, piscando para sem que o amigo percebesse.
- , você vai comigo comprar aquele vestido maravilhoso pro baile, né?- Emilly começou, fazendo uma cara de gato pidão. - Ai a gente vê aquele vestido pra você, aquele verde, vai ficar maravilhoso em você! - continuou, aproximando-se e mandando mensagens secretas para , que apenas as duas entendiam. assentiu de leve com a cabeça e a amiga deu um pulo em direção aos amigos, abraçando-os. - Vai ser o melhor baile de todos!
começou a rir da empolgação da amiga e olhou de esguela para , que mantinha um sorriso e a pergunta em seus olhos e rosto. Ela sorriu para ele e murmurou um "sim" quase inaudível, mas sabia que ele tinha escutado.
Shopping Under-Ground Quebec; Quebec-Canadá; um dia antes.
- Eu sabia! Eu te avisei, não avisei? Eu sabia! Sabia! - Emilly repetiu pela terceira vez só na caminhada que elas faziam até a loja onde comprariam os vestidos. Estava mais animada do que a própria , por tê-la chamado para o baile.
- Sim, Emy, você falou. E já repetiu isso tantas vezes, que até o Papa escutou. - resmungou, esperando que a amiga parasse de falar sobre aquilo.
O pedido tinha sido tão inesperado, que ela não conseguira dormir a noite. Ficara rolando de um lado para o outro, pensando no que fazer com o cabelo, no sapato que iria colocar, a maquiagem. Eram tantas informações que não conseguira prestar atenção em uma palavra que os professores falavam naquela manhã. E ali estava novamente, ao lado da melhor amiga tagarela, em um lugar cheio de pessoas tagarelas, pensando em o que fazer da vida para não se sentir tão deslocada como era, no baile. Iria dançar com o seu par até a noite acabar? Iria pedir sua mão para uma dança digna de filmes de romance? Iria ela finalmente falar tudo o que sentia para ele? Iria, iria, iria... Não sabia mais quem era, depois de tantas perguntas e lutas internas.
- ! - Emilly chamou-lhe a atenção, puxando a amiga pelo braço. - Essa é a loja! Francamente, você não está nem me ouvindo. - resmungou e arrastou a amiga para dentro da loja.
Os vestidos eram muitos, e a moça que as atendera, mostrava todas as cores, de todos os modelos. Longos, curtos, com manga, sem manga, tomara-que-caia, tubinho, tuli, todas as cores possíveis e impossíveis, dignas de arco-íris múltiplos; rosa, vermelho, azul, verde, bege, amarelo, roxo, prata, dourado e jurava ter visto algum tipo de mistura de marrom com glitter e penas. Eram tantas cores e etilos que ela estava perdida naquele meio. A cada dois vestidos, a atendente trazia três pares de sapatos de salto que combinavam com os mesmos. Estava perdida. Emilly adorava estar naquele meio, olhava pacientemente cada vestido e cada sapato que chegava. Sorria para um ou outro vestido que colocava de lado e, de vez em quando, olhava para a amiga com um sorrisinho malicioso, talvez pensando no vestido perfeito para a mesma. Depois de milhões de trocas de vestidos, da parte de Emilly, rodou os olhos pela loja e viu um relance de brilho em um dos cantos das prateleiras.
Andou calmamente, vendo os relances de brilho conforme andava em sua direção. Chegou a uma arara de vestidos esquecidos, pois não parecia haver ninguém por ali. Retirou o vestido brilhante da arara e passou a mão livre sobre a saia lisa. Não era um vestido muito chamativo, a parte de cima parecia mais resistente na parte dos seios e tinha strazes grandes e coloridos por toda parte, a saia era lisa e começava pouco abaixo da cintura, terminando poucos dedos abaixo do joelho. Colocou o vestido sobre o corpo, segurando pelo cabide, e olhou-se em um espelho que havia próximo de onde estava.
- Meu Deus, ! - Emilly veio correndo até a amiga e colocou as mãos em seus ombros, por trás. - Tem um sapato prata ali que vai ficar lindo. - ela continuou, vendo a amiga fazer careta. - Você não quis nenhum dos vestidos que eu escolhi, pelo menos o sapato. - retrucou a careta da amiga, fazendo-a revirar os olhos. - Por favor. - fez bico, bufou e assentiu.
Emilly saiu saltitando pela loja, atrás do sapato prata que prometera para a amiga. olhou-se novamente no espelho, ainda com o vestido pendurado em frente ao corpo, e sorriu. As coisas estavam estranha e surpreendentemente dando certo em sua vida. E ela não tinha o que reclamar.
Casa dos ; Quebec-Canadá; três horas antes.
- Ai meu Deus, ! Você está linda! - Emilly segurou uma das mãos da amiga e a fez dar um voltinha, fazendo com que o vestido que ela usava, balançasse e brilhasse com a luz. - Esse vestido lhe fez muito bem, gata. Você tá parecendo uma top-model. - Emilly fez pose e a amiga revirou os olhos. Logo as duas caíram na gargalhada. - Mas, sério. Olha aqui. - apontou para os próprios olhos, encarando a amiga com uma sobrancelha arqueada. - O vai se arrepender por não ter visto isso antes. - apontou para ela com a cabeça e continuou: - e dar graças a Deus por ter terminado com a piranha da , Por que, né? Se não fosse você...
- Que maldade, Emy! - repreendeu a amiga, rindo junto com a mesma. - era uma pessoa legal, só meio...
- Puta? Piranha? Vagabunda? Fura olho? Traíra? Fez seu melhor amigo de corno? - a loira completou a frase da amiga, fazendo a mesma revirar os olhos.
- Não... - começou, mas o olhar de deboche da amiga a fez parar. - Ok, um pouco. - completou, virando-se para o espelho e, alisando a saia, continuou: - Ela só foi estragada por ter conseguido um dos garotos mais bonitos da escola, por sempre andar com os populares. Ela é a típica adolescente que sonha com o corpo da Kim Kardashian e uma mansão em Los Angeles. - abriu a caixinha de maquiagens, pegando as coisas para que a amiga começasse a trabalhar, já que ela não sabia nem pegar direito em um rímel.
- Ei, eu quero muito uma casa em Los Angeles. - a loira retrucou, fingindo estar ofendida. - Mas o corpo da Kim é meio exagerado, não? Ela é, tipo, uma Barbie turbinada. - completou, aproximando-se da amiga e pegando as coisas para começar a maquiagem.
(...)
- Me lembre de te ensinar a usar isso tudo, assim eu não preciso ficar ouvindo você reclamar comigo. - a loira resmungou, alguns minutos depois, porque não parava de reclamar que ela puxava muito sua pálpebra ou que o pó do blush a fazia ter um ataque de espirros.
- Desculpe. - murmurou tentando não mexer muito o rosto, para não atrapalhar a amiga.
Passaram as horas conversando, rindo, arrumando uma a outra e verificando sempre que possível se tinha algo fora do lugar. Suspiraram juntas, em um gesto de nervosismo, quando uma buzina alta soou do lado de fora da casa. Sorriram uma para a outra e desceram as escadas, encontrando a mãe de no sofá, lendo algum livro, ela levantou os olhos do mesmo e olhou para as meninas, com um sorriso orgulhoso de mãe no rosto.
- Vocês estão lindas, meninas! - Sra. levantou do sofá e caminhou até elas, dando-lhes um abraço ao mesmo tempo.
- Eu sei - Emilly brincou, assim que a Sra. as soltou, jogando os cabelos para trás e fazendo pose.
- Obrigada, mamãe. - sorriu minimamente, tímida. Não sabia lidar com elogios, nem que fossem de sua própria mãe.
- Seu pai ficaria orgulhoso da garotinha dele. - ela sorriu tristemente, dando outro abraço na filha, que retribuiu com o mesmo fervor.
- Ai meu Deus! Vamos logo , antes que eu comece a chorar e estrague a maquiagem toda. - Emilly abraçou as duas rapidamente e, em seguida, saiu puxando a amiga. - Até depois, tia Jessie.
As duas saíram da casa, fechou a porta atrás de si e, quando se virou para seguir a amiga, deu de cara com um de terno e gravata, esperando por ela no meio da calçada. Emilly já estava dentro do carro, no banco de trás, apoiado sobre os cotovelos na janela, observando tudo. sentiu o coração dar saltos em seu peito, e lembrou-se dos dias maravilhosos que passara aquela semana. Tão maravilhosos que pareciam um sonho. Do outro lado a observava como se fosse uma garota totalmente diferente de sua melhor amiga que estivesse ali. Os olhos castanhos realçados pela maquiagem, os lábios em um batom vermelho -que, em seu interior, ele tinha vontade de borrar- e o vestido tomara que caia, outra peça no novo visual da amiga que ele adoraria tirar lentamente... O que estava acontecendo? balançou a cabeça levemente e se aproximou da amiga com um sorriso, cumprimentando-a e deixando a mesma mais nervosa ainda. Eles, por alguns instantes, esqueceram-se de tudo em volta e ficaram encarando um ao outro, como se esperassem algum tipo de iniciativa. Mas nada aconteceu.
- Oh, pombinhos. - Emilly gritou de dentro do carro, livrando os dois de um momento tenso. - Vamos? - pediu sorridente e animada.
sorriu e puxou pela mão, levando-a até o carro e abrindo a porta para ela, que sorriu e entrou, sem dizer mais nada. O caminho até o colégio fora preenchido por muita música e risada dos três amigos. Não tinha nada que estragasse a alegria daqueles três. Até sentia-se animada para ir ao baile, coisa que ela nunca tinha participado. Sempre preferia ficar em casa, lendo algum livro ou escutando música. Quando parou em frente ao prédio da escola, que estava cheio de enfeites e brilho, sentiu seu estômago afundar novamente em nervosismo. Estava prestes a entrar no local onde ninguém fazia questão de olhar em sua cara e que, agora, iriam notá-la ao lado de . Estava nervosa, era evidente.
- Vamos, pequena. - a voz de a fez despertar, quando olhou para o mesmo, ele já estava do lado de fora do carro, esperando-a sair com a mão estendida. Ela sorriu minimamente e respirou fundo, pegando na mão do amigo, que estava quente sobre a sua fria. sorriu abertamente, deixando-a menos nervosa.
Entraram de mãos dadas, apenas os dois, já que Emilly havia sido a primeira a sair correndo para dentro. Alguns olhares foram atraídos para eles, claro, não era ao lado do namorado. Era a pequena e incrivelmente arrumada . Todos sabiam que eles eram amigos, mas ninguém imaginava que eles ficariam juntos algum dia, apenas, talvez, que tivessem trocado alguns beijos em algumas festas. Mas, ali, vendo os dois juntos, dúvidas começaram a surgir de todos os lados conforme eles passavam por entre as pessoas.
- Estão todos olhando pra nós... - disse em um sussurro, apertando a mão do amigo.
- Para você. - ele sussurrou de volta, sorrindo para ela.
sentiu as bochechas ficarem quentes, e desviou o olhar. Entraram na quadra aberta, que estava toda enfeitada e arrumada para um baile ao ar livre. As luzes penduradas em cima de todos davam a impressão de estrelas próximas. Os grandes holofotes que eram usados em jogos estavam apagados. A música não estava tão alta e o ambiente estava agradável. olhou para cima e viu todas aquelas luzes misturadas com as estrelas no céu, sentiu-se em um conto de fadas. Daqueles que a faziam imaginar uma vida ao lado do cara perfeito.
- ?- a chamou, pois ela tinha parado no meio do caminho, apenas observando as coisas ao seu redor. Era o seu primeiro baile... Ele a pegou desprevenida, observando os enfeites e as pessoas dançando por entre outras. Aproximou-se devagar e sussurrou em seu ouvido a pergunta que fez com que ela se arrepiasse. - Você quer dançar?
Ela estava sem qualquer reação, e tinha certeza que possuía uma cara de tonta com a pergunta. Não conseguiu responder; as palavras haviam entalado em sua garganta. Antes que pudesse vencer o nó com as palavras, um desespero súbito tomou conta de sua mente: ela não sabia dançar. Lembrou-se das vezes que tentara... Um desastre.
- É... Eu não... - começou, mas a calou com um puxão em direção à pista improvisada, deixando-a mais desesperada ainda.
- Você é um desastre na pista, , nós dois sabemos... - ele respondeu os pensamentos da garota, agora já de frente para a mesma. - Mas... - começou a movimentar-se em movimentos lentos, no ritmo da música, levando-a junto. - Deixe-me ensiná-la.
E, mais uma vez, seu coração batia absurdamente rápido contra as costelas. Assentiu minimamente encarando o melhor amigo nos olhos. A música era leve e, junto com o olhar carinhoso de , levaram a garota para outro universo. Um lugar onde existia apenas e , nada mais. Foi obrigada a voltar para a realidade quando alguém pulou em cima do casal. No ato, os dois foram obrigados a se separar.
- Oi casalzinho maaais lindo da minha vida. - uma Emilly animada e com cheiro de álcool praticamente gritou apoiada nos ombros dos amigos.
- Você está bêbada?- os dois, e , perguntaram ao mesmo tempo. Era evidente que estava, mas os dois estavam tão chocados com aquilo, que sequer pensaram nisso.
- Awn, eles até falam juntos. - replicou, apertando a bochecha dos dois. - Parem de ser babás chatas e vão enfiar a língua na boca um do outro. - disse por fim, e saiu tropeçando de perto dos dois amigos.
Ah, a sinceridade dos bêbados... ficou com vergonha e ficou encabulado. Os dois sem saber o que fazer, e o clima pesado os impedia de continuar fazendo o que estavam fazendo. Nenhum dos dois tentou voltar com o assunto, e ficaram ali, sem saber o que fazer, parados no meio do pessoal da escola que nem sequer havia notado aquilo entre os dois.
- Então... - começou, mas foi interrompido por um grunhido frustrado perto dos dois.
- ! - alguém disse com a voz finíssima, fazendo os dois amigos revirarem os olhos ao reconhecer uma em um vestido exageradamente rosa e cheio de glitter a poucos passos deles.
- O que foi? - ele respondeu a ex, seco. A última coisa que queria era ter que olhar para cara daquela loira oxigenada com excesso de silicone, e lembrar-se do quanto ele tinha sido feito de idiota.
- “O que foi?” “O que foi?” - ela repetiu, dando ênfase como se ele fosse demente. - Foi que você simplesmente terminou comigo para ficar com... - dirigiu seu olhar para , que só faltava sair correndo dali ou dar uns bons tapas na mais alta. - Essa aí.- cuspiu com nojo o resto da frase.
- Opa, espera aí!- ele cortou a ex, com um olhar incisivo. - “Essa aí” tem nome e é a minha melhor amiga. - continuou, defendendo a amiga, que estava boquiaberta atrás dele. Mas um sorriso brincava com seus lábios, querendo esnobar com a cara de . E, agora, ela podia. O quanto quisesse. Mas não o faria. - E eu quero deixar bem claro uma coisa, . - sibilou seu nome entre dentes, aproximando-se um pouco mais dela. - Eu terminei sim com você, e a única culpada disso tudo é você mesma. - a cara da loira em sua frente era de espanto e choque, e, talvez, um pouco de remorso. - Diga-me, quantos chifres eu tenho?
- Ah... Eu... Anh.. - ela não tinha o que responder. - Ah, aquilo foi coisa do momento! Você não pode terminar comigo por causa de um beijo forçado! - bradou, defendendo-se com unhas e dentes das acusações.
- Coisa do momento? - perguntou, achando a voz para defender o amigo da víbora. - Vocês estavam praticamente se engolindo lá! - continuou tomando coragem para colocar tudo às claras. - Como podemos saber se você já não fez isso com o time inteiro?
- Como você pode saber, coisinha? - a loira a cortou. - Nem deve saber o que é um beijo direito! - riu na cara de , debochando da mais baixa. - Foi o que ela te contou, Andrewzinho? - perguntou agora se dirigindo ao ex. - Como pode acreditar em boatos assim? Ainda mais da amiguinha que morre de amores por você? - continuou as provocações, mas aquela frase fez gelar.
Sabia que poderia estar branca como papel naquele mesmo instante. Já não escutava mais nada, via tudo em câmera lenta. olhando-a com a mesma cara de espanto, o riso abafado da loira e, então, suas pernas a levando para bem longe dali.
Só conseguiu parar quando sentiu seus pés doerem por conta dos saltos. Sentou-se em um dos bancos do jardim e respirou fundo, tentando, inutilmente, reaver seus pensamentos. O baile, as pessoas a olhando, Emilly bêbada, extremamente maravilhoso e as provocações de ... Sua vida estava uma bagunça! Em meio àquela bagunça, não sentiu a presença que logo sentou ao seu lado.
- Posso me sentar? - aquela voz fez engolir em seco e hiper-ventilar em questão de milésimos de segundos. Era quase uma reação instantânea.
- Pode. - sua voz saiu em um sussurro, tamanho o nervosismo que sentia com a presença do melhor amigo.
Ele se sentou, mas ninguém falou nada. Ficaram em um silêncio estranho e constrangedor para amigos de infância. Nenhum dos dois tinha coragem de dizer uma só palavra; porque sentia que seu coração saltaria boca a fora se ousasse abri-la e, porque estava confuso com tudo que estava acontecendo. Ambos respiraram fundo, soltando um suspiro sincronizado. Mas foi que falou.
- O que a disse... Sobre... - engoliu em seco, sem encarar a amiga. - Sobre você gostar de mim. - murmurou, sem acreditar que aquilo poderia ser verdade. - É verdade? - sua pergunta não teve resposta. segurava a todo custo as lágrimas que queria derramar, as palavras que queria berrar em seu rosto. As coisas que poderiam acontecer depois... Ela não fazia idéia. Vendo que não obteve resposta, ele resolveu encarar a garota miúda ao seu lado. - ... Aquilo tudo é verdade?
É agora ou nunca. pensou consigo e com todas as dúvidas que se acumulavam dentro de seu coração e mente. Falaria tudo o que sentia, tudo o que queria e, depois, descobriria o que viria a seguir. Acontecesse o que acontecesse, ela tiraria um peso dos ombros.
- Sim, . - murmurou inicialmente, quase inaudivelmente, mas, em seguida, respirou fundo e completou sua frase. - É tudo verdade. - depois daquela pequena frase, todas as outras palavras vieram com naturalidade, como se estivesse falando consigo mesma. Mas não estava. - Eu não sei como, quando, mas eu me apaixonei perdidamente por você. Sei que isso pode estragar uma amizade de anos, mas também pode nos deixar mais inseparáveis do que nunca. O futuro é uma dúvida. - respirou fundo novamente, e, com um sussurro, terminou seu discurso: - Mas não o que eu sinto por você.
Quem ficou sem palavras, dessa vez, fora ele. Não sabia o que responder, como responder. Sentia a mesma coisa? A coisa que mais odiaria seria se afastar dela e magoá-la. Afinal, ainda eram amigos, certo? Ele sempre cuidara dela como uma irmã mais nova... Ou era algo a mais? Sentia-se confuso, desconcertado. Encarava a amiga ao seu lado com um pesar que não lhe cabia no peito, mas ainda não estava totalmente na realidade. Sentia que aquilo era apenas um sonho, no qual ele estava preso e impotente. Desviou os olhos para a boca da amiga, que tremia levemente. Seria de nervosismo? Ele causava aquilo a ela? Sentiu uma felicidade súbita, e não sabia o porquê.
Mas não era nervosismo. Eram... Lágrimas! Em um gesto instintivo, levou suas mãos às bochechas da amiga e secou suas lágrimas, forçando-a a olhá-lo. Deu um breve sorriso e respirou fundo, encarando seus olhos.
- Eu sei que é difícil para você dizer tudo isso. - começou, sem desviar o olhar da amiga por um segundo. - E sei também que o futuro é incerto. Não posso falar para você que sinto tudo ou metade do que você sente por mim. - mais uma lágrima pulou para fora dos olhos da garota. - O que eu não sei é... E se eu passei anos da minha vida ignorando tudo isso? E se eu passei meses desse ano namorando uma garota, mas na verdade eu só queria poder ficar com você? - respirou fundo e molhou os lábios. Os olhos de pairaram naquele local, ela já não aguentava mais se segurar. - Antes de concluir qualquer promessa, porque eu nunca fui bom com isso, eu quero dizer que não sei o que pode acontecer. - aproximou seus rostos, sentindo suas respirações se misturarem. - Mas... - seus narizes roçaram um no outro, suas bocas a poucos milímetros uma da outra. - Eu quero tentar.
Bastou àquela frase sendo sussurrada a milímetros de sua boca, para que perdesse o controle e juntasse seus lábios. O beijo fora um choque para ambos; como se fosse a primeira vez. Era calmo e lento, como se estivessem aproveitando ao máximo o momento que tinham ali. Todos os problemas foram esquecidos durante aquele toque de lábios, aquele momento juntos, aquele descobrir um do outro. Ficaram ali até que a falta de ar se fizesse presente, então tiveram que separar os lábios.
Sorrisos foram trocados, mais beijos, de mãos dadas. Tudo fazia o estômago de borbulhar em felicidade, e sua cabeça girar por conta da adrenalina do momento. Já sentia-se bem consigo mesmo.
Sabiam que ficar um com o outro era o lugar certo.
Alguns meses depois...
Tudo estava em perfeita harmonia na vida de , algo que a fazia se perguntar quando tudo viraria de cabeça para baixo; era o que sempre acontecia.
Emilly continuava sendo sua melhor amiga, sempre louca e divertida. Nunca tinha um garoto fixo em sua vida, mas tinha certeza de que o novo par de Biologia da amiga ia fazê-la perder os sentidos. A loira o odiava; ele era irritante e, ao mesmo tempo, “o garoto mais lindo desse colégio” , por palavras da amiga. tinha certeza de que aquilo era amor.
, a odiada ex-namorada do seu melhor amigo, durante aqueles últimos meses, ela não havia tentado estragar a felicidade de nenhum dos dois; também sumira durante as férias de verão. Qual havia sido a surpresa que, depois das férias e durante as duas primeiras semanas de voltas as aulas, estava namorando o capitão do time de hóquei do colégio?
E ... Era a única coisa que conseguia pensar 24 horas por dia, todos os dias da semana. O que não era novidade; ele sentia o mesmo. Durante aqueles meses em que ficavam juntos, não só como amigos, mas também, na maior parte do tempo, com benefícios. Ela sabia que ficarem juntos era a coisa certa. Também sabia que, se não tomasse o próximo passo, ela mesma o faria.
Respirou fundo e tentou voltar a atenção no professor que falava na frente do quadro negro, desviando seus pensamentos sobre os últimos meses de sua vida, para a boa e velha matemática. Olhou em volta e percebeu que seu melhor amigo a encarava do outro lado da sala; diferente dela, ele não ligava para aquela matéria, enquanto tinha uma das melhores professoras de matemática morando ao lado de sua casa. mantinha um sorriso de lado no rosto, o qual fez sentir suas bochechas ficarem vermelhas. Ela desviou o olhar e voltou a prestar atenção na aula, mas sentia suas costas formigarem com o olhar dele.
Nunca desejara tanto que aquele sinal de fim de período batesse, para que ela pudesse ir tranquilamente para casa. Ou para a de . Era quase uma rotina. Ela não ligava, pelo contrário, adorava passar o resto do dia assistindo algum filme junto a ele; ou fazendo algo mais interessante. Afinal, não eram mais crianças, eram?
(...)
Já era quase noite e terminava de colocar o colar que havia ganhado de sua mãe, quando alguém bateu na janela. Ela virou-se e caminhou descalça até a mesma, abrindo-a e dando de cara com .
- Oi, pequena. - ele, inesperadamente, a puxou para um beijo apaixonante, acabando com o brilho labial que ela tinha acabado de passar.
- Oi, . - respondeu depois que separou seus lábios, puxando-o para dentro do quarto. - Eu tava terminando de me arrumar, você podia esperar em vez de invadir o meu quarto. - ralhou, enquanto passava o gloss novamente.
- Não foi invasão, você abriu para mim. - ele retrucou, enquanto sentava na cama dela. revirou os olhos e o encarou pelo espelho.
Sentia falta de momentos como aquele. Quando eram crianças, um dos dois sempre acabava pulando a sacada do outro, para poderem brincar ou assistir filme sem que a mãe de um ou de outro soubessem. Eram naqueles momentos, quando eram os melhores amigos de sempre, que sabia e tinha certeza de que o amava mais do que tudo.
- Se continuar me encarando, vai borrar o batom. - a voz de a fez voltar para si, percebendo que o brilho labial já parava em sua bochecha. Riu de sua própria falta de atenção e olhou o pequeno estrago que havia feito em si mesma. Limpou a bochecha e, e seguida, sentiu braços a envolvendo. - Esse trabalho é meu. - a voz de soou rouca e perto de seu ouvido, fazendo os pelos próximos se arrepiarem.
Ele a virou para si, segurando em sua cintura fina. Ela apenas teve tempo de entrelaçar os dedos nos cabelos dele, pois logo em seguida ele já juntava seus lábios em um beijo calmo e lento. , contra sua vontade, separou seus lábios e o encarou nos olhos. Sorriu minimamente e lhe deu um selinho, virando-se de costas para ele novamente. Terminou de retocar o brilho labial, enquanto a encarava pelo espelho, com os lábios vermelhos entre os dentes.
- Vamos no atrasar desse jeito, . - explicou, desvencilhando-se dele e andando até a porta, deixando-o para trás. Mas logo ele já a seguia escada abaixo.
Alguns minutos depois, estavam andando pelas ruas da cidade no carro de , conversando e cantando junto com o rádio. ficava mais confortável com ela ao seu lado, o nervosismo do que viria a seguir dissipando-se a cada gargalhada que ela soltava por conta de suas piadas. Já , sentia-se cada vez mais nervosa e curiosa para o que viria a seguir. Para onde estavam indo, ela gostaria de saber, mas segurava as perguntas ao máximo.
Ele parou ao lado de um restaurante que, para ela, era mais chique do que estava acostumada. Antes que pudesse perguntar qualquer coisa, ele já saia do carro e dava a volta no mesmo, abrindo a porta para ela no segundo seguinte. Ela agradeceu e, logo em seguida, estavam dentro do restaurante mais lindo que ela já havia visto.
A decoração parecia simples na entrada, mas, assim que o garçom os levou para a mesa eu ele havia reservado, tudo mudou aos olhos de . A iluminação era feita por pequenas lâmpadas ao redor de todas as mesas, havia um vaso de flores em cima de cada mesa no lugar; olhou para cima e a iluminação a fez lembrar da noite do baile, onde tudo em sua vida havia mudado. Sorriu minimamente com isso e continuou seguindo até a mesa reservada. Ela era bem no canto do restaurante, onde havia uma janela que dava vista para um pequeno jardim ao lado do restaurante. Era tudo maravilhoso, e com a companhia que tinha, ficava perfeito.
- O que desejam? - o garçom perguntou, mas não deu ouvidos, estava mais preocupada em olhar em volta, percebendo todos os detalhes do local. Depois de uma conversa não muito longa com o garçom, sentiu as mãos de tocarem as suas, fazendo-a encará-lo com um sorriso.
- Gostou? - ele perguntou, simplesmente, devolvendo o sorriso iluminado que ela tinha no rosto. segurou suas mãos entre as suas e o olhou bem fundo nos olhos.
- Eu adorei. - ela respondeu, apertando suas mãos carinhosamente. arrastou a cadeira para sentar-se ao lado de , soltando suas mãos e a abraçando. surpreendeu-se com o ato, mas retribuiu o abraço. - ? - chamou, sentindo a tensão que o amigo transmitia. - Está tudo bem?
Soltou-se da amiga e a encarou nos olhos, aquela simples troca de olhares fazia com as estranhas de se contorcessem dentro de sua barriga, trazendo a sensação de borboletas no estômago; coisa que sempre ocorria quando estava ao lado dele. Antes que um deles pudesse falar qualquer coisa, uma música conhecida por ambos começou a tocar baixinho em algum lugar no restaurante.
riu baixinho com a coincidência e puxou as mãos de , indo em direção à parte de trás do recinto, arrastando-a, confusa, atrás. Ali a música era um pouco mais alta, tendo alguns alto-falantes ao lado da grande porta de vidro pela qual passaram. Ele prendeu sua cintura com os braços, entrelaçando as próprias mãos atrás de suas costas. levou as mãos para sua nuca, olhando-o nos olhos, enquanto ele assobiava no ritmo da música.
Oh I can't believe that it's so simple / It feels so natural to me
(Oh, não acredito que isso é tão simples / Parece tão natural para mim)
Quando o pré-refrão começou, pareceu, finalmente, se dar conta da letra que tocava de fundo. Era uma música de ritmo alegre, que a fazia querer sorrir para o resto da vida. Mexia com seus sentimentos, com seu estômago, fazendo-a sentir as borboletas mais fortes do que nunca.
If this is love then love is easy / It's the easiest thing to do
(Se isso é amor, então o amor é fácil / É a coisa mais fácil de fazer)
começou a sussurrar a letra em seu ouvido, conforme o refrão passava. sentia os pelos do corpo todo arrepiarem. Ela se sentia num sonho, um sonho bom que ela queria que nunca acabasse.
If this is love, then love completes me / Cause it feels like I've been missing you
(Se isso é amor, então o amor me completa / Porque parece que eu estive sentindo sua falta)
- Acho que nenhum de nós esperava por isso, e eu acho que estou mais nervoso que nós dois aqui, também. - ele começou, deixando a música de fundo. Falando baixinho em seu ouvido, como se fosse o maior segredo do mundo. - Eu sei que essa música não é a melhor para o momento, mas ela diz exatamente o que eu quero falar. - continuou, agora olhando profundamente em seus olhos. - Há alguns meses, você me disse que estava apaixonada por mim e, desde aquele dia, alguma coisa vem crescendo dentro de mim. Eu não sabia bem o que era, até que, algum dia desses, que eu não me lembro qual, eu olhei para você, e, disso eu tenho certeza, um sentimento muito bom esquentou meu peito. - prendeu a respiração e sorriu minimamente diante daquela declaração embaralhada. - E todas as vezes que eu te olhava aquilo voltava, sempre mais forte e melhor. Até mesmo enquanto você se concentrava nas aulas de matemática, ou quando acordava de manhã para ir para a escola e abria a cortina, sorrindo para mim com a cara amassada, ou até mesmo quando você acorda mal-humorada. - eles riram brevemente. - Acho que são esses pequeno detalhes que me fazem amar você mais ainda.
A simple equation / With no complications to leave you confused
(Uma simples equação / Sem complicações para deixar você confusa)
demorou alguns minutos para processar toda aquela informação, mas sem quebrar por um segundo o contato visual que tinham. Só se deu conta do que estava acontecendo, saindo de seus pensamentos, quando uma outra música muito conhecida começou a tocar. Ela sorriu mais para si do que para , que lhe sorriu de volta. Ela, simplesmente, sem falar mais nada, tomou seus lábios em um beijo lento e calmo. Ao som de Taylor Swift, You Belong With Me, uma onda nostálgica tomou conta da mente de .
Lembrou-se das vezes em que Emilly e ela ficavam em seu quarto, cantando e decorando todas as músicas daquele CD. De como ela se comportava na presença de antes de se apaixonar por ele, embora parecesse uma memória muito distante, quase de uma vida passada. Dos olhares simples que ele lhe lançava de vez em quando que, para ela, eram muito significativos. Das noites em claro, ouvindo ruídos na casa ao lado, mais especificamente no quarto dele. Lembrou do baile, aquele simples dia que mudara a sua vida. Ela se lembrou de todas as noites que passara ouvindo aquela simples música, pensando em como seria perfeito se resolvesse largar a namorada e ficar com a melhor amiga.
O que realmente aconteceu, de um jeito inesperado, mas muito, muito bom. Em meio ao beijo, fez uma nota mental, lembrando-se do seu desejo muito bem; agradecer àquela estrela cadente.
FIM
GENTEN! Oi, sou nova, me chamo Bianca e vim agraciá-los com Belong Each Other. Espero que tenham gostado das 16 (!) páginas. Acho que foi a maior short que eu já escrevi na minha vida, sério. Espero que tenham gostado e logo nos veremos mais, eu mal entrei no site e to AMANDO!
Beijinhos
Xx Bi