Believe In Your Heart
Escrito por Mandy Prado | Revisado por Lelen
Levantei do sofá e caminhei até a cozinha, peguei uma cerveja e meu maço de cigarros que se encontrava no balcão um pouco bagunçado, com algumas caixas de pizza e garrafas de cerveja vazias; abri a pequena porta da varanda e senti o ar um pouco mais frio do que esperava, fechei o zíper da minha blusa e encostei-me à grade em minha frente, ascendi meu cigarro dando uma longa tragada no mesmo, observei atentamente a fumaça se misturar com o ar de Londres antes de tomar coragem e sorver um longo gole da cerveja gelada em minhas mãos. Depositei o cigarro pela metade num cinzeiro quase cheio ao meu lado e voltei para dentro, escutei o barulho baixo da TV e caminhei até a sala, me deparando com Flea esparramado em meu sofá, e muito provavelmente estava em cima do controle remoto, afundei minha mão por baixo, dele que parecia se importar muito pouco com aquilo, procurando o controle quando algo na TV me chamou atenção, precisamente a abertura de um filme que eu conhecia bem até demais.
Flashback on
Subi apressadamente as escadas daquele edifício já tão conhecido por mim, quando atingi o quarto lance de escadas já estava ofegante e um pouco suado, encostei-me a uma das paredes respirando profundamente, enchendo ao máximo meus pulmões com todo ar possível, minha recuperação levou apenas alguns minutos e eu já podia caminhar calmamente pelo corredor até o número 44, apertei a campainha e aguardei, levou alguns minutos até que ela me atendesse, e a julgar pelo seu estado podia entender, os olhos inchados e tão vermelhos quanto seu nariz, os cabelos um pouco bagunçados e uma roupa que parecia ter sido tirada de um lixão.
- Hey linda!
- . – ela fungou e me abraçou com força, coloquei uma de minhas mãos em sua cintura a puxando mais perto ainda e com a outra acariciei lentamente seu cabelo.
- Fiquei preocupado com sua mensagem – sussurrei e empurrei seu corpo para dentro, fechando a porta do apartamento com meu pé. – Quer desabafar?
- Eu atrapalhei você e os meninos no ensaio? – ela se afastou limpando os olhos na manga da blusa.
- A gente já estava terminando, não fica preocupada. – sorri de lado e acariciei sua bochecha limpando uma última lágrima que restara.
Ela assentiu e entrelaçou nossas mãos, me puxando para o sofá, jogou algumas caixas de lenço vazias no chão dando espaço para que eu me sentasse, ela ocupou o lugar ao meu lado ainda segurando firmemente minha mão, suspirei ruidosamente encarando nossas mãos, esperando que ela me contasse o ocorrido sem pressa alguma.
- Você tinha razão sobre o Ryan. – ela bufou irritada. – Aquele cafajeste, me traindo com minha própria amiga. – ela soltou minha mão a colocando no rosto, tentando abafar os soluços misturados com o choro.
- Minha linda. – suspirei e a puxei para perto, deitando sua cabeça em meu peito enquanto acariciava suas costas e cabelos. – Ele não merece suas lágrimas, eu sei que é duro e o que eu vou dizer é clichê, mas você tem que esquecer que esse cara um dia cruzou seu caminho e seguir em frente.
Ela assentiu respirando profundamente, me afastei um pouco e peguei um lenço de papel de uma das caixas próximas e limpei seus olhos delicadamente, acariciei sua bochecha e ergui seu queixo a encarnado profundamente.
- Eu quero ver aquele sorriso lindo agora. – sussurrei e sorri abertamente, ela riu baixo dando uma última fungada abrindo um enorme sorriso. – Essa é a minha garota. – depositei um beijo leve em seu rosto e a abracei novamente.
- Obrigada... – ela sussurrou afundando o rosto em meu pescoço. – Por tudo, você é o melhor amigo que alguém poderia querer.
Pigarreei e respirei fundo, mantendo-a em meus braços, mas eles pareciam moles e eu sentia leves pontadas em meu peito.
- Não tem que agradecer minha linda.
- Você é muito fofo. – ela riu e se afastou, deu um beijo estalado em meu pescoço e levantou num pulo. – Com fome? Vou pedir pizza.
- Pode pedir linda, estou faminto. – sorri sem jeito esfregando minhas mãos um pouco suadas em minha calça jeans.
Ela deu um pequeno pulo animada e sumiu do meu campo de visão, chutei levemente uma das caixas no chão, eu podia ouvir o som de sua voz um pouco abafado pela distancia e seus passos na cozinha, respirei fundo novamente e baguncei meus cabelos nervosamente.
- Você é um idiota . – murmurei irritado fechando meus punhos com certa força.
- Vai demorar uma meia hora. – exclamou animada ao meu lado, me fazendo dar um pulo no sofá, senti meu coração bater mais forte do que antes. – O que foi?
- Nada, estava só pensando umas coisas da banda. – sorri sem graça e me ajeitei no sofá. – Você disse algo?
- A pizza vai demorar um pouco! – ela me encarou um pouco séria e desconfiada. –Tudo bem mesmo?
- Sim, só estava distraído, desculpa linda. – dei de ombros sendo acompanhado pela mesma. – E o que vamos fazer enquanto a pizza não chega?
- Humm... – ela revirou os olhos e tamborilou os dedos no queixo. – Que tal um filme?
- Eu topo.
- Vamos ver o que temos de bom para ver. – ela pegou o controle remoto em cima da mesinha de centro começando sua busca pelos canais da TV, encarei as imagens que passavam rapidamente por meus olhos, mal conseguindo distingui-las e pensando como ela conseguia essa proeza. – Que tal Amizade Colorida?
- São aqueles filmes de chorar? – questionei revezando meu olhar entre o início do filme e , que fazia uma careta engraçada.
- Não, basicamente é sobre um casal de amigos que faz sexo esporádico. – ela riu e deu de ombros.
- Parece legal. – fingi uma coceira em meu queixo tentando não transparecer vergonha.
- Seu sacana! – ela me deu um leve tapa no braço e voltou sua atenção para a TV, aumentando o volume um pouco.
- N-não é assim. – gaguejei e senti meu rosto aquecer rapidamente.
- É brincadeira lindo. – ela sorriu e me abraçou deitando a cabeça em meu peito.
Assenti e me aconcheguei melhor no sofá, meus olhos grudados na tela em minha frente, minhas mãos continuavam depositadas na pele macia dela, e meus pensamentos vagando sem rumo pelos últimos acontecimentos e tentando decifrar minhas reações em relação a eles.
- Esses dois se parecem com a gente sabe? – ela murmurou atraindo minha atenção e olhar para si.
- É mesmo?
- Sim, os dois com histórico em relacionamentos que não deram muito certo. – ela riu me contagiando no mesmo instante.
- É, vendo por esse lado. – depositei um beijo leve em sua testa. – Mas a diferença é que eu te amo linda.
- Eu também te amo. – ela sorriu e apertou minhas bochechas.
- Não . – suspirei e puxei seu rosto um pouco mais perto, tocando levemente nossos narizes, minha respiração parecia falha e eu sentia que era minha oportunidade única, aquele momento era meu bilhete premiado e nunca mais teria outro igual. – Eu te amo mesmo! – enfatizei.
- ! – ela arregalou os olhos e se afastou, senti minha garganta fechada, como se tivesse engolido algo que ficou preso ali; ela me lançou um olhar de pena misturado com tristeza e levantou quando ouviu a campainha soar, respirei fundo e afundei no sofá, meu coração havia caído até meu estômago e eu não via maneiras de fazê-lo voltar ao lugar.
Flashback off.
Fui despertado do meu pequeno devaneio por , que parecia bem feliz em lamber todo meu rosto, fiz uma pequena careta e me afastai, acariciando sua cabeça o deixando menos agitado, ele também me fazia lembrar dela, quando ainda mantínhamos o mínimo de contato possível, e ela me entregava os presentes de aniversário pessoalmente e não por um amigo em comum ou correio, revirei meus olhos e procurei o controle remoto, mudando de canal assim que meus dedos tocaram suas teclas.
- Seu dono continua um bobão apaixonado. – murmurei para , mesmo sabendo que não obteria uma resposta, apenas a falsa sensação de que alguém me compreendia já valia muito naquele momento.
-X-
Senti meu celular vibrar no bolso da calça assim que coloquei meus pés na rua, bufei um pouco irritado antes de atender.
- Porra , onde você se meteu? – a voz irritada de atingiu em cheio meus tímpanos, afastei um pouco o aparelho ou ficaria surdo.
- Saindo de casa. – respondi seco e comecei a caminhar pela rua.
- É bom que esteja mesmo. – ele desligou sem ao menos ouvir uma resposta, guardei meu celular e enterrei minhas mãos no bolso do casaco, se eles haviam esperado até àquela hora, não iam morrer de esperar mais alguns minutos; entrei na Starbucks e pedi meu café, passei os olhos ao redor até eles se prenderem em alguém, não qualquer alguém, eu conhecia aquela pessoa, bem até demais, forcei minha cabeça para o outro lado, mas meu próprio corpo conspirava contra mim, arregalei meus olhos assim que fui pego no flagra.
- ! – ela exclamou animada e começou a seguir em minha direção; meu primeiro pensamento? Merda, minha primeira reação? Um enorme sorriso.
- , quanto tempo. – envolvi meus braços nela um pouco surpreso, sinceramente eu não esperava um contato assim com ela depois de tanto tempo.
- Muito tempo mesmo. – ela riu e se afastou depois de intermináveis minutos, pelo menos foi o que pareceram para mim. – Você esta ótimo!
- Você também. – sorri um pouco sem graça, mas revirando os olhos internamente, na verdade eu gostaria de dizer “Linda como sempre”. – Não sabia que tinha voltado de viagem.
- Pois é, resolvi meio do nada sabe. – ela deu de ombros. – Estava cansada dos Estados Unidos.
- Entendo! – coloquei novamente minhas mãos no bolso. – Que bom que está de volta.
- Senti muito sua falta! – ela murmurou e colocou uma mexa do cabelo atrás da orelha, arregalei meus olhos levemente e a vi corar um pouco.
- E-eu também!
- Você esta ocupado? A gente podia sentar pra conversar, colocar o papo em dia. – ela apontou uma mesa vazia.
- Eu estava a caminho do ensaio sabe, já me ligou irritado. – revirei os olhos e encolhi os ombros, ela assentiu um pouco desapontada e envergonhada, pigarreei e rapidamente continuei. – Mas hoje à noite eu estou livre, a gente pode sair pra jantar?
- Perfeito! – seu enorme e contagiante sorriso se abriu novamente. – Vou te passar meu número novo e você me liga quando sair do ensaio. – ela retirou um pequeno bloco da bolsa anotando o número.
- Legal! – observei o número e guardei o papel para não perde-lo. – Bom, eu tenho mesmo que ir agora, ou vou levar mais uma bronca daquele chato.
- Tudo bem. – ela riu e me abraçou novamente. – Manda um beijo pros meninos.
- Pode deixar! – retribui o abraço antes de pegar meu café e caminhar na direção da saída. – A gente se vê mais tarde.
- Até mais! – a ouvi dizer antes da porta se fechar em minhas costas, tomei um longo gole do café e sai quase correndo a caminho do ensaio, mesmo sabendo que levaria um sermão enorme de , nem mesmo ele e seu mau humor abalariam a alegria que meu dia havia se tornado.
Guardei meu baixo na case e comecei a recolher algumas palhetas espalhadas pelo chão.
- Acho que foi um ensaio bem proveitoso! – comentou bebendo um grande gole de água.
- Apesar do atraso do , foi sim. – concordou arrumando sua guitarra no lugar, revirei os olhos e mostrei a língua para ele, enquanto o mesmo estava de costas para mim, arrancando uma gargalhada de .
- Da um desconto, ele tem um encontro hoje.
- Não é um encontro, um jantar de velhos amigos. – dei de ombros ao responder.
- Se eu me lembro bem, você ainda é apaixonado por essa amiga. – me encarou com uma sobrancelha arqueada e um sorriso acusador.
- Idiota! – resmunguei e senti meu rosto arder. – Se já terminamos eu vou indo!
- Vai ficar gatão pra hein. – me deu alguns tapas nas costas, balancei a cabeça negativamente e sai dali, no caminho para casa enviei uma mensagem para avisando que passaria busca-la as oito em ponto; sai do banheiro e enrolei minha toalha de qualquer jeito em minha cintura, olhei rapidamente no relógio e corri para me arrumar, eu ainda tinha que passar num lugar antes de ir até a casa de e corria risco de me atrasar, coloquei mais comida e água para , mais por precaução do que necessidade, peguei minha carteira e chaves do carro e sai de casa, assim que parei no primeiro semáforo saquei meu celular do bolso e digitei o número de .
- Achei que tinha um encontro. – ele atendeu um pouco alegre e dispensando qualquer saudação normal que se faz quando atende o celular.
- Estou no caminho. – murmurei mudando de estação no rádio mais uma vez. – Preciso de uma ajuda!
- Hmm... Que tipo de ajuda?
- Você acha que eu devo levar flores? Quer dizer não é um encontro romântico, mas ela é minha amiga. – soltei de uma vez antes de respirar profundamente e coçar minha nuca nervosamente.
- Bom... – ele pigarreou e fez uma pequena pausa, que me deixou bem mais nervoso. – Pode ser legal você levar algumas flores, um presente simples, mas que significa muito.
- Certo! – assenti mesmo que ele não me visse. – Pera ai! – coloquei o celular em meu colo e manobrei o carro por uma rua até uma floricultura. – Que tipo de flores?
- Ela tem alguma preferência?
- Acho que não. – desci do carro e entrei na loja, olhando em volta para os muitos arranjos de flores.
- Então fica no básico pra não errar, rosas!
- Certo, rosas! – apontei um buquê de rosas cor-de-rosa para o atendente que parecia uma estátua ao meu lado. – Valeu cara.
- Não tem de que, boa sorte!
Guardei o celular em meu bolso e paguei pelo buquê de flores, voltando apressadamente para meu carro, chequei o relógio antes de acelerar pelas ruas até o endereço que havia me passado. Encarei meu reflexo no retrovisor e baguncei um pouco mais meus cabelos, apanhei as flores ao meu lado e desci do carro, bati levemente na porta, movi as flores de uma mão para a outra distraidamente, mal notando quando a porta foi aberta.
- Oi ! – chamou minha atenção, me fazendo dar um passo vacilante para trás de susto.
- Oi . – sorri um pouco acanhado e lhe estendi as flores. – Trouxe pra você!
- São lindas, obrigada. – ela sorriu largamente e sumiu no interior da casa.
Entrelacei minhas mãos em minha costa e vagueei meus olhos por seu interior, podendo ver parcialmente seus móveis pela pouca luz que se propagava da cozinha, onde ela provavelmente estaria.
- Preciso agradecer ao chato do . – suspirei e ri baixo.
- Estou pronta!
- Então vamos. – segurei sua mão e a guiei até o carro, abri a porta para ela e logo tomei meu lugar ao seu lado. – Espero que esteja com fome.
- Muita. – ela riu e ligou o rádio. – A gente podia ver um filme depois, o que acha?
- Claro! – assenti e voltei minha atenção para a rua, eu sabia que ela estava tentando deixar aquele momento menos tenso possível, mas era inevitável não haver pelo menos um pequeno desconforto, afinal não nos falávamos direito há algum tempo, e por mais que algumas coisas permanecessem do mesmo modo dentro de mim, outras haviam mudado bastante. Parei o carro na frente do restaurante alguns minutos depois, entreguei a chave ao manobrista e me coloquei ao lado de .
- Boa noite, bem vindos ao The Real Greek. – um senhor um pouco careca nos recepcionou assim que colocamos os pés dentro do restaurante.
- Boa noite. – respondi com um aceno de cabeça e cocei minha nuca levemente. – Mesa pra dois, por favor!
- Claro senhor, por aqui! – ele indicou o caminho e nos levou até nossa mesa rapidamente, colocou o cardápio em nossas mãos e se retirou silenciosamente.
- Você gosta de comida grega? Eu esqueci completamente de perguntar. – murmurei e senti minhas bochechas ardendo e provavelmente adquirindo um tom avermelhado.
- Eu nunca comi, mas confio em você pra provar! – ela sorriu e abaixou o cardápio.
- Espero que goste então! – sorri sem jeito, passando meus olhos pelo papel em minha frente, mesmo o tendo praticamente decorado em minha cabeça, eu já nem sabia contar quantas vezes eu havia estado ali. – Então me fala como foi morar nos Estados Unidos?
- Foi incrível, Manhattan é um ótimo lugar pra morar! – ela falou animada e colocou o cardápio de lado. - Mesmo com toda essa coisa de fast food, acho que consegui me sair bem e não engordar muito.
- Você continua linda. – exclamei e chamei o garçom fazendo nossos pedidos.
- Obrigada! – ela sussurrou corada. – Mas fora a comida o lugar é lindo! A Times Square é mais linda ao vivo.
- Eu imagino que sim!
- Você precisa estar lá pra conseguir definir como é! – ela suspirou lentamente.
- Parece incrível. – concordei vagamente e bati meus dedos levemente na mesa, admirando seu rosto que continha uma expressão um tanto quanto sonhadora.
- É sim. – ela assentiu e baixou os olhos. – Eu sei que estou agindo como se nada tivesse acontecido, mas eu não sei mesmo o que fazer.
- Nem eu!
Ela suspirou lentamente e começou a observar o ambiente, encarei meu celular por alguns segundos e o guardei novamente no bolso.
- Acho que nada vai ser como antes! – ela resmungou e me encarou séria.
- Não. – concordei e sustentei seu olhar sob o meu. – Mas eu estou disposto a começar de novo se precisar, eu não queria perder minha amiga, mas também nunca quis mentir.
- Eu sei. – ela suspirou. – Quer dizer, agora eu sei disso.
Antes que eu abrisse minha boca o garçom se aproximou com nossos pratos, ela dirigiu sua concentração para a comida em sua frente, dei de ombros e fiz o mesmo, aquela reação era um pedido mudo para que adiássemos aquela conversa mais um pouco. Nenhum de nós tentou falar o restante da refeição, os motivos dela eram desconhecidos, mas eu simplesmente não tinha ideia do que falar, nenhum daqueles assuntos amenos para esse tipo de ocasião pareciam surgir em minha cabeça, por isso os minutos se arrastaram lentamente, me deixando um pouco agoniado e desejando para que saíssemos dali logo.
- Vão querer a sobremesa? – o garçom pigarreou atraindo nossa atenção.
- Hmm... Pode trazer dois pedaços do bolo de mousse de chocolate, por favor!
Ele assentiu e se retirou rapidamente, tomei o último gole de minha bebida e cocei meu queixo um pouco.
- Você vai gostar muito desse bolo, é dos deuses. – sorri respirando fundo e logo fui retribuído, aos poucos eu conseguiria diluir aquela tensão.
- Se tem chocolate deve ser ótimo mesmo!
O garçom retornou com dois grandes pedaços do bolo, que assim como o resto do jantar, comemos em silêncio, pedi a conta enquanto terminava seu pedaço de bolo.
- O que achou?
- Chocolate não vai ser o mesmo depois desse bolo. – ela riu e limpou a boca delicadamente, desviei meus olhos de seus lábios antes que ela notasse. – Muito boa!
- É sim.
Depois de pagar a conta ficamos na porta do restaurante esperando o manobrista buscar meu carro.
- Você ainda quer ver um filme? – questionei depois de checar as horas.
- Acho que não. – ela deu de ombros e apertou suas mãos uma na outra. – Precisamos conversar, lembra?
- Precisamos sim. – concordei e abri a porta do carro que havia parado em nossa frente, liguei o aquecedor assim que entrei no mesmo. – Algum lugar em especial pra gente conversar? – baguncei meus cabelos levemente começando a andar com o carro.
- Pode ser lá em casa, mais tranquilo!
O caminho de volta pareceu um pouco mais longo e silencioso, estava concentrada em seu celular e até esqueceu-se de ligar o rádio, talvez fosse melhor assim, minha cabeça estava cheia demais e o silêncio a fazia menos pesada de algum modo.
- Ruazinha escura essa sua hein. – exclamei assim que estacionei na frente da casa dela, recebendo apenas um riso baixo em resposta.
- Fica a vontade! – ela falou assim que abriu a porta da casa e acendeu a luz do hall. – Vou lá dentro tirar esse sapato que está me matando.
- Sem problemas. – dei de ombros fechando a porta atrás de mim, a vendo sumir pelo corredor, me dirigi a sala e sentei numa das poltronas de couro preto.
Enquanto avaliava a decoração simples do lugar podia ouvir seus passos não muito longe dali, assim que eles se tornaram cada vez mais nítidos meu cérebro pareceu deletar tudo que havia pensado em dizer para ela.
- Eu sei que a gente acabou de jantar, mas quer beber alguma coisa?
- Não! – batuquei meus dedos na perna e olhei novamente ao redor. – Aqui é mais arrumado do que seu antigo apartamento.
- Você não viu a situação lá do fundo. – ela riu e se sentou num sofá próximo a mim. – Bom, posso começar?
Assenti e pigarrei, agradecendo mentalmente por ela tomar a iniciativa, pois eu com certeza não ia conseguir formar nenhuma frase.
- Ok! – suspirou e torceu lentamente a ponta da blusa que vestia. – Me desculpa por ter sido uma péssima amiga ultimamente, e me desculpa por ter feito isso de propósito.
- Wow! – arregalei meus olhos e ri nervoso, me empertigando na poltrona.
- É a verdade. – ela deu de ombros vagamente. – Muita coisa na minha vida aconteceu junta e eu não esperava nem um terço delas, aquela coisa toda com o Ryan, o emprego, você! Eu não conseguia lidar com nada, eu fiquei confusa e saturada de tudo, e achei melhor me afastar pra tentar esquecer um pouco dessas coisas e por minha cabeça no lugar.
- Olha , a culpa não é só sua, eu não devia...
- ! – ela me interrompeu e segurou minha mão firmemente. – Não quero apontar culpados, e só quero que você entenda meus motivos.
- Certo!
- Essa viagem toda foi uma válvula de escape de tudo, talvez se eu continuasse aqui em Londres não ia chegar a lugar algum. – ela respirou profundamente e com a mão livre massageou sua têmpora com lentidão. – Não é fácil descobrir que seu namorado não presta, seu emprego está por um fio de não existir e seu melhor amigo é apaixonado por você.
- Também não é fácil dizer que ama sua melhor amiga e ver ela ir embora. – murmurei um pouco azedo e soltei sua mão da minha.
- Eu sei. – ela engoliu em seco e voltou suas mãos para a blusa amassada.
- Olha, eu fiz a aquilo na hora mais imprópria possível, talvez se eu tivesse esperado isso seria diferente, ou não. – dei de ombros e me levantei, indo me sentar ao seu lado. – Mas agora já foi, não da pra mudar o que aconteceu, mas podemos tentar fazer diferente daqui pra frente, isso se você ainda me quiser como seu amigo.
Ela me abraçou com força e enterrou seu rosto em meu pescoço, envolvi meus braços em suas costas e a puxei para perto.
-Vou aceitar isso como um sim. – sussurrei e beijei lentamente sua bochecha, acariciando seus cabelos levemente.
- Senti falta de te abraçar! – ela murmurou e subiu uma de suas mãos para meus cabelos, os acariciando lentamente.
- Eu também minha linda.
Inclinei meu corpo um pouco mais sobre o sofá e a aconcheguei em meus braços, a tensão havia finalmente se dissipado e o silêncio já não era tão assustador assim.
- Foi bom ter voltado! – ela ergueu a cabeça e me encarou com um sorriso largo e um brilho diferente nos olhos, ia muito além de simples felicidade.
- Foi sim. – concordei e retribui o sorriso. – Você precisa ver como cresceu!
- Eu imagino! – ela se afastou apoiando a cabeça na guarda do sofá. – Preciso passar na sua casa e conferir, especialmente se você cuida bem dele.
- Cuido muito bem, pode apostar! – fingi uma cara de indignação que arrancou boas gargalhadas de .
- Veremos! – ela bocejou cansada e esfregou os olhos lentamente.
- Melhor eu ir embora e te deixar descansar. – murmurei me preparando para levantar.
- Você que deve precisar descansar, ensaiou o dia todo. – ela se levantou e se espreguiçou.
- Preciso mesmo. – repeti seus movimentos e caminhei para o hall de entrada. – O dia hoje foi puxado, nem quero ver amanhã.
- Não abusa hein. – ela me advertiu tentando se manter séria.
- Pode deixar linda. – sorri e a abracei mais uma vez, depositando um beijo longo em sua bochecha. – Se cuida.
- Você também. – ela sussurrou e apertou um pouco mais seus braços ao meu redor. – A gente se vê depois?
- Claro. – assenti e me afastei, já do lado de fora. – Se precisar pode me ligar, qualquer hora.
- Obrigada. – ela encostou-se ao batente da porta. – Você também.
- Boa noite linda. – acenei e caminhei até meu carro, esperei que ela entrasse para que finalmente pudesse seguir meu caminho para casa, respirei profundamente, sentindo um pequeno alívio no peito, as coisas começavam a se ajeitar entre nós mais uma vez. Cai na cama assim que me livrei das roupas do jantar, meu corpo todo pedia por uma boa noite de sono e descanso; senti lamber minha bochecha e soltar um latido baixo, pisquei algumas vezes tentando me acostumar com a escuridão do quarto, afastei um pouco as cobertas e ouvi mais nitidamente outro som além do latido do meu cachorro, meu celular tocava incessantemente no bolso da calça jogada no chão do quarto, tropecei em sua direção e atendi antes que a pessoa do outro lado desistisse.
- Alô! – minha voz saiu rouca e estranha.
- . – reconheci o tom apreensivo de do outro lado da linha. – Te acordei! Desculpa.
- Tudo bem linda. – murmurei e pigarreie, passando a mão livre por meu rosto, tentando espantar o sono. – Algum problema?
- Mais ou menos, tem como você vir pra cá?
- Claro. – levantei da cama num pulo caminhando até o banheiro. – Chego ai rapidinho ok?
- Ok, eu te espero. – ela respondeu e desligou em seguida; joguei um pouco de água em meu rosto e escovei meus dentes, vesti minha roupa e sai em disparada de casa, liguei o som relativamente alto dentro do carro, embora meu sono tivesse se dissipado com a água gelada, o barulho me manteria alerta, saltei do carro assim que desliguei o motor, a porta se abriu antes mesmo que eu pudesse bater. – Hey!
- Demorei? – entrei em sua casa enquanto ela fechava a porta. – Você esta parecendo um zumbi. – sorri sem jeito.
- Bobo! – ela revirou os olhos e caminhou até a cozinha, sendo prontamente seguida por mim.
- E então?
- Café? – ela apontou uma garrafa em cima da mesa, neguei e continuei encostado na porta. – Desculpa te ligar essa hora, eu não consegui dormir.
- Tudo bem, amigos são pra essas coisas. – me aproximei e a abracei. – Esta tudo bem?
- Não. – ela murmurou chorosa, segurando firme me minha blusa. – Nada bem.
- Me conta o que houve.
- Eu nem sei como começar a falar sobre isso. – ela fungou e limpou o canto dos olhos na manga da blusa. – Eu não devia ter te ligado, é óbvio que faz muito tempo, e tudo mudou e não vai adiantar nada eu falar o que eu preciso. – ela murmurou e se afastou, fechando as mãos em punho.
- Linda, você esta me deixando preocupado. – suspirei e me aproximei dela devagar.
- , eu amo você. – ela falou apressadamente e respirou fundo algumas vezes mantendo seu olhar em mim. – Clichê? Talvez sim, mas essa é a verdade, eu amo você, e apesar de ter levado um tempo pra perceber... – ela corou e abaixou os olhos para os pés. – Eu finalmente me dei conta disso, você é todo fofo e perfeito, o tipo de namorado que muita gente mataria pra ter, e tem sido meu companheiro por muito tempo, mas eu sempre estava ocupada entre um mau relacionamento e outro que nem me dei conta disso, enquanto você sempre esteve ali, no meio do furacão, me ajudando com os pedaços do meu coração com cada término, eu sei que devia ter notado antes, mas deve ser uma daquelas coisas que a vida nos mostra no momento certo não é? – ela sorriu um pouco sem jeito e pude perceber sua bochecha brilhar com algumas lágrimas silenciosas que escorriam por ali.
Pisquei algumas vezes repassando mentalmente tudo que ela havia me dito, meu coração parecia prestes a sair por minha boca tamanha a velocidade que parecia bater.
- Eu sei que você pode não...
Puxei pela cintura e rapidamente uni nossos lábios fazendo sua frase morrer ali, segurei em sua nuca, acariciando levemente seus cabelos enquanto minha outra mão apertava sua cintura a aproximando mais de meu corpo, todo o contato ainda parecia pouco para mim, quando ela segurou forte em meus ombros me puxando cada vez mais, entendi que para ela era do mesmo modo, passei minha língua levemente por seus lábios e mordi o inferior pedindo permissão para aprofundar o beijo, que logo foi concedida, o toque de nossas línguas foi suave e lento, nossos lábios moviam em perfeita sincronia, aumentando gradativamente sua avidez, procurando saborear o gosto que aquele beijo continha, paixão e tempo recuperado.
- Eu ainda te amo. – sussurrei afastando minimamente nossos lábios. – Muito!
- Eu fiquei com medo, você disse que a gente podia ser amigo, e achei que você não sentia mais nada por mim... – ela falava rapidamente com a voz levemente embargada atropelando algumas palavras.
- Eu não queria fazer a coisa errada pela segunda vez, só isso. – sussurrei e segurei seu rosto com firmeza a fazendo me encarar, lhe dei alguns selinhos enquanto passava meu polegar por sua bochecha.
- Você nunca fez. – ela sorriu e me abraçou forte, me beijando lentamente, passei minhas mãos por baixo de sua blusa, acariciando levemente sua pele que pareceu um pouco arrepiada ao meu toque, me senti puxado em alguma direção desconhecida, mantinha minhas carícias, meus olhos fechados e concentrado em beijá-la, não ligando para o lugar que íamos, apenas me importando de estar com ela, independente de onde, tropecei em meus próprios pés algumas vezes, até chegarmos ao lugar desejado, mais precisamente a porta de seu quarto, que só reconheci por breves minutos que me soltou, apenas para abrir a porta e me puxar para dentro, me dando mais um beijo lento e apaixonado.
Acordei ouvindo um leve suspirar ao meu lado, que definitivamente não era , girei meu corpo e a encarei, num sono sereno ao meu lado, afastei delicadamente alguns fios revoltos de seu cabelo que caiam em seu rosto e depositei um beijo leve em seus lábios, ela suspirou mais profundamente e virou de costas para mim, me espreguicei e sai da cama, vestindo rapidamente minha roupa e saindo do quarto fazendo o mínimo de barulho possível, fui até a cozinha e comecei a olhar os armários e a geladeira, recolhendo tudo que achava útil para o café da manhã, coloquei a água do chá para ferver, enquanto arrumava o suco, coloquei duas fatias de pão na torradeira e comecei a cortar algumas frutas dentro de um pote, coloquei tudo numa bandeja e me sentei na cadeira, enquanto esperava a água ferver peguei meu celular digitando o número de .
- Bom dia garanhão, não esta na sua casa, como foi a noite? – ele atendeu animado.
- Bom dia. – murmurei olhando para a porta da cozinha atento a qualquer barulho que indicasse que havia acordado. – Eu te conto tudo em detalhes, mas agora eu preciso da sua ajuda.
- Ajuda?
- É! – revirei os olhos, num segundo ele parecia animado no outro parecia estar dormindo. – Me passa o telefone daquela sua amiga que tem floricultura.
- Que amiga? – ele resmungou e pude ouvir alguns barulhos e ele rindo de algo que um de seus cachorros tinha feito.
- Caramba , aquela que tem floricultura que você levou a gente uma vez!
- Ah! – ele exclamou voltando a animação habitual. – A Chloe?
- Essa mesma.
- Pera ai! – ouvi alguns barulhos irritantes, ele provavelmente procurava o número na lista de contatos. – Tem caneta?
Levantei num pulo e sai da cozinha e caminhei até a sala, peguei uma caneta perto do telefone e um pedaço de papel qualquer.
- Fala! – resmunguei e comecei a anotar os números que ele falava lentamente. – Valeu cara, depois a gente se fala! – desliguei e peguei o papel, voltando para a cozinha e desligando o fogão, digitei apressadamente o número, apoiando o celular entre minha orelha e o ombro, terminando de arrumar a bandeja, para minha sorte eles já estavam abertos e rapidamente Chloe se lembrou de mim, anotou meu pedido, uma combinação de flores e chocolates, dizendo que em meia hora eles estariam lá, tudo parecia ok, peguei a bandeja e caminhei até o quarto, não ouvindo nenhum barulho vindo de seu interior, abri a porta com um pouco de dificuldade e caminhei com lentidão até a cama, depositei a bandeja nos pés da mesma e retomei o lugar em que dormia.
- Bom dia minha linda! – sussurrei e beijei repetidamente o pescoço de . – Hora de acordar.
Ela resmungou um pouco e se virou lentamente em minha direção, piscando os olhos algumas vezes até me encarar fixamente e abrir um enorme sorriso.
- Bom dia!
- Dormiu bem? – passei meu nariz suavemente por sua bochecha e lhe dei um selinho.
- Muito, e você? – ela se espreguiçou e começou a acariciar meus cabelos.
- Melhor impossível. – sorri e retribui o carinho.
- Isso é bom. – ela esfregou os olhos e me deu um selinho.
- Tenho uma surpresa pra você. – estiquei meu braço até alcançar a bandeja e puxá-la para perto.
- Hmm... Café na cama, que delícia. – seu sorriso pareceu mais largo e seus olhos brilharam. – Adorei.
- Pensei que ia. – a puxei para sentar mais perto, acomodando nosso café em minha perna; apreciamos nosso café da manhã entre carinhos e brincadeiras, me pegava admirando cada gesto que ela fazia como se não tivesse me dado conta que aquilo era real, e cada vez que ela retribuía meu olhar eu sentia a veracidade de tudo.
- Acho que estou satisfeita. – ela riu e empurrou a bandeja para longe.
- Eu também. – sorri e beijei o topo de sua cabeça, me levantei e peguei os restos de nosso café da manhã. – Volto já!
Ela assentiu e voltou a deitar na cama, deixei as coisas na cozinha bem a tempo de ouvir a campainha, me apressei até a porta antes que ela viesse ver do que se tratava, entreguei o dinheiro ao entregador e peguei as flores e a caixa de bombons, fechei a porta e caminhei até o quarto novamente, escondendo ambos os presentes em minhas costas.
- Quem era na porta? – ela estava prestes a sair da cama, dei de ombros e continuei me aproximando. – O que você esta escondendo ai atrás?
- Sabe... – me ajoelhei ao seu lado. – Essa noite foi simplesmente maravilhosa, desde que eu descobri que estava perdidamente apaixonado por você eu imaginava como seria se um dia você me retribuísse, e esse dia finalmente chegou, e não foi nem de perto um terço do que eu imaginei. – suspirei lentamente. – Foi infinitamente melhor, e eu não tenho nenhuma dúvida que é exatamente assim que eu quero passar os próximos, dias, meses e anos da minha vida, ao seu lado e só ao seu! , você aceita ser minha pra sempre? – coloquei as flores e os bombons em seu colo e segurei firmemente suas mãos entre as minhas.
- Claro meu amor, sempre! – ela sorriu abertamente e me abraçou com força, meu coração poderia explodir a qualquer minuto de alegria, e eu sentia o dela do mesmo modo.
Epílogo
Estacionei meu carro em frente de casa, algumas luzes estavam acesas, olhei o relógio constatando que estava adiantado, teria uma surpresa, peguei a sacola azul claro ao meu lado e sai do carro, peguei minhas malas e caminhei apressadamente até a entrada, abri a porta com cuidado, veio em minha direção animado, fiz carinho em sua cabeça antes que ele começasse a latir, deixei as malas num canto e fechei a porta com cuidado, andando pelo corredor, começando ouvir alguns barulhos vindos da cozinha, o lugar estava decorado com a luz fraca de algumas velas, a mesa posta para dois e mexia em algumas panelas no fogão, depositei a pequena sacola em minha cadeira, onde ela não poderia vê-la e me aproximei lentamente e a abracei pela cintura.
- Cheguei meu amor! – sussurrei e beijei seu pescoço lentamente.
- Meu amor. – ela exclamou animada virando a cabeça em minha direção. – Chegou cedo, o jantar nem ficou pronto ainda.
- Não tenho pressa. – sorri e a beijei lentamente. – O cheiro está ótimo!
- Espero que o gosto também. – ela riu e se virou, passando seus braços por meu pescoço. – Senti saudades, como foi sua turnê?
- Foi ótima! Mas senti muita sua falta sabe. – a puxei para longe do fogão aprofundando nosso beijo. – Mas agora que ela acabou, vou passar cada minuto com você.
- Já estão de folga?
- Finalmente. – sorri e lhe dei um selinho. – Trabalho só daqui um mês.
- Que bom amor, você estão precisando mesmo de um bom descanso. – ela se afastou e voltou para o fogão.
- Precisamos sim. – concordei e fui até a mesa, peguei uma caixinha de dentro da sacola e voltei para perto de , me ajoelhando ao seu lado.
- Amor, o que foi? – ela me encarou apreensiva.
- Você lembra que há exatos onze meses eu te pedi pra ser minha pra sempre? – murmurei e a vi concordar com a cabeça. – E eu não me arrependo em nenhum momento disso, pelo contrário, quero que seja mais oficial que antes. – abri a caixa, erguendo-a em sua direção, seus olhos brilharam tanto quanto o anel que havia ali dentro, ela fungou tentando conter as lágrimas que estavam prestes a escorrer por suas bochechas levemente rosadas. – Casa comigo?
- Claro que sim meu amor! – ela riu e limpou o rosto delicadamente, me levantei e coloquei o anel em seu dedo e a abracei forte, beijando repetidamente seu pescoço e bochechas. – Tenho que te falar uma coisa agora. – ela me afastou um pouco unindo nossas testas.
- Fala meu amor!
- Você vai ser papai. – ela sorriu e me deu um selinho.
Arregalei os olhos e abri a boca repetidas vezes, processando o que havia acabado de escutar.
- É sério meu amor? – questionei e a vi assentir rapidamente com um largo sorriso nos lábios. – AMOR! – gritei e a abracei com força, levantando seu corpo do chão e girando-a no ar algumas vezes. – Isso é incrível, não acredito, vamos ter um filho!
- Vamos, eu descobri há alguns dias, mal via a hora de te contar. – ela me beijou lenta e profundamente, acaricie sua barriga lentamente enquanto a abraçava com meu braço livre. – Eu te amo muito! – ela sussurrou e deitou a cabeça em meu peito.
- Também te amo muito meu amor. – acariciei seus cabelos e beijei delicadamente o topo de sua cabeça. Em meu coração eu sabia que muitos dias incrivelmente felizes estavam por vir em nossas vidas.
Fim.
Adorei ter participado desse amigo secreto e espero continuar participando de muitos outros. Essa história realmente foi feita de coração, com muita paciência e determinação, um desafio do qual gostei, afinal não estou habituada a esse favorito, mas posso dizer que o resultado foi muito bom e apreciei muito sua produção,é muito gratificante poder compartilhar todo esse sentimento com todos que forem ler essa fanfic. E não esqueçam de comentar,quero saber o que acharam dela.
Xoxo da Mandy.

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