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#023 Temporada

Back to Friends
Lauren Spencer-Smith



Back To Friends

Escrito por Julia Nakamoto

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   estava sentado sozinho naquele pub fazia algum tempo. Era inevitável que as lembranças de um passado muito distante – mas ainda marcante – viessem à tona, ainda mais sem uma companhia para distraí-lo com uma boa conversa. Havia sido ali que tudo tinha começado… Ou talvez terminado, ele ainda ficava confuso com isso.
  A apresentação daquela noite tinha feito uma pausa para se hidratar e descansar um pouco antes de prosseguir. A moça era bastante famosa mundo afora, mas sempre voltava àquele pub em sua cidade natal na qual havia feito tantas lembranças.
  Quando ela voltou ao pequeno palco improvisado, apenas sentou-se na banqueta no meio do lugar e começou a dedilhar em seu violão surrado, o mesmo que ela sempre usava quando estava de volta àquela pequena cidade.

Guess you were right to hide the way you feel
We'd keep pretending like it wasn't real
Said you need space and now I finally understand
Why you refused to take my hand

  Aquela canção deu um nó na garganta de quando as lembranças o tomaram novamente…
  Há quinze anos ele havia se declarado para a melhor amiga. Ele havia dito que o que sentia por ela era mais do que amizade, e por algum tempo antes daquela declaração, ele pensou que ela também se sentia da mesma forma… Mas depois da conversa que haviam tido, ele se perguntava se tinha interpretado as coisas mal. O silêncio que havia se instalado  entre o casal de amigos já dizia tudo. E depois daquilo, tudo o que era normal entre eles pareceu ficar estranho. Eles não se olhavam mais nos olhos, não conversavam mais tanto quanto antes, e segurar as mãos ou andar com os braços entrelaçados? Nunca mais.

Lookin' back, I see I should've held my tongue
But I was immature and young

  Há quinze anos, ele estava sentado naquele mesmo pub, com seus dezoito anos e o coração partido. Ela havia se esquivado daquela conversa por tempo demais. Ele precisava saber.
  — … — murmurou tentando alcançar a mão da amiga sobre a mesa, mas a moça se afastou com sutileza.
  — , preciso de um tempo… — a moça murmurou desviando o olhar, e a conhecia bem o bastante para saber que aquele "tempo" duraria para sempre.
  Ele sentiu como se o coração afundasse no peito e uma mão invisível o estivesse esmagando.
  — Eu deveria ter ficado quieto. — Disse baixo, mais para si mesmo.
  O silêncio da garota fez aquela constatação doer ainda mais nele. Mas o que ele esperava? Que ela tentasse, de alguma forma, amenizar sua dor? Que discordasse dele e dissesse que eles dariam um jeito? Ele soltou um riso sem humor. Ele era um tolo por pensar daquela forma.

I miss the uncertainty
And all the nights of losin' sleep
Just two kids and make-believe
Can we go back to how it used to be?

   se lembrou dos dias depois daquilo. Como ele sentiu falta dos tempos em que ele e riam noite adentro compartilhando sonhos, por vezes, inseguros sobre o futuro da vida adulta. Mas juntos. O sentimento de já estava ali, a incerteza do que poderiam ser trazia um frio na barriga… mas eles estavam juntos. Ele se lembrava de ter desejado poder voltar no tempo e calar a própria boca antes do estrago ser feito… mas era impossível e já não estava mais junto dele.

'Cause I'd die a thousand times
Not to have you on my mind
And I wish we never met
Or I hated you instead
'Cause I think we messed this up
Fallin' in and out of love
Wish I could pick a different end
Can we go back to bein' friends?

  Os tempos longe dela foram terríveis para e, com o tempo, a tristeza foi dando lugar à raiva. Ele sentia raiva de si mesmo por ter estragado aquela amizade. E sentia raiva porque queria poder tirar a garota de sua cabeça, desejava talvez nunca tê-la conhecido… Ele queria poder odiá-la e acabava se odiando por desejar aquilo. Eles não podiam simplesmente voltar a ser amigos?

Guess I'm the right person at the wrong time
I'm the type of crazy to ignore the signs
And now I see you got some shit to figure out
And that's the reason you can't love me now

  Mesmo depois de tantos anos, aquela canção ainda trazia sentimentos e sensações nela. As lembranças às vezes ainda lhe davam um nó na garganta. Quando se lembrava de naquele mesmo pub anos atrás, esperando que ela pudesse corresponder seus sentimentos… Aquela lembrança esmagava seu peito, embora agora não mais com tanta intensidade.
  Ela se lembrava de ter se afastado de todas as formas possíveis, ela amava como seu melhor amigo. Ele a entendia melhor do que qualquer um, sabia de seus mais profundos medos e desejos… Mas ela não estava pronta para qualquer coisa além daquela linda amizade.
  Ela pensou, naquela época, que se afastar de era a coisa mais sensata a se fazer. Ele esperava por algo que ela não poderia dar e ela só queria que aquele boboca não tivesse dito nada sobre seus sentimentos… Ao menos não naquele instante.

Ooh, can we go back to bein' friends?
Ooh, can we go back to bein' friends?

  Quando a canção terminou houveram aplausos e gritinhos animados da plateia. se levantou do banquinho agradecendo e esperando que sua banda voltasse ao palco improvisado. Seus olhos automaticamente procuraram por na multidão. O homem tinha um leve sorriso nos lábios e um olhar nostálgico. Ela se pegou sorrindo também.

  Após mais algumas canções, o pequeno show foi finalizado com muita alegria, como sempre costumava ser quando ela se apresentava em sua cidade natal. caminhou em direção ao bar e se largou em um banquinho, estava pronta para pedir uma bebida quando um copo com seu drink favorito foi colocado à sua frente.
  — Perfeita, como sempre. — O homem que havia colocado a bebida na frente dela sorriu.
   gargalhou e abraçou , ficando pendurada no pescoço do rapaz por alguns instantes, apenas aproveitando a sensação dos braços de seu porto seguro ao seu redor.
  — Aquela música nunca perde a emoção — a mulher soltou um risinho acompanhada do amigo.
   e haviam ficado por um bom tempo afastados um do outro depois daquele dia, mas então, ambos perceberam que faziam e sentiam falta um do outro nas suas vidas. Foi difícil passar por cima do orgulho e do coração ferido, mas os dois conseguiram finalmente se entender… Por algum tempo, apenas tentaram voltar a ser amigos. Funcionou… Mas, à medida que os dias e semanas passavam, perceber que os dois poderiam ser algo mais foi inevitável.
  Para a ideia de um relacionamento a aterrorizava. Ela não tinha boas experiências com aquele tópico. A mãe vivia sofrendo pelas traições do pai, a irmã sempre tinha algo a reclamar de seus companheiros… E ela… Ela tinha medo de que qualquer dessas coisas ruins acontecessem em sua vida também. Mas era ali. O que a conhecia melhor do que ela mesma. O que se preocupava com ela mais do que consigo mesmo. O que sempre esteve ali.
  Aos poucos, aquela amizade foi se transformando no algo mais, por vezes temido, que os dois precisavam. Por sorte, era a pessoa certa e embora a primeira vez tenha sido no momento errado, todas as outras vezes não poderiam ter sido mais certas.