A Única Esperança

Escrito por Helen Katheryne | Revisado por Asioleh

Tamanho da fonte: |


Capítulo 01

   se joga na janela para ver o caminhão de mudanças que encostava na casa ao lado. No caminhão não tinha muitas coisas, algumas caixas e alguns móveis. segue seu destino ao encontro do seu namorado que lhe aguardava na Starbucks.
  A mesma chegou no estabelecimento e viu de costas olhando para o nada em meio aos seus devaneios. se aproximou devagar e assoprou a nuca do garoto o fazendo dar um pulo e virar para trás.
  - Oh! ...Oi! – fala meio desorientado.
  Os dois se cumprimentam com um selinho e a garota volta a sorrir.
  - Te assustei? – ela pergunta.
  - Um pouco... – ele fala sorrindo.
   pega a mão da garota e a guia até a mesa alta de madeira que já os esperavam com rosquinhas cobertas com muito doce e granulado colorido e cafés com creme e granulado.
  - Você está querendo me engordar? – pergunta, rindo.
  - Será?! – fala e cai na risada.
   finge ficar de boquiaberta e a beija.
  A Starbucks que eles estavam não era a mais popular de Londres, ela era simples e clara. Em alguns cantos tinham aquários e em outros tubos fazendo bolhas d’água. Em volta todos sorriam, desde os funcionários até os clientes.
  - O que foi? – pergunta a analisando.
  - Nada! – fala balançando a cabeça na negativa e sorrindo logo em seguida.
   e comeram em silêncio, eles mal se olhavam. O garoto sai da mesa sem dizer uma palavra e vai em direção ao balcão, apenas o acompanha com os olhos. O garoto volta com dois potes de fondue de morango com chocolate em dobro pequeno e os coloca na mesa sorrindo.
  - Você... Você realmente quer me ver gorda. Eu vou sair daqui rolando. – fala encarando o pote que a chamava.
   ria descontroladamente como se fosse a coisa mais engraçada do mundo.
  - , vamos andando? Estou cheia, mas eu quero realmente tomar o sorvete – fala se levantando.
  - Certo! – fala a acompanhando.
  Eles vão andando um ao lado do outro de braços dados enquanto comiam. não pensava em nada além de que aquele fondue estava muito bom. Já , não conseguia calar seus pensamentos, ele queria contar a verdade para sua namorada, mas primeiro queria saber a resposta que aquele envelope, na casa de sua mãe, dizia.
  Apesar do caminho ter sido longo, eles não trocaram uma sequer palavra. a pega pela cintura e a coloca no degrau da escada de entrada a deixando um pouco maior que ele. coloca seus braços em volta da nuca de e ele envolve seus braços na cintura dela a aproximando mais dele. Seus corpos estavam quentes.
  - Princesa entregue em seu palácio! – fala a olhando.
  - Hum...E cadê o cavalo branco do meu Príncipe? – fala entrando na brincadeira.
  - Bem, acho que ele fugiu ao ver que você é mais bonita que ele.
   ri e coloca sua cabeça no ombro do garoto, pois estava corada. levanta o rosto da garota e sela seus lábios no dela com um beijo quente e calmo. passa seus dedos pelo cabelo liso e macio do garoto o fazendo apertar sua cintura durante o beijo. O garoto os afasta.
  - Entre! Amanhã é dia de escola! – fala depois que se afastam.
   faz bico e olha para baixo fazendo rir.
  - É sério Princesa, já está tarde, você precisa entrar.
  - Então fica hoje aqui comigo? – pede toda meiga.
  - Você sabe que dias de semana eu não fico, pois você falta na escola.
  - Como é chato vida de estudante – fala indo em direção a porta batendo os pés.
   ri da namorada.
  - Sem malcriação, meu amor. Eu te amo! – fala.
  - Eu também te amo! – fala abrindo a porta de casa.
  Os dois acenam um para o outro se despedindo. segue para sua casa a pé, já que deixou seu carro. , assim que fechou a porta, subiu as escadas e seguiu para seu quarto. Se jogou na cama, tirou o óculos e colocou-o no criado-mudo e, sem demorar muito, a garota cai na inconsciência.

***

  As aulas de finalmente terminaram, foi seu último ano na escola, agora ela estava atrás de um emprego.
  - Ai! – fala assim que seu corpo se encontra com o chão cheio de neve.
  - Me desculpe! Te machuquei? – O garoto fala estendendo a mão para ajuda-la a se levantar.
  - Não! – fala após se levantar e limpar seu sobretudo.
  - ! – o garoto fala esticando a mão para ela - Estou morando nessa casa.
   se recorda do caminhão encostando na calçada e dos móveis e caixas sendo carregados para dentro da casa, mas ela nunca via quem morara ali.
  - ! – ela estica sua mão para cumprimentar o garoto – Prazer em conhecê-lo! Eu moro nessa casa, em frente a sua! – aponta para sua casa que se encontrava do seu lado esquerdo.
  O garoto sorriu encantadoramente e , como de costume, analisou-o por completo. Seu cabelo era castanho escuro, um pouco raspado dos lados e em cima bastante cabelo, bem aparado e sedoso. Seus olhos brilhavam com a claridade do dia nublado, seu nariz era perfeitinho e seus dentes bem alinhados. Sua boca estava rosada e seu corpo estava coberto por roupas agasalhadas e bem escolhidas.
  Duas piscadas e a garota volta para si percebendo que entre eles estava um silêncio desagradável.
  - Bem, eu vou entrar! – fala quebrando o silêncio.
  - Certo! – o garoto sorri – Nos vemos por aí, vizinha! – fala sorrindo e segue para casa.
  - Nos vemos! – fala baixo e segue para sua casa.
  A garota entra em casa, tranca a porta e coloca sua bolsa no sofá, coloca seus sapatos ao lado da porta, ficando de meia, e vai à cozinha. Ela abre a geladeira e analisa o que ela tem: um galão de leite, um tomate e um pote de manteiga de amendoim.
  - O que é isso? – se pergunta em voz alta e espantada – Nem almoço da pra fazer.
  A garota pega o galão de leite e vai até o armário que fica na parede em cima da pia, pega um copo e toma o leite enganando sua fome que estava grande. coloca o copo na pia e o galão de volta na geladeira, vai para a sala e começa a recolher suas coisas que estavam espalhadas.
  - Hora da faxina! – fala cantarolando.
  A garota coloca suas músicas altas e começa a faxinar sua casa que não era pequena. Fora as roupas que ainda tinha que estender e as outras que tinha que lavar. , por fim, entrou de cabeça e alma no banho depois de arrumar tudo. Ela estava suja, suada e cansada. O banho até que estava bom, mas tinha que sair para se arrumar, pois ia para a casa de jantar com sua sogra.
  A garota vasculhou seu guarda-roupa todo e a única coisa que ela encontrou para vestir naquela noite foi uma calça jeans escura, sua blusa branca com listras azuis só na frente, e uma sapatinha preta simples. Sua maquiagem estava discreta: pó, rímel e lápis apenas na parte de baixo dos olhos e, para finalizar, um gloss nude. Seu cabelo estava preso num coque e sua franja solta dando um ar de “garota mais velha”, junto com seu novo óculos de armação preta que ela buscara naquela manhã.
  A garota desce com uma bolsa de lado marrom clara para colocar apenas o essencial: celular e as chaves. Assim que abre a porta vê encostando o carro. Ela corre pulando os degraus da entrada chegando rapidamente até o garoto.
  - Você está linda! – fala deixando a garota corada e sorrindo.
  Ela da um selinho em no garoto o cumprimentando.
  - Obrigada! Você também está lindo! – ela retribui.
   sorri e da partida no carro.

Capítulo 02

  ... O garoto mais simples, fofo e romântico que já conheceu. Os dois se conheceram na época que ainda estudava na mesma escola que ela. Era o primeiro ano da menina em Londres. não falava com ninguém e mal olhava para as pessoas daquele lugar. O medo dominava seu corpo todos os dias quando pisava naquela escola. Sozinha! Seus pais haviam falecido um ano antes dela viajar e seu irmão mais velho era dependente químico. Foi por causa de seu irmão que ela resolveu sair do Brasil e ir para Londres, porém, às vezes se sentia sozinha, pois não tinha ninguém para conversar, dividir seus problemas para receber conselho.
  Num dia normal de aula, entrou na escola e estava tudo calmo, a garota chegou a pensar que não tinha aula e ninguém avisou. Ela seguiu para o auditório e quando abriu a porta tinham várias faixas escritas “Órfã” com fotos dela rabiscadas de caneta. Uma cidade que ela era tão apaixonada e sempre ouviu dizer que os Ingleses eram os melhores foi destruída naquele momento. Os alunos saíram de trás das cortinas rindo e fazendo uma roda em volta dela. abraçou seu fichário e começou a chorar sem saber o que fazer, falar ou pra onde ir.
  Os risos ficavam mais altos, assim como algumas chacotas que eles gritavam para ela. só tinha 15 anos quando isso aconteceu.
  - Parem! – uma voz masculina, linda e suave falou fazendo todos pararem na hora.
  O dono daquela voz foi até e tirou o óculos da garota que estava totalmente sujo pelas suas lágrimas. Ela abriu os olhos revelando o lindo verde que adquiria.
  - Você está bem? – ele perguntou.
  - Cala boca, coração mole! Para de dar trela para a órfã! – um menino falou fazendo apertar mais o fichário contra o peito com mais vontade de chorar.
  - Já chega, ! – o menino da voz bonita disse. – Você passou dos limites, será que não vê isso?! Ser órfã, , não tira o caráter de ninguém.
  O garoto “”, ficou sem graça, o sorriso debochado saiu de seu rosto, ele não tinha mais o que falar.
  - Vamos! – o menino da voz bonita falou. – Todos circulando!
  A ordem dele foi obedecida. Todos saíram do auditório e só eles permaneceram ali. O soluço do choro da garota foi se acalmando, o menino tirou um lenço branco de seu bolso e passou no rosto dela secando suas lágrimas. sentiu medo e gratidão ao mesmo tempo, era a primeira vez que a menina tinha contato com alguém da escola, tirando os professores.
   sorriu timidamente, sem mostrar os dentes e o menino abriu um sorriso encantador ao ver que finalmente ela teve alguma reação. fez o que era de costume, o analisou: Seu cabelo era loiro tingido, pois sua raiz de cor castanho médio já estava voltando a aparecer e dando o charme, sua pele era branca como a neve, sua bochecha estava rosada. Seus olhos eram azuis como o céu, sua boca era delicada e seus dentes carregavam um aparelho transparente que destacava mais seu sorriso fazendo ficar perfeito. Ele estava usando uma blusa regata, uma calça jeans saruel e tênis de cano alto branco.
  O coração de disparou, ela sentiu o sangue rolar pelo seu corpo e ela ficou quente, seus olhos ficaram mais claros deixando sua visão mais nítida. Ela conseguia ver até a formiga que andava na parede do outro lado da sala.
  - Obrigada! – , por fim, fala.
  - Não tem o que agradecer! Eu é que peço desculpas pelo que o fez – o garoto fala.

***

  Depois desse dia eles nunca mais se falaram, apenas trocaram olhares e sorrisos discretos pela escola, que não era sempre, pois o menino da voz bonita sempre estava rodeado de pessoas populares e os outros alunos daquela escola não falavam com e até o seu ultimo dia de aula ela não sabia o porquê.
  A garota foi convidada para o baile de formatura do pessoal do terceiro ano. Ela ficou o tempo todo sentada numa mesa sozinha olhando o garoto que a defendeu, naquele dia, dançando e sorrindo com uma menina de cabelo liso comprido e preto.
  “Ela é linda! Deve ser a namorada dele! É melhor eu parar de olhá-los antes que ela perceba.” – pensou e se levantou da mesa desanimada.
  A garota estava gostando daquele que a defendeu no meio de todos os alunos que tinham naquela escola. O único que não se importava dela ter pais ou não, mas que também não sabia o nome dele e muito menos ele sabia o dela. Triste, ela foi até a escada que ficava ao lado da entrada onde tinha um pequeno murinho para ninguém passar, mas queria ficar sozinha.
  Ela fechou os olhos e ficou escutando as músicas que vinham do salão, abraçada com seus joelhos. Ela realmente não sabia o que estava fazendo naquele lugar.
  - Atrapalho? – aquela voz fez com que ela levantasse a cabeça rapidamente.
  Era ele, o garoto da voz bonita e que ela estava gostando.
  - Não! – fala sorrindo bobamente para o menino.
  Ele pulou o murinho, assim como , para juntar-se a garota na escada. Ele dobrou as pernas, assim como ela, e ficou de frente pra mesma.
  - Sabe... – ele iniciou. - Eu queria saber seu nome.
  - ! – ela despejou de uma vez. – E o seu?
  - Seu nome é muito bonito! – ele engole em seco. – Meu nome é !
  - ! – repete num sussurro.
  Ele a analisa cuidadosamente.
  - , eu sei que a gente não se fala e você pode estar pensando mil e uma coisas ao meu respeito, mas desde aquele dia eu fiquei curioso em saber o motivo que você veio pra cá... Sabe? Veio aqui, pra Londres!
  - É uma história meia complicada, você realmente quer saber? – ela falou o encarando com cuidado.
   balançou a cabeça positivamente. encarou seus pés e começou a falar.
  - Meu irmão é dependente químico e por estar envolvido com essas coisas devia muito, ele chegou a bater nos meus pais para conseguir dinheiro e eu sempre assisti isso sem poder fazer nada. Quando meu irmão chegava em casa, depois de muitos dias na rua, meu pai pedia para eu não sair do quarto, pois ele era capaz de fazer qualquer coisa por dinheiro naquela condição que ele se encontrava. Na noite em que meus pais faziam vinte e cinco anos de casados, eles foram jantar para comemorar, na volta foram abordados por dois carros pretos com vidros escuros. Os caras que estavam nos carros abaixaram os vidros e atiraram neles... – fez uma pausa.
  - Meu Deus! – falou assustado. – Seus pais foram assassinados!
  - Sim! – fala o encarando novamente. – Foram assassinados pelos caras que meu irmão estava devendo por causa de drogas! Já estava com passagem comprada para vir estudar aqui e foi ele que me encorajou mais, pois ele disse que não queria que eu ficasse lá para ver ele morrer e ele não queria fazer nenhum mal pra mim.
  - Quantos anos seu irmão tem? – pergunta.
  - Vinte e quatro! – fala.
  - Você mora com alguma tia ou prima sua aqui? – pergunta inocente.
  - Meus pais compraram uma casa pra mim aqui quando consegui a vaga aqui na escola! Eu moro sozinha, ! – fala cabisbaixa.
   arregala os olhos.
  - Menina, você mora sozinha com 15 anos? – ele fala assustado.
   apenas assentiu com a cabeça. Faz-se um silêncio estranho entre eles. encarava o chão e abraçava novamente seus joelhos. A música saía do salão acompanhado das pessoas rindo bêbadas. , por fim, mexe no cabeço e suspira ao ver o movimento do garoto.
  - Eu...Eu vou indo! – fala descendo o murinho. – Sua namorada deve estar te procurando.
  - Namorada? – fala se pondo de pé num pulo. O garoto franze o cenho desentendido.
  - É! A garota morena que estava dançando com você lá dentro – fala inocente.
   da um leve sorriso de canto.
  - Ela não é minha namorada, e nem quero que seja – fala fazendo uma careta fofa.
  - Não?! – fala com entusiasmo na voz.
  - Não, ! Opa, posso te chamar assim? – fala.
  - Claro! – fala com um sorriso bobo.
  O garoto da um passo a frente e abaixa seu rosto encontrando com o da garota que estava levantado para olhá-lo. O nariz de se encontrava com o de , suas respirações se formavam apenas uma. O coração da garota se acelera e ela da um passo para trás acompanhado de mais um para frente de . As costas da garota encontram-se com a parede a deixando sem saída. O garoto coloca suas mãos na parede impedindo a passagem de com os braços. mexe seu rosto para o lado esquerdo e encosta seu lábio inferior no da garota.
  - Canhoto?! – fala.
   apenas confirma com a cabeça dando um leve sorriso de canto. Os lábios dos dois se encontram e eles se beijam. Um beijo calmo e apaixonado, os dois queriam aquilo. estava apaixonado por desde a primeira vez que a vira e desde o dia em que ele a protegeu da escola toda. Ele desliza suas mãos da parede para a cintura da garota, o beijo estava ficando quente e cheio de desejo. os afasta.
  - O que eu estou fazendo? – fala assustada o encarando.
  - O que houve? O que fiz de errado? – pergunta desentendido.
   o empurra com delicadeza para trás e começa a andar para seu lado direito, a segura pelo braço a fazendo voltar com o impacto do puxão. Ele a encosta na parede outra vez e agora segurando os braços dela.
  - , nunca disse isso para uma garota, aliás, eu nunca senti isso por ninguém – ele fala e engole em seco.
  - Nunca disse? Nunca sentiu? Do que você está falando? – pergunta sentindo seu coração pulsar mais rápido do que uma máquina.
  - ... Eu estou gostando de você! Muito! – despeja de uma vez.
  - , eu... Eu nem sei o que dizer! – fala ofegante com o que acabara de escutar.
  - Apenas aceite namorar comigo?! – fala.
  - Você está brincando? – fala assustada.
  - Nunca falei tão sério! Namora comigo? – fala encostando sua testa na dela.
  - Não precisa pedir duas vezes! – fala e sela seus lábios no dele.
  Nove de Dezembro de Dois mil e Dez se tornou o dia mais feliz da vida de e !

Capítulo 03

   chegou em casa, depois de sair com , e foi direto para a caixa de correio. Sua mãe não havia tirado as correspondências daquele dia ainda. fecha a porta da sala com o pé enquanto olha carta por carta que estavam na sua mão. Por fim ele encontrou o envelope branco escrito seu nome com letras em caixas altas e em negrito. Ele coloca as outras na mesa da sala de jantar e sobe direto para seu quarto.
  - Filho, aconteceu alguma coisa? – pergunta preocupada.
   fecha a porta e franze o cenho enquanto abre o envelope. Sua mão tremia enquanto abria o papel que estava dentro. Seus olhos passavam rapidamente pelas letras digitadas corretamente, seu coração estava batendo mais rápido do que os ponteiros do relógio poderia acompanhar e sua respiração quase não dava para ser acompanhada de tão rápida. A mente de estava limpa e ele só pensava em uma única coisa que estava no final da folha.
  - Aprovado! – lê em voz alta.
   sente suas pernas bambas e cai na cama. Duas batidas na porta e ela se abre revelando a imagem da sua mãe.
  - está tudo bem, filho? – entra no quarto com cuidado.
   estica o papel para sua mãe. pega a folha e começa a ler com a testa franzida. Seus olhos não paravam de balançar de um lado para outro, seus olhos estavam banhados pelas lágrimas e ela fecha com tudo quando elas escapam. se levanta para abraça-la. o abraça forte e chora em silencio no peito do filho.
  - Quando? – pergunta.
  - No final do ano! – fala. – Me prometa que você não vai contar pra , okay?
   tira seu rosto do peito do filho e o encara com os olhos molhados e rosados.
  - Eu prometo! Mas você terá que contar ! Se não conto eu! – fala séria.
   apenas assentiu com a cabeça.

***

   encosta o carro, desce e vai até a porta do carona para abrir para poder sair. logo apareceu na porta de entrada da casa para recebê-los com um sorriso enorme estampado no rosto.
  - Venha me dar um abraço, minha filha! – fala para com os braços abertos.
  A garota vai sorridente dar um abraço em sua sogra. a abraça forte.
  - Vamos entrar?! – pergunta.
  - Claro! – fala separando-se de e a puxando para dentro de casa – Já servi o jantar. Fiz sua comida preferida, !
   sorri agradecida.
  - Muito obrigada, ! – fala chegando em frente a mesa. – Nossa, mas só nós três para uma mesa farta assim?
  - Sabe como é seu namorado, não é?! – fala se sentando na ponta da mesa.
   e começam a rir e já se sentam à mesa, um na frente do outro. No jantar só se houve o bater dos garfos e das facas nos pratos. Para , as refeições eram sagradas e não podiam conversar.
  - Meus amores, já estou farta. Vou me retirar e ir para meu quarto. Fiquem à vontade! – fala se levantando.
  - Mas já, ? – fala ao receber um beijo da mesma.
  - Sim, estou cansada, fiz muita coisa hoje. Me surpreendi por estar acordada até agora – sorri. – Boa Noite para vocês!
  - Boa Noite! – e fala em coro.
   da um beijo em e segue para seu quarto que fica ao lado da escada. e namoram há três anos e mesmo assim eles se sentem constrangidos quando ficam sozinhos. O garoto solta os talheres fazendo olhá-lo.
  - Não quero mais! – fala colocando seus braços em cima da cabeça e fecha os olhos.
  - Nossa , e você nem comeu muito! – fala.
   ri, tira os braços da cabeça e abre os olhos. Ele se levanta da cadeira e vai até a garota do outro lado.
  - Venha! – segura a mão dela.
   o segue, eles sobem as escadas calmamente. abre a terceira porta do lado esquerdo revelando seu quarto que estava arrumado. Os dois entram e ele fecha a porta.
  - , você pode se sentar na minha cama, se quiser!
   assentiu e fez o que o seu namorado sugeriu. Tirou a sapatilha e sentou na beira da cama. da a volta e se deita na cama apoiando sua cabeça nas pernas da menina. começou a acariciar o cabelo do namorado que tanto gosta.
  - , eu estou com frio. Se importa se eu pegar meu edredom? – pergunta já se levantando.
  - Não! Seria uma boa ideia – fala.
   volta com seu edredom preto e branco. Eles se envolvem no tecido e se deitam um ao lado do outro.
  - Quer que eu ligue a televisão? – pergunta.
  - Não, assim está melhor! – fala encarando o teto.
  Faz-se um silêncio entre eles. sentia o calor correr do corpo de para ela.
  - No que você está pensando? – pergunta a olhando.
   vira a cabeça para o lado direito para encará-lo meio surpresa com a pergunta, ela sorri.
  - Bem... – ela começou. – No momento nada, eu apenas estava encarando o teto, minha mente está realmente limpa! E você? No que está pensando?
  O garoto vira sua cabeça e começa a encarar o teto também, ele libera um sorriso de canto espontâneo do nada.
  - Bom, eu estou pensando... – ele para de falar por um instante deixando-a curiosa – Em te provocar.
  - Como assim? – ela pergunta confusa.
   da de ombros e se cala. ainda o encara por alguns segundos e volta a olhar o teto. A garota estava quase dormindo com o silêncio que o quarto estava e com o calor que o corpo dos dois produziam por baixo do edredom. começa a passar de leva a mão nas pernas da garota e ela vira a cabeça com tudo para olhá-lo.
  - ... – fala e ele a puxa mais pra perto dele. – Você sabe que isso me deixa maluca!
  - Por isso que eu faço! – fala num sussurro sexy.
   olha para os lábios do garoto que estavam entre abertos e passa seus dedos levemente sobre eles, sua mão escorrega dos lábios para o rosto, para o braço direito do mesmo, depois pra barriga e para na cintura do menino. segura a mão dela e entrelaça seus dedos no da garota, depois volta a mexer nas pernas dela. fechava os olhos e com alguns toques do rapaz fazia-a cravar as unhas na cintura do mesmo e respirar fundo em alguns momentos. tirava de si quando fazia isso, mas nunca passaram de “provocações”.

Capítulo 04

   acabava de acordar e foi abrir suas cortinas para ver como estava o clima na sua querida Londres. Ao abrir a cortina, a garota vê seu vizinho que pendurava um quadro de algum famoso dançando que ela tinha certeza que era o Michael Jackson. estava de costas e sem camisa, ele mostrava ter uma tatuagem que ia da nuca até um pouco das costas na altura dos ombros.
  A garota estava quase se jogando da janela para poder identificar o que estava desenhado nas costas dele que quando o mesmo se virou para a janela ela levou um susto e se abaixou com tudo. ficou com os olhos arregalados e com os joelhos na altura de sua boca.
  Ela começou a rir sozinha igual uma boba. Com muito cuidado ela se ajoelhou e só colocou os olhos na janela, vendo que não estava mais ali, ela se levantou e foi tomar seu banho.
  Quando a garota saiu do banho, seu celular estava piscando, ela desbloqueou a tela e viu que era uma mensagem de , uma imagem, ela abriu e mandou imprimir. foi até a impressora e pegou a folha que estava quente ao sair da maquina. Ela começou a ler atentamente e sua expressão alegre sumiu, seus olhos ficaram marejados com as lágrimas que lutavam para não sair, ela pegou o celular que a pouco tinha colocado em cima da cama, o desbloqueou e fez uma ligação com as mãos tremulas.
  - ?! Venha para minha casa, agora! – ela falou com voz séria para não demonstrar que estava chorando.
   colocou uma meia que ia até metade da canela branca, uma calcinha rosa e uma blusa que havia deixado em sua casa que ficava enorme nela. Passasse 30 minutos e a campainha da casa de toca, ela enxuga as lágrimas e desde as escadas, respira fundo e abre a porta. A imagem de se virando para ela a surpreende.
  - Oh, !? Oi! – ela fala se escondendo atrás da porta.
  - Oi vizinha, ! – ele fala com um sorriso enorme e lindo. – Estava pensando se você não queria ir lá em casa fazer um lanche?!
  - Adoraria! – ela disse com um sorriso desanimado. – Mas hoje não vai dar!
  - Entendi! – fala encarando o chão. – Mas... – o garoto é interrompido por uma voz masculina.
  - Atrapalho? – fala subindo as escadas da entrada.
  - Não! – fala já com o coração na garganta. – esse é meu namorado ! E , esse é meu vizinho ! – os apresenta.
  - E aí? – estica a mão para cumprimentar que não tirou as mãos do bolso da calça. – Acho que já vou indo! Tchau, vizinha!
   foi para casa meio cabisbaixo por causa de e o mesmo encarava com uma cara de bravo. deu de ombros para a cara que o namorado fazia.
  - Entra! – fala.
  Ao entrar na casa da garota foi que ele deu um sorriso e foi beijá-la, mas ela o ignorou subindo as escadas e indo para o quarto. a segue sem entender.
  - , o que está acontecendo? – ele pergunta com a voz séria e com a testa franzida.
  Ele entra no quarto e encosta a porta, estava encostada na mesa que tinha no canto do quarto, a agarota se balança de um lado para outro e se vira em direção do menino para entregar a folha.
  - O que está acontecendo?! Acho que você que tem que me responder essa pergunta! – ela disse já em lágrimas e empurrando a folha no peito dele.
  Quando viu do que se tratava, seu coração apertou. Ela descobrira que ele tinha se alistado no exercito. Suas palavras tinham sumido, ele queria abraça-la e dizer que ia ficar tudo bem, mas não conseguia, a adrenalina tinha tomado seu corpo, ele só iria contar dessa ida amanhã, quando já estivesse partindo para não ter como desistir e não deixar sua namorada triste.
  “Como ela soube disso? Como ela conseguiu essa carta?” – ele pensou ainda de boquiaberta.
  - , eu ia te contar! – foi tudo que ele conseguiu dizer manso.
  - Ia ?! Quando? Você vai embora amanhã, ! Amanhã! – já estava em prantos.
  - ... – ele foi na direção dela.
  - Não encosta em mim! – falou indo para trás.
  - Eu fiz isso por nós, ! – fala quase chorando.
  - Por mim não! Eu só tenho você, ! E o que você faz? Vai embora, sem saber se vai voltar um dia. – fala sem respirar.
  - ? – se aproxima.
  - Me esquece! – ela grita e sai correndo em direção da porta.
   corre atrás dela, a puxa para parede e com a mão direita fecha a porta e a tranca impedindo que saia. Ele prende a garota contra a parede e seu corpo.
  - Me deixa em paz, ! – ela fala quase num sussurro.
  - Você tem certeza que é isso que quer? – ele fala com a testa encostada na dela.
  Os dois estavam de olhos fechados e suas respirações estavam se encontrando.
  - Não! – ela fala, dessa vez, num sussurro.
   a levanta e a coloca no colo, ela prende suas pernas na cintura dele, o garoto começa a beijá-la, um beijo calmo, mas preciso. A mão de passeia pela barriga de . Sua boca explora o pescoço da garota, a menina continuava de olhos fechados quando ele, em fim, pega em seu seio direito o apertando e a fazendo liberar um pequeno gemido.
  - Machucou? – ele pergunta ainda o massageando.
  - Não! – ela fala num gemido.
  Ele a tira da parede e a joga na cama subindo em seguida. O garoto começou a subir a blusa que ela estava vestida.
  - – ela fala o interrompendo. – Você sabe que nunca fiz isso.
  - Eu também não, mas confia em mim. – ele disse.
  - Sempre!
   arrancou a blusa que ela vestia a deixando de calcinha e com os seios a mostra. O garoto beijou os lábios dela e foi para o pescoço, a respiração de já estava forte. Ele beijou o ombro dela e foi para os seios, o menino os beijava e os chupava fazendo-a ficar ofegante e liberar alguns grunhidos excitada. Ele beijou a barriga dela e foi descendo até chegar no cós de sua calcinha. o empurrou com os pés e ficou sem entender a atitude dela.
  - Deita! – ela disse se pondo de pé.
   fez o que a namorada mandou, ela ficou em cima dele e arrancou a blusa do garoto. O beijando, ela foi descendo junto com sua mão e explorando o corpo do menino. tirou a calça dele e pode ver, pela primeira vez, o volume que ele escondia. corou e riu, sem pestanejar, a garota tirou a roupa intima do menino. O garoto ficou ainda mais vermelho do que o normal.
  - , estou com vergonha! – ele disse cobrindo os olhos com o braço esquerdo e segurando sua intimidade com a mão direita.
   riu e não disse nada, ela foi passando sua mão direita pelo braço dele todo até chegar em sua mão, a qual estava segurando sua intimidade. Com muito cuidado ele a soltou e deixou com que ela segurasse, mas ainda sim ele cobria os olhos. com muito cuidado foi conhecendo aquilo que até para ela era novidade. A garota foi abaixando e por fim o colocou na boca e pode ver a barriga de seu namorado subir e descer muito rápido. Ela sorriu e continuou a fazer o que tinha começado, depois de um tempo liberou um suspiro forte junto com um gemido e subiu o rosto dela.
  - Acho melhor não continuar – ele disse rindo.
  Por mais que essa fosse a primeira vez dele, sempre perguntava essas coisas e nesse momento ela sabia o que queria dizer. se deitou e passou a mão sobre a calcinha dela que se encontrava molhada. a tirou devagar e logo depois as meias para beijar os pés dela, ele subiu beijando as pernas dela e foi para onde queria. já estava no seu estremo e começou a passar a língua. Fluidos novos surgiram pelo corpo de , ele a chupou com vontade e ela não conseguia segurar os sons que sua garganta formava. estava adorando escutar sua namorada gemer, pois isso significava que ele estava fazendo certo. Ele, por fim, subiu, a beijou por um instante e depois os afastou para encará-la.
  - Se te machucar, prometa que me avisará?! – ele disse.
   apenas assentiu com a cabeça e os dois olharam para baixo. se apoiou no seu braço direito e pegou sua intimidade, com muito cuidado encaixou na entrada da menina, forçou um pequeno impulso fazendo-a franzir o cenho e ir um pouco pra cima.
  - Machucou? – ele perguntou preocupado olhando-a.
  - Não! – ela disse olhando nos olhos dele. – Continua!
  Ele fez mais um esforço e sentiu quando entrou mais um pouco, ele fechou os olhos e se acomodou em cima dela. O garoto começou a fazer seus movimentos suaves para não machuca-la. A penetração estava mais intensa e profunda, apertava o braço dele e de vez enquanto a beijava.
  - Mais... Mais rápido! – pediu depois de um tempo num suspiro.
  O desejo da menina foi atendido, acelerou seus movimentos e colocou mais força. Ele se deitou ao lado dela e pediu que ficasse de costas para ele. Ele começou a penetrá-la.
  - Você gosta assim? – ele perguntou.
  Ela liberou um gemido.
  - Gosto! – ela disse em meio aos gemidos.
   apertava seu colchão e seus lençóis, passava sua unha pela cintura dela enquanto a penetrava, os corpos estavam suados e quentes. passava a mão pelo cabelo da menina que já estava molhado com o calor que os dois produziam. Eles deram um tempo, precisava relaxar e, ficou deitada com a cabeça no peito do garoto enquanto passada seu dedo indicador pela barriga dele.
  - ?! – o chama sem encará-lo.
  - Hum?
  - Posso tentar fazer uma coisa que vi num filme? – pergunta mordendo a ponta de seu polegar esquerdo.
  - Pode! O que é? – ele pergunta.
  - Me ajuda? – ela pergunta.
  - Claro!
  Ela se levanta e ele só a acompanha com os olhos. Ela passa por cima dele e fica de joelhos. sorri ao ver o que ela quer fazer, ele ajeita sua intimidade e ela encaixa com jeitinho. Os dois liberam um suspiro forte de prazer juntos. Ele segura a cintura dela e a ajuda com os movimentos. A manhã daquela sexta – feira se resumiu em puro prazer para os dois. No final do dia, foi dormir na casa de , pois ele iria embora pela manhã.

Capítulo 05

  Na manhã seguinte, já estava na sala sentado no sofá, arrumado e com a sua pequena mala perto de seus pés. Seus joelhos estavam dobrados e seus cotovelos estavam apoiados nele. Sua cabeça estava abaixada nas suas mãos e seus pensamentos estavam a mil. se alistou para o exercito antes de conhecer , pensou que talvez não fosse chamado, pois não tinha ido para o exame deles. Todos os garotos recebem uma carta deles falando se foram aprovados ou não, e era isso que incomodava tanto . Por que agora que ele conheceu uma pessoa legal? Por que agora que ele estava construindo tudo na sua vida?
  Os passos de sua mãe e na escada o fez fugir de seus devaneios. Ele ficou de pé para recebê-las na sala. As duas estavam com os olhos vermelhos e com o rosto todo molhado. estava o tempo todo se segurando para não chorar.
  - Eu amo vocês! – disse e as puxou para um abraço!
  Uma buzina fez com que o apertasse mais.
  - Não vá! – ela disse.
  - Eu preciso! – lutou com as palavras.
  Ele deu um beijo na testa de sua mãe e um selinho demorado em e foi porta a fora. As duas o acompanhou até a entrada da casa e viu entrando naquele ônibus estranho de alumínio velho cheio de caras olhando pela janela ele se aproximando. Ele se sentou e olhou pela última vez as duas e o ônibus deu partida. e entraram, pois não suportavam ver ir embora.

***

  O ônibus entrou num lugar onde tudo era verde e branco, tinha umas estatuas de canhão e uns caras fardados com as mãos para trás o aguardando. Eles desceram do ônibus e foram orientados a fazer uma fila indiana, mas que ficassem sérios o tempo todo. Um cara, a três pessoas na frente de , tropeçou e quando se endireitou levou uma bronca do tenente. Aquele lugar dava medo só na entrada.
  Todos foram encaminhados para uma salinha escura e suja, se sentou ao lado de um cara que tinha os olhos cobertos pelo cabelo preto e um pircing na boca, um cara mais ao lado tinha uma boca toda rasgada, mas bonita. olhou para cima e pode ver o vidro sujo pela última chuva que teve, a teia de aranha no canto da sala era enorme, a sorte que a dona dela não estava lá, e o ventilador girava como se estivesse morrendo, pois as hélices mal giravam.
  O cara do moicano rosa foi chamado, ele abriu a porta que tinha um pouco à frente dele e entrou, o rapaz deixou a porta entre aberta e através do espelho pode ver quando o rapaz sentou na cadeira e um senhor passou a maquina no cabelo dele. sentiu um gelo subindo da sua barriga para sua garganta, ele passou a mão pelo seu cabelo e lembrou-se de como gostava de suas mexas. começou a pensar na mãe e na namorada, em como ele era amado pela mãe e no dia anterior que passou com , ele deu um suspiro e logo levou um susto ao ouvir seu nome.
  - Sr. ? – a voz de dentro da sala o chamou.
  Ele se levantou tenso, todos os garotos da sala o encarou, ele entrou na pequena sala cheia de cabelos no chão e sentou na cadeira em frente ao espelho. Ele encarou seu reflexo e se viu um pouco triste. O rapaz que carregava um bigode em cima da boca se aproximou com a maquininha ligada, ele passou a mão no cabelo de e em seguida a maquina. viu seu cabelo cair no chão, seus olhos azuis ficaram cinzas, sua pele parecia mais branca do que o normal. Ele fechou os olhos até que o cara o mandasse sair da sala.
   foi encaminhado para o quarto que iria dividir com mais 7 homens. Ele se acomodou na cama de baixo de um dos beliches e tinha uma mesinha ao lado, ele tirou da bolsa uma foto de com ele e acariciou o rosto da garota.
  - Namora? – uma voz da cama de cima perguntou. – Meu nome é !
   olhou para cima e o viu olhando para ele. O garoto voltou a encarar a foto e a colocou na bolsa de volta.
  - Sim! – ele por fim disse. – Meu nome é !

***

  Depois de muito esforço, regime, exercício, e mais exercício, estava forte e irreconhecível. Havia passado exatamente seis meses que ele estava lá, o garoto não tinha noticias de sua mãe, nem de , mas ele via todos os dias as fotos que ele levará para lá. A única coisa que não gostava era a roupa, ela era grudada e aquele chapéu o irritava. Mas ele se sentia bonito dentro do uniforme.
   foi chamado para ir numa missão em Brasil. Uma favela estava sendo dominada por bandidos e eles precisavam tomar uma providencia, pois o exercito deles não tinha muito reforço. Muitos jovens brasileiros tinham a obrigação de se alistarem quando com dezoito anos, mas depois do treinamento eles iam embora.
  Chegando no Brasil, pode ver o quanto era calor e o quanto estava com saudade de sua garota. Eles ficaram hospedados junto com os outros. Com eles andavam um tradutor para todos os lados, mas entendia algumas coisas, por causa de .
  Os garotos tiveram um dia para descansar e treinar, pois no dia seguinte eles já iriam enfrentar os bandidos que atormentavam aquelas famílias. Um pouco antes de eles saírem, todos foram reunidos para saberem quando poderiam atirar e onde iriam agir. Os garotos foram divididos em grupos de seis com coletes e armas.
  Chegando na favela com os tanques, as crianças que estavam brincando nas varandas das casas foram puxadas pelas suas mães e as portas e janelas foram fechadas e trancadas. Os garotos saíram dos tanques e começaram a correr abaixados para as paredes, cada um com seus grupos. Armas colocadas na frente do corpo e olhos bem abertos nas partes de cima das casas. Todos escutaram um barulho de tiro e uma criança da casa onde eles estavam encostados na parede começou a chorar. sentiu um aperto no peito e pediu desculpas por pensamento para sua mãe e .
  Eles correram e trocaram tiros com os homens que estavam sem camisa e com o rosto e cabeça cobertos por um pano. As armas que eles possuíam eram fuzis. Homens caiam do telhado com o peito ensanguentado, mesmo caídos ainda tentavam reagir, mas os soldados eram mais rápidos.
  A favela ficou em silêncio por um instante, eles voltaram a andar agachados olhando cada canto daquele lugar onde o sol dominava e estava muito forte, o suor escorria de debaixo do capacete para o queixo dos meninos. olhou pela mira da arma e viu uma sombra no chão, ao olhar pra cima viu um deles com a arma apontada para seu colega .
  - ! – grita e pula na frente do colega.
   pulou na frente de na hora em que o cara com o pano vermelho atirou, todos levaram um susto com a reação de e os tiros foram certeiros, os outros 4 rapazes atiraram de volta e acertaram o homem que no telhado ficou e ficou estirado no chão com os três tiros, um no peito, outo na costela e um no abdome. As balas rasgaram seu colete.
  - Não, não, não...
  Era tudo que conseguia falar vendo seu amigo perdendo tanto sangue na sua frente. A mão dele já estava ensanguentada.
  - Ajuda?! Ajuda?! – gritava para os outros quatro.
  - Na...Na... – tentou falar alguma coisa mais fechou os olhos e apagou.
  - , fala comigo?! Fala comigo!? – já estava desesperado.
  Ele colocou sua arma para trás e atravessou a de pelo corpo, colocou seu colega nas costas e saiu correndo favela a fora. Um morador que viu o que aconteceu perto do tangue, pegou o carro e ofereceu ajuda. Foram para o hospital, perdia muito sangue e ficou o tempo todo tampando as feridas do colega.
   foi direto para a UTI, quando chegou no hospital e se recusou a sair de lá.
  - Você precisa descansar, Sr. ! – o tenente fala.
  - Não, eu não vou sair daqui! – fala ainda chorando. – Não sem ver meu amigo!
  - Sr. , o senhor está todo sujo de sangue, você precisa tomar um banho. Se quiser voltar pode voltar, eu estarei aqui com ele – o tenente disse.
   pensou por alguns segundos e levantou da cadeira dura e verde da sala de espera.
  - O senhor tem razão, mas eu voltarei! – ele disse.
  O tenente deu dois tapas com a mão esquerda nas costas do rapaz e se sentou onde ele estava. foi para o batalhão e logo na entrada foi abordado pelos outros garotos. Ele não tinha nenhuma noticia para dar e foi para o banheiro se limpar. Durante o banho ele foi lembrando-se da cena, o momento em que seu amigo se atirou para salvá-lo. Tomou três tiros e bateu a cabeça.
  Ele tomou um banho gelado para refrescar o calor daquela noite e esfriar a cabeça por tudo que tinha acontecido. queria noticias de . Saiu do banho rapidamente e foi se trocar. Colocou a roupa mais fresca e arrumada que tinha e voltou para o hospital. O tenente dormia com a cabeça encostada na parede. Ele não quis acordá-lo, se agachou encostado na parede e esperou algum médico sair da parte da UTI.
  Algumas horas depois, saiu das portas grandes e brancas um homem sério, alto de cabelos negros e com as mãos dentro dos bolsos do jaleco fechado e branco. Ele foi em direção dos dois homens que estavam, agora, de cabeça baixa.
  - Senhores?! – o médico disse fazendo-os o encarar, eles se puseram de pé. – É sobre o Sr. .
  - Como ele está? Posso ir vê-lo? – falava sem respirar. – Preciso agradecer meu amigo! Eu...Eu... – não sabia mais o que dizer.
  - Calma filho, deixe o médico falar! – o tenente disse.
  - O Sr. está em coma! – o médico engoliu em seco. – E não sabemos se ele acordará!
  O impacto da notícia foi tão forte que ficou com as pernas bambas, seu corpo gelou e ele não sabia o que fazer, sua vista ficou turva, sua boca ficou entre aberta e as palavras sumiram. Ele olhou para o tenente com os olhos marejados.
  - Se vocês tiverem contato com a família dele, os avise. Ele vai precisar muito do apoio deles! – o médico disse.
  - Posso...Posso vê-lo? – perguntou.
  - Apenas pelo vidro da porta, tudo bem?! – o médico disse.
   assentiu com a cabeça e os dois seguiram o homem de roupa branca, passando alguns corredores eles chegaram na porta onde tinham dois vidros, eles encostaram seus rostos e viram cheio de fios e tubos. Duas enfermeiras ao lado dele mexendo nos aparelhos e seu peito estava coberto por faixa. encostou sua testa no vidro e fechou os olhos.

Capítulo 06

   dormia com uma camisa de para poder sentir o cheiro dele. Nos primeiros três meses sem , ela procurou um emprego para poder matar a ausência que ele deixara. estava mais próximo da garota, eles se viam todos os dias depois que ela chegava do trabalho. sempre estava ligando pra ela.
   pedira para ficar cuidando de , pois sua saúde não estava tão boa assim para ficar sempre indo de uma casa à outra. Dentro de despertara um amor escondido que ele tinha por . Ele estava tentando conquista-la.
  - Virá na minha casa hoje? – ele pergunta à que trancava a porta de casa.
  Ela sorri com a insistência do garoto.
  - , já disse, vou à casa de hoje! – ela fala se virando para ele.
  - Droga! Queria que ficasse comigo! – ele fala fazendo bico.
  Ela desce os degraus e ele a segue.
  - Eu lhe vejo todos os dias, já ela não! – ela fala.
  - , corte vínculos com essas pessoas. Ele te deixou há seis meses e só liga de vez enquanto. Me diga quantas vezes ela veio te ver! – fala.
   fica nervosa, um calor sobe sobre seu corpo inexplicavelmente, ela vira muito brava para e se aproxima dele.
  - Você nunca mais repita isso, entendeu? – ela fala apontando e falando entre dentes.
  Ela se vira e sai batendo seus saltos no asfalto quando, simplesmente, cai. sai correndo ao encontro da garota que estava no chão desacordada, ele a coloca no colo e vai até a frente da sua casa onde seu carro estava estacionado. Ele coloca com cuidado no banco de trás deitada e corre para trás do volante.
  Quando a garota acorda, analisa sem entender onde estava, um lugar claro, cheio de luzes, ela olha para o lado e vê e sentados, distraídos.
  - ? – fala baixinho.
   levanta num salto junto com e se aproximam. aperta os olhos para enxergar o garoto. Meio desentendida, ela olha para seu braço que estava com uma agulha espetada e um cano que ia até um balão de soro.
  - O que aconteceu? – pergunta. – disse que você anda fraca, não come direito. Por que não me contou, ? – a cobra.
   pensa no que estava guardando pra si e fecha os olhos sentindo um aperto no peito.
  - Não queria preocupar a senhora – ela fala e engole seco. – Sei que não pode passar nervoso.
  - Nada disso, tudo que acontece com você eu preciso saber! Eles colheram um pouco de sangue e colocaram o soro em você!
   assentiu com a cabeça pensando que a sogra já soubera a verdade. O celular de toca. Ela faz um gesto com a mão e sai da sala para atender. pega a mão da garota e da um beijo, depois acaricia o cabelo da menina.
  - Por quanto tempo eu estava desacordada? – ela pergunta.
  - Algumas horas! – responde.
  A porta da sala se abre e a imagem do médico se revela. Ele vem com um olhar penetrante para os dois ali na sala. Ele balança o papel mostrando pra eles, franze a testa e lê por alguns instantes, logo depois sua expressão séria é tomada por um sorriso.
  - Meus parabéns, jovens – ele fala. – Vocês vão construir uma bela família!
  - Como? – perguntou desentendida.
  - Você está gravida, Srta. ! – ele da a notícia.
  - Isso eu sei, mas não é filho dele! – ela fala.
   fica de boquiaberta encarando sem saber o que falar e o médico faz o mesmo.
  - O filho é do meu namorado que foi para o exército! – ela conclui.
  O médico respira aliviado e libera um pequeno sorriso de canto.
  - Agora está explicado. Vou deixar você terminar o soro e pode ir pra casa, mas lembre-se que você tem uma criança e não pode ficar sem comer desse jeito, se não vai prejudicar os dois!
   assentiu e o médico saiu da sala. entra chorando e se acomoda na maca preocupada.
  - O que houve, ? – e perguntam num coro.
  - ...... – ela não conseguia completar, suas lágrimas não paravam de rolar.
  - O que tem o , ? – pergunta já com o coração disparado.
  - levou três tiros – ela funga. – e está em coma há três meses! – fala e desaba novamente.
   gelou, não sentia mais as pernas, parou de respirar por uns instantes e seu coração parou de bater. sentiu que a garota ficou em transe e gelada e a abraçou, se aproximou e fez o mesmo. Quando adormeceu, contou para que a garota estava gravida e não tinha contato para nenhum deles. ficou toda animada, mas triste por causa do filho.
   voltou pra casa e ficou em repouso por causa do choque da noticia, a garota mal falava e não tinha mais vontade de fazer nada. se ofereceu para ficar com ela durante essa semana de atestado e ela aceitara. A mulher ficava quase o dia todo mexendo na barriga de , a criança já mexia e ficava conversando com o bebê.
  - Quantos meses você está, ? – ela pergunta.
  - Seis! – respondeu.
   levanta a cabeça com os olhos longes e fica pensativa por alguns segundos. Ela encara a garota meio confusa.
  - está longe há seis meses! – fala.
  - Tivemos nossa primeira vez um dia antes dele partir! – fala.
  - Por que me escondeu por tanto tempo? – pergunta.
  - Porque queria contar para primeiro quando ele me ligasse – fala triste.
  - Sua barriga está tão pequena, nem parece que está grávida.

***

  As escadas pareciam infinitas para , as contrações estavam fortes. ia a ajudando descer pedindo pra garota respirar fundo. tranca a porta e eles entram no carro, da partida direto para o hospital. Chegando lá, é colocada numa cadeira de rodas e levada para a sala de cirurgia. e ficam do lado de fora inquietos.
   não parava de andar de um lado para outro e passar a mão no cabelo. Ele encarava as portas grandes e brancas com os olhos semicerrados e fazendo uma boca sexy esperando alguma noticia, já tinham se passado uma hora e meia e ninguém dava notícias. estava sentada com um copinho plástico de café tentando se acalmar. Ela queria que estivesse ali naquele momento tão angustiante, por um lado.
  Ela sempre ligava para o tenente para ter notícias de , porém a única coisa que sabia era que ele não tivera reação nenhuma. Depois do nascimento da criança, ela iria ao Brasil, para ver o estado de seu filho. Três horas e vinte e cinco minutos se passam e já dormia sentado. A enfermeira passa porta a fora e cutuca e se levanta. O garoto faz o mesmo logo em seguida, num pulo desorientado.
  Ele passa a mão no rosto e depois no cabelo, pisca várias vezes para se manter acordado, encara por um momento a enfermeira que vinha sorridente na direção deles. se põe logo atrás de que com suas mãos cruzadas junto ao peito da uns passos a frente de encontro com a moça.
  - Como está minha menina? E o bebê? – pergunta sem respirar.
  - A Srta. está bem! – a enfermeira fala. – O parto foi um pouco complicado, embora tenha sido normal. A pressão dela caiu várias vezes, foi o que mais complicou!
  - Ai meu Deus! – fala preocupada.
   se aproxima e pega a mão de .
  - Mas ela já está no quarto? E a criança? Menino ou menina? – pergunta de uma vez.
  - Podemos vê-las? – pergunta.
  A enfermeira sorri abafado, olha para o chão e depois volta a encará-los.
  - Vocês querem ir vê-la e descobrir qual o sexo do bebê? Ou querem que eu fale? – a enfermeira pergunta sorrindo.
  - Vamos... Vamos vê-la – fala gaguejando.
   concorda com a cabeça e a enfermeira os leva até o quarto da garota. Depois de passarem por vários corredores cheios de portas, enfim, chegaram ao que eles queriam. Quarto 589! A enfermeira abre a porta e logo de vista vê deitada dormindo. fica com os olhos marejados de ver aquela cena, sua menina dormindo e um bebê todo escondido numa manta branca.
  Eles entram na sala tentando não fazer barulho e começam a se aproximar. da a volta pela cama onde estava e da um beijo na testa da mesma a fazendo acordar. Ela abre os olhos no susto e o encara, logo olha para seu lado esquerdo e vê sorrindo e uma lágrima de seu olho direito escapa. sorri para os dois e olha para a pequena cama alta de material transparente que tinha ao seu lado com um bebê.
  - Eu posso? – pergunta num sussurro.
   assente com a cabeça e pega o bebê, a moça da um beijo de leve na testa da criança e o encaixa em seus braços.
  - É um menino! – fala sorrindo e deixando uma lágrima escapar também.
  - Oh! – fala mais emocionada. – Qual... – ela engole seco. – Qual vai ser o nome?
   encara por alguns segundos a parede em sua frente e depois olha para que estava sentado no sofá preto e duro que tinha embaixo da janela. olha para novamente com os olhos brilhando.
  - ! – ela fala por fim. – !
   sorri toda encantada.
  - Oi meu netinho! – fala sussurrando para o bebê.
  - Quando você sai daqui? – pergunta encarando o nada.
  - Daqui a dois dias! – responde. – vai ter que ficar comigo aqui esses dois dias, depois vou pra casa.
  - Entendi! – fala e se levanta. – Posso... Posso segurá-lo? – ele pergunta sem jeito se aproximando da criança.
  - Claro, ! – fala.
   se vira e coloca o bebê nos braços do rapaz, não tinha jeito para segurá-lo, mas estava com os olhos brilhantes e com um sorriso encantador. Ele encarou por alguns segundos se perdendo em seus devaneios e depois voltou a olhar o bebê quando o mesmo estava se acomodando seus braços.

Capítulo 07

  Depois da volta de e pra casa, passado uns dias foi para o Brasil. ficou em prantos, pois queria ter ido com a moça, mas ainda estava de quarentena e a criança só tinha alguns dias. ficou cuidando dela, pois não podia subir e descer escadas, nem fazer esforço.
   mal dormia, mamava a toda hora. A garota não era de comer muito, mas por causa de , a fazia comer de três em três horas. Quando estava em seu extremo, pedia para olhar ele por 30 minutos para ela poder cochilar, ou então ela acabava dormindo com ele no peito, o que era muito perigoso.

***

  Meses se passaram, crescera e voltara a trabalhar. O menino já se encontrava com 1 ano e 7 meses, então o deixava na escola infantil. nunca mais dera notícia desde sua ida ao Brasil. Quando ligaram para dizer que estava em coma por ter tomado três tiros, contaram que mataram o bandido. Depois de se recuperar do susto, foi ver pela internet as noticias do acontecido, foi quando soube que o “bandido” que mataram e que deixou seu namorado em coma era seu irmão. não contou nada disso para , nem para o , mas aquela angustia dominava seu peito.
  Todos os dias quando saia do trabalho buscava na escolinha que ficava próxima dali. Ela pegava ônibus de dois andares e voltava para casa. O ponto não ficava muito longe de sua residência e os buscava todos os dias. Ele estava sendo o seu maior apoio desde a ida de e .
  - Você não fez nada no seu aniversário de 19 anos. – começou. – Você vai fazer alguma coisa para o ?
  - Acho que só um bolo para nós três! – ela disse.
   assentiu com a cabeça, ele pega o menino no colo e os três entram na casa de . A garota tranca a porta e deixa seus sapatos ao lado do sofá. Coloca sua bolsa e a mochila do menino no sofá enquanto e já estavam na cozinha.
  - ?! – fala. – O que temos de bom?
  - Olha...Leite em pó do ! – ela fala rindo.
  Os dois caem na risada e a garota vai para a cozinha preparar a mamadeira de . Ela faz um chá para os dois e coloca algumas bolachas na mesa. leva o menino para a sala, coloca seu desenho preferido e o deixa no sofá tomando mamadeira. Ele volta para a cozinha com .
  Os dois comem em silêncio, analisava mais do que nunca, enquanto a garota estava pensando em como estaria no Brasil. E se tivesse morrido? sente seu corpo estremecer ao pensar nisso, mas era uma possibilidade já que nunca mais ligou para dar notícias.
  A garota vai até a sala sem dizer nada para que a acompanha com os olhos enquanto mastigava a bolacha, ela vai até a sua bolsa e pega seu celular, com dificuldade pelas suas mãos estarem tremendo, ela disca o número de , mas toca e ninguém atende. Foi isso uma, duas, três, quatro vezes e nada.
  - , o que houve? Pra quem você está ligando? – pergunta se aproximando da garota.
  - Pra ! – ela fala sem olhá-lo. – Quero notícias dela.
   se sentiu contrariado, pegou seus pertences, deu um beijo em e depois passou direto para a porta, o olhou desentendida.
  - Para onde vai? – ela pergunta.
  - Para minha casa! – ele fala sem olhá-la e bate a porta.
  Os sentimentos de em relação a estava cada vez mais forte, mas ela ainda amava .

  Um ano e meio depois

  - Casa-se comigo? – pergunta.
  - Eu não posso ! – fala.
  - Não pode porque? – fala se colocando de pé outra vez.
  - Porque... – estava falando, mas foi interrompida.
  - Mãe?! – fala.
  - Oi, meu filho? – ela pergunta se aproximando.
  Ele entrega seu celular que estava tocando, ao olhar no visor não reconheceu o número e logo atendeu.
  - Alô? – ela fala.
  - ?!
  A garota congelou ao ouvir a voz de , seus olhos ficaram marejados de imediato, ela cambaleia e senta no sofá. Tanto tempo depois ela entra em contato com ? se preocupa com o estado da garota, pega o celular de sua mão e o atende.
  - Quem está falando? – ele fala com voz firme.
  - ? – pergunta.
  - Eu mesmo! Quem fala?
  - ! Coloque no viva voz.
  Ele fez o que a moça pediu.
  - , se estiver aí me escute, preciso que você vá me buscar no aeroporto – ela pede.
  - ? Cadê ele? – pergunta.
  - Só vou poder falar pessoalmente.
   começa a chorar, o amor da sua vida estava morto? Era isso? Porque não dissera antes? Liga um ano depois só para dizer que estava morto? Como ela contaria para ? E era tão parecido com ele.
  - Eu não posso! – ela disse.
  - Por quê? – pergunta confusa.
  - Não posso vê-la sem , não vou suportar!
  - Temos que encarar os fatos!
   teve a certeza de que ele estava morto pela frase que ela acabara de dizer. se aproxima da mãe ao vê-la chorando.
  - Nós vamos buscar a senhora, ! – fala. – Quando você volta?
  - Hoje! Já vou embarcar!
  - Tudo bem! Vamos nos arrumar e buscar a senhora!
  A ligação foi encerrada e ainda chorava com no colo. se senta no sofá e começa a acariciar a cabeça da garota. Embora ele a amasse, ele entendia o sentimento dela. Ele se colocou no lugar da garota, de como ele se sentiria se a perdesse, ele se sentiu a pior pessoa do mundo.
  Seu estômago se revirou e ele pediu para que ela já fosse se arrumar. Algumas horas se passam e os três vão para o aeroporto. ainda estava triste, mas não queria demonstrar para que brincava no banco de trás do carro.
   estaciona e eles descem.
  - Está pronta? – ele pergunta antes deles entrar.
  Ela coloca no colo.
  - Acho que sim! – ela responde.
   estava no portão de desembarque junto com e o mesmo a segurava pela cintura, enquanto estava com no colo. passa pelo portão e os olha. Ao ver aquela cena ela fica meio confusa, engole seco, mas logo abre um sorriso. Os olhos de ficam marejados, mas abre um sorriso quando se aproxima. Elas se abraçam e da um beijo no rosto de que abraça .
  - Ele está tão grande! – fala. – Oi, !
  - Oi! – ele fala e acena com a cabeça.
  - Por que ficou tanto tempo sem me dar noticias? – pergunta sem expressão.
  - Não podia, minha filha, passei por muita coisa nesses anos que se passaram! – ela fala.
  - Muitas coisas? Tantas assim que não podia ligar ou ao menos atender o telefone para dizer se estava tudo bem? Ou ao menos retornar todas as minhas ligações? – ela fala com a voz de choro. – está morto?
   sorri e abaixa a cabeça, seus olhos também estavam marejados. Ela pega do colo da garota e o entrega para e se coloca ao lado do mesmo. aponta para o portão de desembarque. acompanha o dedo da moça.
  Por aquelas grandes portas de vidro vê vários homens do exército passando e encontrando suas famílias. Todos se abraçavam e se beijavam mortos de saudades. Isso a fez lembrar do dia em que foi para o exercito, seu coração ficou apertado e suas lágrimas escaparam enquanto ela mordia seu lábio inferior.
  Seus olhos se arregalaram quando viu aquela silhueta conhecida, aqueles braços fortes e aquele cabelo que ela tanto amava, sua boca se abriu e ela não conseguia mais respirar, não tinha mais reação, sentiu seu estômago revirar e suas pernas bambearem. Sua vista escureceu e ela cambaleou de um lado para outro.
  - Não pode ser! – ela sussurrou para si mesma.
  Suas mãos foram automaticamente para sua boca. Suas lágrimas começaram a rolar sem permissão. largou a mala que estava na sua mão no meio do caminho e abriu os braços para recebê-la. saiu correndo ao encontro dele e pulou em seu colo. Eles rodaram enquanto se beijavam. Todos no aeroporto olharam para eles.
   afastou seus lábios que se beijavam desesperadamente e ela o encarou, passou suas mãos várias e várias vezes pelo rosto do garoto sem acreditar se aquilo era realmente real. Ele a desceu de seu colo e o amigo de passou ao lado deles.
  - , não é? – disse.
  A garota balançou a cabeça positivamente.
  - Menina, cuida bem desse cara, ele quase morreu, pois se colocou na frente da bala que iria me matar. Ele é de ouro – disse batendo no ombro de . – E você é muito linda, bem que ele disse.
  Eles sorriram e continuou a caminhar com sua família. ia falar alguma coisa, mas foi interrompido.
  - Mamãe?! – correu e agarrou as pernas de .
  A garota o coloca no colo e volta a encarar que franziu o cenho ao ouvir o que o garoto disse. Ele olha por cima da cabeça de e vê sua mãe com , o vizinho da menina.
  - Você e ele estão... – ele não completa a frase.
  - Não! Eu nunca me envolvi com ninguém além de você – fala.
  - E esse menino? – ele pergunta.
  - É seu filho! – despeja de uma vez.
  - Me... meu... – começa a gaguejar e não consegue falar.
  - , quando você foi pro exército eu estava grávida – fala sorrindo.
  - Meu Deus! – fala. – Eu posso? – fala fazendo gesto para pegar no colo.
  - Claro, não é?! – fala rindo.
   pega no colo e brinca. O menino segura o rosto de e fica olhando os olhos dele.
  - Papai! – fala.
   olha assustado para .
  - Eu sempre mostro fotos suas para ele! – ela fala. – ? – ela fala e o menino a olha. – Esse é seu pai!
  - ! – repete. – O nome que eu disse que um dia colocaria no meu filho - ele encosta sua testa na do menino.
   se emociona ao ver a cena. se ajoelha emocionado e puxa para um abraço junto com o bebê. Ele da um beijo em cada um e depois encara sorrindo.

FIM



Comentários da autora