Assassin

Escrito por Duda Everdeen | Revisado por Andressa

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Capítulo Um – Festa (Música do capítulo:Avril Lavigne - Here's to never growing up)

  Abro os olhos e pisco repetidamente. No espelho, uma bela mulher me encara. Usa um vestido vermelho colado ao corpo e scarpins pretos. Seus olhos estão contornados com preto. Ela está maquiada com sombra preta esfumada, delineador, rímel e batom vermelho. Suas madeixas pretas caem sobre os ombros em ondas.
  Vou até a cama e abro o envelope roxo deixado em cima dela. Retiro o papel dourado e leio outra vez:
  Querido(a) ,
  Venha comemorar os 7 anos da KDesign! Estarei muito alegre em recebe-lo(a)!
  Salão de Festas KDesign, em frente ao restaurante.
  Atenciosamente, Katherine Jones – presidente KDesign.
  Levanto e pego minha bolsa preta. Desço as escadas e apago as luzes. Abro a porta e saio de dentro de casa, trancando depois. Caminho até a garagem e entro no Jetta preto. Ligo o carro e o rádio.(...)
  We live like rock stars
  (Vivemos como estrelas do rock)
  Dance on every bar
  (Dançamos em todo bar)
  This is who we are
  (É isso o que somos)
  I don't think we'll ever change
  (Não penso que vamos mudar algum dia)

  Balanço a cabeça ao som de Here’s To Never Growing Up. Pessoas dançam e bebem por todo lado. Mesas cheias de comida circundam o salão. É essa a festa do meu trabalho.
  Estou sentada no banco preto quando alguém se senta do meu lado.
  - Vem dançar comigo? – sussurra. É , meu colega de trabalho. Nunca reparei direito nele. Coloco a franja atrás da orelha e sorrio.
  - Não vai pisar no meu pé, vai? – pergunto e ele gargalha escandalosamente. Pega a minha mão e me puxa para a pista – Ei! – protesto.
  - Relaxa, bonitinha. – ele pisca e ri. Coloco a mão em seu ombro e ele coloca o braço em volta da minha cintura. Nos movemos em sincronia, mas tenho certeza que parecemos duas lagartixas. – , não é?
  - E você deve ser . – balanço a cabeça em afirmativa e sorrio – Pode me dizer o motivo dessa dança?
  - Eu acho você bonita. Inteligente. Uma ótima designer. Simpática. E tudo o que se pode querer em alguém. – ele diz e afasta a franja de meu rosto que surgiu novamente. Coro ligeiramente e baixo os olhos.
  - Você também é muito bonito. Mas... o que quer dizer com “tudo o que se pode querer em alguém” ?
  - Quero dizer que eu gosto de você. Mais do que imagina, e não como amiga. – ele sussurra. Me espanto com o rumo que a conversa tomou.
  - Hum... mas nós mal nos conhecemos. – digo.
  - Sua cor favorita é roxo. Você nunca consegue trabalhar com as pessoas falando com você. Nunca toma café sem açúcar. Ama ler. Não curte remix de músicas. – ele diz rapidamente e eu fico boquiaberta.
  - Mas... você... como?
  - Eu te observo há meses. Podemos nos dar uma chance. Give me a chance? – ele sussurra e eu paro de me mover.
  - Eu não sei... – e pela primeira vez olho em seus olhos. Ele é realmente bonito.
  - Give me a chance? – ele repete e uma seção de flashbacks me vem a mente. Seu olhar fixo em mim, seu jeito simpático comigo, seus elogios sobre meu trabalho... e sem pensar, eu aproximo nossos rostos e o beijo.
  - Sim.Eu nos dou uma chance.

Capítulo Dois – A primeira suspeita

  Dois meses depois...

  O amor é duvidoso. Uma armadilha perigosa, ou uma dádiva com um preço incalculável. Às vezes, nem tudo é o que parece ser. As discussões fazem parte de tudo isso. Uma suspeita é comum, uma vez que se prove o contrário e que o motivo não seja mais válido. Porém, se uma suspeita ruim se confirma, e com ela chegam outras que se provam verdadeiras, a armadilha está armada, e o amor lhe partindo o coração neste exato momento. Poderia existir relacionamento tão forte a ponto de superar tudo isto, dez vezes mais?
  Hoje fazem dois meses desde que eu fiz a melhor loucura da minha vida. Na época eu era feliz, e hoje, sou mais feliz ainda. foi como uma dádiva para mim. Ainda não esqueci da primeira vez em que olhei em seus olhos.
  Ouço a buzina de carro e espio pela janela. Um Fox vermelho está estacionado em frente a casa. Desligo a TV e saio de casa. Abro a porta do carro e me sento no banco do passageiro.
  - Oi, amor. – me beija rapidamente.
  - Boa noite. Então é hoje que vou rever a pequenina Elena... – digo. Eu já tinha conhecido a família de e seu lar antes. Elena era a irmã caçula de e Kacey, sua irmã do meio. A garotinha era muito linda. Nós gostamos uma da outra rapidamente. Uma vez ela me disse “Você vai se casar com , não vai? Porque eu não quero que ele volte com a lagartixa da Lisa, e nem que ele vire um velho coroca encalhado e rabugento. Vocês são tãaao lindos juntos...” e não pude evitar rir como uma hiena. Ela é uma graça. Elena tem quatro anos e Kacey 14. Posso afirmar: belíssima família ele possui.
  - Ela ficou o dia inteiro falando em você, em como seus cabelos são lindos, em como você parece uma rainha, é divertida e perfeita para mim. Kace e eu rimos o tempo todo. – diz ele rindo e dirigindo até sua casa – E sabe, acho que Lena está certa. Não, não. Eu tenho certeza disso. – diz para depois me dar um selinho após estacionar na garagem da casa.
  - Meu bem, mas isso é óbvio! – digo rindo.
  - Eu acho é que a senhorita está ficando muito metida. – brinca ele.
  - Hmmm... talvez um beijinho seja a minha cura... Ooops! A minha cura é você, mas eu também aceitaria o beijinho... – rio e ele me beija mais intensa e longamente.
  - Se perfeição fosse doença... você passaria o dia todo, todos os dias no hospital.
  - Eu fugiria se você não estivesse lá comigo. E se não conseguisse adoeceria.
  - Eu nunca te abandonaria.
  - Se tentasse eu te prenderia junto a mim. Pra que você nunca mais me deixasse e achasse alguém.
  - Eu mesmo me amarraria. Não existe ninguém igual ou melhor do que você.
  - E nós morrerriámos colados um ao outro. Não existe ou existirá alguém que se compare a você para eu, ou alguém que se compare a mim para você. Nós nos amamos infinita e eternamente, e isto nunca se provará contrário. Ponto final.
  - Vo... – ele tenta dizer algo, mas eu o interrompo.
  - Uh, baby, assim eu acabo virando manteiga derretida. E sua família deve estar nos esperando. – digo e o beijo. Abro a porta do Fox e saio. faz o mesmo.
   abre a porta da casa e nós entramos. Elena pula em meu colo.
  - ! – ela grita euforicamente e me abraça.
  - Lena! Oi, pequena. Tudo bem com você? – digo docemente.
  - Sim! – ela responde e olha meu vestido azul petróleo médio combinado com uma trança caindo sobre o ombro direito. – Aaaah! Você parece uma princesa dos contos de fadas que a Kace lê pra mim de noite! Combina com os seus olhos!
  - Mas ela é uma. – diz rapidamente e sorri para a irmãzinha.
  - Obrigada, meu anjo. Você parece uma fadinha. A mais linda de tooodo o reino. – digo e a abraço. Lena pula sobe as escadas rapidamente, o vestidinho purpúreo sem mangas com uma faixa branca na cintura decorando o corpinho da garota.
  - Onde estão seus pais e Kace? – pergunto a no mesmo momento em que uma elegante senhora magra de cabelos pretos puxados para trás em um coque alto com um blazer bege e uma saia preta e meia calça preta desce as escadas, seguida por um senhor de cabelos brancos e uma jovem com um vestido médio vermelho cereja com um laço na lateral, os cabelos castanhos de lado pousando no ombro. Elizabeth B. , a mãe, Roger , o pai, e Kace, a irmã do meio. Eu já disse que tem uma família linda?
  - . Boa noite, querida. – diz Elizabeth enquanto todos se sentam a mesa.
  - Boa noite, sra., sr., Kace. – digo e eu e nos sentamos ao lado de Lena. – É ótimo estar aqui novamente.
  - Que bom que isto lhe agrada. Bem... Vamos comer! – ela diz animada – ANGELINA! – Elizabeth chama a empregada.
  Angelina deposita as panelas na mesa e se retira. Nos servimos e comemos.
  - Queridos, se não se importam, é hora do xadrez. – Elizabeth pega a mão de Roger e os dois se retiram. As empregadas logo arrumam a mesa. Toda noite, os pais de jogam xadrez após o jantar. Lena pede para Kace brincar com ela e as duas sobem para o quarto de Elena.
  - Será que dessa vez eu posso conhecer a casa? – pergunto a . Da última vez, não pude ver nada porque tinha que trabalhar. Ele pega a minha mão e me leva até seu quarto.
  Me sento na cama e ele fica ao meu lado. Vejo um envelope embolorado no canto da escrivaninha. Me aproximo e leio o nome do remetente.
  James Wood
  Roma Publicidade - 2008
  Para meu querido amigo . Trabalho muito bem feito. Um adorável e experiente sócio.
  Deixo o envelope cair no chão quando termino de ler. Cinco anos atrás meu pai foi assassinado em casa. A polícia nunca descobriu o culpado. Mas de uma coisa eles tinham certeza: James Wood estava envolvido. Meses depois, a tal “Roma Publicidade” foi investigada. Não era uma empresa publicitária, e sim uma rede de assassinatos. Assassinos eram contratados, e os alvos eram escolhidos pelos clientes.
  “Trabalho muito bem feito. Um adorável e experiente sócio.”
  Desabo no chão. Wood foi apontado como proprietário da Roma Publicidade. E recebeu uma carta do sujeito, dizendo que seu trabalho foi muito bem feito, e que era um adorável e experiente sócio.
  - Debby? Está tudo bem? – se ajoelha ao meu lado – O que é que você viu, para estar tão abalada assim?
  Pego o envelope e coloco em suas mãos. Ele me olha confuso.
  - , faz cinco anos que meu pai foi assassinado. O assassino não foi encontrado, mas James Wood estava envolvido. Roma Publicidade foi investigada e descobriu-se que era uma rede de assassinos. Saiu em todo lugar. E você recebe uma carta de Wood no mesmo ano da morte de papai. ”Um adorável e experiente sócio”. – digo, em meio as lágrimas – Me diga, por favor, que você não é o assassino do meu pai. Me diga que eu não me apaixonei por alguém cruel e sem coração.
  A expressão de está indo de preocupação a raiva.
  - Olha, , eu posso explicar. – ele diz suavemente – Na época em que Wood me contratou, eu não sabia nada sobre a Roma. Eu apenas fiz o design do cartão e do site deles, nada mais. Eu juro.
  Levanto a cabeça, olhando em seus olhos. Estão vermelhos, como se ele estivesse prendendo as lágrimas. Talvez ele esteja dizendo a verdade. Porque os cartões e site da Roma Publicidade teriam que aparentar ser de uma empresa publicitária normal, talvez com algum slogan que representasse a verdade sem deixar ninguém perceber. Seco as lágrimas e sorrio.

  - Eu... Eu acredito em você. Porque eles teriam que aparentar ser publicitários, não é mesmo? Oh, como eu fui idiota. Extremamente idiota. – sussurro.
  - Não, não. Sabia que você é perfeita? – ele sussurra delicadamente em meu ouvido. Envolvo nós dois em um abraço apertado.
  - Me desculpa! Me desculpa mesmo, eu tenho cada ideia! Me perdoa por ter desconfiado de você! – as lágrimas voltam – Por favor.
  - Mas é óbvio que sim. Como eu podia negar esse pedido? – ele diz, colocando minha franja atrás da orelha. Beijo longamente. – Vamos sair daqui, certo?
  Balanço a cabeça em concordância e vamos até a sala de TV. Vemos Friends e ele me deixa em casa.
  Subo até meu quarto, me dispo e me enfio debaixo das cobertas. A noite foi longa após aquele momento no quarto com o envelope. Minha cabeça dói. Fecho os olhos, e a última coisa de que me lembro é de estar quase morrendo de dor.

Capítulo Três – Lies (Música do capítulo: McFLY - Lies)

   ’s P.O.V
  A mentira machuca. A mentira destrói. O choro, a dor, a destruição, o ódio, a discussão, a traição... Todos envolvidos. Um tiro que sai pela culatra. O amor mais puro é aquele sem mentiras. Poderia uma mentira formar um firme laço entre duas pessoas?
  O que eu fiz? Eu deveria ter jogado aquele envelope no lixo no mesmo dia em que recebi! Eu menti para a minha pequena e ainda a fiz chorar. Eu sou um grande idiota. Estúpido.
  Me jogo na cama e suspiro. Alguém abre a porta e consigo enxergar os cabelos brancos de meu pai. Ele se senta ao meu lado e fecha a porta, nos deixando completamente no escuro.
  -
.   - Sim?
  - O que aconteceu hoje? Com a garota. Ela saiu daqui parecendo completamente abalada. Os olhos estavam vermelhos. E eu vim te procurar faz um tempo, e encontrei a carta do Wood jogada no chão. Ela... ela sabe?
  - Não! Eu nunca deixaria que ela soubesse sobre Wood. Ela só leu o envelope, só isso. E aí ficou muito abalada porque o pai tinha sido assassinado no mesmo ano que recebi a carta, toda aquela história da rede de assassinos... o senhor... o senhor sabe, não é? Teve uma crise de choro. Mas eu não acho que...
  - Nem sequer pense nisso! – papai arregalou os olhos castanhos – Ela nunca poderia achar isso.
  - Bem, foi isso. Mexeu com ela, mas não foi nada além disso. Será que eu posso ficar sozinho um pouco agora? – digo e ele se retira.
  Deito e me cubro. Estou a ponto de congelar.

  Better run for cover
  (Melhor correr por proteção)
  You’re a hurricane full of lies
  (Você é um furacão feito de mentiras)
  And the way you’re heading
  (E do jeito que você está indo)
  No one's getting out alive
  (Ninguém sairá daqui vivo)
  So do us all a favor
  (Então nos faça um favor)
  Would you find somebody else to blame?
  (Você pode encontrar alguém mais para culpar?)
  Cause your words are like bullets and i’m
  (Porque as suas palavras são como balas)
  The way your weapons aim
  (E eu sou a mira da sua arma)

  Ligo o abajur e pego o envelope em cima da escrivaninha. Retiro o papel de dentro, junto com vários dólares presos por um elástico. Leio a carta.
  Olá, ! Acho que te contratarei mais vezes... adorei o design e o bônus que veio junto com ele. Estou muito feliz por ter finalmente encontrado alguém experiente como você. Aí estão os seus desejados nove mil dólares.
  James Wood, publicitário.
  Roma Publicidade – 2008

  Arremesso a carta na lixeira. Retiro o elástico do dinheiro e conto. Nove mil dólares, como prometido. Ah, por favor! Quem é que pagaria nove mil dólares por um design? Pego o telefone furiosamente e disco o número de Wood.
  - Alô?
  - Olá, Wood. Aqui é .
  - ! Sinto muito, mas não posso lhe oferecer trabalho de novo...
  - Como? Eu não quero nunca mais trabalhar com você e os seus funcionários imundos. Lembra da grana que você me prometeu? – gargalho e pigarreio.
  - Eu já te paguei, imprestável. – ele responde e eu rio friamente.
  - Eu não quero o dinheiro de um velho sujo e cruel. Tem certeza de que eu sou o imprestável?
  - O que é que você quer então?
  - As sete da manhã, na casa incendiada do velho Peter Johnson.
  - Hum... veremos. – ele diz e desliga.

  Abro os olhos e a luz da manhã entra por uma fresta na janela. Me levanto e me visto. Abro as janelas e saio do quarto, o dinheiro de Wood guardado cuidadosamente em uma maleta preta e velha. Desço as escadas e me sento à mesa. Como uma torrada e bebo um pouco de café puro.
  Vou até o local combinado e lá está ele, o velho Wood. Ele usa uma calça cáqui e uma camiseta azul. Ele carrega um estilete na mão esquerda. A barba está longa e o cabelo despenteado. Ele me parece meio... bêbado. Uau, então é isso que aconteceu com James Wood. Ele passou de um grande publicitário com roupas de marca, maletas carregadas de dinheiro, cigarros e champagne para um velho de cabelos brancos com roupas rasgadas e sujas e bêbado. Gargalho escandalosamente. Me aproximo.
  - Ora, ora, ora... que é que aconteceu com o grande e poderoso Wood? – rio.
  - Falência, meu amigo. – ele responde.
  - Espero que nove mil dólares sejam úteis para você ficar um pouco mais... decente. E que é isto aí na sua mão? – pergunto.
  - Um estilete. Para o caso de você estar preocupado com a hipótese de que a sua pobre e doce descubra a sua relação comigo e querer me matar. Você pode até ter feito um grandioso trabalho, mas aqui eu ganho. – ele diz debilmente. Seu hálito cheira a pinga e cachorro molhado. Me afasto. – Então? Quero a minha grana.
  - Acho melhor escovar os dentes pelo menos antes de querer negociar outra vez, certo? Ah, o dinheiro. – digo – Mas larga o estilete primeiro.
  - Tá legal. Mas não se esqueça de que eu sou rápido. – avisa e larga o estilete – Agora me dá.
  Entrego a maleta cuidadosamente.
  - Agora some e não fala meu nome nunca mais. Esquece o que aconteceu, e esquece que eu existo, se não quiser repetir a dose.
  Cambaleando, ele vai embora e me deixa sozinho no lugar que um dia fora a casa de uma família.

Capítulo Quatro - Fire

  "So i'm putting my defenses up...", cantarola Vanessa Hart, minha melhor amiga, enquanto jogo o chocolate em pó na panela.
  "Cause i don't wanna fail in love!" grito o trecho de Heart Attack, passando o prato com brigadeiro para a geladeira.
  "If i ever did that... I think'd i have a heart attack!" Nessa grita mais alto do que a própria Demi.
  - AI MEUS TÍMPANOS, NESSA! DOI-DA! - exclamo aos risos e bato a colher de pau em sua cabeça. Seus cachos avermelhados dançam ao redor de sua bela face - Não tem amor à vida?
  - Esquentadinha! - ri ela - Olha seu prato lá na mesa, gorda.
  - Gorda mesmo. - digo e me sento na cadeira, comendo o macarrão ao molho branco.
  - Hm, - resmunga - lembra do Derek Parker?
  - Sim - rolo os olhos.
  - Ele e a trouxa da Danielle se casaram... COI-TA-DA.
  - AI. MEU. DEUS. É sério isso? - digo - Será que os chifres dela já cresceram?
  - Você devia ter dado um belo chute nas partes baixas dele naquele dia! - diz, aos risos.
  - E você acha que eu não fiz isso? - gargalho e trocamos um high-five.
  Engulo o suco de laranja e deixamos a louça na pia. O telefone toca e eu corro para atender.
  - Alô? - arranho a madeira clara da prateleira rústica.
  - Olá, ! - exclama uma voz rouca do outro lado da linha - Cuidado com quem você ama... você corre perigo ao lado de certas pessoas. Podem parecer doces e belas, mas na verdade são assassinos cruéis e insensatos que fariam qualquer coisa por nove mil dólares. Cuidado, minha querida, ou acabará como seu pai. - as palavras assassinos e pai me surpreendem.
  - Quem... quem diabos é você? O que sabe sobre meu pai? Como sabe meu telefone? - pergunto.
  - Ah, meu bem... Eu sou James Wood - um arrepio percorre meu corpo, como um choque elétrico, dez vezes mais forte, e Nessa está apavorada - Como eu não saberia o telefone da casa do velho papaizinho?
  - WOOD! O que você quer? O quer dizer com "cuidado com quem você ama"? - sussuro e ouço uma gargalhada.
  - Apenas tome cuidado. Nove mil dólares. - diz e desliga. Uma pequena poça de lágrimas se forma em minhas mãos.
  - O QUE ELE QUERIA? - Nessa diz.
  - Me disse para ter cuidado com que eu amo, corro perigo. Que assassino cruéis fariam qualquer coisa por nove mil dólares. Ter cuidado com quem amo, ou acabar como meu pai. - digo, respirando fundo.
  - ... você não acha que...
  - NÃO! NUN-CA.
  - Tá né... - resmunga e passa as mãos no cabelo - Esquece isso, vamos.

  Tomo um gole de meu Choco Chip Frappuccino gigante Starbucks quando adentra o estabelecimento. A garçonete entrega um prato cheio de cookies e agradeço. a chama.
  - Um Macchiato, por favor. - pede e ela faz que sim com a cabeça, os cabelos loiros no estilo "joãozinho" decorando o rosto jovem. Caramba, ela é a Emma Watson. Só que mais nova. Sorrio.
  - E então, por que me chamou aqui? - ele pergunta e eu batuco os dedos na mesa de vidro.
  - Eu te chamei aqui por que estou carente! - digo - Mentira. , quanto você recebeu da Roma pelo design?
  - Ahn... quatrocentos e vinte e nove dólares. - ele arranha uma mão com o indicador da outra. E ele só faz isso quando está nervoso.
  - Arranhando a mão outra vez? Mentiroso. Quero a verdade.
  - Tá bom. - suspira e morde um cookie com gotas de chocolate nervosamente - Nove mil dólares - diz e toma um gole de seu Macchiato que acabou de chegar.
  - Hmm... me fale sobre o seu trabalho. - digo, arrancando uma gota de chocolate de um cookie que mordi pela metade. Arranhando a mão. De novo.
  - Hã... montagens com fotos de pontos turísticos da Roma, várias coisas... sabe, deu um trabalhão. - ele arranha mais forte, deixando uma marca vermelha.
  - Deve ter ficado maravilhoso. - digo e sorrio, tomando um gole de meu Frappuccino novamente - Mas... Quem é que pagaria nove mil dólares por um design?
  - Er... Wood. Ele pagou. - parece apavorado. E não apavorado do tipo que não cumpriu a meta de vendas e vai ser despedido, mas apavorado do tipo que acaba de matar alguém e foi desmacarado. Epa. Acaba de matar alguém e foi desmacarado?
  - Diga-me: tem certeza de que não fez um servicinho a mais? - continuo - Você está apavorado. Mais do que no dia do incidente com o envelope...
  - Você está desconfiando de mim? - ele diz - Eu simplesmente não acredito nisso. - sussura.
  - Enquanto não me falar a verdade, eu não falo com você. E a propósito, deixo a conta para você. - me levanto com a bebida e o pratinho de cookies na mão e os levo até o balcão, antes beijando sua bochecha corada.
  - Pode embalar os cookies para viagem? Ah, e acrescenta um muffin de queijo parmesão, blueberry e chocolate, por favor? Aquele moço que estava sentado comigo paga a conta, ok? - digo para Emma Watson jovem.
  - Sim, senhora. Parmesão, Blueberry e Chocolate - repete e embala tudo rapidamente, me entregando. - Aqui está. Volte sempre!
  - Pode deixar, Emma Watson. - rimos - Obrigada. - saio do ambiente e quase congelo com o frio de fora. Aperto o pacote contra meu corpo aquecido pelo blusão de lã em tons caramelo. Tomo um gole da bebida.
   estava escondendo alguma coisa. E eu vou descobrir. Lágrimas aquecem meu rosto e as enxugo.
  "Stay strong cause you're unbroken", repito mentalmente a frase de Demi Lovato. É isso aí, stay strong. Você é inquebrável.

Capítulo Cinco - No Air (Música do capítulo: Jordin Sparks feat. Chris Brown - No Air)

  "Porque, às vezes acontecem coisas com as pessoas com as quais elas não estão preparadas para lidar." coloco o marca-páginas na página de Em Chamas e fecho o livro. Pego o pote cheio de cookies e coloco na bolsa. Coloco a trança desestruturada por cima do ombro e faço um traço gatinho com delineador nos olhos e passo um gloss de cereja. Me olho no espelho e saio de casa, indo até a casa de .
  "Toc toc", bato na porta branca e Kacey abre.
  - ! Lena estava doidinha esperando por você. Entra! - diz e me puxa para dentro.
  - VOCÊ VEIO! - grita Elena.
  - Eu prometi, não prometi? - digo, pegando - a no colo quando me sento no sofá branco - E eu trouxe cookies! - digo e dou o pote a ela.
  - Cookies! - Lena sorri.
  - está lá em cima. Quer que eu chame ele? - pergunta Kace.
  - Não, não precisa. Lena me fará compania. - digo rapidamente.
  E no mesmo momento ele desce as escadas. Está lindo, com uma pólo branca e um jeans desbotado. Suspiro.
  - ! trouxe cookies! - diz Elena.
  - Hum, oi Lena, você... ?
  - Oi. Lena, que tal me mostrar onde é o banheiro? Enquanto eu vou lá você acha uns brinquedos bem legais. Pode ser? - digo.
  - Sim! - diz e sobe as escadas. Subo junto e vou até o banheiro.
  Deslizo até o piso branco e preto e suspiro. Do nada, entra no cômodo. Me levanto de súbito. Oh shit! A porta.
  - Que foi? - pergunto.
  - Volta ao normal, por favor. Isso é ridículo. - pede.
  - Tão ridículo quanto mentir na cara dura para a namorada. - rebato.
  - Eu falei a verdade.
  - Aham, e eu sou a Alexandra Daddario. - resmungo e ele se aproxima, colando nossos lábios. Soco - o com toda a força, mas é impossível derrubá-lo.
  Ele parte o beijo e eu dou um tapa em seu rosto.
  - Não chega perto de mim, Brad Pitt paraguaio. - saio do banheiro com lágrimas no rosto.Enxugo - as.

  Tell me how I supposed to breathe with no air
  (Me diga como devo respirar sem ar)
  Can't live, can't breathe with no air
  (Não posso viver, não posso respirar sem ar)
  That's how I feel whenever you ain't there
  (É como me sinto quando você não está aqui)
  It's no air, no air
  (Não há ar, sem ar)
  Got me out here in the water so deep
  (Me tire desta água tão funda)
  Tell me how you gonna be without me
  (Me diga como ficará sem mim)
  If you ain't there, I just can't breathe
  (Se você não está aqui, eu apenas não posso respirar)
  It's no air, no air
  (Não há ar, sem ar)

Capítulo Seis - A Year Without Rain

  Acordo quando meu celular berra Paramore. Me levanto rapidamente e visto um vestido salmão com saia peplum e calço sapatos de salto alto brancos. Faço uma trança espinha de peixe e me maqueio. Pego minha bolsa e vou até a KDesign.
  - O pacote A vem com layout do site, quinhentos cartões e 250 folders, no valor de 670 dólares. - digo para Sarah, de um escritório de advogacia.
  - Hum, então pode ser esse mesmo. Qual é prazo? - pergunta.
  - Vinte e um dias após o pedido, ou seja, dia 17. Algo específico? - respondo enquanto copio o formulário do papel para o notebook Apple rosa.
  - Não, não... e o pagamento?
  - Podemos fazer assim: divido o valor em três partes. A primeira você deposita no final da primeira semana, a segunda no final da segunda semana e a terceira recebe o mesmo esquema. Assim recebemos o valor quando estiver tudo pronto.
  - Ótimo! Então está fechado.
  - Ok. Hoje mesmo começo. - desligo o telefone.
  Abro o Photoshop e escuto um "toc toc".
  - Entra.
  - Com licença, sra. . - diz Lola Parillo, minha secretária. Ela se encosta na parede decorada com papéis de parede. Ao lado desta, há uma pintada de roxa com quadros com fotos de artistas famosos e queridos por mim. Lola segura uma caixinha em forma de coração e um buquê de rosas brancas. Ergo uma sombrancelha em sinal de confusão - Te mandaram isto aqui. Tem até um bilhetinho.
  - Uh, pode deixar em cima do sofá, querida. - digo - Mais alguma coisa?
  - Nada. Obrigada. - diz ela, colocando tudo no sofá verde - água e se retira.
  Me levanto e pego as coisas. Leio o bilhete.
  Para minha querida . Eu te amo.
  Com amor,
  

  Abro um sorriso torto e vejo o que a caixinha possui várias trufas ainda embaladas. Uma lágrima traiçoeira escorre por meu rosto. Ah, , penso. Por que faz isso comigo?
  Acesso meu e-mail e clico em "Enviar".
  De: @kdesign.com
  Para: @kdesign.com
  Anexo: selenagomezayearwithoutrain.mp3
  Me diga como eu vou respirar sem ar? Não me faça chorar outra vez.

  Ouço o "bipe" e me viro para a tela.
  De: @kdesign.com
  Para: @kdesign.com
  Anexo: payphonemaroon5.mp3
  Será que ainda sente o mesmo que eu? Ainda me ama? Meu ponto fraco é você.

  Suspiro e enxugo as lágrimas. Me viro e observo a paisagem de NY pela janela gigante. Rabisco o logo do escritório de advocacia em um bloquinho de papel com minha caneta verde.

  Prendo meu cabelo em um rabo-de-cavalo e passo limpo a saia peplum do vestido. Passo um gloss coral e saio do banheiro. Esbarro em alguém de terno e gravata verde-água.
  - Opa! Me desculpe! - exclamo e junto o fichário preto com um nome bordado em branco. - Eu re...
  - Eu é que peço desculpas! Sou desastrado mesmo. Perdoe-me... - diz e para ao me ver.
  - ... desculpe-me. - digo e entrego o objeto para me afastando rapidamente, apertando o penteado. - Shit. - sussuro.
  - Ei, precisa de carona? Tá chovendo muito lá fora. - ele me seguiu.
  - Eu...
  - Vamos... lembre-se de que minha casa é perto da sua... - insiste.
  - Tá, tá bom... quando você vai? - pergunto.
  - Agora mesmo.
  Entramos no carro e ele dirije. "Vá para casa. Já arranjei alguém. I'm sorry.xoxo, .", mando uma mensagem para Nessa, que viria me buscar.
  - Namorado novo?
  - Não sei... talvez.
  - Estava tãao machucada... tem certeza? - provoca.
  - Pois é... talvez alguém que não minta para mim... - rebato.
  - Ainda nisso?
  - Ainda. E você, ainda oferecendo carona apenas para encher o saco? - digo bem na hora em que saio do carro e piso na calçada de casa. - Muito obrigada por me fazer perder meu tempo.
  "Um dia sem você é como um ano sem chuva." - Selena Gomez, A Year Without Rain.

Capítulo Sete - Boss

  Aperto o coque frouxo em meus cabelos e mordo a caneta de tinta preta. Katherine Jones, a presidente, chefe e dona da KDesign entra toda toda na sala de reuniões gigante, depositando sua bolsa Gucci preta na prateleira rústica de madeira. Um dos homens de terno ao lado dela puxa a cadeira e ela se senta cruzando as pernas e pegando uns papéis que o outro lhe passa. Vasculho a mesa oval cheia de gente. Caroline Baxter, administradora financeira, está sentada na ponta. James Brown, vice-presidente, senta-se ao lado de Katherine. A sra. Yoshikawa, uma senhorinha velha japonesa, repousa na cadeira ao lado da minha. E está do lado de Brown.
  - Bonissímo dia. - diz Katherine - Chamei aqui apenas os melhores. Trataremos de um assunto muito importante.
  - Lá vem. - sussura a sra. Yoshikawa. - Pode até começar com a história do nome completo. "Mia Tamoki Yoshikawa!" - rola os olhos pequeninos e azuis.
  - Hã, senhora Yoshikawa, posso continuar? - diz Katherine.
  - Perdão.
  - Ok... eu irei me mudar para o Brasil. E quero alguém de confiança, alguém prestativo, para assumir a KDesign.
  - Ai meu Deus. - alguém deixa escapar. A voz se parece com a de Caroline.
  - E meu escolhido, melhor, minha escolhida é a senhorita . - diz e arregalo os olhos, fincando as unhas na madeira clara. Fixo meus olhos na janela atrás da sra. Yoshikawa.
  - Perdoe-me, mas eu ouvi direito? - digo, pasma.
  - Sim. Aceita?
  - Hã, er...sim. - sussuro, acanhada.
  - E meu escolhido para vice-presidente é . - quase cuspo a água que me foi piedosamente servida pela sra. Yoshikawa.
  - Mas nós já temos um vice! - protesto desesperadamente. Cabeças se viram em minha direção.
  - Ah, sim. James e eu estamos namorando. Ele irá junto comigo. - explica Katherine, com um sorrisinho maldito depois.
  - Muito obrigado pela escolha. - sorri , e eu quase avanço em cima dele para fincar minhas unhas naquele rostinho perfeito até deixar marcas.
  - Bom, a sra. Yoshikawa passará para administradora financeira, e Caroline... sinto muito, mas está demitida. - Caroline fica boquiaberta e se retira da sala. Katherine dá de ombros. - Que se dane. , já transferiram seus pertences para sua nova sala, exatamente como estavam. Sra. Yoshikawa e , o mesmo foi feito com vocês. E a partir de hoje, KDesign é Design. Parabéns a todos! - diz e se retira junto com todos, menos .
  - Parabéns, my boss. - diz e gargalha. Começo a ter pensamentos violentos demais.   - Obrigada. Quem disso que sou sua? Please. Parabéns, babe. - me retiro da sala e vou até meu novo escritório. Abro a porta.
  - Cara... - quase falo um palavrão. - É ENORME!
  As paredes são decoradas com grafiatto, papéis de parede e coisas que não sei o nome. O teto é maravilhosamente decorado com desenhos em relevo branco. Uma grande luminária tem destaque. Meu velho sofá está no canto, acompanhado por uma mesa circular preta com um vaso de rosas. Uma máquina de café e um filtro de água estão ao lado de minha mesa, agora com cadeiras amarronzadas em frente. Um abajur está em cima dela agora. Noto novos itens em cima de uma mesinha ao lado das máquinas: uma impressora HP novinha em folha e mais três notebooks empilhados.
  Me jogo na minha velha cadeira de couro preto.
  - Uau. Alguém me belisca.

Capítulo Oito - Killer (Música do capítulo: Payphone, Maroon5.)

  - Não grite, não me bata, e não chore loucamente. Prometa. - diz . Observo o logo do Starbucks de longe na parede enquanto ele toma um gole de seu Mocha.
  - Por que eu faria isto? Tá, eu prometo não chorar loucamente, não gritar ou lhe bater. - suspiro longamente enquanto mordo um muffin.
  - Eu fiz parte do esquema da Roma.
  - COMO? - sussuro gravemente e a bile sobe por minha garganta.
  - Três assassinatos. Nove mil dólares e sete mil dólares.
  - Meu Deus!
  - E eu... eu matei seu pai. - sussura, lágrimas molhando sua face.
  - Meu pai? - lágrimas encharcam meu rosto.
  - Seu pai, em casa. Peter Johnson e sua casa incendiada. Andréa Colucci e sua overdose no Le Chef Français.
  - Eu estava jantando lá com papai neste dia!
  - Ele ouviu os gritos de Colucci e ficou olhando para nossa mesa. Wood percebeu e ordenou que eu o matasse.
  - E você fez tudo isto a sangue frio? - as lágrimas aquecem meu rosto e salgam minha língua.
  - Eu precisava. Minha família estava pobre, não tínhamos o que comer!
  - Sabe, não me interessa. Podia ter arranjado um emprego, sei lá! Mas isto? NUNCA! Dane-se você e sua crueldade. Dane-se se veio me matar ou se me ama. Porque se realmente me amasse, teria falado a verdade desde o começo. Teria arranjado um jeito. Porque quem ama, nunca machuca deste jeito. - digo e pago minha conta, saindo do Starbucks.
  - MALDITO! MALDITO, MALDITO, MALDITO, MALDITO! - grito no frio para o vento. - É UM MALDITO!ASSASSINO MALDITO!INSENSÍVEL!MALDITO! - tenho um ataque de loucura misturado com todo o choro que segurei durante toda a vida. NÃO! Eu não estou chorando! Eu não choro! Aprendi a ser forte desde pequenininha, segurando as lágrimas, reprimindo ataques. E tudo isso... agora se libertou mais forte ainda.
  "Estou indo aí. Prepare-se para aguentar uma débil com o coração em cinzas.", mando uma mensagem para Nessa e logo recebo outra.
  "EI!", . MAL-DI-TO SEJA VOCÊ.
  "Você aí! É um pedaço do meu rabão, ão, ão, ão! Me ama? Pode até fazer standup agora.", respondo.
  Entro no carro e dirijo como uma bêbada.

  I'm at a payphone trying to call home
  (Estou em um telefone público tentando ligar para casa)
  All of my change I spent on you
  (Gastei todo meu dinheiro com você)
  Where have the times gone, baby it's all wrong
  (Para onde foram nossos momentos, baby tudo está errado)
  Where are the plans we made for two
  (Onde estão nossos planos)

  Yeah, I, I know it's hard to remember
  (Yeah, eu, eu sei que é difícil de recordar)
  The people we used to be
  (As pessoas que costumávamos ser)
  It's even harder to picture
  (E é ainda mais difícil imaginar)
  That you're not here next to me
  (Que você não aqui perto de mim)
  You said it's too late to make it
  (Você diz que é tarde demais para fazer isso)
  But is it too late to try?
  (Mas é tarde demais para tentar?)
  And in our time that you wasted
  (E o nosso tempo que você desperdiçou)
  All of our bridges burned down
  (Todas as nossas pontes destruídas)

  I've wasted my nights
  (Eu desperdicei minhas noites)
  You turned out the lights
  (Você apagou as luzes)
  Now I'm paralyzed
  (Agora estou paralisado)
  Still stuck in that time when we called it love
  (Ainda preso naquelo tempo em que chamávamos isto de amor)
  But even the sun sets in paradise
  (Mas até o sol se põe no paraíso)

"Porque, às vezes, acontecem coisas com as pessoas com quais elas não estão preparadas para lidar." Em Chamas, Suzanne Collins.

Capítulo Nove - My Best Friend Ever

  Tomo um bom gole do chocolate quente oferecido por Nessa enquanto aperto mais a cobertinha em volta de meu corpo. O líquido queima minha garganta, mas ligo. Para o quê diabos eu irei ligar agora? Nada. Nada mais me interessa nessa vida. A luz que trouxe, se foi. "Eu desperdicei minhas noites, você apagou as luzes.", Maroon5.
  - Eu simplesmente tenho ódio dele. - suspiro e enxugo as lágrimas.
  - Poxa, .E eu nem sei o que dizer! - critica-se Nessa.
  - Nem eu sei o que dizer!
  - Quer dormir aqui hoje?
  - Eu não...
  - Te empresto um pijama bem quente que tenho. Pode dormir na mesma cama que eu. Tenho pares de roupas, bolsas, sapatos e pantufas. - diz ela, interrompendo a clássica desculpa.
  - Tá né...
  - Quer ver um filme? Deixa eu ver o que tá passando no Telecine.
  O filme está começando. Vejo o nome do filme na tela. Lado A Lado Com O Amor. WHAT THE FUCK? Legal, agora cadê as câmeras? Pode mostrar, já saquei! Droga.
  - Não, não. Obrigada, Nessa, mas eu acho que preciso é dormir. - digo e me arrasto para a cama, me embolando em mais uma coberta. Me encolho e sorrio torto, fechando os olhos. Parabéns, mundo, por ser tão idiota.

  - THINK YOU MADE YOUR GREASTEST MISTAKE, I'M NOT GONNA CALL THIS A BREAK, THINK YOU REALLY BLEW IT THIS TIME, THINK YOU COULD WALK ON SUCH A THIN LINE... - berra Nessa o trecho de Mistake em meu ouvido.
  - WON'T BE TAKING YOUR MIDNIGHT CALLS, IGNORE THE ROCKS YOU THROW AT MY WALL, I SEE IT WRITTEN ON YOUR FACE, YOU KNOW YOU MADE IT, YOUR GREASTEST MISTAKEEEEEEEEEE! - berro até acordar toda a vizinhança e caímos na risada.
  - Sua vaca desmamada feiosa! - rio e me levanto num pulo, meio grogue. - Cadê meu café, empregada? Vou reduzir seu salário!
  - Uh, mademoiselle, me desculpe, minha senhora. MAS É QUE EU TENHO QUE MORRER E NASCER DE NOVO PRA VIRAR SUA EMPREGADA! - pula em cima de mim e caímos na gargalhada. - Mentira, fiz sim. Ovos com bacon e suco de laranja!
  - Que perfeição, caramba. - digo enquanto comemos.
  - Eu tinha falado que você era uma gorda. - ela estica os braços ao máximo - Axim ó, pior do que a Dona Redonda! - diz com a boca cheia.
  - Para! Vou ficar traumatizada desse jeito! - finjo chorar melodramáticamente. E olha que eu sou boa nisso. Não boa, boa. Mas muito, muito boa.
  - Não! Ai, que que eu fiz! Me desculpa, por favor! - desesperada, Nessa entra em pânico.
  - RÁ! Bobona. Te peguei.
  - Tonta!
  - Débil.
  - Máquina de xerox.
  - Bestante da Capital.
  - Dementadora de quinta.
  - Fúria.
  E foi assim, que eu comecei a minha melhor manhã depois de algo terrível.

Capítulo Dez - Our Song

  Apartamento de Vanessa Hart, Nova York, 15:43.

  - Nessa!Tive uma ideia de gênia! - grito, puxando de suas mãos o bloco de papel. Pego uma caneta roxa qualquer na escrivaninha e me sento ao seu lado no sofá.
  - Que é agora? - pergunta, revirando os olhos e colocando o cabelo ruivo de lado.   - Músicas, gatinha, músicas.   Começo a escrever no papel balançando os pés acompanhados por uma sapatilha velha preta.

  Criminal
  (Criminoso)
  You were the light at the end of the tunnel
  (Você foi a luz no fim do túnel)
  All I needed
  (Tudo o que eu precisava)
  All my time spent with you
  (Todo o meu tempo foi gasto com você)
  Happiness consumed me
  (A felicidade consumiu)
  As a helpless animal
  (Como um animal indefeso)
  Near an experienced hunter
  (Perto de um caçador experiente)
  I fell into their trap
  (Eu caí na sua armadilha)
  No mercy, you took me to heaven
  (Sem piedade, você me levou até o paraíso)
  Only after I shoot 'deeper well
  (Apenas para depois me jogar no poço mais fundo)
  Where you thought I would never leave
  (De onde você achava que eu nunca sairia)
  But now I know
  (Mas agora eu sei)
  I'm stirring up with all my strength
  (Estou me levantando com toda a minha força)
  Now look at me
  (Olhe para mim agora)
  The chains are now on the ground
  (As correntes estão no chão)
  Where are you now
  (Onde está você agora)
  Do not hide
  (Não se esconda)
  I know you're there
  (Eu sei que você está aí)
  Who's laughing now
  (Quem está rindo agora)
  You turned off the lights
  (Você apagou as luzes)
  But I still managed to get free
  (Mas eu consegui me libertar)
  Do not hide, where are you now?
  (Não se esconda, onde está você agora?)

  [N/A]:Composição por Duda Everdeen, não foi retirado de nenhum álbum de qualquer artista.

  - ! Isso é incrível! - grita Nessa, me abraçando.
  - Obrigada! É como se eu tivesse desabafado. Botado tudo pra fora. - digo, sorrindo.
  - Como irá se chamar?
  - Our Song. Nossa canção. A verdade. - respondo e suspiro.
   Hey, baby, do not hide, where are you now?

Capítulo Onze - Onde está o amor agora?

  Ajusto um layout aqui e ali quando Lola Parillo, minha secretária linda e divina com seu corpo curvilíneo em skinnys mega - apertadas e seus coletes no maior estilo boyfriend londrino entra na sala. Ai, ai, que dor de cotovelo...
  - Bom dia, ! - diz animadamente - Tem alguém querendo te ver!
  - Hã... Bom dia, Lola. Mande entrar.
  Lola sai da sala gigantesca, esbarrando sem querer em uma das poltronas de veludo vermelho sangue, e entra fechando a porta atrás de si cuidadosamente. Se aproxima de fininho e eu sorrio irônica e irritadamente.
  - Que é, vai me matar agora? - digo e jogo a cabeça para trás rindo escandalosamente.
  - Você já está me matando. - ouço a resposta e lhe mostro um de meus melhores sorrisos tortos.
  - Assim como você matou meu pai a sangue frio, deixando uma garota indefesa orfã? - rebato e me levanto, apoiando - me na mesa. - Então espero que esteja doendo bastante.
  - O que há de errado com você? - diz, surpreso, os olhos verdes se arregalando.
  - O que há de errado comigo? Não sei. Talvez algo parecido com o que você sentiu ao matar Johnson, Colucci e meu pai, tantas outras pessoas talvez, sem nem pensar naqueles que ficariam sozinhos, em depressão por meses, para depois se tornarem fortes. Eu tive que me tornar forte, inquebrável. E talvez esteja sentindo algo que não tem nada a ver com amor ou piedade. - me altero, dizendo cada palavra longa e rudemente para que se fixem na mente daquele que eu amei, e que me enganou, me fazendo de boba.
  - Eu nunca te machucaria. Sabe disso. - retruca, cabisbaixo.
  - Sei mesmo? Não posso ter certeza disso quando se trata de você.
  - Quando se trata de mim? Onde está o seu amor agora?
  - Realmente, eu não sei e nem quero saber. Eu é que pergunto. Talvez no túmulo daqueles que você matou cruelmente. , ... Onde está o amor agora? - digo jogando - lhe um papel arroxeado. Our song. - Talvez aí esteja a resposta.
  - Eu também sei jogar esse jogo. - diz se virando quando abro a porta.
  - Então você quer jogar? Prepare-se, perdedor.

  Fúria. É isto o que sinto. Fúria. Fúria por tudo que você me fez. Por me fazer de idiota. Por acender e depois apagar as luzes. Por dar - me a felicidade e depois arrancá-la de mim. Por levar-me ao paraíso e depois me jogar no poço mais profundo. Por ser quem você é. Por ser você.
  Mas o pior de tudo é eu ainda o amo. Por mais que eu negue, tente esquecer, não consigo. Amo um assassino. Um assassino que se escondeu este tempo todo. Mas agora as máscaras caíram. Maldições foram jogadas sobre você. Corações foram partidos. Incluindo, especialmente, o meu. Mas eu não consigo te odiar. E onde quer que você esteja agora, eu apenas desejo que esteja feliz e em segurança. Porque, mesmo com tudo o que me fez, eu ainda gosto de você.

Capítulo Doze - Party

   's POV
  Residência de , Nova York, 21:47.

  Fecho o zíper da jaqueta de couro preta desbotada. Coloco a faca de plástico no bolso e dou uma última olhada no espelho. Killer. Que fantasia irônica, não é mesmo?
  Fazer o quê, se disse que a festa da Design seria à fantasia. Qual será a sua fantasia? Saio de casa e dirijo até o grande salão Le Temple des Masques. "O Salão das Máscaras". Que nome estranho, . O Universo conspira para que eu mate logo.

  - E aí gatinha, tudo bem? - diz um cara bêbado a Gabriela Forbes, uma das melhores designers. Loira, olhos azuis, mas magrela. Todos se interessam por ela, mas sempre achei as outras mais bonitas. Tipo , ou Lola. São sempre as loiras de olhos azuis ou verdes e blablabla. Bêbado, nas primeiras horas? Eu simplesmente não mereço isso. - Vem dançar.
  - Que tal escovar os dentes antes? - diz ela e se afasta. Os amigos se cutucam e riem escandalosamente, dizendo "Essa doeu até em mim". Todos eles estão isolados em um canto, graças a Deus.
  , sra. Yoshikawa, Lola e mais alguns que não conheço estão na área VIP, em cima de todos. Subo até lá e vejo o que acontece: Alguns dançam na pista, como , outros ficam no bar, e o resto sentado nas mesas, observando. Reconheço quem dança com . . Seu meio-irmão, Gabriel Black, dança com Lola. O ritmo é animado, e eles parecem tão entrosados...
  A música acaba e eles se sentam, exceto . Ela se dirige ao microfone e retira a máscara de mulher - gata. Linda.
  "Sejam Bem Vindos a nossa festa!", começa com um sorriso maroto.
  - Esta é uma nova era para todos nós. Aproveitem suas fantasias, porque esta noite as máscaras cairão. Queria agradecer a Katherine Jones por ter me dado esta grande oportunidade. Muito obrigada por estarem aqui, aproveitem a festa! - diz e recebe uma salva de palmas.
  Ela está dançando com quando me aproximo e a tomo dele.
  - Com licença, esta aqui ela dança comigo. - digo e sorrio.
  - Como? - diz e começa a dançar. Isto me parece o dia em que lhe pedi uma chance - Eu estava muito bem com o , sabia? - diz e pisa no meu pé propositalmente.
  - Ah, por favor. Eu sei que você gostaria de estar comigo em todo momento, não me engana.
  - Não, obrigada. Prefiro a compania de alguém educado do que um assassino. - rebate e eu me surpreendo. - Não faça seus jogos idiotas.
  "Prepare-se, perdedor.", relembro suas palavras. Seus olhos ardiam como fogo. A fúria estava dominando-a. Ela estava em chamas.
  - O meu único jogo é...
  E então ela o faz. Puxa meu rosto com violência para perto do seu e cola nossos lábios, suas mãos afagando meus cabelos inutilmente. Nos separamos, os olhos de ambos arregalados.
  - Vo... - tento dizer.
  - Eu não tinha outro jeito de calar a sua boca, não significa nada. - diz, se soltando de meus braços e se voltando para , encostado num canto com sua fantasia de Coringa. Pego em seu braço com firmeza e a encaro.
  - Você ainda se preocupa comigo, não é? - pergunto - Não é?   - Eu... sim, eu me preocupo com você. - diz e sai correndo.

   's POV
  - Me desculpe por hoje. - digo a enquanto ele coloca seu blazer sob meus ombros e abre a porta do carro para mim.
  - Ah, aquilo? Não foi nada. Eu sei que vocês estão numa fase meio que difícil... - diz delicadamente e começa a dirigir na chuva.
  - Hã? Ah, sim. Ninguém sabe o que eu estou passando. - suspiro e olho pela janela.
  - Talvez alguém possa te fazer esquecer de tudo. - diz, pegando em minha mão, a outra no volante. Ergo os olhos para seu rosto. Os cachos loiros, a pele pálida e seus lábios vermelhos. A sinceridade, elegância, compreensão, educação, o cavalheirismo. Solto sua mão rapidamente. Lembre-se da última vez em que você acreditou nisto, penso. Lembre - se do que ele disse. E do que está passando agora.
  - Uh, eu não sei. Talvez. - digo e sorrio.
  Eu já fui alvo desse feitiço uma vez, meu querido.

Capítulo Treze - Remember We. (Música do Capítulo - Remember December, Demi Lovato.)

  Mordisco uma batata frita McDonald's enquanto Nessa calça o sneaker dourado que eu, particularmente, acho horrível. Reviro os olhos
  - E olha que está baratíssimo! - diz a vendedora loura com um rabo de cavalo super apertado e os dentes da Mônica. Rio alto e debilmente.
  - Que foi? - pergunta.
  - Ahn? Ah, é que eu lembrei de uma piada muito engraçada!
  - Aaaah... - arrasta a palavra.
  - Um, er... vou olhar a vitrine.
  Olho atentamente a vitrine, meus olhos passando de um sapato para o outro.
  - Lindos, não? - diz Vanessa do meu lado. Ela contorna um sapato de spikes com o dedo pequeno e fino no vidro. Meus olhos focalizam algo diferente na vitrine ao lado. Um sapato verde, da cor dos olhos de . E é tão lindo.

  Calço o sapato e ando com ele um pouco. Sorrio. Outra vendedora, com os cabelos ruivos dançando em volta do rosto fino quando ela se mexe e sorri para mim, coloca o sapato na caixa.
  - Vou levar. Nessa, pode pagar para mim? Preciso de um pouco de ar. - digo e lhe entrego o dinheiro. Me sento em um dos bancos da praça de alimentação ali perto.
  Suspiro. É assim e sempre será. O amor irá me lembrar de você, por maiores que sejam as mágoas e pior o sofrimento.

  You said,
  (Você disse,)
  You wouldn't let them change your mind
  (Não deixaria que eles mudassem sua mente)
  'Cause when we're together
  (Porque quando estamos juntos)
  Fire melts the ice
  (O fogo derrete o gelo)

  Our hearts are both on overdrive
  (Nossos corações estão descontrolados)
  Come with me
  (Venha comigo)
  Let's run tonight
  (Vamos fugir esta noite)
  Don't let
  (Não deixe)
  These memories get left behind
  (Essas memórias ficarem para trás)

  Don't surrender, surrender,
  (Não se entregue, entregue)
  Surrender
  (Entregue)
  Please remember,
  (Por favor lembre-se,)
  Remember, december
  (Lembre-se, de dezembro)

  We were so in love back then
  (Estávamos tão apaixonados naquela época)
  Now you're listening
  (Agora você está ouvindo)
  To what they say
  (O que eles dizem)
  Don't go that way
  (Não vá por este caminho)

  Remember, remember,
  (Lembre, lembre)
  December
  (Dezembro)
  Please remember
  (Por favor lembre-se)

  Viro a cabeça para o outro lado e as lágrimas começam a surgir. Um casal olha atentamente as vitrines de uma loja. Um outro fala com os filhos animados. Por todo lado há casais felizes e sem problema nenhum. Felizes. Feliz. Era assim que eu deveria estar. Mas não estou. Era assim que eu deveria estar cinco anos atrás, em vez de passar meses tristes e depressivos. Mas não consegui. Porque um assassino destruiu a minha felicidade.
  E o pior é que eu ainda preciso dele perto de mim. É como um vazio em meu peito, algo que só ele poderá completar. Fraca, confusa, cansada. É assim que me sinto. Uma fraca, por não ter desconfiado. Confusa, porque ainda que lembre de tudoo que passei, é difícil respirar sem ele. É como se não houvesse ar. O que eu faço aqui? Nada.
  Deveria ter denunciado no mesmo momento. Mas eu não quis. Independente do que aconteça, eu só quero que ele esteja bem e feliz. Feliz com outra, talvez. Mas a verdade é que eu gostaria de esquecer tudo, que isso fosse apenas uma brincadeira idiota, porque eu ainda o quero. Eu ainda preciso dele. E isso é terrível. Ele é a minha droga.

Capítulo Quatorze - Passado

  Piso na calçada velha com minha sandália prateada e pego minha bolsa preta com detalhes prata, deixando-a pendurada em meu pulso, esbarrando na saia de plumas pretas e na blusa sem mangas verde-água com botões transparentes. Fecho a porta do carro e abro a porta do casarão, entrando no lugar e encostando a porta atrás de mim. Suspiro pesadamente.
  Tudo como era cinco anos atrás. As paredes bege, meus desenhos de criança em um mural. Passo os dedos por tal, sorrindo debilmente. Como aquele tempo era bom. Uma menininha inocente, com seus desenhos estranhos, cheios de significados. Subo as escadas e entro no escritório de meu pai.
  A velha escrivaninha de madeira escura ainda está lá. As enormes prateleiras cheias de livros, enciclopédias e dicionários - sonho de qualquer maníaco por livros - já estão empoeiradas. Em cima da mesa, pego um caderninho de veludo azul e abro. Leio as primeiras páginas e as lágrimas escorrem por meu rosto. O livro que meu pai escrevia.
  "Talvez aquele não fosse um último adeus. Não é? Não. Ele sabia que logo, logo, ela voltaria correndo para seus braços protetores, o coração em chamas, e os dois dançariam até amanhecer, ela com seus sapatos e seu vestido lilás da Renascença Italiana, e ele com seu traje elegante. Dançariam até seus pés doerem. E depois, o fogo e gelo se encontrariam em um beijo apaixonado, derretendo-se. Eles se amavam, não havia modo de negar. Pensou naqueles cabelos pretos, em como ondulavam em volta do rosto perfeito enquanto ela bailava pelo salão lotado. Pensou na timidez dela, na sua inocência, em seu amor, em sua sinceridade. Em sua capacidade de compreensão. Ele sabia que ela voltaria, não podia haver outro desfecho! Ela voltaria para ele, para nunca mais se separarem. Porque, quando eles estavam juntos, o fogo derretia o gelo."
  Limpo as lágrimas com o braço. Suspiro, deixando o caderninho no seu lugar. Pego um livro da prateleira gigante. "Dom Casmurro". Guardo-o no lugar e me sento no piso de madeira. Abro minha bolsa e pego lá de dentro, a garrafa de água sem gás super-gelada. Tomo um gole e suspiro, olhando o céu nublado com a garganta arranhando.
  Acho no chão o casaco aviador velho de papai. Visto-o, apertando a veste contra meu corpo. Me levanto e vou até o carro, saindo dali. Dirijo até minha casa ao som de Whitney Houston, Elvis Presley e Michael Jackson.

  "Better run for cover, you 're a hurricane full of lies.", ouço Lies, do McFLY, na rádio enquanto faço um pedido. A música me lembra de . E do jeito que você está indo, ninguém sairá daqui vivo. Então nos faça um favor, encontre alguém mais para culpar? Porque as suas palavras são como balas, e eu sou a mira da sua arma.
  Termino o pedido e coloco um filme para assistir, deixando o computador do meu lado caso algum cliente apareça. Escolho um entre as prateleiras e olho o nome. De Volta Para O Futuro. Sorrio como uma retardada e me deito preguiçosamente no sofá. Assisto bem pouco do filme, e me levanto para fazer a pipoca e pegar uma lata de coca. Pego um pacote gigante de MM's e pulo no sofá. Abro tudo e começo a ver de novo o filme. Recebo uma mensagem no celular.
  "Porque, quando eles estavam juntos, o fogo derretia o gelo."
  Arregalo meus olhos azuis.
  "Aquele não era um último adeus. Não é? Não. Ele sabia que não.", respondo a mensagem de e sorrio.
  "Eles não sobreviveriam um sem o outro."
  "Se amavam imensamente. Seria impossível separá-los sem causar dor e sofrimento."
  Começo a chorar e volto a ver o filme. O fogo derretia o gelo.

  Minha bochecha dói. Levanto a cabeça e passo a mão sobre a bochecha. Toda marcada com quadradinhos. Acho que quase estourei o teclado do computador. Tive um sonho estranho. Faca, sangue, pescoço, terno, luvas, olhos verdes... . Sacudo a cabeça rapidamente e rolo os olhos. É impossível ficar sem ele.

Capítulo Quinze - My Hero (Or Not)

  Pego um pacote de Cheetos da prateleira do supermercado e coloco no carrinho. Ando até o setor de limpeza e pego o detergente e o amaciante. Ouço a conversa animada de duas senhorinhas sobre o casamento dos filhos. Observo as duas com um sorriso débil enquanto pego mais um amaciante de jasmim quando um homem meio que... esquisito entra em meu campo de visão. Usa uma toucapreta, um casacão marrom por cima de uma blusa camuflada e calça preta com botas de cadarço. Há algo prateado no bolso de seu casaco, parecido com um cilindro. Algo como um gatilho fica na parte de baixo do tal cilindro prateado. Coloco a mão na boca e quase derrubo uma prateleira de produtos de higiene pessoal, me equilibrando com as mãos no carrinho. Uma arma. Balanço a cabeça rápida e nervosamente, tentando tirar a ideia idiota e ridícula de minha mente. Me viro e pego um pacote de absorventes, uma caixinha de shampoo e condicionador daqueles "Leve mais, pague menos" e sabonetes líquidos. Meu sexto sentido me diz que há algo errado. Mordo o lábio inferior nervosamente e coço a coxa. Sinto alguém por perto, perto demais, mas tento esquecer a ideia ridícula.
  - Me observando muito, docinho? - arregalo os olhos e me viro de súbito, apoiando-me na prateleira. O tal homem está exatamente na minha frente.
  - Quem é você? - digo, afastando - me lentamente.
  - Ei, volta aqui. - diz e tenta se aproximar. Aumento a velocidade. - Volta aqui. Agora.
  Ele me puxa pelo braço, apertando - o com força. Puxa o cilindro prateado do bolso e vejo que minha hipótese se confirma. Uma arma.
  - Por favor, não. - imploro, puxando do bolso do casaco aviador caramelo os 100 dólares que tenho. - É só isso que tenho. Só.
  - Eu acho que não, hein. - me puxa para perto, olhando no fundo de meus olhos. Olho a volta, procurando ajuda, mas ele me pegou bem no setor vazio. Logo aqui!
  - Me solta. - digo.
  - Só quando me der mais do que isso. - ri.
  - Ela disse solta. - interrompe uma voz grossa e ameaçadora atrás de mim. Me viro e encontro os lindos olhos verdes que me salvaram. Não é possível!
   e seus olhos. O ladrão arregala os olhos negros e sai correndo.
  - Que é isso? - indago.
  - Minha obrigação. Ele trabalhava comigo. Robert Fellow, um grande canalha.
  - Hã... muito obrigada.
  - Sempre estarei aqui para você. Não se esqueça.
  - Por que é que eu não consigo deixar de te amar?
  - Ainda me ama?
  - Sim. O fogo derrete o gelo, lembra?
  - Você não vai voltar tão cedo, não é?
  - Eu preciso pensar. Preciso de um tempo. Mas eu ainda me importo.
  - Eu também.
  - Tenho que ir. O fogo derrete o gelo, não se esqueça.

  "Toc toc", escuto e abro a porta.
  - Debby! - um ser de cara pálida e cachos dourados pula em cima de mim.
  - Ai, ! - resmungo e fecho a porta enquanto ele se senta no sofá. - Qual é o motivo da visita?
  - Eu vou passar um tempinho em Londres ainda esse ano, e queria passar um tempinho com você. Sabe como é, não?
  - Sério? Não sei eu vou sobreviver! - digo e lhe sirvo um prato de biscoitos. - Mas... eu tô meio molenga...
  - Eu ainda não terminei! - responde - Eu quero é te dar um presente. - me entrega uma caixinha toda pequenininha.
  - ! - abro. Lá dentro, uma gargantilha em prata um pingente de coração e outro de estrela. - Que lindo! Obrigada meu anjo!
  - Mas tudo tem um significado. A estrela que sempre brilhará em meu coração. Você.
  - Assim como você sempre será a estrela que mais iluminará meu céu. - sorrio e ele coloca a joia em meu pescoço.
  - Mas, então, quanto tempo ficará por lá?
  - Ah, sei lá... o quanto for possível. Preciso esfriar a cabeça... mas me sinto culpado.
  - Por que?
  - Tem uma mulher... mas ela acabou de passar por uma crise... e... fico meio encanado em deixá-la sozinha agora.
  - Ah... - sacudo a cabeça com a ideia que tenho.
  - E eu queria que você fosse hoje comigo a uma festa na casa de uma amiga.
  - Mas é claro que sim! E que amiga é essa?
  - Louise Ferro.
  - Ferro? - pergunto, tentando desviar do caminho que me leva ao ciúme. Mas é óbvio, por que eu sou tão idiota?
  - Não, não. Fê-rô - soletra - Ela é de origem francesa.
  - Ah, já volto, vou buscar algo.
  Vou até meu quarto e antes de pegar a caixinha de bombons, bato com a mão na testa. Não, não e não. Não seja tola.

Capítulo Dezesseis – Fire Melts Ice

  Solto o cabelo e dou um giro na frente do espelho.
  - Linda! – recebo aplausos de e rio, olhando meu reflexo com o vestido vermelho super-escuro.
  - Eu acho que agora podemos ir, não? – digo, pegando minha clutch com pedrinhas douradas.
  - Uhum.

  Balanço a cabeça lentamente enquanto tento evitar os efeitos do escorregão que tive quando fui ao toalete da casa. Prendo meu cabelo em um coque frouxo e respiro fundo antes que seja dominada pela tontura.
  Saio do ambiente e vou até a mesa de doces, onde belisco um brigadeiro de pistache e uma trufa. Me sento na mesa indicada antes e paro ao som de Prince, fazendo e desfazendoo nó em uma fita dourada jogada pela mesa enorme. Sinto um abraço por trás e viro-me lentamente. sorri para mim quando a música termina.
  - Vem dançar? – diz e me puxa, exatamente como. Suspiro e vamos para um cantinho na pista iluminada. Cristais, pelo menos é o que me parece, iluminam tudo grudados ao vidro que substitui algumas das paredes.
  - Só não te garanto que não vou cair em cima de você. – rio.

  You've been on my mind,
  (Você está na minha mente)
  I grow fonder every day,
  (E eu adoro mais a cada dia)
  Lose myself in time,
  (Me perco no tempo)
  Just thinking of your face,
  (Apenas pensando em seu rosto)
  God only knows why it's taken me so long to let
  (Só Deus sabe porque levoutanto tempo para deixar)
  My doubts go,
  (Minhas dúvidas partirem)
  You're the only one that I want,
  (Você é o único que eu desejo)

  I don't know why I'm scared,
  (Eu não sei porque estou com medo)
  I've been here before,
  (Já estive aqui antes)
  Every feeling, every word,
  (Todo sentimento, toda palavra)
  I've imagined it all,
  (Eu imaginei tudo isso)
  You'll never know if you never try,
  (Você nunca irá saber se nunca tentar,)
  To forgive your past and simply be mine,
  (Esquecer o seu passado e apenas ser meu)

  I dare you to let me be your, your one and only,
  (Eu te desafio a me deixar ser sua, sua primeira e única)
  Promise I'm worthy,
  (Prometo que valho a pena)
  To hold in your arms,
  (Para cair em seus braços)
  So come on and give me a chance,
  (Então venha e me dê uma chance)
  To prove I am the one who can walk that mile,
  (Para provar que eu sou a única que andaria esse caminho)
  Until the end starts,
  (Até que o fim começe)

  - If i’ve been on your mind, your hang on every word than I say, lose yourself in time at the mention of my name... - canto baixinho no ouvido de o trechinho de One and Only. me olha e sorri, parecendo entender.
  - Will I ever know how it feels to hold you close, and have you tell me whichever road I choose, you’ll go? - responde do mesmo modo. Olho-o nos olhos e sorrio. A voz de sino de Adele já está esquecida. Nossos lábios se encontram em um beijo apaixonado, o fogo derretendo o gelo.
  - Eu preciso de você, mais do que tudo. Não aguento mais ser só sua amiga de infância. – nos movemos pelo salão – Me deixe ser sua primeira e única. Você nunca irá saber se nunca tentar, esqueça o passado e seja apenas meu.
  - Eu imaginei tudo isso, eu quis você desde sempre. Eu estarei com você até o fim.
   Então venha e me dê uma chance para provar que eu sou a única que andaria esse caminho, até que o fim começe.

Capítulo Dezessete - JEALOUSY? REALLY?

  - Eu achei que essa gravata ficaria linda em você. Combina com seus olhos. - digo a , enquanto ele puxa o cabide com a roupa da arara. Estamos comprando roupas para que ele use em Londres.
  - E essa com os seus. Será como uma lembrança. - diz e vai até o provador. Alguns minutos depois, sai de lá.
  - Lindo. - digo. Ele se troca novamente e nós vamos até o caixa.
  - Vamos levar.
  Saímos da loja e ele pergunta se quero tomar um sorvete. Vamos até a sorveteria e escolhemos uma mesa no fundo. Levantamos e vamos nos servir. Pego uma bola de menta com chocolate, uma de chiclete e outra de céu azul. Sentamos na mesa e comemos com as colheres de plástico azuis. suja o canto da boca com seu sorvete de doce de leite e rio. Com a colher tento limpar, mas acabo fazendo uma meleca de céu azul.
  - Ah, é? - diz e suja minha boca também. Rimos e nos limpamos com um guardanapo.
  - Parecemos duas criancinhas.
  - Se ser uma criancinha é ser feliz assim, nunca quero deixar de ser uma. - digo e o beijo.
  - Você é perfeita, sabia?
  - Mentiroso.
  - Linda.
  - Perfeito.
  Rimos. A vontade de congelar o tempo e tornar aquele momento infinito, sem ter que me lembrar dos problemas é enorme. Mas, como nada é perfeito, a visão que tenho em seguida estraga tudo.
  Daniel nos observa com a expressão séria. Vasculha a fila com os olhos e se joga na cadeira da primeira mesa. Parece estar esperando alguém. Uma garota loira com mechas pink e azul no cabelo se dirige a mesa dele. Desvio o olhar rapidamente.
  - Que foi? Fiz algo errado? Olha, eu nunca... - começa e eu sorrio tristemente. Nunca, nem que eu vivesse milhares de vidas, em nenhuma delas eu mereceria ele.
  - Você nunca fez nada de errado.
  A garota se senta ao lado de e entrega um potinho para ele. Com o canto do olho observo-os algumas vezes. Ela dá um beijo na bochecha dele e sorri, colocando uma mecha de cabelo azul atrás da orelha. Depois de certo tempo, meus únicos pensamentos são: Sério? Podia ser alguém melhor.
  Como a última colherada do sorvete no pote e suspiro. sorri para mim e afasta a franja de meus olhos com o dedo. Sorrio alegremente. É incrível como ele consegue me deixar feliz apenas com um toque. É como se minha energia e vontade de viver fossem renovadas.
  Meu celular vibra na bolsa caramelo e eu leio a mensagem após tirá-lo de lá.
  "Você achou alguém MESMO, não é?", a mensagem é de . Por que eu não o bloqueei de uma vez?
  "E o que você tem a ver com isso, namorado da menina idiota da mecha rosa?"
  "Ciúmes? Sério?"
  Levanto a cabeça e jogo o celular dentro da bolsa com violência. me observa com um sorriso vingativo. Covarde.
  - Hum... vamos? - pergunta .
  Nos levantamos e saímos do lugar. Vamos até o estacionamento e entramos no carro.
  - Tem alguma coisa errada?
  - Só uma coisinha de nada me incomodando. Mas você me alegra novamente. - sorrio e o beijo na bochecha.
  Penso na mensagem. Não, eu não estou com cíumes. Estou?
  Prendo o cabelo em um rabo-de-cavalo, que cai por cima do blazer marrom. Suspiro e o prendo novamente, dessa vez mais alto. veste seu moletom e pega a mala preta gigantesca. A dor de cabeça me domina. Mordo uma maçã enquanto vamos até o carro. Ele se senta no banco do motorista e dirige até o aeroporto, onde o avião o espera.
  - ... eu... eu vou pra Londres... mas eu não vou mais voltar.
  - Hã? Como assim? Você disse que seriam só alguns meses, . - digo. Sinto-me como uma criancinha que foi enganada por alguém mais velho.
  - Eu sei, eu sei - passa as mãos pelo cabelo nervosamente. - Eu não sei como vou te dizer isso... mas é que eu... eu não sei se eu gosto mesmo de você.
  - E as declarações que você fez pra mim? Aquilo era falso? - pergunto. - Você me disse tudo aquilo, me deu tantas coisas, sem ter um pingo de amor?
  - Nunca foi falso. Eu sempre gostei de você, desde pequeno, só que depois isso passou. E aí você me pareceu tão estranha, sozinha, frágil... eu queria cuidar de você. Não podia te deixar sozinha.
  - Você acha mesmo que eu estava sozinha? Eu tinha meus amigos, e nem tinha resolvido tudo direito com . Aí você apareceu e mudou tudo. Mas eu não sou como você pensa, então. Isso é... Isso é ridículo.
  - Fazer drama é ridículo. - retruca, me parecendo grosseiro. Mas que droga aconteceu?
  - Não, você está sendo ridículo. Será que podemos resolver isso como adultos? - suspiro. - Eu já entendi, você não me ama, estava com pena de mim e me enganou, mas eu nunca precisei disso. Eu não sou frágil assim.
  - Perfeito, entendeu certo. Mas eu nunca quis magooar você.
  - Se não quisesse me magooar, teria pensado antes.
  - É por isso que você não se acertou com o ! - acusa e eu me surpreendo.
  - Você nem sabe o que aconteceu, seu idiota! Fora do meu carro, agora! - digo e ele abre a porta, correndo. Pulo para o banco do lado, assumindo o volante. As lágrimas quentes aquecem meu rosto frio. Dirijo até a Design na chuva de Londres. Céus, o que aconteceu?

Capítulo Dezoito - I NEED YOU

  Entro desesperadamente na sala enquanto solto meu cabelo e jogo o casaco dentro do armário no canto. Então foi só isso? Eu o amei, mas ele só quis cuidar de mim? Com não era assim. Na verdade, eu nunca senti algo realmente forte por , mas o amava. era... meu refúgio. Quando o mundo virasse de cabeça para baixo e me partisse em pedacinhos, ele estaria lá, e juntaria todos, me protegendo de tudo. Não está mais.
  Eu digo que o odeio, mas não... eu tenho raiva, pelo o que ele fez. Mas eu não o odeio, pelo contrário. Eu ainda o amo. Eu ainda preciso dele. Como eu posso sentir isso depois de tudo? Eu não sei. Só sei que a minha vontade é pedir desculpas e me jogar em um abraço, voltando ao que tinha antes. Depois dele, nada mais foi a mesma coisa. É como se não houvesse ar.
  Mas aqui, enquanto eu não decidir logo, enquanto eu não me entregar, eu não conseguirei respirar, muito menos voltar a ser feliz. Talvez, em outro lugar, eu possa pensar, e, quem sabe, perdoá-lo.
  Bato na porta e ouço um "Entre!". Abro-a devagar, entrando na sala e encosto-a delicadamente.
  - ? - pousa a caneta sobre o papel em sua mesa, parecendo confuso.
  - Eu queria conversar com você. Decidi que vou viajar para Chicago por um tempo e você tem que ficar como presidente da Design enquanto eu não voltar.
  - Por quanto tempo?
  - Uns dois meses.
  - Mas então só vai voltar ano que vem? Eu... eu preciso de você.
  - Quando eu voltar, resolveremos isso. Eu tenho parentes lá, passarei o Ano Novo e o Natal com eles.
  - Promete que vai ser rápido? - diz e vejo o vermelho em seus olhos.
  - Não posso prometer isso, mas eu vou pensar em você. Se você não pensar nisso, vai ser rápido. Eu não quero ficar por tanto tempo, mas preciso pensar. Em especial, sobre nós. - digo e pisco rapida e repetidamente, tentando conter a enxurrada de lágrimas que se aproxima.
  E, pela primeira vez depois daquilo, nós não estamos brigando. Me surpreendo quando ele envolve minha cintura com seu braço e encosta seus lábios nos meus.
  - Não se esqueça de mim. De nós. Eu te amo. - sussura e me beija. Mas não é um beijo normal, é demorado e muito delicado. Delicado, se não destruirá toda a felicidade presa ali dentro. Fecho meus olhos e apenas desejo congelar o momento. Aproveito enquanto tenho tempo, e uma lágrima escorre por meu rosto. Nos separamos e eu o olho fixamente.
  - Nunca vou esquecer. Eu... eu também te... amo. - digo e me viro rapidamente abrindo a porta. Paro e o olho novamente - Eu preciso de você.

  DEMI LOVATO - IN CASE
  I know
  (Eu sei)
  One day, eventually
  (Um dia, eventualmente)
  Yeah, I know
  (Yeah,eu sei)
  One day, I’ll have to let it all go
  (Um dia, eu vou ter que esquecer tudo)
  But I keep it, just in case
  (Mas eu guardo isso, apenas no caso)
  Yeah, I keep it, just in case
  (Yeah,eu guardo isso, apenas no caso)

  In case you don’t find what you’re looking for
  (No caso de você não achar o que estava procurando)
  In case you’re missing what you had before
  (No caso de você sentir falta do que tinha antes)
  In case you change your mind, I’ll be waiting in here
  (No caso de você mudar de ideia, eu vou estar esperando aqui)
  In case you just want to come home
  (No caso de você apenas querer vir para casa)

  Strong enough to leave you
  (Forte o suficiente para te deixar)
  But weak enough to need you
  (Mas fraca demais para lhe precisar)
  Cared enough to let you walk away
  (Cuidadosa o suficiente para deixar você ir)
   (...)
  In case you’re looking in that mirror, one day
  (No caso de você olhar no espelho um dia)
  And miss my arms, how they wrapped around your waste
  (E precisar dos meus braços, de como eles agarravam a sua cintura)
  I say that you can love me again
  (Eu digo que você pode me amar novamente)
  Even if it isn’t the case
  (Mesmo que não seja o caso)
  Oh, you don’t find what you’re looking for
  (Oh, você não achou o que procurava)
  Oh, you’re missing my love
  (Oh, você precisa do meu amor)

  You don't find what you’re looking for
  (Você não achou o que procurava)
  In case you’re missing what you had before
  (No caso de você sentir falta do que tinha antes)
  In case you change your mind, I’ll be waiting
  (No caso de você mudar de ideia, eu vou estar esperando)
  In case you just want to come home
  (No caso de você apenas querer vir para casa)
  In case, yeah
  (No caso, yeah)

Epílogo

  A bela mulher esperava para entrar no avião, apertando-se em seu sobretudo branco com botões pretos. Pessoas a encaravam. Sim, elas a conheciam. Da matéria que saiu no jornal sobre seu relacionamento com o vice-presidente da Design. Todos aqueles olhares sobre ela. Ela sabia que estavam lá, porém nenhum deles a faria mexer os belos olhos, muito menos a face. Não estava corada com aquilo, nem envergonhada, irritada, muito menos incomodada. Nada importava, ela iria para Chicago e quando voltasse, iria finalmente conseguir respirar, e então iria para seu refúgio, perto de quem amava. Esqueceria dos amores falsos, das discussões e de tudo o que lhe faria infeliz. Apenas cairia nos braços de quem amava, e esqueceria, sem se importar, do mundo e de todos aqueles que a julgariam. O toque de mensagem do celular a despertou de seu profundo pensamento, e ela leu a mensagem que dizia para nunca esquecer-se daquele que amava. Sorriu e respondeu. Então uma lágrima deslizou pela sua face, e ela a enxugou rapidamente. Era óbvio. Ela nunca o faria. Memórias vieram a sua mente, e ela embarcou no avião, sem olhar para trás, e releu o que tinha escrito.
  "Aqueles que amamos nunca serão esquecidos."

FIM



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