A Song About Love
Escrito por Mary | Revisado por Natashia Kitamura
Música: A Song About Love, por Jake Bugg
Pov’s
Passei pelas portas enormes e velhas da entrada do colégio, pela terceira vez só essa semana e, para variar, ela estava lá. Aquela que já foi minha melhor amiga, e a garota que eu amo até hoje, mas que hoje já não é mais a mesma pessoa.
Continuei a andar até o meu exílio naquele inferno, vulgo estúdio de música. Senti um olhar bem específico sobre mim, assim que passei pelo grupinho de e suas amiguinhas fúteis e repugnantes, mas ignorei e continuei a andar, parando somente em frente a uma porta grande e envernizada com a placa “sala de música” e logo entrando.
Aquele lugar era o paraíso! Em um dos cantos havia inúmeros tipos de violões e guitarras, dispostos em uma espécie de cabideiro suspenso, específico para aquilo, juntamente com uma bateria, piano, teclado e outros instrumentos de percussão. Do outro lado, havia vários pufes, de forma e cor variados, dispostos de forma aleatória.
Um violão, não muito diferente dos demais, pareceu reluzir em meio aos demais, fazendo com que eu tivesse que pegá-lo. Mal comecei a dedilhar algumas notas e um som incrível começou a sair do instrumento.
Me larguei em um enorme puf azul e continuei a dedilhar melodias curtas, apenas desfrutando de todas as sensações que aquele simples instrumento estava me proporcionando. Flashes de momentos vividos ao lado de se passavam diante de meus olhos, me trazendo um mar de emoções.
Peguei o primeiro caderno que encontrei dentro de minha mochila preta surrada, largada a meu lado, e comecei a escrever.
Você me diz todas as coisas que você faz
Me diz que é difícil para você
Chorando na noite tranquila
Falando todas as coisas que você esconde
Essa imagem deveria ser uma das mais antigas, mas, ao mesmo tempo, uma das mais fortes e importantes. Foi através dela que eu percebi quem a verdadeira era.
Flashback ON
- ? – a voz do outro lado da linha soou trêmula.
- Sim. Está tudo bem, ? – minha preocupação se fez presente em minha voz.
- Não... Eu realmente não consigo mais. – a voz de soou baixa, o suficiente para que só eu ouvisse, mas ainda embriagada pelo choro.
- O que houve? Por que você está chorando? – mesmo não sendo muito próximo a ela, me senti mal por ela estar daquele jeito. A que eu conhecia nunca foi de demonstrar nada muito além de insensibilidade diante das pessoas e nem de ligar para elas chorando no meio da noite, pelo menos que eu soubesse.
- Me desculpe te ligar a essa hora da noite, mas eu precisava falar com alguém que não me julgasse pelo meu passado e que não pensasse apenas na nova coleção da Prada. – em outras situações eu até teria achado graça daquele último comentário, mas aquele não era o momento
Não precisei falar nada para que ela começasse a me falar todas as coisas que já tinha feito na vida, tudo aquilo que ela sempre escondeu; o que a fazia chorar cada vez mais e sua voz sair quase incompreensível
Flashback OFF
Aquela noite passara de uma noite tranquila, para o início de uma relação mais forte entre e eu. Nós, apesar de mantermos certa distância durante o horário escolar, devido ao fato de pertencermos de grupos sociais distintos, contávamos tudo um para o outro; e eu me via cada vez mais apaixonado por ela.
É isso que você queria?
Uma canção sobre o amor?
É isso que você esperava que acharia
Quando se está queimando por dentro?
Mas uma canção sobre o amor não é suficiente
Então para que você está aqui?
O que está precisando?
Canções sobre memórias que se escondem
E então quebram sua mente
Como um lembrete constante
Eu só quero descobrir onde você está
Eu só quero descobrir onde você está
Flashback ON
Eu havia pedido para ela me encontrar depois da aula no parque próximo a casa dela, pois tinha algo importante para falar, e ela tinha ido. Eu havia decidido me abrir para ela hoje e eu faria isso de algum modo. Quando ela viu o violão em meu colo e me vi encará-lo por um tempo, enquanto começava a falar de meus sentimentos para ela, logo abriu uma expressão como se já soubesse o que eu iria fazer. Porém, logo sua expressão mudou, assim que terminei de falar e comecei a tocar uma música nada a ver com o que eu havia acabado de falar, apenas para quebrar o silêncio entre nós.
- Achei que você houvesse escrito uma canção... – ela falou, pegando a bolsa, que estava ao lado do seu corpo, se levantando e batendo a mão sobre sua roupa, para tirar a grama que estava nela.
- Era por isso que decidiu ficar? Queria que eu tivesse escrito uma música que falasse de todas as memórias que você esconde e que sempre voltam para te atormentar? – falei seco, enquanto eu a via correr para longe, com lágrimas escorrendo sem controle por seu rosto.
Flashback OFF
Eu havia sido um idiota, tinha consciência disso, mas não havia como mudar as palavras que haviam saído de minha boca aquela tarde. Eu poderia dizer que tentei ignorá-la, fingir que ela não existia e tocar a minha vida, mas não, eu havia ido atrás dela.
Eu vejo que seus olhos caem
Você mal faz um som
Chorando na noite tranquila
Mostrando todas as coisas que você esconde
Flashback ON
Era por volta de uma da manhã, julguei que todos na casa de já deveriam estar dormindo, mas eu estava enganado. Do outro lado da rua, eu observava ela na sala com os pais, mostrando os braços, sabia o que ela estava fazendo, mesmo sem me aproximar para ouvir a conversa. Ela estava finalmente mostrando todas as coisas que escondia. Fique mais um tempo ali, enquanto a via subir as escadas correndo e a luz do quarto acender. Em um acesso de loucura, provavelmente, me vi escalando a árvore do jardim e parando à altura da janela, apenas para vê-la largada na cama, abraçada ao travesseiro, chorando mais uma vez, mas sem som.
Flashback OFF
Ela sempre fora assim, se fazendo de forte para as amigas e descontando suas angústias e mágoas em si mesma depois; e depois se entregando ao choro, tamanho o seu arrependimento por ser tão fraca a ponto de não conseguir se controlar. Ela era uma garota cheia de problemas, mas eu estava mais que disposto a ajudá-la a superar.
É isso que você queria?
Uma canção sobre o amor?
É isso que você esperava que acharia
Quando se está queimando por dentro?
Mas uma canção sobre o amor não é suficiente
Então para que você está aqui?
O que está precisando?
Canções sobre memórias que se escondem
E então quebram sua mente
Como um lembrete constante
Eu só quero descobrir onde você está
Eu só quero descobrir onde você está
Eu só quero descobrir onde você está
Por que essa na minha frente não é você? Eu não sei se posso esperar até a outra , a que eu amei e ainda amo, voltar.
Parei de escrever, assim que o sinal para a primeira aula soou. Aquela última frase não fazia parte da música, mas era o que eu queria tanto dizer a ela, mas por orgulho não o fazia. Saí da sala, deixando a folha de papel amassada ao lado do puff em que estava, e fui direto para minha sala. Eu precisava continuar seguindo minha vida sem ela.
Pov’s
Eu sentia falta dele, do que me ouvia, que havia sido um grosso aquele dia no parque, mas que sempre estava lá quando eu precisava, com um conselho na ponta da língua. É claro que eu já havia pensado em ir falar com ele, mas era uma espécie de quebra de regra falar com alguém de outro grupo, diferente do meu, durante a aula; e longe da escola eu não queria dar meu braço a torcer, era orgulhosa demais para isso.
Aquela manhã, no entanto, eu me vi com a vontade de ir ver o que ele iria fazer, e não me surpreendi nada ao vê-lo entrar na sala de música. Esperei um pouco por ali, com a curiosidade me consumindo pouco a pouco, até o sinal tocar e o garoto mais lindo do mundo, para mim, sair.
Entrei correndo na sala, procurando por qualquer vestígio da presença dele ali, momentos antes. Acabei encontrando uma folha de caderno amassada, jogada ao lado de um puff azul. Comecei a ler, percebendo porque eu amava tanto aquele garoto, ele era simplesmente incrível.
A frase ao final da folha, não parecia fazer parte da música, mas me fez perceber quão superficial eu estava sendo em todo esse tempo. Eu havia feito ele perder as esperanças em mim, mas precisava mudar isso de alguma forma.