As long as someone loves me

Escrito por Asioleh | Revisado por Natashia Kitamura

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Parte do Projeto Sorteio Surpresa - 11ª Temporada // Tema: Arquiteto

’’Contanto que alguém me ame, eu ficarei em paz’’

  Você conviveu e ainda convive, com uma pessoa, por mais de cinco anos. Essa pessoa se tona seu amigo. Até aí tudo bem. E se em um descuido, um acaso do destino, fizesse você se apaixonar por ele? Por que justo ele? Me diz? Tem bilhões de homens no mundo, por que tinha que ter acontecido com o meu melhor amigo?
  Talvez você entendesse melhor a partir do dia em que nos conhecemos...

  Flashback On:
  5 de fevereiro de 2010
  Mais um ano letivo. Eu, , iria começar uma faculdade de arquitetura na tão renomada faculdade de arquitetura e artes de Londres. Morava em Bradford desde quando me entendo por gente. Nasci, cresci, e vim procurar meu futuro nessa maravilhosa cidade.
  Eu estava realmente perdida. Sempre fui atenta e esperta para horários e compromissos, mas quando estava nervosa, não conseguia fazer nada. Estava em um amontoado de papéis, fichas para preencher, horários de aulas e tudo mais. Eu nunca fora tão desorganizada para algo como eu estava agora.
  - Você está bem? – Ouvi uma voz masculina perguntando-me atrás de mim. – Desculpa, vi você toda atrapalhada com esses papéis, talvez você quisesse uma ajuda...
  - Oh! Ótimo. – Falei arrumando meu cabelo que se encontrava em todo o meu rosto. – Muito obrigada. E a propósito, . . – Falei estendendo a mão para que ele me cumprimentasse.
  - Prazer, . – O simpático rapaz retribuiu meu gesto. – . Mas pode me chamar apenas de .
  - Ok, vou me lembrar disso. – Disse dando um meio sorriso.
  Flashback Off:

  Depois das devidas apresentações, descobri que também fazia a mesma faculdade que eu, e que era seu primeiro ano também. Viramos amigos muito íntimos, e não nos desgrudamos mais. Depois de três anos, nos formamos em nossa faculdade. Viramos arquitetos, e trabalhamos em um escritório no centro da cidade.
  Hoje eu e iríamos sair. Íamos a uma festa de uma amiga em comum, Lizzie. Eu realmente suspeitava que era afim dessa garota. Tentava de qualquer jeito não acreditar nisso, que isso era invenção da minha cabeça e que nada a mais iria acontecer entre os dois.
  Já eram sete horas da noite quando estava em frente ao apartamento de . Toquei a campainha. Ele estava demorando tanto, e quando eu resolvi entrar sem ao menos ser convidada, ele abriu a porta com a cara amassada, de quem tinha acabado de acordar. Vestia apenas uma calça de moletom folgada. Tentei não ficar encarando seu peitoral nu, mas era impossível. Ele me tirou dos meus devaneios chamando-me.
  - Você sabe que estamos atrasados, né? – Falei vendo sua cara completamente confusa. – A festa da Lizzie! Eu não acredito que esqueceu.
  - Ai meu Deus. – arregalou os olhos. – É verdade. Entra, me dê vinte minutos que eu me arrumo.
  - Tudo bem, a hora que você quiser.
  Depois de vinte minutos contados, estava pronto. Estava com uma calça jeans escura, camiseta branca deixando á mostra suas tatuagens e seus típicos tênis.
  - E aí, o que achou? – perguntou dando uma voltinha – Está bom?
  - Está sim – Disse olhando pra ele mais do que devia. - Está ótimo.
  - Então vamos babe! – falou pegando as chaves do carro.

  [...]

  A festa para mim estava até que legal, tirando o fato de Lizzie e estarem conversando a sós em um canto da sua sala de estar, preenchida de pessoas desconhecidas e conhecidas por mim. Eu já tinha bebido um pouco além da conta, mas não o suficiente para me deixar bêbada.
  Estava dançando na pista com algumas meninas que conheci ali. Olhei na direção onde antes estava , e ele não estava mais lá. Não me preocupei, ele não precisava de babá. Alguns minutos após, volta todo sorridente de mãos dadas com ela.
  - Gente! – Lizzie falou no microfone que antes estava nas mãos do DJ. – Quero contar uma coisinha rápida aqui. – Disse toda sorridente. – Eu e estamos namorando!
  Não poderia ouvir algo pior. Meus olhos encheram de lágrimas. Todos estavam aplaudindo o mais novo casal, menos eu, parada estática no meio da pista com um copo de bebida em uma das mãos.
  Saí de lá o mais rápido que pude, sem mesmo avisar . Liguei para um táxi que chegou em menos de dez minutos. Mandei uma rápida mensagem para , avisando-o que estava indo pra casa pois não estava bem. Ele não me respondeu imediatamente.
  Não sei por quanto tempo eu chorei aquela noite. Meu coração estava partido em mil pedacinhos, e nada resolveria agora. tinha me respondido duas horas depois, falando apenas um “tudo bem”.
  Saber que ele estava com outra agora me machucava. Eu daria tudo para não sentir algo mais que amizade por , mas, infelizmente, não posso controlar meus sentimentos e sim, aprender a conviver com eles.

  [...]

  Fazia quase 2 semanas que eu não respondia às ligações de . Eu dava desculpas por mensagens, do tipo “Estou trabalhando” Só para não ouvir a voz dele. Logo vinha uma resposta “Estamos de férias, . Nem venha com essas desculpas”. Falava que estava trabalhando para outros clientes pessoais, para que minha desculpa soasse mais convincente e por fim, não sei se ele acreditou, mas aceitou.

  [...]

  Segunda feira, 17 de julho de 2014.
  6:25 da manhã

  Era o começo de uma nova semana de trabalho. Minhas tão gloriosas férias tinham ido para o ralo. Era dia de encarar no trabalho.
  Levantei, tomei meu café. Fui para o banheiro tomar banho, vesti uma calça jeans, e casaco, já que estava fazendo um pouco de frio em Londres. Peguei minha bolsa e minha chave do carro, tranquei o apartamento e fui trabalhar.
  Cheguei ao local em menos de 10 minutos. Fui para a minha sala e graças a Deus ainda não estava lá. Dividíamos uma sala no grande escritório. Lá eram divididos em 4 salas, sendo uma minha e de , outra a do chefe, outra a da secretária, outra com mais 2 arquitetos e a área de trás, para os estagiários.
  Comecei o meu trabalho sem pressa alguma. Estava definindo algumas plantas que tinham que ser adicionados alguns detalhes finais, como os móveis para demonstração e algumas medidas. Estava tão concentrada no meu trabalho que não vi a chegada de . Ele estava sentado em cima de sua mesa, me encarando.
  - ? – falou pousando suas mãos em meu ombro.
  - Ai meu Deus! – Falei, dando um pequeno pulo na cadeira. – Que susto, quer me matar?
  - Desculpe. – levantou as mãos em forma de rendição. – Tá tudo bem? Eu te ligo há dias e você nem pra me retornar.
  - Já lhe disse , tenho andado meio ocupada esses dias. – Disse minimizando a janela do meu projeto e retirando os óculos do meu rosto. – Estava preparando uns projetos para trabalhos particulares. Só estava organizando as coisas pra voltar ao trabalho.
  - Se é isso, tudo bem. – andou até sua mesa e ligou seu computador. – Desde o dia da festa não me disse o que houve.
  - Não passei bem, apenas. – Voltei a minha atenção ao monitor. – Mas enfim, como vai o namoro? – Perguntei, depois me arrependendo por isso.
  - Vai bem. Lizzie é maravilhosa. – falou com cara de idiota apaixonado. – Acho que estou amando, .
  - O quê? – Minha voz saiu mais alta do que eu realmente queria. – Sério isso?
  - Sim, por que não? – me olhou desconfiado. – Com ciúmes, ?
  - Endoidou? – Dei um peteleco em seu nariz. – Claro que não.
  Depois disso não nos falamos mais. Saímos para almoçar juntos, voltamos à nossa rotina normal. Eu queria me manter afastada dele, para que esse sentimento dentro de mim não crescesse, mas pra mim, era impossível ficar longe de .

  [...]

  Voltamos ao escritório, e meu chefe me chamou na sala dele. Estranhei, pois isso acontecia raramente.
  Bati duas vezes na porta, e escutei uma voz grossa dizendo um “Entre” lá de dentro. Abri a porta me deparando com um homem de mais ou menos 45 anos, malhado e muito bem cuidado, chamado Jeremy, meu chefe. Ele as vezes jogava seu charme para cima de mim, mas nada relevante.
  - Senhorita ! Sente-se, por favor.
  Me sentei em uma das duas cadeiras presentes em minha frente.
  - O que deseja? – Falei com um pouco de nervosismo. – É algo grave?
  - Claro que não! – O homem deu um leve sorriso e tirou alguns papéis da gaveta. – Todos nós aqui vemos o seu esforço e comprometimento com a empresa e com o seu próprio trabalho. Sem mais delongas, vamos direto ao assunto. Nós temos uma proposta de emprego para você em Nova Iorque. Você receberá o dobro do que recebe trabalhando aqui. Nós lhe ajudaremos a vender o seu apartamento caso aceite a proposta.
  - Quanto tempo eu tenho para decidir isso?
  - No máximo uma semana.
  - Não vou precisar disso tudo. Eu aceito. Pode arrumar as papeladas da venda do meu apartamento. Eu irei para Nova Iorque.

  [...]

  - O QUÊ? NOVA IORQUE, ? – gritava comigo, enquanto andava de um lado pelo outro na sala do meu apartamento.
  - Sim, Nova Iorque, . Do outro lado do Oceano – Disse com a maior calma do mundo. – Qual o problema?
  - Você não pode ir pra lá. Quem vai me dar conselhos? Minha melhor amiga vai me abandonar!
  - Larga de ser sentimental, . – Falei me levantando do sofá irritada. – Lá eu vou ter um emprego melhor! Vou poder ser reconhecida no que eu faço.
  - Por que aceitou a proposta tão rápido? – perguntou de repente, depois de um intervalo silencioso.
  - Eu não posso explicar . É complicado. – Falei, tentando cortar o assunto.
  - Complicado por que, ? – falou se aproximando. – Desde aquela festa você tá estranha comigo. Eu quero saber o motivo dessa mudança.
  Essa era a hora perfeita de contar tudo. Eu iria embora mesmo. Esse era um defeito meu. Era fraca demais. Fraca por não encarar um problema de frente, fugir na primeira possibilidade.
  - Por causa de você, . – Fiz uma pequena pausa. Ele iria começar a falar, mas o interrompi com um gesto qualquer. Não conseguiria falar encarando-o, então fitei meus próprios pés. – Há algum tempo não te vejo mais como um amigo. Eu quero estar com você toda a hora, fico sem palavras na sua frente. Eu chorei a noite inteira depois daquela festa ridícula. – Olhei para cima e encontrei um surpreso. – Eu não sabia como contar isso. Não quero estragar nossa amizade. Eu sei que eu não devia, mas nós não controlamos o que sentimos ...
   parecia ter congelado na minha frente. Ele piscava freneticamente tentando similar as palavras que acabara de ouvir.
  - ... Eu... – Ele realmente parecia muito confuso. – Eu preciso ir.
  Ele praticamente correu até a porta e saiu. Talvez levar um tapa na cara seria menos doloroso do que ver aquela atitude dele. Eu sentei no sofá e chorei. Chorei por ser fraca, por não ser correspondida, por fugir de uma situação e por ele amar ela.
  Sim, ele a amava. Eu conhecia meu amigo tempo o suficiente para perceber nos olhos dele que ele amava aquela menina. Lizzie não era má. Ela era uma ótima pessoa, não poderia julgá-la só por ter o coração da pessoa que eu era apaixonada.

  [...]

  Narrador
  Já tinham se passado duas semanas desde a conversa que os dois amigos tiveram. Eles mal se falavam na primeira semana, apenas o necessário. Depois disso, voltaram a interagir, pois sabiam que essa atitude não iria levá-los a lugar algum.
  Hoje era o último dia de na empresa. Já tinham vendido seu apartamento. Seus pertences já tinham sido enviados para nova Iorque e ela embarcaria as 17:00 horas.
  Pegou seus pertences que tinha na empresa e foi para casa. Chamou um táxi, colocou todas as suas malas ali e estava a caminho do aeroporto. Ela queria ir o mais rápido possível para o seu destino.

  [...]

  Quando chegou, fez o check-in. Teria que esperar mais uma hora dentro daquele lugar. Ela chegara no recindo 16:00 horas, e esperaria pacientemente até chamar o voo de número 3674.
  Dezesseis horas e trinta e sete minutos.
   já ia entrar na sala de embarque, quando ouve uma voz conhecida.
  Era ele. Ela sabia pelo rosto do rapaz, o que ele estaria fazendo ali naquele momento.
  - ... – começou, mas foi interrompido pela garota.
  - Não precisa dizer nada a respeito daquilo. Eu sei o quanto você ama Lizzie, e isso não vai mudar. – começou a dizer sentindo os olhos encherem-se de lágrimas. – Como eu mesma disse, não podemos escolher por quem nos apaixonamos, não é? Eu realmente espero que você seja feliz. Espero que seja uma pessoa perfeita para ela, como o amigo perfeito que você foi e ainda é pra mim. – Lágrimas quentes já escorriam pela face gelada da menina. – Você sabe que pode vir me visitar a hora que quiser, né?
  - Eu amo muito você, . – O menino disse chorando junto com a amiga. – Mas não no sentido que você sente por mim. Você é uma pessoa maravilhosa, e sempre foi. Não ache que vou te esquecer. Você sempre vai ter um lugar reservado aqui. – Apontou para o seu coração. – E sim, eu vou te visitar. Espere por isso. Fique bem, por mim.
  - Eu também te amo tanto. – A menina abraçou o rapaz ficando na pontinha dos pés. – Eu vou ficar bem. Contanto que alguém me ame, eu ficarei em paz. Onde quer que eu esteja.
  E com essas palavras se despediu. Entrou na sala de embarque, imaginando como seria sua vida dali pra frente. Ela estaria tranquila e em paz. Talvez até arranjasse alguém para amar tanto quanto amava seu melhor amigo. Ela tinha um e único objetivo em sua vida: Ser feliz.

  “Às vezes nos apaixonados por pessoas erradas.
  Mas é assim que aprendemos a verdadeira forma de amar.”



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