Arranjados

Escrito por Helen B. | Revisado por Natashia Kitamura

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Parte do Projeto Sorteio Surpresa - 8ª Temporada // Tema: Casamento arranjado

  Ser um homem rico e influente lhe dá certo poder, você pode escolher como usá-lo, e em quem usá-lo. O que estou querendo dizer, é que o que eu quiser alguém irá fazer, e posso te garantir: não faltam pessoas querendo que eu as peça algo. Mas não sou esse boçal que demonstro ser, eu sou uma pessoa que se importa com o mundo e com o que alguém pode fazer com ele.
  Mas eu não posso controlar minha vida, tenho conselheiros que monitoram cada passo meu e dizem como devo fazer o próximo. E qual não foi minha surpresa quando um deles falou que eu deveria pensar em começar uma família? Eu não sinto falta de mulheres na minha vida, nem de ter filhos com elas. Não quero mais uma pessoa controlando todos os meus passos e nem chegar a minha casa e ouvir o choro irritante de uma criança!
  E também tem o Pep, técnico do time onde jogo, o Bayern de Munique, que resolveu que cuidar da minha vida era melhor que cuidar da dele ou monitorar os passos da filha dele, , que é namorada de Mario - meu colega de time. Estávamos na sala de Pep, e ele estava escorado em sua mesa e eu, sentado na cadeira ao seu lado, com uma expressão cansada e sonolenta, escutando-o falar que eu deveria começar a procurar uma namorada.
  - Pep, eu estou bem assim. Minha vida profissional está maravilhosa e eu amo o que faço. – levantei-me da cadeira e coloquei a pequena toalha que estava usando para enxugar o suor em volta do pescoço. – Não quero mais ninguém dizendo o que devo fazer.
  - Sente-se Neuer, ainda não terminamos. – ele cruzou os braços e encarou-me sério, limitei- me a bufar e sentar-me novamente. – A acessória do Bayern disse que o assedio triplicou em cima da sua figura e que isso os preocupa. Você é um dos poucos jogadores solteiros que se contam nos dedos! – foi a minha vez de cruzar os braços e eu esforcei-me para não aumentar o tom de voz.
  - Eu não sinto falta de uma mulher na minha vida! Não tenho culpa se as únicas que se aproximam de mim são as Marias Chuteiras!
  - O ponto não é esse, Neuer. Você está perto dos trinta e até agora não tem planos para sua vida pessoal ou amorosa! E isso atrapalha os negócios. – ele levantou o dedo e completou antes que eu protestasse.
  - Pelo amor de Deus, vocês vão me obrigar a casar? – o encarei incrédulo e ele assentiu lentamente, fazendo- me rir irônico.
  - Arrumamos uma noiva para você e ela se chama . – franzi o cenho e levantei- me lentamente, não conseguindo falar nada.
  - ? Guardiola? A sua ? – sussurrei apontando para ele e depois para o retrato em sua mesa.
  - é uma boa menina, Neuer, ela ficou do mesmo jeito que você quando eu a contei sobre a novidade. Sei que se darão bem. Götze não é homem para ela, você é. - ele saiu da sala e me deixou lá, sem palavras e atordoado, como assim eu me casaria com ? E como o Mario não é homem para ela? Eles estão juntos há o quê? Uns três, quatro anos?
  - Eu não posso me casar com ela. – coloquei as mãos na cabeça e percebi que elas tremiam levemente. – Mario nunca me perdoaria. – respirei fundo e fui até ele, que estava treinando com o resto do time. – Preciso falar urgentemente com você, é caso de vida ou morte, literalmente. – ele me pareceu surpreso e eu o arrastei até um canto reservado do campo.
  - O que houve, Manuel? Por que está tão nervoso? – seu semblante parecia confuso e preocupado e eu me controlei para não gritar.
  - Pep e a acessória do Bayern querem que eu me case com , mas eu não posso. Não posso fazer isso com vocês dois. – ele suspirou cansado e deu de ombros.
  - Ela já me contou e não me escolheu. – lancei-lhe um olhar surpreso e ele assentiu. – É, eu sei, quatro anos de namoro e ela preferiu obedecer ao pai. Mas sempre foi assim: se importando mais com a felicidade dos outros do que com a dela. – havia um sorriso triste em seu rosto e eu o abracei, me sentindo péssimo.
  - E se... E se eu me casasse com Vanessa? não voltaria para você? – segurei seu rosto quando o vi ficar cabisbaixo e ele negou com a cabeça, afastando-se de mim e caminhando até o canto, sentando lá.
  - Ela não vai voltar, Manuel, a não vai voltar nunca mais. – ele olhava para um ponto físico e lágrimas caiam timidamente de seus olhos.
  - Mas, mas... – encarei-o confuso e lembrei-me do que Pep havia dito mais cedo. – Ela não te superou! está tão ou mais perdida do que eu! Mario, ela só quer agradar o pai. Vocês foi o primeiro amor dela, o primeiro namorado, você... Você foi o primeiro tudo daquela garota! – ele levantou-se e quando levantou o rosto, pude vê-lo vermelho e banhado por lágrimas.
  - Deixa Manuel, eu vou superar e ela também. – ele fungou e limpou o rosto na camisa. – Nós vamos ficar bem. Seja feliz e faça ela feliz, senão eu mesmo acabo com a sua raça - ele deu um soco amistoso em meu braço e sorriu de canto, caminhando cabisbaixo até Pep, juntando-se aos outros jogadores.
  - Vovô! – vi uma garotinha adentrar o campo e abraçar as pernas de Pep, sua neta, Abigail.
  - Oi Manuel. – escutei a voz de e virei para ela, sorrindo fraco.
  - Olá . Faith está grande, não? – ela assentiu sorrindo maternalmente.
  - Essa garotinha é meu orgulho. – vi Faith vindo em nossa direção e ela jogou-se nos braços de . – Já falou com o vovô? – a pequena assentiu e bagunçou seus fios negros. – Agora vá cumprimentar seu padrinho, ele vai ficar muito chateado se você não falar com ele. – fez bico e a garotinha correu em direção a Mario, que a rodou, fazendo- a gargalhar.
  - Se eu me casasse com Vanessa, você voltaria para Mario? – ela ficou cabisbaixa e negou, olhando-me com os olhos consideravelmente marejados. – Vocês têm uma história !
  - Eu ainda o amo muito, mas ele já me fez sofrer demais. É melhor ficar longe de Mario, ele não me faz bem. – franzi o cenho, ficando confuso. – Primeiramente, eu não quis me separar de Mario, mas acabei descobrindo que ele me traía e trai com uma garota que trabalha aqui, então decidi que o melhor era aceitar o casamento que papai arranjou. Mesmo não sabendo com quem eu me casaria. – havia um semblante triste em seu rosto, triste como o que eu vi no rosto de Mario.
  - Eu sinto muito. Não sabia dessa parte. – ela deu de ombros e chamou Abigail com a mão.
  – Vamos querida, temos que ir. – agachei- me em frente à Gail e abri meus braços.
  - Posso ganhar um abraço? – ela assentiu e enlaçou meu pescoço com seus pequenos braços, beijando levemente minha bochecha. – Diga que eu mandei um abraço para o Grey, viu? – ela assentiu e a colocou nos braços.
  - Até logo Manuel. – ela deu um leve e rápido beijo em minha bochecha e eu acenei, vendo- a se afastar.
  - Manuel! Você não está dispensado do treino! – escutei Pep me gritar e corri até ele, recebendo uma bola e começando a treinar.
  Às vezes eu olhava para Mario e ele parecia estar concentrado, como se desligar-se dos problemas e focar somente no futebol fosse resolver, mas eu sabia que não iria, talvez diminuísse até que ele parasse de pensar nela e esquecesse o que aconteceu. Não era a primeira vez que eu via Mario assim, cabisbaixo e apenas focado no trabalho. Essa era sua forma de esquecer os problemas, era sua terapia.
  - Dispensados! – peguei minha garrafa d’água e minha tolha e caminhei até o vestiário, tomando banho e colocando uma bermuda, tênis e camiseta. Acenei para o pessoal e caminhei até meu carro, adentrando-o e saindo do CT para enfrentar o transito alemão.
  Escutei meu celular tocar e apertei um botão no volante, ouvindo a voz de espalhar-se pelo carro.
  - Manuel? Terá um jantar aqui em casa esta noite e você terá que comparecer, desculpe avisar tão em cima, mas só fiquei sabendo agora. – ri de seu nervosismo e estacionei na garagem de casa.
  - Tudo bem , já estou em casa e não tinha planos para essa noite. – a ouvi respirar aliviada e ri outra vez. – Tenho que estar aí ás sete em ponto?
  - Sim, venha com uma roupa social, você vai conhecer a família da sua futura esposa, então creio que não queira causar má impressão, não é? – foi sua vez de rir e eu apenas estava em silêncio, escutando sua risada.
  - Claro, te vejo ás sete. – encarei o teto do carro e suspirei cansado. – Até logo .
  - Até logo, Mane. – havia um quê de felicidade em sua voz e não evitei sorrir.
  É talvez eu estivesse me apaixonando por Guardiola.



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