Aquela do Melhor Amigo

Escrito por Marcela Marche | Revisado por Mariana

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Parte Um

  - Gordinho! Que saudade! – disse assim que eu abri a porta de casa, pulando com entusiasmo no meu pescoço, como se não me visse há meses. Retribuí o abraço, enlaçando-a pela cintura e a tirando levemente do chão. Seu perfume doce e suave chegou ao meu olfato, me fazendo almejar que pudesse senti-lo sempre. Seu corpo quente se moldou ao meu como se fosse feito para se encaixar nos meus braços, como se nada no mundo pudesse tirá-la dali.
  Nossa, como eu amava aquela garota.
  O caso é que e eu nos conhecemos quando ainda éramos dois pirralhos com apenas dez anos nas costas. Estudávamos juntos na mesma sala, e nos tornamos amigos quando ela me viu tirar um sanduíche de salame e queijo gigantesco da mala e devorá-lo em questão de segundos. Aparentemente, toda aquela comida para um garoto tão franzino como eu era na época foi demais para que ela se mantivesse politicamente correta sem nada comentar. Um “Uau, não acredito que você comeu tudo. Que gordo!”, seguido de uma risada cativante foi o suficiente para nos aproximarmos. E foi assim também que ela começou a me chamar de Gordo, ou de Gô, quando está fazendo manha, ou até mesmo apenas “Bola”, para diversificar.
  Não que eu fosse nada disso. Eu era bastante adepto da academia, na verdade. Mas ela implicava comigo mesmo assim e até hoje pela quantidade que eu comia. E, bom, aquele era um ótimo sanduíche.
  Mas, enfim, depois desse comentário infame, começamos a conversar e fazer piadinhas, e em minutos éramos como unha e carne. Nossa amizade foi crescendo dia após dia, se fortaleceu quando meus pais se divorciaram, deu uma abalada quando ela teve seu primeiro namorado no primeiro colegial, e voltou a se fortalecer quando eu peguei exame e precisei da ajuda dela pra passar de ano.
  Eu estava sempre lá pra secar suas lágrimas quando algum cara idiota as fazia cair, e ela estava sempre lá pra me salvar de furadas com as meninas sem cérebro que eu costumava trazer pra casa. No colégio, eu batia em quem fazia qualquer comentário impróprio dela e ela se habilitava a dar as explicações pra diretora quando eu era pego. Éramos um time, inseparáveis e pra sempre.
  Até eu me dar conta que estava apaixonado por ela.
  Claro, eu não falei nada. Mas ela me conhecia melhor do que ninguém, e sabia quando tinha algo de diferente comigo. Isso, é claro, fora o fato de semana passada eu ter ficado bêbado e dito que ela era gostosa na cara dela. Não que eu não dissesse isso sóbrio, mas tem um nível de seriedade diferente. Vocês sabem como é essa de bêbado sempre falar a verdade.
  O fato é que nós fingimos que nada aconteceu e demos continuidade às nossas vidas. Eu com a minha banda e ela na faculdade de almofadinha dela. E hoje fazia uma semana que não nos víamos, o que pra gente é muita coisa, já que moramos na mesma rua e eu quase sempre a busco na faculdade pra que ela assista aos meus ensaios.
  Era sexta-feira. O nosso dia oficial de grude, como ela gostava de chamar. Com as nossas rotinas completamente diferentes depois de terminarmos o colégio, instituímos esse dia pra passarmos juntos, sempre. Se eu tinha show, ela ia assistir; Se ela tinha algum evento/jantar/balada, eu acompanhava; E se nenhum dos dois tinha nada, passávamos a tarde assistindo filmes, jogando videogame e comendo porcarias, como era o caso daquela sexta em especial. Dividíamos a sessão entre os filmes de terror que eu queria ver e as comédias que ela queria ver. Nada meloso e nem violento demais, essa era a regra pra agradar aos dois.
  - , seja um bom lacaio e passe o balde de pipoca pra mim, sim? – Ela brincou em um tom pomposo que sabia que iria me fazer rir. Entreguei o pote com pose condizente a um mordomo.
  - A madame não acha que o pobre rapaz merece algum tipo de agradecimento por ser sempre tão solícito? – Perguntei, esperto.
  - Cala a boca, seu tarado. – Ela respondeu jogando uma almofada em mim.
  - Ou, você que está pensando em besteira aí, um simples obrigado teria me bastado. – Zombei. levantou do lado oposto do sofá e se jogou no meu colo, me abraçando pelo pescoço e enchendo meu rosto de beijos estalados murmurando “obrigado”s entre um e outro.
  E ainda me perguntavam porque eu era apaixonado por ela.
  - Tá bom, chega, to pingando de baba já! – Reclamei divertido apenas para irritá-la.
  - Ah, é assim, seu ? Pois então tá, me lembre de nunca mais te agradecer por nada. – Disse falsamente emburrada, virando-se de costas pra mim ainda no meu colo como se pudesse me ignorar e prestar atenção no filme desse jeito. Ah, tá.
  Coloquei imediatamente meus dedos em formato de garras e fixei-os nas costelas de , pronto para uma sessão de cócegas. Mal encostei ali e a garota já se contorcia, rindo sem parar e implorando por rendição. Típico.
  Sosseguei um pouco depois. se ajeitou melhor sobre mim, secando as lágrimas que tinham escapado durante nossa brincadeira idiota, e assim passamos a assistir propriamente o filme. Quarenta minutos depois estávamos os dois adormecidos abraçados no sofá velho da minha casa.


  Eu estava sonhando. Sim, isso era óbvio, pois não é sempre que a Pamela Anderson aparece no seu quarto de calcinha e sutiã ao som de Sex Pistols. Aliás, não é nem remotamente raro, é apenas impossível. Mas aquele era um bom sonho. Eu não pretendia acordar dele tão cedo, mas algo me obrigou. Um certo desconforto na região inferior do meu corpo me pegou desprevenido, me fazendo despertar para saber do que se tratava.
  Ah, sim. Ereção matinal.
  Maravilha, como se já não fosse suficientemente constrangedor para qualquer homem no mundo acordar com uma dessas, eu precisava que isso acontecesse especificamente nesse sábado que tenho a toda linda e gostosa dormindo profundamente e agarrada a mim.
  Tá fácil não, meus amigos.
  Estávamos em uma conchinha apertada ainda no sofá caramelo do meu apartamento. Um dos meus braços passava por debaixo da almofada que usávamos de travesseiro e o outro contornava firme sua cintura e era enlaçado pelo dela no antebraço. As pernas intercaladas, o encaixe perfeito. É, era uma boa posição. Se eu não tivesse com aquele pequeno probleminha íntimo. Nesse caso, era uma posição ainda melhor. O que só tornava tudo mais complicado.
  Tentei me mover sorrateiramente para longe dela, mirando com certo desespero o banheiro no fim do corredor. resmungou alguma coisa e apenas me puxou de novo para perto levando meu punho de sua barriga para o meio dos seus seios, me fazendo seu refém.
  Ah, merda.
  Acordá-la não era uma opção, visto que nem toda a intimidade do mundo faria menos constrangedor o momento que ela notasse minha excitação. Minha única alternativa era, bem, esperar que passasse sozinho, me acalmar.
  Não que aquilo fosse fácil, muito menos com ela ali, pressionada tão firmemente contra o meu corpo. Suspirei em frustração. A lufada de ar bateu direta e despropositalmente na nuca exposta da minha melhor amiga, o que causou uma reação em cadeia em seu pequeno corpo, primeiramente arrepiando sua pele e em seguida fazendo-a se mexer inquieta no lugar. O que seria normal, se ela não tivesse esfregado seu lindo traseiro contra a parte de mim que gritava por qualquer tipo de contato.
  Puta. Que. Pariu. Pamela Anderson que me desculpe, mas isso nem se comparava com um sonho erótico. era real, e quente, e gostosa, e, caralho. Em alguma parte de seu subconsciente adormecido ela deve ter notado algo cilíndrico e duro alojado no meio de suas nádegas, e aparentemente a ideia a agradava, pois outra remexida se seguiu, e eu ainda nem havia me recuperado da primeira. Não que eu fosse reclamar. Já estava duro mesmo, só me restava aproveitar o alívio momentâneo que ela estava me proporcionando.
  Isso era definitivamente melhor do que a solução do banheiro, embora em um nível astronômico mais arriscado. Tentado a simplesmente deixar a voz da razão de lado, segurei melhor seu corpo com o meu braço e inclinei o quadril suavemente para a frente. suspirou e puxou minha mão até pousá-la diretamente sob seu seio.
  Ah, aquilo era demais pra mim.
  Ou ela estava acordada, ou estava tendo um sonho erótico como eu há pouco. Qualquer que fosse a alternativa, eu estava feito. Só me restava tirar proveito e pensar nas consequências depois.
  Apanhei seu seio desprotegido de sutiã ainda sob a blusa fina que ela usava e massageei-o devagar. Ele cabia perfeitamente em minha mão e o mamilo rígido roçava vigorosamente na palma. Merda, como ela era gostosa.
  Os movimentos suaves das nossas intimidades entrando em contato aconteciam outras vezes, hora quando ela empinava aquela bunda sensacional, hora quando eu não me aguentava e me friccionava nela. Inclinei minha cabeça um pouco até alcançar minha boca no pescoço fervente de , onde a deixei encostada, apenas deixando minha respiração bater ali levemente.
  Finalmente tomei coragem de tomar mais um passo naquela semi-pegação e mover minha mão pelo seu corpo dançando pela barriga lisa e objetivando o meio de suas pernas.
  - O que você tá fazendo, ? – Ouvi sua voz e, no susto por ela estar acordada a sabe-se lá há quanto tempo, acabei rolando do sofá e caindo com tudo no chão. Outch.
  - Eu... O quê? – Perguntei aturdido, enquanto ela se virava para me olhar. Acabei puxando uma almofada caída no chão para o meu colo por precaução.
  - Tá acordado faz tempo, Gordo? – Ela perguntou curiosa, provavelmente querendo saber se meus movimentos eram conscientes, se eu realmente estava abusando da minha melhor amiga na cara dura.
  - Não, né, , olha pra essa minha cara de idiota que acabou de ser acordado ao cair do sofá e me diga. – Contornei. Não dava pra arriscar mandar um “sim” e ter ela puta comigo. Ela riu jogando a cabeça pra trás. Linda.
  - Vem, bebê, vou fazer seu café pra me redimir por ter te expulsado da nossa cama improvisada. – Ela levantou, estendendo a mão pra mim.
  - Vai indo lá na cozinha, eu só vou escovar os dentes. – Respondi com um sorriso amarelo para ganhar tempo de me livrar do “problema”. Ela sorriu fechado, desconfiada, e saiu da sala rebolando aquele tormento no fim das suas costas.
  Essa foi por pouco.


  - Nome? – Indagou o segurança grande e imponente na porta.
  - . – Ela respondeu.
  - Pode passar, senhorita. – Ele disse, a dando passagem para que viesse ao meu encontro. Ela abriu um grande sorriso já esticando os braços em sinal de que queria me abraçar. Retribuí com um sorriso murcho, sem vida.
  - Oi, gordinho lindo. Por que essa cara, meu amor? – Ela perguntou fazendo bico enquanto me olhava de perto, ainda semi-abraçada comigo.
  - Ah, , você sabe como eu fico todo bixa antes de show, tremendo na base. É escroto, mas eu tenho medo de cagar tudo e decepcionar os caras e, bom, você.
  - Sim, eu sei, e sei também que o que cura esse nervosismo é sempre um par de peitos falsos e uma long neck. – Disse levantando uma sobrancelha, como se não aprovasse. - O que me leva a perguntar por que esse backstage está tão vazio e puritano. – Completou, divertida.
  - Sei lá, tava sem paciência pra mulher sem cérebro hoje, e o dono desse lugar proíbe a entrada de bebida alcoólica no camarim antes dos shows. Algo a ver com um incidente três meses atrás. – Respondi dando de ombros.
  - Bom, nesse caso você pode começar a listar os motivos pelos quais você me ama, porque eu vim te resgatar desse poço de depressão. – falou esgueirando a pequena mão por dentro da bolsa mediana e tirando de lá uma Stella Artroais estupidamente gelada.
  - Puta que pariu, você é foda, garota! – Exclamei em puro alívio. – Como sabia que eu precisaria disso?
  - Digamos que foi um palpite de sorte. – Rebateu dando uma piscadinha, aproveitando para deixar a bolsa na mesa de centro e retirar o casaco que me impedia de babar na abertura do colo do seu vestido.
  - Só tem um problema... – Comecei e ela deixou o sobretudo no sofá voltando-se para mim para ouvir o resto. – Ainda me falta o par de peitos falsos.
  - Há, há, há, engraçadinho. Nisso eu não vou te ajudar nem em um milhão de anos. – Disse mal-humorada. Adorava a face possessiva de , era bizarramente sexy.
  - Tudo bem, , eu não sou tão exigente, eles podem ser naturais... Podem ser os seus, que eu não ia sequer me importar! – Ri descarado, esperando qualquer reação agressiva dela, apenas para me surpreender quando ela respondeu:
  - Como se eles fossem bons o bastante para você.
  - Espera, estamos mesmo falando dos seus peitos assim, abertamente? – Indaguei confuso, ela deu de ombros. – Bom, nesse caso eu vou me dar o direito de dizer o quanto eles são lindos.
  - O quê? , você sequer repara, cala a boca.
  - , não há homem que não repare em você. E não só por esses magníficos montículos rosados. – Rebati assistindo-a corar. Aquilo estava realmente ficando interessante. Ou eu ia acabar fazendo merda e falando demais, como tudo indicava já ter sido o caso, ou na melhor das hipóteses a faria parar de me torturar usando esses decotes maravilhosos.
  Ok, quem eu tô querendo enganar? Na pior das hipóteses, isso sim.
  - Você acabou de chamar meus peitos de magníficos montículos rosados? – Perguntou um tempo depois me encarando. Ambos caímos na risada. – Você é um idiota!
  - O idiota que você ama tanto a ponto de contrabandear uma cerveja para o backstage sendo que você sequer gosta que eu beba.
  - Eu meio que mudei de ideia. Se você ficar todo lindo me elogiando toda vez que bebe eu vou até retirar sua inscrição para os Alcoólicos Anônimos. – Disse divertida. Puta merda. Ela estava super se referindo ao “gostosa” que escapou duas semanas antes. Na cara dura! Isso só podia significar uma coisa. É agora ou nunca, , parte pro ataque ou tira o time de campo.
  - Você sabe o que dizem sobre bêbados só dizerem a verdade. – Disse sugestivo. Ela se aproximou de mim, os olhos levemente cerrados e um sorrisinho repuxando os cantos dos seus lábios.
  - Esse é o seu jeito de reafirmar que me acha gostosa, ?
  - Não, , esse é o meu jeito. – Puxei-a de encontro a mim de uma só vez sem qualquer plano de ação em mente, apenas agindo conforme meus instintos. Minhas mão inconscientemente caminhando de encontro ao seu traseiro e nossos hálitos a ponto de se misturar.
  - , cinco minutos.

Parte Dois

  Ainda bem que apareceram pra me chamar pro palco antes que eu fizesse besteira. Eu realmente, realmente, não estava a fim de cagar a única coisa na minha vida que eu tinha feito direito, prejudicando minha relação com daquele jeito. Por isso, assim que ouvi uma voz anunciando o tempo que me faltava, apenas desviei o percurso que estava fazendo, dando um pequeno tapinha na bunda de e um beijo forte em sua bochecha, e me afastando com um “torce por mim” nos lábios.
  Não antes de notar a carinha de confusão dela, no entanto. A boca levemente aberta, os olhos arregalados e as sobrancelhas inclinadas - aquela feição ia me render a noite em claro, eu sabia. queria que eu a beijasse? Ela tinha provocado de volta, ou era coisa da minha mente fértil e necessitada?
  Fosse o que fosse era o bastante para me pilhar com a possibilidade por pelo menos algumas horas, algo que foi muito bem refletido na minha performance no show, já que eu não conseguia parar de pular igual um retardado e interpretar as batidas com todo o bom humor.
  E ela estava lá, toda sorridente e com aquele olhar de admiração que me aquecia por dentro e me deixava ensandecido, assistindo cada mínimo passo meu no palco e vez ou outra acompanhando a letra de alguma música. Era sempre um esforço imensurável desviar meus olhos dos dela nessas horas que estávamos tão conectados e em sintonia.
  Quando eu tocava, e eu éramos um. Sempre tinha sido assim e era justamente em momentos como esse que eu lembrava porque queria que ela fosse minha, porque não conseguia me contentar tanto quanto antes com sua amizade: eu desejava que fôssemos daquele jeito sempre, não só durante minhas canções. Eu queria poder senti-la tão próxima e entregue quanto naquele momento todos os dias, todos os minutos.
  Seus olhos brilhavam ao fim da nossa última música, indicando sua comoção. Agradeci a plateia e deixei o palco pulando duas ou três rodinhas de meninas histéricas no caminho e alcançando minha melhor amiga, logo puxando-a pela mão para fora do lugar. Ela seguiu sem pedir maiores explicações, mesmo meu modos operandi não sendo condizente com ir embora tão cedo sem ao menos fazer um pit stop no bar. Talvez sua intuição lhe dissesse que essa noite eu queria passar apenas com ela, em qualquer lugar menos povoado e preferencialmente com o maior contato possível entre nossos corpos.
  Parei o carro rapidamente em um posto, e enquanto o frentista completava o tanque, fui até a loja de conveniência comprar algumas coisas pra nos sustentar durante a noite. Algumas garrafas de vinho e amendoins depois, fomos para o meu apartamento. Assim que entramos ela foi direto ligar o som, e uma música qualquer animada tomou o ambiente. Eu estava na cozinha lutando contra a rolha, que por fim saiu, me permitindo levar a garrafa e as taças para a sala, onde me aguardava balançando-se para um lado e para o outro no tapete do centro do cômodo. Sorri de leve lhe estendendo sua taça e me joguei no sofá a sua frente, dando um gole generoso.
  Comentamos os acontecimentos do show por cima, enquanto ainda desfrutávamos da música pop ambiente e do álcool sorrateiramente percorrendo nosso sangue.
  - Eu já disse que você é linda hoje? - Perguntei em tom encantado claramente despertado pela garrafa e meia de vinho tomadas até ali. ficou em silencio me olhando com um sorriso preso no canto dos lábios cheios.
  - Você já imaginou como seria se a gente se beijasse? - Ela rebateu, me deixando completamente sem reação e na esperança de que, mesmo sendo consideravelmente mais fraca que eu para bebidas, ela não estivesse bêbada. Enchi o peito com uma coragem desconhecida até então.
  - Praticamente o tempo todo.
  A tensão que se instalou no ar era praticamente palpável. Eu sabia que o próximo passo dependia de mim, conhecendo como a palma da minha mão, sabia que ela permaneceria congelada, analisando cada sílaba da frase anteriormente proferida por mim, em súbito estado racional de sobriedade. Sua mania de pensar demais sendo apenas mais um dos motivos para que eu não tivesse tentado nada com ela ainda. Então como o bom cavalheiro que eu não era, a solução era tirá-la da zona de conforto, colocá-la para reagir impulsivamente.
  - Quer tentar? - Perguntei como quem não quer nada, assim a pondo contra a parede. Um “não” e eu tirava meu time de campo por pelo menos os próximos meses. Ela deu de ombros, o olhar não mais tão nublado quanto antes e a leveza do álcool novamente embebendo seu ser.
  - Bom, acho que nada nos impede de... - Aquilo não era um não, e meu sangue não estava exatamente percorrendo meu cérebro naquele momento, portanto não foi surpresa ter me levantado de supetão, agarrado dos dois lados da cabeça de , e chocado nossas bocas furiosamente, sem ao menos esperar o término de sua frase.
  Ela, embora surpresa, não demorou a partir os lábios, me dando passagem para realmente encaixar nossas bocas e acariciar sua língua com a minha. Ambos suspiramos no primeiro contato e suas mãos agarraram meus antebraços com força, como se para me manter ali.
  Eu vez ou outra puxava seu lábio inferior para mim com os dentes e obtinha uma resposta mais descontrolada de que acabava se jogando contra mim com mais intensidade, acelerando mais ainda o ritmo já anormal de nosso beijo.
  Resolvi que estava desperdiçando momentos preciosos de apreciação ao corpo que tanto me enlouquecia mantendo as mãos paradas, e por isso deslizei uma até segurar sua cabeça pela raiz dos cabelos de sua nuca e desci a outra sem delicadeza para primeiramente enlaçar sua cintura e puxá-la mais para perto de mim, e depois iniciar um caminho perigoso da lateral de seu quadril até logo abaixo de seus seios, e retornando.
   não pensou duas vezes antes de jogar seus braços em volta do meu pescoço, vez ou outra acariciando com a ponta das unhas minhas costas ou apertando meus ombros e braços.
  Peguei-a no colo, logo depois me sentando no grande sofá e acomodando ela em cima de mim, as pernas em torno do meu quadril, proporcionando o máximo de contato que nos era permitido ter um com o outro enquanto vestidos.
  Mas não só de desespero e luxúria era composto aquele beijo. Havia todo um carinho e devoção implícitos, que por vezes davam as caras quando ela acariciava minha bochecha com o dedão e eu a apertava em meus braços em um confortante abraço. Também, nos momentos que parávamos momentaneamente o ataque para respirar, nossas testas se encostavam e distribuíamos selinhos e roçadas de boca pela face um do outro.
  Quer dizer, eu estava duro contra ela, óbvio, mas nem se passava pela minha mente ir além daquele (não tão) simples beijo e algumas carícias. Eu já tinha conseguido tanto até ali, e estava tão realizado, que não desperdiçaria isso por alguns momentos a mais de prazer. Afinal, eu não correria o risco de ela achar que era só o lanche da noite. era muito mais do que aquilo, e com isso em mente não fazia sentido tentar pular etapas.
  Em uma rápida análise dos preciosos minutos que passamos ali, cheguei a conclusão que eu podia praticamente me considerar o maior boca virgem do universo até o dia anterior. sabia beijar, melhor do que isso, sabia beijar a minha boca como ninguém fizera até então. Todas que vieram antes dela eram humilhantemente desbancadas e categorizadas como mera troca de saliva perto do que aquele beijo representava. Havia conexão, intimidade, a quantidade certa de língua, pressão, carícias. Era como se ela fosse feita para me beijar e eu vivesse para beijá-la. A vontade era de nunca aquele momento acabar, por mais bicha apaixonado que isso me tornasse.
  Mas como tudo na vida, acabou cedo demais. Meu celular tocou em alto e bom som no bolso traseiro do meu jeans, e fez o favor de acabar com o clima. alcançou sem timidez alguma o aparelho e deslizou a seta verde da tela que dizia “Alex Cuzão”, de forma a atender.
  - Cara, onde você se enfiou? Ta todo mundo te procurando aqui! Achamos um grupo de groupies gostosinhas, e tem uma sobrando pra você! - Ouvimos sua voz soar alta, lutando contra o barulho alto de pessoas conversando e qualquer batida eletrônica no fundo.
  - Alex, é a . O me trouxe em casa porque eu não estava me sentindo muito bem. Desculpe!
  - Ah, oi, ! Mal te vi hoje. Tudo bem, princesa, sem problemas. Se cuida! - Ele disse.
  - Pode deixar, maninho. E quanto a menina de vela, tenho certeza que você dá um jeito. Já te vi com uma menina de cada lado e você ainda conseguia atrair uma terceira. - Ela riu.
  - É... Vamos ver. Ela é gata, afinal você sabe que eu só ofereço as melhores pro , já que ele não pode te ter tem que ter um bom consolo. - Ele riu da própria piada infame, mas se limitou a conectar nossos olhares. Ela até então mirava a gola da minha camisa, com a qual mexia com a ponta dos dedos. Seu olhar agora era sério e contemplativo.
  - Escuta, Alex, eu tenho que ir. Aproveita aí por mim e pelo gordo! - Eles então se despediram e desligaram. me entregou o celular oferecendo um singelo sorriso, e deu um beijo apertado no canto da minha boca. Depois de respirar fundo, ela apenas se levantou e deixou a mim e a meu apartamento para trás.

Parte Três

  "Sexta-feira é dia oficial de grude."
  Esse foi o primeiro pensamento que tive ao acordar. Depois que foi embora, há quase uma semana, não nos falamos mais. Eu estava louco de saudades dela. Sentia falta da sua risada escandalosa e suas caretas bonitinhas quando eu fazia qualquer piada de duplo sentido. Sentia falta da textura macia da sua pele e de como nossos corpos se encaixavam, mesmo em um abraço desajeitado. Sentia falta de seus carinhos delicados no meu couro cabeludo quando deitava em suas pernas, e de carregá-la no colo até o quarto quando adormecia no meio do filme. Sentia falta dos movimentos involuntários dos seus seios quando corria na minha direção depois de um dia difícil, e do cheiro doce que exalava de seus cabelos. Eu sentia falta da minha melhor amiga, e sentia falta da garota que eu amava. Até mesmo sentia falta de seus beijos, e eu apenas os havia provado uma vez. Como isso era possível? Como sete dias podiam ser tão torturantes dessa maneira?

  Por Ela

  Sexta-feira devia ser o dia oficial de grude. Era assim que tinha que ser. Era assim que tinha sido por tanto tempo que eu não conseguia administrar a mudança. Essa não deveria ser a primeira sexta-feira que eu passava longe de . Mas seria, se eu continuasse com essa birra besta.
  Mas como lidar? Como agir naturalmente com a pessoa que mais esteve do meu lado em toda a minha vida depois de um momento roubado daqueles? Como eu poderia cumprimentar meu melhor amigo com um beijo na bochecha se meu corpo ardia para que nossos lábios se encontrassem?
  Merda, eu sentia falta dele. Falta de suas piadas sem noção e seu carinho protetor. Dos olhinhos azuis brilhando quando me visse, independente de seu estado de espírito. Do calor de seus braços e da sensação dos seus cabelos na minha palma. Do jeito sutil que ele tinha de me mostrar que era tão especial para ele quanto ele era pra mim.
  Mas eu simplesmente não sabia o que fazer. O que o beijo tinha significado? Era algo de momento, era mais do que isso, era recorrente ou pontual...?
  Arg. Sete dias inteiros indagando as mesmas coisas e parecia que minha linha de pensamentos andava em círculos. Eu estava estressada, tentada, sofrida. Queria de volta, e não fazia ideia de o que fazer com esse desejo.
  Fechei os olhos e respirei fundo. Sexta-feira era dia de grude, e dia de grude seria. Eu só precisava me acalmar antes de vê-lo e tudo daria certo, tudo estaria sob controle. Eu não podia ficar longe dele em hipótese alguma, precisava dele até mesmo para tirar sangue, então perdê-lo, ou melhor, afastá-lo não era uma alternativa.
  Me acalmar. Era só o que eu precisava...

  Por Ele

  Eu tentei mais de uma vez falar com ela, mas não tinha certeza em que pé estávamos e por isso acabava ficando calado. Ela também não me procurou, mas pelo modo como saiu daqui isso era esperado.
  A fase de me xingar por tê-la beijado passou no domingo mesmo. Eu não tinha capacidade de me arrepender pela melhor coisa que já me aconteceu, e ainda tinha esperanças que ela só precisasse de algum espaço para assimilar o ocorrido.
  Mas então chegou a sexta-feira e eu não podia deixar o dia passar em branco. Alguma atitude eu precisava tomar, mas qual? Meu celular vibrou na bancada da cozinha. Olhei de relance enquanto preparava meu café da manhã:
  “Nos vemos mais tarde? -
  Era ela. tinha, enfim, dado sinal de vida. Puta merda, graças a Deus, nem tudo estava perdido. Eu iria vê-la! O dia de grude não seria desperdiçado.
  Segurei o grito por ter derrubado café quente no colo por estar distraído e logo limpei a bagunça inteira e me enfiei no banho.


  Eu já estava em frente à casa dela. Tudo bem que havia se passado menos de uma hora desde que eu havia recebido a mensagem, mas isso já podia ser considerado “mais tarde”, certo? Certo.
  Ok, a verdade é que eu estava pateticamente eufórico de ela ter sinal de vida e não pude esperar mais tempo para vê-la.
  Bati na porta três vezes seguidas chamando seu nome. A porra da campainha continuava quebrada e eu sempre me esquecia de me aventurar a concertar aquela desgraça. era distraída demais pra ouvir meros toques na porta, eu sabia. Passei as mãos pelos bolsos da calça jeans em busca do meu celular para que pudesse alertá-la que eu já estava ali. Todos vazios, eu provavelmente esqueci em casa já que saí às pressas. Merda.
  Odiava fazer isso, mas o jeito era usar sua chave reserva. Ela escondia uma cópia debaixo do tapete de boas-vindas, alugando ser tão óbvio que ninguém desconfiaria. Bem, eu não teria tanta certeza, mas isso já nos rendeu uma discussão boba sobre superproteção e eu não queria entrar nesse mérito de novo.
  Entrei sem dificuldades, deixando o meu molho de chaves no aparador e chamando minha melhor amiga ainda do hall de entrada. Nem um som de volta. As paredes eram grossas, tudo bem, mas ela devia estar realmente muito ocupada pra não ter ouvido. Comecei minha busca pela cozinha, a qual encontrei vazia. Decidi então que ela devia estar no quarto e encaminhei-me para o corredor que me levaria a ele.
  Assim que pisei nele no entanto eu escutei sons saindo do quarto. Sons extremamente parecidos com gemidos abafados.
  Paralisei no lugar, sem saber o que fazer. Não havia nenhum carro estacionado na rua, então era extremamente improvável que estivesse com companhia, o que poderia apenas significar que ela estava... Se tocando.
  Me senti ficar duro quase que imediatamente nas calças. Eu devia sair dali. Eu devia dar as costas e voltar pra de onde eu tinha vindo, mas meus pés não me obedeciam, eles pareciam fincados no chão como se ali tivessem sido pregados.
  E se... Eu apenas continuasse ali... Ouvindo?
  Não, não, a tortura era cruel demais.
  Quem sabe então se desse apenas uma rápida olhada?
  A porta do quarto dela estava entreaberta. Caminhei silenciosamente até ali, tentando me convencer que tudo que precisava era uma imagem mental para me ajudar nas noites solitárias em que estivesse pensando nela. Os suspiros frequentes e gemidos sôfregos aumentavam de intensidade a cada novo passo meu, dando lugar a gritinhos pouco contidos e frases desconexas.
  Minha mão escorregou tentadoramente para perto de minha braguilha. Mas eu não podia, não ali, não naquele momento. Me apressei então, escorando-me na parede ao lado da porta, e me inclinei sutilmente para espiar a fresta aberta.
  Ah, porra.
  A cena é demais pra mim. estava no centro de sua grande cama de casal que tantas vezes dividimos em noites de extrema bebedeira, com a blusa de alça caída em um lado expondo seu seio arrebitado e suficientemente farto, as pernas abertas e a calcinha delicada de renda branca puxada para o lado.
  As mãos da garota se dividiam entre pressionar o mamilo rígido entre dedão e indicador e acariciar em círculos o botão inchado no topo da carne encharcada abaixo de seu ventre. Ela beliscava e esfregava seu grelinho, vez ou outra escorregando os dedos para seu interior. O quadril arqueava-se de tempos em tempos, esquivava-se, erguia-se, procurando sentir melhor o prazer que ela se dignara a se proporcionar. Seus dentes aprisionavam sem dó o pobre lábio inferior, que estava esbranquiçado aos redores com a força que ela despendia na mordida, e ainda assim dali escapavam os sons mais encantadores e eróticos que eu já escutara.
  Eu estava total e completamente hipnotizado pela imagem. Com isso, não percebi ter deixado a descrição de lado, pois quase babava na entrada do quarto, sem qualquer preocupação quanto a continuar escondido. Ela, alheia a minha presença, apressava o movimento dos dedos e arqueava as costas, claramente se aproximando da sua liberação do prazer, e murmurando rosnados inteligíveis e... Meu nome.
  Puta que me pariu.
  Surpreso, excitado, e sem qualquer capacidade de raciocinar o que aquilo podia significar no momento, eu não me contive a dar um passo em direção a cama. Meus pés provocaram o ranger da madeira do chão, alertando da minha presença inesperada. Ela abriu os olhos imediatamente e em um pulo procurou se cobrir como podia, ainda ofegante e descompassada.
  - ! O que...? Eu não ouvi você entrar. - Ela esganiçou, ao conectar nossos olhares.
  - Eu... Acabei entrando com a chave reserva porque... Er... - Engoli em seco, ainda mantendo o contato visual com ela, mas não conseguia dar continuidade àquele assunto tão menos importante do que acabava de presenciar. - Você... Disse o meu nome. - Constatei mais pra mim mesmo do que pra ela. Era como se eu precisasse falar aquilo em voz alta pra assimilar que tinha realmente ocorrido.
  - Eu... Hm... É. - Respondeu sem jeito, e desviou os olhos para qualquer outro lugar que não os meus, por fim deparou-se com o evidente volume estourando minhas calças...
  - ... - Chamei em súplica, os olhos em uma tonalidade mais escura, e dando passos tentativos na direção dela.
  - . - Ela decretou em resposta ao meu pedido mudo, fazendo com que eu, sem pensar duas vezes, me ajoelhasse na cama agarrando-a pelos cabelos e unindo nossas bocas com ferocidade.
  As línguas não demoraram a se unir enquanto nossos rostos investiam um contra o outro a procura de mais contato, e fomos incapazes de não emitir gemidos aliviados em meio ao beijo. Ela estava tão quente, tão deliciosamente fervente, que foi inevitável jogar meu corpo sobre o dela, para que ambos estivéssemos deitados na cama e minhas mãos pudessem parar de me amparar para explorar cada mínimo pedaço de seu corpo.
  Seu cheiro, seu gosto, todas as lembranças que eu detinha do amasso da semana passada não fazia jus a sensação de tê-la realmente entre os meus braços, com o lábio preso nos meus dentes e o hálito batendo no meu rosto.
  Enlacei sua cintura e puxei-a para baixo, tornando nossa posição mais confortável enquanto me encaixava entre suas pernas e segurava com força sua coxa contra meu quadril. Podia sentir, mesmo sob o jeans que usava, o calor emanando do interior das suas pernas, me convidando a perder o rumo dos pensamentos.
  Devido ao que fazia antes e a nossa situação já precária, não demoramos a nos encaixar e bater quadris, os movimentos pélvicos recobrando com totalidade a umidade recente dela, o que pude constatar depois de ter a braguilha aberta e sentir o pedaço exposto da minha boxer ficando molhado. Ela estava incrivelmente pronta pra mim.
  Mesmo assim, resolvi prolongar o prazer. Após abaixar suficientemente minhas calças e desatar as laterais da sua fina calcinha até tirá-la do caminho, agarrei entre os dedos a bunda de como apoio e passei a fazer longas investidas contra sua carne vermelha e ensopada, massageando seu clitóris inchado. Ela pareceu aprovar imensamente, pois agarrou a gola da minha camisa até que ela estivesse em qualquer lugar que não o meu corpo e cravou as unhas medianas em meus ombros.
  Eu descontava a vontade de penetrá-la respirando fundo em seu pescoço, por onde eu passeava a língua vez ou outra. Mas ao senti-la arqueando as costas e consequentemente esfregando os seios no meu peitoral, tive que desencaixar meu rosto daquele paraíso perfumado para olhá-la nos olhos.
  Só para me deparar com a cena mais eroticamente estimulante possível. tinha aprisionado novamente seu lábio inferior entre os dentes e revirava os olhos a cada novo roçar de nossas intimidades com o colo brilhante de suor. Era a definição de luxúria.
  Com um rugido preso na garganta, eu baixei de uma vez por todas a camisetinha já muito amassada do seu corpo, segurei seu quadril firmemente e aumentei em força e velocidade nossa fricção, aproveitando para cair literalmente de boca em um de seus seios perfeitos.
  Tinha um quase inteiro na boca e sugava com vontade, enquanto uma mão subia sinuosamente pela barriga lisa até aprisionar em um beliscão provocante o mamilo do outro. rebolava sobre a minha ereção desesperadamente, o que me fazia praticamente explodir nas calças.
  - Ah, , você é muito gostosa. - Grunhi como pude, já completamente cego de tesão.
  - ... - Ela suplicou, seu orgasmo crescendo desenfreado no ventre, implorando para que eu não a torturasse.
  Arranquei sem cerimônias o restante das roupas entre nós e inclinei-me para lamber toda a extensão de sua brilhante boceta rosada e um chupão no grelinho sensível. Ela agarrou os lençóis em um grito mal contido. Ajeitei minha posição novamente de forma a provocar sua entrada com a cabeça latejante do meu pau.
  - Por favor... Eu preciso de você. - Ela chorou perto do meu ouvido. Dei um beijo molhado em seus lábios e segurei a base da minha ereção.
  - Você já me tem.
  Um instante depois eu estava inteiro dentro dela. Pude rasgá-la sem cerimônias de tão pronta que estava, e senti cada milímetro de seu calor e aperto ao meu redor. Eu estava no paraíso. Senti suas unhas descerem pelas minhas costas como seu último suplico para que eu me movesse, tal estado que ela se encontrava. E então, a medida que eu me vi quase completamente fora de sua cavidade e tão logo novamente a perfurando, gritou meu nome em sua liberação, algumas lágrimas escapando seus olhos e diversos espasmos percorrendo seu pequeno corpo arrepiado. Assisti a cena maravilhado, sem conseguir evitar a dor nas minhas partes baixas - eu estava tão duro que quase podia ouvir meu pau gritando que queria gozar logo e de preferência dentro daquele pedaço de céu extremamente molhado e apertado pós-orgasmo.
  Eu sabia que agora estaria mais sensível, por isso tomei cuidado com sua passagem embora não pudesse evitar entrar e sair de seu corpo com força e agilidade. Ela foi retomando o controle sobre seu corpo aos poucos, e em instantes já rebolava para mim e atacava minha boca, pescoço e colo com lambidas e mordidas sensuais. Cada vez que meus olhos abriam e eu a via corada, nua e satisfeita embaixo de mim, mais perto eu me sentia de um limite que eu tinha certeza que seria estupendo. E tão logo conectei nossos olhares, senti meu pau se contrair e jorrar meu líquido aliviado seguidas vezes na parede de seu interior.
  Desabei em cima dela, puxando-a para um abraço apertado e rolando de forma a não fazê-la aguentar meu peso. acariciava meu peito suavemente, esperando minha respiração estabilizar. Então, disse:
  - Você é incrível, .
  Abri o mais feliz dos sorrisos e depositei um beijo cálido em seu ombro descoberto. Deitamos com as testas coladas.
  - Acho que precisamos conversar... - Eu comecei, logo sendo interrompido por um fino dedo em riste pressionando meus lábios. Ela negou com a cabeça em silêncio, virou-se de costas e me puxou para envolvê-la de conchinha. Adormecemos assim.

Parte Quatro

  Acordar no dia seguinte foi uma tarefa consideravelmente difícil. Ao mesmo tempo em que eu me sentia mais relaxado do que me lembrava já ter estado, havia toda uma aura de tensão no ar a respeito dos próximos acontecimentos.
   não quis conversar sobre nossa transa espetacular. Justo. Conversa de travesseiro nunca é realmente agradável. Mas isso não significava que eu conseguia ficar no escuro, sem saber se aquilo significou alguma coisa e/ou se teriam consequências no nosso relacionamento.
  Falando assim eu parecia uma mulherzinha carente, mas quando se está apaixonado por alguém tão maravilhosamente complicada como , algumas preocupações acabam passando pela cabeça da pessoa.
  Depois de sentir seu calor, então... É inevitável. Você fica inquieto querendo saber o que fazer para senti-lo novamente. Se possível, todos os dias da sua vida.
  A minha sorte, acho, é que eu sempre, cem por cento das vezes, acordava faminto. E essa foi uma distração bem-vinda quando eu acordei para uma cama vazia ao som abafado de chuveiro ligado. Voei para a cozinha bem arrumada da minha melhor amiga - não sem antes fazer uma parada necessária no lavabo para escovar meus dentes - para fazer um café reforçado.
  - Às vezes eu agradeço aos céus pela educação que a sua mãe te deu. Acho que nunca a minha cozinha cheirou tão bem! - disse em tom de voz tranquilo ao entrar na cozinha e se jogar na primeira cadeira que encontrou. Eu estava ocupado no fogão, terminando um omelete caprichado que me impedia de virar para olhá-la nos olhos.
  - Fica difícil saber se o elogio é porque eu sou um exímio cozinheiro ou porque você queima até água, . - rebati brincalhão tentando manter o clima agradável até descobrir em que lençóis estávamos. Ela deu uma risada amena da própria desgraça enquanto eu apagava o fogo e me dirigia com a frigideira em mãos para a mesa. Ocupei-me de repartir a comida em nossos pratos antes de olhar para com um sorriso frouxo nos lábios.
  Seus olhos continham um quê de insegurança que me acalentaram mais do que sua aceitação teria. Ela também estava confusa. Também não sabia como agir. Minha estava mexida, e isso era tudo que eu precisava saber para não desistir dela.
  - Bom dia, coisa linda. - Disse sorrindo-lhe carinhoso. Ela esfregou as mãos nervosas nos olhos, levantou-se e se pendurou em meu pescoço deixando uma mordida dolorida na minha bochecha.
  - Bom dia, gordelícia. - Rimos, idiotas que éramos, da piadinha infame. Então nossos olhos se conectaram e o momento pesou. Sabíamos que algo precisava ser dito. - Escuta, ... - Ela começou. Nos sentamos um ao lado do outro subitamente apreensivos. - O que aconteceu... Nós somos amigos, certo?
  - Não entendi sua pergunta.
  - Eu quero dizer... Nós nos conhecemos há uma eternidade. Sabemos cada pequena mania um do outro. Nos ligamos quando temos problemas e saímos juntos no mínimo toda semana. Eu... Não quero perder isso.
  - Mas, , ninguém disse que...
  - Espera. O que eu quero dizer é que eu sei que sou complicada. E eu sei que o que aconteceu não tem volta. - Ao ver minha expressão de surpresa, ela emendou - Não sou mais uma criança, tenho noção que não dá pra simplesmente fingir que nada rolou. Mas... Eu não quero perder o que a gente tem. Eu não quero ficar cheia de mimimi quando falar com você, não quero ficar cheia de não-me-toques, não quero passar mais uma semana sem te ver por não saber como agir. ... O que a gente tem é maior do que tudo isso. Eu não quero te perder por coisa boba. Não quero que sexo separe a gente.
  E então eu entendi. estava assustada, claro, eu também estava. Mas eu tive meses pra me acostumar com a ideia de ter um relacionamento com ela, desde que descobri que eu estava apaixonado. Tive tempo pra decidir que eu queria, sim, cruzar aquela linha. Ela não. Para , tudo aquilo era um pensamento novo e apavorador que ela não sabia ainda estar disposta a arriscar. Eu podia respeitar isso. Eu deveria respeitar isso.
  - Tudo bem... Então o que você quer fazer?
  - Quero que a gente continue sendo a gente.
  - , você mesma falou que não dá pra fingir que nada aconteceu.
  - Eu sei, eu sei. Por isso vamos colocar as cartas na mesa. E aí a gente tenta passar por cima disso e viver normalmente. - Propôs. Colocar as cartas na mesa... Me perguntei se o ás "estou apaixonado por você" entraria nesse jogo. Era um coringa inesperado por ela, sem dúvidas. Achei melhor esperar em silêncio para que ela começasse. - Bom, tudo bem, eu começo. Eu te acho gostoso. Tipo, muito. - Revelou, ficando vermelha nas bochechas. Eu sorri de canto, maravilhado com a cena. - Quero dizer, você sabe que é lindo. E eu morro de tesão por você.
  - Você é maravilhosa, . E a noite que tivemos... Foi inacreditável. - Continuei.
  - Sim, foi sensacional. - Ela disse, baixando a cabeça envergonhada.
  - Sua boca, seu corpo. Cada parte de você encaixa em mim como se fosse feita pra ser minha.
  - Seu gosto é tão bom que eu não queria colocar nada diferente na língua pelo resto da minha vida.
  - Seu cheiro é tão doce e afrodisíaco que eu me sentia aquecer só de respirar sua pele.
  - Seus olhos são tão profundos e transparentes que eu me pego querendo me ver refletida neles a todo momento.
  - Suas curvas são tão... - Sem notar, nós estávamos perigosamente nos aproximando um do outro, tão conectados e em sintonia, embriagados pelo momento. Até, é claro, ela acordar.
  - Tá bem, chega! - Riu sem graça respirando profundamente. - Acho que é o suficiente.
  - Eu ainda não entendi como todas essas revelações vão nos ajudar a ficar só na amizade. - Resmunguei insatisfeito.
  - É simples: Agora a gente sabe. Agora tá tudo transparente. Agora a gente pode passar pra próxima, sem fazer de conta que não sabe o que o outro tá sentindo. A gente mantém a intimidade da amizade sem se torturar.
  - Não tem nada de simples nisso, . Mas se você quer assim... É assim que vai ser. - Eu disse, conformado. Duvidava que aquilo iria durar de qualquer forma. Mas resolvi dar o tempo que ela precisava.

  Mesmo que a gente tivesse decidido que nada mudaria - ela, na verdade -, as coisas estavam, sim, diferentes. Na verdade eu já não sabia naquele ponto se era minha cabeça distorcendo as coisas ou meu corpo dominado por hormônios, mas a sensação que eu tinha era que o contato entre nós tinha aumentado.
  Era como se procurássemos desculpas para nos tocar, para irmos pra piscina - e consequentemente ver um pouco mais do corpo um do outro - e para passarmos mais tempo juntos no geral.
  Ou seja, se havia alguma brecha em nossos horários apertados, qualquer que fosse, logo estávamos um com o outro fazendo tudo e nada ao mesmo tempo. Ela sempre que podia sentava no meu colo, eu sempre que encontrava um motivo passava os braços a sua volta, nossos abraços tornaram-se mais frequentes e mais longos, e sempre acabavam com um beijo contido no pescoço ou bochecha um do outro.
  Fingíamos que nada estava acontecendo, que nosso relacionamento sempre tinha sido daquela forma. Mas eu achava que ela também sabia, em seu íntimo, que isso não era verdade, que a tensão sexual entre nós estava explodindo e saindo pelas frestas cada vez que nossas peles entravam em contato ou nossos olhares se conectavam por mais de um segundo.
  Enfim, toda essa brincadeira de tocar e sentir estava me deixando louco. Eu tinha vontade de jogar tudo pro alto, rasgar as roupas de e gritar aos sete ventos que era apaixonado por ela e que ela só iria sair do meu aperto semana que vem.
  Mas eu não podia.
  Porque ela ainda não estava pronta para escutar nada daquilo.
  Mas em compensação meu amigo de baixo também não estava pronto para passar por mais uma sessão de tortura ao que ela posicionasse sua linda bunda redonda em cima dele havendo pelo menos mil outras cadeiras nas quais ela pudesse se sentar.
  Por isso, naquele dia, eu decidi que não ia aguentar ficar em casa com ela. Eu sabia que íamos acabar nos provocando indiretamente, sem ter distração alguma e na intimidade do meu apartamento, aquilo não ia dar certo.
  Então, naquela noite, nós iríamos para uma boate. Eu esperava que ver centenas de belas pernas diferentes das da minha melhor amiga fosse uma boa para tirar da cabeça a ideia persistente de jogar tudo pro alto e agarrá-la.
  Mas, é claro, como tudo nessa vida, a prática é muito diferente da teoria, o que significa que se tinha algum par de pernas me chamando atenção, era o da dita cuja.
  Minhas mãos e meu cérebro tiveram que ter uma DR a partir do momento que eu pus os olhos em toda aquela carne exposta. A primeira parte argumentando que a coceira em suas palmas só passaria quando elas tivessem firmemente agarradas à pele da minha melhor amiga, enquanto minha mente tentativamente pescava memórias longínquas da nossa conversa na cozinha. A discussão já estava difícil o suficiente, de modo que eu até mesmo preferi não beber aquela noite, para não alimentar a perda de neurônios.
  Magnífica, foi o que a cabeça de baixo sussurrou em meu ouvido. Sensacional, deliciosa, apetitosa... Ela não parava mais. Maravilhosa, perfeita, meu coração ajudou.
  - , eu quero dançar! - Fui arrancado de meus devaneios assim que sua mão passou a me puxar para o centro da abarrotada boate. Ela não esperou sequer uma boa desculpa antes de colar seu corpo ao meu e jogar o quadril delicadamente para um lado e para o outro, acompanhando a batida. Todas as vozes dentro de mim se calaram e suspiraram juntas. E então tinha ela, só ela, na minha frente, tão acessível e sedutora.
  Nós nos afastamos brevemente, e ela abriu-me um sorriso. Aquela boca... Eu sabia agora o que aquela boca podia fazer. E nada daquilo era propício de se lembrar em uma pista de dança se eu não quisesse me envergonhar.
  Empurrei seu quadril até que ela virasse de costas para mim e pousei a mão em sua barriga. Assim era melhor, eu não precisava controlar a vontade de beijar seus lábios rosados.
  E assim eu podia sentir a curvatura da sua bunda rebolando no meu pau.
  Espera, o quê?
  - There's a spark in between us
  When we're dancin' on the floor
  I want more, wanna see it,
  So I'm askin' you tonight
  If I said my heart was beating loud
  If we could escape the crowd somehow
  If I said I want your body now
  Would you hold it against me?
- cantava junto com a música, parecendo especialmente realizada pela escolha do DJ, e obviamente me deixando mais encantado ainda pelo teor das palavras que deixavam sua boca. Podia ser só uma música extremamente tentadora. Mas podia ser mais que isso. Um recado, talvez.
  - Já que estamos sendo sinceros... - Comecei. Ela respondeu com um grunhido de incentivo - Eu preciso dizer que você está enlouquecedora nesse vestido. Se eu fizesse com você o que cada cara nessa boate está pensando, você só deixaria minha cama semana que vem.
  - Ah, é? E o que eles estão pensando? - provocou, sua voz em um tom tentadoramente rouco.
  - Em beijar cada mínimo pedaço do seu corpo, em sentir seu calor, cheiro, sabor, em arrancar suas roupas e marcar sua pele. Estão pensando em se enterrar dentro da sua essência, se perder ali e nunca mais voltar.
  - E como você sabe disso? - Ela questionou ao virar-se para mim com um brilho decidido nos olhos semi-cerrados.
  - Porque é exatamente o que eu estou pensando. - abriu um sorriso perigoso.
  - Sabe qual a diferença de você pra todos eles? - Balancei a cabeça em negação. - Eles só podem pensar. Você pode fazer. - A troca de olhares que se seguiu dizia tudo que eu precisava saber. Eu lhe dizia que aquilo era tortura, que estava tentando seguir o que ela havia me pedido e não ultrapassar essa barreira de novo. Ela me dizia que estava tudo bem, e que ela estava certa de que queria aquilo. Então acenando uma vez em concordância, a arrastei comigo até o lado de fora em direção ao carro.
  Mal havíamos nos acomodado no conforto dos bancos de couro, minha boca já estava grudada à dela. Eu havia me curvado quase completamente sobre seu corpo, tentando o máximo de contato que o espaço me permitia, e nossas línguas e gostos não demoraram a se entrelaçar em uma ferocidade incandescente. As unhas de completamente pressionadas sobre meus ombros, passaram a fazer caminhos sinuosos pela minha nuca me causando arrepios incontroláveis e me fazendo desejar fazê-la sentir o mesmo. Por isso, afastei nossos lábios para poder lamber, morder e beijar toda a parte exposta de seu pescoço e colo até onde o vestido deixava sem ter que tirá-lo do lugar. Eu ouvia seus gemidos contidos como uma forma de incentivo à perda de razão, de tal forma que eu sequer percebi que tinha uma mão agarrando com vontade toda a carne de seu seio arrebitado e massageando-a com meus dedos.
  Se continuássemos ali por mais algum tempo, transaríamos no carro mesmo. E eu não tinha esperando tanto por aquela mulher para desperdiçar um momento glorioso como aquele confinado no limite de 2m².
  Segurei-a pelos ombros a afastando de mim rapidamente para poder dar a partida e dirigir o mais depressa possível para o meu apartamento. Mas não parecia contente com a minha nova resolução. Ela não queria parar. Porém, muito embora sabendo disso, não deixei de me surpreender ao sentir sua mão segurar a minha que pousava no câmbio automático e levá-la em direção ao alto da sua coxa, em um pedido mudo que eu não encontrava condições de negar.
  Comecei passando os dedos pela sua virilha por baixo do vestido e distribuindo apertões na carne farta por ali. Eu planejava atiçá-la, deixá-la pronta para o que a esperava mais tarde, no entanto quando assisti-la dançar no banco ao menor esbarrar de meus dedos contra o topo de sua feminilidade, eu sabia que esperar não estava mais em questão. estava pronta agora, e eu não podia ignorar esse fato tentador.
  Descendo a mão de forma a tê-la inteira sobre minha palma, pude constatar a veracidade daquilo ao sentir o tecido bastante úmido de sua calcinha acalentar minha pele. Passeei algum tempo por ali, indo de cima a baixo com delicadeza, provocando o nervosismo e ansiedade característicos da minha melhor amiga, que já tinha cravado os dez dedos no meu antebraço. E então foi inevitável puxar o pano para o lado para poder senti-la mais profundamente mergulhando meus dedos na entrada encharcada de líquido lubrificante. Ah, como eu queria sentir o sabor daquela porra toda. Mas eu sabia que não era tão forte, se colocasse a essência de nos meus lábios o carro teria que ser parado no acostamento para que eu a comesse ali mesmo. E eu ainda estava tentando chegar em casa.
  Subi os dedos agora deslizando até seu clitóris inchado, o qual passei a massagear em pequenos círculos precisos e vagarosos. não sabia mais manter-se quieta. Ela murmurava coisas sem sentido e emitia sons de aprovação em meio ao meu nome e pedidos de velocidade. Mas eu me negava a aumentar o ritmo, porque ela estava simplesmente deliciosa demais para que eu desejasse terminar aquilo logo.
  Sua impaciência atingiu um limite, no entanto. Enquanto me divertia no meio das suas pernas, não percebi sua mão desabotoando rapidamente meu cinto e braguilha, de forma que eu só pude notar que ela se ajoelhava no banco e descia sua boca sobre meu pau quando senti o calor molhado de seus lábios sobre minha pele pulsante.
  Só pude agradecer a qualquer força superior pelas ruas estarem desertas naquele horário, pois as barbaridades que eu devia estar fazendo no volante com sua língua morna moldando toda a extensão do meu membro eram covardia. Parei por instinto em um farol vermelho, apenas para poder admirar a visão dela me agraciando com sua bunda empinada em direção a janela. Ela ainda estava sob o alcance dos meus dedos, então não pensei duas vezes antes de esticar o braço e voltar a massagear sua boceta energicamente.
   rebolava na minha mão e eu sentia suas paredes internas contraindo-se mais a cada segundo, no mesmo ritmo que sua cabeça seguia indo e voltando, da base à cabeça, percorrendo toda a área sensível e enervada. Quando avistei a entrada da minha garagem quase suspirei de alívio. Não demorou dois minutos, após ter estacionado, para que ela enfim tremesse inteira para mim, e eu sentisse sua intimidade encharcar-se ainda mais em seu orgasmo. Agora sim permiti-me levar os dedos à boca e apreciei cada milímetro daquele néctar dos deuses. E, aparentemente, aquilo foi demais, pois meu colega praticamente gritou "chega" e gozou em jatos aliviados dentro da boca da garota por quem eu era apaixonado.
  E então, apesar do meu esforço descomunal, nós havíamos sim transado no carro.

  Subimos para o meu apartamento com ela totalmente apoiada em mim, ainda se recuperando dos intensos momentos anteriores. Caímos abraçados na minha cama, ela com a cabeça encaixada na curva do meu pescoço e eu fazendo carinhos tentativos em suas costas.
  E mais uma vez estávamos naquele momento onde o que encaixaria seria uma conversa. E eu estava de novo temeroso que ela ia se esquivar. Precisava achar uma maneira de mostrar à que eu a amava, mostrar que podíamos ter algo, e que a nossa amizade apenas se transformaria, não desapareceria.
  Ela se remexeu e eu abaixei o rosto para poder olhar em seus olhos. E nossa, aqueles globos tinham tantas emoções juntas que eu quase fiquei sem ar. Era confusão, medo, satisfação, alegria, adoração. Ela mordeu o lábio e fez um agrado delicado no meu maxilar, e depois passeando o dedão em círculos na minha bochecha. Eu só conseguia olhar para ela tranquilamente com toda a devoção que tinha àquela garota.
  E então me atingiu. Era uma brecha. estava vulnerável naquele momento, era a chance que eu tinha de convencê-la que tudo aquilo, estar comigo, era uma boa ideia.
  Inclinei-me vagarosamente em sua direção, ao que ela segurou a respiração. Encostei nossas bocas gentilmente, para que ela se acostumasse comigo. Quando precisou soltar o ar, entreabriu os lábios, e foi aí que eu aproveitei para aprofundar o beijo.
  Era incrível como nossas línguas já se conheciam. O calor, os hálitos, os gostos, era tudo certo e familiar, e só me lembrava o quanto eu queria sentir aquilo para sempre. Virei-me na cama de forma que ela agora tivesse as costas no colchão e eu estivesse inclinado em cima para beijá-la, o corpo ainda de lado. Acariciei seus cabelos, seus braços, fiz o contorno de sua cintura fina, de seu quadril largo. Cessei o caminho por ali, onde fiquei fazendo desenhos abstratos que subiam gradativamente a saia curta que ela usava.
  Nossas bocas continuavam enroscadas, em uma dança só delas, que perpassava o sensual e mergulhava no carinho e afeição. As mãos de agraciavam meus cabelos, ensaiavam redemoinhos e desciam pela nuca, causando arrepios sutis que dilatavam os poros da região.
  - - Ela chamou, os lábios roçando meu rosto delicadamente - Eu acho que ainda quero te sentir dentro de mim. - Disse, me fazendo soltar todo o ar dos meus pulmões em plena realização.
  - Nunca que nossa noite ia acabar ali no carro, meu amor. - Eu lhe assegurei, então começando a nos despir calmamente, deixando afagos e apertos gentis por todo pedaço de pele dela que me era exposto.
  Assim que estávamos os dois livres de nossas vestes, encaixei uma perna no centro das coxas de , e fiz pressão, para sentir quão pronta para mim ela estava. Sua resposta veio rápida, em formato de beijos lentos e caprichados no meu pescoço, orelha e colo. Sorri com seus sinais. Tudo que ela fazia era lindo para mim, de alguma forma.
  Sai de cima dela, e a virei até que estivesse de costas para mim, encaixando o contorno dos nossos corpos e sentindo toda a maciez e perfume e sua pele. Esfreguei o nariz desde o ombro de , passando pela curva do pescoço e terminando jogando o ar quente em sua orelha.
  A penetrei devagar, sentindo cada novo centímetro percorrido em seu interior. Soltamos o ar juntos.
  Era simplesmente delicioso demais ter aquele nível de conexão com ela.
  Estabeleci um ritmo tranquilo enquanto entrelaçava nossas mãos sob a sua barriga lisa e as apertava contra si a cada nova manifestação discreta de prazer.
  Ao passo que nos aproximávamos do limite, soltou minha mão para poder pressionar os lençóis entre os dedos, e morder o travesseiro.
  Eu hora beijava seu ombro e apertava carinhosamente os bicos de seus seios, hora acariciava seu clitóris.
  Enfim, posicionei direito seu quadril para poder senti-la por inteiro me envolvendo, e tive minha nuca enlaçada.
  Gozamos juntos, gemendo o nome do outro dentro de sua boca.

  Respirei fundo e me endireitei na cama, despertando do tupor em que se encontrava escorada no meu peito comigo acariciando seus cabelos. Ela puxou os lençóis para cima, cobrindo os seios e me olhou como se soubesse o que se passava na minha mente.
  Era agora.
  - . - Comecei, sentindo o gosto de seu apelido na minha boca.
  - . - Ela respondeu com um sorriso meigo, como se sentisse a necessidade de me tranquilizar.
  - Eu... Você me pediu sinceridade. - Mudei o caminho que ia percorrer com a notícia, e a vi assentir, dando-me espaço para continuar. - E eu tenho sido. Sincero. Mas também tenho escondido muitas coisas.
  - Como o quê, gordo? - Perguntou, os olhos apertados sem entender.
  - Como o fato de que você é sim muito gostosa, e dormir com você é maravilhoso... Mas não é só isso. Digo, não é só isso que eu acho, e não é só isso que eu quero de você.
  Puta merda, eu era muito confuso. Tava parecendo uma mulherzinha. Recomponha-se, .
  - Você me liga quando briga com seus pais, vem até aqui depois de terminar com algum namorado, e dorme abraçada comigo quando tá de TPM. Me sorri fraco quando te faço rir no meio do choro, me sorri aberto quando a gente se vê depois de algum tempo separado, me sorri singela quando te deixo sem graça com algum elogio, e me sorri divertida quando me bate por falar alguma obscenidade. Olha pra mim com pesar quando não pode resolver meu problema, com os olhos brilhando quando planeja alguma travessura, e com gratidão quando te faço um carinho despretensioso depois de uma semana difícil. Senta no meu colo quando quer me sentir ao seu redor, pega no meu braço quando está ansiosa pra me tocar, e franze as sobrancelhas quando quer que eu te beije.
  - ... O que você tá falando?
  - To falando que eu sou apaixonado por você. Que presto atenção em todos os seus mínimos detalhes. E que acho que você me retribui.
   me olhou com os lábios entreabertos, em transe. Parecia impressionada, admirada. Mas eu podia estar interpretando tudo errado e ela estar apavorada ou achando tudo bizarro.
  - Desde... Quando? - De todas as coisas que ela podia me dizer, me perguntou quanto tempo fazia?
  - Desde...? Faz um bom tempo já. - Respondi, incerto do que ela gostaria de ouvir.
  Não vi de onde veio, sequer tive tempo de me defender, quando do nada um travesseiro era jogado na minha cara com uma violência extraordinária. Eu berrei um palavrão, é claro.
  - Mas que porra...?
  - Seu infeliz! Por que não me disse nada antes? - estava vermelha e tinha os olhos marejados, não que eu entendesse o porquê.
  - Talvez porque eu achasse que você fosse ter uma reação dessas! - Respondi, assistindo-a se acalmar aos poucos. - Olha, , acho que já deixei claro que sei ser só amigo. Se é isso que você quer, a gente ignora o que eu disse agora e uma hora eu desapaixono. Mas eu precisava tentar! Se tinha uma chance mínima de você ao menos-   Eu nunca cheguei a terminar a frase. No segundo seguinte era impedido pelos lábios macios da minha melhor amiga, que, desesperados, tentavam me dizer alguma coisa que eu definitivamente não estava conseguindo entender ao pensar com todas as partes do corpo menos o cérebro. Nos separamos fazendo o típico som constrangedor de beijo, e pude ver uma lágrima descendo pelo rosto delicado de .
  - , você é um idiota. Repete comigo. Anda! - Ela tinha um sorriso no rosto e eu continuava sem entender nada.
  - Eu sou um idiota. - Falamos juntos. - Por que mesmo? - Completei. Ela revirou os olhos ainda sorrindo.
  - Pra quem diz me conhecer tanto e reparar em cada detalhe você tá bem lerdinho, Gordo. - disse.
  E então eu reparei. O sorriso desconhecido. As lágrimas. O olhar. nunca tinha demonstrado nenhum daqueles sinais pra mim antes. Era amor. Minha melhor amiga me olhava com paixão, com necessidade, com alívio e entrega. Da forma como eu sempre esperei que ela me olhasse.
  - Eu também te amo, seu imbecil. Sempre amei. - Ela resumiu minha descoberta. Eu sentia a respiração curta e um incômodo molhado no rosto.
  - Então por que veio com todo aquele papinho de sermos só amigos depois que transamos?
  - Porque eu tava apavorada! - Gesticulou, exasperada. - Eu jurava que você ia sugerir que fôssemos amigos com benefícios, e eu não ia aguentar fazer amor com você e fingir que era só sexo casual.
  Acho que soltei o maior suspiro da minha vida. E aproveitei pra soltar todo o meu peso em cima dela também.
  - Sai de cima de mim, obeso!
  - Agora, , você realmente só sai daqui semana que vem. Quando eu decidir que toda a tortura de te ter rebolando essa bunda linda no meu colo for retribuída. Talvez depois disso. - Falei enquanto cheirava seus cabelos descaradamente.
  - Acho que eu posso me acostumar com isso.

FIM



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