Angels Among Us

Escrito por Rayanni Motta | Revisado por Pepper

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Música: Alabama - Angels Among Us

  Narrator’s POV

  1998

  - Prometo estar sempre com você, . – O garotinho de dez anos sorriu para a sua melhor amiga de oito anos. – Só te deixo quando você não precisar mais de mim.
  - Como eu vou saber que eu não preciso mais de você, Jimbo? – Ela perguntou receosa.
  - Não sei. Acho que você apenas vai sentir isso. – Ele voltou a sorrir e abraçou-a.

  2000

  - Joga, ! – James, agora com doze anos, pediu a sua amiga. assim fez, porém a bola rolou para a estrada, James foi atropelado e morreu poucos minutos após o impacto.
  Não estava sendo fácil para a família de James, mas estava sendo ainda pior para , afinal ela tinha visto a morte do seu melhor amigo e se tomava como culpada.

  2002

  Passados dois anos, ainda não tinha superado a morte de James, ela tinha aprendido o que era perder alguém, para a morte, com apenas dez anos de idade.
  O dia estava frio, estavam em pleno inverno. voltava para a casa, após um dia de aula, devido a distração dos seus pensamentos e das lembranças de James, não reparou no carro que vinha em sua direção enquanto atravessava a rua. Por sorte, ou “magia”, o condutor parou antes de tocá-la.
  - Você está bem, querida? – olhou para cima e viu um casal.
  - Estou sim. Me desculpem... – Dito isso continuou o seu caminho e, por incrível que pareça o casal não a seguiu, talvez tivessem algo mais importante para fazer e já estivessem atrasados.
  As lembranças voltaram, distraíndo novamente, e sem se aperceber acabou entrando na floresta, era um atalho para a sua casa, mas sua mãe sempre lhe dissera para não tomar esse caminho para não se perder.
  Verdade seja dita, as mães têm sempre razão. Após alguns minutos andando a menina se apercebeu que estava perdida.

  ’s POV

  Estava frio e estava perdida na floresta perto da minha casa, tudo isso por causa da minha falta de concentração, que se tornou mais frequente depois da morte de James.
  Estava ficando tarde e eu tinha medo, não por estar sozinha na floresta, mas por estar sozinha na floresta sem o James. Provavelmente, se ele estivesse comigo me daria coragem e acharia o caminho para casa, mas eu não tenho coragem, ou talvez apenas não tenha vontade de voltar para a minha casa, onde as coisas me fazem lembrar o James, constantemente.
  Estava decidida a passar ali a noite, afinal meus pais não dariam pela a minha falta, quando sinto algo me levantar, como que uma força sobrenatural. Olhei à minha volta rapidamente e não vi ninguém, pedi a Deus que me tirasse o medo e me desse coragem para voltar a casa. De repente, senti tocarem as minhas mãos, olhei para ambas alternadamente e pude ver luz vinda delas, olhei para o meu lado direito e pude ver James, ele estava comigo para me dar forças.
  - Jimbo? – Senti as lágrimas rolarem pelo meu rosto. Ele apenas sorriu para mim e indicou que eu olhasse para o meu lado esquerdo.
  - ", é o seu avô, pai da sua mãe, que morreu quando você ainda era muito pequena." – Ouvi a voz de James na minha cabeça, tentava ver o meu falecido avô, porém só via uma luz muito brilhante, a sua face ou o seu corpo eram imperceptíveis.
  Podia parecer loucura, mas James e meu avô me levaram para a casa; e ao contrário do que eu pensara, meus pais estavam preocupados comigo.
  - Mãe, eu não sei explicar só sei que eu vi o James e ele disse que o avô também estava comigo.
  - Filha, isso deve ser coisa da sua imaginação, o frio deve ter feito você ter alucinações.
  - Eu não sou louca! – Subi as escadas correndo até ao meu quarto.

  2005

  - Jimbo, você faz falta... – Eu estava encostada na árvore da praça.
  - , eu estou sempre aqui com você. – Ele me respondeu, ou melhor dizendo, seu espírito.
  Desde o dia que me perdi na floresta que tenho visto o espírito do James, ele diz que não poder descançar até cumprir a sua promessa.
  Já tinham se passado cinco anos, eu agora tinha quinze anos, e como sempre o meu único amigo era o James, pois desde que ele morreu os outros me acham estranha e louca, por ter “amigo imaginário”. Apesar de ser excluída na escola, não me importo, como diz aquele ditado, “melhor sozinha, do que mal acompanhada”.

  Estava lendo um livro enquanto ia para casa, até que vou contra um rapaz, devido ao choque deixei o meu livro cair.
  - Desculpa, eu estava distraída. – Como que por impulso, ambos nos baixamos para pegar o meu livro e sem querer batemos com as cabeças. – Ai! Desculpa, de novo.
  - Eu que peço desculpa. – Ele sorria enquanto alisava o local dolorido e me entregava o livro.
  Conseguia ver James de relance, apenas observando a cena, e com expressão de ciúmes.
  - O meu nome é . – Ele levantou a mão direita, enquanto esperava eu pegar o livro da sua mão esquerda.
  - , prazer. – Eu sorri, cumprimentei-o e peguei o meu livro. – Bem, obrigada por pegar o meu livro e desculpa pelo galo, – apontei para a sua cabeça – e pelo encontrão. Até mais ver. – Dito isso voltei a andar.
  - Esse livro é muito bom... – Ouvi elevar a voz. Sorri intuitivamente e olhei para trás. – Posso te acompanhar? – Afirmei com a cabeça e ele apressou o passo para me alcançar.

  2006

  Já conhecia o há um ano e sentia que a presença do James era cada vez mais fraca; acho que a decadência maior foi quando o me pediu em namoro há seis meses atrás, fiquei uma semana sem sentir sua presença e sem o ver.

  - Está bem, amor. Até logo. – Desliguei o telefone e fui me arrumar.
  - , posso falar com você? – Olhei para o Jimbo e sorri assentindo. A sua forma agora era mais fosca e acinzentada. – Eu tenho que ir, ...
  - Onde, Jimbo? – Perguntei enquanto procurava uma roupa para mim sair.
  - Descansar... – Nesse momento, deixei o sapato que tinha pego segundos antes cair.
  - Como assim? – Eu me encontrava petrificada.
  - Você lembra que eu prometi que só te deixava quando você não precisasse mais de mim? – Murmurei um “hum” para que ele prosseguisse. – Você não precisa mais de mim, agora você tem o . Eu vi nesse ano que passou que ele gosta mesmo de você e que vai cuidar de você como sempre desejei.
  - Mas eu preciso de você. Você é e sempre será meu amigo, você estava lá quando mais precisei... – Não conseguia conter minhas lágrimas.
  - Esse não é o meu mundo, . – Ele se aproximou de mim.
  - Você não pode me deixar, Jimbo. O que será de mim sem você? – Caí sobre os meus joelhos.
  - , você está pronta para voltar a viver, você aprendeu isso no dia em que se perdeu na floresta. Eu olharei sempre por você, porém você não poderá mais falar comigo e me ver como você faz agora. – Senti um frio assim que ele acabou, pude ver a forma dos seus braços a minha volta, e num flash de luz ele desapareceu.

  2040

  - Onde vamos? – Eu andava de mãos dadas com Rebecca.
  - Ali no fundo. – Bastou isso e Rebecca não falou mais nada.
  Chegamos perto de uma campa, Becky ficou em pé de frente para a campa, um dos homens que estava conosco, o mais novo com trinta anos, arrumou o violão junto ao seu corpo e a mulher ao seu lado sorriu para ele, o homem mais velho com cinquenta e três anos, apenas me abraçou.
  - Posso, mãe? – O homem mais novo me perguntou.
  - Claro, James. – Ele sorriu e começou a tocar os primeiros acordes.
  Minha neta, Rebecca, que me amparava ao segurar minha mão, começou a cantar.

  (Coloque a música para tocar)

  Flash Back On

  - Estou aqui para te salvar princesa! – Eu sorria para ele e ele “matou o dragão que me pressionava.”
  - Toma esse remédio, filho! – Eu fingia ser a mãe dele e o curava de alguma doença.
  - Você aceita casar com a ? – Ele concordou com a cabeça. – E você aceita casar com o James, ? – Eu concordei, ele colocou o anel que veio com o chiclete no meu dedo e eu no dele. – Eu vos declaro marido e mulher. – Minha prima anunciou por fim.
  - Jimbo, vou morrer. Minha mãe ligou para a escola hoje e disse para a professora, “Ela está morrendo de febre.” – Eu dizia aflita no telefone.
  - Se você morrer, eu mato esse febre, . – Ele falava tentando me reconfortar.
  - Não chora. – Ele falou enquanto colava o band-aid no meu joelho. – Pronto, seu machucado está tratado. – Ele beijou o lugar onde eu tinha ralado. Eu sorri e o abracei.

...

  Eu ouvi o barulho das rodas ao tentarem freiar, de repente tudo estava em câmera lenta. A bola dava um salto de cada vez, James parecia pairar no ar a cada passo que dava. Gritei o seu nome, porém tarde demais, o carro já o tinha acertado, fazendo ele voar quatro metros. Corri até ele, afim de socorre-lo.
  - Jimbo, por favor me responde... – Eu segurei-o em meus braços e com dificuldade ele me olhou nos olhos.
  - ... Eu te amo, sempre te amei e sempre amarei. – Ele disse em meias palavras. Após isso, ele direcionou o seu olhar para o céu que antes estava limpo, mas do nada tornou-se escuro e cheio de nuvens.

  Flash Back Off

  Rebecca já estava cantando o final da quarta estrofe (A phone call from a friend, just to say I understand) e eu não consegui parar de chorar devido às lembranças, contudo, respirei fundo e comecei a cantar em plenos pulmões.
  James, meu filho, sua mulher, Rebecca e meu marido, , ficaram surpreendidos ao me ouvirem cantar, nunca tinha cantado essa música antes, apesar de eu a ter escrito.
  Terminei de cantar e coloquei as flores na campa que dizia.

James “Jimbo” Maslow
1988 – 2000
Excelente filho, criança e amigo.

  Fiquei algum tempo abaixada perto da campa, conversando com esperança de que James ouvisse.
  - Jimbo, você tinha razão em tudo que você me disse. Até nas coisas mais bobas que você disse com três anos de idade.
  Ah... Em relação ao , você também tinha razão, ele gostava mesmo de mim e cuida direitinho de mim. Eu falei muito de você para ele, é como se ele tivesse te conhecido, ele é ótimo marido e avô, você me deixou com a pessoa certa.
  Bem, Jimbo, vou deixar você descansar, talvez daqui a pouco tempo nos vemos, afinal, já não devo muito à juventude. Eu te amo muito, Jimbo. Você será sempre meu melhor amigo e meu primeiro marido. – Beijei a ponta dos meus dedos e depositei esse beijo na campa.

FIM



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