A New Fairy tale
Escrito por Beatriz Chueiri | Revisado por Mah
Capítulo 01
’s POV
- Por que não posso ir? Que mal tem eu passar simples férias? – Perguntei indignada, já elevando um pouco meu tom de voz.
- Responsabilidades, maninha. Responsabilidades. – Meu irmão deu leves tapinhas em meus ombros com um sorriso irônico nos lábios.
- Você fica com elas, James. Eu quero me divertir antes de me condenar ao reino para o resto de minha vida. – Me sentei esperando meus pais dizerem sua opinião.
- Poder você pode sair em férias, minha filha. Aalborg poderá ser um lugar ótimo, ou Odense. Roskilde também. – Disse minha mãe calmamente.
- Londres. Eu quero ir à Londres.
- Em outro país? – Meu pai quase levantou da mesa após ouvir meu comentário.
- Claro! – Falei.
- É muito longe daqui. Não! – Sabia que a resposta de minha mãe seria não.
- Londres também é um bom lugar, mamãe. Não vejo por que não deixá-la ir – James falava rindo, o que me fez rir junto. Meu irmão era um cara legal. Óbvio, quando não estava irritado. Mas era um cara legal.
- Você será coroada rainha da Dinamarca em alguns meses. Não pode deixar seu país para diversão. Ainda mais você, que nos últimos tempos só causou problemas ao reino. – Meu pai disse sério, o que quer dizer, sem conversa.
- Tudo bem. Eu fico presa durante toda a minha vida aqui. Do que importa, certo? Vejo vocês no jantar. – disse brava e saí do gabinete do meu pai, batendo a porta atrás de mim.
Toda criança sonha em ser uma princesa, viver no seu castelo de cristal, ter seu próprio príncipe. Desde já, destruindo seus sonhos, é PÉSSIMO! Dar exemplos, cumprir responsabilidades, aprender varias línguas diferentes – que seja, talvez, até difícil demais para pessoas dos países cujo falam a mesma. Resumindo, no meu caso, ser quem não sou e o que não quero um dia ser. Acho que a única parte boa em ser uma princesa – futura rainha da Dinamarca – é que você pode estar junto de crianças, que eu amo muito – por mais que não seja, realmente, um bom exemplo para elas.
Depois de ir para o meu quarto e tomar um banho relaxante, coloquei uma roupa apropriada e desci para a sala de jantar onde minha família já estava na mesa conversando sobre coisas que não me interessavam nem um pouco no momento.
- , não vá aprontar nada. Não queremos mais problemas com você, não depois do que houve na última festa aqui no castelo – Minha mãe voltou ao assunto de mais cedo e ainda me lembro da festa – a que eu havia derrubado vinho no rei da Noruega.
- Eu não vou fazer nada, mãe.
O resto do jantar seguiu em silêncio. Quando fui liberada para voltar para meu quarto, peguei meu celular e liguei para minha amiga . Ela não é nobre, assim como eu e nossas outras amigas, e , que são a princesa e a condensa da Noruega – é filha de August, o Rei que me odeia pelo vinho, e é sua prima.
O fato de meus pais não autorizarem minha saída do país não quer dizer que eu não iria. Sinceramente, andei muito estressada com tudo isso que estava acontecendo pelo reino.
A coroação sempre foi o de menos.
Escutei o telefone tocar três vezes até que eu fosse atendida.
- Oi – Ouvi a voz do outro lado da linha.
– Hey, é amanhã mesmo que a gente vai pra Londres, né?
– Sim, seus pais deixaram?
– Não exatamente, mas isso não importa agora, só não diz pra ninguém que eu vou, além das meninas.
– , o que você tá aprontando dessa vez? Seus pais vão surtar!
– Eles não vão saber. Te vejo amanhã.
– Beijo.
Depois que desliguei o celular, arrumei minhas coisas pra viagem e fui logo dormir. No outro dia evitei ao máximo transparecer minha fuga, já que a cada olhar de minha mãe era uma dúvida do que eu poderia estar tramando.
Quando chegou a hora do jantar, desci normalmente, mas me retirei mais cedo da mesa – não podia me atrasar para o voo – dizendo que estava cansada. Ainda no horário que eles deveriam estar jantando, saí pela janela de meu quarto - como sempre costumava fazer – e fui em direção ao portão, que no momento estava com apenas um guarda vigiando atentamente por já estar tarde.
Com bastante cuidado, passei pelas brechas das grades e me dirigi em direção à rua mais em frente – ainda sem que ninguém me veja – com a esperança de encontrar um táxi e ir de uma vez ao aeroporto. Não foi exatamente o que esperava.
- Quer carona, princesa? – James! Ele tinha de destruir meus planos justo agora? – eu sei que você vai pra Londres. Aquela sua amiga, , deixou escapar hoje à tarde.
- Vai contar pro papai ou não, James? – perguntei já impaciente.
- Quer carona e cobertura durante um pequeno tempo que estiver lá ou não?
Sem mais argumentos, eu e minha única mochila entramos no carro. Por eu estar fugindo, não podia sair com muitas coisas – eu compraria lá depois. Depois de um longo tempo de silêncio, meu irmão resolveu conversar.
- Você sabe que eles vão perceber que você não está no castelo, . – Eu apenas assenti com a cabeça. – Espera que eles não se importem e deixem você ficar por lá?
- Uma coisa por vez. Não sou tão gênio assim. Só espero que me ajude, por um tempo ao menos – Ele sorriu de lado e o silêncio voltou a se instalar no local, até ser novamente quebrado, por mim. – Só quero um tempo pra pensar, sem que ninguém saiba quem eu sou.
- Tudo bem. – Ele estacionou na entrada do aeroporto – Eu dou um jeito por um tempo, mas papai também não é imbecil, . Talvez três ou quatro dias ele se deixe levar por pura inocência de sua presença ainda perto. Se cuida. – Me deu um beijo na testa e eu saí do carro em direção às minhas amigas, que já se encontravam no Checkin.
- ! contou pra gente que você tá aqui clandestinamente. Menina má! – disse toda sorridente vindo me dar um abraço.
é prima da . Sempre a mais doida e comilona de nós.
Quando já estava tudo pronto, fomos para a sala de embarque. Já estava liberada a entrada ao nosso avião então fomos direto pra ele. Durante as longas e chatas horas de voo, eu contei para as minhas amigas o por que de eu ter fugido, e elas ficaram com medo de meu pai se irritar muito, mas eu disse que estava tudo bem.
Assim que finalmente chegamos à Londres, uma van nos levou até a casa da família de , que havia concordado em nos deixar ficar lá por um tempo, e as meninas foram dormir. A casa não era muito grande, mas muito confortável. Tinha um quarto para cada uma de nós, uma sala – com uma TV bem grande – , a cozinha e um jardim – minha parte favorita, tinha flores de todas as cores, bancos brancos enfeitados e uma pequena fonte também cheia de flores que deixavam o lugar completamente maravilhoso.
Eu não estava com o mínimo sono. Tinha dormido a viajem inteira. Resolvi ir para o meu quarto para não fazer barulho e acordar as meninas acidentalmente. Tomei um banho rápido e me deitei. Fiquei me revirando na cama, como se todas as posições em que eu parasse pudessem me causar dores, mal estar. Quando já eram quase 3 horas da madrugada, eu senti meu celular vibrar na cômoda e fui ver quem estava me mandando mensagem à essa hora.
“Como estão as coisas aí? Papai e Mamãe sentiram sua falta, durante uma semana você ficará na casa de . - James ”
Pelo menos ele havia arranjado uma desculpa convincente. Eu quase vivia com a .
“Está tudo bem aqui, e ai? Como você está? Papai e mamãe estão bem? Obrigada por me salvar. - ”
“Todos estamos bem. Tenho que admitir que você faz um pouco de falta. Promete que vai se cuidar? – James”
“Prometo. Vou ficar bem. É só uma viajem. Promete cuidar de todos ai também? – ”
Ficamos mais um tempo conversando até que finalmente o sono chegou e eu me despedi.
- Bom dia – Disse descendo as escadas, ainda sonolenta, no dia seguinte. Eu havia dormido um pouco demais.
- Bom dia. Isso lá são horas de alguém acordar, ? – Perguntou , debochando da minha cara.
- Nem sei que horas são.
- 11:45. – Respondeu .
- Eu tô com fome, vamos almoçar? Lado bom de acordar tarde. Quem precisa de café? – Eu disse voltando para o quarto – Vou me trocar. Façam o mesmo, quero conhecer Londres.
Tomei um banho e me troquei, quando desci as meninas já estavam prontas também.
- Vamos? – Perguntou .
- Sim, porque não é só a que tá com fome não – Falou , se levantando.
Fomos caminhando até um restaurante próximo ao centro de Londres. Depois que comemos, deu a ideia de irmos a um parque que tinha logo à frente. A cada passo que eu dava nas ruas da maravilhosa cidade, mais encantada eu ficava. Claro que eu já estive aqui antes – Buckingham Palace pode ser ainda mais lindo por dentro –, no momento a diferença era a sensação de liberdade, de ser quem sou. Ser feliz de uma maneira diferente e livre.
- , seus pais já descobriram? – me perguntou enquanto nos sentávamos em um banco.
- Ainda não. , eu tô dormindo na sua casa.
- Seu irmão me usou pra salvar você? – Ela perguntou indignada – Não quero me ferrar.
- Não vai. Chega desse assunto. Eles não vão descobrir. Se descobrirem eu aviso. Enquanto isso, eu sou , amiga de vocês, completamente normal e nada nobre.
Elas assentiram e nós mudamos o rumo da conversa. Depois de muito tempo conversando, decidimos voltar para casa, o dia já estava quase escurecendo e passava das 17h.
- Gente, eu tô com fome. – falou passando a mão na barriga.
- Daqui a pouco a gente chega em casa e come, . – Respondeu se levantando e ajudando a prima a fazer o mesmo.
Novamente fomos caminhando em direção à casa de . Dessa vez foi mais divertido, fomos rindo e fazendo graça. Por um momento passou pela minha cabeça a possibilidade de estarmos andando de costas dar errado – algo que me esqueci assim que as meninas riram mais ainda. Não devia ter me esquecido.
Liam’s POV
Como na maioria das vezes, acordei pouco depois das 11:30. Em um raro dia ensolarado de Londres, criei coragem o bastante para me levantar da minha cama macia e me dirigir ao banheiro. Depois de fazer minha higiene e me trocar, fui para o andar de baixo da biblioteca em que morava com meus amigos e os chamei para irmos comer algo.
É uma longa história eu morar em uma biblioteca. A questão é: meus pais não moram aqui, por isso, quando me mudei para fazer faculdade com mais quatro amigos meus, decidimos que o mais barato era ficar aqui. A biblioteca pertence à avó de Zayn – um dos meus melhores amigos – e ela não se importou em ter cinco marmanjos desleixados morando com ela.
- Onde vamos almoçar? – Perguntou Niall. Se você mencionar comida perto dele, esteja pronto para dividir, a fome dele é inacabável.
- Qualquer lugar que seja perto daqui. – Falou Harry – Depois quero dar uma volta.
- Volta pra quê, Haz? A gente pode almoçar aqui perto e voltar a dormir. – Reclamou Niall. Esfomeado e preguiçoso.
- Eu te pago um sorvete, agora vamos logo. – Intervi no assunto fazendo Niall assentir pelo fato de ganhar doce.
Depois do almoço voltamos para o parque que havia em frente à biblioteca para o Harry dar uma volta. Ele apenas sentou em um banco e fico observando a árvore por cima da cabeça, como se sua vida dependesse daquilo – podia quase jurar não tê-lo visto piscar durante uns 2 minutos.
- HARRY, VAMOS CORRER! – Disse Louis em seu típico tom animado.
- Não Louis, Obrigado. – Harry ainda observava a planta.
- Você nos faz vir até aqui e fica ai, igual zumbi? – Eu disse indignado – Levanta essa bunda daí, Styles! – Ordenei em zombaria em quanto o puxava para que levantasse.
- Ok. Vamos brincar então. Pega-pega, Zayn tá com você. – Harry disse e saiu correndo com o Louis feito uma criança.
E eu tive que rir. Rir muito de todos olhando meus quatro amigos correndo feito imbecis, e o Zayn além de correr ainda gritava “volta aqui, seus vagabundos”. Tive que rir e correr também, ser feliz certo?
Corremos muito. Zayn conseguiu pegar o Niall, que pegou o Louis, que logo pegou Zayn novamente, que me pegou, que peguei Harry, que pegou Niall, que me pegou, que peguei Harry, que me pegou de novo, que estava indo em direção a Louis – o alvo mais próximo –, mas que não estava olhando para onde andava. A poça de lama a poucos metros dizia por si só. Isso não era bom.
Capítulo 02
Liam’s POV
Eu parei de correr e Louis viu e começou a andar, porém, ainda de costas.
- Por que você par...
Ele não completou a frase, esbarrando em uma menina – que também andava de costas – antes que pudesse me perguntar, fazendo com que os dois caíssem na poça de lama. A menina eu não havia visto antes. Nem suas amigas que agora a ajudavam a levantar e riam muito da garota completamente suja de terra.
- Ai meu deus, me desculpa! Eu não te vi, tava distraído e não vi você vindo. Meu deus, sua roupa! – Louis se desculpava com uma voz extremamente estridente e um jeito gay, fazendo com que as meninas e meus amigos que estavam agora ao meu lado rissem ainda mais.
- Tudo bem, eu tava andando de costas então... – Disse a garota com uma careta observando a roupa.
Depois disso todos ficaram em silêncio se encarando.
- Eu sou Harry – Haz se apresentou – e esses são Niall, Zayn, Liam e o desastrado é o Louis. – Ele completou apontando para cada um de nós, que acenamos.
- Eu sou – Disse a garota que esbarrou no Louis – essas são , , e . – ela fez o mesmo que Harry mostrando quem era quem.
- Desculpa pela roupa. – Louis falou mais uma vez.
- Desculpa também – Ela respondeu.
’s POV
tinha mesmo que ser tão desastrada? Eu esperava que se um acidente acontecesse quem estaria metida seria . Até que a de lama não fica tão ruim assim. Ouvi dizer que faz bem pra pele, será? Foco, , foco. Tem cinco garotos conversando com suas amigas e você pensando em pele? Pelo menos o garoto em quem esbarrou foi educado – escândalo não seria legal. E o que foi aquilo? Ai meu deus! Ele imitou um gay ou foi ele mesmo?
- A gente tava indo pra casa, já ta tarde não é, meninas? – me despertou de meus pensamentos nos lembrando o que fazíamos antes do acidente.
- Acho que já vamos também – Disse Harry olhando pros amigos.
Despedimos-nos deles e mais uma vez Louis se desculpou pelo ocorrido. Quando já estávamos indo embora, a desastrada fui eu que me virei muito bruscamente e acabei esbarrando em um dos garotos, acho que Liam, e derrubando minha bolsa e tudo que tinha dentro dela – inclusive meu diário todo fru fru e lilás que eu sempre carregava comigo. Como as meninas já estavam bem na frente eu peguei tudo rapidamente enfiando de volta para a bolsa e dizendo um desculpa meio gritado, já andando atrás das meninas.
Quando chegamos em casa, foi tomar um banho, as meninas foram assistir filme e eu fui pro meu quarto. Estava muito cansada, ia só arrumar as coisas da minha bolsa – ter certeza de que tudo estava lá e limpo – e depois de tomar um banho relaxante pretendia dormir.
Eu teria feito isso se não tivesse surtado antes ao perceber que meu diário, meu precioso diário, não estava comigo. Não acreditando que eu havia esquecido de catá-lo, corri pra sala fazendo um pequeno escândalo.
- MEU DIÁRIO CARAMBA! MEU DIÁRIO FICOU NO PARQUE GENTE! VAMO VOLTAR, ANDA, LEVANTA DAÍ A GENTE TEM QUE BUSCAR MEU DIÁRIO.
- Calma . Quando você perdeu seu diário? – tava segurando pra não rir com minha reação.
- Quando a gente já tava vindo eu bati no menino lá, Liam. Vocês não viram? Minhas coisas caíram e agora eu perdi meu diário. – Eu respondi me sentando no chão – Ninguém pode ler – Completei frisando o “ninguém”.
- A essa hora já era, .
- É, senta aqui. Come pipoca ó – me estendeu a vasilha e eu peguei.
Ficamos conversando por umas 2 horas sobre assuntos aleatórios e comendo, muito. Já passara da 1h30min da madrugada quando fomos nos deitar – isso porque eu estava morrendo de sono quando chegamos em casa. Dei boa noite às meninas e fui pro meu quarto, jogando meu sapato para longe e logo apagando em um sono profundo.
***
Novamente, acordei mais tarde do que devia, e as meninas já estavam fazendo o almoço. Não demorou muito e a gente comeu. Eu tive que lavar a louça porque fui a única a não ajudar a cozinhar e depois de fazer isso me joguei no sofá, embaixo das cobertas, junto à elas pra assistirmos um filme qualquer que passava na TV.
- Modos pra que né, princesa? – Perguntou com tom de deboche.
- Eu tenho modos no Palácio. Aqui eu não preciso disso. – Retruquei com o mesmo tom.
Já se passavam das 3 da tarde e continuávamos deitadas assistindo TV. Acho que eu só não dormi novamente porque já havia dormido muito.
- , vamos comigo dar uma volta? – Perguntou com uma cara super fofa, possivelmente já imaginando um não como resposta.
- É, então né , não.
- Por que ?
- To confortável aqui. A vai.
- Eu vou dormir. Tchau pra vocês. – Disse saindo da sala.
- ? – Perguntou receosa.
- Eu também to confortável aqui, amor. – Respondeu sem tirar os olhos da TV.
- Vocês são um bando de preguiçosas e folgadas, sabiam? – disse indignada.
- Eu vou com você. Deixa eu só trocar de roupa rapidinho. – Falei me levantando e indo pro meu quarto.
- Mas vai ficar tarde, . – Ela protestou.
- Então vamo as duas de pijama, porque você também ta precisando se trocar.
Ela se olhou, riu e saiu correndo pro quarto se trocar. Diferente do dia anterior estava muito frio. Coloquei uma roupa bem quente e desci encontrando no meio da escada já pronta também.
Despedimo-nos das meninas e pegamos um táxi em direção ao centro da cidade de Londres. Acabamos sentadas na grama, embaixo de uma árvore, no mesmo parque que havíamos ido no dia anterior, conversando sobre como estavam as coisas e como a cidade era linda.
Fazia pouco tempo que estávamos naquele lugar, quando começou a chuviscar. Eu senti os pingos engrossarem um pouco enquanto já me levantava com com a esperança de chamar um táxi e voltarmos para casa. A chuva ficou cada vez mais forte, o que fez com que corresse para o primeiro lugar aberto e público que encontrássemos, a fim de achar abrigo até que a chuva passasse.
- Olha , livros! – disse olhando a sua volta.
- Deve ser alguma biblioteca. – Respondi a ela analisando tudo à minha volta.
- Vamos escolher um então. Vem, quero suspense.
- Não acho que dará tempo de lermos um livro. A chuva logo passa e a gente vai embora. – Falei a seguindo em busca do corredor de suspense.
Depois de ver revirar os olhos como quem diz: “anda logo”, encontramos o corredor que ela queria e ela começou a verificar cada prateleira em busca de algo que a agradasse. Eu logo peguei qualquer livro sem nem ver o título e disse que me sentaria para lê-lo. desistiu de procurar algo que parecesse ser bom e seguiu meu exemplo, pegando algo sem se importar com o que era e veio junto a mim para que sentássemos em algum lugar.
Caminhamos em direção a uma mesa que tinha no final da seção, e lá eu vi alguém familiar. Segurando algo familiar. Minha amiga também percebeu isso.
- , aquele não é o menino do parque de ontem? Liam?
- Sim. Aquele não meu diário na mão dele? – Perguntei indignada.
Ele estava lendo meu diário? Sério isso? Agora eu surto!
- Acho que sim. Não grita , a gente tá na biblioteca. – disse rindo. Rindo.
Continuei andando em direção ao garoto. Eu tinha que pegar meu diário, talvez educadamente, mas tinha. Talvez não pensou no mesmo que eu – sobre educação.
Liam’s POV
deixou suas coisas caírem quando bateu em mim e por acidente seu diário havia ficado no chão. Tentei gritá-la, mas ela estava muito longe pra me ouvir, então peguei o caderno roxo na grama e continuei andando com os meninos até chegarmos à biblioteca.
Já em casa, peguei uma maçã na cozinha e subi pro meu quarto com a intenção de pensar no que fazer com o diário da garota – talvez ler um pouco? Não, é errado da minha parte. Me joguei na cama depois de tomar um banho, e com a maçã na mão encarei o objeto. Tão delicado. E a verdade era que: eu não fazia a mínima ideia do que fazer. Nem sabia se a veria novamente pra devolvê-lo.
Pensar às 10 horas da noite estava me cansando.
Coloquei o caderno no criado-mudo ao lado da cama e ao lado a maçã – que eu desistira de comer –, apaguei as luzes e não demorou muito pra eu estar dormindo.
***
Diferente do dia anterior, eu não acordei tão tarde. Não se passavam das 9h30min e eu já estava tomando meu café, pronto para ir pra minha seção favorita da biblioteca passar mais um dia inteiro de segunda-feira das minhas férias extremamente entediantes lendo livros. A minha seção preferida era a de suspenses. Sempre amei livros em que, antes mesmo do final e de tudo ser revelado, você tem informações colhidas que te ajudam a desvendar o fato real da historia sem que ela acabe.
Estava lendo um livro aleatório que eu encontrei na prateleira, e realmente ele era o PIOR livro que eu já havia encontrado nessa biblioteca.
O diário de estava ao meu lado durante toda a manhã. Quando eu saí para comer, ele foi junto, voltando logo após e ficando na mesma posição. Eu sabia que era impossível, mas eu sentia ele me encarando como quem diz “Você jura que não vai me ler? Vamos, não fará mal à ninguém, só um pouquinho”. Eu resisti. Até as 4 e pouco da tarde.
Não aquentei de vontade e peguei-o, abrindo na última página escrita.
“Eu sei que devia ter contado aos meus pais. Apenas não consegui coragem o bastante pra chegar neles e dizer ‘Hey pai, vocês não me deixaram ir à Londres, mas eu tô indo, tá bem? Tchau’. E eu fugi e agora sinto saudades. Saudades do meu irmão, de meus pais e, por mais inacreditável que seja, sinto falta da minha vida na Dinamarca. Até dos compromissos. Agora está feito, e eu vou ficar aqui por um longo tempo. Ou até que alguém descubra.”
Como assim a fugiu de casa? Ela é da Dinamar...
- Não se deve ler o diário dos outros! – meus pensamentos foram interrompidos por uma garota nervosa pegando o caderno da minha mão.
FERROU. Quando eu vi uma e uma nervosas na minha frente, meu cérebro voltou a funcionar. Eu li o diário da . E ela me pegou lendo ele.
- Me desculpe, eu não queria... Eu estava curioso e... Desculpe, sério, eu não li muito, eu juro – Me embolei um pouco com as palavras as vendo rir baixo.
- O que você leu? – me perguntou com uma cara brava.
- Que você é da Dinamarca e que fugiu de casa. – Disse rápido.
- Só isso Liam? – se meteu na conversa.
- Só isso.
- Acho que ele é inocente . – disse, o que fez com que nós três ríssemos.
assentiu e se sentou perto de mim com um livro em mãos. Um livro horrível.
- Nem comece a ler isso. É péssimo. – Eu disse puxando assunto.
- Como você sabe, Liam?
- Experimentei lê-lo hoje de manhã. Arrependo-me profundamente e eternamente por ter aberto esse livro sem cultura. – Dramatizei a fazendo rir e fechar o livro.
- Esse também não presta nem um pouco. Vou procurar outro, . – disse se levantando.
Eu e começamos a conversar sobre assuntos aleatórios. Dei graças a deus por ela não ter se importado com eu ter lido a página de seu diário, mas agora me encontrava extremamente curioso para saber o por que de ela ter fugido da Dinamarca.
De qualquer forma, não somos nem perto de ser próximos ainda, então acho que ela não me contaria.
Ficamos mais um tempo conversando até que e Zayn apareceram coversando. estava com uma cara preocupada e alternava seu olhar de Zayn pra mim e pra , como quem esperava alguma reação.
- Eu te conheço. – Zayn disse pra com os olhos semicerrados.
- É claro que conhece, Zayn. Do parque. – Eu disse rindo fraco.
- Não, não. Eu conheço de outro lugar. , ela também é...
- Liam, você pode pegar um copo de água pra mim, por favor? – o interrompeu de forma exasperada. Eu assenti e fui em direção à cozinha.
’s POV
Eu achei meu diário. E a melhor parte, nenhum maluco o pegou no parque e leu tudo que estava escrito lá. Pelo contrario, Liam não leu quase nada.
Acabando o momento felicidade, eu não entendi por que agiu daquela forma e expulsou Liam da conversa. Assim que ele saiu ela começou a discutir com Zayn e perguntar se ele estava maluco, até que eu interrompi:
- Chega! Alguém me explica, por favor, o que tá havendo? – Disse em um tom bravo.
- Eu te conheço. Não do parque, conheço de livros. Livros da monarquia para ser mais exato – Ele disse me analisando.
- Zayn... Você está louco, é claro que não. – disse tentando mudar a opinião do garoto.
- Não tô louco. Eu sou neto de uma bibliotecária, venho passar férias aqui desde que me entendo por gente. Eu tenho certeza que você é uma princesa, . Assim como tive de que você, , é princesa da Noruega. Sinto muito, eu sou um nerd. – Zayn concluiu dando um suspiro.
- Você não pode contar nada pra ninguém, em circunstância alguma, por favor Zayn. – Eu quase implorei.
- Contar o quê, gente? – Liam disse voltando com a água da e eu gelei olhando pro Zayn com um olhar de piedade.
Ele não podia contar.
Capítulo 03
’s POV
- Contar o quê? – Ele repetiu nos encarando.
Não era só eu que estava tensa. também pedia com os olhos para que Zayn desviasse o assunto e o mesmo parecia pensar em uma forma de mentir para o amigo.
- Gente? Vocês tão vivos? – Liam perguntou rindo – Contar o quê? – Ele insistiu na primeira pergunta e eu abri a boca para respondê-lo, mas fui interrompida.
- Nada Liam! Obrigada pela água, mas a gente precisa ir, não é, ? – disse rapidamente e eu assenti. – Tchau meninos. Foi bom vê-los novamente.
- Tudo bem. Tchau garotas. – Zayn disse sorrindo.
Liam foi conosco até a porta da biblioteca ainda conversando quando de repente passa um loiro correndo e esbarrando em nós, chamando por Liam.
- Gente, vocês lembram-se do Niall? – Liam nos apresentou o menino sorridente.
- Lembro sim. Tudo bem Niall? – Eu disse simpática cumprimentando-o com um aperto de mão.
- Tudo bem. Liam, eu vim te chamar pra gente ir comprar pizza! Tô com fome. – Ele fez uma cara engraçada e passou a mão na barriga.
- Claro, Niall. Vocês querem ir com a gente, meninas? – Liam perguntou.
- Não, obrigada. – Respondi de prontidão – Temos que voltar pra casa.
- Até porque deve estar enlouquecendo de fome. – Completou em um tom baixo.
- Vocês podem ir com a gente e levar comida pra sua amiga. – Niall disse sorridente, o que me fez rir.
- Talvez outro dia, Niall. Mas obrigada pelo convite.
Mais uma vez já estávamos saindo da biblioteca quando o resto dos amigos deles vieram ao nosso encontro nos fazendo parar de novo e conversar um pouco mais.
- Vocês podem ir até nossa casa. – falou e eu arregalei os olhos. Nós mal os conhecíamos. – Eu também estou com fome, . Eles estão, e as garotas também vão estar. Podemos comprar comida e conversar mais. – Completou, animada.
- Ia ser legal. – Disse Zayn.
- Se não for incomodar. – Liam falou.
- Claro que não incomoda. Vamos. – foi puxando os garotos pela rua e eu segui.
Fomos andando em direção à pizzaria conversando, e eu resolvi parar pra pensar: quarenta minutos atrás, a chuva estava tão forte que cheguei a cogitar a possibilidade de Londres desabar com tanta água caindo sem parar, e agora o céu está completamente limpo e azul. Eu me lembrei de que, em toda minha vida, eu só havia comido pizza uma vez. Nunca me deixaram ingerir algo como pizza, a única vez foi quando eu passei a noite de aniversário da com ela, e seus pais fizeram algo, que para eles, era normal de se alimentar – o que devia ser para mim também, já que é uma delícia.
Fui retirada de meus pensamentos com o Liam passando a mão pelos meus ombros e me guiando, fazendo com que eu virasse junto de todos e entrasse na porta do restaurante.
Já dentro da pizzaria e com as pizzas pedidas por Niall em mãos, Liam me guiou pelos ombros novamente, agora em direção do caixa para pagar, e eu pude perceber que desde que entramos, ele ainda me abraçava de lado e sorria. O que me fez sorrir também. O garoto fez menção de pagar as 4 pizzas sozinho, já com o dinheiro sendo entregue para o atendente e eu afastei a mão dele para que, ao menos, dividíssemos a conta. O homem do caixa aceitou meu dinheiro e Liam entregou a outra metade do total.
- Você não precisava pagar pela comida, . Nós que convidamos vocês. – Liam disse quando já estávamos novamente na rua.
- Mas não serão só vocês que irão comer. Tá tudo bem, não me importo. – Ele assentiu com um sorriso e continuamos a andar em direção a casa.
Não demorou muito e já estávamos na porta de casa. Os meninos continuavam rindo muito e eu ainda andava com Liam.
- Fiquem à vontade, meninos. – disse com o seu, não tão comum, tom de voz educado e abriu passagem para que todos entrassem na sala.
- Chegamos. – Eu disse para as minhas amigas jogadas no sofá.
- Trouxe comida? – perguntou se levantando – Não trouxe só comida, né? Caramba gente! Tá todo mundo de pijama. – Ela continuou brava e assustada.
- Vocês tão lindinhas. Adorei suas calças .
- Para de debochar, ! Isso é porque não é você que tá assim na frente deles. – disse irritada apontando para os meninos ainda calados.
- Já volto. – Falei.
- Aonde você vai? – Harry se pronunciou me olhando correr escada acima.
- Pôr meu pijama, ué! – Continuei meu caminho e vi me seguir, provavelmente indo trocar de roupa também.
Liam’s POV
Assim que a e a deixaram a sala, suas amigas ficaram nos encarando em completo silêncio, até uma delas ter coragem de quebrá-lo.
- Vocês são? – A garota que eu lembrava do nome sendo perguntou.
- , ele é o menino que te derrubou na lama ontem, lembra? – apontou para Louis.
- Ah sim! Eu me lembro de vocês. – Ela disse indo em direção a uma porta que eu deduzi ser a cozinha.
- nos convidou pra vir aqui. Trouxemos pizza – Louis esclareceu.
- Então vamos comer. – terminou de descer as escadas e nos empurrou para que sentássemos no sofá, colocando as pizzas numa mesinha de centro.
Estávamos uns sentados no chão e outros no sofá, já comendo quando desceu.
- Obrigada por me esperarem, vocês são mesmo uns amores, meninas. – Brincou.
- Por que tá brigando com a gente? Foram os meninos que compraram pizza. – fez um biquinho ao terminar de falar fazendo com que as garotas rissem.
- Tenho certeza que não foram eles que ofereceram pra começar a comer. – retrucou se sentando ao meu lado no chão e pegou um prato com uma fatia de pizza.
Fiquei por um tempo observando ela comer. Parecia que ela não sabia como segurar seu pedaço, o que tornava tudo engraçado. Vi a derrubar várias vezes parte do recheio da pizza e ri abafado, fazendo-a me encarar séria sempre até que resolvi ajudá-la.
- Pega aqui um garfo, . É mais fácil. – eu lhe entreguei um talher e ela agradeceu. – Você tá se sujando toda pra comer uma pizza. – eu concluí rindo.
- É que meus pais nunca me deixaram comer pizza antes.
- Por que não? – Perguntei surpreso.
- Onde eu moro não é muito comum esse tipo de comida.
- Suas amigas também nunca haviam comido?
- Não. Elas sempre tiveram pais mais liberais. Acho que elas se alimentam dessas coisas sempre.
Terminamos de comer e continuamos coversando – meio excluído do resto da sala – sobre assuntos aleatórios. Ela me contou o porquê de ter fugido da Dinamarca, disse que seus pais não deixaram ela viajar e ela queria muito conhecer aqui, então veio sem o consentimento deles – o que foi errado – mas ela está amando a cidade e eu não pude deixar de rir da forma como ela fala dos “encantos da maravilhosa Londres”.
Depois de um longo tempo falando, seu celular tocou e ela pediu licença para atender a ligação. Eu assenti e fui conversar com o resto do pessoal.
James POV
- James, você disse que sua irmã estava passando um tempo na casa de , não é? – Minha mãe perguntou enquanto jantávamos.
Faziam 2 dias que a tinha ido para Londres e eu apenas havia falado com ela uma vez. A cada minuto que passa meus pais perguntam mais sobre onde ela está. Acho que não acreditaram que ela realmente está por perto, visitando uma amiga. Por mais que a irresponsabilidade da minha irmã passe dos limites às vezes, meus pais sabem que ela não seria capaz de fugir, sabendo que tem compromissos no castelo.
- É, mãe. Ela foi vê-la e acredito que volte só em 3 dias. – Respondi minha mãe.
- Você tem certeza, meu filho? – Ela insistiu no assunto.
- Claro!
O assunto “onde está sua irmã” me incomodava muito, pelo fato de eu ter que mentir descaradamente pros meus pais. Minha sorte é que nunca fui de mentir ou aprontar, o que fazia com que tivessem confiança em minhas palavras e encerrassem o assunto rapidamente. Dessa vez durante o jantar, não imaginei que seria diferente.
- Sabe, – Começou meu pai – hoje durante uma vigilância que decidi acompanhar os seguranças do castelo pelas redondezas, me encontrei com os pais de .
O novo assunto engrenado por meu pai fez com que meu nervosismo voltasse à tona. Continuei em silêncio esperando que ele prosseguisse.
- Você sabia James, que ela está viajando? – Me engasguei com o que ouvi e me virei para meus pais que agora me encaravam sérios.
- Hum não, eu não sabia. Jura? – Perguntei fingindo não saber de nada.
- Sim, eu juro. Também soube que não apareceu lá nesses últimos dias.
- E onde ela está então? – Falei ainda mentindo.
- Exato, meu filho – Minha mãe disse. – você nos contará, ou vai continuar mentindo?
- Como assim, mãe? – Tentei parecer em dúvida.
- Deixa de ser ignorante, James! – Meu pai disse já irritado. – Você sabia que sua irmã tinha ido para Londres. O que deu em você? Vai mentir para nós mais ainda?
- Desculpa, pai. – Eu disse abaixando a cabeça. – Eu só achei que daria para ajudá-la. Ela merece férias.
- Férias que logo acabarão! Você vai buscá-la em Londres ainda esta semana.
- Mas ela já esta lá, pra que acabar com a diversão dela? – Perguntei esperançoso.
- Ela terá tempo de se divertir. Nos próximos 2 dias você tem compromissos, que seriam dela também, e depois deles você embarcará em direção à Londres e só voltará com sua irmã cosigo. – Meu pai disse e logo se levantou da mesa, me impedindo de protestar.
- E será rápido com isso! – Completou minha mãe seguindo o mesmo caminho traçado por meu pai.
Fiquei sozinho na mesa por mais um tempo pensando no que poderia fazer, e logo me levantei indo para meu quarto com o celular em mãos.
5 toques e ela atende.
- Alô?
- , é o James.
- Oi James. Como estão as coisas? Estou com saudades de vocês.
- Também estamos com saudades, mas, na verdade, não liguei com boas notícias.
- Aconteceu alguma coisa? – Pude ouvir sua voz preocupada.
- Papai descobriu que você foi para Londres. Em dois dias estarei sendo despachado para aí e só posso voltar com você.
- Não acredito! Como ele foi descobrir?
- Os pais de contaram. Desculpe-me, , mas eu não pude fazer nada.
- Tudo bem, a culpa não foi sua. Eu tenho que desligar. Te vejo em dois dias. - Falou e sem esperar por resposta, encerrou a ligação.
Deitei-me na cama e não demorou pra sentir minhas pálpebras pesarem e eu cair no sono.
Liam’s POV
- Gente, cadê a ? – Perguntou Louis.
Fazia bastante tempo que ela havia saído pra atender o celular. Será que algo aconteceu? Levantei-me indo em direção ao jardim, pela porta em que ela tinha passado tempo atrás.
- Eu vou ver se tá tudo bem. – Falei já longe deles.
’s POV
Realmente as coisas estavam boas demais para ser verdade. Estava demorando muito para algo dar errado. A minha viagem dos sonhos, meus únicos dias de liberdade, iriam embora em dois dias.
Eu estava sentada na grama do jardim olhando para o céu extremamente estrelado. Fiquei longos minutos com esse pensamento decepcionante de ter que deixar Londres rondando em minha mente, até que senti alguém se sentar ao meu lado e encarar as estrelas comigo. Liam não proferiu nenhuma palavra. Acho que ele percebeu que minha expressão facial não era das melhores. Eu estava séria e com um olhar vago, e sei que ele percebeu isso.
- Quer me contar o que houve? – Ele quebrou o silêncio me abraçando de lado.
- Nada. – Respondi virando para ele que me olhava também sério.
- Tem certeza que tá tudo bem?
- Sim – Ele continuou olhando em meus olhos sem dizer nenhuma palavra. – Só um pouco cansada.
- Já tá tarde. É melhor eu e os meninos irmos mesmo, assim você descansa. – Ele disse se levantando e estendendo a mão para me ajudar a fazer o mesmo.
Caminhamos em direção à sala, novamente abraçados. O vento frio que vinha em nossas costas fazia com que eu me estremecesse.
- Meninos, vamos? – Liam perguntou assim que chegamos onde todos estavam.
Como se o tempo que eles ficaram conversando desde que chegamos não fosse o bastante, todos protestaram. A vontade de ir para casa deles não estava presente em ninguém. Muito menos em mim. Por mais que eu quisesse ficar sozinha e pensar no que aconteceria em alguns dias, a companhia deles tem sido muito boa no pequeno tempo que estivemos juntos.
- Liam, ninguém quer ir embora. Sente-se e converse com a gente, apressadinho. – Louis falou com uma voz afetada fazendo com que todos rissem.
- A tá cansada. – Liam disse.
- Não tem problema, Liam. Eu só disse que tava cansada, não falei pra você ir pra casa.
- Viu, Liam? Ela quer nossa companhia. Agora senta ai. – Louis quase gritou.
Liam assentiu e se sentou no chão. Eu me sentei ao lado dele, o mesmo lugar que estávamos antes de irmos para o jardim.
A risada do pessoal estava cada vez mais alta e eu estava cada vez mais cansada. Não demorou muito pro sono invadir por completo meu corpo e eu adormecer, ali no chão da sala.
Capítulo 04
Acordei sentindo uma leve dor em meu corpo. Abri os olhos devagar para me acostumar com a claridade que entrava pela porta de vidro da sala e reconheci as quatro silhuetas de minhas amigas encolhidas no chão em um sono profundo.
Levantei-me sem a mínima pressa e esfreguei meus olhos ainda sonolentos. Não cheguei a ver quando os meninos foram embora ontem, muito menos quando as meninas foram dormir. Tudo que imagino é que foi tarde o bastante para que eles estivessem com preguiça de subir as escadas e se deitaram no chão da sala, com uma grande probabilidade de acordar na manhã seguinte com dores no corpo, da mesma forma que me encontro agora.
Me levantei do chão cambaleando um pouco por conta das recentes horas de sono, e arrastei-me até a cozinha. Podia-se escutar o ronco de meu estômago implorando por comida. Peguei a torradeira e o pão e coloquei duas fatias de pão de forma pra fazer torradas dentro do aparelho. Não demorou muito e elas estavam prontas junto com a entrada de uma -Zumbi na cozinha, mais arrastada do que eu estava quando fiz o mesmo.
- Bom dia – Eu disse chamando sua atenção.
- Oi.
- Quer torrada? – Ofereci uma torrada pra ela que pegou e logo a mordeu sem dizer nada.
Levantei-me pra colocar mais pão na torradeira, esperando que logo as meninas estivessem em pé comendo conosco. Dito e feito. Assim que o pão pulou do aparelho indicando que estava pronto, mais três zumbis passaram pela porta da cozinha e se sentaram junto de nós. Sentei-me e coloquei o prato com mais duas torradas na mesa junto com a minha que já estava feita e me vi levantando novamente ao perceber que junto das recém-prontas elas estavam comendo a minha também.
Assim que terminamos nosso café e fomos para o sofá, o celular da apitou indicando que uma mensagem tinha acabado de chegar. Ela pegou-o na mesa e leu o texto escrito no celular rapidamente, se virando em seguida para nos dizer o que nela havia:
- O Harry disse que mais tarde vem aqui com os meninos e, , o Liam pediu pra você se arrumar que ele vai te levar pra conhecer algum lugar não mencionado. – Ela finalizou rindo de sua própria versão para a provável surpresa que aconteceria. Maluca.
- OK. Que hora eles vêm? – Perguntei já me levantando.
- Em uma hora mais ou menos.
- Vou tomar um banho e me arrumar então. – Disse subindo as escadas.
Ainda nos degraus vi as meninas também se levantando para ficarem mais apresentáveis quando os meninos chegassem.
Entrei no meu quarto e tranquei a porta do mesmo, já me direcionando para o banheiro enquanto me despia. Liguei o chuveiro entrando debaixo dele logo em seguida e senti a água quente relaxar meus músculos por completo. Fiquei alguns minutos ali, sem me mover, apenas aproveitando a maravilhosa sensação que aquilo me causava. Quando a parte da minha consciência que se importa com o meio ambiente se pronunciou, me direcionei pro xampu na prateleira e espalhei um pouco por minha cabeça lavando meu cabelo. Fiquei pelo menos meia hora dentro do box tomando meu banho e saí do banheiro entrando no quarto e sentindo o vapor quente sair junto comigo, deixando não só o banheiro como também meu quarto em um lugar completamente quente e agradável, em relação ao frio extremo que fazia da janela pra fora.
Abri a porta do meu guarda roupa e escolhi uma roupa qualquer. Voltei para o banheiro e me encarei no espelho. Peguei uma escova e penteei meu cabelo ainda fitando meus próprios olhos pelo vidro reflexivo. Novamente me peguei pensando em tudo que andava acontecendo aqui em Londres.
O que será que os meninos ficariam fazendo aqui junto com minhas amigas enquanto eu saio com o Liam? Por que será que eu vou sair com o Liam? Onde que ele pretende me levar? Liam é bem legal e desde que a gente se conheceu ele e os meninos têm sido muito amigos da gente, se posso dizer que somos amigos – eu não sei.
Saí de meus devaneios quando ouvi a campainha tocar. Eles já haviam chegado? Quanto tempo eu fiquei aqui me arrumando? Terminei de desembaraçar meu cabelo e escovei os dentes. Peguei minha bolsa em cima da cama e desci as escadas dando de cara com um Niall sorridente.
- Oi – disse sorrido.
- Olá, pensei que você não desceria nunca. – Ele retribuiu o sorriso e voltou a descer as escadas comigo ao seu alcanço.
- Oi gente! – Exclamei ao chegar na sala e ver todos lá sentados.
- Oi – disseram em uníssono.
- , oi! – Liam disse se levantando. – Vamos?
- Sim. Tchau – acenei sendo seguida por Liam.
Fomos para a rua em silêncio e seguimos um trajeto guiado por Liam, ainda calados, até a curiosidade imensa me fazer falar:
- Onde a gente tá indo?
- Você já veio aqui em Londres antes? – Ele me respondeu com outra pergunta.
- Algumas vezes, mas nunca conheci nada. Só conheço o palácio da rainha. – Eu disse olhando pra ele, que também tinha o olhar direcionado para mim.
- Não conhece nenhum outro ponto turístico? – Perguntou novamente e eu movi minha cabeça indicando que não. – Você tem medo de altura, ?
- Não que eu saiba. Por quê?
- Só curiosidade. – Ele disse. – Me fale da sua família. – Ele pediu com um sorriso de canto de boca.
- Bom, eu tenho um irmão, ele é um ano mais novo que eu, e meus pais são de certa forma bastante exigentes.
- O que você quer dizer com exigentes?
- Eles esperam que eu seja muito certinha. As pessoas me enxergam como a filinha perfeita e isso é chato. Nunca tive muita liberdade. – Expliquei.
- De qualquer forma, não consigo ver você ou nenhuma das meninas fazendo algo rebelde. – Ele disse olhando pra frente.
- Eu sou rebelde, Liam. Minha hora de dormir é às 22h e eu dormi ontem às 23h e pouco, e pra completar fora de casa sem o consentimento dos meus pais. – Disse em tom óbvio, o que o fez gargalhar.
- Tudo bem, você é muito rebelde. Eu também sou sabia? – Ri e esperei ele completar o comentário. – Um dia, eu queria ler um livro, mas a biblioteca tava fechada, eu fui lá escondido e li ele durante a madrugada. – Ele finalizou com um ar superior.
- Retiro o que eu disse. Você é tão rebelde, que me faz sentir super santa. – Disse rindo, o que fez rir junto.
Caminhamos por mais alguns quarteirões e a cada ponto turístico, Liam me dizia o nome e algumas curiosidades. Nunca fui fã de história e lugares turísticos – principalmente de lugares como Londres, onde a maioria das coisas são antigas – mas estava adorando conhecer toda essa cidade, ainda mais com um guia desses, muito divertido e bonito, tenho que ressaltar.
De onde estávamos era possível ver o Big Ben e, mais a frente, o London Eye. Meu guia turístico me contou algumas coisas a respeito do Big Ben e depois de passarmos dele me levou a um restaurante lá perto. Eu e Liam nos sentamos em uma mesa e escolhemos o que queríamos comer. Depois de pedirmos pra um atendente, não demorou muito para a comida chegar e nós saborearmos um delicioso almoço.
Liam insistiu em pagar a conta – novamente – usando o mesmo argumento da noite anterior. “Eu te trouxe pra almoçar, eu pago o almoço”.
Assim que saímos do restaurante fomos em direção a outro lugar. Como não era minha casa e Liam não comentou nada em relação a isso, senti a curiosidade me invadir novamente e fiz a mesma pergunta de algumas horas atrás:
- Onde a gente tá indo?
- Você é a pessoa mais curiosa com quem eu já tenha saído! Espera um pouquinho, . – Ele disse sorrindo de forma carinhosa e eu assenti.
Passaram-se oito minutos e nós continuávamos andando sem eu saber para onde.
- Já posso saber aonde vamos? – Disse com um jeito angelical, o que o fez rir abafado.
- Estou te levando ao London Eye, . – Ele respondeu como se estivesse falando com ma criança.
Eu sorri vendo-o retribuir. Sempre sonhei em ir ao London Eye. Sempre que eu ouvia as pessoas falando sobre lá, descreviam-na como algo magnífico. Uma visão perfeita. A curiosidade saiu de meu corpo deixando um lugar para a ansiedade, que foi rapidamente ocupado com algo imenso. Me vi feito uma criança chegando perto da roda gigante, ainda maior de perto. Tudo que faltava para me tornar uma verdadeira pirralha, era gritar de alegria. Os pulinhos junto com pequenas palmas que saíam de mim faziam Liam gargalhar enquanto estávamos na fila da grande roda. Como a fila estava pequena, não demorou para entrarmos em uma cabine. As cabines eram extremamente grandes, o que me fez me sentir minúscula ali dentro. Junto de nós, apenas estavam mais três casais, todos muito afastados uns dos outros e igualmente da gente.
- O que acha? – Perguntou Liam se referindo à paisagem.
Estávamos quase no topo da roda. Até agora o silêncio reinava entre nós.
- É perfeito! Nunca tinha visto nada parecido a isso antes. Obrigada por me trazer aqui, Liam. – Disse virando-me para encará-lo e sorri ao ver sorrindo de orelha a orelha.
- Valeu à pena a espera?
- Mais do que eu imaginava que valeria.
- Tem certeza que foi mais? – Ele perguntou com a testa levemente franzida e um sorriso divertido nos lábios. – Pelo que eu vi você é mais ansiosa que curiosa. – Concluiu ainda sorrindo.
- Como você observa as coisas – Ri sendo acompanhada por ele.
O que é isso? Desde quando eu sou tão imbecil assim? Quer dizer, eu não costumo falar tanta baboseira e coisas desnecessárias assim, nem rir por tudo que é dito pelos outros, muito menos rir de meus comentários estúpidos.
Voltei a apreciar a bela imagem que eu tinha do alto daquela cabine e senti os braços do Liam me abraçarem pelos ombros e ficar ao meu lado olhando pra baixo comigo. Não pude deixar de sorrir ao ver que ele também sorria.
Liam mudou seu foco da janela para meu rosto e ficou me encarando com um sorriso imbecil em seus lábios, juntamente do meu.
Liam’s POV
Conhecer a foi muito bom. Ela consegue ser estranha e fofa ao mesmo tempo, e isso me encanta. A forma como seu cabelo perfeitamente penteado cai com leveza ao redor de seu lindo rosto. O sorriso contagiante que faz meu corpo formigar só de meus olhos chegarem de encontro com tamanha delicadeza. Tudo nela parecia esculpido por mãos de um artista profissional mandado diretamente dos deuses.
Chega de pensar antes que eu vire gay com tais pensamentos.
Ainda encarando os olhos completamente brilhantes de , entrelacei nossas mãos e sorri abertamente. Ela sorriu tímida por meu ato e olhou pros próprios pés voltando a atenção pros meus olhos com a curva de sua boca na mesma intensidade da minha.
Estava cada vez mais perto dela. Com minha mão livre acariciei sua bochecha levemente rosada e dei um último sorriso vendo-a fechar os olhos com meu toque leve em seu rosto. Fechei meus olhos e aproximei meu rosto do dela. Nossas respirações estavam próximas e senti a ponta de meu nariz tocar o dela juntando na mesma hora nossas testas e sorri novamente antes de roçar nossos lábios e sentir o choque de colisão de nossas bocas em um selinho.
Capítulo 05
’s POV
Estava sentada no sofá assistindo um filme qualquer que passava na TV enquanto acariciava os cabelos macios de um Zayn adormecido em meu colo.
Faziam mais de 3 horas que Liam e haviam saído de casa. Pouco tempo depois que eles saíram, o resto do pessoal resolveu sair também. Acho que iriam a algum restaurante já que aqui em casa não tinha comida nenhuma. Quando os meninos chegaram à nossa casa, eu estava comendo umas bolachas, e Zayn me acompanhou, nos deixando sem fome; e sozinhos, e de sobra um Zayn quase roncando em cima de mim, me impedindo até de me mexer. Ele ficou assim por uns 40 minutos até que abriu os olhos lentamente e me encarou.
- Bom dia, Bela adormecida! – Eu disse com um falso bom humor e ele fez careta.
- Ó, Aurora, eu nunca chegaria a sua altura, princesa dos sonhos profundos! – Ele ironizou se levantando e se aconchegando sentado ao meu lado.
- Isso foi tão gay, Zayn. – Eu falei séria e ele gargalhou, concordando.
Aproveitando que o peso de Zayn não estava mais sobre mim, me levantei indo para a cozinha. Abri o armário e peguei dois copos, vendo que Zayn me seguia, e enchi de água, logo dando um para o garoto de cabelos bagunçados a minha frente.
- Obrigado – Ele sorriu tomando um gole do líquido. – Aonde foi todo mundo?
- Você apagou, hein? Eles avisaram que iam almoçar! – Eu disse rindo da pouca memória que ele demonstrava.
- Só achei que eles já deviam ter voltado. Até eu tô com fome agora. – Ele disse passando a mão pela barriga com o rosto contorcido em uma careta.
- Ainda tem bolacha, quer? – Ofereci o pacote de bolacha de chocolate e ele fez outra careta.
- Quantas vezes por dia vocês comem essas coisas? Só tem porcaria aqui! – Ele disse abrindo os armários e vendo apenas pacotes de bolachas e barras de chocolate.
- Deixa de ser folgado! Não revira nossos condimentos deliciosos. – Eu ri e ele fez mais uma careta – Para de fazer caretas também, que mania!
- Força do hábito, desculpa.
Voltamos para sala e ele passou os canais da TV freneticamente. Não me importando muito com isso – não passava nada que prestasse na TV – eu deitei no sofá e repousei minha cabeça em seu colo.
- Eu que sou folgado? – Zayn perguntou sem tirar os olhos da televisão.
- Calado. Sua cabeça não é leve e você dormiu séculos em cima de mim! – Dramatizei e ele sorriu.
Zayn colocou em um canal de notícias e começou a afagar meus cabelos. Ele olhava sério para mim e isso tava me incomodando. Sem conseguir me concentrar em outra coisa que não fosse os brilhantes olhos que me fitavam, eu indaguei exasperada:
- Que foi?
- Por que os meninos não podem saber sobre você, realeza? – Ele entrou num assunto não muito bom e eu virei meus olhos para a TV.
Zayn desligou a TV no mesmo instante que eu quebrei o contato de nossos olhos e pediu pra que eu olhasse pra ele e respondesse a pergunta.
- Não ligo, na verdade. Mas pra é mais importante que ninguém saiba. – Disse e ele assentiu esperando que eu continuasse – Ela não gosta que as pessoas saibam. Tem medo de se aproveitarem dela por isso, eu acho. Eu também não gosto de ser conhecida por todos pelo meu título. Às vezes é bom ser normal.
- Você sabe que eu e os meninos gostamos de vocês, não sabe? Tenho certeza que se eles soubessem de tudo, não mudaria o jeito deles com vocês. Isso não me influenciou e eles não são diferentes, . – Zayn disse num tom carinhoso e eu sorri fraco.
- Obrigada, Malik. – Eu disse ainda sorrindo enquanto me levantava, ficando de frente e ele sentava no sofá.
Zayn me puxou para um abraço e eu retribuí encaixando minha cabeça na curva de seu pescoço e inalando o perfume maravilhoso que ele emanava.
- Eu não vou dizer pra ninguém, prometo. – Ele disse e beijou o topo de minha cabeça, nos afastando em seguida.
- Eu também tô com fome – Reclamei e ele riu.
Antes que ele dissesse mais alguma coisa, a porta da casa foi aberta revelando seis maníacos saltitantes. Gargalhei da forma gay com que Louis pulava entrando em casa e ria com , provavelmente, de uma piada sem sentido que ele havia contado.
- Hey casal! – disse animada se referindo a mim e a Zayn, o que me fez corar. – A gente trouxe comida pra vocês.
- É, como vocês foram preguiçosos de mais pra tirar as bundas daí e ir com a gente almoçar, fizemos a bondade de trazer miojo, ok? – Harry disse zombando da nossa cara e todos riram.
- Ah, valeu Styles. – Zayn disse irônico – Vem , vamos fazer nosso miojo. – Disse me puxando em direção à cozinha.
’s POV
Sentimentos. Um turbilhão de sentimentos. Em apenas um toque de Liam eu me perdi em meus próprios pensamentos – vazios no momento – e sem conseguir me concentrar em minha mente que trabalhava a mil naquele momento, eu me deixei levar pelos meus batimentos cardíacos acelerados, o estranho fraquejar de meus joelhos e o sorriso bobo que surgia em ambos os nossos lábios.
Partimos o beijo com outro selinho. Continuei com meus olhos fechados – e imagino que Liam também – tentando normalizar minha respiração e sorri ainda sentindo meus lábios formigarem diante do recente toque dos de Liam.
Depois de um tempo, criei coragem e abri meus olhos, dando de cara com duas íris extremamente castanhas e brilhantes grudadas em mim. Ele sorria abertamente. Sorri junto dele, sentindo minhas pernas fraquejarem novamente.
A roda gigante parou e logo nossa cabine foi aberta indicando o fim do passeio. Liam me abraçou pelo ombro me guiando pra rua com um sorriso de canto de lábio.
- Agora, infelizmente, vou te levar pra casa. – Ele disse enquanto andávamos pela causada.
- Infelizmente? Graças a Deus vou me livrar de você por hoje! – Debochei rindo e ele gargalhou.
- Não tão rápido. A gente vai pra sua casa, mas pra eu e os meninos, que com certeza estão lá, sairmos vai demorar mais um pouco. Pode conviver com isso? – Ele entrou na brincadeira, ainda rindo.
- Acho que posso tentar. – Disse pensativa e logo comecei a rir de novo.
Continuamos nosso caminho conversando sobre coisas banais e desnecessárias. Meus comentários imbecis (que aconteciam com frequência) faziam com que Liam risse. Aquele tipo de risada que dá vontade de rir junto, e a cada vez que eu o escutava gargalhar não podia evitar sorrir.
Depois de 17 anos presa em um castelo, sendo seguida por seguranças a cada passo que eu dava, servida por empregados a cada migalha que eu desejava, impedida de até mesmo escolher minhas próprias roupas, eu me sentia bem. Melhor que nunca. Eu me sentia bem e eu estava assim por causa de Liam.
- Chegamos – a voz do garoto ao meu lado me despertou assim que estávamos em frente a porta da casa.
Peguei a chave e coloquei-a na maçaneta girando uma vez para o lado direito e sentindo a porta se destrancar. Empurrei a porta e deixei que Liam entrasse antes. Assim que ele o fez, entrei e fechei a porta atrás de mim, trancando-a novamente.
No hall o silêncio era enorme. Chegava a ser estranho (já que dentro daquela casa o que mais se escutava eram gritos e gargalhadas), mas calmo – um silêncio bom. Seguimos em direção à sala. E me amaldiçoando por ter agradecido pelo bom silêncio que se instalara no local, vi oito animais, quer dizer, pessoas pulando nos sofás com um Louis cantando músicas irritantes com sua voz afeminada.
’s POV
- HEYY CASAL! FINALMENTE VOCÊS VOLTARAM! – Louis gritou assim que viu e Liam entrando na sala.
- Louis! Que falta de educação, eles ainda não se assumiram como casal! – Repreendeu , e eu vi corar e Liam sorrir.
- É Louis. Eles estão iguais à e o Zayn ainda. Fingindo não ter nada. – Harry provocou e foi minha vez de corar.
Sentindo meu rosto ferver, virei para o lado à procura de Zayn, que tinha um sorriso divertido no rosto, como se apoiasse o que o amigo disse. Como se ainda fingíssemos não ter nada. Como se esse ainda não fosse durar muito.
- Nossa Syles, como você é engraçado. – ironizou – Será que vocês não perceberam a importância deles finalmente terem chegado? – Ela perguntou.
- Qual, ? – quis saber.
- Finalmente duas pessoas com um pouquinho de consciência estão nessa casa. – Ela começou - E farão o jantar pra gente. – Ela finalizou e assim que suas últimas palavras saíram de sua boca, a gargalhada alta de Niall ocupou o ar.
- Bom saber que não sou o único que pensou nisso! – Ele disse assim que recuperou o fôlego.
- Eu tenho muita consciência, ok? – Disse ofendida.
- Não tem não. – Harry riu e saiu de perto dela.
- Eu tenho. Ninguém me pediu pra fazer o jantar. – Me meti na conversa.
- É que assim , você é legal e fofa, mas ninguém confia nos seus dotes culinários – explicou e eu a olhei indignada.
- Se é que ela tem algum – Ouvi Harry dizer da cozinha e eu por pouco não fui atrás dele. Se não fosse o Zayn continuando o que dizia.
- E como você é fofa e tem muita consciência do que é melhor, você vai sentar aqui e esperar a comida dos dois ficar pronta. – Ele disse me puxando para que eu sentasse no sofá ao seu lado.
- E quem disse que a gente vai fazer comida pra vocês? – Liam se pronunciou pela primeira vez desde que entrara.
- A gente, imbecil. Não escutou a conversa não, Liam? Onde você tava com a mente? – Louis debochou. – Vamos, pra cozinha. Não é só o Horan e a que tão com fome não. – Ele empurrou os dois para dentro da cozinha.
- E É BOM FAZER RÁPIDO, VIU? – acrescentou se jogando ao meu lado no sofá.
- Vocês são muito abusados, gente. – Eu disse.
- Claro! Eles não fazem nada contra isso, tem que abusar mesmo. – riu.
Depois de mais um tempo conversando bobeiras, Liam apareceu na porta da cozinha dizendo que o jantar estava pronto. Fomos todos para lá e sentamo-nos à mesa. Cada um se serviu e comemos escutando o Louis reclamar o quão demorado havia sido a saída da comida.
Depois de comermos, ajudou a a lavar a louça e voltaram para sala onde eu e o resto do pessoal estávamos.
Liam’s POV
- Acho que a gente devia assistir a um filme de terror. – Harry sugeriu.
- Não. A TV tá legal. – disse.
A programação da TV não tava legal. Quer dizer, depende do seu conceito pra legal. Desisti de assistir ao filme que passava e fiquei voando, distraído em meus próprios pensamentos.
Hoje foi um dia muito bom. Ultimamente tudo relacionado à anda sendo bom. Posso tê-la conhecido há pouco tempo, mas ela de certa forma já é muito importante para mim. Da mesma forma que todas as meninas são para os meus amigos.
As amigas de são bem legais. Nós todos combinamos bastante, já que, apesar da forma que elas aparentam ser (certinhas e na delas), elas são mais esquisitas que eu e os meninos. Cada uma delas têm características diferentes, mas que juntas formam algo especial. Um algo que eu sempre vi em minha amizade com os garotos. Algo simples, porém perfeito, que agora faz parte de todos nós. Mesmo em apenas 3 dias, elas fazem parte de nossas vidas como ninguém antes fez. E eu sei que falo por todos que estão nessa casa que depois desses poucos dias, ninguém mais pode sair da vida um do outro.
E mesmo fazendo pouco tempo, eu não seria honesto comigo mesmo se dissesse que a me conquistou de uma forma que suas amigas não foram capazes. De uma forma diferente. Acho que ela não tentou exatamente fazer isso acontecer, mas fez.
À tarde, quando nos beijamos, eu me senti diferente. É bem gay um homem sentir seu estômago revirar apenas por ter beijado uma garota. E eu me senti assim. Além de sentir minhas mãos suarem frio e minha respiração falhar ainda estando com o pulmão repleto de ar e nem ter chegado a tocar nossas bocas.
Eu me sentia completamente diferente e isso de certa forma era bom, mas também era um tanto quanto estranho. Um sentimento desconhecido por mim.
-... não é, Liam? – E novamente eu me esqueci de que estava perto de mais pessoas e mergulhei em meus pensamentos. Não entendi o que Zayn disse e tenho certeza que minha cara de confusão foi no mínimo hilária para ter feito os outros nove rirem.
- Você escutou o que eu disse? – Zayn tornou a dizer e eu apenas neguei com a cabeça, sorrindo envergonhado.
- Ele disse que estávamos indo, mas que se dependesse de você voltaríamos amanhã. – Niall esclareceu e eu senti todo meu sangue se direcionar paras minhas bochechas já coradas.
- Por que se depender de mim? – Balbuciei me levantando do sofá.
- Não se faça de bobo. E de qualquer forma a gente volta, não precisam ficar tristes, meninas. – Harry falou com um sorriso de canto de lábio.
- Tudo bem. – disse já em frente à porta de entrada. – Boa noite, garotos. – Ela sorriu e deu um beijo na bochecha de cada um, assim como suas amigas.
Despedi-me de todas deixando por último.
- Até amanhã, . – Eu disse antes de depositar um beijo no topo de sua cabeça.
- Até. – Ela sorriu e logo eu saí na rua e a porta foi fechada em nossas costas.
O caminho até a biblioteca foi um completo silêncio. Só o caminho. As provocações de Louis e Harry vieram assim que entramos na nossa “casa”.
- Então, galanteador, como foi seu dia? – Louis começou.
- Conta pra gente, Payne. Como foi passar o dia com a zinha? – Harry zombou e eu revirei os olhos.
- Como você tá chato, hein? Conta pra gente, Lilico. – Niall se meteu nas provocações dos outros dois imbecis e eu rolei os olhos outra vez, me limitando a duas palavras:
- Boa noite. – Disse e entrei pro meu quarto, fechando a porta do mesmo.
Despenquei na cama sentindo o cansaço me dominar depois de um longo dia. Dei um último sorriso relembrando como tudo aconteceu e fechei os olhos dando um bocejo. Não demorou muito e eu caí no sono sabendo que, naquela noite, eu sonharia com alguém especial.
Capítulo 06
Passei a mão pelo criado ao lado da cama à procura do abajur. O acendi e observei o quarto ao meu redor. O sol estava se pondo. Quanto tempo eu dormi?
Fui pro banheiro e lavei o rosto com água gelada esperando acabar com a preguiça. Escovei os dentes e, sem me dar ao trabalho de tirar o pijama, voltei para o quarto, calcei meus chinelos e me direcionei pra sala a procura dos outros habitantes da “casa”.
- Madrugou, hein? – Harry disse assim que me sentei ao lado de Niall, que jogava futebol com Louis no videogame.
- Não enche. Quantas horas? – Respondi mal-humorado.
- Sete e quinze. – Zayn disse entrando no cômodo e se sentando em uma das poltronas.
- Eu dormi isso tudo? – Perguntei indignado e ele assentiu. – Meu Deus! Eu hibernei. – Concluí ainda chocado.
- Sim, você dormiu muito mesmo. – Niall comentou pausando o jogo e se virando pra mim. – Estávamos te esperando pra conversar.
- O que foi?
- A gente tava olhando uns lugares pra morar enquanto você dormia – Harry disse e eu estranhei.
- Por quê?
- Minha avó não vai mais trabalhar aqui. Nós vamos nos mudar. – Zayn explicou.
- Ah. E vocês acharam? – Voltei a perguntar.
- Sim. Nós nos mudamos depois de amanhã. Arruma suas coisas. – Louis concluiu antes de se levantar e sair da sala.
Niall voltou a jogar e eu fiquei observando sem dizer nada. Harry também estava calado. Silêncio. O meu sono ainda era enorme, e aquele silêncio poderia me fazer dormir bem rápido. Encostei-me no sofá e fechei os olhos por alguns segundos, respirando fundo. Consequências de um cansaço de origem desconhecida por mim.
Estava completamente relaxado e sentindo meus instintos desaparecerem aos poucos até que fui completamente reacordado por um peso enorme em cima de mim. Abri os olhos assustado e dei de cara com um Louis esparramado com a cabeça repousando na curva do meu pescoço.
- Você ainda não nos contou como foi seu dia ontem, Margarida. – Ele disse.
- Nem vocês me contaram como foi o de vocês. – Rebati empurrando Louis de cima de mim, fazendo com que ele caísse no chão.
- Ouch! – Resmungou. – Era só pedir pra que eu saísse, sabia?
- Não acho que eu faça o tipo educado. – Disse despreocupado.
- Mas você faz, ok? Devia se desculpar. – Fez bico e eu gargalhei.
- Desculpe, Boo Bear.
- Chega de gaysices. – Harry falou com uma careta engraçada – Liam, como você vai fazer quando a voltar pra Dinamarca?
- Como assim, Harry?
- Você sabe. Deu pra ver ontem que rolou alguma coisa entre vocês, e pelo que a me contou, ela não pode ficar tanto tempo longe do reino.
Reino? O Styles bebeu ou o quê?
- Do que você ta falando, Harry? – Perguntei confuso.
- Ela não te cotou? Liam, você não sabe que a é... – Foi interrompido.
- Harry, precisamos conversar! – Zayn gritou da porta com uma cara de espanto.
- Ok. – Harry se levantou e Zayn continuou me encarando.
Eu estava confuso. Muito confuso. Que ela é o que, caramba? Por que sempre em momentos assim o assunto é interrompido? Droga!
Sem aguentar esperar, me levantei e os segui.
- Merda, Styles! Isso é segredo! – Ouvi Zayn brigando com ele.
- O que é segredo? Me conta essa história logo! – Exigi e Zayn encarou o chão. Harry hesitou por um momento e depois começou a falar:
- Olha, você não devia ficar sabendo disso pela gente. – Fez uma pausa. – não iria gostar disso e eu só pensei nisso agora. – Parou de falar de novo.
- Eu não me importo. Só conta.
- Liam... É que assim... A ela, ela é uma princesa, sabe? – Perguntou receoso.
- Sei, Harry. é um amor, isso não é novidade.
- Não! Você não entendeu. Ela é uma princesa, tipo, futura rainha. – Zayn concluiu me vendo ficar estático.
- Isso... É sério isso? – Perguntei em dúvida e eles assentiram.
Princesa. Legal, não? Não, isso não é legal! Caramba, como assim a é uma princesa? Como assim futura rainha?
Saí de perto dos dois, rapidamente, ainda confuso. Minha mente trabalhava a mil por hora. Entrei no meu quarto me jogando na cama e fitando o teto. Por que ela não me contou? Tudo bem que isso não é uma coisa normal, mas ela podia ter pelo menos mencionado isso ontem. Quem sabe no almoço. Ou depois de eu tê-la BEIJADO!
Será que é tão difícil assim? Tipo, “oi Liam, sabe, eu sei que você não é acostumado, mas você acabou de beijar uma princesa”. Uma princesa!
Virei-me para o lado e fechei os olhos. Precisava pensar, muito.
Cansado de ficar confuso e de pensar, me acomodei melhor na cama e me cobri com o lençol amassado da noite passada. Respirei fundo e esperei que o sono voltasse. O que não demorou muito pra acontecer e eu adormecer novamente.
Narrador em terceira pessoa
Naquele dia, os garotos não apareceram na casa das cinco amigas da Dinamarca, como foi dito que fariam.
No ambiente habitado pelos meninos, o silêncio permaneceu pelo resto do dia, desde o momento em que Liam, junto de sua confusão, foi em direção ao quarto. Não era só ele quem não entendia o que estava havendo. Seus amigos – sentados cada um em um cômodo do pequeno andar de cima da biblioteca – também tinham dúvidas sobre o que estava acontecendo. Todos se perguntavam o por que do segredo. Todos exceto Zayn, que tinha em mente outra coisa. Algo um pouco mais sério, em sua opinião. Não era novidade que eles nutriam um carinho pelas garotas. Para Zayn, especialmente em .
A garota delicada com o sorriso angelical mexia com ele.
A forma hipnotizante que falava com Malik o deixava mais confuso que qualquer história de princesa mal resolvida. Enquanto o pensamento de todos era ocupado com algo, que em sua concepção era desnecessário, ele pensava em como fariam quando elas voltassem para o país de onde vieram. Fariam falta; isso não podia negar.
Já do outro lado da cidade, os pensamentos femininos eram ocupados por uma mesma pergunta: ficariam mesmo a espera de garotos que pareciam não vir?
A confusão causada pela grande língua de Harry afetou a todos, de certo modo. O medo de encontrar as princesas novamente era razoável. O que diriam a elas? Ninguém sabia o que pensar. Nem mesmo , que depois do melhor beijo de sua vida, não teve mais explicações e não encontrou novamente o causador de tantos sentimentos bons juntos.
***
No país de origem das garotas, se encontrava uma briga.
“É claro que você vai, James! Faça logo sua mala ou perderá o avião!” O rei dizia ao filho a cada 15 minutos. James não queria de forma alguma passar a madrugada em uma poltrona desconfortável de avião, para chegar a Londres, estragar a alegria da irmã mais velha, e voltar em menos de um dia pra monótona vida que levava enfurnado no grande castelo.
- É sério que eu preciso mesmo ir? – Disse na sua última tentativa de fazer os pais mudarem de ideia.
- Não seja tolo, meu filho. – A mão disse de uma forma carinhosa. – Entre nesse avião, e volte sã e salvo com sua irmã, entendido?
James bufou assentindo e deu um beijo na testa da mãe e um pequeno abraço no pai, que lhe desejou boa viagem. Entrou na sala de embarque com a passagem já em mãos, e esperou até que fosse liberado o embarque.
James POV
Acordei com uma forte dor no pescoço. Remexi-me no assento da aeronave observando-a já quase vazia por completo. Retirei o cinto e me coloquei de pé, retirei a bagagem de mão – e também a única que eu havia levado – do compartimento de cima de minha cabeça e saí do avião.
A sala de desembarque estava lotada de pessoas atrás de seus pertences. Desviei-me de toda a aglomeração me colocando para fora daquela sala e em seguida pra fora do aeroporto.
- Agora é descobrir onde a peste tá ficando – Falei comigo mesmo me referindo a minha irmã.
Disquei os números conhecidos de seu celular e esperei até que depois do quarto toque ela atendesse:
- James! – disse animada do outro lado da linha.
- Onde vocês tão morando, ? – Perguntei sem a menor animação.
- Nossa! Tá nervoso? – Ela perguntou divertida.
- Não é legal ter dor nas costas. O motivo também não é dos melhores, então diz logo onde você está pra eu te pegar e poder voltar pra casa.
- Tudo bem. Te passo por mensagem, tchau. – E desligou sem esperar minha resposta.
Sinalizei para um táxi assim que recebi a mensagem de com o endereço da casa. Mostrei para o motorista assim que me sentei no banco de trás do carro. O moço assentiu e arrancou com o carro em direção ao meu destino.
’s POV
Desci a escada pronta e com minhas coisas em mãos. Depois da ligação de James, eu tomei um banho rápido e terminei de arrumar minhas coisas. Ainda não tinha dito pras meninas que iria voltar pra Dinamarca. Pretendia fazer isso antes do meu irmão chegar, se fosse possível.
Ontem nosso dia não se resumiu a nada além de dormir e comer o resto das barras de chocolate que se encontravam no armário da cozinha. Os meninos não apareceram e isso foi ruim. Ruim porque, por mais que eu não queira admitir, eu senti falta deles. Me perguntei durante as vinte e quatro horas do dia anterior, como era possível 5 garotos há pouco tempo conhecidos por nós, me fazerem falta. Resolvi acreditar na hipótese de que ficamos muito tempo com eles na última semana que estava acostumada com sua companhia.
- Aonde vai, ? – perguntou assim que cheguei ao último degrau.
- Embora. Sabe como é, pais paranoicos que mandam irmãos mais novos que você te buscar em uma viagem ao exterior. Nada demais. – Sorri.
- Entendi. – Ela disse com uma cara estranha.
Sentei no sofá e esperei James chegar enquanto assistia desenho com e .
Liam’s POV
Peguei o celular no bolso de trás da calça jeans e chequei as horas: 10:40. Coloquei-o no mesmo lugar que tirei e saí do quarto. Não sabia se os meninos já estavam acordados e não me importei muito com isso. Decidi na hora que acordei que eu não ia demorar em sair. Não importa se as pessoas da casa que visitariam estariam dormindo ou não, eu precisava conversar com .
- Aonde você vai, Liam? – Louis perguntou assim que passei pela cozinha.
Os quatro estavam sentados na mesa tomando café da manhã.
- Eu vou à casa das meninas, preciso falar com a . Vocês querem ir? – Perguntei vendo que todos estavam de roupas trocadas.
- Eu quero. – Zayn disse se levantando da mesa sendo seguido pelos outros três.
- Vamos todos. – Niall falou e eu assenti.
Harry colocou as louças na pia e nós saímos a pé pra casa das meninas.
Não demorou muito pra chegarmos à porta da casa das meninas. Durante o caminho ninguém disse nada. Subi os três degraus em frente à porta e toquei a campainha.
Enquanto esperávamos que alguém abrisse a porta, outro garoto chegou, tocou a campainha novamente e parou ao nosso lado para esperar abrissem. Ele não disse nada e não olhou pra gente também – o que fora estranho já que não sabíamos de ninguém mais que visitasse elas.
- JÁ VAI – Ouvi alguém gritar lá de dentro e logo a porta foi aberta.
- James! – disse, dando um abraço caloroso no menino desconhecido ao nosso lado.
Assim que partiu o abraço se virou em nossa direção e deu um sorriso de surpresa.
- Hey meninos! Não esperávamos vocês aqui. – Ela disse educada – Entra, gente.
deu passagem e todos entraram, inclusive o outro menino que, pelo que entendi, se chama James.
- – James disse parecendo feliz em ver a garota, que deu um abraço apertado no mesmo.
- Oi garotos – ela acenou assim que nos viu.
Todos sorriram e os meninos foram junto das meninas se sentar no sofá e conversar um pouco. Eu fiquei parado encarando e o outro garoto que agora segurava sua mão.
- Você está pronta? – James perguntou pra menina ao seu lado, que assentiu. – Então vamos. Não quero perder o voo.
- É, desculpa ser intrometido, mas que voo, ? – Perguntei confuso.
deu um longo suspiro e começou a falar:
- Eu vou voltar pra Dinamarca, Liam. Esse é meu irmão James. Ele veio me buscar pra voltarmos pra casa.
- Você não pode ir, . – Eu disse.
- Eu preciso! Desculpe-me, eu não fui completamente sincera com você. A verdade é que o rei... – Ela ia falar, mas eu interrompi completando a frase pra ela.
- O reino precisa de você. Eu já sei disso. – Eu terminei de falar e ela me olhou em dúvida, logo virando o olhar pra Zayn.
- Liam, eu... me desculpa. – ela se embaraçou nas palavras – Eu queria poder ficar. Você sabe que sim.
- Mas não pode. Eu entendo. Boa viagem, . – Eu dei um beijo na testa dela e saí da sala indo para o jardim.
Sentei-me no banco que lá havia e fiquei observando a vista que aquele lugar proporcionava. Imagino que depois que saí de lá deve ter se despedido e ido para o aeroporto. Quando voltei pra sala, ela não estava mais lá.
Capítulo 07
’s POV
- Se cuida, – Eu disse cabisbaixa assim que ela veio me abraçar.
Ela já tinha se despedido de todos. Eu fui a última, e quando nos soltamos do abraço, e James deram um último aceno e fecharam a porta. O silêncio ficou por um bom tempo na sala. Aquele tipo de silêncio que incomoda tanto que quase te mata por dentro.
- Gente - Liam disse voltando do jardim –, vocês podem falar, viu? Não precisa desse silêncio todo.
- A gente sabe, Payne. É só falta de assunto. – Harry disse com uma falsa animação.
- É muito o que pensar. – Louis disse de uma forma filosófica.
- Quem vê até acha que você pensa. – Niall zombou e recebeu um dedo do meio em troca.
- Pensando em quê, Louis? – perguntou.
- Isso tudo de segredo. Se ela tivesse contado antes, não teríamos um Liam com cara de poucos amigos aqui. – Ele explicou.
- Tá culpando minha amiga pela cara feia do Liam? – Ela falou.
- Hei! Eu tô aqui, tá? Minha cara não é tão feia, – Liam se alterou.
- Tá, tanto faz. Não vai me responder, Louis?
- Não vou discutir com você. Não vale a pena. – Ele disse desdenhoso.
- Caramba! Como você pode ser tão idiota, Tomlinson? Só porque seu amiguinho tava de casinho com a , não quer dizer que ele é o único que queria que ela estivesse aqui! Eram nossas férias, tá?!
- Eu sei que eram suas férias, estressadinha. Não sei se você percebeu, mas faz uns três dias que a gente passa suas queridas férias com vocês! Se estava incomodada, por que não mandou a gente em bora?
- Educação! O que tá faltando em você. Vou pro meu quarto, licença. – E dizendo isso, subiu as escadas pisando duro e sem olhar pra trás.
- Tinha que brigar? – Perguntei incrédula pra Louis.
- Ela começou.
- Não precisava continuar! – Zayn disse também cético.
- Vão me encher agora? Eu vou pra casa. Tchau.
Como se fossem a mesma pessoa, Louis saiu da nossa casa pisando duro. Versão masculina de . Assim que Louis saiu da casa Liam deu um suspiro alto e se levantou.
- Eu vou atrás dele. Tchau meninas. – Ele acenou e também saiu.
Liam’s POV
Quando eu saí na rua, não tinha nem sinal do Louis mais. Percebendo que era em vão eu andar mais rápido pra encontrá-lo ainda fora de casa e acompanhá-lo no caminho restante, eu andei devagar e pensando na vida. Não sei como não esbarrei em ninguém ou não causei nenhum acidente, só sei que devo ter demorado quase meia hora pra chegar.
Abri a porta da sala e encontre Louis com um violão na mão.
- Há quanto tempo eu não via você tocando? – Perguntei me sentando ao seu lado.
- Desde quando tínhamos dez anos, talvez. – Ele disse sorrindo fraco.
- Nunca entendi por que exatamente você parou de tocar.
- Acho que pelo mesmo motivo de você e dos meninos pararem de cantar e do Niall parar de tocar comigo. – Ele disse baixo.
- Era um sonho, lembra? Ser conhecido na música. – Eu disse me lembrando do passado.
- Não diz “era”. Eu ainda sonho com isso. – Ele virou pra me encarar.
- Por que nunca nos disse?
- Tinha medo de ser só o meu sonho. E o meu sonho não se resume a isso. Preciso de vocês ao meu lado pra ele ser completo. – Explicou encarando o chão.
James POV
“Senhores passageiros, informamos que em dentro de vinte minutos estaremos pousando em Copenhague.”
A voz da aeromoça soou no avião e eu olhei para a figura adormecida ao meu lado. Chacoalhei de leve com a esperança de ela acordar.
- Que é? – Ela resmungou sem abrir os olhos.
- , você precisa se trocar. Logo iremos pousar. – Eu disse e ela finalmente me encarou.
- O que há de errado com meu moletom? – Ela perguntou desviando o olhar para as roupas que usava.
- Você não pode chegar ao reino vestida assim. Mamãe me mataria se eu não te vestisse com um dos vestidos frescos de princesa que ela mandou pra você. Ela e papai te querem apresentável. – Expliquei e ela bufou se levantando.
- Me dá logo essa roupa. – Disse e eu lhe entreguei minha mochila.
Ela foi para o banheiro se arrumar e depois de quinze minutos lá dentro saiu devidamente vestida. Sentou-se ao meu lado e colocou a mochila no chão no mesmo lugar que antes estava.
- Melhor você pôr o cinto. Já vamos pousar. – Eu falei e ela apertou o cinto.
Menos de cinco minutos depois o avião já estava em terra firme. Eu e descemos e saímos da sala de embarque. Nossos pais não poderiam nos buscar, então mandaram Tyler, um de nossos motoristas.
- Como foram de viagem? – Ele perguntou abrindo a porta do carro pra que entrássemos.
- Foi boa. – Respondi antes de me sentar e ele bater a porta ao meu lado.
Durante a maior parte do caminho, fomos em silêncio. Como eu sabia que não iria querer conversar, eu também não puxei assunto. Fiquei observando, pela janela, a paisagem passar ao meu lado como um vulto por causa da velocidade e esperei que chegássemos finalmente ao castelo.
’s POV
- Por favor, nunca mais desaparece assim, minha filha – Minha mãe pedia enquanto me abraçava. Eu só assenti e continuei meu caminho para o meu quarto.
Eu estava cansada. Não só da viagem, como de tudo que andava acontecendo. As longas duas semanas que deveriam – de acordo com o planejado – serem minhas férias foram completamente atrapalhadas, e em míseros cinco dias eu tive de voltar pra casa. E durante todo esse tempo de volta eu fui vigiada pelo meu irmão. Um irmão rabugento que reclamou a maior parte do tempo por ter que deixar tudo aqui pra buscar uma revoltada em outro país.
Não era pra eu ver ninguém quando chegasse. Minha mãe deu sorte de me encontrar no corredor, pois eu não pretendia ir até o escritório do meu pai – lugar que tenho certeza que ele estaria – para dizer olá.
Eu estava com saudades. Claro que sim. Mas também estava chateada com isso tudo.
Deitei-me em minha cama e joguei meus sapatos em qualquer canto do quarto. Virei para o canto e olhei para o relógio no criado que marcava quatro da tarde. Sem me importar com o horário inapropriado pra um cochilo, fechei os olhos e sem demora adormeci.
***
- Com licença, . – Delilah disse abrindo a porta do meu quarto e me acordando. – Me desculpe, senhorita. Não sabia que você estava dormindo.
- Tudo bem, Deli. Eu não costumo dormir essa hora mesmo, não há como saber. – Eu me levantei e sorri.
- A rainha pediu para que eu lhe avisasse que suas tias estão aqui e todos te esperam na mesa de jantar no horário de sempre. – Ela deu o recado e eu fiz uma careta com a ideia de ver minhas tias.
- Falta quanto tempo para as oito, Deli? – Perguntei vendo-a entrar, finalmente, no quarto e fechar a porta atrás de si.
- Pouco mais de meia hora. Não tenho certeza.
- Tudo bem. Vou tomar um banho. – Avisei indo em direção ao banheiro.
- Eu vou separar uma roupa pra senhorita e deixarei em cima de sua cama. – Ela disse e abriu a porta do closet.
- Obrigada, Delilah. – Eu sorri com a cabeça pra fora do banheiro. – Ah, por favor, não diz mais senhorita. Você sabe que eu prefiro .
- Claro . – Ela sorriu dando ênfase no “”.
Fechei a porta do banheiro, me despi e entrei no box ligando o chuveiro na água quente.
Fiquei uns quinze minutos relaxando embaixo da água. Lavei meu cabelo e logo saí, vestindo um roupão e com uma toalha extra, enrolei meu cabelo pra tirar o excesso de água.
Delilah já havia separado uma roupa para mim e estava sentada na penteadeira que eu tinha no canto do quarto – provavelmente me esperando. Deli trabalha pra minha família desde quando eu era um bebê. Ela cuidava de mim quando minha mãe estava ocupada e não podia ficar por perto. Hoje em dia, ainda cuida. Deli é quem me arruma quando tenho algo importante para ir – como festas e bailes no meu e em reinos vizinhos.
- Estava esperando você sair para ajudá-la com o cabelo – Ela disse se levantando e sorrindo.
- Obrigada! Eu vou só colocar o vestido e já venho – Eu respondi, pegando o vestido roxo na cama e entrando no closet pra me trocar.
Depois de vestir a roupa, saí do closet e me sentei na cadeira da penteadeira. Deli começou a escovar meu cabelo e sorrir, olhando pra mim no espelho.
- O que foi, Delilah? – Eu perguntei estranhando o sorriso bobo que se instalava em seus lábios.
- Você mudou muito. Está completamente diferente da menininha de cabelos encaracolados que brincava de boneca no jardim do castelo. – Ela disse e sorriu doce.
Eu retribuí o sorriso e senti minhas bochechas esquentarem. Não me lembrava muito do que eu fazia quando criança. Tinha apenas uma vaga lembrança de arrastar Deli pra todos os lugares do castelo comigo enquanto usava minhas fantasias de princesas da Disney e minha coroa de plástico cor de rosa que eu tanto amava.
Eu amava ser uma princesa. E agora, não vejo a hora de que isso acabe. Ri com meus pensamentos. Isso nunca vai acabar. E de certo modo, por mais que eu odeie todo esse luxo e essas regras, eu não poderia pedir por uma vida melhor. Uma vida diferente. Essa era minha vida – a de castelos e bailes, regras e vestidos luxuosos – e de uma forma um tanto quanto estranha, eu também amava isso.
***
- ! – Minha tia Amália exclamou assim que me viu descer as escadas.
Estavam todos sentados nas poltronas do salão de visitas. Meu pai conversava com meu tio Ezequiel – provavelmente sobre negócios da monarquia. Minha mãe conversava com meu irmão e minha prima Valentina. Assim que Amália me chamou todos olharam em minha direção. Todos sérios. Menos Stela, que é mãe de Valentina – a pessoa mais egocêntrica que poderia existir para ser da minha família – e a única tia que eu tenho que é possível ter uma conversa agradável pelo simples fato de ela nunca ter sido ligada a todo esse negócio de reinado.
- Boa noite. – cumprimentei a todos com um aceno de cabeça e um pequeno sorriso de canto.
- Agora que já esta aqui, podemos ir jantar. – Meu pai disse se levantando.
As outras pessoas que se encontravam na sala se levantaram e seguiram meu pai para sala de jantar. Os lugares postos no início da imensa mesa do castelo estavam impecáveis, como em todos os jantares servidos em minha casa.
Os cozinheiros serviram o jantar e todos comemos em silêncio.
- Então , eu soube que você foi a Londres. Como foi? – Stela perguntou enquanto todos já comiam a sobremesa.
- Foi muito bom. Londres é linda. Pena que não pude ficar mais – Eu terminei olhando pro meu pai.
- Por que não pôde ficar mais, minha querida? Este reino anda tão parado, devia ter aproveitado para tirar longas férias logo. – Ela disse sorrindo.
- Stela, não é hora de falar sobre isso! – Meu pai repreendeu a irmã – E nosso reino não anda parado. Se você não tivesse abdicado a coroa e vivesse aqui conosco saberia disso.
- Se eu não tivesse abdicado a coroa, irmãozinho, você não seria rei. Que tal invés de obrigar seus filhos a ficarem aqui e fazer o que não querem, não os deixa aproveitar um pouco a vida? – Ela disse elevando o tom de voz.
- Não é hora de brigar! – Amália disse séria – E você Stela, pare de tentar ensinar nosso irmão a ser pai, você é a mais errada em tudo isso.
- Com licença. – Ela disse se levantando e deixando o guardanapo ao lado da taça de sorvete.
Capítulo 08
Separei meu pijama e entrei no banheiro para me trocar. Depois que minha tia saiu da mesa, todos ficaram em completo silêncio comendo suas respectivas sobremesas e assim que todos haviam terminado, os empregados retiraram as taças e todos foram em direção aos quartos. O dia seguinte seria longo. Sempre que parte da minha família estava aqui, tinha algum desentendimento, ou meu e da Valentina ou do meu pai e Stela.
Nunca ninguém parou para me contar exatamente o que acontecia entre meu pai e minha tia. Essa rixa vem de muito antes do meu nascimento, e mesmo sabendo que eu adoro a Stela, não me disseram – ainda – o porquê de tantas brigas quando ela vem nos visitar – o que acontece raramente. Nem mesmo ela nunca me contou; e como sou muito curiosa, já deviam tê-lo feito.
Saí do banheiro já de pijama e me deitei na cama puxando as cobertas para cima de mim. Apaguei a luz do abajur e me encolhi no cochão adormecendo rapidamente.
*
Acordei por volta das nove horas com a luz do sol incomodando meus olhos. Droga de sacada aberta.
Levantei-me e fiz minha higiene matinal, troquei de roupa e prendi o cabelo. Pensei em ficar no quarto por mais tempo, já que era quase certeza de que não teria muito que fazer no andar de baixo, mas desisti assim que senti meu estômago roncar.
Sem pressa eu desci as escadas e adentrei a sala de jantar. Todos da minha família já estavam sentados tomando café da manhã.
- Bom dia. – Eu disse antes de fechar a porta e me sentar ao lado do meu irmão.
Todos responderam meu comprimento e logo os empregados já me serviam.
Tomei café calmamente e depois de terminar, me retirei deixando apenas meu irmão e Valentina na mesa. Os dois já haviam acabado de comer, mas assim como eu, não tinham nada para fazer então optaram por continuar lá, sentados e conversando sobre algo que não me interessava.
Fui até a biblioteca do palácio e peguei um livro qualquer de romance. Com ele em mãos eu fui para o jardim e sentei-me em uma das cadeiras da mesa que tínhamos no quintal. Só podia se escutar os pássaros cantando e o barulho da tesoura do jardineiro podando as plantas. Perfeito. Abri o livro no primeiro capítulo e comecei a ler.
Li pelo menos quatro capítulos direto, sem que ninguém me interrompesse. Já sentia meu estômago pedir por comida novamente. Olhei no relógio que estava no meu pulso a hora: uma e quarenta e seis. A essa hora era bem possível que todos já haviam almoçado. Meus pais deviam estar em alguma reunião junto com meu tio Ezequiel e minha tia Amália. James e Valentina deviam estar fazendo algo que eu não gostava de fazer por aí e minha tia Stela devia estar ajudando Eleonora, nossa governanta, a fazer algo do castelo – como arrumar decorações novas; o que é constante.
Terminei de ler o capítulo em que estava com a ideia de me levantar assim que acabasse e ir para a cozinha pedir para algum dos cozinheiros um lanche, mas não foi preciso. Quando fixei os olhos na primeira frase da página alguém sentou a minha frente. Ergui a cabeça o suficiente para encarar uma Stela sorridente com uma bandeja a frente dela.
- Só você não apareceu no almoço – Ela murmurou me estendendo o prato com um sanduíche em cima.
- Obrigada. – Sorri – Eu estava mesmo pensando em ir até a cozinha.
- Eu imaginei. Pedi para que Delilah preparasse o seu lance favorito e ela me deu isso. – Sorri mais uma vez para ela, que retribuiu.
- Como está o livro? – Ela perguntou pulando para a cadeira ao meu lado e pegando-o da minha mão. – Gostou?
- É uma história de amor bem interessante.
- Esse era um dos meus livros favoritos de quando eu tinha sua idade. Só perde para Romeu e Julieta. – Stela falou enquanto o fechava.
Dei uma mordida no sanduíche e a encarei. Ela sorria muito. Achei estranha a forma boba com que me olhava então decidi perguntar algo que fosse mudar um pouco o nexo da conversa:
- Por que você não se dá muito bem com meu pai e com a tia Amália?
- Estava demorando pra você perguntar isso – Deu um suspiro pesado. – É uma história longa.
- Eu tenho tempo.
- Claro que você tem tempo. – Disse irônica, fitando o copo de suco de laranja que estava na bandeja. – Você me lembra muito a mim. Quando eu ainda era jovem.
- Por quê?
- Sabe que eu nunca gostei de ser da realeza, . – Ela disse e eu assenti. – Quando eu fiz dezoito anos, eu abdiquei a coroa e fugi da Dinamarca. Eu não queria ser a rainha.
- Eu também posso abdicar?
- Não, é claro que não! – Ela se exasperou. – Eu não me orgulho do que fiz, . Quando eu fui embora também fui para Londres, como você. A diferença foi que eu não fiquei lá o tempo todo. A sua avó mandou alguns soldados me procurarem e eu não queria ser achada. Mudei-me de país constantemente. Cheguei até a passar um tempo no Brasil, onde conheci um homem. Ele me acompanhou durante um ano nas minhas viagens. Eu já não fugia mais, me mudar de país virou uma diversão. Conheci várias culturas diferentes, tipos de pessoas e línguas. – Ela deu outro suspiro pesado e se virou para mim.
- E onde está esse homem? – Perguntei
- Eu não sei. – Outro suspiro. – Quando nos conhecemos, o reino já estava assumido pelo seu pai e ele já havia se casado com sua mãe. Não achei que precisava voltar. Não achei necessário. Nós construímos uma vida na estrada, juntos.
- Você o amava?
- Muito. Quando eu descobri que estava grávida de Valentina – Ela começou e eu a interrompi.
- Esse homem é pai da Valentina? – Perguntei chocada. Ninguém também nunca havia dito isso a mim.
- É. Mas a Valentina não sabe também da história que vivi com o pai dela. Continuando... Quando eu descobri que estava grávida, nós voltamos para o Brasil para dar um lar fixo para sua prima, mas foi ai que sua avó me achou. Alguns soldados dela me esperavam lá. De alguma forma ela sabia que eu estava com um homem que era de lá e nos procurou. Bom, ela achou e me trouxe de volta.
- E o homem que você amava, ele veio com você? – Falei curiosa.
- Não. Minha mãe não o aceitou e ele ficou no Brasil. Quando chegamos aqui, você também estava para nascer. E eu fiquei muito feliz de poder estar de volta e ver minha sobrinha nascendo. Valentina nasceu dois meses depois de você. Seu pai e eu brigamos tanto por isso. O fato de eu ser uma mãe solteira, e do pai da minha filha viver no Brasil não o deixou feliz. Ele ainda me acha irresponsável por isso.
- E onde está ele agora?
- Ele quem, ? – Ela disse confusa.
- O homem que você ama! – Falei como se fosse óbvio.
- Ele faleceu quando a Valentina ainda tinha sete meses. – Ela disse triste.
Abracei Stela quando vi que se lembrar de tudo isso a deixava mal.
- Me desculpa por fazer você me contar tudo isso. – Murmurei sentindo uma lágrima de minha tia cair em meu pescoço.
- Tudo bem, meu anjo. – Ela falou sorrindo fraco e limpando o rosto. – Você não tinha como saber.
- Eu devia imaginar que não era uma das histórias mais felizes. Ninguém nunca fala nada sobre isso e eu não fui capaz de pensar que o motivo eram memórias ruins.
- Essa memória não é ruim. Pelo contrário, eu gosto de me lembrar de como ele era. Por mais que já faça muito tempo, eu o amei muito, e ainda amo.
- De qualquer forma, desculpa.
- Foi bom conversar com você sobre isso. Sabe que eu adoro quando conversamos. – Ela sorriu.
- Sabe que também adoro conversar com você. – Sorri também.
- Agora chega desse assunto. Come seu lanche, vai – Ela disse me estendendo a bandeja.
Comi o que ela havia trazido para mim enquanto ela folheava o livro que eu estava lendo. Às vezes ela me olhava e sorria. Eu retribuía e continuávamos fazendo o mesmo de antes.
Quando terminei de me alimentar, levantei-me e peguei a bandeja para levá-la até a cozinha. Stela se levantou comigo e caminhou ao meu lado. Entreguei as louças sujas para um dos ajudantes do cozinheiro pela porta lateral da cozinha e agradeci. Continuei caminhando com minha tia por mais uns dez minutos até que resolvemos entrar. Sentei-me no sofá de uma das salas de visita que tínhamos no castelo e Stela se sentou ao meu lado, me encarando com um sorriso sapeca no canto dos lábios.
- E você , conheceu alguém nessa viagem que roubou seu coração? – Ela perguntou divertida.
- Não, tia. Quanto tempo acha que eu tive? Fiquei apenas quatro dias lá. – Gargalhei da forma que ela me olhava.
- Não conheceu ninguém? Nenhum menino bonito? – Tornou a perguntar e eu ri mais uma vez.
- Menino bonito eu até conheci. Mas não roubaram meu coração. – Eu disse, me lembrando dos meninos. Principalmente de Liam.
- “Roubaram” – Ela debochou – Quantos garotos a senhorita deu mole nessa viagem, hein?
- Nenhum. – Menti e ela riu.
- Está mentindo! Me conta. Eu não vou contar para o general que você chama de pai que você deu uns beijinhos. – Ela debochou mais uma vez e eu voltei a gargalhar.
- Ok! Eu conheci cinco garotos na viagem.
- Cinco? – Ela perguntou estupefata. – Você beijou cinco garotos?
- Não! – Ri mais uma vez da cara dela. – Eu só beijei um deles. – Confessei e senti minhas bochechas queimarem de vergonha.
- Não precisa se envergonhar ,. – Ela riu. – Isso é normal.
- Você tá parecendo uma adolescente histérica querendo saber da minha vida amorosa! – Exclamei sorrindo.
- Só estou agindo no meu normal – Se defendeu. – E você gostou?
- Gostei de quê? – Perguntei confusa.
- Do beijo do garoto! Como ele chama?
- O nome dele é Liam e sim, eu gostei. Satisfeita? – Perguntei envergonhada.
- Muito satisfeita! – Ela riu e eu a acompanhei.
Conversamos mais um pouco sobre minha viagem e eu resolvi tomar um banho. Stela também foi para o seu quarto. Estava subindo as escadas, mas resolvi passar na cozinha para pegar um copo de água antes de ir para o andar de cima.
Bebi minha água e voltei a caminhar pelos corredores silenciosos do castelo. Quando passei pela porta do escritório do meu pai o ouvi discutir com minha tia Amália, mas não dei muita importância. Pelo menos não antes de ouvir meu nome:
- Ela vai se casar e pronto, Robert! – Minha tia disse antes de abrir a porta bruscamente e sair do gabinete sem olhar para trás.
Olhei para dentro e vi minha mãe sentada com a cabeça apoiada na mesa e meu pai olhando em minha direção. Meu tio assim que me viu sorriu fraco e saiu do escritório atrás de Amália. Entrei e fechei a porta. Encarei meu pai que me olhava sério e perguntei inquieta:
- O que houve aqui?
Minha mãe levantou a cabeça e me encarou séria, assim como meu pai. Nenhum dos dois disse nada então eu tornei a perguntar, dessa vez um pouco mais alto:
- O que houve aqui?
- Senta, . Precisamos conversar. – Minha mãe disse ainda séria.
- Alguém pode me explicar por que vocês estão com essas caras de velório? – Perguntei enquanto me sentava em uma das poltronas daquela sala.
- Quando você ia nos contar que estava de caso com um Londrino? – Meu pai falou nervoso e eu gelei. Como eles sabiam?
- Do que você tá falando? – Me fiz de desentendida e ele bufou.
- Não se faz de boba! Amália acabou de ouvir você e sua tia conversando no sofá! – Ele quase gritou e eu me assustei.
- Eu posso explicar.
- Claro que você pode. Mas não vai. Não tenho tempo para ouvir sobre isso. – Ele continuou nervoso e eu me levantei.
- Quer parar de tentar me controlar? – Elevei meu tom de voz.
- Sou seu pai! Tenho esse direito! – Ele gritou também.
- Por favor, se acalmem. – Minha mãe pediu enquanto nos separava.
- Já estou calmo. – Meu pai disse. – E você – Apontou para mim. – prepare para sua coroação. Vamos adiantá-la.
- O quê? – Gritei de novo.
- Você vira rainha em quatro semanas. Enquanto isso escolha um vestido bem bonito. Seus dezoito anos estão aqui já. Faremos um baile.
- Você sabe que eu não gosto desse tipo de festa. – Retruquei.
- Não importa. Será nesse baile que você achará um noivo.
- Noivo? – Perguntei confusa.
- Você se casa antes da coroação. Agora saia. Tenho muito que resolver. – E dizendo isso me guiou para fora do gabinete e fechou a porta.
Segui para meu quarto em passos largos. Abri a porta entrei e a bati com força, já sentindo as lágrimas escorrerem. Eu não podia me casar. Eu não queria me casar.
Liam’s POV
Estávamos todos sentados no sofá da nossa nova casa. Era um apartamento razoavelmente grande. Cada um de nós tinha um quarto, tinha a sala – que não era muito grande, mas o suficiente para dois sofás e a TV – e a cozinha, que tinha uma mesa onde fazíamos as refeições.
Fazia dois dias que a havia ido em bora. Fazia dois dias que não nos encontrávamos com as meninas. Fazia dois dias que o Louis não parava de reclamar do quanto não gosta da . Fazia dois dias que a imagem da não saía da minha cabeça. E quer saber de uma coisa? São dois malditos dias em que eu sinto saudades de alguém que não deve nem se lembrar de mim e me sinto patético por isso.
Não importava se eu estava dormindo, se eu estava comendo, vendo TV, conversando sobre coisas aleatórias com os meninos ou ensaiando com a nossa nova banda – que resolvemos recriar e tentar o futuro na música – sempre me vinha na cabeça a imagem da . Isso estava me enlouquecendo!
Capítulo 09
’s POV
Uma semana depois
- Ah meninas, tô com tantas saudades dos garotos! – reclamou com cara triste.
Estávamos no meu quarto, sentadas no chão junto de várias almofadas conversando sobre a nossa viagem – que deixou de ser nossa porque eu fui embora de Londres. As meninas me contaram como foi e o que fizeram depois que James me trouxe de volta. tentou fugir do assunto para não ter que falar de Louis. estava mais calada que o normal – o que indica que algo aconteceu e ela não nos contou. falava mais do que a boca, para nos contar que depois que voltei elas não viram os meninos por dois dias, mas depois não se desgrudavam e ela acabou beijando o Zayn; eu sofrendo com um possível casamento e minha amiga com um namorado mais do que perfeito – é, eles estavam namorando. Já também não parava de falar, a diferença é que ela falava a mesma frase em cada cinco minutos. “Sinto saudade dos meninos” estava começando a me irritar.
Depois de saber cada detalhe do que houve durante aquela semana, eu contei para elas sobre a “briga” que tive com meu pai. quase surtou quando soube que eu casaria daqui a algumas semanas. De acordo com ela, eu e Liam deveríamos ficar juntos assim como e Zayn. Com o comentário da que eu fui perceber que sentia saudades. Por mais que eu não saiba muito sobre ele, queria que ele estivesse por perto. O beijo que tive não foi o meu primeiro, mas foi o melhor e o considerado mais especial para mim. Diferente de outros beijos que eu tinha dado antes, no com Liam eu senti. Diferente de com outra pessoa, o dele teve sentimento; foi só com ele que eu senti as borboletas no meu estômago, que eu perdi a respiração, mas tinha ar suficiente para não parar mais – porque eu não queria parar.
- Gente – Eu disse com voz manhosa.
- O que, ? – Perguntaram em uníssono.
- Sinto falta do Liam. – Confessei e elas me olharam de uma forma engraçada.
- Você falou assim manhosa porque só percebeu isso agora? – perguntou fazendo uma careta.
- Eu não tinha parado pra pensar nisso. Eu sabia que todos eles fariam falta, mas só agora fui perceber que o Liam mais do que eles eu gostaria que estivesse aqui.
- Ele também sente sua falta, . Ficou muito mais na dele depois que você veio embora. – se pronunciou pela primeira vez.
- Meu Deus! Esse assunto tá me deprimindo! – disse com as mãos no cabelo em sinal de frustração.
começou um novo assunto e nós ficamos até de noite lá sentadas e conversando coisas bobas.
Nesse dia as meninas dormiram comigo no castelo. Já se passava das duas da madrugada quando finalmente nos deitamos; eu em minha cama de casal junto com e as outras em colchões espalhados ao nosso redor.
No dia seguinte a esse acordamos pouco depois das nove e, enquanto eu, e tomávamos café, e foram até suas casas para falar com suas mães. Elas não conversavam com a família há um tempo razoável, por causa da viagem – e ainda, quando voltaram, acabaram ficando mais no castelo do que nas próprias casas.
Durante o café, continuou com o assunto do meu casamento. Só estávamos nós três na mesa e ela aproveitou isso para dizer que meu pai não podia me obrigar a casar e que, daqui algumas semanas, eu já teria dezoito e estaria em plena consciência de decidir o que eu quero para minha vida, se é governar solitária e no futuro me casar com quem eu ame ou se é obedecê-lo e juntar matrimônio com qualquer príncipe bonitinho e endinheirado que queira a mim como esposa e ao reino como lambuja – já que quem se casasse comigo (que provavelmente seria qualquer príncipe interessado), seria o futuro rei da Dinamarca ao meu lado.
Imaginei como seria se eu e o Liam ficássemos juntos, quer dizer (se meu pai aceitasse isso), será que ele seria um bom rei? Será que ele sequer poderia ser rei?
- – James me chamou da porta – papai mandou avisar que a e a vão ficar aqui hoje, não vão mais voltar pra Noruega, e que seus pais, , vem para tratar de algo importante.
- O que seria esse algo importante? – Perguntei curiosa.
- Ele não disse. Só sei que em algumas horas estarão aqui e vamos jantar todos juntos hoje por alguma razão importante. – Ele explicou e logo saiu do salão.
Duas semanas depois
Liam’s POV
Saudade. Ódio. Tristeza. Alegria. Medo.
Sentimentos me rondando. Alguns sentimentos que não me agradam.
Saudade das meninas, em especial da – me pergunto a todo o momento como uma garota pode te fazer dependente dela em apenas poucos dias de convívio; e são nesses momentos de abstinência que percebo que, mesmo não querendo, ela se tornou quase mais importante que o oxigênio, ela se tornou o meu oxigênio.
Ódio de mim mesmo por tê-la deixado ir embora e agora ficar lamentando. Ódio de mim por saber onde ela está e não ir até ela e dizer o que eu sinto. Ódio de ver o Zayn apaixonado conversando com a namorada e me dizer o telefone da e não ter coragem de ligar e escutar a voz dela, ou de mandar uma mensagem só para ter a sensação de que ela está viva e tirar a dúvida que eu tenho e saber que a saudade é recíproca e que eu não estou sozinho no quesito “paixão”.
Tristeza por saber que a primeira vez que me apaixono por alguém, esse alguém apenas está fazendo uma visita para a cidade que moro e, em menos de uma semana, volta arrastada pelo irmão príncipe para o país de origem dela, por que ela tem que assumir o trono e virar uma rainha. Triste também por ser um miserável orgulhoso que deixou que ela fosse por medo.
Medo de visitá-la – como faremos, depois explico – e não ser aceito. Medo de não ser bom o bastante para estar ao lado dela. Medo de que ela não queira que eu esteja ao lado dela.
E por último, o único sentimento que me ronda nas passadas semanas que pode ser considerado bom. Alegria. A doce alegria de se realizar um sonho. De ver seus amigos realizarem um sonho. Quando você vê um amigo (considerado irmão) sorrindo por ter feito o que gosta e ter se saído bem nisso, cresce aqueles sentimentos de orgulho, alegria dentro de você. E esses sentimentos estavam me consumindo por dentro, a procura de espaço para aumentarem. Ver o Louis sorrir enquanto canta para 400 pessoas em um mino show que conseguimos realizar é gratificante. Estar ao lado dele cantando unido com mais três amigos também é gratificante.
Nosso primeiro show como uma banda foi, em minha concepção, perfeito. Um início de carreira maravilhoso. E por mais que não saibamos se, realmente, a música será nosso futuro, acho que faríamos sucesso se escolhermos que sim.
Como eu disse que explicaria, iremos visitar as garotas em breve. O aniversário de será em dois dias. De acordo com o Zayn ela nos convidou. Ou a nos convidou e ela nem sabe que iremos, e na pior das hipóteses, nem se lembrou de nós. Me imagino em um baile sofisticado dentro de um castelo. Não podemos dizer que sou o tipo de pessoa que se veste bem, ou sequer tem um terno, e muito menos fui criado para ser completamente bem educado (já que minha mãe não tinha muito tempo para cuidar de mim). Ser extremamente desastrado, não só faz parte da minha rotina como também da dos meninos, e ficar cercado de coisas caras e quebráveis é sempre um perigo.
’s POV
Coisas importantes nem sempre são tão importantes e boas o bastante para merecer sua curiosidade.
- , fica calma, até parece que não vai gostar de ser minha cunhada. – zombou e eu a encarei séria.
Fazia duas semanas que os pais da estavam na Dinamarca. Eram muitos preparativos para o casamento. Não sei se comentei, mas a tem um irmão de dezenove anos. Meu futuro marido.
A coisa superimportante que os pais de vieram fazer aqui foi combinar com meu pai o casamento. O casamento que eles decidiram por livre e espontânea vontade que seria entre eu e Thomas – irmão mais velho da minha melhor amiga.
Sempre quis ser da mesma família da minha melhor amiga. Que criança nunca sonhou em tornar irmã das pessoas que você mais considera especial? Nenhuma. Porém, a ideia de me tornar da família dela não era exatamente me casando com Tom. Ser cunhada dela não era o que eu queria.
Quanto ao meu baile de aniversário, que usaríamos para escolher meu futuro marido, continua de pé. Ninguém além das duas famílias envolvidas sabe do que já foi resolvido. Meu pai acha necessário continuar com o que já foi planejado, pois é importante eu conhecer os outros descendentes de diferentes tronos e, como foi dito, deixá-los que pensem que dentre eles, eu escolherei alguém para passar o resto da minha vida.
- Isso não tem a menor graça, – Eu disse ainda séria e ela fez uma careta.
- Eu sei. Mas não gosto de te ver assim. Não precisa ficar triste , Tom é um cara legal e você sabe disso!
- Ele é legal, e bonito, você sabe que eu sempre o achei bonito. Também é uma boa companhia, mas eu não posso fazer isso! Eu não quero e sei que ele também não!
- Por que você não pode, ? Já tentamos convencer seu pai e você viu que não deu certo! – interferiu.
- Eu não posso porque...
- Porque... – Ela me incentivou vendo que eu não falaria.
- Porque eu estou apaixonada! Tá bom pra vocês agora? Eu estou completamente e inteiramente apaixonada por outro! – Balbuciei sem paciência.
- Apaixonada? – perguntou com cara de dúvida.
- É , apaixonada! – Confirmei.
- Por quem, ? – perguntou também em dúvida.
- Por quem, ? Por quem seria? Quem é o ser indesejado que não sai da minha cabeça há semanas? – Falei como se fosse óbvio.
- Você tá apaixonada pelo Liam? – perguntou com uma cara engraçada, que se fosse em outra ocasião, me faria rir.
- Droga gente! – Esbravejei em derrota. – Estou. – Admiti.
- Qual a possibilidade de isso acontecer, ? Quer dizer, eles se viram por três dias.
- Quatro. Foram quatro dias. – A corrigi.
- Ok, quatro dias. Continuando... Eles se viram por quatro dias, deram um beijo e a voltou pra cá, é possível ela amá-lo?
- Acho que sim, nunca se sabe como e por quem o amor vai surgir. – disse.
- Eu só penso que, talvez, ela esteja se precipitando. – continuou.
- Talvez. Não dá pra saber, a gente também não sabe se isso é recíproco ou algo assi... – Antes que ela terminasse, eu a interrompi.
- Querem parar de falar como se eu não estivesse aqui? Não estou me precipitando e não me importo no momento se isso é recíproco! Ele está em outro país e eu estou prestes a me casar! Tem noção do que é isso? Eu estou perdendo minha vida e, para piorar, no pior momento que isso poderia acontecer, eu me apaixonei. Tudo que eu quero agora é tentar esquecê-lo e de alguma forma, seguir minha vida e fazer o possível para ser feliz.
- Desculpe – Falaram em uníssono.
- Tudo bem – Sorri fraco.
Abri a boca na intenção de começar um novo assunto menos deprimente, mas fui impedida de falar antes mesmo de pronunciar qualquer som. Delilah colocou apenas a cabeça para dentro do quarto e sorrindo maternalmente disse:
- Sua tia Amália pediu para que eu lhe chamasse, . Seu vestido está pronto e querem que você experimente. e também.
- Que vestido? – Perguntei a fim de saber se era o de noiva ou o do baile.
- O vestido do seu baile de aniversário. – Ela explicou.
Dei um forte suspiro e me levantei rumando para a porta. As meninas me seguiram e nós fomos em direção a um dos quartos de hóspedes que, recentemente, havia se tornado em um grande closet onde agora guardavam todas as roupas de festas que ocupavam muito espaço nos closets do quarto de cada um.
Assim que adentrei o cômodo, pude ver Stela arrumando o vestido de Valentina, que ela já estava usando.
- Vamos rápido , como vocês enrolam! – Amália nos apressou e eu fui até o provador que ela mandou.
O vestido e o sapato que eu usaria já estavam lá dentro. Vesti o mais rápido que consegui e esbravejei mentalmente por ele ser tão longo e bufante. Saí do provador e encontrei e também já vestidas. Fiz uma careta ao notar que meu vestido era o mais comprido e falei:
- Por que meu vestido tem que parecer com um repolho grande e preto, ser chamativo e longo e o delas pode ser curtos e maravilhosos?
- Deixe de bobeira, ! Seu vestido é lindo. – Amália falou sem paciência.
- Não, mas sério, todos sabem que odeio vestidos compridos e justo o meu é assim? – Retruquei.
- Você é a mais importante desse baile. Ele é seu, é seu aniversário. Você quem deve chamar mais atenção e pelo menos uma vez na vida parecer uma princesa. – Amália bufou e eu me fiz de ofendida por ela ter dito que eu nunca me pareço uma princesa.
- Eu sou uma ótima princesa, tá bem? – Falei em um falso tom bravo.
- Claro que é. Princesas falam dessa forma que você fala mesmo, para início de conversa. – Ela retrucou.
- Qual o problema com minha forma de falar? – Perguntei indignada.
- Nenhum – Falou sarcástica. – Anda logo, deixe-me ver se precisa de mais algum ajuste.
Capítulo 10
Liam’s POV
Entramos no avião e cada um foi à procura de sua poltrona. Sentei no meio de Zayn e Niall – Zayn na janela e Niall no corredor. Louis e Harry sentaram na fileira a nossa frente e, antes mesmo do avião decolar, já dormiam.
Estava ansioso para noite. Chegaríamos pouco antes do início da festa e só daria tempo de passarmos no hotel, tomar um banho rápido e colocar a roupa – terno chique – que alugamos para a ocasião. Nosso hotel, de acordo com , não é longe do castelo.
Minha única preocupação para essa noite seria se , realmente, nos queria lá. Em breve ela se tornaria rainha (isso já estava mais do que óbvio antes dela ir embora de Londres) e por mais que seja difícil assumir isso em voz alta – por ser algo quase impossível de se acontecer – eu teria que lhe dizer que a amo. Que estou perdidamente apaixonado por ela. E o fato de ela ser uma princesa, futura rainha, mantinha o medo dentro de mim. Nem nos conhecíamos direito e, por esse motivo, não teria como eu saber se ela é insegura. Se sim, teria grandes chances dela não me aceitar. Da família dela não me aceitar – mais ainda do que ela. Por mais pura que seja minha intenção, os pais dela poderiam sim achar que, de alguma forma, pretendo me aproveitar dela, do seu dinheiro e status.
E tudo que eu realmente quero é poder tê-la, sentir o cheiro doce que ela exala novamente, e, depois do que pareceu uma eternidade para mim, poder tocá-la mais uma vez.
’s POV
Era hora do almoço e eu estava indo em direção ao jardim. Havia combinado com Thomas de almoçarmos juntos hoje; por algum motivo ele resolveu conversar comigo sobre o nosso futuro no dia do meu aniversário – o que me deu quatro amigas nervosas com o fato de não passarmos o dia todo juntas para comemorar.
- Você está bonita . – A voz de Tom soou de longe e eu sorri meiga em agradecimento. – Feliz aniversário! – Ele disse me dando um abraço apertado quando eu já estava em sua frente.
Agradeci Tom e retribuí o sorriso de orelha a orelha que ele me dava. Thomas indicou a refeição já pronta com um movimento de cabeça e puxou a cadeira, me ajudando a sentar. Vi-o dando a volta na pequena mesa redonda e se sentando em minha frente, ainda sorrindo. Ficamos um tempo nos encarando até que sua voz quebrou o silêncio que se instalara:
- Você está ficando realmente velha – Ele disse num tom brincalhão e soltou uma breve gargalhada, depois sendo acompanhado por mim.
- Continuo mais nova que você.
- O que me deixa frustrado, já que desde os seis anos esperava você chegar a minha idade para, enfim, namorarmos. – Ele relembrou e abriu outro de seus belos sorrisos.
- Você era mesmo um ser invocado por mim! – Concluí, me recordando da infância.
- A melhor amiga da minha irmã mais nova era meu sonho de consumo, admito! – Ele levantou as mãos em sinal de redenção e, novamente, gargalhou.
Sorri feito boba olhando para a criatura de dezenove anos com cara de criança e sorriso inocente à minha frente. Por que as coisas não poderiam ser mais fáceis? Por que eu não poderia ter me apaixonado por ele, afinal de contas? Por que nada nunca é como queremos?
- Saiba – Ele disse, me tirando de meus devaneios – que eu te amo.
Não respondi nada na esperança de que ele continuasse. Mas isso só aconteceu depois de, pelo menos, três minutos.
- Mas sei que nos casarmos não é o certo, . – Ele concluiu sorrindo triste.
Senti meu coração apertar dentro do meu peito como quem diz “enfie uma faca em mim que será menos doloroso”. Eu o amava. Sempre amei. Mas não da forma que gostaria. Tom é, simplesmente, o garoto perfeito pra qualquer garota. Ele é o ideal. O príncipe encantado que todas sonham desde criança, estava ali, na minha frente, dizendo que me amava e tudo que eu fui capaz de fazer foi ficar em silêncio.
- , se você ficar calada assim e com uma cara triste vou achar que te magoei. – Ele disse num sussurro e logo sorriu. – Eu não quero me casar com você.
- Então por que me chamou para almoçar e disse que me amava? – Perguntei confusa e ele riu.
- Por favor, não diga amava. Ainda amo. Só não quero me casar com você, porque, por mais que esse seja meu desejo desde pequeno, sei que você está apaixonada. E não é por mim. – Ele sorriu de lado e eu fiz uma careta.
- Não estou apaixonada por ninguém - Menti descaradamente e ele gargalhou.
- Sim, você está. – Disse sério subitamente. – E, de qualquer forma, não quero me casar com alguém que meu pai arranjou. Sinto-me no passado! Tenho direito de escolher minha noiva.
- E eu de escolher meu noivo! – Falei em um tom mais agudo quando percebi que meus pensamentos foram parar em Liam. – Somos da monarquia, mas já estamos em uma era bem avançada!
- Estamos no século XXI! Casamentos arranjados não existem! – Ele disse sorrindo e eu concordei freneticamente.
- Mas a gente ainda vai se casar... – Eu disse pensativa.
- Pensamentos positivos, ! – Ele gargalhou. – Você com certeza vai ficar junto do garoto que ama. me contou tudo, não adianta negar.
- Minhas amigas são muito fofoqueiras! – Falei me lembrando da antes de viajarmos.
- Só um pouquinho – Ele fez sinal de pouco com os dedos e eu ri juntamente com Thomas.
***
Finalmente eu havia conseguido pôr meu vestido. Eu estava pronta na hora exata do baile e me sentia o bolo da festa de tanto pano que tinha naquela roupa, fazendo várias camadas e dando volume.
Deli me ajudou com o cabelo e a maquiagem. E eu, pela primeira vez em anos, admiti: eu estava linda!
Saí do quarto e fui em direção às escadas já escutando a música que tocava no andar de baixo.
Narrador em terceira pessoa
A cada passo dado pela princesa escada a baixo, atraía um novo olhar deslumbrado em sua direção. A observação de realmente estava certa. Ela estava linda, e todos perceberam.
Durante muito tempo ela foi considerada a garota sem classe e desapropriada para estar no lugar onde está, e nesta noite ela provou, sem muito esforço, ser a verdadeira futura rainha maravilhosa que todos esperavam que tivessem.
Caminhou em direção às quatro amigas que sorriam abertamente para ela.
- Estou me sentindo excluída com essa roupa! – Resmungou assim que estava perto o bastante das outras ouvirem.
- Por que, zinha? – perguntou meiga para a amiga.
- Vocês estão gatas e com vestidos curtos e normais e eu estou vestida como as velhas da festa. – Disse nervosa.
- Pelo menos conseguiu ser o centro das atenções. – A prima chegou ao seu lado sorrindo cínica. – Nada mal.
- Obrigada! – sorriu sem importância e voltou a atenção para as quatro em sua frente. – Vocês acham que me deixariam trocar de roupa?
- Não – disse.
- Do jeito que sua tia é, é capaz dela te obrigar a ficar com essa roupa até amanhã. – Completou .
fez uma careta e pegou uma taça de champanhe na bandeja de um dos garçons que passava ao seu redor. Bebeu um gole grande e suspirou. Entediante era a palavra que ela usava, mentalmente, para definir a festa.
- Majestade – Uma voz conhecida soou em suas costas e se virou encarando o homem –, permite-me ter a inenarrável honra de uma dança com a senhorita?
pareceu analisar o rosto de Liam, um pouco confusa e surpresa, durante um tempo antes de sorrir abertamente e repousar a mão direita em cima da estendida do garoto.
Liam sorriu de orelha a orelha e guiou a amada até o meio do salão de dança. Davam passos lentos no ritmo da música sem conseguir retirar o sorriso da face.
- Senti sua falta – admitiu depois de alguns segundos inalando o delicioso perfume de Payne.
- Bom saber – Liam alargou ainda mais o sorriso, se é que era possível, e continuou – Eu quase morri de saudades de você.
sorriu completamente realizada ao ver que tudo era real e que ele realmente estava a sua frente. Liam pareceu se divertir com a menina o observando maravilhada e apertou mais sua cintura – onde estava uma de suas mãos – em uma espécie de abraço. passou os braços ao redor do pescoço de Liam e apoiou a cabeça no vão do pescoço dele, inalando mais uma vez seu perfume. Liam passou a outra mão ao redor da cintura de e entrelaçou seus dedos nas costas da garota, a apertando mais no abraço e, tentando de alguma forma, passar uma parte da imensa saudade que os consumia.
*
- Meu Deus, como eu esperei por este aniversário! – exclamou feliz dando outro selinho no namorado.
- Você podia ter voltado para Londres. – Zayn comentou. – Seria bom te ter lá comigo novamente.
- Você podia ter me visitado antes! – riu – Mas agora você está aqui.
- E você ai – Malik sorriu bobo.
- E nós estamos juntos – A menina deu outro beijo nele e sorriu.
- Finalmente. – Ele murmurou antes de começar um beijo calmo, porém necessário.
*
Louis se aproximou da menina sem dizer nada e se sentou ao seu lado no jardim. Ela estava muito concentrada observando as flores iluminadas com diversas luzes coloridas para perceber a presença do outro.
- Me desculpe por ser um idiota – Ele disse chamando a atenção de para ele.
- Pelo menos você reconhece isso – Ela sorriu fraco e ele fez uma careta. – me desculpe ser tão cabeça dura.
- Gosto do seu jeito cabeça dura. – Ele falou agora mais próximo da garota.
- E eu gosto do seu jeito estúpido.
- Pensei que eu fosse idiota.
- É, serve também. – Ela sorriu antes de passar a mão esquerda pela nuca do rapaz e o trazer para mais perto, o beijando.
*
- Comida de festas em castelo são sempre tão boas assim? – Niall perguntou enquanto comia mais alguma coisa chique sem nome identificado que havia na mesa de comidas.
gargalhou e concordou. Os dois estavam a cerca de cinco minutos parados no mesmo lugar comendo e conversando. Niall fazia bem para , assim como fazia bem para Niall. Ela queria beijá-lo. Ele percebeu isso, pois também encarava a boca rosada da garota. Em um movimento rápido e inconsciente ele grudou seus lábios no dela por alguns segundos e se afastou sorrindo tímido. A menina sorriu abertamente e se inclinou para outro selinho correspondido.
*
- Sério Harry, a gente devia contar que tem um caso há um tempo. – falou nos espaços entre um beijo e outro.
- Pensei que as meninas já soubessem – Ele disse direcionando seus lábios para o maxilar da garota, que se arrepiou ao seu toque.
- Não tive coragem. – Admitiu e Harry riu ainda com a boca colada na pele dela. – Os meninos sabem?
- Não. – Ele se distanciou o bastante para encará-la. – Por que a preocupação?
- Não to preocupada – Ela revirou os olhos.
Ele sorriu sapeca quando ela o puxou pelos ombros e o beijou novamente.
Liam’s POV
Já havia começado outra música e eu continuava abraçado a . E eu estava adorando isso. Nenhum de nós falava nada e isso já estava me irritando – eu também sentia falta da voz dela.
- Eu não conheço muito sobre você e nem você sobre mim, que tal se cada um dissesse algo sobre o que gosta? Uma vez você uma eu e assim vai. – Propus e ela sorriu.
- Tudo bem. Você começa.
- Eu e os garotos temos uma banda. – Contei e ela sorriu mais.
- Legal... Eu não sei o que dizer.
- Diz qualquer coisa sobre você.
- Hum... Eu gosto de queijo. – Ela disse e eu gargalhei. – É sério, mas eu não gosto dos queijos chiques que meu pai come. Esses são ruins.
- OK! – Falei ainda rindo.
Trocamos muito sobre nós. Já fazia uns dez minutos que estávamos fazendo isso e eu deixei escapar:
- Eu te amo.
- É uma boa curiosidade essa. – Ela sorriu fraco. – Também te amo, Liam.
- Fica comigo, ? – Perguntei fitando seus lindos olhos.
- Próxima curiosidade... – Desviou o assunto. – Eu me caso em uma semana com o irmão da minha melhor amiga.
Afastei meu olhar do dela e observei o salão. Todos dançando, felizes e elegantes. Senti-me um imbecil por achar que teria alguma chance com uma princesa. Quer dizer, ela me amava. Mas é claro que isso nunca é o suficiente. Ela se casaria e eu a perderia para sempre.
- Liam, por favor, respira. – Ela disse eu percebi que desde sua última fala eu havia prendido a respiração.
- Você vai se casar – Falei mais para mim mesmo do que para ela.
- Não quero me casar. Não com ele. – Ela disse me encarando muito mais perto agora.
Senti novamente a saudade me consumir e sem poder evitar, a beijei. Assim como da primeira vez, senti minhas pernas fraquejarem e meu estômago embrulhar de uma forma boa. Pedindo por mais. Aprofundei o beijo com a permissão dela e antes que meus sentidos voltassem eu me senti sendo afastado bruscamente de .
Capítulo 11
’s POV
Os seguranças levaram Liam até o escritório do meu pai, onde o mesmo já nos esperava – é claro que os segui, e é claro que só faltou eu esgoelar mandando que o soltassem, o que não fizeram.
- O soltem, caramba! – Gritei entrando pela porta de forma bruta.
Todos me encararam, inclusive Liam, que ostentava um olhar surpreso. Ele não esperava que isso fosse acontecer.
- Isso não é jeito de uma moça falar, ! – Amália me repreendeu e eu revirei os olhos, revidando:
- E arrastarem-no até aqui não é a forma correta de tratarem um convidado. – Sorri cínica para minha tia, que explodia de raiva.
Colocaram Liam sentado em uma cadeira em frente à mesa de meu pai e eu me sentei ao seu lado, ignorando a fúria que, a parte da minha família presente, emanava no olhar.
- Você fez muito errado em, sequer, tocar em minha filha. – Meu pai começou e vi Payne engolir em seco.
Me levantei nervosa e comecei a andar de um lado para o outro falando:
- Eu o deixei me tocar! Isso tudo que está havendo é ridículo! Tudo, do início ao fim!
- Eu sei! – Meu pai concordou. – Quem deixou esse delinquente entrar no castelo?
- Argh! Você não entendeu ainda, pai? Não é dele que estou falando! É disso tudo, dessa festa desnecessária, desse vestido de repolho, desse casamento imbecil, está tudo errado!
- Este casamento não é imbecil! - O pai de esbravejou.
- É sim. – Tom, que até o momento eu não havia percebido estar ali, disse no fundo da sala. – Ao invés de nos obrigarem a casar por negócios, por que não pensaram em nós? Em quem amamos?
- – Liam me chamou baixinho – Esse é seu noivo? – Concordei com um movimento de cabeça e ouvi mais uma vez os gritos de meu pai:
- Você continue calado! – Apontou para Liam, que se encolheu mais na cadeira.
- Pensar em quem vocês amam? Você sempre amou a senhorita !
- É diferente! Nada dá certo se não for recíproco e você sabe bem disso! E por esse motivo que você e a mamãe sempre brigam, vocês foram obrigados a estar juntos assim como querem nos obrigar, e assim como nós não amam um ao outro! Isso não é uma daquelas histórias lindas de amor que a paixão cresce dentro de você assim que prega o olho no seu noivo arranjado! É vida real! – Thomas falou mais alto que o normal.
Ninguém disse nada por um tempo então Tom tomou a iniciativa e se virou para Liam, fazendo um movimento de cabeça o mandando levantar. O mesmo ficou em pé em um pulo.
- Vou te acompanhar até o local de sua hospedagem na Dinamarca.
Dizendo isso virou as costas e foi em direção à porta sendo seguido por Liam. Antes que pudessem sair, o pai de Tom foi atrás gritando com o filho e o mandando parar.
- Ainda não acabamos, volte aqui agora, Thomas!
O filho se virou e encarou o pai.
- Eu sei que nada do que eu disse mudará o pensamento de nenhum de vocês. Nada atravessará a ignorância que estabelece na sua mente. Sei que ainda teremos que nos casar e eu também sei que isso não dará certo. Agora é a vez de vocês saberem que, fazendo isso, estarão deixando não só a , como a mim também, um futuro não desejado. Porque ela o ama.
Se virou novamente e continuou andando. Fiquei estática olhando para a porta até que a voz de meu pai ecoasse novamente pelo cômodo:
- Vocês se casam amanhã.
Abaixei a cabeça sem mais paciência para argumentar contra e saí do escritório indo direto para meu quarto e me jogando na cama. Senti meu rosto molhado e não impedi que as lágrimas continuassem rolando. Era isso. Não tinha mais volta.
Adormeci poucos minutos depois pensando em como a vida é injusta e em como tudo poderia ser melhor. Nessa noite que eu percebi que não importa como viveremos, se quem se ama está ao seu lado, a felicidade dará um jeito de estar ao seu lado durante o longo caminho que é a vida.
*
Tom’s POV
Ligação on
- Tudo bem, pai.
- Não vá se atrasar, Thomas. Não quero mais problemas causados por você, está ouvindo?
- Estou pai. Não me atrasarei, prometo.
- Até daqui a pouco.
- Tchau.
Ligação off
Olhei para Liam sentado de cabeça baixa na cama do quarto de hotel que ele e os amigos haviam alugado. Ele não falara quase nada o caminho inteiro e quando eu puxava assunto, apenas murmurava um “uhum” e continuava quieto. Ele olhou para mim com os olhos vermelhos e eu me senti mal por fazer parte de quem causava isso nele.
- Liam, não chora agora! – Harry que estava ao seu lado disse, pondo a mão no ombro do amigo.
- Não, Harry. Eu não consigo. Não consigo entender que a perdi, Harry.
- O que seu pai queria, Tom? – Niall perguntou bebendo um gole da sua garrafa de água.
- O pai de adiantou o casamento. Nos casamos amanhã. Ligou-me para avisar que tenho que estar no castelo de manhã cedo, para a última prova da roupa.
Contei e vi Liam abaixar a cabeça novamente até encostá-la nos joelhos e passar as mão nervosamente nos cabelos, bagunçando-os em sinal de frustração.
- Acho melhor eu voltar pro castelo. Fica bem, Liam. E, eu sei que é estranho, mas fique a vontade para ir amanhã ao casamento. Assim você vê a e quem sabe, sei lá, a gente não dá um jeito.
- Obrigado, Thomas – Ele sorriu triste e eu retribuí.
Zayn me acompanhou até a porta e eu logo estava entrando no castelo novamente.
***
’s POV
- Acorda . Anda logo, você tem que experimentar o seu vestido. – Amália me sacudiu e arrancou minha coberta.
Olhei para frente e me arrependi no mesmo instante. A claridade entrava pela sacada aberta, o que me fez resmungar algumas coisas desconexas e coçar o olho.
- Vamos, vista-se e vá para o quarto onde experimentou o vestido que usou ontem.
Mandou e saiu.
Sentei-me na cama e espreguicei duas vezes. Me levantei e fui até o banheiro, escovei os dentes, lavei o rosto e voltei para meu quarto. Pensei em me deitar de novo, mas ai imaginei Amália voltando aqui e me estrangulando por atrasar o casamento, então passei direto e abri a porta do meu closet. Tirei de lá um vestido qualquer e o levei até o banheiro, junto com minhas roupas íntimas.
Despi-me e abri o chuveiro, verificando se a água estava quente o bastante. Lavei meu cabelo e fiquei um tempo relaxando embaixo da água.
O dia seria longo e difícil. Não queria nem pensar em me casar e não ter mais nenhuma chance de ser feliz com quem eu amo. Ser feliz com o Liam.
Troquei-me e voltei para o quarto pra pegar o pente. Depois de pronta, andei até a porta e, antes de sair, observei o relógio da minha cabeceira: dez e dezoito. O casamento seria na hora do almoço, o que quer dizer que já me preparariam para a cerimônia.
Bufei irritada e saí fechando a porta atrás de mim.
Chegando ao quarto/closet, vi minhas amigas vestidas igualmente com um vestido verde água tomara que caia longo. Ele tinha um detalhe em pedras na cintura que deixava o vestido simples, magnífico. Valentina também vestia um igual.
- Finalmente você chegou! – Amália disse – Sente-se aqui para prepararmos sua maquiagem e seu cabelo. – Apontou para uma cadeira em frente ao espelho e eu me sentei lá.
- , o que achou do nosso vestido? – deu uma rodadinha sorrindo.
- Vocês estão todas maravilhosas! – Afirmei e elas agradeceram sorrindo radiantes.
Arrumaram meu cabelo em um coque simples e fizeram uma maquiagem básica e clara. Fui em direção ao lugar onde estava o meu vestido e, com a ajuda de Stela, o vesti.
A essa hora já se passava das onze da manhã e minha tia Amália constatou que já estávamos atrasadas. Calcei os sapatos e já saía com as meninas quando Stela deu um gritinho.
- Sua coroa, Princesa! – Ela disse sorrindo meiga.
Dei meia volta e ela colocou minha coroa em minha cabeça, me deixando finalmente pronta.
Liam’s POV
- Liam, nós prometemos para as meninas que iríamos ao casamento para estar com elas. – Harry disse.
Eu me encontrava deitado sem camisa na cama desde a hora que acordei. Os meninos já estavam prontos para sair. Cada um vestia um terno perfeitamente alinhado e carregava um sorriso imenso no rosto. Eu desejei estar assim também. Talvez um pouco diferente; como com uma roupa apropriada para um noivo que se casaria com uma futura rainha.
- Tem certeza que não quer ir? – Louis perguntou pela milésima vez.
- Sim Louis, eu tenho. E sim Zayn, eu ficarei bem, antes que pergunte novamente.
- Eu não iria perguntar isso. – Ele disse revirando os olhos em deboche – Não agora.
Ri abafado e eles sorriram mais por me ver demonstrar a única reação de alegria desde ontem depois da festa.
- Tudo bem, então já vamos – Niall disse e eles foram até a porta.
Gritaram um “tchau” e fecharam a porta me deixando sozinho. Desde ontem eu fiquei imaginando como seria se o pai de me aceitasse. Eu sei que a amo, mas não tenho certeza se estaria preparado para me casar com ela – da forma que certamente ele faria acontecer.
Acima de tudo e de todo nosso amor há um país. Um país que tem que governar e eu entendo; não me importaria de governá-lo também se isso me fizesse ficar ao lado dela.
Cansado de ficar deitado e deixar tudo ao meu redor desmoronar, me levantei rapidamente da cama e corri para o banheiro, sem demorar nem dois segundos para já estar em baixo da água tomando um banho rápido.
’s POV
- Está preparada, querida? – Mamãe perguntou e eu assenti mesmo não estando.
- É claro que não está! – se interferiu – Por que a não pode casar com quem ela quer, Majestade?
- Isso não depende de mim, . Já conversamos sobre isso. – A rainha disse calma.
- Conversaram? – Perguntei confusa.
- É, conversamos. – disse.
- Você também? – Falei surpresa.
- Todas nós, . – explicou.
- E sobre o que conversaram, posso saber? – Indaguei curiosa.
- Falamos sobre o fato de você estar se casando com meu irmão. – falou. – Nenhuma de nós concorda.
- Nem mesmo sua mãe. – acrescentou.
- ! – Minha mãe a repreendeu e eu ri.
- Do que você está rindo, sua louca? – riu junto e me abraçou como uma bêbada cambaleando.
Todas começaram a rir junto conosco e ficamos lá abraçadas e sorrindo durante um bom tempo. Minha mãe observava a cena sorrindo. Provavelmente passava em sua cabeça o de sempre: que bom que minha filha tem amigas tão boas.
O momento ternura foi interrompido por uma gargalhada masculina vindo em nossa direção. Virei-me rapidamente por conta do susto e vi os meninos vindo para perto de nós. Os quatro meninos. Liam não estava com eles e isso fez meu coração ficar apertado. Queria vê-lo.
A gargalhada pertencia a Louis, que assim que chegou perto o bastante puxou pela mão e a abraçou fortemente. Senti meu sorriso quase rasgar minhas bochechas de tão feliz que estava por minha amiga estar feliz.
- Vocês estão lindas! – Niall elogiou abraçado à .
- Você então, noiva, está magnífica. – Harry falou sorrindo e eu agradeci.
- Engoliu um dicionário, Styles? “Magnífica”, isso não é palavra para você usar, não combina com o tamanho do cérebro. – zombou e ele a puxou pela cintura, dando um selinho na mesma.
Fiquei estática assim como todos ao meu redor; menos minha mãe que saía rindo disso tudo.
- Não me ofende, . – Harry se fez de coitado e todos gargalhamos de sua voz, o que os fez se ligarem que estávamos vendo. Os dois ficaram super vermelhos de vergonha.
- – Amália me chamou –, está na hora.
Virei-me para as meninas e respirei fundo. Todas soltaram os garotos e mandaram se sentarem no jardim onde ocorreria o casamento. Eles foram e nós seguimos minha tia.
As meninas já haviam entrado. A marcha nupcial começou a tocar e Amália disse que eu poderia entrar. Caminhei devagar no corredor de grama coberto por um tapete vermelho olhando para todos na esperança de reconhecer alguém. Vi umas quinze pessoas conhecidas e ignorei o resto que eu nem sabia da existência olhando para frente e encontrando os profundos olhos castanhos de Tom me encarando.
Ao chegar bem perto do altar, Thomas veio em minha direção e depositou um beijo em minha mão, sussurrando logo depois:
- Você está linda.
Sorri envergonhada e terminei a caminhada ao seu lado. Paramos de frente ao padre e ele iniciou a cerimônia.
Já estava no final. Faltava apenas trocarmos as alianças e dizer o tão esperado “sim”. Mas antes disso acontecer, o padre fez a comum pergunta:
- Dentre todos os presentes nesta cerimônia, alguém possui alguma objeção contra este ato matrimonial?
O silêncio ficou presente durante alguns segundos. O padre já se virava em nossa direção novamente para prosseguir o casamento quando um grito irrompeu o local, fazendo meu sangue gelar e minha respiração falhar.
- EU TENHO!
Capítulo 12
8 anos depois
Narrador em terceira pessoa
O ecoar de sapatos batendo fortemente contra o chão do castelo chamou a atenção da rainha sentada no escritório. Ela se levantou e foi em direção à porta, destrancando-a e abrindo uma fresta onde colocou apenas a cabeça para fora e observou o corredor vazio.
Estranhou não haver ninguém no local e escancarou a porta, saindo de uma vez e observando mais cautelosamente. Ainda não via nada. Se achando louca por ouvir barulhos aparentemente inexistentes, se virou para a sala com a intenção de voltar para sua cadeira e continuar o seu trabalho.
- Nãooo – Escutou um gritinho feminino e se virou rapidamente para, dessa vez, não perder nenhuma movimentação ocorrente do lado de fora.
Sorriu ao ver Jenny no colo de seu marido e Maddie correndo atrás do pai e da irmã gêmea gritando algumas coisas desconexas. Logo atrás vinha o padrinho das crianças segurando um violão. Ele alcançou a pequena Madison, que estava para trás, e pegou-a no colo correndo o mais rápido que conseguiu. Os quatro entraram no escritório, atropelando a moça que os olhava e ria da situação.
Os dois homens colocaram as crianças no chão e o padrinho se sentou na cadeira da rainha. O marido veio até a mulher sorrindo e depositou um beijo delicado em seus lábios, dizendo em seguida:
- Desculpa por isso, . Você sabe o que acontece quando se juntam as garotas com o padrinho louco. – Ela riu da careta que Louis fez no fundo da sala, ainda sentado em sua cadeira, e deu outro selinho no marido.
- Tudo bem. Eu estava entediada, que bom que vieram. – Os dois sorriram e sentaram-se lado a lado no sofá olhando para as filhas brincando no tapete.
- Mamãe – Jenny disse se levantando do chão e dando um abraço em . – O tio Louis ensinou a mim e a Maddie a tocar uma música no violão – Abriu um sorriso imenso e radiante.
sorriu para o homem em sua cadeira e ele fez uma pose engraçada passando a mão nos cabelos indicando ser demais. se virou para filha em sua frente e beijo-a na testa, sorrindo orgulhosa.
- Por que não mostram para mãe de vocês? – Liam disse passando um dos braços ao redor dos ombros da esposa.
- EU MOSTRO PRIMEIRO! – Gritou Maddie se levantando em um pulo e pegando o violão maior que ela.
- Deixe eu te ajudar, meu anjo. – Liam disse pegando o violão das mãosinhas da menina e voltando a se sentar com ela em seu colo.
Algumas tentativas de notas saíram e a menina gargalhou se divertindo em fazer aquilo. Depois de mais um tempo tentando tocar com as mãos minúsculas que possuía, ela finalizou tocando todas as cordas e rindo novamente enquanto dizia um “terminei”.
- Foi lindo! – exclamou rindo da filha.
- Minha vez! – A outra garotinha disse no colo da mãe, que pegou o violão com Liam e a ajudou a segurar.
As mesmas notas falhas saíram do instrumento e depois da música inteira, ela fez o mesmo: gargalhou e avisou o fim da canção.
- Vocês precisam me ensinar a tocar também! – disse com o maior sorriso orgulhoso existente – O pai de vocês nunca me ensinou a tocar nada.
- Você nunca pediu. – Ele retrucou sorrindo divertido.
- Tenho que pedir?
- Claro! Sou um cara ocupado, não tenho tempo de me oferecer. – Disse desdenhoso, fazendo rir. Ele sorriu e encostou seus lábios nos dela, fazendo as meninas em seus colos fazerem uma careta de nojo.
- Eco, eco, eco! – Elas disseram juntas se levantando.
Os dois riram e Liam puxou para um abraço carinhoso.
- Que equinho vocês dois! – Louis disse com uma voz afetada.
- Só está com nojo porque sua mulher não está aqui. – O amigo comentou.
Assim que terminou sua fala, pôde ser visto a porta se abrindo e revelando uma grávida e sorridente sendo seguida por mais três casais igualmente apaixonados.
- Agora estou. – disse recebendo um beijo de Louis.
- Que equinho vocês dois! – imitou o comentário do anterior e todos riram.
*
’s POV
Subi as escadas indo para meu quarto depois de terminar meu trabalho. Hoje o dia foi calmo, mas estava cansada. Cansada da rotina, na verdade. Fazer praticamente as mesmas coisas todos os dias era cansativo e eu tentava de todas as formas mudar um pouco isso. Mas os compromissos não deixam, então o jeito era me acostumar.
O jantar hoje foi divertido como a maioria dos dias nos últimos anos. As crianças alegravam a casa, e ter meus amigos aqui comigo deixava tudo melhor. Passei no quarto de Jenny e Maddie para dar boa noite. Dei um beijo no topo da cabeça de cada uma e apaguei o abajur, deixando-as dormir.
Abri a porta ao lado da das meninas e entrei no meu quarto. Tranquei-o como sempre fazíamos e vi Liam dormindo como um anjo – finalmente o meu anjo – na nossa cama. Peguei meu pijama no closet e fui ao banheiro. Tirei minha roupa e entrei de baixo da água quente tomando um banho sem pressa alguma. Como já era tarde, não lavei meu cabelo, deixei para fazê-lo no dia seguinte durante a manhã. Depois de me trocar, saí do banheiro e apaguei a luz, deixando o quarto totalmente escuro.
Segui até minha cama com cuidado para não fazer barulho e me deitei puxando as cobertas para cima de mim. Acomodei-me perto de Liam e afundei a cabeça no travesseiro.
Senti as pernas de Liam se enroscarem na minha e sorri sabendo que ele estava acordado.
- Você demorou, amor. – Ele reclamou passando os braços pela minha cintura, me abraçando de costas e depositando um beijo no meu ombro descoberto.
- Sinto muito. – Falei me virando de frente para ele e lhe dando um selinho. – Também sou uma pessoa ocupada. – Comentei me lembrando de mais cedo.
Ele riu, provavelmente pensando o mesmo que eu, e me abraçou mais apertado, quase me sufocando. Me puxou para que eu deitasse a cabeça em seu abdômen e eu me encaixei na curva de seu pescoço, inspirando o cheiro bom que ele tinha.
- Quantas horas são? – Perguntou depois de um tempo de silêncio.
Achava que ele já havia dormido assim como eu tentava. Sonolenta, passei a mão pelo criado ao lado da cama à procura do relógio. Achei-o e acendi a luz dele, observando as horas e me assustando com o quão tarde já estava.
- Meia noite e quarenta e dois. – Respondi.
Liam me soltou e se sentou, virando pro lado de seu criado e acendendo o abajur. Estranhei o movimento repentino e me sentei também. Ele olhou para mim com um sorriso maior que o rosto e se jogou por cima de mim fazendo cócegas. Eu gargalhava já mole e sem forças enquanto tentava perguntar o que rondava minha cabeça:
- O que... o que você... você está fazendo? – Perguntei com dificuldade e o vi gargalhar junto comigo, fazendo uma pausa para que eu respirasse.
- Cócegas em você ué. Não deu para perceber, amor? – Falou debochado e eu revirei os olhos.
- É claro que deu, Liam! – Falei ainda deitada e ele riu – Quero saber o por que disso agora.
Liam se inclinou apoiando os braços em volta de mim e me deu um beijo carinhoso.
- Feliz oito anos de casamento! – Falou feliz com o nariz ainda colado no meu.
Me toquei de que dia era e sorri.
- Feliz oito anos de casamento! – O beijei novamente.
- Lembra do dia do seu casamento? Foi tão divertido! – Disse pensativo.
- O dia do meu casamento foi o dia do seu também, amor.
- Eu sei. Mas não desde o início. Você não lembra, ? Tá velha, hein?! – Disse me zoando.
FLASHBACK
O silêncio ficou presente durante alguns segundos. O padre já se virava em nossa direção novamente para prosseguir o casamento quando um grito irrompeu o local, fazendo meu sangue gelar e minha respiração falhar.
- EU TENHO!
Olhei para o corredor completamente assustada. Vi Liam percorrendo o tapete até estar em frente ao altar – e em minha frente. Seu terno completamente liso, porém mal vestido me fez sorrir imaginando ele se vestindo apressadamente. O cabelo sem pentear o deixava de uma forma mais linda que o natural.
Ele se ajoelhou em minha frente sem retirar os olhos dos meus e sorriu tímido, mas ao mesmo tempo confuso – talvez nem ele mesmo entendesse o que fazia lá. Liam retirou com dificuldade do bolso de seu paletó uma caixinha preta de veludo e a abriu; não sem antes prender o dedo no fecho e se machucar – ele estava nervoso e todos repararam. Assim que conseguiu abrir a caixa, exibiu um anel, simples, de ouro e um coro de surpresa foi ouvido por todo o local, inclusive de mim.
- , princesa e futura rainha da Dinamarca, amor da minha vida – Sorriu bobo – aceita se casar comigo?
Fiquei estática sem conseguir me mexer ou respirar. Todos já estavam de pé nos encarando esperando uma resposta de mim; um não, é claro. Sem palavras para responder permaneci com a boca semiaberta, tentando dizer algo, mas não precisei.
- , princesa, futura rainha e futura Payne – Thomas começou sorrindo e todos ficaram ainda mais surpresos. – Seja feliz!
Olhei rapidamente para Tom e sorri olhando para Liam em seguida e pegando em sua mão, fazendo com que levantasse. Ainda sem dizer nada, o abracei com todas as minhas forças já sentindo as lágrimas em meus olhos.
- Thomas! ! O que pensam que estão fazendo? – Meu pai veio furioso para perto de nós junto com August.
- Eu estou dizendo um não para esse casamento e deixando ser feliz! – Tom disse rindo, verdadeiramente, como a pessoa mais feliz do mundo.
- Vocês vão se casar. Agora! – Amália se intrometeu e eu me cansei de ouvir tudo isso.
- É claro que vamos! – Disse sorrindo para Thomas e depois para Liam. – Liam Payne acabou de me fazer um pedido, e eu respondo: sim!
Os convidados começaram a murmurar um com o outro comentando sobre o absurdo que estava acontecendo. Meu pai e o pai de estavam incrédulos. Minhas amigas nesse momento já estavam ao meu lado comemorando o acontecimento. Os garotos também estavam. Depois de muita discussão entre minha família, minha mãe deu um grito de “chega” inesperado e todos se calaram. Percebi que ainda estava abraçada a Liam e apertei meu braço em forma de carinho.
- Liam – Minha mãe disse séria –, – Disse em um falso tom de raiva e depois abriu um sorriso – Será um prazer abençoar o casamento entre vocês dois!
Eu, Liam e nossos amigos comemoramos. Vi meu pai ao fundo bufar e minha mãe sussurrar algo em seu ouvido fazendo um sorriso moldar em seus lábios.
sentava-se em um lugar vazio ao fundo, ainda sorrindo. Todos estavam sorrindo. Meu pai nos olhou com um sorriso discreto nos lábios e se virou, voltando a se sentar onde estava. Amália entrou no castelo brava com a situação e não voltou mais. Stela, que estava ao nosso lado, sorrindo disse:
- Recomessem esse casamento logo!
Todos rimos de seu entusiasmo e voltamos cada um para seu lugar de início – dessa vez, com Liam no lugar de Tom.
Caminhei novamente todo aquele corredor e parei de frente para meu futuro marido, que sorria de orelha a orelha assim como eu. Tudo já dito antes pelo padre foi repetido, e dessa vez, sem interrupções, chegamos às perguntas finais e tão esperadas.
- Liam Payne, você aceita como sua legítima esposa?
- Sim! – Ele disse sorrindo.
- , você aceita Liam como seu legítimo esposo?
- Sim! – Eu disse rápido por conta do nervosismo e sorri.
- Eu declaro vocês marido e mulher. Pode beijar a noiva. – O padre finalizou e Liam me puxou, me dando um beijo e em seguida um abraço apertado.
Seguimos pelo corredor, dessa vez pelo lado contrário, rindo igual patetas. Não demorou muito e nossos amigos já estavam atrás de nós da mesma forma. E eu estava casada com quem eu amo.
FIM DO FLASHBACK
- É claro que lembro! Foi o melhor dia da minha vida. – Disse com o rosto colado em seu pescoço.
- Das nossas vidas. – Corrigiu sorrindo bobo. – Foi melhor do que quando Jenny e Maddie nasceram?
- Inacreditavelmente sim. – Admiti.
Fazia seis anos que as gêmeas haviam nascido. Cada dia mais espertas e cada dia mais loucas – por conta das influências. Os nossos amigos também se casaram. e Zayn foram os últimos e agora tinham um menininho lindo de três anos. Quem se casou depois de nós foi Harry e – dois meses depois. Tiveram dois filhos, Jason e Daniel. e Niall também não demoraram a seguir o mesmo caminho. Casaram-se no ano seguinte ao nosso casamento e tiveram uma menina que agora tinha quatro aninhos. Louis e também se casaram, os filhos viriam agora, que estava grávida. Seriam, com toda certeza, ótimas pessoas; assim como os pais – encrenqueiros, mas ótimas pessoas.
Lembrei-me de uma dúvida que tinha desde o início, mas nunca havia perguntado a Liam. Levantei um pouco a cabeça a fim de enxergá-lo e ver se estava dormindo, mas não consegui olhar em seu rosto, então o chamei.
- Hm – Ele respondeu com a voz arrastada e sonolenta.
- Desculpa te acordar. Podemos falar sobre isso amanhã, sem problemas. – Disse e dei um beijo de boa noite em seu pescoço.
- Fala . Quero saber.
- Por que você me pediu em casamento aquele dia? – Perguntei envergonhada por ter sido tão direta e indelicada.
- . – Liam disse como se fosse óbvio o porquê e se sentou, me levando junto. – Te pedi em casamento porque te amava. Ainda amo.
- Você era novo, Liam. Não são todos os caras de dezenove anos que querem se casar assim, de repente.
- Não foi de repente e eu não me arrependo. E daí que eu era novo? Você era mais. – Ele disse me encarando e eu revirei os olhos.
- Eu estava sendo obrigada a me casar com o Thomas.
- Mas não se casou, graças a mim. Comemore e agradeça por isso. Já que, mesmo que se cansar de mim, eu não vou te largar nunca mais. – Disse sorrindo divertido.
Gargalhei alto com sua forma de falar e depois de voltar ao normal, sorri boba pelo que ele disse: “nunca mais”. Isso era bom, já que eu também não o largaria. Mas eu não disse isso, deixei que ele achasse ser o único e aproveitasse seu ar convencido por um aparente motivo.
Passei minha mão direita por trás de seu pescoço e o acariciei. Ele fechou os olhos com o carinho e sorriu. Sorri para ele mesmo não sendo vista e fechei meus olhos também. Liam passou as mãos pela minha cintura e me abraçou, me dando um beijo logo após. Assim que partimos um beijo, eu sorri com a testa ainda colada na dele e sussurrei:
- Eu te amo para sempre, Liam Payne.
- Eu te amo para sempre, Payne. – Ele disse e me beijou novamente.