And I Think I'm Fine

Escrito por Duda Monteiro | Revisada por Lelen

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Música: Hurricane, por Bridgit Mendler

  Ela entrou chorando. Fechou a porta com força, e jogou os sapatos que carregava em qualquer lugar da sala, não se importando com o destino dos mesmos. Seguiu para o sofá e se jogou de qualquer jeito, dando a mínima para o cabelo, que ficou uma bagunça quando se encontrou com as almofadas. De que importava o cabelo, se seu coração estava pior?
  Ele chegou minutos depois. Com o cabelo vermelho grudado ao rosto. Ofegante pelo esforço de subir pela escada os quatro andares que levavam ao apartamento da garota. Entrou pela porta que ela deixara aberta, e analisou a situação da menina, que estava deitada no sofá, de olhos fechados, sem se importar se o modo como estava, fazia seu vestido mostrar demais. Ela não seria julgada, não ali.
  - . – falou se aproximando lentamente da mesma. se sentou e o encarou. Ele percebeu que ela não falaria nada, e sentou-se ao seu lado. – Não fique assim. Elas no fundo gostam de você.
  Isso fez a loira soltar uma risada sarcástica. – Só se for bem lá no fundo, . Suas fãs não gostam de mim, nunca iram gostar. Também, por que gostaria? Não sou nada, nem ninguém comparada a você.
   segurou uma das mãos da garota. – Não repita isso, você é tudo para mim. – ela suspirou, soltou sua mão e levantou.
  - Vá embora, por favor. Quero ficar um pouco só.
  Ele recusou, e insistiu, no fim, ela venceu, e se dirigiu para fora do apartamento, mas antes parou da frente dela para se despedir. Eles se abraçaram fortemente.
  - Tudo vai ficar bem, você sabe disso, não é? – perguntou ele. Ela assentiu, ele beijou carinhosamente a testa dela e foi embora.
  “É, eu acho que tudo ficará bem.” – pensou se dirigindo ao seu quarto.

  Ela se revirava na cama, como se assim pudesse afastar as lembranças que insistiam em ocupar a sua mente. Não conseguia dormir. Desistido te tentar evitar as memorias, deixou-as livres. A primeira que a atingiu foi de quando se esbarrou com pela primeira vez. Ela se lembrava como se fosse ontem, mesmo que fizesse quase treze meses.
  Era uma sexta nublada em New York, e ela corria apressada pela praça que havia perto da faculdade que frequentava. Estava cheia de livros que iria precisar ler para as provas que teria na próxima semana.  O chão estava escorregadio, por causa da pequena garoa que havia tido há algumas horas atrás. Andava distraída tentando não derrubar os livros no chão, mas foi em vão. Pois esbarrou em alguém, e foi ao chão, junto com seus livros.
  - Me desculpe, por favor. – a pessoa que a havia derrubado falava. Ele se abaixou e começou a ajuda-la a pegar os livros.
  - Sem problemas. – falou quando se levantou, com uma parte dos livros nas mãos.
  - Quer ajudar para levar esses livros para... Onde quer que você esteja levando-os. – disse sorrindo fofamente. Ela ficou tentada a aceitar. Mas mal conhecia o cara, e por mais fofo que ele fosse, ela negou.
  - Eu insisto. – e insistiu. Ela não teve outra escolha a não se concordar em deixa-lo acompanha-la. Mas só até metade do caminho. Não seria idiota de mostrar para um estranho onde morava.
  Andaram um tempo em silencio, até que ele começou a puxar assunto. – Então, nem sei seu nome... – começou. olhou-o desconfiada, mas respondeu mesmo assim.
  - , para os mais íntimos, então pode me chama de . – disse fazendo-o sorrir.
  - , mas pode me chama de . – a partir dai eles começaram a conversar sobre os mais variados assuntos. se distraiu com a conversa, e esqueceu que deveria ter se separado dele antes que chegassem ao seu prédio. Tarde demais, quando se tocou desse fato já estava na a três metros do prédio.
  - Bem, é aqui que eu fico. – parou subitamente, apontando para o prédio atrás de si.
   sorriu. – Que andar você mora? – ele perguntou curiosamente. Ela pensou em não responder, mas ele já sabia onde ela morava, o andar não iria fazer tanta diferença assim, até porque eram quatro apartamentos por andares. Então se ele fosse um louco psicopata que quisesse tentar estupra-la de noite, teria uma chance em quatro de descobrir o apartamento dela.
  - Quarto andar. – respondeu enquanto ele lhe entregava os livros que carregava.
  - Espero que tenha elevador. – com esse comentário dele, ela teve que rir.
  - Elevador? Serio? Olha bem como tá o prédio por fora, você acha mesmo que isso dai tem calibre para ter elevador? – ela o fez observar a estrutura do prédio, a pintura estava degastada, e em alguns cantos era possível ver rachaduras. Ela sacudiu a cabeça negativamente. – Não, aqui é na boa e velha escada mesmo.
  - Você vai conseguir carregar todos esses livros? – ele a olhou preocupado, por conta do peso dos livros.
  - É claro. – falou enquanto tentava equilibra o livro. – Obrigada por me ajudar, e tudo mais. Tchau. – se despediu e começou se dirigir para dentro.
  - Espera. – pegou uma parte dos livros que a carregava. – Já vim até aqui, não custa nada ajuda-la mais um pouco. – sorriu. Fofamente. Ela teve que admitir. Havia uma luta interna dentro dela. Uma parte queria mandar esse garoto embora, logo. E a outra queria deixa-lo ajuda-la. A primeira parte perdeu assim que ele sorriu. Ela ficou desarmada, e não teve outra escolha a não se aceitar a ajuda dele.
  - Obrigada. – agradeceu, e se começou a subir as escadas.

   se lembrava perfeitamente desse momento. E do que aconteceu depois também. Eles subiram os vários lances de escada até o seu apartamento. Quando chegaram lá ambos estavam ofegantes pelo esforço. Ela não viu outra escolha a não ser convida-lo a entrar, e oferecer um copo de agua, que ele aceitou gratamente.
  No pouco tempo que levou enquanto ela buscava a agua, ficou observando a sala da menina. Quando ela voltou com o copo na mão, ele estava segurando um dos seus cd’s dos Beatles. Ela ficou temerosa que ele fosse assalta-la, mas tudo que ele fez foi coloca-lo de voltar no seu lugar, pegar o copo, e comentar que também gostava dos Beatles. sorriu aliviada. “Talvez ele não seja um doida psicopata que vai tentar me assaltar, ou me matar”. Ela se lembra de te pensando.
  Depois dele está devidamente reidratado, e o copo está na pia, era a hora dele ir embora. Mas ela não sabia como expulsa-lo “gentilmente”, mas acabou nem sendo preciso.
  - Acho que essa é a hora em que eu vou embora. – o ruivo falou sorrindo. Ele lhe entregou o seu celular, e ela ficou confusa. – É para você colocar seu numero ai. – respondeu a pergunta silenciosa da menina. Ela assentiu, e colocou seu numero. Ora, ela já sabia onde ela morava, o andar, o apartamento, saber o numero do telefone dela não iria fazer mal algum.
  Ele riu quando ela entregou o celular, por causa de como ela havia salvado o seu nome. – , a dos livros? – indagou rindo.
  - Exatamente. Assim você não vai esquecer quem é essa . É só se lembrar de que é a doida que você ajudou com os livros.
  - Pode ficar tranquila que não irei esquecer. – falou e sorriu. Aquele sorriso matava lentamente. – Bem, vou indo. Aguarde meu telefonema.
  Ela não teve opção a não se sorrir. Ele fazia isso muito com ela, não a deixava opção a não ser sorrir. – Aguardarei. – o acompanhou até a porta. Ela mentiu. Ela não aguardaria, pois ele não ligaria.
  Mas ele ligou.

  Os primeiros dois meses do relacionamento deles foram confusos. Na verdade, o que eles tinham não podia ser chamado de relacionamento. “Amigos, só amigos, é o que nos somos”, vivia repetido isso na sua mente. “Somente amigos, ”. Mas ela sabia que queria ser mais que amigos. E ela sentia o mesmo, por mais que tentasse negar.
  Mas o que ela não podia negar era que ele era um fofo. Mas do que ela imaginasse que ele era. Ah, mas isso não quer dizer que ele não tinha defeitos. Ela logo descobriu que ela adorava falar palavrões, e a amava ver coisas quebrando. Mas esses defeitos faziam-no parece mais humano. Principalmente depois que ela descobriu que ele era famoso. 
  Foi um choque, como ela nunca havia visto o cd dele antes? Ele deveria ter visto, afinal, ela trabalhava numa livraria, e frequentemente ficava na seção dos cd’s. A primeira coisa que fez depois dessa descoberta foi tentar achar um cd dele no seu trabalho, e achou, bem na frente das estantes. Ela nunca havia se sentindo tão idiota como naquele dia. Quer dizer, até agora.
  Era uma quinta-feira, véspera de feriado. Haviam-na libertado mais cedo, e já sabia disso, por isso já estava a caminho da sua casa. Era incrível como ele já sabia de tudo sobre a vida dela. Acho que o fato dele sempre que possível ir ao trabalho dela ajudava nisso. Toda vez que ela tentava lembra-lo que o trabalho dela era um lugar para trabalhar, e não para ficar conversando, ele sorria, e ela se esquecia.
  Terminou de trocar de roupa depois do banho e se jogou na cama, como se assim pudesse se livrar da maldita luta interna que ocorria dentro dela. Ela o adorava, era inegável isso. Mas não era certo.  A campainha a despertou dos seus pensamentos. começou a correr em direção à porta, mas parou no meio do caminho, e balançou a cabeça. “Babaca, se acalme, é só o .” Se reprendeu. Abriu a porta calmamente.
  - Ola chatinha. Tem o que para comer hoje? – ele perguntou entrando na casa, e já indo em direção à cozinha. Ela teve que soltar um sorriso com o atrevimento dele.
  - Hey, a casa ainda é minha, sabia disso? – falou o seguindo.
  - Obviamente. Minha casa não é tão arrumada assim. – respondeu. revirou os olhos.
  - Se a minha casa é arrumada em relação a sua, nem quero ver o estado da sua casa, . – comentou enquanto ele abria a geladeira.
  Depois de estarem devidamente alimentados, começaram a assistir alguns filmes na sala da loira. Quero dizer, começou a assistir. estava com a cabeça confusa, como se um furação tivesse passado por ali, e bagunçando tudo. Quem ela queria enganar, um furação passou pela sua cabeça, um furação ruivo, que estava ali do seu lado agora.
  - Ok, me fala o que você tem. – desligou a tv e virou-se para a menina.
  - Ah? O que?
  - O que tem nessa sua cabecinha. – falou batendo de leve na cabeça de . – O que ta te preocupando?
  - Nada. – disse desviando os olhos dos deles. Ele não acreditou nela, afinal, quem acreditaria. Insistiu, e insistiu. Até que não aguentou mais.
  - Somos nós, ok?! Quer dizer, não que exista um nós, propriamente dito... É que é confuso isso, . Você é famoso, e eu sou uma garota comum, que faz faculdade, e trabalha por meio período. E... Eu sinto algo a mais por você do que amizade, eu sei que não deveria sentir, mas eu sinto! E isso me torce por dentro. Eu tento negar, tendo esconder, mas não dá. – falou de uma vez só, olhando para qualquer lugar, menos para ele.
  O ruivo que havia escutado tudo calado, agora pegava o rosto da garota, e virara gentilmente na sua direção. – Você sabe que eu sinto algo mais por você também, . Nunca tentei esconder. Você me encantou depois do seu “- , para os mais íntimos, então pode me chama de .” – tentou imitar a voz dela nessa ultima parte, pessimamente, devo dizer, mas a loira riu mesmo assim. – Você sabe, logo vou entrar em turnê, então se você quiser ter algo comigo, é bom avisar logo. Porque eu definitivamente quero ter algo com você.
  - Eu não sei o que eu quero, . – ela sussurrou.
  - Você sabe sim, só tem medo de admitir. – ele a abraçou. – Só saiba disso, não importa o que você me disser, ainda estarei com você, ok? Você não ficará sozinha. – sorriu com isso. – Agora é melhor eu ir, antes que fique tarde demais. Quando se decidir me liga, ok?
  Ela concordou e o acompanhou até a porta. Passou o resto do dia, e o sábado inteiro tentando refletir. Mas a escolha era obvia. Domingo, assim que acordou, ou melhor, assim que parou de se virar na cama, o ligou. Ele ainda estava com voz de sono, o que deixou mais fofo ainda.
  - Se você ainda estive disposto a ter algo comigo, eu aceito. – falou enquanto andava de um lado para o outro do seu pequeno apartamento. Em resposta recebeu um “Estou indo para ai” dele. Ela sorriu. Afinal, talvez tudo ficasse bem. Mas ela ainda ficaria de vigia.

   se levantou num pulo da cama. Já não aguentava mais as lembranças. Sentia-se como se pudesse vomitar a qualquer minuto. Precisava falar com . Pedir desculpas por tê-lo mandado embora. Falar que tudo ficaria bem, e que entendia o porquê das fãs a tratarem daquele jeito. E ela entendia. Eles podiam estar juntos há onze meses, como namorados, mas as fãs não sabiam disso. O namoro havia sido escondido até um mês atrás, quando paparazzi’s os flagraram em um jantar. Depois disso, fotos começaram a surgir de tudo que era lugar, e não houve outro jeito além de admitirem que estavam juntos.
  Era tudo muito recente, e as fãs acreditavam que eles se conheciam há pouco tempo. Deviam pensar que ela estava com ele só pelo sucesso que ele estava fazendo agora. Ela não recriminava esse pensamento. Mas com o tempo talvez elas a aceitassem... Não importava, realmente. Ela enfrentaria qualquer coisa para ficar ao lado dele. Sol, chuva, furações... Se estivesse ao lado dele.

  O caminho até o apartamento dele demorou mais do que o esperando. E o maldito elevador também demorava demais. já estava impaciente, esperando o mesmo. Quando ele chegou, ela soltou um suspiro de alivio, e entrou, apertando incansavelmente o botão do andar que desejava ir.
  Quando chegou à frente do apartamento de , uma duvida crescia dentro de si. “Será que estou fazendo o certo?” fechou os olhos momentaneamente, e foi invadir pelas memorias deles dois. Do sorriso dele, do cheiro dele, do jeito dele, toda vez que ia à casa dela, como se já morasse ali, bagunçado todo apartamento, ao mesmo tempo que arrumava por dentro. Sim, estava fazendo o certo.
  Tocou a campainha diversa verses, pois sabia que há essa hora ele ainda deveria está dormindo. – Já vai! – ele gritou com uma voz que dizia que ela estava certa em pensar que ele estava dormindo.
  - ? O que faz aqui? Há essa hora? Espera, que horas são? – perguntou, não dando tempo da menina responder, e foi logo vendo o relógio de pulso dela que horas eram. – Às oito horas da manhã! Tá tudo bem?
   não o respondeu, só o abraçou. – Me desculpa por ontem?
  - Desculpar pelo o que? – indagou, abraçando-a.
  - Por te ficado doida, por ter te mandado embora. E por se idiota.
  - Primeiro, doida você sempre foi. E idiota também. – falou separando-se dela gentilmente, e fazendo a sorrir com os comentários dele. – E eu entendo completamente porque você pediu para eu ir embora. – passou a mão no rosto dela, enxugando algumas lagrimas que caiam. – E eu nunca pensaria mal de você por isso, sua bobona. Mas não posso falar o mesmo do fato de você ter me acordado de madrugada num dia de domingo! – completou, sorrindo abertamente, fazendo gargalhar.
  - Idiota. – resmungou ainda sorrindo.
  - Qual é? To em fase de crescimento! E pessoas em fase de crescimento precisam dormir. – brincou.
  - Em crescimento só se for para os lados, se formos levar em consideração o jeito que você come. – retrucou.
  - Chama de gordo, mas me ama. – a abraçou de novo. – Agora vamos, entre. Já que me acordou, vai fazer meu café da manha.
  - Era só o que me faltava. – reclamou de brincadeira, entrando no apartamento e indo em direção à cozinha.
  Porem, antes que chegasse lá, a pegou pelo braço, e a beijou.
  “É, eu acho que estou bem” – pensou. “Mesmo que esteja no meio de um furação, eu ficarei bem. Com ele.”



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