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Quiz #004
// O Tema

Qual cenário deve se passar sua próxima fanfic?

// O Desafio

Ilha paradisíaca





Amor de Verão

Escrito por ranger girl

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"O amor é quando a gente mora um no outro" — Mário Quintana

  Ponto de Vista: Miranda

  Meu namorado não é quem aparenta ser.
  Com suas vestes escuras, tatuagens chamativas e um linguajar nem sempre apropriado, parece alguém rude e sem modos.
  O que não poderia estar mais distante da realidade.
  Ele é um Costa de Luna. Sobrenome este pertencente a família mais abastada, vulgo milionária, dessa cidade.
  Vivemos em um lugar chamado Ilha das Flores, no interior do Brasil. Onde o custo de vida é bem mais em conta do que em qualquer capital, embora tenha uma qualidade de vida invejável.
  Somos referência em educação, devido a existência de universidades muito requisitadas do nosso país por aqui. O que atrai muito investimento para a cidade.
  Darei um destaque especial para a Universidade das Flores, a qual tanto me dedico no curso de enfermagem.
  Desde nova, senti-me inclinada para cuidar das pessoas. Quando mais velha, soube que iria trabalhar em algo da área de saúde. Vocação não se escolhe.
  Na realidade, queria mesmo era cursar medicina. Mas, ao contrário do meu namorado, não venho de uma família de tanta renda.
  Sou filha única de uma mãe solteira. Nunca conheci meu pai. Também nunca tive coragem de questionar sobre a origem da minha paternidade.
  Minha criação foi difícil, baseada em muitos obstáculos enfrentados por dona Juraci Rocha. A minha mãe.
  Além dela, a única referência familiar que tenho é com a igreja, a qual muitas vezes nos ajudava com coisas básicas, como vestes doadas e o mínimo alimento nos períodos mais difíceis de nossa trajetória.
  Sou filha de uma guerreira e me orgulho muito disso.
  O fato é que, em algum momento na minha adolescência, entre estudos e trabalhos de meio período, o conheci. Ubiratan Costa de Luna. Meu namorado.
  Com muita dedicação, eu consegui uma bolsa de 100℅ na escola mais renomada — e cara — da cidade.
  Eu era uma garota entre seus 14 e 15 anos, iniciando a sua jornada em um mundo novo: o ensino médio.
  Ele era o mais popular de toda a instituição. Sua mãe ainda era a prefeita da cidade. Seu pai, ainda é dono da maior rede de hospitais do estado, além de ser um excelente médico.
  Mas não era a sua origem que o destacava, nunca foi. Sua popularidade tinha nome e fãs: Anyone (ninguém).
  A banda de rock mais conhecida entre os jovens daquela época. A que, até hoje, continua conquistando cada vez mais público.
  Anyone é composta por quatro membros.
  Tan, o apelido ou pseudônimo artístico do meu namorado, é o vocalista.
  RJ (José Roberto), o carioca e melhor amigo do Tan, é o guitarrista.
  KaKá (Kaio Abreu), o primo estrangeiro do RJ, é o baixista.
  Boia (Iago Bonfim), o que eu menos gosto, é o baterista.
  Nos primeiros dois anos do ensino médio, apenas os conhecia de vista. Por ser mais humilde e não ter tanto tempo para socializar, tinha apenas uma única amizade — a qual cultivo até hoje.
  Ednalda Porto Souza. Minha querida Ed. Além dela, me aproximei do seu irmão, o Ayslan. Mas, enquanto ela era repetente e da mesma turma que eu, Lan é mais velho dois anos.
  Nossa convivência se resumia a encontros casuais na casa deles, quando arrumava um tempo para passar com a Ed. E mesmo assim, somente nos cumprimentávamos.
  Nos dias de hoje, Ed e Lan estudam na mesma universidade que eu. Ela cursa enfermagem na mesma turma que a minha. Ele faz medicina e está indo para o oitavo período.
  Ainda não somos próximos, mas vez ou outra saímos para comer pizza. Embora o Tan não goste muito disso.
  Naquela época, eu era uma desconhecida para todos que não fossem os irmãos Porto.
  Até iniciarmos o terceiro ano do ensino médio.

[...]

Anos antes...

  A Ed insistiu que eu esperasse por ela terminar a prova de matemática para entregar a minha.
  Me convenceu com um argumento de que "somos parceiras e devemos acompanhar o ritmo da outra".
  Bem, eu não tenho outro alguém para conversar, então não fiz muito caso em esperá-la.
  Agora só restam três alunos realizando a prova. Dois, se considerar que eu já finalizei a minha, só não entreguei. São eles a Ed e o tal líder da Anyone, o Tan.
  Assim que vejo minha amiga se levantar, entregar sua avaliação e caminhar em direção a porta, dando-me um olhar que diz " estarei te esperando lá fora", ergo-me para fazer o mesmo.
  No entanto, ao entregar a prova para a professora, esta me interrompe.
  — Miranda, poderia esperar um pouco?
  Confusa, questiono:
  — Posso... Do que se trata?
  — Sabe, você é a melhor aluna da turma e realmente se destaca nessa matéria. Gostaria de lhe pedir um favor.
  — E qual seria?
  — Há um aluno precisando de ajuda e eu...
  É interrompida por outra voz mais ao fundo.

  — Não acha mal educado se referir a uma pessoa na frente de outra desse modo? Eu estou bem aqui. Pode citar meu nome.
  Acanhada e constrangida, a professora continua:
  — Desculpe-me, senhor Ubiratan. Como eu dizia Miranda, há esse aluno, o que está, ou deveria estar, concentrado em terminar seu teste. Ele precisa de ajuda na minha matéria. Poderia aceitar ser sua monitora?

[...]

  Daquele dia em diante, tornei-me sua monitora, mesmo que houvesse relutância de parte minha e dele.
  As coisas não começaram bem. O Tan nunca foi de gentilezas ou demonstrar afeto.
  Não fomos com a cara do outro em um primeiro momento.
  Com o tempo, nos aproximamos mais do que o esperado. Hoje, quase 3 anos depois, ainda estamos juntos.
  Embora não seja tudo flores.
  Enquanto eu ingressei no curso de enfermagem, Tan e seus amigos continuaram na banda. Ambos fazem música na mesma instituição, que fica a uma hora de distância da minha.
  Por seguirmos caminhos diferentes, é cada vez mais difícil conciliar a relação com os compromissos.

  Principalmente pelo fato de que, além de tudo, eu também trabalho para pagar a minha faculdade particular e seus custos agregados.
  Temos nos saído bem, no entanto. Nesse exato momento, estou à espera do Tan para irmos em um raro passeio.
  Sinto falta dos nossos encontros, estou ansiosa.
  Sentada no sofá, sou tirada dos meus devaneios ao ouvir soar a campainha.
  É ele.
  Levanto-me já com um sorriso enorme no rosto, desejosa de vê-lo.
  Ao abrir a porta, mal tenho condições de reagir antes de ser abraçada calorosamente com seu amor saudoso.
  — Senti sua falta — fala baixo, mas em um tom audível, com o rosto encostado no vão entre o meu pescoço e ombro, fazendo-me estremecer.
  — Eu também, amor. Foram dois dias sem conseguirmos nos encontrar, mas pareceram anos — digo suspirando e sentindo o seu perfume que tanto me cativa.
  — Pronta para a melhor noite da sua vida?
  — Você sempre diz isso.
  — Não é minha culpa se, a cada encontro nosso, eu me supero.
  — Você e essa sua prepotência, vou dizer... — resmungo baixo, fazendo-o rir e me puxar para fora.
  Ao sair da casa que ainda dividia com minha mãe, com nossos sorrisos sinceros e trocas de carinho apaixonadas, nenhum de nós dois imaginava o que estava por vir.
  Tanto tempo de namoro não nos preparou para o, então, inevitável. Dessa vez, Tan iria me surpreender como nunca antes.
  E eu me daria conta que, assim como meu namorado, nosso relacionamento não é o que aparenta ser.

FIM