Am I Really Broken?
Escrito por A.J. Ramos | Revisado por Natashia Kitamura
Parte do Projeto Songfics - 16ª Temporada // Música: Broken, por Jake Bugg
Have become all I lost
And all I hoped for
But I must carry on
Always one never broken
Capítulo 1
- Nic, eu não vou falar de novo. Tem como você decidir a porcaria da sua roupa logo? – os gritos vindos de fora do quarto deixavam claro o fato de que Dirk me esperava há provavelmente meia hora. – Tá bom. Como quiser, vou sem você então.
Como se toda essa demora se tratasse da minha dúvida em escolher uma roupa descente. É óbvio que não se tratava disso. Era uma sexta-feira como outra qualquer, e nas sextas-feiras tínhamos o costume de ir ao bar que ficava na Purple Heart road. As noites do final de semana nada agitado e monótono de Woodland Hills – uma minúscula cidade em algum lugar perdido no meio do Arizona – se baseavam apenas em ir a algum bar no meio da estrada para beber mil litros de cerveja, ouvir alguma banda horrível tocar banjo e torcer para que o final de semana seguinte fosse diferente. O que obviamente nunca acontecia.
- Eu não acredito que você vai me ignorar pela segunda vez nessa semana. Caramba, Nicole! Você é uma merda mesmo! – tais adoráveis palavras saíram da boca de meu namorado Dirk. Começamos a ficar juntos desde... Sempre. Crescer no meio do nada te proporciona uma opção extremamente limitada de garotos e por incrível que pareça o destino me uniu a Dirk Richards: filho do xerife da cidade, jogador de futebol americano babacão e popular do colégio. Minhas amigas (e metade da cidade) passaram grande parte de minha adolescência repetindo “Nicole, você é doida” e eu sempre as respondia com “Vocês não o conhecem de verdade. No fundo ele é bonzinho...” só que na altura do campeonato eu realmente estava começando a duvidar de minhas próprias palavras. As milhares de cicatrizes em meu corpo e três meses convivendo com a depressão falavam por si só.
- Espera. Estou indo. – me levantei do chão, lugar onde eu estava desde quando ele começou a berrar, e abri a porta com velocidade. Minha vontade de sair de casa unida com a vontade de sair com Dirk era mínima, mas entre ir para o bar e ficar em casa aguentando meu pai bêbado eu totalmente fico com a primeira opção.
- Nicole? Cadê você? – o telefone de casa tocou e antes de continuar correndo em direção à meu furioso namorado, eu resolvi esperar e atender. Quem estava na linha era minha melhor amiga desde que me entendo por gente, Mariah.
- Se não fosse por você eu nunca que ia aparecer aí.
- Deixa eu adivinhar: Dirk está sendo um babaca.
- Cada vez mais. Acho que ele está extrapolando muito com essa coisa de bebida.
- O Dirk é doente mental, Nic! Pior do que ele só você por continuar dando corda pra essa loucura toda. Agora vê se corre, hoje vai ter a apresentação de uma banda legal aqui do Arizona. Conseguiram arrumar uns grandões dessa vez!
- Ah, claro, e por grandões você quer dizer grupo de velhotes que tocam banjo e cantam country. Já assisti a esse filme várias vezes, Mariah.
Capítulo 2
Consegui fazer que Dirk me esperasse e depois de 20 minutos ouvindo seus gritos e insultos finalmente conseguimos chegar até o Uncle Bill’s Bar e ao contrário do que eu acreditava, a banda era realmente da cidade grande e a casa estava lotada.
- Nicole, finalmente! – Mariah acenava de longe e logo avistamos a mesa com todos os nossos amigos, todos de longa data. Apesar do fato de termos nos formado há quase 2 anos parecia que nada havia mudado. Todo mundo continuava exatamente a mesma coisa. – Eu disse que a banda era grande! The Maine é o nome deles.
O máximo que eu já tinha ouvido falar dessa banda era uma coisinha ou outra na rádio – cinco meninos do Arizona que foram em direção ao resto da América e se saíram... Digamos que bem sucedidos. Nada muito mais que isso. Eram conhecidos, porém nada fora do comum, e parecia que a música que tocavam era algo legal. Não demorou até que o show começasse e com isso me habituei bem ao local – exatamente como eu o fazia em todas as sextas-feiras.
- Mitch! Duas cervejas, por favor – a conversa na mesa estava completamente um saco, unido com o mal humor infernal de Dirk e o show que já havia acabado. A única coisa que me restava a fazer era me misturar.
- As duas são pra você?
- Aham. Noite terrível.
Peguei as duas garrafas de cerveja e parti rumo ao lugar mais vazio do bar. Olhei ao redor a procura de alguma cadeira vazia ou algum buraco no qual eu pudesse me enfiar, mas a casa estava surpreendentemente lotada. O primeiro lugar que me veio em mente era o sótão: lugar onde as bandas costumavam guardar seus equipamentos (e onde eu e Brett costumávamos ir para fugir de todo mundo. Era realmente um ótimo lugar para passar um tempo a dois, se é que me entendem bem).
- Graças a Deus. – falo comigo mesma em voz alta enquanto me jogava em direção ao chão. - Que porcaria.
- Não gostou do nosso show?
Capítulo 3
- Ah, eu achei que estava sozinha. – falei assustada enquanto arrumava minha saia que provavelmente mostrava mais do que devia. – Mas pelo visto não estou né.
Tive uma surpresa imensurável ao olhar para cima e perceber que quem estava à minha frente era o vocalista da banda. Seus cabelos maravilhosamente entravam em perfeita sintonia com a cor de sua pele clara e olhos . Sem contar na aparência completamente sedutora – não pude deixar de ressaltar tal característica que de forma alguma seria passada despercebida. Aquele homem praticamente implorava para que eu fosse correndo em sua direção.
- Não mesmo. – seu tom era de sarcasmo completo, e um pouco de efeito do álcool também. – Não desvia do assunto. Aquela porcaria no qual você estava falando... Nós somos tão ruins assim? – o tom sarcástico continuava, porém agora o tal homem ria verdadeiramente para mim. Eu não tinha reação alguma que não fosse uma completa falta de ar, então soltei a primeira coisa que veio em minha mente.
- Eu não estava falando de você. A porcaria no qual eu estava falando era a minha vida. Não que eu te devesse alguma explicação, mas...
Ele me interrompeu chegando cada vez mais perto de mim e suas mãos estavam próximas a minha cintura. Ao contrário do que eu pensava (e queria) que acontecesse, suas mãos se abriram e um maço de cigarros estava em cima dela. – Meu nome é . . Aceita um cigarro?
Aceito sem relutância e sento-me ao lado de que acende o cigarro em minha boca. Seus olhos estavam completamente fixos aos meus, e todo o tipo de instinto maluco passava por minha cabeça naquele momento. “Que se foda isso tudo” era basicamente o pensamento mais frequente que eu tinha em mente.
acendeu o cigarro e ao contrário do que eu pensava – e queria, ele foi se afastando ainda com lentidão. Não adiantou muito já que ainda continuávamos praticamente com o rosto colado e olhos fixos uns ao outros.
- Eu ainda não sei o seu nome.
- Nicole.
- Nicole...? – procurava uma resposta completa ao repetir meu primeiro nome.
- Nicole. É tudo o que você precisa saber. – As palavras saíam com extrema dificuldade de minha boca. O fato de eu estar literalmente respirando exatamente o mesmo ar daquele maravilhoso e sedutor me fazia tremer por inteiro.
Um silêncio pleno tomou conta do ambiente. Eu praticamente tomada pelo álcool, só sabia continuar bebendo e o efeito dele em mim agia mais rápido a cada segundo. A forma no qual me fitava era intrigante e surpreendentemente eu não conseguia desviar o olhar dele.
Capítulo 4
Era incrível a forma que eu me sentia ao estar próxima daquele homem. O silêncio, por mais do que completamente ardente, me fazia bem. Havia um bom tempo desde a última vez que eu conseguia me sentir tranquila e em paz. Tudo o que fazíamos era permanecer ali sem deixar com que qualquer barulho entrasse – tudo o que ouvíamos era a música que tocava do lado de fora do pequeno sótão.
- Você gosta? – Era completamente perceptível meu amor pela música que estava tocando naquele momento. Meus olhos estavam fechados e eu praticamente não conseguia responder mais nenhuma pergunta com lucidez.
- De Jake Bugg? Sim. Na verdade não conheço muito dele, só ouvi uma música ou duas. Mas essa em especial me atrai muito.
Down by the people if
They let you breathe
Don't give a damn if you still can't see
See I am broken
- Vem. Você vai dançar comigo. – me pegou pela mão e eu não consegui hesitar. A música, por mais que baixa e distante, tomava o ambiente por completo e eu por alguns minutos consegui esquecer sobre todo o resto que acontecia fora dali. Nem Dirk conseguia me atingir, não até eu ouvir um barulho estrondoso vindo de fora.
Capítulo 5
Eu e não pensamos duas vezes quando nos desprendemos um do outro e fomos em direção a saída do sótão. Fora dali tudo o que se ouvia eram gritos e correria. Minha cabeça funcionava um pouco mais lentamente por causa do álcool, mas ainda assim eu não parei de correr e pensar em mil coisas ao mesmo tempo até chegar ao salão principal do bar e me deparar com a cena mais horrível de minha vida. Dirk no chão e uma poça de sangue rodeava seu corpo. Dirk estava morto.
Fim
Oi, gente! Espero que tenham gostado de ler. Terminei a fic com esse ar de suspense porque estou trabalhando em uma continuação, vi que eu ainda posso explorar vários lados legais da história e não deixa-la só por isso mesmo. Então, caso tenham gostado, jajá tem longfic explicando a história por trás disso tudo! (: