Amigo Do Namorado Da Minha Amiga
Escrito por Klarice S. | Revisado por Natashia Kitamura
Parte do Projeto Sorteio Surpresa - 8ª Temporada // Tema: Encontro às cegas
Encarando as estrelas ao céu, perguntava-se do porquê da vida ser tão injusta com ela mesma. Após seu término terrível com o garoto que ela amava, estava com o coração destruído, por completo.
Ela morava com sua tia, cujo não parecia ser tão feliz por deixá-la viver ali, já que seus pais haviam morrido em um acidente de carro há alguns anos. Desde então, passava a se esconder no sótão da casa, que era seu novo quarto.
Sentindo o celular apitar ao lado de sua face, retorceu-se e pegou-o. E arrependeu-se ao olhar o horário e sugestivamente ver o dia. Era 3 de Maio. O dia em que havia terminado seu namoro, e por que ela ainda se lembrava? Pois também foi o dia em que seus pais haviam saído para viajar. E não tinham voltado.
Segurando o celular e rejeitando a chamada. viu seus olhos embaçarem e o choro vir. Engoliu seco passou as costas das mãos aos olhos, espantando a sensação. Ela ouviu algo se chocando contra o telhado. Irritada por ser um bando de adolescentes saindo de uma festinha, abriu uma pequena janelinha que tinha ali. Assustando-se ao ver sua amiga, .
— O que é que você tá fazendo aqui? — perguntou irritada, será que não poderia ter seu momento de luto?
, cujos cabelos ruivos pareciam pegar fogo riu baixo. Ela balançou duas garrafas de vodca, que estavam em sua mão e sorriu.
— Abre a porta.
— Eu vou te matar. — Ela disse e depois fechou a mini janela, tomou cuidado ao descer do sótão sem fazer barulho, para não acordar sua tia, se não ela iria ver os pais mais cedo, e desceu ao andar debaixo. Abrindo a porta com sua expressão mais infeliz do mundo.
— OIIIIIII. — A ruiva disse ao ver na porta.
— Você está bêbada por acaso? — perguntou , puxando-a para dentro da casa. Olhou para a rua; deserta e escura e fechou a porta.
— NÃO, POR QUÊ?
— Eu vou te matar, de novo. Para de gritar, quer que minha tia me mate?
— Ah, é. — riu. Em passos quase silêncios, as duas seguiram para o andar de cima, depois deixou que fosse a primeira a subir no sótão, para precauções. E foi em seguida.
Com os pés firmes ao chão de madeira, puxou a escada para cima. Ligou a luz e o quarto/sótão se iluminou.
— Cara, isso aqui é muito grande! Dá até para esconder um corpo! — comentou , jogando-se na cama de casal de .
— Você só fala bosta, já percebeu? Não é nada legal ficar cheirando cupim o dia todo — resmungou , riu.
— Tudo bem. — Ela falou, abriu a primeira garrafa de vodca e colocou na boca, enquanto deitava de barriga para cima na cama.
— Você vai se engas... — Começou , olhando para amiga com a garrafa na boca e deitada. No segundo seguinte, estava sentada corcunda e tossindo. — Eu te avisei.
Então as duas se olharam e começaram a rir, escandalosamente.
Mas não durou muito tempo, pois sentiu vibrações aos seus pés, sua tia estava batendo com a vassoura no teto.
— Fudeu — disse , percebendo a expressão de espanto de . Ela colocou as duas garrafas de vodca embaixo da cama.
— Fudeu mesmo — concordou , pulando na cama.
Em instantes, as duas estavam cobertas e fingiam dormir. Ouviram-se os passos da tia de afastar-se e as duas se descobriram, soltando um risinho baixinho.
— Me diz por que você veio aqui? — perguntou , ajeitando-se na cama. Ela sorria animada.
— Ahhhhh, pois então — tentou enrolar , que de cara percebeu. — Eu arranjei um encontro pra você!
O espanto de fez rir. Ela retirou as garrafas de vodca do chão e entregou uma á . Que aceitou relutante.
— Definitivamente: Não! — Ela respondeu, um tempo depois.
ficou de joelhos na cama, e enrolou um pedaço de seu cabelo crespo no dedo.
— Vai, por favor! — suplicou, fazendo uma voz fininha e uma expressão de dó.
— Eu já não falei pra você parar de tentar me jogar para cima de alguém?
— Sim, mas quem disse que eu obedeci?
rolou os olhos, incrédula.
— E ele já confirmou que vai, vamos, é um amigo do meu namorado — disse , ainda negava.
— Quem é? — Para infelicidade de , sorriu alegre e começou a dar pulinhos de excitação na cama. — Eu não disse que vou.
— Vai sim, e, ele é um cara superapaixonado por você! — respondeu .
ficou confusa.
— Apaixonado por mim?
— Sim, então, não podemos decepcioná-lo! Você vai e pronto.
— Sinto muito princesa, mas terei que quebrar o coração de alguém. Pois eu não vou, , já pensou ir se encontrar com alguém, pensando em outro? Eu não consigo agir como... como Nick agiu comigo.
— E é por isso que você tem que mostrar que deu a voltar por cima, vai, não deixe Nick ver que te deixou arrasada. — respondeu e negou brevemente.
Seria tão difícil respeitar o seu luto? Deixá-la sofrer por três perdas em paz?
— Eu vou pensar — respondeu ela. Sua voz saiu tão amarga que , mesmo dando indícios de embriaguez, teve que respeitar.
(...)
Passou alguns dias, desde que voltou a atormentar para que ela aceitasse sair com o “cara”. As duas encontravam-se no refeitório, sentadas como garotas civilizadas, e terminando de comer um lanche natural. estava quase se rendendo e aceitando ir a esse tal encontro, com o garoto que gostava dela, que até tinha ganhado um apelido: “Amigo Do Namorado Da Minha Amiga”, até ela ver Nick — Seu ex —, passar pelas portas do refeitório.
Não foi normal. Nick usava seu boné, que cobria seus cabelos loiros, seu sorriso estava estampado por sua face, e alegrava-o. Ele trajava sua calça jeans desgastada, sua camiseta; que dizia “Sex On The Beach”, cujo não gostou quando ele apontou para uma loira que passava, e também usava seu tradicional: Vans, surrado. Típico e apaixonante, mas não fora isso que surpreendeu , ele, usava as mesmas vestes do dia do primeiro encontro dos dois.
Ainda com o olhar preso ao de Nick, deu uma disfarçada quando ele passou por ela. Notando-a, seu sorriso desmanchou e ele tirou o boné, passando as mãos pelo cabelo. Nervoso.
Ao se afastar o olhar de virou pura excitação e ela sorriu abertamente.
— ... E então?
Só então havia percebido que estava falando com ela. Ela sorriu sem jeito e assentiu.
— Aham — concordou, balançando a cabeça positivamente.
— Que bom! Ele te encontra às oito desta noite, lá na lanchonete da tia Juca.
— Q-quem? E que porra é tia Juca? — indagou , percebendo ter feito burrada ao concordar.
— O ! Idiota, ele vai te encontrar na tia Juca hoje, você acabou de aceitar sair com ele! — Ela respondeu e levantou-se da cadeira. — Te mando o endereço por mensagem!
— M-mas eu não. — Ela tentou justificar-se, mas já havia saído. Deixando sozinha.
Que merda foi que eu fiz? Ela perguntava-se. Levantou-se da mesa, ao som do sinal da escola tocando. Suspirou, cansada, e juntou seus cadernos em cima da mesa. Saindo em seguida e perdendo-se no meio da multidão.
(...)
Eram exatamente 7hrs e 30m, quando ; que estava deitada em sua cama, observando as estrelas — pelo buraco do teto —, viu o horário em seu celular.
Ela não iria a esse encontro, era muita loucura. não estava preparada para ficar ao lado de uma companhia masculina por um longo tempo. Ela ainda amava Nick, e não tinha como negar. Não poderia sair com outros caras.
Em suas mãos, o celular apitou.
Conferiu, e abriu a mensagem de , que dizia: “Espero que não me decepcione, eu sei que você ainda gosta do Nick, mas dê uma chance a . Por favorrrrrr, por mim?”
riu e respondeu sua mensagem: “Não vai rolar, estou gripada. Tem como desmarcar?”.
Esperando uma mensagem que a xingasse, ficou surpresa ao saber que não obteve respostas. Sorriu satisfeita e preparou sua cama para se deitar e ler um bom livro.
— Sim, sim, vamos sair. Daqui a pouco voltamos. — Ouviu-se a voz de no corredor. Sua tia respondeu-lhe e percebeu que não teria escapatória.
Quando menos esperou, já estava no quarto e olhava-a com uma expressão nada satisfeita. estava de pijama e seus cabelos ruivos estavam mais despenteados do que o normal. Sem contar que também usava uma pantufa de coelho.
— Pode levantando daí — falou impaciente.
caminhou em direção ao guarda-roupa de , abriu-o e começou a jogar roupas no chão.
— Você vai juntar — disse , ajeitando-se ainda mais na cama.
— Não vou não, isso é por me fazer levantar do meu conforto para ter que empurrá-la para um encontro. Queria eu, ter um encontro com um bonitão feito o !
— Quem é ?
fuzilou-a com o olhar, depois, jogou-lhe um vestido em cima dela.
— Pode levantando e se trocando.
— Não vou.
— Vai sim! Poxa , larga de frescura! é um garoto bom, e não é por que você teve seu coração quebrado que você tem que parar sua vida. Nick é só mais um, e talvez, possa ser também. Mas se não dá-lo a chance, você nunca saberá.
— Prefiro ficar assim, obrigada.
— E também — começou — você não precisa quebrar o dele, não sabe quanto tempo teve de esperar para uma chance dessas.
Fez-se silêncio pelo quarto.
— Tá bom, eu vou. — Ela disse, levanto-se da cama e indo direto para o banheiro.
(...)
O tempo se passou muito rápido. estava pronta e agora se olhava em frente ao espelho. Seu vestido azul e nos joelhos dizia que ela era comportada. Ela usava sapatilhas escuras, também, e sua maquiagem era razoável, apesar de que quando a fazia, ela acabou com o olho borrado umas três vezes, foi frustrante.
Mas apesar de tudo, o esforço pareceu ter valido apena. sentia-se bonita quando se virava de um lado para o outro para observar o vestido. Apesar de não ter gostado dele no inicio, caia perfeitamente em seu corpo.
— Como estou? — perguntou, virando-se para e vendo-a coçar os olhos de cansaço.
— Atrasada — respondeu, levantou-se da cama e pegou a chave de seu carro em cima do criado-mudo, onde teria o deixado. — Vamos.
falou meias palavras com sua tia e disse que ia sair com , o que fez sua tia ficar confusa, vestia pijama. Mas não indagou nada mais, depois conversariam.
Elas entraram no carro correndo e acelerou feita louca, para o local combinado. O que para sorte de foi pura sorte, não era longe.
— Tchau amiga, te conto mais tarde — disse . Deixou o carro e esperou a amiga ir embora para entrar no local.
Torceu o nariz e suspirou, observando tudo. Era uma lanchonete qualquer. Pessoas distribuídas em mesas espalhadas, pela parte de fora e dentro. Um balcão, comidas expostas e um televisor posto ao lado do balcão, permitindo a todos verem o noticiário. adentrou o local, esperou que viesse até ela. Ele era apaixonado por ela, saberia quem ela era. Não ao contrário.
Segurando sua bolsa junto ao corpo, ela sentou-se em uma baqueta. Logo uma garçonete se aproximou, possuía longos cabelos louros e tinha belos olhos azuis. Sem contar que transparecia um ar de “sexo”, o que não deixou muito feliz.
A loira apoiou-se no balcão, permitindo a vista de seus seios. rolou os olhos e olhou para a face da garota, e pôde ter a visão privilegia do chiclete da garota, indo de um lado para o outro.
— Deseja alguma coisa? — perguntou ela, agora, tamborilando os dedos.
— Ainda não — respondeu um pouco impaciente.
A loura, então foi embora, rebolando para o outro lado. Depois olhou de volta para e piscou o olho esquerdo.
corou de leve e fingiu não ter visto.
Alguém pigarreou ao seu lado, virou-se e ficou surpresa por encontrar um garoto completamente lindo. Deduziu ser . Ele usava uma calça jeans escura, uma camiseta preta e um tênis qualquer, não faria diferença. perdeu-se nos olhos do rapaz e no sorriso feliz que ele demonstrava.
Ele começou a corar.
— Ah, pode sentar. Você é ?
— Sim, sou eu — ele sorriu e puxou uma banqueta para si, sentando-se em seguida. — Então , eu estou muito atrasado?
— Que nada! Cheguei agora também, mas e ai, vamos comer alguma coisa? — perguntou ela, sorriu em resposta e levantou a mão. A garçonete loura voltou até eles.
— O que desejam? — Ela perguntou, olhando para . Que olhava para , que olhava – disfarçadamente, para os peitos da garçonete.
— Pois então — pigarreou , — vou querer um hambúrguer com Milk Shake de morango. Por favor — pediu ela.
— O mesmo pra mim — disse .
Então a garçonete saiu com o pedido anotado.
— Grandes peitos, né? — perguntou , brincalhona. ficou pasmo.
— Ahm... Grandões — concordou vermelho.
— Você pegava?
— Que perguntas são essas? — indagou , ainda mais vermelho do que antes. achou fofo, envergonhar garotos era legal.
— Perguntas normais ué, deveremos nos conhecer, não? To perguntando se você pegaria uma loura de peitos grandes!
— Acho que sim — respondeu , assustado.
— Sinto em decepcioná-lo, mas ela joga em outro time.
— Então por que perguntou?
— Não sei — respondeu rindo. — Pergunte-me algo.
— Sei lá, qual sua cor preferida?
A peituda voltou com dois copos de Milk Shake de morango.
— Já trarei os hambúrgueres — ela disse, olhando para .
Quando ela se foi, eles riram.
— Azul é minha cor preferida — respondeu. — E a sua?
— Acho que temos algo em comum. — Ele respondeu, riu.
— Muito bem... — fez-se pensativa.
— Minha vez — avisou , assentiu. — Você ainda gosta do Nick?
— Como sabe que eu... ah, é — lembrou-se que havia lhe dito que era apaixonado por ela. — Sinto, mesmo não desejando.
assentiu um pouco chateado.
— Você foi obrigada a vir até aqui, não foi?
— A verdade? Sim, me convenceu. — Ela respondeu, tomando um pouco do seu Milk Shake. — E também me contou que gosta de mim.
corou ao nível extremo.
— Ela não deveria. — Ele disse, rindo para disfarçar sua vergonha.
— Esse é o problema de , ela sempre tenta ajeitar as coisas. Sinto muito, mas, se quiser ter qualquer chance comigo, terá que esperar.
— Já esperei bastante tempo, não? E por você posso esperar mais.
Para sorte de , a peituda voltou com os hambúrgueres, fazendo-a se livrar do constrangimento que sentiu. A peituda mordeu os lábios enquanto encarava , e saiu.
— Ela está me dando muito mole — comentou .
gargalhou alto.
(...)
Ao voltarem para casa, sentia-se completamente feliz. obterá esse poder sobre ela, e ela, sentia-se grata. Há tempos vinha procurando divertir-se assim. Encontrava-se em um estado deplorável, a maquiagem borrada, o batom já sumira e as sapatilhas começavam a machucar seu pé. Eram muito pequenas.
— Ainda bem que você tem carro — comentou , balançando os pés freneticamente. — Essa porra de sapatilha machucou. — Fez voz de choro.
— Até casar passa — respondeu e eles riram.
— Vamos casar então, pois está doendo demais.
— Pode agendar a data. — falou, entrando na brincadeira.
— Até vejo o futuro, teremos dois filhos: Petúnia e Josévaldo. — Ela disse e gargalhou alto.
— Você definitivamente não escolherá o nome dos nossos filhos — disse , rindo também.
— Então casaremos na beira da praia com aquelas coroinhas de flores na cabeça, o meu vestido vai flutuar um pouco por causa do vento.
— Ai uma ventania forte começará com chuva. Convidados desesperados e quando menos esperávamos, um apocalipse zumbi começaria.
— OLHA O QUE VOCÊ TÁ FALANDO DO NOSSO CASAMENTO! — gritou, e deu tapas no braço de . Ele esquivou-se, ainda segurando o volante e rindo. — Tá a parte dos zumbis eu deixo. Sem chuva.
— Sem chuvas — concordou .
Viraram na rua da casa de , não demorou muito e já estavam estacionados, um pouco longe, para a tia de não perceber que ela não estava com .
— Chegamos — falou .
— Então , até outro dia! — Ela disse, retirou o sinto de segurança e abriu a porta do carro.
Olhou para e começou a levantar-se para sair. Se, não fosse o braço que ela recém estapeara, não tivesse puxado-a de volta, fazendo-a sentar no banco novamente.
— Então faríamos juras de amor, trocaríamos alianças e o padre diria “pode beijar a noiva” — sussurrou , aproximando-se. ficou sem expressão, ela sabia o que aconteceria. E o pior: Não queria pará-lo.
Então se beijaram. E foi para , o melhor beijo de todos os tempos. Beijar, certamente, a pessoa amada, tornou para si, melhor. E para , as coisas não estavam longe também não. Apesar de querer o beijo de , ela sentia-se mal por fazer tal. Ainda pensava em Nick e ainda desejava-o. Mas, na lanchonete. A única vez que se lembrou de Nick, foi quando o nome foi pronunciado por .
E se fosse para ser feliz como foi esta noite, estaria disposta a deixar Nick no passado e nutrir um sentimento novo por , pois , não fazia o estilo de cara que a decepcionaria.
E ele não ia.
Olá meus queridos! Espero que tenham gostado da fic, tanto quanto eu gostei de escrevê-la. Dessa vez, senti que não me decepcionei com o final. E espero que não tenha decepcionado a vocês também. É isso ai. Obrigada por ler!