Always Remember Me
Escrito por Mayara Cargnin | Revisado por Debbie
Música: My Chemical Romance - I'm Not Okay
Eu entrei no enorme jardim que ficava atrás da casa de férias de . O jardim estava lindamente decorado para a cerimônia que aconteceria logo. Havia um enorme arco de casamento todo decorado com laços e rosas vermelhas. As cadeiras — em torno de vinte em cada lado, postas em cinco fileiras com quatro cadeiras em cada — estavam cobertas por um pano branco e laços vermelhos pendiam no fim do encosto. Havia um enorme tapete vermelho vivo entre os dois grupos de escadas e este levava diretamente ao arco. Um bar havia sido posto onde ficava a entrada para o bosque onde eu e costumávamos passar o tempo. A piscina estava coberta e tinha uma enorme mesa de bufê que provavelmente seria posta mais tarde. Olhei para o segundo andar da enorme mansão de , onde ficava a sacada do seu quarto que dava diretamente para a piscina e sorri, sendo golpeado pelas lembranças.
Flashback on
e eu estávamos deitados em sua cama enorme com um pote de pipocas, assistindo à Paixão sem limites. Outro desses filmes românticos que mulheres se derretem chorando. Eu não conseguia deixar meu coração ao seu ritmo normal outra vez; estávamos muito perto um do outro e seu perfume tomava conta do lugar por inteiro. Tirei a atenção da tevê, a observando levar a pipoca a boca.
— Dois dólares que eles não ficam juntos. — Eu falei.
— Três dólares que eles vivem felizes para sempre, como em todos os outros. — Ela revidou, sorrindo sapeca.
— Você acredita mesmo nisso? Felizes para sempre, quero dizer.
deu de ombros.
— Eu acredito que todos ainda serão felizes, todos terão seu feliz para sempre. Basta se esforçar para fazer dar certo. — Ela disse, convicta.
Muitas vezes eu me perguntava o que a fazia crer tanto assim no amor. Francamente, amor é uma droga. O que fazia acreditar que a vida não é o que parece? Todas aquelas pessoas desiludidas, infelizes. Se fosse realmente assim, não encontraríamos pessoas alegres e apaixonadas mais vezes?
— Hmm — Ela sorriu e me lançou um olhar pervertido.
Observei a tela outra vez. A cena hot começava. Retribuí seu olhar pervertido.
— Ai meu Deus, como pode um cara ser assim tão gostoso? Olha esse corpo, ! Quem dera eu arrumasse um assim para mim. — Ela começou a se abanar.
Levantei levemente a minha camisa, para observar meu tanquinho que pouco aparecia.
— Hm... Talvez eu deva treinar mais forte. — Eu disse, a fazendo rir.
Ela jogava a cabeça para trás quando ria de uma maneira tão meiga. Eu amava o som de sua risada.
— Ah, ! Por isso que eu amo você. Sempre me fazendo rir. — Ela suspirou. — Quer saber? Eu estou cansada de ficar aqui. Vamos nos arriscar um pouco? Eu sinto falta disso, lembra-se como quando éramos crianças?
— O que está pensando em fazer, ?
Ela franziu o cenho, olhou para a sacada e sorriu largo.
— Algo que eu só terei coragem de fazer com você junto. Bora pular na piscina? — Ela perguntou, arqueando as sobrancelhas.
— Só isso? Francamente, , não acredito que você faça isso só quando eu estou junto.
— Não assim! Pular da sacada. Ah, qual é! Não faz essa cara, . Você sabe que é divertido. Além do mais, a minha sacada dá diretamente pra piscina, não vamos morrer.
— Claro que não, podemos apenas nos quebrar, machucar alguma coisa que nos leve a morte, mas está tudo bem, certo? — Eu ironizei.
— Certíssimo! Precisamos nos arriscar, você sabe. É o que nos faz adolescentes. Aprontar sem pensar no depois, nas consequências que pode causar. Vem! Vamos? — Ela levantou-se e esticou a mão para que eu a segurasse.
— Ok, se nós morrermos eu mato você. — Eu falei.
— Certo... Fingirei que seu raciocínio tem algum sentido pra não perder a amizade, você sabe. — Ela sorriu largo e nós nos dirigimos a sacada.
Eu não acreditava no que estávamos fazendo. Éramos mesmo dois imbecis. Mas a sensação foi tão boa pelo pouco tempo que durou enquanto estávamos no ar, sendo engolidos pela água dois segundos depois. O riso de se transformou em um grito e eu voltei a superfície, a observando sair da piscina.
Nós passamos a noite no hospital.
Flashback off
passou por mim nas escadas, sorrindo amigavelmente. Eu odiava seu jeito tão amigável. Odiava por ser tão simpático comigo e tinha uma vontade louca de lhe dar um soco toda vez que sorria para mim. Fui até o quarto de , o abrindo. Ela estava tão linda naquele vestido longo branco. Estava completamente pronta, sentada em sua cama, sorrindo sozinha. Assim que me viu, deu um pulo e me abraçou.
— Ai meu Deus, ! Nem acredito que você está aqui! Estou tão feliz que veio. — Ela apressou-se em dizer e eu sabia que ela sorria.
— Você acha mesmo que eu faltaria? — Eu perguntei, beijando o topo de sua cabeça.
— Talvez. — Ela mordeu o lábio inferior, voltando a se sentar na cama e me chamando para sentar-me ao lado dela.
Assim que me sentei, apontei para a sacada.
— Estava me perguntando se você se lembra quando pulamos daqui e você quebrou o pé.
— Como esquecer? — Ela riu nasalmente. — Eu estava pensando em você agorinha. Olha, encontrei nosso álbum.
Ela pegou um pequeno álbum de fotografias completamente lotado de fotos e colocou em seu colo, o abrindo em um ponto onde uma fitinha vermelha marcava. apontou para uma foto em que estávamos lambuzados de sorvete. Tínhamos em torno de doze anos.
— Você me chamava de Miss Sorveteira, lembra? Ah, como eu tinha vontade de bater em você cada vez que fazia isso.
Eu sorri tristonho. Ela virou algumas páginas e eu fazia observações rápidas em meus pensamentos, sobre o que me lembrava. O dia em que ela fez dezesseis anos.
Flashback on
Eu andava pelo colégio a procura de . Tinha acabado de sair da minha aula de álgebra avançada e queria reclamar com ela, como sempre fazíamos. Também queria contar a novidade e entregar o presente de aniversário que eu tinha comprado no dia anterior. Eu olhava em volta do colégio, procurando aquela pequena garota. Eu mal podia esperar para lhe entregar o presente.
— Ei, você viu a ? — Perguntei à Jenny, uma garota que estava sempre com ela quando eu não estava.
— Lá, mas eu não iria atrapalhar agora... está com ela. — Ela apontou para o canto do corredor, onde duas pessoas se agarravam. Reconheci imediatamente os cabelos de .
Uma sensação horrível tomou conta de mim e eu senti meus olhos arderem e a garganta fechar. Nesse momento eu tive a certeza de que eu amava . Aquela era a maior prova que eu tinha. Eu me afastei rapidamente, indo direto para o banco embaixo do salgueiro, onde eu costumava ficar. Nenhum idiota entrava ali, talvez fosse por isso que eu gostava tanto de passar o tempo naquele lugar.
Eu perdi a noção do tempo e, quando percebi, aquela garota pequena estava ao meu lado, atirando a bolsa no chão.
— Eu estava procurando você por toda parte! — Ela sorria largamente e eu não pude deixar de pensar em como o sorriso dela era lindo.
— Ah. — Eu disse somente.
— Você nem sabe! Olha o que acabou de me dar. — Ela pegou a bolsa novamente e começou a remexer lá dentro e tirou uma pequena caixinha de música em forma de um coração. Ela levantou a tampinha e a bailarina começou a dançar ao som da melodia. — Lindo, não é? Eu preciso confessar a você, eu estou apaixonada por .
Eu deixei o queixo cair, sem saber se eu estava mais surpreso pela revelação ou pelo presente ser igual ao que eu tinha comprado para ela.
— Com certeza. — Eu falei. — Ah, bom.
Ela desfez o sorriso e franziu o cenho.
— Você não está bem. Ah, ! Não negue. Aconteceu alguma coisa, você sabe que eu leio você como leio um livro, você não esconde as coisas de mim.
— Eu estou bem, eu juro. — Sorri, tentando esconder qualquer vestígio da dor que me consumia por dentro.
Ela suspirou e continuou a contar sua história de como estava feliz com . Eu nunca entreguei a caixinha de música que tinha comprado para .
Flashback off
— Você tem noção de como isso passou tão rápido? Quer dizer, cara, parece que foi ontem que éramos duas crianças correndo e assistindo Barney e agora... Agora eu estou me casando com e você está prestes a sair em turnê com a sua banda.
virou a página, onde começavam uma série de fotos que tinha tirado dos dois juntos.
— Eu vou sentir falta desse tempo. Ah, . — Eu comecei e decidi não terminar a frase. — Você tem certeza disso?
— Absoluta. Eu amo o . — Ela respondeu. — Estou tão feliz por você estar aqui, . Eu ficaria muito triste se você não viesse.
Eu a abracei e se aconchegou em meu peito. Eu sentia como se nós dois nos chocássemos pela última vez. E, de fato, era isso que provavelmente aconteceria. O amor é uma droga. Eu sou um idiota. Eu gosto de sofrer.
me deixava cansado, me destruía por dentro e, mesmo assim, eu não conseguia me manter longe dela. Sentia que meu dever era protege-la, cuidá-la até o fim. Eu a amava tanto que meu amor por ela era quase palpável. Sempre me perguntara por que nunca tinha chegado para ela e falado a verdade, tudo que eu sentia. Acho que porque eu sabia que se eu fizesse isso iria acabar decepcionando-a ou a fazendo partir. Eu não queria isso, então era melhor esconder. Por mais duro que estava sendo para mim, por mais triste que era ver minha pequena , o amor da minha vida, se casando com outro cara, pelo menos eu estaria por perto para, nem que fosse, trocar meia dúzia de palavras de vez em quando. Para relembrar os velhos tempos. Com certeza, era melhor do que perde-la para sempre arriscando contar a verdade.
Uma lágrima escorreu de meus olhos e eu me apressei a limpar.
— Você não está bem. O que houve, ? — Perguntou, me olhando séria.
— Eu só... Nada. Eu estou bem.
— Fale a verdade. — Exigiu.
— Estou falando sério, estou bem. — Eu menti.
Eu queria gritar para ela, eu queria gritar para o mundo que eu não estava bem, porra! Bastava prestar atenção, eu não estava bem. Eu queria bater em alguém, chutar alguma coisa. Eu queria me jogar em algum canto e gritar ou apenas chorar. me lia como um livro, mas as páginas estavam tão rasgadas e desgastadas que era difícil que ela entendesse alguma coisa.
— Eu só estava me lembrando de como eu vou sentir sua falta. — Eu murmurei. — Eu amo você.
Deixei as últimas palavras escaparem.
— Eu também amo você, . — Ela sussurrou, me abraçando.
— Eu estou falando sério, . Eu amo você de verdade. Eu... Não sei porque estou falando isso agora, mas eu precisava dizer isso.
Senti minhas mãos começarem a suar e eu mordi o lábio, nervoso. me olhou séria, mais séria do que jamais tinha visto.
— Eu... ...
— Você me deixa tão cansado, . Você não sabe como vem sendo difícil, vê-la feliz com . Ver como vocês se olham, como sorriem quando estão perto um do outro, lembrar como nós nos olhávamos maliciosamente, como brigávamos, como voltávamos a nos falar dois segundos depois, como nos escondíamos no meio daquele bosque ali roubando comida da cozinha... E saber que isso nunca mais vai acontecer. De como nada que você e compartilham vai acontecer algum dia comigo e você. Eu sou uma piada. Uma linha sem um anzol. Olhe bem para mim, eu não estou bem!
Ela demorou alguns longos segundos que mais me pareceram uma eternidade para dizer alguma coisa. Eu me sentia mais leve por ter finalmente confessado isso, mas sabia que a partir de agora as coisas nunca mais seriam as mesmas.
— Por que você disse isso só agora, ? — Ela perguntou.
— Eu iria decepcionar você, te fazer sofrer ou partir. Sempre foi melhor desse jeito, escondendo. Eu não queria que você ficasse longe de mim por causa de um sentimento que não é recíproco. Eu só... Esqueça tudo que eu falei agora.
levantou meu queixo e segurou meu rosto com as pequenas mãos que agora estavam dentro de luvas brancas que iam até pouco acima do cotovelo. Ela sorriu tristemente.
Mordi o lábio inferior, segurando as lágrimas.
A porta se abriu e a mãe de entrou no quarto, sorrindo maternalmente para mim.
— Vocês estão prontos? Ah, filha. Você está tão linda.
Esqueci de mencionar o fato que o pai de morreu, certo? E que eu era o cara que levaria até o altar e a entregaria para , não é? Eu sou um cara tão idiotamente azarado.
Idiotamente azarado e que gosta de sofrer.
Levantei e estendi a mão para .
— Vamos?
Ela levantou, equilibrando-se no salto quinze que ainda a deixava bons centímetros mais baixa que eu.
— Claro. — Ela sussurrou.
Eu a observei; seu cabelo estava preso em um coque que deixava alguns fios para fora, caindo em curva. Uma coroa de prata com algumas pedrinhas transparentes segurava o véu acima da cabeça. Seu rosto tão delicado estava levemente maquiado e seus olhos verde azulados estavam destacados por um delineador preto e como se chama aquilo que as mulheres faziam pra ficar mais bonito? Esd... Escamado? Esfamado? Espumado! Seus olhos estavam espumados com uma sombra negra... Espera... É esfumado. Isso. Seus lábios estavam mais vermelhos que o tom natural e brincos pendiam de suas orelhas. Um colar... Ah não.
Coloquei a mão no pingente em forma de coração azul que ela carregava no pescoço. Eu tinha dado isso a ela em nosso aniversário de três anos de amizade.
Flashback on
tinha chegado de viagem fazia algumas horas e nós estávamos lá, correndo para o bosque da casa dela. Eu tinha nove e tinha oito. Duas crianças sem nada para se preocupar, felizes a sua maneira. Eu estava tão feliz que ela tinha voltado, por mais que eu tivesse muitos amigos naquela rua, nenhum deles era como . Nenhum deles me entendia como ela, nenhum deles sabia e gostava de brincar comigo como ela.
— Eu comprei algo pra você. Não é sempre que fazemos três anos de amizade, certo? — Ela disse, tirando do bolso um pequeno embrulho.
Ela sorriu para mim, seus dois dentes da frente tinham caído uma semana atrás. Eu não podia negar como ela tinha ficado fofa daquele modo. me entregou o embrulho.
Eu sorri largo para ela e o abri, revelando uma pulseira verde de amarrar. Meu nome estava escrito em letras brancas.
— Que lindo! Obrigado. — Eu disse.
— Não é? Eu comprei uma igual pra mim, com meu nome, claro. Nós vamos ser amigos para sempre! — Ela deu alguns pulinhos que me fizeram rir.
Peguei o pingente que eu tinha comprado pra ela. Um coração azul. Eu queria ter comprado um colar para coloca-lo também, mas não tinha conseguido. Todo o dinheiro que eu tinha economizado no pequeno porquinho eu havia conseguido comprar só o pingente. E eu estava tão ansioso pra entrega-lo a ela.
— Toma! É pra você. Não consegui comprar o colar, mas é só o pingente... Então... Desculpa. — Eu cocei a cabeça e entreguei o pequeno pingente a ela.
sorriu novamente e me abraçou. Nós ficamos abraçados ali, até nos atirarmos no chão e começarmos a rir sem parar.
— Obrigada. É lindo. É o melhor presente que eu já ganhei de amizade. — Ela disse, beijando a minha bochecha.
Eu nunca me esqueceria daquele dia.
Flashback off
— Eu não poderia entrar lá sem ele... Você sabe como isso é o meu amuleto de sorte, não é?
— Eu sei. — Minha voz saiu um tanto embriagada. — Eu só... Estou feliz por você. Obrigado.
— Obrigado pelo quê? — perguntou. — Eu acho que você não deveria me dizer obrigado, eu deveria pedir desculpa por... Você sabe.
— Obrigado por todo nosso tempo juntos. Você foi a... Melhor amiga que alguém poderia ter. Eu sempre me lembrarei da garotinha de covinhas que eu conheci na praia naquele verão e que viria a morar perto de mim logo... Que, diria, não é? Parece que foi ontem que nós ficávamos com nojo de pessoas que beijavam na boca nos filmes e dizíamos que nunca iriamos nos casar e hoje... Caramba. Eu estou presenciando você se casar.
— Talvez não seja a mesma coisa daqui pra frente entre nós dois, mas... Obrigada, . Por tudo. — Ela secou uma lágrima. — Eu não posso chorar.
— Pare com essa gayzisse, . Vem, você precisa entrar naquele jardim, você precisa se casar. — Eu disse a última palavra sentindo como se ela fosse uma faca atacando meu peito.
Ela riu um pouco e segurou minha mão. Nós dois descemos as escadas e eu me sentia um babaca. Um filho da mãe que gosta de sofrer. Agora eu via minha pequena melhor amiga que eu tinha feito a babaquice de me apaixonar tentando ajeitar o vestido de noiva ao pé da escada sorrindo mais do que eu imaginei que seria possível alguém sorrir. Agora a pequena garota que eu tinha conhecido na praia tinha um corpo lindo, estava vestida de noiva que caía perfeitamente nele. Os olhos dela brilhavam mais que as estrelas. Eu sorri largo para ela quando finalmente chegamos ao jardim e paramos onde começava o tapete vermelho.
Havia tantas pessoas ali. Elas se levantaram quando começou a tocar a música escolhida por . apertou forte a minha mão e segurou o buque na outra.
— Está na hora. — Ela sussurrou para si mesma. — Respira, .
— Eu estou aqui com você, não se preocupe. — Eu disse.
Ela sorriu e nós demos o primeiro passo, andando em cima daquele tapete vermelho. A cada passo que eu dava eu me sentia um pouco mais idiota e um pouco mais dolorido. Eu queria ir embora dali ao mesmo tempo que eu sabia que eu deveria ficar... Por . Ela precisava de mim. Pelo menos até ela falar o “sim”.
Quando finalmente nós paramos em frente ao altar e sorriu para mim e estendeu a mão para que eu apertasse, eu olhei para , que me abraçou forte.
— Eu amo você. Nunca se esqueça disso enquanto estiver em turnê. Sempre se lembre de mim. — Ela disse em meu ouvido.
— Eu nunca poderei me esquecer de você. Sempre se lembre de mim também, ok? — Eu sussurrei de volta.
Eu sabia que aquele abraço seria o último que trocaríamos antes de tudo mudar. As coisas não seriam mais as mesmas, eu tinha certeza disso.
Não conseguiria esquecer de . Simplesmente não conseguiria. tinha sido e ainda é uma das coisas mais importantes que eu já tive em toda a minha vida. Isso soa tão gay, mas não importa. Era a única verdade nisso tudo.
Com dor no coração, eu apertei a mão de e disse:
— Cuide dela, por favor. Se você magoá-la eu juro que corto suas bolas.
sorriu de leve e assentiu.
Eu não hesitaria em cortar as bolas dele, se quer saber.
Eu me afastei até o fundo do lugar. Eu não conseguiria assistir aquela cerimonia tão de perto. Eu não queria que visse o quanto eu estava mal.
Depois de todo aquele blá, blá, blá de casamento, finalmente chegou o momento do sim. disse sim firmemente e sorriu para . Quando chegou a sua hora, hesitou. Foram longos segundos de silêncio que chegou a passar pela minha cabeça que ela desistiria de tudo. Então seu olhar cruzou o meu.
Eu conseguia ver a dúvida em seus olhos, ver como ela estava nervosa. Eu tentei mostrar meu melhor sorriso a ela. Ela retribuiu o sorriso tristonho e olhou para frente. Sua palavra seguinte soou tão alta, tão certeira, que era quase impossível acreditar que ela tinha me olhado daquele modo dois segundos antes.
— Sim.
Eu suspirei e deixei cair algumas lágrimas.
Eles se beijaram apaixonadamente e tirou a luva para que colocasse a aliança. Então eu vi. A nossa pulseira ainda presa em seu pulso. Desgastada, mas continuava lá. Olhei para o meu pulso também, onde a minha de repente começou a pesar. Dei um meio sorriso.
Eu tinha certeza que me amava. Eu tinha certeza que eu amava . Não iriamos ficar juntos como um casal, mas nossa amizade era tudo que eu precisava. Era tudo que eu queria e eu sabia que ela seria suficiente.