Always and Forever

Escrito por Gabriela D.P. | Revisado por Isabelle Castro

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I, I want you forever, forever and always
Through the good and the bad and the ugly
We'll grow old together, and always remember
Whether happy or sad or whatever
We'll still love each other, forever and always
Forever and always, forever and always

  Era mais uma noite fria do mês de janeiro em Nova Iorque e eu havia planejado um jantar em nosso novo apartamento. Havíamos nos mudado semana passada e algumas coisas ainda estavam encaixotadas.
  Enfim, tudo pronto para comemorar mais um ano de meu namoro com Lorenzo. Estamos completando cinco anos juntos, mas este jantar tem um motivo a mais para ser especial, além de também ser a mesma data do seu aniversário eu tinha uma surpresa a mais para ele nesta noite.
  - Pronto... – posicionei uma pequena caixa ao lado do prato dele. – Acho que está tudo perfeito. – eu estava radiante, ansiosa por sua chegada, mal podia esperar para ver sua reação quando ele soubesse da novidade.
  Olhei para o relógio, logo ele chegaria, aproveitei para sentar-me a mesa e esperar. Minha mente voltou para hoje de manhã.

  Flashback

  Senti as mãos de Lorenzo envolverem minha cintura enquanto eu escovava meus dentes.
  - Feliz aniversário! – por estar com a escova ainda na boca, com certa dificuldade o parabenizei. Pude senti-lo sorrir da curva do meu pescoço. Então me distanciei um pouco e me abaixei para cuspir.
  - Bom dia, Wifey... – ele me girou de frente para ele.
  - Bom dia, calma ainda faltam alguns meses. O anel ainda está nesse dedo. – ergui a mão brincando.
  - Mas agora não estamos morando junto? Acho que tenho esse direito, não? – distribuiu vários beijos pela minha bochecha, queixo e nariz me fazendo gargalhar. Segurei seu rosto com minhas duas mãos e o parei por alguns instantes.
  - Decidiu o que vai querer para o seu aniversário? Será que devemos chamar seus pais e...
  - Não... – balançou a cabeça. – Hoje só nós dois no nosso cantinho. – sorriu e posicionou suas mãos em meu quadril me pressionando contra o balcão da pia. – Todos os anos passamos com amigos e nossos pais... Hoje quero só você pra mim. – como ele conseguia ter um sorriso malicioso mas tão suavemente gentil ao mesmo tempo?
  Suas mãos subiram até minhas cintura e então ele me impulsionou para que eu me sentasse à pia.
  - O aniversariante é quem manda. – rindo eu envolvi meus braços ao redor de seu pescoço e o puxei para um beijo apaixonado. Lorenzo rompeu lentamente o beijo e ficou me olhando por alguns segundos.
  - Sou maluco por você. Eu te amo tanto, sabia? – falou com aquela voz rouca que amava e ele me olhava tão profundamente que minha pele se arrepiou por inteira. Abri a boca para responder, mas fui interrompida pelos seus lábios colando aos meus novamente, em um beijo ainda mais intenso que o anterior, senti meu corpo entregue.

  Flashback off

  Sorri feito uma boba, mas é inevitável quando se trata de tudo que já passei com Lorenzo, sabe aquele sentimento de quando você encontrou “O Cara”? Desde o dia em que ele era apenas o garoto novo do prédio, até o nosso primeiro encontro. Bom, é assim que me sinto toda vez que estou com ele. Há cinco anos eu soube o que é uma pessoa que te completa, um melhor amigo que nos pequenos detalhes faz com que eu me apaixone por ele todos os dias.
  Olhei mais uma vez para o relógio da sala, estranhei que ele ainda não havia chegado. Peguei meu celular para ver se havia alguma mensagem avisando que se atrasaria, mas não havia nada. Aquilo só me deixou mais angustiada.
  A horas pareciam insistir em correr, minuto a minuto eu ficava mais ansiosa.
  – Ele já deveria estar aqui. – falei para mim mesma e logo me levantei para olhar pela janela. A rua vazia, ninguém passava pela calçada e um arrepio percorreu minha espinha e resolvi ligar para alguns de seus amigos, pois ele havia esquecido o próprio celular em casa. Lembrei que por seu aniversário, eles poderiam ter feito alguma surpresa a ele e... Passei as mãos pelos cabelos e peguei meu celular, apesar de estar um pouco nervosa, consegui achar alguns contatos.
  - Oi, Mike, o Lorenzo está aí com você? – tentei manter minha voz o mais tranquila que consegui.
  - Oi, Danielle. Não... Por quê? Aconteceu alguma coisa? – Mike perguntou claramente alarmado.
  - Ele comentou se iria em algum outro lugar depois do trabalho? – perguntei não conseguindo mais controlar meu nervosismo.
  - Não... Mas se eu souber de alguma coisa entro em contato...
  - Tudo bem, Mike... Desculpe incomodar a essa hora. Talvez ele passou nos pais dele... – engoli seco. Não queria mais perturbá-lo.
  Assim que desliguei, escutei um barulho de carro. Meu coração chegou a acelerar e corri de volta para a janela, mas infelizmente era apenas um carro que passou na rua e senti um aperto no peito. Cruzei meus braços, apreensiva, sem tirar meus olhos daquela rua, que parecia mais escura e vazia que o normal.
  Senti meu coração congelar, quando escutei meu telefone tocar em minha mão. Atendi o mais rápido que pude, sem ao menos olhar no visor quem era.
  - Alô? Lorenzo? – minha voz saiu um pouco falha.
  - Senhorita, Danielle? Aqui é do Hospital St. James... – assim que escutei uma voz estranha do outro lado da linha meu coração começou a bater na garganta. – Aconteceu um acidente e... – senti tudo girar e meu corpo amoleceu. A voz que falava comigo ao telefone parecia longe, um eco.

  Flashback on

  Dezembro 2015

  - O que você está fazendo, Lorenzo? – perguntei espantada quando em meio ao ringue de patinação no gelo namorado resolveu se ajoelhar a minha frente.
  - Não estraga o momento... – ele riu e quase se desiquilibrou quando tirou uma pequena caixa vermelha do bolso. – Danielle, eu quero você para sempre e todo sempre. Aceita casar comigo?
  Todos ao redor pararam para assistir e alguns até filmavam em seus celulares. Coloquei a mão no rosto, contendo algumas lágrimas, respirei fundo e disse em alto e bom som:
  - SIM. Eu aceito! – todos gritavam e aplaudiam. E quando tentei me abaixar para poder dar um beijo nele fui eu acabei me desiquilibrando e cai diante dele.
  Lorenzo não conseguia parar de rir e eu também me rendi aos seus sorrisos. Poderia alguém me fazer mais feliz que ele?
  Ainda sentados no gelo, ele segurou minha mão e colocou o anel.
  - Vamos envelhecer juntos... – ele disse. Eu concordei com a cabeça e sorrindo depositei um beijo leve em seus lábios.

  Flashback off

  Não sei como consegui dirigir todo trajeto até o hospital. Entrei a passos largos por aquela entrada toda branca e corri até a recepção. Logo uma enfermeira veio para me acompanhar.
  - Um rapaz que estava bêbado, acabou colidindo com o carro dele e... - ela conversava comigo, contando tudo o que havia acontecido, mas mal a escutava e tudo que eu conseguia era balbuciar algumas palavras sem sentido. Eu andava, mas me sentia fora do meu corpo. Estava tentando me manter forte, segurando todas as forças que ainda me restavam. Tudo que eu queria era vê-lo para saber que tudo ficaria bem, mas aqueles corredores pareciam infinitos, uma claridade que chegava a me cegar e a cada porta que passávamos, parecia que nunca chegaríamos.
  Até que finalmente paramos diante da porta de um quarto. Aquele apitar dos aparelhos, pareciam ecoar em meus ouvidos. Meu corpo estremeceu ao vê-lo naquele leito, todo machucado e envolto de tubos e ligado a aparelhos, mas respirei fundo e entrei. Sem derramar uma lágrima sequer, sentei-me à beirada da sua cama. Minha mão estava trêmula no momento em que segurei a sua e apertei com força.
  - Dani... – ele abriu os olhos e com certa dificuldade tentou sorrir. – Eu...
  - Calma... Estou aqui com você. Vai ficar tudo bem, logo vamos para casa... – falei sorrindo na tentativa de tranquiliza-lo ou seria melhor dizer para me tranquilizar.
  - Nossa casa... – ele respondeu baixo. – Nossa varanda....
  - Sim... Aquela que você ainda vai terminar de construir... – ri fraco, tentando conter as lágrimas que estavam prestes a cair. – Lá onde iremos apreciar o pôr-do-sol como fazemos todos finais de semana, onde também veremos nossos filhos correrem... – senti ele apertar mais forte a minha mão, meu coração disparou.
  - Filhos... – falou ainda com dificuldade e vi mais uma vez através de seus lábios cortados, brotar aquele sorriso que eu estava habituada e amava a cada dia mais. – Eu... Sei... – seus olhos se direcionaram para minha barriga.
  Não pude conter mais minhas lágrimas e desabei em sua frente, não soltando nem por um segundo de sua mão.
  - Como? Como você já sabe? – perguntei em meio a soluços.
  - Hoje de manhã... – ele falava pausadamente. – O teste de gravidez... – uma lágrima escorreu do canto de seu olho. E eu não conseguia dizer mais nada, apenas concordei com a cabeça e as lágrimas escorriam pela minha face.
  - Eu te amo... – falei com a voz um pouco rouca. Lentamente me aproximei de seu rosto e suavemente depositei um beijo em sua bochecha.
  - Na riqueza... Na pobreza... – ele falava baixinho. – Na saúde... – ele pausou. – Na doença. – me olhou fixamente e então me ocorreu algo naquele momento.
  - Enfermeira... – a chamei e me levantei da cama. – Eu preciso de um favor... Tem algum capelão disponível no hospital agora? – Ela me olhou um pouco surpresa, mas logo atendeu meu pedido.
  Alguns minutos depois ela voltou acompanhada de um padre.
  Ele falou alguns versos da bíblia e pegou o par de alianças que eu havia conseguido emprestado do casal do quarto ao lado e me alcançou. Algumas enfermeiras assistiam junto à porta eu meio a sorrisos e lágrimas.
  Segurei a aliança e coloquei em seu dedo e então olhei em seus olhos:
  - Eu quero você para sempre e todo sempre. Tanto nas horas boas quanto nas ruins. E sim nós vamos envelhecer juntos... – meu coração apertou. – E nunca esqueça que mesmo feliz ou triste ou o que seja, nós sempre nos amaremos, para todo sempre. – segurei forte em as mão. – Para sempre e sempre. – algumas lágrimas insistiam em cair.
  - Dani, eu... – sua voz saiu extremamente baixa e estanhei que nesse mesmo instante o bipe do aparelho começou a desacelerar. – Te amo pra sempre... – apertei mais firme sua mão. – Pra sempre e... Sempre... Por favor, lembre-se... - sua voz estava ainda mais falha. – Mesmo que eu não esteja mais aqui, vou... – Vou te amar... – com dificuldade soltou de minha mão e levou a sua próxima a minha barriga. - Vou amar vocês... para sempre e sempre.
  O silêncio prevaleceu no instante em que apenas um bip contínuo ecoou por todo quarto. As enfermeiras correram e ainda não conseguia acreditar no que estava acontecendo, fui afastada da cama por alguns médicos que tentaram reanima-lo, mas sem sucesso, aquele som contínuo e único adentrava em meus ouvidos. E por fim tudo que consegui ouvir foi:
  - Hora do óbito meia noite e trinta e seis.
  Todas minhas forças que ainda restavam se esvaíram de meu corpo e praticamente despenquei na poltrona do quarto, não conseguiria levantar dali tão cedo. Meu corpo estava petrificado, minha visão ficou embaçada e era como se meus pulmões não recebessem mais ar. A dor estava se tornando insuportável, mas ainda minhas lágrimas estavam contidas.
  Uma das enfermeiras aproximou-se e me entregou uma caixa com alguns pertences dele e algumas coisas que haviam resgatado do carro.
  Olhei aquela caixa em meu colo e sem vontade dei uma vasculhada, mas o que me chamou atenção foi quando encontrei uma embalagem de presente. Desembrulhei aquele pequeno pacote e meu coração apertou ainda mais ao abrir encontrei um pequeno ovo com um coração estampado nele e havia algo dentro dele, uma chupeta branca. Ao lado tinha um cartão pendurado.

“Não consegui me conter, a notícia que irei ser papai me deixou animado demais para esperar. Se queria me surpreender, deveria ter escondido melhor o teste hoje de manhã. Queria comprar o primeiro presente para meu bebê. Dani, te amo ainda mais. TE AMO para sempre e sempre.

Ass: Papai Lorenzo”

FIM



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