Alone

Escrito por Andressa Mendes | Revisado por Andressa

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  Tudo o que eu queria era não estar sozinha. Eu só queria você aqui... comigo. Mas pra quê? Pra você voltar a me xingar por dobrar suas roupas da maneira que você julga ser "errada"? Pra não poder mais conversar com os meus amigos porque você sente ciúmes? Pra não poder mais ir em festas e baladas porque você não gosta disso e não tem certeza de que eu não vá me envolver com outro homem?
  Tudo bem, pelo menos se você estivesse aqui eu não estaria sozinha. Com você me sinto mais forte, sabe o que é se sentir assim? Como se o céu pudesse cair que não me esmagaria... é assim que me sinto quando estou com você. É assim que eu me sentia.
  Até que você me largou.
  E agora eu estou aqui, chorando e lamentando o que posso ter feito de errado e o que deixei de fazer. Isso é justo? Eu acho que não. Será que está sentindo a minha falta? Será que eu tenho o direito de me preocupar com você mesmo depois de tudo o que fez comigo?
  Doeu.
  Doeu muito.
  Será que você não percebeu?
  Lembra da última carta que me escreveu? Foi quando minha mãe estava em coma... e você não estava aqui...

  Querida ,
  Sei que queria que eu estivesse aí com você, sei que eu deveria ter pego o primeiro avião para nossa linda cidade e te encontrado assim que eu soube da situação da sua mãe.
  Sei disso tudo e mesmo assim sou incapaz de fazer mais do que escrever essa carta com meias-verdades.
  Me perdoa , me perdoa por ser tão idiota a ponto de escrever essa mísera carta que provavelmente só lhe fará chorar mais.
  Temos que conversar.
  É sério dessa vez.
  Assim que eu chegar de viagem no final do mês quero que me encontre naquele lugar em que demos nosso primeiro beijo. Sinto muito pelo que estou lhe fazendo passar, você merece mais do que isso.
  Com pezar,
  .

  Eu chorei e gritei muito quando terminei de ler sua carta. Foi horrível! Foi cruel! Não se diz uma coisa dessas para uma pessoa, muito menos por carta! Você devia saber disso. Todos devem saber disso.
  Foi logo após terminar de ler isso que me dei conta do que havia acontecido. Você tinha me trocado por outra. E eu, boba, não vi o que estava bem na frente dos meus olhos.
  Ao sair de casa naquele fim de tarde encontrei a Márcia, aquela sua secretária, e mostrei a carta para ela. Sabe o que ela fez? Ela me abraçou e me deu tapinhas nas costas e depois disse que sentia muito e me pediu mil perdões.
  Não aguentei mais e corri para o hospital, sabia que logo o horário de visitas ia acabar, mas precisava falar com a minha mãe. Mesmo em coma. As mães sempre zelam pelos seus filhos e onde ela estivesse ela me ouviria.
  Contei para ela.
  Joguei pragas em você ali mesmo, na sala do hospital.
  Quando pensei que já não ia mais aguentar chorar ouvi o som dos aparelhos que estavam conectados à minha mãe mudarem de som. O barulho se tornou contínuo e quando olhei para a telinha ali ao lado vi as linhas que mostravam os batimentos do coração da mamãe serem substituídos por uma linha reta.
  Chorei mais ainda, mas agora as lágrimas não eram mais de raiva, eram de medo. Eu não podia perder minha mãe, não agora.
  Logo os médicos e enfermeiros chegaram e me tiraram a força da sala. Quando voltaram me deram a notícia: minha mãe havia deixado este mundo.

  Eu fiquei sozinha.
  O garoto que eu amava não só não retribuia o sentimento como também havia me traído. E nem para me olhar nos olhos e contar a verdade, havia escrito uma carta. Uma carta!!
  Minha mãe, meu porto seguro desde a infância. A barreira dos meus pesadelos e dificuldades... ela se foi.
  Eles se foram e eu fiquei.
  Sozinha.

FIM