All For You My Daisy

Escrito por Isadora | Revisado por Lelen

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1° capítulo

  – Você tem certeza que quer fazer isso? – perguntou minha mãe, mordendo o lábio e piscando. Como se eu pudesse desistir. Como se eu quisesse.
  Sorrio para ela.
  – Sim, mãe. Além do mais, não posso voltar atrás. Você sabe o quanto lutei, o quanto vocês lutaram. Não vou desistir disso assim, muito menos agora...
  Então ela sorriu em meio às lágrimas e me abraçou.
  – Se cuide, por favor, se cuide!
  Dou risada daquela preocupação exagerada.
  – Sempre. – respondo.
  – ! – ouço uma voz que conheço me chamar. Me viro. Minha melhor amiga está correndo na minha direção para me abraçar.
  – Você veio. – digo no meio do abraço. Eu estava surpresa, chocada e intrigada com a falta da capacidade de um certo alguém em não guardar segredos.
  – Claro, sua vaca, eu não ia te deixar ir sem me despedir! – ela disse. – Você não pode fugir de mim assim. Você não pode fugir de nada assim.
  – O foi quem disse que eu estaria aqui?
  Ela fecha a cara e cruza os braços diante da minha pergunta.
  – Sim. E eu queria saber por qual motivo você confia mais nele do que em mim... – então ela viu meu olhar de “não começa” e suspirou. – Tá, eu sei que não é a hora, mas eu fico achando que você não confia em mim! Poxa, , somos melhores amigas a vida toda, você sabe que pode confiar em mim.

  Desviei meu olhar. Será que ela não entendia que eu confiava nela? Essa conversa era tão boba e já estava ficando longa demais. Fiquei em silêncio. Não era questão de confiar. Se soubesse que eu iria hoje, ia tentar me impedir e fazer o maior escândalo.
  – A gente vai ter que conversar sobre isso um dia... – ela continuou.
  – Tudo bem, . – decidi concordar, aliás, era a pessoa mais teimosa do mundo. – Mas não agora, por favor. E você sabe o porquê de eu estar indo.
  – Deveria ter me contado que era hoje!
  – Eu não te contei porque sabia que você ia fazer tempestade em copo d’água! Eu te conheço, e decidi não contar, pois eu sabia que o não ia fazer nada... Parece que me enganei...
  Ela suspirou.
  – Olha, tudo bem. Não culpe o , ele não quer que você vá. Assim como todo mundo.
  – Ok... Mas é um ano só. Vai passar tão rápido, vocês vão piscar e eu vou estar de volta! Vai ser totalmente indiferente. – tentei convencê-la. Não preciso mencionar que não deu certo. Ela me olhou torto, franziu a testa e cruzou os braços outra vez.
  – Então por qual motivo você está indo? Fica! Se é tão indiferente, não vá! – ela continuou insistindo.
  – , por favor, não comece! Eu preciso sair daqui. Desse país. Preciso conhecer novas pessoas, uma nova vida.
  – O que há de errado com o Brasil? Eu amo esse país, porque as pessoas nunca valorizam?
  Mas aquela conversa estava começando a me irritar. Como a era teimosa, santo Deus!
  – Nada! Só preciso de lugares novos, como eu já te expliquei umas milhares de vezes. Preciso renovar a minha vida.
  – Eu entendo, mas... – ela começou. Tá, agora chega. Agora realmente chega. Todo aquele interrogatório estava se tornando chato, levando em conta que eu já discuti isso tantas vezes com ela, que conhecia suas palavras de cor. Ela não entendia. Ela não sairia daqui por nada.
  – Não, , não entende. – suspirei e continuei – Será que dá pra parar de tentar me fazer ficar? Porque eu não vou. E será que dá pra parar com o interrogatório? Eu te amo, mas você está lutando por algo perdido e sabe disso. Será que dá pra simplesmente me apoiar? Em um ano estarei de volta.
  – Tudo bem. – ela responde, cansada. – Eu nunca vou entender suas maluquices mesmo. Mas eu te amo e vou sentir sua falta.
  E assim que ela me abraçou pela segunda vez, apareceu andando em nossa direção. Quando ele nos alcançou, me soltou com lágrimas nos olhos (sentimental!) e tomou seu lugar.
  – , sua idiota! Você vai mesmo me deixar?
  – , seu completo babaca... Eu nunca mais te conto porra nenhuma! – falei, colocando ênfase no “nunca”.
  – Ela te encheu muito? – ele pergunta, achando hilário. Há há. Hilário.
  – Você tem ciência de quem estamos falando? Estamos falando da , mas é claro que ela me encheu muito! – falei, rindo.
  – Eu ainda estou aqui, obrigada! – ela disse, indignada, o que nos fez cair na gargalhada. Ao mesmo tempo em que uma voz anunciou meu vôo. Foi um momento de profundo silêncio. Eu não gosto do silencio. Ele me agonia. Então decidi quebrar logo e dizer alguma coisa.
  – Então é isso... – eu não sabia o que dizer, na verdade. Eu só não queria ficar daquele jeito com eles. São meus melhores amigos, é estranho demais ficarmos quietos. Eu não agüentava despedidas, sempre mexiam com o psicológico das pessoas, e todo mundo ficava mais sentimental. E eu não era muito desse sentimentalismo todo.
  – É isso... Espero que se divirta, . – responde , me fazendo sorrir com o apelido idiota do jardim de infância. – Vou sentir saudades, sua insuportável. Qualquer coisa... Me chame de algum jeito.
  – Eu te amo, seu babaca. – digo, abraçando-o outra vez.
  – Eu sei. Eu também me amo. – ele responde, rindo. Empurro-o, revirando os olhos e rindo. Eu não mereço mesmo.
  – ... Se cuida. Eu amo você muito. Não esquece. – diz , chorando.
  – Não chore , eu vou voltar.

  “Última chamada para o vôo de São Paulo com destino a Miami”. Dou meu ultimo abraço nos meus dois melhores amigos, e na minha família. Ao virar as costas e deixá-los para trás, parecia que uma parte de mim ficou: ela não estaria comigo no avião. Mas o resto de mim sentia que tudo isso ia me fazer muito bem.

  Essa sou eu, num avião para Miami, com o objetivo de chegar ao Arizona, em uma cidade chamada Tempe. Eu estava escutando música e pensando em como minha vida vai mudar a partir de hoje. E gosto disso.
  Minha vida toda foi tão sem graça, sem sal, sempre com as mesmas pessoas e mesmos lugares. Então, finalmente, decidi fazer algo que presta com ela: me inscrevi num programa de intercâmbio. Era perfeito para fugir.
  Assim, logo comecei a receber os e-mails da minha futura nova família. O sobrenome deles era Kirch. O Sr. e a Sra. Kirch tinham quatro filhos, todos meninos: Tim, o mais velho, Patrick, Matt e Bryan. Pelos e-mails, todos estavam felizes em me receber, eles mal esperavam. A Sra. Kirch ainda mandou fotos para que eu pudesse identificar cada integrante da família. Todos pareciam legais, receptivos e divertidos. E eu esperava que a minha nova vida fosse assim também.

2° capítulo

  Quando desembarquei do avião em Tempe e entrei no saguão do aeroporto, haviam muitas pessoas com placas, sorrisos, abraços de boas vindas, despedidas. Fiquei procurando algum membro da família Kirch, até achar uma placa escrita com o meu nome, me aproximo. Era o Sr. Kirch, sorrindo, acompanhado de um garoto que eu identifiquei como Matt.
  – Oi – disse, em inglês. Eu estava meio sem jeito.
  – Oi, , tudo bem? – perguntou o Sr. Kirch. Matt sorriu. – Fez uma boa viagem? 
  – Tudo bem. A viagem foi tranqüila. – Então sorri para Matt. – Oi, Matt.
  – Oi... Você sabe meu nome? – ele me olhou, surpreso.
  – Claro que sei, sua mãe falou de todos vocês para mim.
  Ele só me olhou, o que nos fez rir.
  – Ele ainda está meio chocado que vamos ter uma garota na casa. Você sabe, os quatro filhos são meninos.
  – Entendo. – sorrio – Mas Matt, pode ficar tranqüilo eu juro que não te mordo.
  Nisso, ele arregalou ainda mais os olhos, o que nos fez rir novamente.
  – Vamos lá, vamos levar a pra casa. – disse o Sr. Kirch.

PAT KIRCH’S POV

  – Mãe, você vai me levar pra casa do Jared hoje? Pro ensaio... – perguntei da cozinha.
  – Mas é claro que não, Patrick! – ela gritou da sala.
  – Mas por quê? Ah mãe... – comecei.
  – Patrick John Kirch, não comece! Não vai me dizer que esqueceu!
  – Esqueci o quê? E, - olhei em volta, achando a casa silenciosa demais – cadê o Matt?
  – Você esqueceu! – ela revirou os olhos – Hoje a , a aluna de intercâmbio vai chegar e eu quero todo mundo em casa para receber ela.

  Putz, eu me esqueci do assunto da casa. Todo mundo está falando nisso há séculos. Só porque vai ter uma menina na casa. Tim, Matt e Bryan adoraram a ideia. A minha mãe sempre quis ter uma garota depois de ter 4 meninos, e meu pai está muito animado. Bom, eu prefiro não tirar nenhuma conclusão precipitada.
  – É verdade, eu esqueci... – e então tive uma idéia – Mas o ensaio podia ser aqui pelo menos, mãe? Aí... A aproveitava e conhecia os meninos também, já que eles vão estar sempre junto comigo e tal...
  – Tudo bem, só não façam bagunça.
  – Pode deixar. – menti.
  Virei as costas e liguei para Jared. Pelo que eu ouvi do outro lado, aquela casa estava virando de cabeça pra baixo.
  – Alô, PAT? SEU BICHA CADÊ VOCÊ? – Jared gritou no outro lado da linha. Afastei o celular.
  – Não precisa gritar, cara!
  – Se for o Pat diz que ele é um... – começou Kennedy.
  – Vai se ferrar Kennedy, eu tô falando com o Jared. Vocês precisam vir pra cá ensaiar.
  – Por quê?
  – A intercambista vai vir aqui hoje e minha mãe quer todo mundo em casa. Ela não vai deixar eu sair.
  – Foge! – Garrett riu no outro lado.
  – Não dá! Ela vai me matar depois, cara.
  – Mancada! Mas tudo bem, estamos indo. – e desligou antes que eu pudesse responder.
  Deu quinze minutos e eles já estavam na minha porta. Fomos para a sala.
  – Espero que ela seja gata. – Kennedy disse.
  – Como se ela fosse dar bola pra você, Brock. – Garrett revirou os olhos.
  – Quem disse que não?
  – Ninguém nunca dá. – John disse, rindo.
  – Ah, como se ela fosse ligar pra você, O’Callaghan. – ele devolveu.
  John deu de ombros e sentou no sofá.
  – Elas não resistem. – ele respondeu, nos fazendo rir.
  – Não vão assustar a menina, ela nem chegou e vocês já estão achando que vão pegar ela.
  – Garotos, a chegou! – minha mãe gritou lá da entrada.
  – Hmmm, vamos ver a irmãzinha do nosso Patrick. – Kennedy falou, malicioso, já indo pra entrada.
  – Você é um babaca, Brock! – joguei uma almofada nas costas dele. Rindo, fomos conhecer a tal da .

3° capítulo

  ’s POV
  Quando o Sr. Kirch abriu porta, a Sra. Kirch, Tim e Bryan estavam nos esperando.
  – ! – ela sorriu e me abraçou – Estávamos todos tão animados para que você chegasse! Você é linda!
  – Obrigada! E eu estou muito feliz de estar aqui – disse, depois de cumprimentar todos.
  – Garotos, a chegou! – a Sra. Kirch chamou. Garotos? Eu achava que ela só tinha mais um filho... O Patrick. Então ouvi várias vozes masculinas rindo e conversando no outro cômodo. O primeiro que chegou para me dar oi, aparentemente, não era o Patrick. Tinha cabelo escuro e curto. Ao me ver, ele sorriu abertamente e estendeu a mão para me cumprimentar.
  – Kennedy Brock. – ele piscou. Ele era bem bonitinho, aliás.
  – – respondi, sorrindo e apertando a mão dele, quando ele me puxou para um abraço.
  – Ah não, Kennedy seu safado. Você não consegue ver uma garota que sai atrás. – disse um garoto ruivo que veio logo depois.
  – Ei, esse é o John, e não eu. – Kennedy disse, revirando os olhos.
  O ruivo ignorou o comentário.
  – Oi, meu nome é Jared Monaco. – ele disse, sorrindo. Mas antes que eu respondesse, um garoto de cabelos castanhos e compridos entrou na sala empurrando os dois. Esse era definitivamente Patrick.
  – Licença vocês dois, que eu saiba é na minha casa que ela vai ficar. Vocês já assustaram a menina, ela deve estar achando que a gente é um bando de louco.
  – Como se não fosse. – Kennedy falou.
  – Oi, eu sou o Patrick... Mas eu prefiro Pat. – ele disse, me abraçando.
  – Oi, Pat! Eu sou , mas eu prefiro . – sorri.
  Ainda tinham mais dois garotos que entraram na sala: um moreno de olhos claros e um loiro alto, bem alto, de olhos verdes. E, meu Deus, que olhos verdes... O moreno me cumprimentou timidamente, falando “Garrett Nickelsen” e sorriu. Eu sorri de volta, respondendo com o meu nome, mas sem prestar muita atenção no que eu estava dizendo, pois o loiro continuava sorrindo lindamente para mim, o que me fez sorrir de volta.
  – Oi... Eu sou John. John O’Callaghan. – ele falou, ainda sorrindo.
  – .
  E  então não sei por quanto tempo meu cérebro dormiu, pois John continuava me olhando e eu olhando pra ele.
  – Ih, fodeu já. Justo o John? – o Pat disse rindo, o que fez todos rirem e a Sra. Kirch falar um “Patrick!” indignada. Então eu resolvi fingir que nada tinha acontecido.
  – Foi um prazer conhecer vocês.
  – Prazer é todo nosso, querida. – respondeu a Sra. Kirch gentilmente, fazendo os meninos esconderem umas risadas. – Agora vou mandar o Tim mostrar o quarto pra você.

  Assim que Tim me ajudou com as malas e me mostrou o quarto, eu desci e encontrei os meninos sentados no sofá conversando.
  – ...Eu acho que a gente precisa de músicas novas.
  – Eu também acho.
  – Mas a gente precisa pelo menos de um cover.
  Fiquei tão concentrada na conversa deles que nem percebi que estava ali parada até eles me chamarem.
  – E o que você acha, ? – Pat perguntou.
   – Eu? – perguntei confusa.
  – Não, não! – ele revirou os olhos e riu – Claro que sim né, tem outra aqui?
  – Vem aqui, . Vem ver a gente ensaiar. – John me chamou. John...
  – Er... – me sentei no sofá ao lado de Jared. – Qual o nome da banda de vocês?
  – The Maine. – eles responderam.
  – Legal! – falei interessada. – Tipo o estado?
  – Sim, mas na verdade veio de uma música do Ivory. – disse Garrett.
  – Coast Of Maine – disse John sorrindo, o que me fez sorrir também.  – Só colocamos o “The” na frente.
  – E qual é o evento? – perguntei.
  – Vamos tocar no festival local – respondeu Pat – Precisamos tocar cinco músicas.
  – E precisamos caprichar.
  – É a primeira vez de vocês? – pergunto.
  – Não, já tocamos várias vezes aqui em Tempe. – Kennedy responde.
  – Então fica mais fácil... – sorrio – Vocês podem tocar dois covers e três músicas de vocês.
  – E que covers você sugere? – pergunta John.
  – Bem... É... – droga! Por que sempre que ele perguntava alguma coisa eu tinha que agir igual idiota? Então pego o meu iPod numa tentativa de achar um artista. – Eu amo Oasis. Mas eu acho que vocês deveriam tocar alguma coisa animada e bem conhecida, que todo mundo saiba cantar. Tipo... Aquela música do Akon.
  – AKON? – eles perguntaram juntos sem aprovação. John agarrou um microfone invisível e cantou:
  – I wanna love you, love you, you already know, I wanna love you, you already know, girl
  A voz dele me causou arrepios. Até zoando uma música desse jeito eu conseguia perceber que ele cantava bem. Apesar disso, eu ri com eles.
  – Fala sério, Akon? – perguntou Garrett, torcendo o nariz.
  – Todo mundo sabe cantar, e é bem animada.
  Eles se entreolharam e por fim concordaram. Então eu resolvi perguntar:
  – Posso escutar vocês tocando?
  – Claro que pode . – respondeu Pat, que riu ao ver a careta que eu fiz por causa do apelido. – Mas a gente só tem uma musica.
  – Cantem pra mim então!
  – A música se chama We All Roll Along. Espero que você goste . – John disse piscando. E eu me arrepiei de novo. Mas qual era o meu problema? Isso era só porque ele era bonito. Que idiota que eu sou.
  – Me surpreenda, O’Callaghan. – disse. Ele sorriu e a música começou.

I remember every night we spent on weekends
(Eu lembro de cada noite que passamos nos finais de semana)
With good friends

(Com bons amigos)
We did nothin' but it seems like we did so much
(Não fizemos nada mas parece que fizemos muito)
Back then
(Voltar)
Oh back then we would kick it and laughin' all relaxin' and taking things for granted
(Oh, voltar para quando nós poderíamos não fazer nada, rir, relaxer e não nos preocupar)
We did anything just for a little rush…
(Nós fazíamos tudo por um pouco de adrenalina)

  A voz de John era linda, e ele ficava sorrindo de um jeito que me deixava derretida por ele.

Just don't forget this, we won't regret this
(Só não se esqueça disso, nós não nos arrependemos disso)
We've got one chance to get it right
( Nós temos uma chance para corrigir)
We're alive and we drive to the center of it
(Nós estamos vivos e indo para o centro disso)
Where we know we're all fine and this just can't be it
(Onde nós sabemos que estamos bem e não pode ser assim)
And in the end we all know we only breathe for so long
(E no fim nós todos sabemos que nós só respiramos por um certo tempo)
So tonight's the night
(Então essa noite é a noite)
We all roll along
(Nós todos rolamos juntos)

  Eu achei a música particularmente muito linda, e quando ela chegou ao fim eu bati palmas.
  – Muito bom! – eu disse.
  – Está surpreendida, ? – John perguntou.
  – Quem sabe, O’Callaghan, quem sabe. – pisquei e sorri, saindo da sala. Droga. Esse garoto realmente conseguiu mexer comigo.

4° capítulo

  A hora que a Sra. Kirch nos chamou para jantar, os garotos passaram por mim, mas uma mão me puxou pelo braço. Levei um susto ao ver que o dono da mão era John. Ele sorriu e colocou alguma coisa na minha mão. Não é necessário mencionar o que isso causou.
  – Seu iPod, . Você deixou lá.
  – Obrigada, O’Callaghan, mas eu ia conseguir pegar depois. Aliás, eu moro aqui agora, lembra?
  Ele ergueu as mãos e falou:
  – Nossa, tudo bem! É assim que você me retribui depois que salvei seu iPod?
  – Meu herói! – disse revirando os olhos, mas não consegui evitar um sorriso. Passou um instante em que ficamos em silêncio, um observando o outro.
  – Será que os dois mocinhos vão vir jantar ou vão ficar aí, se comendo com o olho? – Garrett imitou a voz da Sra. Kirch lá da cozinha, o que fez os outros rirem e eu e o John nos afastarmos. Para descontrair o momento, ele perguntou:
  – De que país você veio, ?
  – Do Brasil. – respondo. Na hora os cinco se entreolharam e ergueram a sobrancelha.
  – Brasil... Sempre quis ir pra lá. – John diz.
  – Talvez a te leve algum dia! – riu Kennedy que estava do meu lado. Revirei os olhos e John riu.
  Enquanto o jantar passava até a hora que eles foram embora, eu tive certeza que tinha encontrado o lugar em que eu ia ser feliz.

  Eu estava escutando música no meu quarto e nem podia acreditar como três semanas tinham passado tão rápido. Pat se tornou definitivamente um irmão pra mim, e Garrett, Jared, Kenny e John também... Ou quase isso. Enquanto eu pensava, Pat entrou no meu quarto com uma cara séria. Cara séria? Pat? Devia ser piada.
  – Ei Pat.
  – Olha , preciso falar com você – ele diz.
  Tiro meu fone de ouvido e abaixo o livro.
  – Fala aí.
  Ele senta na minha cama.
  – Er, então... Eu preciso te falar umas coisas importantes. Mas...
  – Mas? – perguntei curiosa. Odiava quando faziam isso.
  – É difícil...
  – Fala Patrick! – falei sem paciência.
  – Ih, calma... Então é o seguinte... – ele respirou fundo – Toma cuidado com o John.
  – Ahn, como assim? – perguntei com o coração acelerado.
  – Olha, , ele é o tipo de cara que pega todas, sabe? Todo mundo aqui em Tempe conhece ele assim. Ele é um dos meus melhores amigos, mas é assim que é. As garotas que ele pega não passam de uma noite, e ele sempre acaba falando merda pra elas, mesmo que sem querer. E por que eu tô te falando tudo isso? Porque você é minha maninha e eu não quero que você se machuque.
  Fiquei quieta, digerindo a informação. John não parecia o tipo de pessoa que faria isso, mas quem era eu pra falar alguma coisa? Eu só o conheço há um mês, e o Patrick há muito mais tempo.
  – Patz, você não acha que está exagerando um pouco? Tipo, eu trato o John do jeito que trato você e os outros. – respondo.
  – Qual é , eu vejo o jeito que você olha pra ele. E o jeito que ele olha pra você.
  – Nada a ver, Patrick! Eu não olho de jeito nenhum pro John! Ele é tipo meu irmão!
  – Eu só te conheço faz um mês, , mas eu vivo na mesma casa que você e já aprendi como você é. E eu sei que você tá mentindo e não é só pra mim, mas pra você mesma. De qualquer jeito, toma cuidado.
  Fiquei em silêncio.
  – Pat?
  – Oi?
  – Quando é mesmo o festival?
  – Daqui um mês, mais ou menos.
  – E as duas músicas?
  – Nada até agora.
  – Pat?
  – Hm?
  – Vocês conseguem tá? Vocês são muito bons.
  Ele sorri e me dá um chute de leve.
  – Não esquece do que eu te falei.

JOHN O’CALLAGHAN’S POV
  Estávamos prestes a começar o ensaio quando Pat virou pra mim e disse:
  – John, preciso falar com você.
  Nessa hora, todo mundo parou o que fazia pra prestar atenção. Pat? Falando sério? Esperei ele falar alguma coisa nada a ver e dar risada, mas ele não disse então pode ser realmente sério.
  – Fala. – respondi.
  – Então... É sobre a .
  Sobre a ?
  – Então...
  – É o seguinte John, não magoe ela.
  Eu ri.
  – John, não é engraçado, pára, eu tô falando sério!
  – Qual é Pat. Eu magoar a ? Eu... A gente nem tem nada junto. De onde você tirou essa?
  – Eu te conheço John. Sei como você é com as mulheres e eu acho que nem preciso te lembrar. E eu vi vocês se olhando. Todas as vezes. Na real, todo mundo viu. Vocês podem não ter nada, mas com certeza vocês querem! Só não faça com ela o que faz com todas... Ela é diferente, Jo. Ela não é qualquer uma.
  Eu não sabia o que responder. Não adiantava eu me ofender com as coisas que ele disse porque elas eram totalmente verdadeiras.
  – Pat, dude, – coloquei a mão no ombro dele – relaxa. Não tem nada acontecendo. Ela é a , como uma irmã pra mim.
  – Vocês sempre falam a mesma coisa – ele suspirou. – Mas eu disse o que tinha pra dizer.
  – Parem de ser gays e venham ensaiar, pelo amor de Deus. – Garrett disse, e Pat mostrou o dedo do meio pra ele.
  – De todas as pessoas, nunca achei que o PAT ia conseguir dizer algo sério. – falou Kennedy, nos fazendo rir.
  – E aí John, alguma idéia de música? – perguntou Jared.
  – Não ainda... Mas a gente dá um jeito nisso. I Wanna Love You do começo?
  Enquanto ensaiávamos, fiquei pensando no que o Pat falou. Mas ri mentalmente. Eu não sabia o que eu sentia de verdade pela , mas Pat estava certo, ela era diferente. Eu sou John O’Callaghan, todos sabem como eu sou. O que eu sentia definitivamente não era amor.

5° capítulo

’s POV
  Depois do que Pat falou, nas duas semanas que se seguiram eu fiz o possível para ficar longe do John e só observar ele. Eu não precisei fazer muito esforço, ele me evitou também, o que me fez pensar que talvez ele não fosse pra mim. Talvez Pat esteja certo... Meu MSN piscou.

   diz: E aí amiga, como vai a pesquisa incessante sobre John O’Callaghan?

  Eu tinha contado todos os detalhes de tudo para a , e toda vez que eu entrava, ela me perguntava isso. Mas convenhamos... Pesquisa incessante? Ela estava exagerando.

   diz: Acho que o Pat está certo.
   diz: Por quê? O que aconteceu?
   diz: Não. Ele está meio que me evitando.
   diz: Mas o Pat falou alguma coisa pra ele também?
   diz: Eu acho que não... Ele não é desses assuntos com os amigos e muito menos o John. Se você o conhecesse, ia ver que quase não tem possibilidade dele falar disso. Por isso que eu achei estranho ele vir puxando esse papo.

  Então Patrick me chamou lá de baixo.
  – ? , desce aqui!

   diz: Em todo caso eu vou lá pra baixo, ! O Pat tá me chamando...
   diz: vai lá! Tchau, beijos e me conte se alguma coisa acontecer.

  Fechei o MSN e desci as escadas imaginando o que ele queria. Quando cheguei lá embaixo, os meninos estavam lá com uma bola de futebol na mão.
  – Vamos lá, , só falta você pra completar seis e ficamos num número par! – Pediu Pat.
  – É , vamos lá, afinal de contas você é brasileira né? – riu Garrett.
  Ri e respondi:
  – Hm, então tudo bem!
  Tentei não olhar para John. Eles sorriram e fomos todos para fora. As traves acabaram sendo quatro cadeiras.
  – Tudo bem, qual é o time? – perguntei.
  – Eu, você... Garrett? – Pat começou e Garrett concordou com a cabeça.
  – Mas isso não vai ser muito justo... Eu não sabia que eram homens contra mulheres. – John debochou.
  – Vai se foder John. – Garrett respondeu enquanto Jared e Kennedy riam.
  – Que foi, O’Callaghan? Com medo de perder? – provoquei, fazendo-o rir ainda mais. – Tudo bem, você tá rindo agora, espera só você perder pra ver quem vai rir. – respondi, com wows gerais. John jogou a cabeça pra trás, rindo. Depois se aproximou de mim. Se aproximou demais.
  – É isso que você pensa. – ele disse sorrindo. Eu quase esqueci de tudo, que ele era um babaca e que ele vinha me evitando quando ele sorriu e me olhou com aqueles olhos verdes. Mas eu me afastei e disse:
  – Vem gente, vamos mostrar pra eles.

  Mas acabou que eles não eram ruins. E eu e o Garrett não éramos tão bons. Muito menos Pat no gol. No momento Kennedy quase tropeçou na bola, e eu sai atrás e roubei dele. Corri o mais rápido que podia indo na direção a Jared, sentindo que eu ia marcar um gol. No instante seguinte, eu senti algo no meu pé e cai no chão. Quando abri os olhos a primeira coisa que eu vi foi verde. Verde. Ou melhor, olhos verdes. O John caiu em cima de mim? Fiquei sem reação enquanto ele sorria e murmurou um “ops”. OPS?

  – FALTAAAAAAAAA! O’Callaghan passou um carrinho em mim! – gritei.
  John parou de sorrir e se levantou com um olhar confuso. Ele esperava que eu o deixasse ficar em cima de mim desse jeito? Eu até queria, mas isso não vem ao caso.
  – Eu precisava impedir o gol, né?
  – Me avisa quando quiser me matar. – falei.
  – Eu não te mataria desse jeito.
  Estúpido. Mostrei o dedo do meio pra ele.
  – Tá nervosa porque vai perder? E o espírito esportivo?
  – NÃO ESTOU NERVOSA! E a gente vai ganhar! – falei com raiva.
  – Da próxima vez que você quiser ganhar certifique-se que eu estou no seu time.
  – Você é metido demais, O’Callaghan! Eu prefiro perder.
  – É isso aí! Aceitar é o primeiro passo. – ele riu.
  Soquei o braço dele, e ele riu ainda mais.
  – A gente está parecendo duas crianças!
  – VOCÊ é criança! – falei.
  Então ele começou a rir. E a risada dele era tão contagiante... Tão linda.
  - O’Callaghan qual seu problema? – perguntei. Mas ele continuou rindo. E eu não consegui segurar a risada, porque a cena tava hilária: ele estava quase se jogando no chão de tanto rir.
  - Ei, qual a piada? – Pat perguntou enquanto se aproximavam de nós.
  – John... – comecei. – Pára de rir, cala boca.
  Ele sorriu pra mim e parou.
  – O amigo de vocês é problemático. – falei por fim.
  – Ok. E a novidade? – Jared perguntou.
  – Ei que tal a gente comer alguma coisa agora? – perguntou Pat.
  – É, vamos lá pra dentro, eu também to com fome. – Garrett disse.
  – Por quê? Só porque vocês perderam? – John provocou.
  – O’Callaghan não me faça jogar essa bola na sua cara. – eu disse. Ele ergueu as mãos em sinal de rendição e sentou no chão.
  – Vamos comer de uma vez. – Kennedy decidiu por todo mundo. Todos foram pra dentro, menos John que ficou sentado.
  – Hey, . – ele me chamou antes de eu entrar. Me virei.
  – Hm?
  – Desculpa por te derrubar.
  – Tá.
  – ?
  – H-hm? – respondi com a voz meio falha ao perceber que ele se aproximava de mim. A essa altura estávamos só a centímetros de distância. Ele se abaixou um pouco pra ficar da minha altura. Nossos rostos ficaram quase colados e meu coração acelerou. Como se fosse sair pra fora da boca. Ele fechou os olhos e eu fiz o mesmo. Sua boca encostou na minha.
  – Eu disse que ia vencer. – ele sussurrou.
  Me afastei apesar dos arrepios que ele me causou.
  - Eu não acredi... – comecei, mas ele me interrompeu me puxando pelo braço e colocando um dedo na minha boca.
  - Shhh...
  Então colocou a mão no meu rosto e eu fechei os olhos. Não queria mais lutar contra ele. Ele colocou seus lábios nos meus e me beijou. Suas mãos envolveram minha cintura, e meus braços seu pescoço. E o beijo ficava cada vez mais intenso, e eu não queria parar. John começou a beijar meu pescoço e eu comecei a me arrepiar toda. Droga, ele sabia como mexer comigo. “Ou com todas” pensei. “Ele é o tipo de cara que pega todas, sabe?”  ouvi a voz do Pat ecoar na minha cabeça. “As garotas que ele pega não passam de uma noite”. Então eu o afastei e ele me olhou confuso pela segunda vez no dia.
  – O que...? – ele começou a falar, mas me puxou pra ele de novo.
  – Não... Chega John.
  – Por quê?
  – Eu... Não vou ser só mais uma, O’Callaghan.
  – Você não é igual elas...
  – Ah é?
  – Sim. Você é diferente.
  Ri.
  – Olha pra você, você nem sabe o que está dizendo!
  – Não sei. Mas você... Você mexe demais comigo. O seu olhar, seu sorriso e até o jeito que me evita. Tudo.
  – John...
  – Shhh... - ele pegou meu rosto e levantou. – Me diz, eu sei que você sente alguma coisa por mim.
  – John, eu não tenho garantia nenhuma de que você não vai fazer comigo o que faz com todas.
  – Eu te garanto...  Eu... Você é diferente.
  – Como eu vou saber? John você precisa mostrar isso.
  – Eu estou.
  – Não, não está! – falei. Bom, ele realmente era um cara que não pensa antes de dizer. Ou de fazer. Mas eu? Eu não ia deixar ele me machucar. Por mais que quisesse ele. – Quer saber? ESQUECE!
  – ...
  – Esquece, O’Callaghan!
  E entrei, deixando ele sozinho lá.

6° capítulo

JOHN O’CALLAGHAN’S POV
  Enquanto dirigia pra casa, eu não conseguia parar de pensar nela. Em como ela mexeu comigo desde a primeira vez que eu a vi. Tudo bem que meu pensamento foi o mesmo de sempre “caralho, que gata”. Mas conviver com ela foi o suficiente pra perceber que eu não ia ter ela do mesmo jeito que conseguia todas. Ela era bem resistente, mas não consegue me enganar, ela sentia alguma coisa por mim. Por mais insignificante que fosse. E o que me fazia ficar mais ligado e preso a ela? O jeito que ela sempre... Brincava comigo. Eu sentia algo diferente por ela, definitivamente. Eu só tinha que descobrir o que era. Liguei o rádio para me distrair desses pensamentos. Era uma letra romântica que eu estava prestes a mudar, mas continuei ouvindo por razões desconhecidas.

She knows exactly what to do
Whenever I’m alone with her
I can barely make a move
By the time she opens up her eyes”

  É. Ela decididamente sabia como agir para me deixar cada vez mais preso a ela. E quando eu olhava nos olhos dela, eu mal conseguia me mexer.

She sings to me at night
She is singing ba da da da da da da da
I know that she barely knows me
And I’m fake in love with her
It’s like I’m singing karaoke
And I forgot the second verse”

  Ela mal me conhece… E a sensação que eu tinha era exatamente essa: cantar karaokê e esquecer o próximo verso. Incerteza, confusão e um pouco de nervosismo.

 “But I can make up my own words
Oh Dakota, I know our love is new
I barely know ya, I’ve fallen over you
It’s the way you do the things you do
That makes me fall in love with you
Oh, Dakota, are you in love with me too?”

  É, eu mal conheço ela e estou deixando ela brincar assim comigo. E sim, era exatamente pelo fato de ela ter o jeito dela de fazer as coisas que me faz ficar tão ligado. Ela era única. Então foi aí que me dei conta da completa idiotice. Eu me identificando com músicas românticas? Desliguei o rádio, recuperando a sanidade. A hora que cheguei em casa, corri para o quarto e escrevi. E toquei. “John você precisa me mostrar isso” ela disse. Eu ia mostrar.

7° capítulo

’s POV
  – ! Corre aqui! – gritou Pat lá da sala.
  – JÁ VOU! – gritei de volta. Levantei-me do sofá e falei para Matt: – Desculpa Matt, pausa o jogo que eu já volto. Vou ver o que o louco do seu irmão quer.
  Desci e encontrei-o com os meninos lá.
  – Que foi? – perguntei.
  – Hey , senta aí! O John fez uma música e queremos saber o que você acha. – Garrett disse.
  Olhei pro John e então sentei. Ele sorriu e disse:
  – Se chama “Daisy” – e nesse momento ele olhou pra mim. Ignorei. Eles começaram a tocar e não é necessário informar que me arrepiei toda assim que John começou a cantar.

I picked you up
And lifted your wilted frame into the sun. 
I was taken back

Yeah I was taken back, 
And by the time I caught my breath,
 
You had blossomed into something

That I did not expect.
And if it takes all night, 
I swear I'll wait, 
For you, 
Forever.

Sunlight, sunshine, 
All for you my daisy. 
We're getting this before you leave, 
All for you my daisy.

  E enquanto ele cantava, fixava seu olhar e sorriso em mim, eu já sabia quem era a Daisy dele (por mais estúpido que isso possa soar). Mas eu estava confusa. Eu não sabia o que fazer. Eu sabia que ele iria falar comigo depois do ensaio e não estava nada preparada. Eu tinha muita coisa na cabeça, só pensamentos. Penso mas não faço nada: a prática é o meu problema.

You're a wreck and you know, 
You've got me wrapped around your finger, 
Like a boy tangled in vines, 
But i've figured you out. 

And now we're here, 
We're so confused, 
And I wish that there was some way that I could tell you. 
Sunlight, sunshine, 
All for you my daisy. 
We're getting this before you leave, 
All for you my daisy
.

  E dessa vez quando ele disse ‘you’, ele apontou pra mim. Eu não conseguia mais prestar atenção na letra... Eu ficava olhando pra ele. John chegou perto e segurou minha mão. Aqueles olhos verdes estavam perto demais agora.

All for, all for, all for you my Daisy
All for, all for, all for you my Daisy

  E então eu não consegui conter um sorriso.

  – E aí ? O que achou da música? - John me perguntou enquanto os garotos subiam para jogar vídeo game com o Matt.
  – Impressionante. – respondi. Ele sorriu, ainda caminhando comigo.
  – Ela foi pra você.
  Silêncio. Eu não achei que ele ia ser tão direto.
  – É mesmo?
  – Sim.
  – E para quantas você já fez músicas? – perguntei quase desistindo desse jogo idiota de ser forte. Eu sei que eu sou fraca, por que eu não estava sendo fraca? Eu sou fraca! E mesmo assim minha resposta saiu firme. O sorriso dele desapareceu e o olhar dele entristeceu. Merda!
  – , para. Você é a única e você sabe. Você é minha Daisy. – ele disse segurando minhas mãos. Eu queria muito me entregar pra ele. Mas uma parte de mim parecia hesitar quanto a isso. Eu não ia suportar me entregar pra ele e depois ser só mais uma. Soltei minhas mãos das dele.
  – Ah é? E quem me garante que depois disso tudo que você tá falando eu não vou ser só mais uma na sua vida, O’Callaghan?
  – Eu garanto pra você, , para com isso, por favor.
  – John, você tem uma banda... Você é lindo – falei sem pensar e corei – e milhares de garotas correm atrás de você nessa cidade e...
  – Você é quem eu quero, é tudo que eu quero. – ele respondeu sorrindo. Devia estar se achando porque chamei ele de lindo. Hunf.
  Ele colocou uma das minhas mãos no coração dele e fechou os olhos. Eu não sabia o que fazer, como sempre. Fechei meus olhos e ele chegou mais perto. E os nossos lábios se encostaram e eu decidi me entregar. Porque eu queria beijar ele de novo. E porque eu definitivamente me sentia diferente em relação a ele. Nossos rostos estavam colados...
  - Hey vocês dois! – Pat apareceu e nos olhou. E então ele percebeu que interrompeu alguma coisa. Assustados, nos afastamos. – Err... Foi mal. – e subiu. Eu corei e subi logo atrás dele. DROGA, PATRICK!

8° capítulo

ALGUNS DIAS DEPOIS...

  – Mas que droga! Eu ainda preciso ir nesse jantar idiota? – Pat reclamou com sua mãe enquanto os meninos jogavam vídeo game e eu pegava um copo de água.
  – Sim, e não discuta! Agora... Vai se trocar.
  Pat revirou os olhos e subiu. A Sra. Kirch já estava pronta e muito linda com um vestido vermelho e cabelo preso em um coque.
  – Desculpe , o jantar é muito importante, eu não consegui desmarcar.
  – Tudo bem... Aliás, a senhora está muito linda. – falei, o que a fez sorrir.
  – Obrigada... Então, Tim meio que tem que vir junto então... – ela olhou para os meninos – já que vocês estão se dando tão bem eu achei que vocês poderiam cuidar dela.
  Garrett foi quem respondeu.
  – Pode deixar, vamos cuidar da . – ele sorriu.
  – Sim, ela está em ótimas mãos. – John riu e eu senti as segundas intenções por trás das palavras dele. Acho que a Sra. Kirch também.
  – Obrigada meninos. Só não desvirtuem a garota antes mesmo das aulas começarem! – ela disse, nos fazendo rir.

  – Bom... – disse John – não vamos ficar aqui até eles chegarem, não é? Bora pro 8123.
  – 8123? – perguntei. – Tipo... Aquilo que você falou na sua música?
  – Sim, exatamente lá. – ele sorriu para mim, já abrindo a porta da casa – Eu dirijo.
  – Que perigo. – brinquei e ele riu.
  Chegando lá, descobri que 8123 era um estacionamento em que eles costumavam se encontrar quase sempre. Começamos a zoar uns aos outros, o que gerou muitas risadas e os papos mais estranhos. Eles começaram a contar as milhares de histórias que viveram nessa cidade. Não consegui parar de rir por um instante.
  – Bom, eu to com sede, hora da cerveja. – Kennedy disse, já indo buscar no carro.
  – Você contrabandeou cerveja pro meu carro? – John perguntou.
  – Ah, claro! Finja que nunca fez isso John De Repente Certo O’Callaghan. – Kennedy riu e olhou pra mim. – Quer ?
  Torci o nariz. Cerveja é repulsivo, o pior gosto de todas as bebidas.
  – Não, obrigada. – respondi.
  – Qual é? – Ken perguntou – Você é puritana ou o que?
  Mostrei o dedo do meio pra ele.
  – Não, babaca, eu não gosto de cerveja.
  – Wow, ok, ok! E você, John?
  – Não, por hoje eu passo.
  – QUÊ?
  – Um dos que sabem dirigir precisa ficar sóbrio, dude! A ainda não sabe...
  – Tudo bem, cara, você que sabe.
  – John O’Callaghan recusando cerveja? Essa é boa. – Jared riu.
  – Vão beber seus filhos da puta, e parem de me encher!
  – Seu desejo é uma ordem!
  Conversamos até Jared, Garry e Ken perderem a lucidez. A essa altura não sobrara nenhuma lata cheia de cerveja e os três riam e se abraçavam, o que fazia eu e John rirmos da situação.
  – Dude, acabou a cerveja! – falou Ken com a voz enrolada.
  – Mas já? – Jared falou num tom bobo.
  – Ah não, ah não. – Garry disse e eles começaram a rir. John olhou pra mim, rindo, e disse:
  – Acho que tá na hora de levar esses três bêbados pra casa. Concordei.

JOHN O’CALLAGHAN’S POV
  Deixei-a na porta e ela ficou me observando.
  – Hey John? – ela começou.
  – Oi? – respondi.
  – Obrigada por hoje. Eu nunca ri tanto na vida. Foi muito legal mesmo.
  Sorri.
  – De nada. Esses caras bêbados são uma comédia mesmo.
  – Você também deve ser – ela disse sorrindo.
  – É, talvez.
  Então o silêncio voltou. Eu não queria deixar ela sozinha, mas tenho medo do que ela vá pensar se eu disser que vou ficar.
  – Então... Acho que vou... Entrar.
  – É, tudo bem. – falei.
  – Então... Tchau...
  – Tchau. – me aproximei dela e beijei sua testa.
  O’Callaghan, your loser! Na testa?  Mas ela sorriu e entrou.

  Eu dirigia pra casa quando meu celular tocou. Olhei no visor “Patrícia”. Demorou um tempo pra eu lembrar que era como coloquei o nome do Pat. Atendi.
  – HEY DUDE! – falei.
  – John... – mas não era a voz do Pat. Era a .
  – ? O que houve? – perguntei já dando meia volta com o carro. Pra ela me ligar, alguma coisa aconteceu.
  – Nada, é que... Não tem luz aqui. E essa casa nem é minha... E eu... – ela ficou em silêncio. – Eu meio que tenho medo do escuro. E eu não quero ficar lá fora até eles chegarem e... – ela parou de falar. Mas eu estava sorrindo. Tinha como uma garota ser mais... Fofa (gay)?
  – Já dei meia volta , fica aí dentro que eu já chego. Lá fora é meio perigoso. – falei ainda sorrindo.
  Ela soltou a respiração.
  – Obrigada, obrigada mesmo John.
  – Que isso...
  – Então, até.
  – Até.
  E ela desligou.

’S POV
  Eu não conseguia acreditar que tinha mesmo ligado e dito aquilo... Mas eu tenho esse medo desde sempre. E é um medo desesperador, não é qualquer medinho. Eu não ia conseguir ficar sozinha até os Kirch chegarem. Já estava ficando meio desesperada e considerei a hipótese de ir pra fora quando a porta bateu e John sussurrou:
  – ?
  Abri a porta correndo.
  – John... – abracei-o. – Obrigada.
  – Hey, de nada. Você tem mesmo medo, não é?
  – Sim, e não me zoa ou eu bato em você.
  Ele riu.
  – Ok, ok... Bom. Vamos achar velas? Já que vamos ficar por aqui...
  – Mas... – medrosa de novo? Droga. – Mas tá tudo escuro...
  Ele pegou na minha mão.
  – Segura minha mão bem forte que eu não vou te deixar sozinha. - Nesse momento quase o abracei de novo, mas dessa vez pra nunca mais soltar. Por que tão fofo?
  Achamos as velas e as acendemos na sala.
  – Tá com sono?
  – Só um pouco... – respondi sentando meio afastada dele. Ele me olhou.
  – Olha eu não vou te morder. A menos, óbvio, que você implore muito.
  Joguei uma almofada na cara dele, mas me aproximei. Fechei os olhos. Eu realmente estava cansada. Eu meio que me desliguei e deixei minha cabeça cair no ombro dele. Acordei imediatamente.
  – Ops. – falei sem pensar.
  – Ei, ei. Pode deixar. – ele disse encostando minha cabeça em seu ombro.
  – Obrigada... Quer dizer. Obrigada por tudo hoje. Mesmo. Não sei o que eu teria feito sem você.
  Ele sorriu e me fez deitar no seu colo. Apreciei demais a iniciativa.
  – Então, eu me lembro de você dizer que curte Oasis...
  – É... É meio que minha banda preferida. – respondi.
  – Cause maybe... You’re gonna be the one that saves me... – ele começou com aquela voz maravilhosa.
  – ...and after all, you’re my wonderwall... – completei sorrindo. – Eu sou apaixonada por essa música.
  – É, eu também... Mas tem outra que eu gosto e tem tudo a ver com... Bem, tudo isso.
  – Qual que é? – não perguntei o que era “tudo isso”, pois obviamente sabia a resposta. Eu. Ele. Nós dois.
  Ele se aproximou do meu ouvido e sussurrou:
  - “Who kicked a hole in the sky so the heavens would cry over me?” – ele começou.
  – Continua... – pedi. A voz dele me acalmava.

Who stole the soul from the sun
In a world come undone at the seams?

Let there be love
Let there be love

I hope the weather is calm
As you sail up your heavenly stream
Suspended clear in the sky
Are the words that we sing in our dreams

Let there be love
Let there be love
Let there be love
Let there be love

  Ele estava cantando uma das músicas que eu mais amava: Let There Be Love, do Oasis. E é claro que fazia sentido. Fechei meus olhos e me perdi em sua voz.

Come on, baby blue
Shake up your tired eyes
The world is waiting for you
May all your dreaming fill the empty sky
But if it makes you happy
Keep on clapping
Just remember I'll be by your side
And if you don't let go
It's going to pass you by

  Enquanto ele repetia a música, eu tinha certeza de que sua voz era meu lugar preferido.
  “Let there be love...”
  Ele cantou o ultimo verso e sorriu.
  – John?
  – O que?
  – Você tem a melhor voz que eu já ouvi.
  – ?
  – O que?
  – Vai dormir. Você já está falando coisas sem sentido. – ele riu.
  Belisquei-o.
  – Autch! Louca!
  – Você tem talento. Muito talento.
  – Pra que talento se a única coisa que eu quero é você? – ele suspirou.
  Fiquei vermelha e sorri sob á luz fraca das velas.
  – John?
  – Que foi?
  – Acho que você também precisa dormir. – nós dois rimos.
  – Acho que sim. – ele disse e deitou ao meu lado.
  – Vontade de nunca mais sair daqui. – falei.
  – Então não saia. Fica aqui comigo. – ele disse.
  Sorri outra vez.
  – John você tem certeza que não bebeu?
  Ele riu.
  – Vai dormir, sweetheart.
  – Sweetheart? – ele perguntou.
  – É... – falei me arrependendo.
  Ele sorriu.
  – Devia me chamar mais vezes assim.
  – Sweetheart é fofo. – admiti.
  – Assim como eu.
  – Af, sai daqui convencido! – bati nele rindo.
  – O sweetheart aqui não gosta que batam nele. – ele diz e eu reviro os olhos.
  – Não vou mais te chamar assim!
  – Tá bom, parei, juro!
  – Boa noite, O’Callaghan.
  – Boa noite, .
  Dou risada.
  – Boa noite tá?
  – Você já disse isso. E como pode ser uma noite ruim com você aqui?
  Com isso, sorri e fechei os olhos. Aquele foi um dos melhores dias da minha vida e eu devia tudo a John O’Callaghan.

  No meio do sono comecei a ter pesadelos estranhos. Do estilo filme de terror em que todo mundo morre. E realmente, por todo lugar que eu passava havia corpos. , , Garre, Ken, Jared, Pat, Tim... Passei por uma parede e no fim do corredor iluminado, lá estava ele. John. Ele sorriu pra mim e eu sabia que aquele pesadelo tinha acabado. Ele vinha em minha direção sorrindo, e eu sorria também. Então alguma coisa aconteceu: tudo ficou escuro.
  - John? – sussurrei desesperada. Então o corredor se iluminou outra vez e mostrou coisa muito pior que o escuro: John ensangüentado no chão. Arregalei os olhos e fui em sua direção, chorando. – John! Não por favor, não o John, não ele...
  Então alguma coisa me puxou pelo pé e senti que eu seria a próxima...

  Acordei assustada. John continuava ali. Respirando. Ele abriu os olhos devagar.
  - Ei... O que foi? – perguntou.
  - Pesadelo, só isso. – respondi.
  - Já passou tá? Deita aqui comigo, vem. – e fechou os olhos de novo adormecendo. Ele parecia um anjo assim, e fiquei ali olhando pra ele por mais alguns momentos, sorrindo feito boba. Eu estava certa de que nada me aconteceria com ele ao meu lado.
  Com esse pensamento, dormi.

9° capítulo

JOHN O’CALLAGHAN’S POV

  Quando Pat e a família dele chegaram em casa, a deveria estar no 11° sono. A luz não tinha voltado ainda e a Sra. Kirch se assustou comigo aqui.
  - John? – sussurrou – Querido, o que faz aqui?
  - não quis ficar sozinha nesse escuro, e como os outros três estavam bêbados eu fiquei aqui. – respondi.
  - E você não estava bêbado? – Pat perguntou debochando.
  - Eu resolvi me comportar hoje, já que ia ter a , não podia deixar ela com quatro bêbados sozinha, não é mesmo?
  - Sei... E o que aconteceu ai? – ele perguntou desconfiado.
  - Nada, Pat. A gente deitou aqui e dormiu.
  - Sei!
  - É sério.
  - Tá bom.
  - Tá.
  Pat me olhou com uma cara de quem não tinha se convencido. Peguei a no colo e a levei para cima no quarto dela. Quando estava quase saindo, ela sussurrou:
  - John...
  Merda... Ouvir ela sussurrar meu nome assim...
  Eu não sabia se ela estava acordada me chamando ou se estava só sonhando comigo. Sorri. Ela sonhando comigo... Soava muito bem pra mim.
  - ? – respondi.
  Mas ela não falou mais nada. Olhei pra ela. Parecia um anjo. E talvez fosse.

  Cheguei ao meu quarto pela segunda vez na semana com a mesma sensação: muitas coisas querendo sair de dentro de mim. Então ri da minha própria cara. Essa menina... Essa está me transformando em alguém que não sou. Canções de amor e nada de cerveja? Eu ainda não tinha saído atrás de nenhuma garota... ESSE não era John O’Callaghan. “Você não voa porque tem medo de cair”. Sacudi a cabeça e peguei meu violão. Toquei algumas coisas aleatórias e comecei a pensar nela. Então tudo saiu naturalmente.
  - She thinks I’m crazy... judging by the faces that she’s making...

“And I think she’s pretty
But pretty’s just part of the things she does that amaze me”

  Parei e sorri ao tocar o verso seguinte

She calls me sweetheart
I love it when she wakes me
And it’s still dark
And she watches the sun
She's the only one I have my eyes on”

  Parei pra pensar. E tudo veio da forma mais natural possível.

  - Caras... Vamos cancelar um cover! – disse pra eles no ensaio do outro dia. Faltavam exatamente quatro dias para o festival e eu tinha conseguido compor as tais músicas.
  - O quê? Por quê? – Jared perguntou.
  - Porque eu consegui compor a música que faltava e mais uma.
  - Jura? – Garrett perguntou surpreso.
  - Juro. Agora prestem atenção que só temos quatro dias.

10° capítulo

’S POV
  Como hoje era o dia da apresentação no festival, os meninos estavam fazendo a maior bagunça para tentar aliviar a tensão. Zoaram todas as pessoas possíveis e deixaram a Sra. Kirch totalmente louca com a guerra de almofadas (a qual eu acabei sendo forçada a me envolver) que bagunçou a sala toda.
  – Bom, é melhor irmos antes que vocês virem a casa de cabeça para baixo! – ela disse olhando para os meninos. – Então... Ah, acho que teremos que ir com mais de um carro...
  – Eu dirijo um, mãe. – Tim falou.
  – Tudo bem! Bryan e Matt vão conosco... Tim, você leva Pat e os meninos... – então ela olhou para mim e bateu a mão na testa. – Oh meu deus! Eu esqueço que agora estamos em mais...
  – Eu a levo, Sra. Kirch. – John falou de repente sorrindo para mim. Sorri timidamente de volta.
  – Mas se eu for incomodar... – comecei.
  – Hey, que isso , desde quando você virou incômodo? E eu vim dirigindo pra cá, de qualquer forma. E no carro do Tim só cabem três atrás, estou certo que Pat vai querer ir com os caras. – ele disse. Ai, O’Callaghan.
  – Levaria mesmo John? – Sra. Kirch perguntou.
  – Sem nenhum problema. – ele falou voltando a sorrir.
  – Tudo bem então! Vamos indo. – ela disse e se virou em direção à garagem. Pat nos encarou.
  – Tô de olho... – ele falou e depois saiu. Eu e John nos entreolhamos e rimos da cara dele.

  Enquanto ele dirigia, permanecíamos em silêncio, exceto pelo rádio. Eu queria ter certeza do que estava acontecendo entre nós dois. Se é que estava acontecendo alguma coisa. Quer dizer... Ele cantou Let There Be Love pra mim. E fez Daisy. E me beijou. E todas aquelas coisas fofas que ele fez/falou pra mim aquela noite? Como se lesse meus pensamentos, ele pediu:
  – No que está pensando?
  Pensei em fugir da realidade e dizer ‘nada’. Mas aonde isso iria me levar? O melhor jeito de descobrir era tentando.
  – Em mim. Em você. – respondi. Ele me olhou com o canto do olho.
  – Você quer dizer em nós.
  – É. “Nós”.
  – Por que as aspas?
  – Como sabe que foi aspas?
  – Eu percebi no seu tom.
  – Eu... - E não achei resposta. Então olhei pra fora da janela. Por que ele tinha que ser assim? Por que não podia simplesmente perceber que não dá pra gente ficar junto sem eu saber o que está acontecendo primeiro?
  – ... Não vira a cara pra mim. Eu sei que... – ele tirou uma mão do volante para pegar a minha. – Eu sei que você tá confusa com tudo isso. Eu só não sei mais o que eu tenho que fazer pra você largar suas inseguranças e perceber que quem eu quero é você.
  Ao ouvir essas palavras meu corpo todo tremeu, e um frio na barriga inexplicável. Bom, talvez nem tão inexplicável assim. Eu sorri imediatamente. Eu não sabia o que responder, realmente não sabia. Eu apertei a mão dele e o olhei.
  – Você não precisa dizer nad– ele começou. Eu dei um selinho rápido nele e o abracei pela cintura enquanto ele dirigia.
  – John, você sempre foi fofo assim ou...?
  – Não. É só com você, . – ele respondeu sorrindo. Sorri também. – Hey, olha. Tenho uma surpresa pra você hoje. Quer dizer... Duas.
  – Duas surpresas? E não pode me contar agora não? – perguntei.
  – É... Não. E não adianta fazer essa carinha, , eu não vou contar. – Ele riu ao me ver fazer bico.
  – Eu disse que você era fofo? Retiro o que disse, O’Callaghan, você é malvado.
  – É... Pode-se dizer que sim.
  Eu ri e ele me acompanhou. Depois de um tempo caí no sono ainda segurando sua mão. Então ele me acordou.
  – Ei ! A gente chegou! Acorda aí ou vai perder o show. E eu não iria querer isso...
  Abri os olhos e me deparei com os dele e um sorriso. Aqueles olhos verdes e aquele sorriso que faziam qualquer garota querer tirar a roupa. Quer dizer... Ah, é isso mesmo. Ele tinha aberto minha porta e estava fora do carro me esperando. Estendi minhas mãos pra ele me ajudar a levantar e ele me puxou pela cintura, me encostando no carro. Eu coloquei minhas mãos no seu pescoço e ele sorriu e chegou mais perto...
  – E AÍ JOHN, VOCÊ TÁ AÍ! VAMOS PRA LÁ LOGO! – Pat chegou tirando John de mim.
  – Ei, calm- – John foi protestar, mas Pat o arrastou pra longe.
  – O Patrick é muito inconveniente mesmo! – uma menina loira de olhos verdes falou ao meu lado rindo. Eu não a reconheci. Sorri ao invés de dizer alguma coisa. – Ah, a propósito, meu nome é Samanta. Pode me chamar de Sam.
  – Oi, Sam, eu sou a ! . – falei cumprimentando ela.
  – Ah, sim, a “irmã” do Pat. – ela sorriu – O Kennedy adora você. Todos eles na verdade.
  Sorri.
  – Eu amo todos eles também. – então voltei a olhar pra ela. De repente o nome me ficou familiar relacionado com o do Kennedy... – Ei, espera. Você não é a namorada do Kennedy? A Samanta né? Ah, nem acredito! – a abracei depois que ela assentiu. – Esse puto me paga, ele nunca nos apresentou direito!
  – É, eu vivo dizendo que estava na hora de me deixar conhecer a famosa ! E aqui estamos nós. – ela riu. – Bom, acho que tá na hora da gente ir pra lá esperar eles entrarem. Vem comigo?
  – Claro!

11° capítulo

’S POV
  Eu estava sentada lá com a Sam na primeira fila esperando ansiosa os meninos tocarem. Então o apresentador subiu ao palco e anunciou:
  – E agora senhoras e senhores, com vocês o mais novo sucesso do Arizona, os meninos de Tempe... Eles são o The Maine!
  Aplaudi freneticamente. Eles entraram no palco: estavam todos tão felizes com aqueles sorrisos, mas eu podia perceber um pouco de nervosismo na expressão de cada um. John sorriu pra todo mundo daquela forma que só ele sabia fazer. Sorri também. Sam ao meu lado deu uma risada. Virei pra ela.
  – Que foi? – perguntei.
  – Tá na cara! Você é louca pelo John! – ela falou rindo.
  – Tá tão na cara? – perguntei envergonhada.
  – Não... Conhecendo o John ele ainda deve estar duvidando de tudo que você sente por ele... Mas eu sou menina, , eu conheço esse olhar e esse sorriso. É o mesmo que eu dei quando vi o Ken pela primeira vez.
  – Awn, que linda! – falei sorrindo igual a uma boba agora. – Eu só acho... Acho que ele não sente o mesmo que eu, entende? Ele me fala as coisas mais lindas do mundo, mas...
  – Mas?
  – Eu sinto que ele fala isso pra todas.
  – Que tipo de coisas?
  – Bem... Ele me disse uma vez “pra quê talento se tudo o que eu quero é você?” – sorri com a lembrança. – E hoje ele disse que não sabia mais o que fazer pra eu largar minhas inseguranças e perceber que ele só me quer... E... Ele cantou “Daisy” pra mim... – comecei a ficar sem fala. Meu coração acelerou. Falando tudo isso em voz alta para uma presença feminina (algo que não acontecia desde que eu saí do Brasil) me fez perceber o quão idiota eu estava sendo em ficar insegura. John já tinha me dado todos os sinais possíveis e eu só pensei em não me machucar. Eu sou tão egoísta... Sam sorriu e olhou para frente.
  – Acho que você já tem sua resposta... – ela disse. – Aposto que tem muito mais do que você me contou.
  – Como sabe?
  – Seu olhar.
  – É... Acho que fica mais fácil de admitir com uma presença feminina. – falei rindo. Ela riu também. Os meninos começaram a tocar We All Roll Along e eu virei também. Cantei a música que já conhecia. Em seguida cantaram I Wanna Love You do Akon e sorri lembrando que fui eu quem sugeriu. E eles fizeram um bom trabalho: ficou com uma pegada mais rock. Arrisco-me a dizer que bem melhor que o próprio Akon. “I wanna love you, love you, you already know...” E eu sentia o olhar do John em mim e acabava sorrindo mais e mais... Assim que terminaram foi a vez de Daisy, a qual eu fiz questão de cantar inteirinha enquanto John sorria pra mim. E eu não ligava para as garotas que gritavam seu nome e diziam ‘GATOOO!’ porque eu sabia que no final aquela música era pra mim. Depois de Daisy, John disse que a próxima música era nova e se chamava Count ‘em One Two Three. Escutei com atenção.

You count ‘em one two three
Oh you look so cute when you get that mad
You drain life from me and it feels oh so good
The looks you give are so contagious
The way we move is so outrageous

  Sorri. John continuava sorrindo pra mim o que me fez pensar que a música fosse pra mim. E isso me deixava muito feliz.

Just let me in
We’re wasting time
Just let me in
Let’s make it right

  Esse John… Não fui eu que só percebi que aquilo tinha alguma malícia. Sam me olhou rindo e eu fiquei vermelha.

So stay up and get down
Sleep's just time spent wasting time
So get down yeah get down
Let's make it happen all night

  Depois a platéia toda já tinha pegado a música e estavam cantando. Eles realmente conquistavam qualquer um. Quando acabou John parou e sorriu pra todo mundo.
  – EI PHOENIX! Vocês são demais. – John riu com os gritos vindos da parte de baixo do palco. – A próxima música é muito especial pra mim. Assim como a pessoa em quem eu me inspirei. – Ele sorriu na minha direção. Meu coração quase parou. Outra música? – O ritmo vai desacelerar agora, tudo bem? – ele perguntou e recebeu aprovação do publico. – Essa se chama “I must be dreaming”. E sim, essa é a surpresa. – ele sorriu. É claro que ninguém tinha entendido. Ninguém. Só eu e ele. E isso me deu vontade de tirá-lo do palco e ter ele só pra mim. Porque ele estava na frente de centenas de pessoas, mas tinha acabado de falar algo para que só eu entendesse.

Oh she thinks I'm crazy
Judging by the faces that she's making
And I think she's pretty
But pretty's just part of the things she does that amaze me
And she calls me sweetheart
I love it when she wakes me when it's still dark
And she watches the sun
She's the only one I have my eyes on

  E as lembranças me vieram: eu e ele deitados no sofá. Eu o chamando de sweetheart, eu o acordando por conta do meu pesadelo...

Tell me that you love me
And it'll be alright
Are you thinking of me?
Just come with me tonight
You know I need you
Just like you need me
Can't stop, won't stop
I must be dreaming

  O refrão me fez derrubar uma lágrima. Eu nunca ia imaginar que ele ia fazer algo do tipo. Aquela música era a coisa mais linda que eu já tinha ouvido na minha vida toda. E o melhor? Era pra mim.
  - ? – Sam perguntou.
  - Hm? – respondi emocionada.
  - Você conseguiu... – ela falou.
  - Consegui o que? – perguntei.
  - Você fez o que ninguém nunca fez. John Cornelius O’Callaghan V é oficialmente apaixonado por você.
  Sorri como nunca sorri antes. Eu ainda olhava John cantar no palco e foi naquele momento que eu soube. Do mesmo jeito que aquela música era minha... Eu era do John.

12° capítulo

’S POV
  Depois do festival fomos todos para uma lanchonete comemorar. Os garotos estavam muito felizes pela quantidade de gente que estava lá. John me puxou para um canto e com toda aquela agitação ninguém percebeu.
  - Então... – ele começou a falar com as minhas mãos na dele. – Você gostou das músicas?
  Como resposta, coloquei minhas mãos envolta de seu pescoço.
  - Eu amei. Elas não podiam ser mais perfeitas, John!
  Ele sorriu me puxando para mais perto dele.
  - E elas eram só pra você.
  Então decidi que era hora de falar algo que estava guardando havia muito tempo. Algo que eu estava muito certa de estar sentindo.
  - John... Durante esses dias e após tudo que aconteceu com a gente eu quero te falar uma coisa.
  - Fala amor.
  - John Cornelius O’Callaghan V eu te...
  - JOHN! Você está aí! – uma garota chegou perto de nós. Ela tirou os meus braços do pescoço dele e lhe deu um abraço. Excuse me... What? – Estive te procurando! Para te dar parabéns pelo show maravilhoso! E QUE voz hein, O’Callaghan? E aquelas músicas, quem era a sortuda da vez?
  Espera... A sortuda da vez? Encarei os dois esperando uma explicação.
  - É... Obrigado. – e foi só isso que ele respondeu. E mais nada. Fiquei em silêncio para que a garota soltasse o que era MEU e voltasse pra sei lá onde. Ela tinha me interrompido durante um momento muito importante e agora estava aqui... Complicando a minha vida.
  - Ah, você está ocupado! – ela, SABIAMENTE, percebeu. Então deu uma risadinha e me deu uma olhada de cima a baixo que me fez ter vontade de sentar minha mão na cara dela. Quem ela pensava que era pra me olhar daquele jeito? Mas nada se comparou ao que ela falou depois. – E sem mim dessa vez? Nada certo isso, não é?
  Virei pra ele cruzando os braços e esperando que respondesse. Ou que falasse alguma coisa, porque estava fingindo que era mudo. Mas a menina cujo o nome eu ainda não sabia, não se tocava e não calava a boca. Ou ela realmente se tocava e estava ali pra destruir minha noite. Algo que ela estava conseguindo com muito êxito.

  - Quem é a garota da vez, O’Callaghan seu galinha? – ela perguntou. Ela só estava falando essas coisas para me irritar e era evidente que estava conseguindo. Por isso ela exibia aquele sorrisinho tosco na cara. Então John resolveu usar o dom da fala.
  - , essa é a . E ela não é ninguém e já está indo embora! – ele disse.
  - Não me maltrata assim Jo! Você sabe que não adianta. – ela riu olhando outra vez para mim como se fossemos amigas do primário. – Temos TANTAS histórias...
  - , chega.
  - Apresenta a gente direito pelo menos! Quero conhecer a sortuda da vez...
  Ela colocou ênfase no ‘da vez’ como se eu fosse só o casinho da noite.
  - Essa é a ... Minha... - silêncio. Eu fiquei esperando pra ver o que eu realmente era. Então ele completou. - Amiga. – E então aquelas palavras causaram o pior impacto em mim. Segurei minhas lágrimas. Na frente das outras eu era a ‘amiga’ dele? É claro. Tão claro que só eu não tinha percebido ainda. Claro que ele percebeu que falou a coisa errada. E percebendo a cena abriu o sorrisinho mais ridículo do mundo. Eu ia arrancar os cabelos dessa garota fio por fio na primeira oportunidade. Tudo aquilo me machucou profundamente, mas eu não ia dar satisfação pra nenhum dos dois. Eu não ia quieta. Ri ironicamente.
  - Sim, John e eu somos graaaandes amigos. E que lindos vocês dois! – fingi animação – Tantas histórias não é mesmo? Eu a-do-ra-ri-a ficar aqui e escutar, mas tenho outros lugares para ir.
  John sentiu todas aquelas frases carregadas de ironia e ficou assustado. Bom mesmo que tenha ficado.
  - você vai aonde?
  - John querido não se preocupe. Vou deixar vocês dois a sós que, eu tenho certeza, era o que você queria!
  Ele fechou os olhos.
  - para com isso, por favor. Você sabe que eu não quero nada com ela então por qual motivo está fazendo isso comigo?
  - Quer saber pra aonde eu vou mesmo O’Callaghan? Pra longe de você e dessa loira falsificada.
  - Gente, o que foi que eu fiz? Eu não sabia que eram um casal eu não queria causar problemas... – ela começou com a falsidade evidente.
  - Não, Mel, amor! Fica. Fica com ele pra você. – agora olhei para o John – Ele é bem seu tipo. Se você tiver sorte quem sabe ele compõe uma música pra você também, não é? – falei animada.
  - ... Para. – ele disse.
  - Não, O’Callaghan.
  - ...
  - John, para com isso. – Ele me agarrou pela cintura. – Para agora.
  - Não vai por fa-
  - John me solta.
  - me escuta...
  - O’CALLAGHAN SAI DA MINHA FRENTE! OU MELHOR! FAZ UM FAVOR PRA MIM: SAI DA MINHA VIDA! PRA SEMPRE. – Me soltei dele com facilidade. Parece que a frase teve algum impacto nele. Ele baixou a cabeça. Eu só precisava sair dali.

  Enquanto saia daquele canto o mais rápido possível (e eu ainda conseguia ouvir aquela piriguete sussurrando ‘Jo, meu amorzinho, não fica assim, to aqui!’) percebi que precisava falar com alguém ou eu ia acabar chorando ali mesmo. E eu não queria isso. Sam e Ken estavam... “Ocupados”, Jared estava bêbado e Pat... Não ia falar com ele sobre isso. Além de ele me jogar na cara e falar ‘te avisei’ ele ainda ia se virar contra John e isso era o que eu menos queria. Então fui atrás daquele que estava sóbrio o bastante para me escutar e que eu sabia que mesmo assim não se voltaria contra o John.

13° capítulo

’S POV
  Encontrei Garrett sentado assistindo alguma coisa que passava na televisão do bar. Só ele mesmo.
  - Garre... – falei.
  - EI , a irmã brasileira do intercâmbio do Pat. Assim ele consegue manter o ego estúpido dele. – eu cuspia cada palavra. Eu sabia que ele não era assim tão horrível. Quer dizer... No momento eu não sabia mais de nada sobre ele. Mas eu precisava extravasar minha raiva. – E agora ele está lá dentro depois de tudo que ele me disse, depois de tudo que ele me escreveu e cantou, depois de ter me feito engolir meu próprio orgulho, insegurança e medo... E agora sei lá o que ele está fazendo com aquela “” loira falsificada e cínica. Se bem que parece fazer o tipinho dele...
  - ? Espera, você disse ? ? – Garrett perguntou. Assenti. – Então alguma coisa tá errada
  - Garrett, OI? – falei indignada – MAS É CLARO QUE TEM ALGUMA COISA ERRADA! O John é um filho da p...
  - Não é isso, . – ele disse dando uma risadinha pelo quase xingamento. – A é obcecada pelo John desde sempre. É assustador e ela sempre dá um jeito de ferrar tudo pro lado dele. Mas me diz... Como aconteceu a coisa toda?
  - Num minuto eu estava com o John e no outro ela estava lá abraçando ele e dizendo que tinham tantas histórias e me rebaixando, quer dizer, não que tivesse importância... Mas Garre! Essa não é a questão. Ouvir aquelas inúteis tentativas de me deixar pra baixo daquela loira falsa não foi o pior. O pior foi ouvir da boca do John que eu era “amiga” dele.  Eu sei que a gente não tem nada oficial... Mas... Mas... – uma lágrima escorreu e eu não consegui explicar mais nada. Esperava que ele tivesse entendido, e eu sabia que estava falando demais e que algumas coisas eram sem sentido. Ao invés de me mandar calar a boca ele só apertou mais o abraço e sorriu pra mim. Por que nunca percebi que ele era tão compreensivo?
  - Ei, ei, não chora. Eu sei o estilo da e sei que ela manipulou a conversa pra te deixar irritada. – eu bufei – escuta. Eu sou um dos melhores amigos do John desde sempre e posso te garantir que ele nunca agiu assim como ele age desde o dia que botou os olhos em você naquele hall de entrada. Fala sério, até irritada e triste você precisa admitir: TRÊS músicas?
  - Eu sei Garre, mas então por qual motivo ele falou na frente daquela outra que eu sou AMIGA dele?
  - Ele deve estar tão confuso quanto você. E você , você mudou John O’Callaghan. Ele nunca agiu assim com ninguém e deve ser estranho pra ele também. Pensa nisso.

  Eu pensei e fiquei instantaneamente com raiva desse Garrett. Porra! Era pra ele me apoiar, xingar o John comigo e dizer que ele ia apanhar. Mas acho que pra isso eu deveria ter chamado o Pat. Mas ele não ia me dar os conselhos do Garrett. Por um momento desejei o Luke ali. Se bem que ele iria zoar com a minha cara primeiro. Mas tenho certeza que iria querer voar no pescoço de John. Pensando bem não era uma boa idéia e fiquei feliz por ter Garry na minha frente. Só que eu não demonstrei isso.
  - Isso! Defende ele então! – falei irritada.
  - Para de ser retardada ! – ele riu. – Meu deus do céu eu não agüento mais você e o John, será que dá pra vocês se acertarem de uma vez? Eu só quero que os dois cabeças-dura enxerguem de uma vez o que todo mundo já viu menos vocês! Mas vou falar bem devagar caso você não entenda: O. SENTIMENTO. É. RECÍPROCO. Agora para de orgulho, caralho, e entra lá dentro falar com o garoto!
  Eu quase ri. Esse era o Garrett revoltado que eu conhecia. Senti vontade de abraçar ele mais uma vez. Sorri.
  - Essa doeu aqui hein. Retardada? Cabeça dura? Do que mais você vai me xingar Garre?
  - Ah não vem de drama pra cima de mim, , você sabe que você é isso e muito mais.
  Bati nele.
  - Eu sou, mas só eu posso me xingar! Você não tem essa permissão ainda.
  Ele riu.
  - É claro que tenho. Agora entra lá, vai. Antes que eu tranque os dois dentro do banheiro e só tiro quando se acertarem.
  - Quero a segunda opção.
  - Chega de ser safada e resolve isso de uma vez.
  Ri. Então me levantei e abaixei de novo. Abracei-o.
  - Você é um idiota, Garrett. Mas você está certo e me deu conselhos que ninguém mais daria.
  - E eu nem to bêbado. Ainda.
  Nós dois rimos e entramos na lanchonete outra vez.

14° capítulo

’S POV
  Entrei na lanchonete com o Garret e ele sussurrou ‘vai em frente’. Eu não conseguia achar John, então deduzi que ele deveria estar no mesmo canto. E era exatamente lá que ele estava ainda no mesmo lugar em pé. E aquela puta infeliz daquela continuava lá! Se esfregando nele e o pior: ele não a estava impedindo. Eu decidi ser irônica mais um pouquinho, pois constatei que esse era o melhor jeito de liberar a raiva.
  - E o que vem agora, ? Blowjob? – falei. John se assustou e me olhou. – Sabe, é isso que acontece quando você engole o orgulho e vem tentar ter uma conversa séria com a pessoa. Você é mais rápido que eu né?
  - , sai daqui. – ele disse bruscamente e ela o olhou ofendida, mas saiu. Ele não olhou pra mim e percebi que ele estava magoado pelo que eu tinha dito. Ele não pode me culpar. – Então, resolveu que eu tenho que estar na sua vida? Pelo que eu me lembre era pra eu sair dela.
  Suspirei. A noite ia ser longa.

JOHN’S POV
  Eu estava magoado com ela. Por mais que estive feliz em ver que ela tinha voltado pra falar comigo, eu ainda não tinha esquecido que ela gritou comigo e me mandou sair da vida dela pra sempre. E que isso seria um favor. Ela suspirou.
  - John eu vim conversar pra gente resolver isso. Não vai adiantar você jogar a culpa em mim. Até porque se não fosse por você eu não teria dito aquilo.
  - Então não joga a culpa em mim também! – falei.
  - Ah! Claro! Como se não fosse sua culpa!
  Foi a minha vez de suspirar.
  - Olha... Você ficou com ciúmes da ? Porque ela nunca foi nada na minha vida.
  - Nada é? Não parece pelo tanto de histórias que ela tinha pra contar...
  - eu não acredito que caiu nessa conversa dela! Ela só estava tentando te irritar. E parece que conseguiu. Mas escuta, ela não é NADA comparada á você.
  Ela desviou o olhar.
  - Acredita em mim. – pedi sussurrando.
  - John por que você me chamou de ‘amiga’? Por que me fez engolir a insegurança e os medos se eu era só uma amiga?
  - Entende que você sempre vai ser mais que uma amiga pra mim. Não consigo te considerar assim. Você é mais, muito mais. Eu... Só não sei o rumo que as coisas estão tomando. Se eu te chamar de algo mais que isso vou te assustar? Se eu te chamar de amiga você vai achar que eu não me interesso? Então eu falei a primeira coisa que veio na cabeça. Sabe, eu nunca me senti assim. Isso tá me deixando louco. Eu não sei como lidar com isso , eu não sei e isso está me agoniando.
  - John como você quer que eu entenda tudo isso sem você me contar? Eu não vou saber disso se você não me disser.
  Quase ri ironicamente. Olha quem estava falando de esconder sentimentos! Ela continuou.
  - John eu não quero ser só mais uma. Eu não sou igual a -
  - Eu sei...
  - Eu não sou igual essas que você pega por uma noite-
  - Eu sei!
  - Eu não vou ser só mais uma na sua-
  - EU SEI! – gritei. – Poxa, , será que não dá pra ver que eu já sei disso? E tudo o que eu te falei você esqueceu? Que é só você que eu quero, e que se eu tivesse tudo não seria de valor se eu não te tivesse?
  Ela se assustou com o meu grito e pareceu magoada. Mas continuou.
  - John... Eu tentei te falar algo muito, mais muito importante hoje quando sua amiguinha chegou. Eu esperei. Mas o que você disse? Você me chamou de “amiga”...
  - Como você queria que eu adivinhasse sem você me contar? – devolvi com o argumento dela.
  - O problema é que eu estava tentando falar até a “” aparecer...
  - Para de falar disso como se eu quisesse que ela tivesse chegado!
  - Como você quer que eu te diga alguma coisa enquanto a gente não consegue nem se acertar?
  - Estou tentando falar com você e resolver isso , mas parece que você complica tudo!
  E agora ela pareceu realmente irritada.
  - Bom, O’Callaghan! Bem vindo ao mundo dos relacionamentos e ao mundo real! Onde nem todas as coisas são farra e bebidas! As pessoas têm problemas de verdade e complicações acontecem, caso não esteja acostumado. E se não quer ter complicações é melhor que paremos por aqui porque um relacionamento não é fácil, não é só felicidade! Mas eu não espero que você entenda isso!
  - Para de falar comigo como se eu fosse criança e não entendesse de nada! O que você sabe sobre isso também? Por que sempre vem jogando toda a culpa pra mim? O que você fez pra mudar a situação? Você só está aí gritando comigo e me atacando!
  - QUER SABER? CHEGA! PRA MIM REALMENTE CHEGA, TÁ MUITO CLARO QUE NÃO DÁ PRA COMEÇAR NADA AQUI. A PARTIR DE HOJE VAI PRO SEU CANTO QUE EU SIGO MINHA VIDA.
  - Tudo bem, porque ficou claro que é isso que você realmente quer.
  - VOCÊ QUE QUER ISSO! EU SÓ VIM TENTAR RESOLVER AS COISAS.
  - VOCÊ QUE COMEÇOU A GRITAR!
  - ENTÃO PARA!
  - PARA VOCÊ!
  - Pra mim isso acabou! Eu não tenho 10 anos de idade, John, e não vou discutir assim com você!
  - ÓTIMO!
  - VOU EMBORA ENTÃO PORQUE PRA MIM É ÓBVIO QUE É ISSO QUE VOCÊ QUER!
  - VOCÊ FICA COLOCANDO PALAVRAS NA MINHA BOCA!
  - Só falo o que você tá guardando aí dentro, não é mesmo?
  - VOCÊ NÃO CONHECE O QUE EU TO SENTINDO! QUE SACO, POR QUE VOCÊ SEMPRE TEM QUE ACHAR QUE É A DONA DA VERDADE?
  - BOM, PELO MENOS EU DISSE ALGUMA COISA CERTA: QUERO VOCÊ LONGE DA MINHA VIDA.
  Silêncio. Ela me olhou com lágrimas nos olhos. Eu não conseguia ver ela assim. Eu a amava demais e como podia ver meu amor chorando pela minha causa? Aquela discussão tinha ido longe demais. Eu tinha perdido o controle, e eu nunca diria essas coisas pra ela. Por que as coisas não eram fáceis e a gente não podia se entender e tudo ficar bem? Talvez ela estivesse certa e eu não entendesse esses relacionamentos mesmo. Um arrependimento enorme caiu sobre mim. Desculpa nenhuma eu tinha pra falar com uma mulher daquele jeito e ainda mais a que eu amava. Me aproximei dela.
  - Olha... eu não quero brigar com você. Não quero ficar longe de você, não quero ficar no meu canto! Só quero estar contigo e é isso que eu quero que você ponha na sua cabeça e nunca mais tire. E nem que pra isso eu tenha que assumir toda culpa de tudo. Desculpa, tá? Mas não me deixa. Porque se for pra cuidar da minha vida então vou ter que cuidar de você.
  Ela me olhou com as lágrimas escorrendo.
  - Me desculpa também? Por ser sempre tão ‘dona da verdade’. Eu entendo você e sua confusão, John. Aliás, a gente não tem nada oficial, eu sei que você se confundiu.
  - Não é desculpa pra te chamar de amiga e muito menos falar do jeito que eu falei com você.
  Ela ficou quieta. Provavelmente concordava comigo.
  - Nisso a gente concorda. – ela disse, mas sorriu e tudo ficou mais leve.
  - Olha, isso é um progresso e tanto, não é? – sorri também.
  - Bastante... – ela sorriu mais. Depois suspirou e falou. - Só que eu que comecei gritando.
  - Olha! Duas coisas que a gente concorda e eu to achando que já é muito pra uma noite.
  Ela riu e eu sorri com isso.
  - John... – mas ela não completou. Silêncio.
  - O que de importante você ia me dizer? Se ainda for importante...
  - É! – ela disse. – Sempre vai ser.
  Esperei.
  - John O’Callaghan... Eu amo você! Muito... – ela disse me olhando nos olhos. E eu senti que era verdade.
  - Eu também te amo . Eu te amo tanto. – e comecei a sorrir. – Tanto!
  Então começamos a nos beijar e eu me senti mais feliz do que nunca. Ela realmente tinha dito. Nosso beijo ficou muito mais intenso. Eu fazia minha mão percorrer todo seu corpo enquanto ela mexia em meu cabelo. Á medida que o beijo intensificou ainda mais, eu a sentei na mesa com as pernas ao meu redor. Estávamos desesperados um pelo outro, como se quiséssemos recompensar pelos 17 anos longe um do outro. Eu comecei a beijar seu pescoço e ela á mexer nos meus cabelos mais rapidamente.
  - You know I need you, just like you need me... - cantei. Pra minha surpresa ela continuou.
  - Can’t stop won’t stop... I must be dreaming. – sorriu e me beijou outra vez. Deitei-a no balcão e fiquei encima dela. Eu não tinha certeza se ela queria. Aqui e agora? Perguntei se ela tinha certeza. Então ela respondeu. – Cala boca antes que eu desista.
  Eu sorri. Essa era minha garota. Beijei ela, seu pescoço, e tudo ficou mais intenso. Ela tirou minha calça enquanto eu tirava sua blusa. Tentávamos manter o beijo, mas não dava muito certo... Estávamos quase gritando um pelo outro. Logo toda nossa roupa estava no chão. Eu beijei seu pescoço, seu rosto, todo seu corpo e ela gemia baixinho e suspirava. Interrompi tudo indo pegar a camisinha no bolso da calça e a colocando. Subi no balcão outra vez e colei nossos corpos; Ela me olhou.
  - Eu quero você John... – ela sussurrou.
  Entrei dentro dela. Ela agarrou meus cabelos com uma mão e arranhou minhas costas com a outra. Investi outra vez. Ela soltava gemidos cada vez mais altos. Eu tinha medo que a machucasse, mas ela certamente não estava pensando nisso agora. Muito menos eu deveria pensar. Investi com mais força. E mais. E logo nós dois sentimos. Meu corpo sentiu todo aquele formigamento dos pés á cabeça e senti o corpo dela amolecer cansado. Mais que nunca eu tive certeza que ela era tudo que eu queria e precisava. E, Deus, eu nunca tinha me sentido assim. Isso estava fora dos meus padrões. E eu nem me importava. Só o que me importa é a . Deitei ao seu lado no balcão e ela virou pra mim sorrindo.
  - Eu amo você. – ela disse pela segunda vez no dia.
  - Eu também amo você. – respondi encostando sua cabeça no meu peito.

15° capítulo

  Depois daquela noite na lanchonete, fui para casa com o Pat e subi imediatamente para o meu quarto. Deitei na cama e encarei o teto. Eu não estava certa do que estava sentindo. Felicidade é claro. Mas eu ainda sentia medo. E se ele já tivesse conseguido o que queria e agora não fosse mais... Me amar como ele mesmo disse?  Pat entrou no meu quarto.

  - Não sabe mais bater, Kirch? – perguntei. Ele sorriu e sentou do meu lado.
  - Eu fiquei sabendo de você e do John. – ele falou. Fiquei em silêncio. John contou pra ele? Mas assim tão rápido? Como se lesse meus pensamentos ele respondeu: - Não, não foi o John. Eu só vi você indo lá pra falar com ele, e só saíram bem depois. Não precisa ser muito gênio pra saber o que vocês fizeram lá.
  Fiquei vermelha. Mas continuei não falando nada. Até porque eu não queria falar sobre isso. Eu ainda não sabia nem sobre o que pensar.
  - eu não tenho nenhum direito de me meter nisso, porque esse assunto é seu e do John. Mas eu me importo com você... Você não acha que vocês estão indo rápido demais?
  Fechei os olhos e virei de bruços para cama, enfiando o rosto no travesseiro. Senti Pat se mexer e concluí que ele deitou do outro lado da cama. Levantei minha cabeça do travesseiro.
  - Pat não queria falar sobre isso...
  - Tudo bem.
  Silêncio. Mas eu precisava falar com alguém, afinal de contas. Minha melhor amiga morava á quilômetros e quilômetros de mim e eu não conseguiria explicar tudo isso virtualmente. Não sei nem se conseguiria explicar isso pessoalmente.
  - Mas eu preciso falar sobre isso Pat. Só que eu não sei o que pensar. Talvez... Talvez você esteja certo... Talvez isso tenha sido rápido demais. E agora eu to com medo de que ele já tenha conseguido o que ele quer e me deixe.
  - Eu não posso te afirmar nada, . Porque eu nunca vi o John assim, então eu não tenho certeza do que ele quer com você. Mas uma coisa eu posso te dizer: ele ama você, e isso ta claro pra mim e pra todo mundo. Mas que isso foi rápido foi. – ele disse e dessa vez eu percebi que ele meio que estava segurando o riso.
  - Pat não dá risada! – falei. – Isso é sério!
  - Eu já te disse o que eu acho . Você decide o que faz. Ninguém pode decidir essas coisas por você. Só toma cuidado, por favor, porque eu não to a fim de quebrar a cara do John.
  Sorri.
  - Se der errado você vai jogar na minha cara pra sempre.
  - Então faça dar certo.
  Ele sorriu de volta, dessa vez saindo do quarto.

*

  Peguei no sono e acordei com um toque de celular. Abri os olhos, demorando pra me localizar. O celular que tinha comprado para uso só no intercâmbio tocava. E na tela dizia “John”. Olhei a hora: 14h. Me assustei. Eu dormi isso tudo? Voltei a olhar para o número que me ligava. Eu atendia ou desligava? Decidi por fingir que estava dormindo. Quando ele parou de tocar, peguei-o e desci para comer alguma coisa. Descobri que estávamos só eu, Tim e Pat em casa, e que ninguém quis me acordar. Enquanto eu e Pat assistíamos esfomeados Tim fazer as panquecas meu telefone tocou de novo. E era John outra vez. Virei o visor e deixei tocar. Pat me olhou apreensivo.
  - Não vai atender?
  - Não sei. – respondi. – Acho que não.
  Ele deu de ombros e me olhou com censura. Fingi que não tinha visto. Poxa, não foi ele quem tinha ido me avisar que as coisas estavam indo rápido demais? Comemos as panquecas rindo uns dos outros. Quando terminamos, me ofereci para lavar a louça. Pat disse que me ajudaria. Duvido. Aposto que ia só me provocar por causa do John.
  - Então... –comecei – aonde seus pais foram?
  - Eles foram visitar meus avôs com o Bryan e o Matt, acho que voltam domingo.
  - Hm...
  Meu celular tocou outra vez e o visor piscava com as mesmas quatro letras. A voz da Taylor Momsen saía cada vez mais alta. Fingi que não tinha ouvido. Mas eu me sentia culpada. Me matava por dentro deixar John me ligando sem retornar. “Your eyes, your eyes, I can see in your eyes...”
  - , atende. – Pat falou olhando pro celular. – Ou eu atendo e digo que você não quer atender.
  - Patrick, não faz isso! – falei. “I had everything, opportunities for eternity...”
  - ATENDE! Me dá agonia saber que é meu melhor amigo do outro lado e eu to aqui do lado da menina que não está nem aí.
  Joguei o prato na pia.
  - Porra, Patrick! Você acha que eu não me importo? É claro que eu me importo! Eu amo o John! Eu só que...
  - Só que o que, ? Eu ainda não te entendi.
  - Quem não te entende sou eu! Primeiro você vem com conversinha pra eu me cuidar, que as coisas estão ficando sérias muito rápido e agora você diz pra eu atender ele!
  - , eu disse pra você tomar cuidado, não pra você ignorar ele! – ele falou mais alto.
  - Eu to tentando resolver isso aqui dentro, ok? – apontei pra minha cabeça.
  - Esse é seu problema... – ele sussurrou.
  - Repete!
  Ele olhou pra mim e revirou os olhos.
  - Tá bem! Esse é seu problema: tentar resolver as coisas sozinhas. O John já disse que te ama e provou isso várias vezes, então por que tá fugindo dele? Acho que isso é uma atitude muito infantil, . Não é mais fácil discutir isso com ele?
  - Mas eu não sei... Eu to confusa. – falei.
  - Você vai ficar confusa pra sempre se não resolver isso. Com ele. Para de fugir dos seus problemas, você não vai ir á lugar nenhum assim! E eu sei que se ele ta te ligando é porque ele se importa com o “vocês” que você tem com ele. Acredita em mim, já estive com ele em todas as situações em que ele fazia a mesma coisa que você está fazendo agora. Mas sem se importar. O que me deixa mais confuso. Você se importa, então porque não atende a porra do celular? Conversa com ele e resolve isso?
  Eu não queria encarar a realidade das palavras que ele estava me dizendo. Era verdade, claro, tudo isso. Mas o problema é que eu estava assustada com tudo isso. Porque eu nunca me senti assim e não sabia o que viria depois, como eu deveria agir... Meus olhos se enchiam de lágrimas á cada verdade que ele me falava. Fiquei em silêncio e disfarcei as lágrimas que saiam quando eu piscava. Mas ele percebeu. Nisso, o celular começou a tocar outra vez, insistentemente. Ele não ia parar tão cedo. E isso me deixava feliz, triste, confusa e assustada. Tudo ao mesmo tempo.  
  - Você vai ter que atender . Você não vai conseguir fugir pra sempre – ele falou carinhosamente e saiu da cozinha. Eu sentei no chão ainda escutando a música com lágrimas nos olhos. Ele estava certo e eu sabia.

“Everytime I look inside your eyes... You make me wanna die”

16° capítulo

  Então o domingo passou, e quando pisquei já eram oito horas da noite. No outro dia eu teria aulas, o que significava que toda essa moleza de estar em outro país e não fazer nada ia acabar.  Quando entrei no meu quarto e abri meu twitter, minha melhor amiga, , tinha me deixado um tweet pedindo que eu entrasse no skype, pois ela queria matar a saudade e falar comigo “cara a cara”. Assim eu fiz. E ela estava lá, online.

  : Oi amiga, que bom que você conseguiu entrar. Vou começar uma chamada de vídeo, ok?
  : Oiii, ok!

  Segundos depois eu estava de cara com minha amiga que eu sentia saudades infinitas.
  - meu amorrrrrrr! – ela disse. – Que saudades de você! – disse fazendo bico.
  - Oi ! Que bom ouvir você... Que bom ouvir alguém falando português! – ri e ela me acompanhou. – Como vão as coisas aí? Que saudades...
  - Ta tudo bem, nada mudou sabe? A mesma coisa de sempre... Mas e aí hein? Como vai o... – ela riu – John?
  Sabia que ela ia tocar no assunto. Na verdade eu meio que queria que ela tocasse... Eu precisava falar isso com alguém do sexo feminino. Patrick não conta.
  - Sei lá.
  - Como assim? – ela perguntou curiosa.
  Respirei fundo e contei tudo pra ela. Ela me ouviu pacientemente, só se manifestando nas caretas que ela fazia.
  -... E agora eu to nessa... – terminei a história.
  - ! Você tem TANTA sorte de eu não estar aí pra te dar um soco! Burra! Mil vezes burra! – ela disse brava.
  - Não fala assim comigo , sei que fiz mal em não atender ele.
  - Fez MUITO MAL!
  - Mas tenta me entender ta?
  - NÃO CONSIGO! – ela exclamou indignada.
  - Fiquei assustada... E confusa.
  - Mas ele disse que te AMAVA! Como você pode ficar confusa depois disso? – ela perguntou como se não acreditasse na minha burrice.
  - Tá bom, ! Mas será que dá pra parar de defender ele? E tentar entender que foi minha primeira vez e eu tava assustada mais do que tudo? Apesar de eu amar o John e querer ele comigo eu fiquei... Assustada. - falei zangada. Será que não dava pra olhar pro meu ponto de vista não? Ou o que eu tinha feito era realmente tão irracional?
  - você vai chegar pra esse garoto amanhã e não ignorar ele! Pedir desculpas e falar isso que você está me falando agora! O Patrick tem razão, poxa, não ignora o menino assim não, quando você vai achar um igual a ele?
  - Poxa, vocês sempre me fazendo sentir mal com as minhas decisões...
  - Essa é nossa função. – ela sorriu – Mas pode crer que se eu fiz isso foi pra te deixar esperta e porque te quero feliz e não porque quero que você se ferre e termine como tia, velha e amargurada com a vida! – ela riu e eu a acompanhei.
  - Tá certo...
  - Amor meu, vou desligar aqui... São 10 horas preciso ir dormir porque amanhã tem aula né.
  Dei um sorriso triste.
  - Tudo bem, eu também tenho... Só que depois disso não sei se vou conseguir dormir.
  - Liga pra ele! – ela falou animada.
  - Não... Vou esperar até amanhã. – decidi.
  - Tudo bem então... Boa noite , te amo, viu? Boa sorte no primeiro dia amanhã!
  - Boa noite, te amo também... – e assim desligamos. Eu deitei na minha cama me sentindo péssima. Eu realmente era ridícula e idiota. Eu nem entendia mais por quais motivos eu tinha ignorado ele assim. Soquei minha cabeça no travesseiro. Burra, burra, burra! Eu só espero que o John já não tenha desistido de mim depois de hoje. Depois sorri tristemente. Ele era lindo, alto e tinha uma banda e milhares garotas atrás dele. Quem eu achava que era pra exigir ainda que ele não desistisse de mim?
  É , parabéns.

*

  No dia seguinte Pat veio me acordar da forma mais adorável e meiga possível: com um megafone. Não me atrevi a perguntar onde ele achou um.
  - LEVANTAAAA PREGUIÇOSA! HORA DE ACORDARRR! – ele gritou com aquela coisa infernal e foi em direção á minha janela, abrindo a cortina. – O SOL TÁ BRILHANDO E A VIDA COMEÇOUUUUUUUU! – ele cantou.
  - What the hell...? – falei meio dormindo. – Pat sai daqui!
  - Nãoooo, vamos lá, , se troque e desça, você tem um adorável dia escolar hoje. – ele riu me zoando.
  - Mas você é muito irritante mesmo! To indo, ta? – falei irritada.
  Ele riu como se tudo fosse realmente hilário e saiu do meu quarto. Troquei-me e fui até meu armário. Tive algumas oportunidades de fazer compras por aqui e a diferença do Brasil é incrivelmente... Incrível? Pensei um pouco e logo decidi a roupa. Quando fiquei pronta, desci. O Sr Kirch era quem ia nos levar até a escola. Dentro do carro ele perguntou:
  - Então, , animada pro primeiro dia? – ele perguntou me olhando pelo retrovisor.
  - Tô... - respondi sorrindo fraco. Pat ao meu lado não escondeu o sorriso debochado.
  Enfim paramos na frente de um estabelecimento grande com letras que diziam que eu me encontrava em Tempe High School.
  - Pat, ajuda a hoje hein. – o pai do garoto disse olhando para nós.
  - Pode deixar viu, pai. – e colocou um braço ao redor do meu ombro, com a outra mão disponível acenando para o pai que já ia embora. Então ele se virou para mim. – Então, . Primeiro dia de aula tem algumas coisas que eu preciso te ensinar.
  - Me ensinar? – perguntei preocupada. – Me ensinar o que?
  Ele pegou minha mão e me puxou para dentro. Entramos no corredor cheio de armários azuis repleto de adolescentes que logo viraram para nos encarar. Ótimo. Vi um grupo de meninas me medirem dos pés a cabeça. Simplesmente dei o meu sorriso mais “i don’t care”.
  - Então – Pat sussurrou – Você precisa saber quem é quem. Não queremos você sendo amiga das patricinhas... – ele riu e eu ri junto.
  - Achei que me conhecesse o suficiente, Pat. – sussurrei em resposta. Ele sorriu.
  - Bom... Em todo caso... – passamos por umas meninas com as menores saias que eu já vi na vida. – Essas são as... Bitches. – ele sussurrou e eu sorri ao identificar naquele grupinho. Ela me deu um sorriso cínico ao qual eu retribuí e acenei. Falsas. – E a que você já conhece...
  - Preferia não ter conhecido. – admiti.
  Ele me puxou mais para frente.
  - Esses são os nerds. – ele apontou discretamente com a cabeça pra uma galera sentada em um grupinho discutindo alguma coisa. Notei que alguns deles ainda liam mangás. Nada contra.
  - Por que o Garrett não está ali? – debochei ao ver um menino com a camiseta de Star Wars.
  - Ele os acha idiotas.
  - E ele é o que?
  Rimos. E ele me “apresentou” a todos os grupos, como todos eram tachados. Rótulos, ta aí uma coisa que eu não gosto. As pessoas são obrigadas a se separarem para a própria sobrevivência social e ainda tem um nome estampado na testa. Ensino Médio é uma droga mesmo.
  Chegando ao final do corredor vi quatro garotos fazendo bagunça e rindo, acompanhados de uma garota loira. Esses eu sabia quem eram.
  - E esses, Patrick, como você chama? – perguntei quando chegamos na frente deles.
  - Esses você deve ficar bem longe, . São os piores do colégio. Os mais babacas e todas essas coisas. – ele riu e olhou pra Sam – Menos a garota, claro. – ela retribuiu o sorriso.
  - E é exatamente por isso que você é um de nós, Patricia. – Garrett disse. E então começou a zoeira de sempre. Senti o olhar de um deles em mim, e não precisava ser muito esperta pra saber de quem. Coloquei meus olhos sobre John, que sorriu do jeito mais lindo pra mim. Então o sinal tocou e Sam me puxou pelo braço, não me deixando ir falar com ele. Não sei se fiquei aliviada ou triste.
  - Vamos , vou contigo pegar seu horário na secretaria. – ela disse animada. – To tão feliz que não sou a única garota no grupo agora! Esses garotos são difíceis de lidar.
  Eu ri.
  - Posso imaginar mesmo, Sam. Você deve ter uma vaga bem guardada no céu, não se preocupe.
  Foi a vez dela de rir.
  - Devo mesmo... – entramos na porta para a secretaria. – Oi, essa aqui é , aluna nova, ela vai fazer o terceiro ano. Você poderia passar o horário dela?
  A mulher ruiva de óculos assentiu sorrindo e saiu por uma porta. Sam voltou a se virar pra mim.
  - Entããããão... – ela falou.
  - Então... – repeti não muito certa do que deveria responder.
  - Conta! – ela insistiu animada.
  - Contar sobre o que, doida? – eu ri.
  - Sobre o John, duh! – ela riu.
  - Ah... Bom... Não tem o que contar. – falei envergonhada.
  - Claro que tem. Vi a troca de olhares entre vocês.
  - Eu... – mas antes que eu pudesse responder a secretária estava de volta com o meu novo horário. Para meu total alívio.
  - Aqui está querida. Se precisar de alguma coisa pode passar por aqui. – ela sorriu simpaticamente.
  - Obrigada! – respondi. Então saímos.
  - Qual sua primeira aula? – Sam perguntou espiando meu horário.
  - Hmmm... História. – li com desânimo. – Legal, cinqüenta minutos de pura chatice.
  Sam me olhou compreensiva.
  - Bem, boa sorte! Nos encontramos no segundo tempo. – ela saiu para sua sala e acenou pra mim. Voltei a examinar o horário. Segundo tempo: Educação Física. ÓTIMO.

*

  Após cinqüenta minutos eu saí da sala totalmente chocada. Eu realmente achei que a aula seria uma chatice total como todos os meus professores de história. Mas eu me enganei. Totalmente. A aula foi o oposto. O professor, Sr Nichols, era engraçado e explicava muito bem. Saí de lá feliz que não precisaria “aturar” aulas de História. Mas a animação passou assim que lembrei que minha próxima aula era nada mais nada menos do que Educação Física. Segui as garotas até o ginásio, onde encontrei Sam e nos dirigimos aos vestiários. Coloquei o uniforme de esportes: um short azul e camiseta cinza. Não há nada mais bonito que isso. No modo mais irônico de se falar.
  Saímos onde encontrei um enorme campo de futebol cheio de garotos. Entre eles Pat, Garrett, Jared, Kennedy e... Bem, John. Fomos em direção à eles. Sam abraçou Kennedy e os outros meninos começaram a perguntar como tinha sido minha primeira aula e respondi algo do tipo “legal” enquanto meu olhar continuava fixo em John. Sam, a mais esperta do grupo, falou:
  - Hm, meninos, acho que o treinador ta chamando...
  - Tá nada... - Pat falou. Sam olhou feio pra ele. – Err... – ele olhou pra mim. – Ah, claro, ta sim... Vamos lá gente.
  Patrick sempre rápido no raciocínio. Então ficamos sozinhos, só eu e ele.
  - Então, fiquei sabendo que está me ignorando... – John começou me poupando o trabalho de iniciar a conversa.
  - É... Ouvi algo parecido. – respondi olhando pro chão.
  - Então? – ele pediu. – O que aconteceu, ?  O que foi que eu fiz?
  Ele me olhou com uma expressão triste de cortar meu coração. Eu não agüentei e abracei-o.
  - Ah John, você não fez absolutamente nada errado... Eu que sou idiota, ta bom? – falei sentindo o perfume dele.
  - Tá. – ele concordou rindo. Rompi o abraço.
  - Como é que é? Repete.  – cruzei os braços fingindo estar brava.
  - Você é idiota! – ele riu e eu fiz bico. – Ei não faz essa carinha não. – ele colocou as mãos no meu rosto. – Não aqui... – ele aproximou seu rosto do meu. Fechei os olhos.
  - Então você me desculpa? – sussurrei.
  - Pelo que? – ele sussurrou. – Por ser idiota?
  Bati nele e ele riu outra vez. Ele me pegou pela cintura.
  - Ei, eu te amo. – ele sussurrou de um jeito que me tirou o fôlego.
  - Eu também te amo, John. – falei sorrindo. Nos aproximamos.
  - O’CALLAGHAN! QUER PARAR DE NAMORAR E VIR AQUI PRA AULA? – o treinador gritou lá do meio do campo, fazendo todos os meninos falarem “hmmmm” ou gemerem algo como “ai John Ohhh” e me fazendo rir.
  - Vai lá O’Callaghan! – falei rindo. – Depois a gente conversa... – pisquei. Ele me mandou um beijo no ar e foi. Quando virei às costas dei de cara com um grupo de garotas me olhando. entre elas. Para reforçar minha imagem feliz, acenei. – Oi , tudo bem? – perguntei falsamente. Ela sorriu cínica pela segunda vez no dia como se dissesse “espera pra ver”. Respondi com o olhar “tenta” e sorri, voltando pra aula.

17° capítulo

  Sexta a noite os meninos saíram para "um noite só de homens". Como os pais de Pat iam sair e o Tim, como empresário da banda, ia junto, decidi ficar com o Brian e o Matt. Enquanto comia pensei em hoje na escola. Tudo as mil maravilhas ate aquela falsete da chegar intimando. Ela me achou sozinha e me xingou. E além disso o projeto de meretriz disse que se eu não me afastasse do John MEU NAMORADO, ela ia fazer da minha vida um inferno. Eu olhei bem para aqueles cílios postiços e para aquela cara com mil quilos de maquiagem e ri. Ri e saí, porque se eu fosse falar tudo que estava pensando, ela ia sair chorando. Contei isso para o John, e ele riu, falando que nada iria nos separar. Isso me deixou tranqüila quanto ao fato dos meus pensasobros sobre o mau gosto eterno dele, o qual só mudou quando me conheceu.
  Durante uma rodada de vídeo games em que eu estava sendo humilhada pelo Matt, meu celular tocou.
  - Hey Matt, da uma segurada no jogo aí, vou só atender meu celular...
  - Sei, você tá é com medo de perder pra mim de novo!
  - Ah é? Quando eu voltar você ta ferrado garoto! - falei rindo com ele. Saí do quarto superior e desci as escadas até chegar no meu quarto, então atendi o celular.
  - Alô? - perguntei.
  - ... - uma voz chorosa me chamou do lado de lá da linha.
  - Sam? O que aconteceu? - perguntei preocupada tentando imaginar o que a tinha feito chorar assim. Provavelmente algo com o Kennedy.
  - O Kennedy... A gente brigou.
  - Por que? O que houve? Me conta...
  - Eu não sei direito... Viemos brigando muito ultimamente. Ele estava aqui em casa, num minuto tudo estava bem e no outro estávamos discutindo por coisas idiotas. Então ele alterou a voz comigo como ele nunca fez, e saiu. Quando eu perguntei aonde ele ia, me disse que não era da minha conta. - e ela começou a chorar.
  - Ei Sam, calma... Você ta sozinha em casa? Seus pais saíram?
  - Sim, to sozinha , e eu sei que isso seria meio abuso depois de você ter me escutado e provavelmente você está com o John e eu interrompi... Mas eu não queria ficar sozinha.
  - Ah Sam, a única coisa que você interrompeu foi minha vigésima derrota pelo Matt numa disputa de video-Game! - eu ri e ela também. - O John saiu com os meninos, agora eu sei o por quê... Mas estou cuidando do Matt, então venha aqui, podemos assistir um filme e ter uma noite de garotas... Com o Matt. - ela riu do outro lado da linha.
  - Obrigada... Mesmo. O John tem sorte por ter encontrado você, vou agradecer a Sra Kirch por aceitar alunas de intercâmbio.
  - Que isso - respondi envergonhada pelo elogio - Mas venha logo!
  - Logo estou aí!

*

  - Então foi uma briga sem sentido? - perguntei para a Sam que estava me assistindo fazer brigadeiro.
  - Sim, eu nem sei por que começou sabe... Talvez ele já esteja cansado de mim. - ela disse triste. Comecei a mexer o doce enquanto balançava a cabeça em negação.
  - Acho que não... Obviamente os meninos saíram hoje por causa disso. Foram tentar alegrar ele. Acredita em mim,  vocês são aquele casal de causar inveja, um ama o outro, um cuida do outro. Sentimentos assim não somem da noite pro dia.
  - Talvez - ela deu de ombros. - Mas... - ela franziu a testa para a panela - o que está fazendo mesmo? Nunca senti esse cheiro antes. - ela cheirou o ar e depois disse: - Mas é bom! - eu ri.
  - O nome é brigadeiro, e é um doce brasileiro feito com leite condensado e chocolate em pó!
  - Brigad... Meu deus, tão fácil de fazer para um nome tão complicado!
  - Vamos lá, repita comigo. BRI-GA-DEI-RO.
  - Brrigáde... Não , chega. - ela riu. - Pega isso aí e vamos ver se é bom!
  - Só se você quiser ter uma dor de barriga garota! Tem que colocar na geladeira primeiro...
  - Ahh.. - ela lamentou.
  - Mas vem cá... - chamei-a para sala e sentei no sofá. - Sobe o Ken... Acho que você devia falar com ele, conversar.
  - Mas eu sou orgulhosa. Se ele quiser falar comigo, se ele sentir saudade, ele que fale! Eu nem fiz nada de errado.
  Fechei a cara para ela. Como as pessoas podem colocar orgulho acima do amor?
  - SAMANTA! - exclamei brava. - Você vai colocar seu orgulho acima do seu amor pra ele? Manter a pose é mais importante pra você do que ele? Para com isso! - disse ao ver como a expressão dela mudava de orgulhosa para arrependida.
  - Bom... Meu orgulho é meu jeito de me deixar não machucar. Só que cocê está certa, não posso perder o Kennedy, não posso. Ele era meu melhor amigo e agora é meu namorado. Ele esteve comigo nas melhores e piores horas... , você está certa.
  - É claro que estou.
  - Mas quando... Como começar?
  Parei para pensar. Então levantei.
  - Vamos agora!
  - O quê?
  - Sim, levanta! Pega seu calçado que a gente vai lá agora.
  - Mas como eu vou chegar pra ele??? O que eu falo??
  - Não se preocupa, na hora você improvisa!
  - Pra você é fácil falar! Não vai ser você mesmo... - ela falou. Rolei os olhos.
  - Chega de drama. E quem dirige é você. Não saímos de lá até você se acertar com o Ken, e vou me assegurar disso pessoalmente.
  - Mas aonde eles estão? - ela perguntou.
  - Não é óbvio? - falei.
  - 8123. - falamos juntas.

*

  Ela estacionou o carro na frente do lugar e me olhou insegura. Segurei sua mão para demonstrar apoio.
  - Vamos lá. - falei. Ela assentiu. Abri a porta e desci. Fui em direção ao grupo de garotos que avistei lembrando da noite em que estive aqui com eles. A noite que eu mais ri. A noite em que faltou luz, em que o John ficou comigo porque eu tinha medo do escuro. Oasis. A noite em que tive certeza que eu o amava. Um sorriso se formou em meu rosto. Enquanto caminhava em direção deles estava louca para ver meu namorado, mesmo que só tenha passado 4 horas sem ele. Quando cheguei mais perto foi então que percebi: . Ela estava lá. Praticamente se esfregando no MEU namorado. Sam já tinha chego em mim e tocou no meu ombro. Olhei-a.
  - Vai falar com o Kennedy...
  - Mas ... - ela olhou para o John.
  - Pode ir, eu resolvo isso amanhã. Espero no carro.
  - Não. Você me disse para me resolver conversando com meu namorado. Você vai fazer a mesma coisa. Agora. Se você não fizer eu também não faço e vamos ser duas sem namorado.
  Eu não podia deixar ela ficar de mal com o Ken. Rolei os olhos.
  - Tá bem. - disse irritada e fui em direção dos dois. estava quase dando pra ele. E depois de ter me xingado hoje. É uma vadia. John me viu e abriu um sorriso e veio me encontrar, já colocando as mãos na minha cintura.
  - Amor, o que ta fazendo aqui?
  Soltei as mãos dele.
  - John Cornelius O'Callaghan V, what the hell?
  - O que? - ele perguntou.
  - O que essa... Garota ta fazendo aqui? O que ELA tá fazendo aqui? - perguntei com raiva. - Se esfregando em você?
  - eu...
  - Não, fica quieto! Eu achei que era pra ser "a noite dos garotos" e eu aceitei isso porque eu sei que é saudável pra um casal ficar longe um do outro por um tempo, e porque cada um precisa do seu espaço... Mas John eu nunca achei que ela viria. Se fosse outra garota e estivesse CONVERSANDO no lugar de se esfregando em você, eu não ficaria assim! Mas ela? ELA? Depois da ultima vez ? - falei mais brava do que nunca estive na vida. assistia a tudo com o sorriso mais satisfeito possível. Dirigi minha palavra a ela. - E você, sai daqui. Agora. - ela me olhou com pena e levantou as mãos ironicamente. Vadia. Olhei para o John esperando explicação.
  - Olha, . Eu nunca achei que ela viria, pode ter certeza que não teria vindo se soubesse. Principalmente se eu soubesse que isso ia fazer com que a gente brigasse. Mas eu amo VOCÊ, , por favor me entende! Quantas vezes vou ter que te dizer isso? - ele segurou meu rosto. - , quem é a minha namorada? Você. não significa nada. Entenda isso.
  - Qual é a dessa garota, John? Ela veio me humilhando, quer dizer, tentando me humilhar hoje e de repente ela aparece encima do MEU namorado? Não sei de quem eu tenho mais raiva no momento: de você ou dela. Eu juro que eu arranco o cabelo dessa guria se ela fizer alguma coisa, fio por fio daquela peruca oxigenada que ela chama de cabelo!
  John olhou pra mim e riu.
  - Do que você ta rindo em? - ele continuou a rir. - Para de rir de mim, idiota.
  Ele virou os olhos e me abraçou.
  - Você fica tão fofa com ciúmes. E quando ta com raiva... - eu já ia protestar contra isso, mas ele provavelmente percebeu, então me apertou mais forte e disse num tom totalmente irresistível e fofo: - Eu te amo sweetheart.
  Suspirei.
  - Você me conhece bem demais, isso não é justo. - ele riu e beijou meus cabelos. - Eu também te amo, O'Callaghan. Muito. Mas não quero mais te ver com essa piriguete.
  - Tudo bem amor.
  - Promete?
  - Prometo.
  Olhei para ele.
  - Bom. Agora vamos lá pra casa comer brigadeiro.
  - Comer o que?
  Ri da cara que ele fez. Peguei sua mão e o puxei em direção aos outros.
  - Vem.

18° capítulo

’S POV
  Algum tempo tinha passado e estávamos em Julho. Como o sistema de ensino dos Estados Unidos era diferente do Brasil, eu tinha terminando o terceiro ano. Tinha passado em todas as matérias sem dificuldade assim como os meninos. Todos estavam se preocupando do que seriam no futuro, como seria a vida daqui em diante. Eu não precisava me preocupar com isso até Janeiro que era quando eu voltaria para o Brasil. Eu, na verdade, tentava não pensar em nada além da formatura, dos meus amigos, do meu namorado e do sucesso que ele estava fazendo com a banda. Quando chegasse a hora, a gente daria um jeito. Os meninos não se preocupavam com faculdade porque tinham certeza que queriam música. Queriam investir na banda e ir pra frente com ela. Eles falaram que com o fim da escola seria muito mais fácil de concentrar no sucesso da banda. Ia parecer tudo mais profissional.
  Com o ano letivo acabando, a sala toda já estava pensando nos preparativos pra nossa festa de formatura. Já tinham alugado o salão, a decoração estava decidida e só faltava a banda. E isso, com certeza, não era problema. No colégio todo mundo conhecia a The Maine e todos curtiam. Os meninos toparam em fazer música ao vivo lá, e isso me deixou muito feliz! E com um pouco de ciúmes da minha banda preferida, lógico. E do meu namorado, lógico outra vez. Mas eu ia superar isso, porque o sorriso dele naquele palco não tinha preço nenhum.
  Faltando uma semana pra formatura, os meninos se reuniram na casa do Pat para apresentar a nova música pra mim. Na verdade tinha sido tudo muito assim: eles faziam a música e mostravam para mim e para Sam. Sempre.
  Sentei no sofá com a Sam, estávamos esperando eles arrumarem o equipamento para ouvirmos a nova música.
  - A gente fez a nova música em conjunto mesmo, e eu acho que tem tudo a ver com a formatura. Claro que – ele sorriu – algumas partes são mais pessoais, mas no geral acho que a galera toda vai se identificar.
  Esperamos.
  - A música é Growing Up.

“Photograph, remembering summer
It takes me back
To southern California

Where the girls would all pass
On the Boardwalk and laugh
At our desperate attempts and our sunburned backs
And no matter what we do,
We’ll never lose what we had

Growing up won’t bring us down
Yeah, growing up,
It won’t bring us down…
Growing up won’t bring us down
Growing up won’t bring us down”

  Eu sorria com cada verso da música. Realmente todos iam se identificar. Como não? Eles descreviam exatamente Tempe e toda essa coisa de terminar o colégio, crescer... Continuei a escutar a voz linda que sempre me prendia.

“Graduate, what a kid to do know?
Get away, yeah
We’ve got so much to prove.
Cause it’s time to move on
And I’m stuck to let go,
But then Wonderwall comes on the radio,
I flashback to the night on your parent’s yard
When we drank too much and talked about God…”

  John sorriu pra mim. Eu sabia que a parte de beber muito e falar sobre Deus não era sobre nós mas “your parent’s yard” ele estava falando do nosso primeiro beijo. E Wonderwall... Foi a primeira música (antes de Let There Be Love) que ele cantou pra mim aquela noite em que a luz tinha acabado. Uma das melhores noites que eu já vivi. Eu sorri e meus olhos encheram de lágrima.

“Growing up, won’t bring us down
Growing up, it won’t bring us down
We’re in this together
Yeah we’ll make it somehow
Nothing’s gonna stop us now
Growing up won’t bring us down
Growing up wont’ bring us down
Growing up won’t bring us down”

  E assim segui escutando a música e fiquei emocionada. Com certeza aquela música ia tocar todo o terceiro ano. Ela descrevia exatamente tudo que estávamos passando naquele momento. Quando a música acabou, eu e a Sam batemos palmas. Percebi que ela também estava emocionada com a letra.

  - E aí, o que acharam? – Kennedy perguntou.
  - Eu achei linda, perfeita! Vocês realmente acertaram o que todo mundo deve estar sentindo nesse momento! – Sam disse tirando as palavras da minha boca. Concordei.
  - Essa música tá... Linda demais, gente, não consigo achar palavras!
  Os meninos se entreolharam sorrindo.
  - Com a formatura chegando a gente decidiu que precisávamos de novas músicas e ainda tivemos mais algumas composições aqui e tal... A gente só não sabe se tá bom...
  - CANTEM! – eu e a Sam falamos animadas.
  - Vocês não vão saber se não tiver alguém pra escutar! – completei. Eles pareceram concordar.
  - Beleza... Tem Everything I Ask For, Whoever She Is, We’ll All Be…, Girls do What They Want e... Don’t Stop Now.
  - Wow, tudo isso? – arregalei os olhos e olhei pra Sam que tinha a mesma expressão que eu. Eles realmente estavam levando aquilo á sério. John assentiu e disse que ia cantar Everything I Ask For primeiro e piscou pra mim. Prestei atenção na letra.

“She takes her time with the little things
Love notes reminding me
She wears red when she’s feeling hot
I have her but it’s all I got
She looks best without her clothes
I know it’s wrong but that’s the way it goes”

  John cantava numa melodia animada. Eu sorria para aqueles trechos imaginando se foi ele quem compôs ou o Kennedy. Pela piscada e os sorrisos que ele me mandava durante a música, eu deduzi que foi ele. Meu namorado não tinha jeito mesmo!

“I don’t know what she sees in me
But I’m happy that she’s happy now
That she’s with me
And I’m freaking out
‘Cause I’m just so lucky”

  Sorri. Não sabia o que eu via nele? Eu é que me questionava o contrário todo santo dia! Ele não sabia o quanto era perfeito. Na verdade ele era o único que não percebia isso. Sorri com o último verso apesar de achar que a sortuda era eu.

“Oh she makes me feel like shit
It’s always something
But I can’t get over it
She thinks it’s nothing
Because she’s everything I ask for
Everything I ask for
And just a little bit more
Everything I ask for
Everything I ask for
And so much more”

  Eu fiquei sorrindo a música toda. E amei Girls Do What They Want e We’ll All Be… Eu achei Whoever She Is muito fofa. Então quando só faltava Don’t Stop Now, John olhou pra mim e disse:

  - Essa é pra você, amor. – e sorriu.

“Well where i come from
You learn to take it nice and slow
Baby since we met
Oh its been go go go”

  Eu sorri meio envergonhada. Continuei prestando atenção na música.

“So you can rough me up
Yeah baby you can earn me too
Because all I got
You see all I got is you

So you can rough me up
You can break me down
Baby don’t stop now
Oh you can use me up
 Till it all runs out
Baby don’t stop now
I’m all yours…
I’m all yours somehow
Baby don’t stop now…”

  Não é necessário dizer que aquela música também causou lágrimas nos meus olhos. Quando a música acabou eu pulei do sofá pro pescoço do John e o abracei.

  - Você gostou amor?
  - Se eu gostei, O’Callaghan? You’re everything I ask for and so much more! Você não tem como ser mais perfeito… Você é o melhor namorado do mundo todo. – eu falei sorrindo e beijando ele. Ele me abraçou. Então os meninos ficaram olhando e falando coisas do tipo “ai que romântico”, “ai meu deus eu te amo Pat você é o melhor namorado do mundo” (Garrett). Sam e Kennedy já estavam abraçados no sofá e rindo com os outros três. John riu.
  - Tudo bem, idiotas, podem rir muito mesmo... Mas a namorada mais perfeita é a minha! – John riu e me abraçou pela cintura.
  - Desculpa John, mas nessa eu vou totalmente discordar de você. A melhor namorada do mundo é a minha Sam... – Kennedy disse, beijando o rosto dela. Antes que começasse um debate sobre a melhor namorada do mundo e mais zoeira com a cara deles, eu sugeri que fôssemos comer em algum lugar. Eles toparam, e então Patrick, Jared e Garrett começaram uma discussão sobre o namorado mais retardado do mundo: Kennedy ou John? Eu e a Sam rimos enquanto eles se xingavam. Eu sorria por dentro. Eu não queria perder tudo aquilo... Afinal, eles eram minha família agora.

19° capítulo

’s POV
  Dia de nervosismo, estresse. Mas também, um dia muito feliz. Eu nem acreditava que o dia da formatura já tinha chego! Tudo passou tão rápido... Eu tinha chego ali em Janeiro, há 7 meses, e agora já estava concluindo o terceiro ano. Minha vida estava melhor impossível: eu estou realizando meu sonho de morar, nem que por pouco tempo, em um outro país. Tenho o melhor namorado que uma garota poderia pedir pra Deus. Tenho os melhores amigos do mundo, tanto aqui quanto no Brasil. Tenho uma família que me ama (e que eu morro de saudades) e pais e irmãos “emprestados” que eu amo muito. O que faltava nessa equação? Eu estou me formando! Pensei com animação.
  Eu estou me formando, repeti mentalmente. Olhei para o espelho com o sorriso desaparecendo.

  Eu estou me formando! Já é Julho! Eu vou embora daqui 5 meses! E tudo, tudo isso aqui, toda essa felicidade vai acabar!, pensei. Meu coração apertou. Eu não quero que isso acabe, não, nunca. Mas eu não posso deixar o Brasil, posso? Minha família mora lá.
  Por outro lado não posso deixar meu namorado, o primeiro garoto que eu amei e tenho certeza absoluta que o último, aqui. Não posso ir embora sem ele. Sem o Pat. Garrett. Jared. Kennedy. Sam. Tim, Matt, Bryan, Sr e Sra Kirch... Todos aqueles que eu deixaria aqui. Com esse pensamento, me deu vontade de chorar.

  Não posso ir embora! Eu não posso deixar o Arizona! O que eu seria sem eles? Mas o que eu seria sem meu Brasil? Meu pai, minha mãe, , ... Aqueles que conheço desde menina?
  Damn, pensei enquanto segurava as lágrimas. Repreendi-me. Isso era hora de pensar nisso? Faltam cinco meses! Cinco meses são 150 dias! Muita coisa pode acontecer nesse tempo e eu estou aqui no dia da minha formatura sofrendo por antecedência. Engoli as lágrimas antes que elas saíssem e fizessem um estrago na minha maquiagem muito bem feita pela Dona Samanta. Tinha uma mão pra isso que só ela!
  Estou bonita como nunca estive na minha vida. Meu cabelo longo estava cacheado nas pontas, caindo sobre as costas. Meu vestido ajudava bastante também. Me dei uma última olhada no espelho: É, eu estava irreconhecível. Aquela não era . Aquela não parecia eu. Mas era.

  Essa noite, com toda certeza, vai ser uma das melhores que eu já vivi. E ela vai ficar na minha memória para sempre. Olhei para a escrivaninha do meu quarto e tinha uma máquina fotográfica que comprei. Peguei-a e a apertei contra minha mão. Eu não ia deixar passar nenhum segundo daquilo tudo.
  Sentei na minha cama e voltei a pensar como seria quando voltasse. O que eu ia fazer? Que faculdade eu ia cursar? Eu ia pra faculdade ou o que? E eu e o John íamos dar certo? Porque relacionamentos a distância são difíceis e aqui ta cheio de garotinhas e nhenhenhe. E tem a banda. E ele ta cheio de fãs, e com toda certeza vai arranjar uma no meu lugar assim ó. Rapidinho. E eu? Quem mais eu tenho? Ninguém.
  Fuck, como eu estava dramática e sentimental hoje.  Por mais que soubesse que todo esse sentimentalismo fosse parte da TPM, eu não conseguia parar de sentir aquele aperto no coração. Cadê alguém me reconfortando e dizendo que o amanhã não vai chegar?
  Levantei da cama e me olhei no espelho novamente, dando uma checada antes de descer. Passei perfume e saí do quarto. Parei no topo das escadas pra escutar a barulheira do pessoal lá de baixo.

  - Essa demora mais que o Pat quando ta fazendo chapinha – Garrett disse. – Ai, sai daqui Patricia, sai! – começou a reclamar. Com certeza o baterista deve ter dado uns tapas nele. Eu ri mentalmente. Esses meninos não conseguem parar nem no dia da formatura. Com isso, eu decidi descer. E no momento em que entrei no hall, estavam todos lá. John (lindo de terno!), Pat, Gary, Jared, Kenny, Sam, Mat, Bryan, Tim... Todos, rindo e me esperando. Então naquela hora foi impossível eu me conter. Eu já estava meio emotiva, e vê-los ali me deixou feliz-barra-triste. Então antes que eu as parasse, lágrimas caíram. John, que tinha aberto o maior sorriso do mundo ao me ver, desmanchou-o rapidinho. Ele veio até mim antes que qualquer pessoa pudesse fazê-lo e pegou minhas mãos.
  - Ei amor, o que houve?
  Soltei minhas mãos dele e coloquei-as no rosto. Não queria que me vissem chorando.
  - Nada. – falei com a voz abafada.
  - Nada não. Me conta o que houve... – ele pediu fazendo biquinho. Eu ri e, com o maior cuidado do mundo para não estragar a maquiagem, limpei as lágrimas.
  - Nada, John, é bobeira minha.
  Ele continuou com o bico. Eu ri chorosa.
  - Tudo bem... É só que... Eu tava pensando o que vai ser quando eu... Sabe, quando eu for embora. – falei com aquele mesmo aperto no coração. Minha voz falhou. – Eu não quero... Não quero ir, não quero deixar você. – falei e depois me virei para o resto do pessoal na sala. - Todos vocês.
  John sorriu e me abraçou.
  - Não se preocupa com isso agora... A gente vai dar um jeito, você vai ver, tudo vai dar certo. – ele sussurrou.
  - Awwwwwwwwwn, que bonitinhaaaaa! – Kennedy disse com a voz afetada. Todos riram e vieram se juntar a nós para um abraço coletivo.
  - Tá gente, passou. – falei depois de um tempo, mas ninguém me ouviu. – Gente... – eu ri.
  Eles me soltaram.  John me deu um selinho e depois se virou para eles.
  - Who wants to party?
  Os garotos se entreolharam e sorriram. Juntos, os cinco começaram a bater palmas ritmicamente. Eu olhei pra Sam com cara de interrogação e ela retribuiu. Voltei minha atenção bem na hora que um deles falou “1, 2, 1, 2, 3” e então eles começaram a cantar e bater as mãos e os pés, e a situação estava ficando hilária.
  -  E ooooh, we like to party, we like, we like to party. We like to party, we like, we like to party. Ooooooooooh, we like to party, we like…
  Eu e a Sam começamos a rir. Quando eles terminaram o ritual deles, John colocou a mão na minha cintura e me conduziu lá pra fora. Os outros nos seguiram. Meu namorado olhou pra mim, fundo nos meus olhos.
  - Você nunca vai esquecer de mim. De todos nós. Eu prometo. – então ele beijou o topo da minha cabeça.
  - E eu não duvido disso. – falei sorrindo.
  Entramos no carro e eu me animei. Aquela noite tinha tudo pra ser a melhor e mais inesquecível de todas.

20° capítulo

  Quando chegamos ao lugar do baile, meu sorriso se abriu instantaneamente. O velho ginásio do colégio tinha sido muito bem decorado com luzes piscando e faixas das mais variadas cores. Assim que colocamos o pé no estabelecimento, Brooke, uma garota da minha classe de Inglês e presidente do comitê do baile de formatura, correu até nós e nos olhou aliviada.
  - Que bom que chegaram! Já estava achando que não viriam! - ela disse.
  - Estamos atrasados? - perguntei confusa.
  - Não! É que eu quero que tudo saia perfeito hoje e vocês - ela olhou para os garotos - precisam estar aqui pra isso acontecer.
  Eles sorriram e Garrett, Pat, Jared e Kennedy foram para trás do palco. Nem tinha notado que ainda segurava a mão de John até que Brooke dissesse:
  - Desculpa, , vou ter que pegar seu namorado emprestado por um tempo... - e sorriu como quem se desculpa. Soltei a mão de John e disse:
  - Bom show!
  - Você vai estar me vendo, pra mim a noite já valeu à pena. - ele disse e me abraçou.
  - Vai lá e para de namorar, garoto! - eu ri. Assisti ele tomar o mesmo caminho que os amigos. Virei-me e vi a Sam me olhando. - Que foi bobona?
  - O que foi que você fez com John O'Callaghan, garota? - ela riu.
  - Nada...
  - Vocês são tão fofos juntos! Dá inveja em qualquer uma. - ela disse sorrindo e olhando para a turma da que tentava escutar o que falávamos.
  - Oi, , querida, perdeu alguma coisa? - pergunto forçando a voz para um tom bem parecido com o dela: falsamente doce e irritante. Ela sorriu do mesmo modo arrogante de sempre.
  - Oh, darling, se eu fosse você não ficava tão animadinha assim! - ela ri. - É uma questão de tempo até o O'Callaghan trocar você por outra. Música? Chamar de amor? Dizer coisas bonitas? Isso ele já fez pra metade da população feminina de toda Tempe... E adivinha pra quem ele sempre volta depois? Pra mim! - ela ri outra vez.
  - Sabe - Sam começou em meu lugar, antes que eu arrancasse os cabelos daquela nojenta - eu já vi gente muito criativa. Mas você, , você tem uma imaginação muito fértil.
  - Muito admirada de ouvir você mentir desse jeito, Samanta. Há quanto tempo você conhece o O'Callaghan? É então você sabe muito bem o jeito que ele tem...
  - Ele não tem jeito nenhum, , você que é uma put...

  - Licença garotas, mas acho que aqui é área da banda e convidados. - uma mulher loira entrou no lugar. Eu já ia me retirar quando a Sam fez um não discreto e sussurrou pra mim:
  - É a Jenny. - e com isso sorriu e saiu. Jenny! A mãe do John... Será que ela ouviu a conversa? Provavelmente.
  - Você deve ser a famosa ! - ela sorri e me abraça. - Muito bom te conhecer pessoalmente! O John nunca leva você pra gente conhecer, deve ter vergonha de mim...
  - Ou de mim... - sorrio.
  - Não me diga que acreditou no que aquela garota disse! - ela me olhou brava. - Meu filho nunca levou nenhuma garota á sério, a não ser você. Andei estranhando a quantidade de vezes em que ele ia para a casa do Patrick e em como ele voltava sóbrio para casa. Sempre com aquele sorrisão no rosto... Não há motivos pra você acreditar em nenhuma palavra do que aquela garota disse te garanto!
  Como ela era fofa! Sorri.
  - Obrigada!
  - Que isso, é só inveja! Sei muito bem como são essas garotas daqui. Mas o John disse que você é brasileira, né?
  - Sou!
  - Brasil! Sempre quis conhecer!
  - Vocês estão convidados pra me visitar a hora que quiserem! - eu rio.
  - Olha bem, , você falando assim é capaz de eu ir mesmo!
  - É o que eu quero - sorrio e ela faz o mesmo. Pega minha mão e aperta.
  - Fico tão feliz que o meu menino tenha encontrado uma boa garota dessa vez...
  - E eu fico muito feliz de conhecer a mulher que fez dele a pessoa que eu amo tanto hoje. - respondo.
  - Você é uma graça.
  - Mãe? - John aparece da porta. - O que está fazendo aqui?
  - Vim conhecer a sua namorada, oras! Já que você não nos apresenta...
  Ele sorri amarelo e abraça a mãe.
  - Era uma questão de tempo, ela é a única que eu quero. - ele diz.
  Jenny pisca pra mim.
  - Foi isso que eu disse. - e depois sai.
  - Como assim? - ele se vira pra mim. – Você já sabe, não é?
  Resolvo não mencionar nenhuma, porque hoje era a noite do meu baile de formatura, e nada podia estragar isso!
  - Sei! E sei que eu amo você muito, e que se você não voltar logo pra lá, a Brooke vai ficar bem brava com nós dois! - eu ri com a imagem da ruiva de olhos claros vindo até nós com uma cara de brava.
  - Ahhhh, a Brooke que se dane. - ele diz baixinho.
  - EU OUVI ISSO O'CALLAGHAN!!! - ela grita lá de trás.
  Ele ri e pega na minha mão e vamos pra fora.
  - Acho melhor você... - estou dizendo quando sou interrompida por ele colocando suas mãos na minha cintura e me beijando. Não consigo impedir. E na realidade, não quero. Ele me encosta na parede e continua a me beijar. Coloco uma das mãos no seu cabelo. Uma coisa que eu simplesmente não consigo evitar. Ele me coloca encima de uma mesa e beija meu pescoço, passando as mãos pelo meu corpo todo.
  - EPAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA CASAL, ACHO QUE NÃO É HORA PRA ISSO AINDA! - Garrett surge do além, fazendo com que a gente se assuste. - Vambora Jojo, eu tenho ciúmes de você com essa vaca!
  Eu dou risada.
  - Vai arranjar uma namorada seu viado! Não vê que a gente tá meio ocupado? – John diz irritado.
  Ele revira os olhos.
  - A gente tem que se preparar pro show, mané, depois você aluga um quarto no motel e faz o que você tem que fazer bem longe de olhares inocentes como o meu. - ele responde enquanto John mostra o dedo do meio e eu dou ainda mais risada.
  - Vai lá Jojo, depois a gente continua. - pisquei pra ele.
  - MEU DEUS, EU NÃO SOU OBRIGADO! - Gary tampou os olhos e saiu. John riu, me deu um selinho e foi atrás do amigo.

21° capítulo

Pra esse capítulo eu sugiro que vocês deixem a música "Stand By Me" do Oasis carregando. Assim que mencionada, dá o play!

  Enquanto os meninos tocavam, eu não desgrudava os olhos daquele palco e não parava de pensar em como eu era sortuda por ter um namorado e amigos como eles. E como eu tenho medo de perdê-los.
  Na décima música, John disse que iam fazer uma pausa e o DJ subiu no palco. John desceu e veio ao meu encontro.
  - Até que enfim, já estava achando que iria ter que encontrar outro par... - falei.
  - Pode procurar, você não vai achar um tão bom quanto eu. - ele respondeu convencido.
  - Ah é? Quer apostar? Vou e acho um antes de você piscar. - brinquei.
  - Você é louca que eu vou deixar você longe de mim hoje. - disse e me puxou pelas mãos pra mais perto. Assim que fez isso, começou a tocar Stand By Me do Oasis. Ele sorriu pra mim. - E você vai dançar essa comigo.
  - Absolutamente. - respondi rindo. Ele me puxou pela cintura e eu passei minhas duas mãos para o pescoço.
  Ficamos em silêncio por algum tempo. E nesse momento é que meu coração apertou novamente. Eu não ia suportar ficar sem ele. Acho que ele percebeu que eu tentava segurar as lágrimas, ainda mais com aquela música. Oasis era NOSSA banda.
  - O que houve? - ele perguntou.
  - Nada... To boba hoje.
  - Hoje e sempre.
  - Bla bla bla.
  - Mas é MINHA boba.
  - Só sua.
  Sorri fraco.
  - Tem alguma coisa errada sim... - ele diz.
  Silêncio.
  - O que vai acontecer quando eu voltar?
  - Eu vou continuar amando você do mesmo jeito.
  - Vai?
  - Vou.
  - E a distância?
  - A gente junta.
  - Se a gente brigar?
  - Brigar pra que?
  - Se eu demorar pra te ver?
  - Eu te espero.
  - E se eu duvidar?
  - Eu te juro.
  - Se você me enganar?
  - Você me descobre.
  - Se você não me escutar?
  - "Just whisper, I can find you in a crowd"
   - Se uma piranha daqui der em cima de você? Como eu vou poder deixar bem claro pra ela que você é meu?
  - Eu mostro minha aliança e digo pra ela que sou comprometido.
  - Que aliança?
  Assim, ele tirou do bolso dele e se ajoelhou na minha frente. Eu ri de boba.
  - Namora comigo, de verdade agora?
  - Quer dizer que eu era de mentira até agora?
  - Não, minha boba. Você é minha desde o primeiro dia que eu te vi. Aqui é só pra deixar bem claro pra qualquer brasileirinho de merda que tentar se aproximar de você. - ele sorri. - E então? Quer namorar comigo ou cansou de mim?
  - Claro que não cansei! - fiz ele se levantar. - Sim, sim, sim! Eu namoro com você OFICIALMENTE.
  Ele coloca a aliança no meu dedo e volta a me abraçar.
  Silêncio.
  - Se der saudade?
  - Saudade é pra mostrar o quanto uma pessoa é importante pra outra. É bom mesmo você sentir saudades. - ele sorri. - Eu pego um avião e vou te ver.
  - Vai mesmo?
  - All for you my daisy. - ele cantou.
  Sorri e o abracei.
  - Stand by me and nobody knows, the way it's gonna be...
  Levantei minha cabeça pra olhar ele e ele me beijou. E naquele momento tudo o que eu queria era congelar. Parar o tempo. Porque não existia mais ninguém. Só eu e ele. A música sumiu, as luzes, as pessoas... Podíamos estar sozinhos ou num salão cheio de gente. A única pessoa que eu ia notar era ele.
  - Eu amo você.
  - Eu também te amo, não importa a distância que eu tenha que enfrentar pra te ver. E não quero que fique triste. Vamos aproveitar o tempo que a gente tem juntos.
  Assenti e voltei a abraçá-lo sorrindo.
  - Acho que Oasis é a nossa banda... - digo.
  - É sim... Eu nunca mais vou escutar nenhuma música sem lembrar de você.
  - Nem eu. E isso é bom.
  - E por que?
  - Porque eles já são minha banda preferida. Agora sim que eu nunca mais paro de ouvir.
  - Igualmente.
  Sorrio.
  - Você gosta de praia?
  - Claro, que pergunta.
  - Gosta mesmo?
  - Sim, John.
  - Então vamos passar umas semanas lá?
  - Você quer dizer todo mundo?
  - Se você quiser.
  - Ah John, que lindo! É claro que eu quero! Eu amo praia...
  - Vou fazer dessas suas melhores férias.
  - Vai é?
  - Vou.Prometo.
  - Outra vez, não tenho duvida disso.
  - Mas não vai esquecer mesmo.
  - Eu sei.
  - E nem eu.
  - Que bom!
  Ele me abraçou e meu sorriso abriu. Eu era uma garota de sorte.

22° capítulo

  Enquanto tentava arrumar a bagunça que estava o meu quarto, Pat e os garotos invadiram o meu quarto, todos super animados.
  - Ei, , adivinha só! - ele disse.
  - Adivinha o que? - perguntei curiosa.
  - Temos cinco boas notícias. - John disse sorrindo e se aproximando de mim.
  - E que notícias são essas? Me contem logo, vocês estão me deixando curiosa. - eu disse.
  - Bom... a primeira é que nós vamos viajar! Pra praia. Pra San Diego, Coronado Beach! - Pat disse animado. Eu sorri, surpresa. Quando John disse que iria me levar pra praia com os outros, não imaginei que falava sério.
  - É sério isso? - e eu vi os cinco concordarem. - Aaaaah gente! Não acredito, me disseram que lá é tão lindo, e eu amo praia! Vocês são demais! - eu sorri pra eles, muito feliz.
  - Espera só pra ouvir as outras novidades... Sabe a Brooke? O pai dela é um dos donos de uma gravadora, Fearless Records, e viu a gente tocar no Baile de Formatura, e gostou. Ele nos propôs um contrato. - Garrett disse feliz. Eu arregalei os olhos e dei um pulo.
  - Gente isso é muito bom! Parabénssss! - falei abraçando cada um deles.
  - E essas são só as duas...
  - Duas? E quantas são as notícias mesmo?
  - Cinco! - Jared disse rindo. - Adivinha quem é a nova namorada do Garrett?
  Me virei pro Garrett. Ele não tinha me contado nada esse safado!
  - Quem Garry?
  - A BROOKE! - os garotos acusaram. - O Garry tá com a Brooke, e além de se dar bem, fez a gente ficar bem também...
  - Como assim? - perguntei.
  - A Brooke e o Garrett tiveram um caso no Baile, e agora os dois estão juntos... E bem, a gente tava pensando já de ir pra praia, e quem sugeriu Coronado Beach foi ela. Porque o pai dela tem uma casa lá, e ela podia ceder pra todo mundo ir.
  Me surpreendi. Eu não sabia que a Brooke era tão bem da vida assim! Hm, Garrett...
  - Espera só você ver o lugar, amor... - John pegou na minha mão e foi até meu notebook que estava ligado. Eu tinha tentado falar com a , mas ela não estava online fazia um tempo, e nem o . Fiquei chateada, achando que eles tinham me esquecido, mas essas notícias cobriram meu desapontamento.
  Meu namorado abriu o Google Maps e digitou "1147, Isabella Avenue, Coronado Beach, San Diego, CA, United States". O google marcou um ponto e ele aproximou mais, para poder me mostrar a casa. Ele apertou em "street view" e então eu vi. Uma casa linda, enorme, da cor branca amarelada, com um pátio na frente. Tinha sacada e cobertura, e eu fiquei babando. Essa era a casa de praia da Brooke?
  - Apenas três palavras: oh my god. - falei. - Essa casa é maravilhosa!
  Eles sorriram.
  - Quando a gente vai e como? Aliás, não é tão longe daqui, é?
  - Vamos depois de amanhã! E vamos de carro, vão levar 6 horas e meia. Ficaremos duas semanas lá.Vamos eu, você, o Kennedy, a Sam, o Pat, o Jared, o Garrett e a Brooke...
  Bati palmas feliz, pensando em como aquilo não podia melhorar. O quarto ficou em silêncio.
  - Ah John, para de ser viado e conta logo pra ela! - Kennedy disse.
  - Contar o que?? - me virei curiosa.
  - Quem mais vai com a gente... - Pat falou.
  - Era pra ser surpresa seus bichas. - John xingou-os irritado. - Agora vou ter que contar né.
  - Quem vai? - perguntei.
  - Vou dar uma dica... São dois amigos seus.
  Arregalei os olhos... Não podia ser! Não era permitido, era?
  - A JULIA E O LUCAS? - quase gritei quando os cinco assentiram. Pulei da cadeira. - MAS É PERMITIDO? Que eu saiba não é recomendado que amigos e familiares façam visitas aos intercambistas, não é?
  - Bom, depende. Em período não escolar, os pais ou amigos podem visitar. E ahhhh, , ninguém precisa saber. - John respondeu sorrindo.
  - OH MEU DEUS! PERAÍ! Se vamos depois de amanhã a e o vem quando?
  - Eles estão a caminho já...
  - Eu mato eles! Nem me avisaram, e eu achando que eles tinham me esquecido, cansado de mim e desconectado pra sempre das redes sociais! - eu falei. Eles riram.
  - Ei, dramática, era só uma surpresa! - ele diz.
  Eu sorrio e abraço ele.
  - Obrigada, vocês são demais. E você é o melhor namorado do mundo.
  - E você a melhor namorada. Ver você sorrir assim já fez tudo valer a pena.
  - Aaaah, eu amo você John! - falo.
  - E eu também amo você, .
  - E EU TAMBÉM AMO VOCÊS!! - Pat disse indo nos abraçar. Os garotos se juntaram e me vi sufocada no meio deles. Comecei a rir. Eu tinha os melhores amigos do mundo.

23° capítulo

  Abri os olhos. Eu estava dormindo em um carro. No carro do meu namorado. Adaptei os ouvidos e escutei meu nome.
  - ... A dorme mais que a cama. - era minha melhor amiga falando com o John e o . Em inglês! Ela tinha vergonha sempre, pois tinha medo de que falasse algo errado e todos zoassem da cara dela, mas não sei qual a preocupação, se ela falava tão bem.
  Pensei em falar alguma coisa, mas eles estavam rindo e se dando tão bem que nem ousei abrir a boca. Sorri discretamente. Eu sabia que seria assim, era impossível não gostar de qualquer um dos três. Fechei os olhos e acordei umas três horas depois, quando chegamos.
  - Ei dorminhoca! Chegamos.
  Quando abri os olhos era como se eu tivesse me materializado para dentro daquele Google Maps. Mas a casa era zilhões de vezes mais bonita ao vivo.
  - E olha para trás. - obedeci - Estamos pertinho da praia!
  E era verdade. Estávamos a, no máximo, oitenta metros do mar. Brooke abriu a casa e pude notar como o exterior deixava a desejar quando comparado ao interior. Era enorme, cheia de lustres e decoração artística. A escada parecia aquelas de castelo.
  Ela nos puxou para os quartos. Eram cinco, então tivemos que formar duplas. Eu e a , a Sam e a Brooke, Pat e John, Kennedy e Garret e Jared e . Cada quarto dava saída para uma enorme sacada, que no final tinha uma "mini" cobertura com uma piscina enorme. A Brooks conhecia tudo em Coronado e nos levou para o mercado mais próximo, enquanto os seis homens ficaram tocando música e pulando na piscina.
  Assim que voltamos ainda eram três da tarde, então resolvemos todos arrumar as nossas coisas e ir para a praia. Lá, estendemos cada garota uma toalha, e ficamos conversando e tomando sol, enquanto os meninos pareciam um bando de crianças no mar. Tiramos várias fotos e lá pelas cinco e meia, o John me apareceu:
  - E aí amor, vamos pegar umas ondas?
  Eu ri.
  - Só pra sua cara que eu sei surfar mesmo!
  - Mas você é brasileira, devia saber!
  - Aonde eu nasci não tem praia, amor.
  - Ahhh, não tem problema! Vamos lá, levanta que eu te ensino.
  - Me ensinar? Você? Só se for me ensinar a como cair da prancha!
  Ele fingiu cara de magoado.
  - Ah, é assim agora? Então você vai ver...
  E me pegou no colo. Comecei a estapeá-lo.
  - Me largaaaaaaa! - gargalhei.
  Ele correu pro mar.
  - Me solta, John!
  - Te soltar? Ok! - e me soltou na água gelada. Levantei furiosa, e o vi rindo.
  - JOHN CORNELIUS O'CALLGHAN V! - chamei brava.
  - SUJOU CARA! - ouvi Garrett gritar para ele.
  - Bate nele, ! - Pat berrou.
  Ele veio em minha direção.
  - Ahhh, vai dizer que ficou brava?
  - Não fala comigo, to brava.
  Ele tentou me abraçar.
  - Sai, não quero te abraçar.
  - Para com isso sua boba. - e começou a me fazer cócegas.
  - Paraaa! - eu ri. - Para com isso, eu não quero rir!
  E nós dois caímos na água de novo. Eu por causa das cócegas, ele porque o puxei.
  - Não fica brava comigo não... - ele pediu fazendo cara de cachorrinho abandonado.
  - Com você me olhando assim até esqueci o motivo. - eu disse e ele sorriu. E então se aproximou e me deu um beijo. Depois de uns 3 segundos, os meninos começaram a jogar água em nós e gritar "fora casal!".
  Saímos todos da água, porque já estava começando a ficar escuro e frio. Eu olhei para a praia, pensando em como era sortuda de estar ali.
  - Aqui é um bom lugar pra fazer um luau... - John comentou, e todos consideraram a ideia.
  - Que tal amanhã? To morrendo de sono... - Sam disse, e todos concordaram. Provavelmente estava todo mundo cansado da viagem, desde que chegamos não demos uma pausa.
  Enquanto eu caminhava mais atrás dos outros com o John, ouvi uma voz as minhas costas dizer:
  - JOHN! VOCÊ POR AQUI? - me virei e dei de cara com a última pessoa que eu gostaria de encontrar em um lugar como esse. As coisas em minhas mãos caíram, enquanto eu e o John mantinhamos a mesma expressão e ela sorria como se a melhor coisa do mundo tivesse acontecido.

24° capítulo

John's POV
  Olhava de para . Como aquela garota tinha chegado aqui? Sem sombra de dúvidas ela tinha me seguido. Conheço ela desde criança, e ela me segue desde então. Nossas mães são amigas, o que as fazem pensar que algum dia ficaremos juntos para toda eternidade, e teremos uma linda casa, cheia de filhos e um cachorro. Até parece.

  Não que eu não tenha ficado com ela várias vezes, mas ela não é o tipo de garota que eu queira namorar, muito menos casar. Pra ser bem honesto, até eu conhecer , ninguém era.
  - Er... Oi . - respondi.
  - Que bom que nos encontramos JoJo! Vai ser como nos nossos velhos tempos de praia, lembra? - ela disse com a voz melada dela, e em seguida riu. E, assim do nada, me abraçou. Não retribuí. Ao invés disso, olhei pra minha namorada. Ela parecia com quem poderia matar a . E eu junto. Mas então, numa total controvérsia com meus pensamentos, ela sorriu.
  - Que bom que está todo mundo reunido! - ela bateu palmas. - Estou MUITO feliz que você ta aqui, ! Eu até convidaria para se hospedar com a gente, mas INFELIZMENTE os quartos estão todos ocupados. - e então ela me puxou pela mão. - Se nos da licença, MEU NAMORADO e eu temos coisas pra fazer. See ya! - e então ela me virou e saímos de mãos dadas até chegar na casa. Nem uma palavra, nem um olhar durante o trajeto. Ja na casa, virei-me cautelosamente para ver qual era a expressão dela, mas eu estava sozinho, ela tinha entrado. Sim, com certeza brava. Fui atrás. Subi as escadas, ela estava no quarto.

  - ...
  - Não vem com essa.
  - Espera aí!
  - Eu te disse pra não chegar mais perto dela, não disse?
  - Mas a culpa não é minha se ela ta aqui! Eu nem planejei isso, você sabe!
  - Você deu a maior bola pra ela!
  - Eu conheço ela desde que eu nasci, nossas mães são amigas, eu não posso simplesmente mandar ela pro inferno, por mais que eu queira.
  - Tá.
  - Eu juro... Agora para de ser boba.
  - Eu não estou sendo boba... essa garota é uma vadia! Eu não me surpreenderia se ela já tiver aberto as pernas pra todos os meninos do colégio, inclusive você! - ela apontou. Não neguei, até porque era verdade. - E agora ela ta aqui, "do nada", só pra estragar toda a paz que esse lugar passa pra gente.
  Peguei na mão dela e, obrigada Senhor, ela não tirou.
  - O que eu vou querer com ela quando eu tenho você? - eu perguntei. Ela sorriu. Sorri de volta. - Viu só, é esse sorriso que eu gosto de ver em você, ta? Apesar de eu achar que você ainda continua linda quando brava.
  Ela me deu um tapa.
  - Eu não gosto dela no mesmo lugar que você! E eu achando que tínhamos no livrado dela porque nos formamos... Só que ela não desgruda mesmo.
  - Ela sempre foi assim, acredita... E levando em conta que eu moro em Tempe, uma cidade que não é assim tão grande, eu não me livrei dela.
  Ela fez cara de brava.
  - Essa piranha me paga se acha que vai fazer alguma coisa pra estragar essas ferias!
  Eu ri.
  - Tudo bem, bravinha. Vamos lá com os outros.
  Descemos, com a abraçada em mim.
  - Pelo jeito a galera ta fazendo a maior zoeira na cozinha. - ela disse rindo. Fomos pra lá.
  - Apareceu o casal! - disse .
  - Gente! - a Brooke disse. - Eu convidei umas três amigas minhas pra comer com nós hoje, tudo bem? Dei sorte de encontrar elas aqui! Elas já devem estar a caminho, pra falar a verdade.
  - Quanto mais melhor! - disse Pat com cara de safado.
  - Essa casa vai virar um motel. - Jared comentou, e todos riram.
  A campainha tocou.
  - Ahh! Devem ser elas! Vou la atender! - Brooke desapareceu pra atender a porta.
  Enquanto isso, já estávamos de olho no video-game.
  - Por que homem gosta tanto de jogar video-game? Meu deus, alguém me explica! - Sam disse, a e a concordaram.
  - Galeraaa! - Brooke entrou na sala. - Dêem oi pras meninas! Mas acho que não precisa de apresentação pra alguns...
  Então olhei na direção da voz, e tive uma surpresa. E quanto tempo não via a garota que estava ali, parada ao lado de Brooke. O cabelo ruivo estava um pouco mais curto, mas os olhos verdes eram os mesmos.
  - John? - ela perguntou feliz.
  E eu não consegui responder. Achei que, pela ultima vez que tínhamos nos visto, ela tinha dito que ia me arrepender de ter nascido.
  - Rachel? - perguntei, mais apavorado pra saber o que ela estava fazendo aqui, do que feliz com a sua presença. Porque eu realmente não estava feliz com isso. Por outro lado ela ainda estava bonita. Antes que ela pudesse responder, apareceu do meu lado, sorrindo. Alerta do ciúmes. Não que ela precisasse se preocupar.
  Mas então, só pra melhorar a situação, apareceu. Que diabos essa garota faz pra estar nos lugares errados nas horas erradas? Ótimo. Minha ex, uma doida que é obcecada por mim (que, por sinal, também é minha ex) e a minha namorada na mesma casa. A noite promete. Só que não.

25° capítulo

"EX is the shape I drew through your face
In permanent marker, oh yeah
Just like the mark you knew you were making
Who do you think you are?"

'S POV
  Olhei para a tal da "Rachel". E depois olhei para o John. E então para a , que apareceu ali. Deus, quando é que as ex's namoradas dele iam parar de ressurgir?
  Quer dizer... ele não tinha dito que ela era ex, ninguém disse nada. Mas eu conheço o John, e essa cara de apavorado que ele está me lançando, achando que eu vou pular no pescoço da menina. Bom, desde que ela não seja igual a ""... Eu não tenho nada contra ex civilizada.
  - É... , essa é a Rachel. Rachel, minha namorada, .
  Ela olhou pra mim, com os olhos um tanto quanto arregalados. Mas logo sorriu.
  - Oi, . Bom te conhecer.
  - É bom te conhecer também. - respondi sorrindo.
  Enquanto a Brooke apresentava Rachel para os que não conheciam (leia-se e ), eu sussurrei no ouvido do John:
  - Suas ex sempre ressurgem assim, do nada?
  Ele riu e me deu um beijo.
  - Bem vinda ao meu mundo.

* * *

  Quando entramos na cozinha, Rachel disse que queria que John sentasse DO LADO DELA, pois queria colocar a conversa em dia. Que conversa?
  Como uma pessoa sensata que sou, apenas me dirigi para o único lugar vago ao lado da e da Sam, que lançaram olhares do tipo "quem ela pensa que é". Ri internamente, mas por enquanto não tinha nenhum problema com ela. Não tinha demonstrado sinais de ser psicótica.
  Mas acho que tirei minhas conclusões cedo demais. De cada 20 palavras faladas, 18 eram dela, e 17 era sobre o John e ela. E a outra uma que restou, era algo banal, que ela completava com "lembra John? Da época que a gente namorava!". Os meninos não pareciam tão brincalhões como sempre, e a mesa toda estava quase dormindo com os relatos dela, até mesmo John e que era, supostamente, amiga dela. Olhei para o meu namorado. Ele estava com os cotovelos apoiados na mesa e cabeça cabisbaixa. Provavelmente com o celular.
  Foi aí que eu senti o meu tremer. Tirei do bolso.
  "Socorro? Quando ela vai parar de falar?"
  Sorri para a tela e mandei "Eu é que me pergunto! O namoro foi tão longo assim?"
  Segundos depois, ele responde "Que namoro? Eu nunca cheguei a pedir ela em nada. Metade do que ela tá falando é do ponto de vista dela... Não me lembro nem da metade'
  Eu ri baixinho "Posso dizer que até você me conhecer, tinha um péssimo gosto para garotas"
  E recebi como resposta "Convencida". Voltei minha atenção para a conversa de Rachel com ela mesma.
  - O John sempre foi tão romântico... Lembra quando você me deu flores? Lindas...
  - Ahn? - John perguntou como se tivesse acabado de acordar. - Não, não lembro não...
  Ela desmanchou o sorriso e se virou pra mim.
  - Ele é romântico com você também?
  - Simmm, seeeempre. John é um romântico incorrigível. - respondi.
  - ENGRAÇADO - Pat altera a voz e olha para Rachel - que eu não lembro do John ser romântico até ele conhecer a . Mas sei lá, deve ser só eu.
  - Né? Pelo que eu me lembre ele sempre te trocava por nós... - completou Jared.
  - Que eu saiba não foi um namoro foi? - riu Garrett - John sempre reclamava como você era um pé no saco, achando que eram namorados.
  - Você não disse pra ele que ele ia se arrepender de ter nascido? Acho que foi por isso, não foi? - Kennedy participou. Eu sorria de orelha a orelha e, como todos os outros na mesa, com uma vontade imensa de rir.
  Eu sei, eu tinha os melhores amigos do mundo.
  - Ai, mas isso é passado, não é Jo? Nos damos tão bem agora!! - ela diz feliz. - Aliás... ?
   parecia ter despertado de um sono eterno.
  - Oi? O que foi? Me chamou? - ela olhou.
  - Você não disse que sabia um lugar MUITO legal pra gente ir hoje? Ou vocês vão querer ficar aqui, mofando dentro de casa?
  Não eu prefiro mofar dentro de casa a ter que sair com as duas ex's mais irritantes do mundo. A expressão no rosto do meu namorado dizia o mesmo.
  - Por mim tudo bem! - disse Brooke animada. Poor Brooks. Acho que era a unica que não tinha entendido nada na mesma. Afinal, ela conhecia Rachel e considerava a uma amiga. Acho que precisamos contar as coisas pra ela. Ela é um amor, mas não existe uma pessoa tão "não Garrett" quanto ela. Garrett é um nerd assumido, gosta de Star Wars, sabres de luz (hm) e filmes, séries ou qualquer coisa que tenha a ver com zumbis. E Ryan Adams. Brooke era o tipo praia, sol, verão, One Direction, Gossip Girl e compras. Mas vai saber. Pelas leis da física e da química, os opostos se atraem.
  Se Brooke ia, Garrett também. E onde um maine vai, todos vão. E Sam. E eu. E consquentemente, e . Decidimos ir com dois carros, apesar de que não ia ter muito gente sóbria no final de tudo. Quem ia dirigindo era Brooke e Kennedy. Rachel puxou John para o carro dela, e eu fui atrás. Ei, esse namorado é meu!
  - Desculpa ... O carro tá cheio. Você não se importa de ir em outro, não é? - Rachel disse, na maior cara de pau. Vadia.
  - Não querida, claro que não. - falei com um sorriso falso estampado no rosto. Fiquei satisfeita em saber que fechei a porta no pé dela.
  - Qual é dessa Rachel? - perguntou brava. - Quem ela pensa que é? Eu juro que se você não fizer nada, eu faço! Arranco fio por fio dessa garota!
  - Olha nem me diga. E eu achando que a já tava ruim. Coitada, nem ela aguenta essa aí. - respondi.
  - Essa aí é outra louca. - Kennedy falou. - Pior que a . John sofreu com ela.
  - É, o John ficou com ela numa festa, há um ano, mais ou menos, e ela achou que era pedido de casamento. "Meu John" pra cá e pra lá, e ela não saía da cola, e John acabou dizendo umas verdades pra ela. E como ela é meio maluca, disse pra ele que "ele ia se arrepender de ter nascido". E agora tá aqui, cheia de conversa, abraços e beijos. - Jared contou. - Doida.
  Eu ri.
  - Mas o que importa é que eu tenho vocês pra me deixar feliz.
  - Pode crêr, ! - riu. Sorri pra ele.

ps: eu sugiro que deixe essa musica e coloque quando for mencionada!
  Chegando no "lugar MUITO legal", Rachel não soltou do meu namorado. Eu realmente estava ficando irritada com isso. Por que a vagabunda não podia esquecer do passado e ir arranjar um cara qualquer aí na pista? Mas o John ficava lá, com aquela cara, sem fazer nada a respeito. Why the fuck ele não saía de lá? Fiquei sentada na mesa, apenas observando a cena. Uma loira metida, uma ruiva pior ainda, as duas se esfregando no meu namorado. Eu estava quase levantando pra começar a briga do século, quando o me puxou pela mão.
  - O John sabe se cuidar sozinho. Ele não vai fazer nada com elas, ele te ama. E se fizer, você tem oito pessoas do seu lado pra bater nele. - ele piscou pra mim e sorriu. - Agora vê se aproveita essas férias. Você tá no seu intercâmbio, uma coisa que você vai lembrar pro resto da sua vida! Faz valer a pena, ao invés de ficar aí sentada, se precoupando, vai !
  Eu sorri e abracei ele. Eu sentia muita falta dele e de seus conselhos.
  - Você tá certo ! Vamos, eu quero alguma coisa pra beber.
  - É assim que fala!
  Peguei uma coisa bem leve de começo, mas tomei um pouco da vodka com um refrigerante que a tinha na mão, apesar dos protestos. Lancei um olhar pro lado do John, e ele continuava lá. Dei de ombros. Ele que se vire. Sam me puxou pra pista de dança e disse:
  - Amiga! Saca só a música que vai tocar agora! Subornei o DJ só pra você! Sei que você conhece a letra...
  Apurei os ouvidos e mandei o maior sorriso pra minha amiga quando eu ouvi o que tocava: X girlfriend, da Mariah Carey. Eu não curtia muito, mas sei que a Sam escolheu por causa da letra.
  - "He's moved on don't you know, don't you know you gotta let him go, let him go, let him go" - Sam cantarolou.
  - "Stop trying he's not gonna give in he's not yours anymore, don't you know, you gotta let him go, let him go, let him go" - se juntou ao nosso coral.
  - "Hey ex-girlfriend, it's too bad when you had him y'all thing didn't work, but he's all mine now so stop pursuing him" - cantei entrando na vibe. Olhei para a Rachel, que estava olhando para mim também. E enquanto eu cantava a próxima, eu ainda olhava pra ela, sorrindo falsamente.

"Before you get your feelings hurt
See, our love is hot and no
It won't stop 'cause I got him on lock
And although he rejects you
It don't seem to affect you
Cause you just keep trying
To get wit him"

  E fiquei ali, curtindo a música, e repetindo a música toda, e amando a Sam por ter feito isso por mim. Assim que a música chegou na reta final, cantei com vontade a última estrofe:

"I understand why
You want him back
But don't you know
Our love's too strong
For you to penetrate
lt's too late
He's not your baby no more".

  Assim que a música acabou eu virei o copo. Eu sei, eu nunca tinha bebido muito antes. Questão de um copo só, mas eu realmente estava com meus nervos a flor da pele com essa garota. Eu precisava descontar isso de alguma forma. A próxima música foi Animal, do Neon Trees, e eu fiquei lá dançando. Quando fui virar pra achar as garotas, bati em alguém e derrubei a bebida.
  - Desculpa! - pedi.
  - Ah, não foi nada... - uma voz masculina me respondeu. Eu olhei para o dono. Tinha um cabelo bem preto, uns centímetros mais alto que eu, olhos castanhos claros. Ou foi isso que consegui identificar entre aquelas luzes que não paravam de piscar. Ele sorriu pra mim, um sorriso muito fofo. Ele me lembrava um cara famoso, mas eu tinha certeza que não era. Quer dizer, depois do quarto copo de vodka, eu não tinha certeza de nada. - Qual seu nome?
  - . - respondi sorrindo. - E o seu?
  - Espera... ? Você é brasileira? Você tem bem o jeitinho... Meu nome é Guilherme aliás. - ele falou. Tudo em português, o que me deixou bem impressionada. Eu nunca achei que fosse encontrar alguém aqui do Brasil... Na verdade, nunca pensei sobre o assunto.
  - Como assim tenho o jeitinho? - eu ri das palavras dele. - Guilherme! Nome lindo. - comentei.
  - Tem esse jeitinho brasileiro animado. - ele riu. - E é a mais linda que eu vi hoje a noite... - ele comentou, o que me fez ficar envergonhada e desconfortável. Meu namorado estava por ali, e eu dando bola pra um menino brasileiro. Mas aí eu lembrei que ele tava em algum lugar, com as duas ex, e nem liguei muito.
  - Obrigada... - falei tímida. - Mas o que você tá fazendo por aqui?
  - Vim em uma viagem com amigos... Volto daqui umas semanas pra minha cidade.
  - Onde você mora?
  - São Paulo.
  - Ah, jura? - perguntei. - Eu também! Que coincidência!
  - Você mora na mesma cidade que eu? Impossível, nunca cruzei com tanta beleza por lá... Como eu nunca te vi, princesa?
  Bom, eu tinha gostado dele. Mas ele continuava me chamando de apelidos de "quero te comer" e isso tava me deixando chateada. Dei de ombros e sorri. Começou a tocar aquela música "You Make Me Feel" do Cobra Starship, ele chegou mais perto, sussurrando a música. Me afastei.
  - O que foi? - ele perguntou.
  - Não chega perto não! - falei.
  - Você não gostou de mim?
  - Não desse jeito.
  - Ué, por que?
  - Não é nada com você...
  - Você é lésbica? - ele fez cara de triste. - Desperdício. - completou e pegou na minha mão.
  - Não! É que..
  Mas antes que eu pudesse dizer algo, John apareceu do meu lado.
  - Excuse me? That's my girlfriend you are trying to kiss. (Com licença, é a minha namorada quem você está tentando beijar) - falou, com o ciúme escorrendo por todos os lados. Eu achei fofo, apesar de tudo.
  - Desculpa, cara. Eu não sabia. - ele falou, agora em inglês. - Mas o namorado dela é você?
  - Sim, algum problema? - ele perguntou, prestes a arranjar uma briga.
  - Não é por nada não... Mas te vi ali atrás com duas garotas, praticamente se esfregando em você. - ele sorriu. - E devia cuidar melhor do que é seu, uma namorada linda assim, sem ninguém por perto, qualquer um pior que eu pode tentar coisas bem piores. - Ele piscou e saiu. Eu ri internamente. Bem feito, John O'Callaghan! Essa era pra ele aprender a não me deixar sozinha. Eu gostei daquele garoto, talvez fosse procurá-lo depois, só pra manter contato. Não parecia um mau amigo.

  John, por outro lado, não achou nada engraçado. Ele me guiou para fora da pista, pra um canto isolado. Quando chegamos em sei lá aonde, ele parou e olhou pra mim, muito bravo.
  - O que foi agora? - perguntei desinteressada.
  - O QUE foi isso? - ele perguntou.
  - Só estava batendo um papo. - respondi.
  - Quem é aquele garoto?
  - Guilherme... Conheci ele agora, relaxa aí. - falei. Eu não estava bêbada (ou era isso que eu ficava repetindo mentalmente), mas um pouco alegrinha. Eu já estaria bem brava com o John se fosse em circunstâncias normais.
  - Porque você estava dando bola pra ele? Por que não disse que tinha namorado?
  - Hm deixa eu ver... AH É! Porque o meu namorado estava deixando duas vagabundas se esfregarem nele. E não quaisquer vagabundas, mas as duas ex namoradas! E você queria que eu ficasse sentadinha numa mesa esperando você RESOLVER sair de lá? Não, John, eu vou curtir as minhas férias, e se você quiser ficar à mercês das suas ex's, você faz isso sozinho!
  - Quanto você bebeu?
  - Eu não to bebada, John Cornelius! Eu to em sã consciência, te falando coisas que você deveria escutar! Porra. - falei irritada. - Desde que a Rachel chegou, eu fui jogada pra escanteio. E de começo acreditei na história de "ai, ela era um pé no saco" e da história de sempre de que a é um peso na sua vida, mas até agora não vi você agindo assim. Se você não tivesse NENHUM interesse nelas, você teria se afastado.
  - Eu não tenho nenhum interesse em nenhuma das duas! Mas você parecia estar muito felizinha com aquele Guilherme! E para de desviar o assunto, eu pedi porque você não disse que tava namorando, e ainda não me respondeu.
  - PORQUE ELE NÃO ME DEU CHANCE! TAVA MUITO OCUPADO ME CHAMANDO DE LINDA E DE PRINCESA, ENQUANTO QUEM DEVERIA ESTAR FALANDO ISSO ESTAVA COM AS SUPOSTAS "PÉ NO SACO" E "VADIA"!! - gritei.
  Ele pareceu muito irritado na menção de que o garoto estava me chamando de "princesa".
  - OK, VAI LÁ COM O GAROTO ENTÃO! - ele gritou de volta, parecendo uma criança de 4 anos de idade. Eu fiquei com vontade de rir, mas eu estava com mais vontade de gritar com ele, de fazer ele parar de ser tão teimoso, porque ele é quem estava errado.
  - TALVEZ EU VÁ, PELO MENOS ELE ME DÁ ATENÇÃO! JÁ O MEU SUPOSTO "NAMORADO"... - mostrei a aliança - ESTAVA OCUPADO COM OUTRAS COISAS. TALVEZ DEVESSE PROCURAR ELE AGORA! ELE ERA BRASILEIRO, E MORA NA MINHA CIDADE, QUANDO EU VOLTAR PRO BRASIL, VOU VER ELE! - falei sem responsabilidade sobre meus atos. Qual é. Eu nunca bebi "sério", e qualquer coisa ficava meio doida.
  - ISSO, LEVA A MINHA ALIANÇA TAMBÉM, E DÁ PRA ELE. QUEM SABE ELE SEJA MELHOR QUE EU.
  - À ESSA ALTURA, QUALQUER UM É!
  Os nossos gritos impregnavam o canto apertado e isolado que ele tinha me levado.
  - Você não disse isso.
  - DISSE! E quer saber? Que se dane.
  - É assim agora? "Que se dane"?
  - É.
  - Ok.
  Tentei sair do lugar, mas ele me puxou. Não sabia dizer quem estava pior: eu, falando coisas desconexas e não ligando pra toda a situação, ou ele, falando coisas piores e agindo feito um menininho. Resumindo, os dois bêbados.
  - FAZ UM FAVOR?
  - QUE FOI?
  - VAI SE FODER! E DEIXA EU SAIR DAQUI! - gritei.
  Ele soltou meu braço, mas me puxou pela cintura. Eu, como impulso, coloquei a mão no pescoço dele. Ele me beijou e eu retribuí, afinal, é simplesmente impossível pra mim não corresponder ao toque dele.

JOHN'S POV
ps: as cenas que se seguem são de sexo "leve" rs. Continue lendo só se sentir confortável com isso.

  Eu não sabia o que era... Se ela brava me deixava com tanta vontade dela, ou se eu estava simplesmente bêbado. Mas agarrei-a pela cintura, e a beijei, com mais verocidade que nunca. Minhas mãos andavam livres pelo corpo dela, e ela acariciava meu cabelo. Sem ver por onde andávamos, caímos em cima de uma mesa, ou balcão, não sei ao certo. Bom, parece que tudo sempre acontece por aqui. Coloquei-a encima da mesa, onde juntei nossos corpos ao máximo, e ela colocou as pernas ao meu redor, tentando não romper o beijo.
  Tirei a sua blusa rápido demais, enquanto tirava a saia que vestia. Tirei minha própria camisa branca simples e o jeans rasgado de sempre, e ela começou a me beijar, em todos os lugares. Imagináveis ou inimagináveis. Comecei a ficar "arrepiado", igual diria Pat, pra não mencionar outros termos. Deitei-a na mesa, e a fiz ficar presa a mim.
  - Pede desculpas... - falei mordendo, beijando e dando chupões no seu pescoço.
  - Não... - ela gemeu.
  - Pede... - disse, tirando o que sobrava de roupa nela e minha boxer. Encostei nossos corpos e senti ela estremecer outra vez.
  - Eu te odeio, John Cornelius O'Callaghan V... - ela sussurrou, arranhando minhas costas. Eu colei ainda mais nossos corpos, o que fez com que ela não tivesse mais forças para continuar com o movimento.
  - ... - gemi, só pra provocá-la.
  - Não faz isso comigo... - ela respondeu.
  - Pede. - falei.
  - John... - ela diz. Eu passeio minhas mãos por todo o corpo dela.
  - Diz. - falo, beijando seus seios.
  - Eu quero você... - ela finalmente disse, como se fosse muito esforço pro corpo e pra mente dela.
  - E o que mais? - perguntei. Sabia que estava sendo mal, mas não conseguia parar.
  - M-me desculpa... - ela rosnou. Ri e a invadi. Ela cravou as unhas nas minhas costas. E a cada investida eu sentia ela se contorcer mais. E então aconteceu. Senti-a respirar mais rápido pra recuperar o fôlego, e desgrudei meu corpo do dela, deitando ao seu lado. Me debrucei sobre ela, de modo que minha boca alcançou seu ouvido.
  - "I want you, yeah I want you bad, so bad I can't think straight, so bad all my bones shake, so bad I can't breathe" - cantei em seu ouvido, e a senti estremecer.
  - "Then in the midnight choir, outside the Whirlaway we could have just one more, and maybe you could stay, and in the light of morning for 21 days straight" - ouvi-a sussurrar de volta, com dificuldade. Sorri. Nós tínhamos essa sincronia, essa ligação. Não só física, mas a gente se completava de alma, de coração. Não importava qual a música que eu cantava, ela sempre completava. E assim, por um ato tão banal, eu tinha certeza que ela era minha, que eu era dela, e que éramos perfeitos um pro outro.

26° capítulo

'S POV
ps: deixe a música "Yellow - Coldplay" carregando e aperte o play quando for mencionada!

  Depois de mais ou menos duas semanas, as coisas estavam tranquilas. Depois do acontecimento da festa, John não dava chance pra nenhuma das ex namoradas se aproximarem dele. E era desse jeitinho que eu gostava.
  No momento estávamos na cobertura, comendo, enquanto os garotos pulavam na piscina e faziam as criancices de sempre. Enquanto conversava animadamente com as meninas e pegava batata frita, senti meu estômago revirar, como se fosse vomitar todos os meus órgãos para fora. Nojento, eu sei, mas foi o único modo que eu encontrei de explicar.
  Devo ter sido um pouco discreta, porque quando disse que ia no banheiro, ninguém estranhou nada. Corri até o banheiro, nem me dando ao trabalho de fechar a porta, pois não daria tempo. Abri a tampa do vaso, e vomitei. Parecia que tudo o que eu tinha comida estava voltando.
  Comecei a me desesperar. O que aconteceu comigo? Será que foi toda essa comida? Eu sempre fui meio gulosa, e magra de ruim, mas nunca tive problemas assim. Meu cabelo estava quase caindo no vaso, então senti alguém o segurando.
  - Q-quem... - comecei, mas a pessoa só sussurrou:
  - Shhh... - e eu soube que era a . Ela deve ter compreendido o meu olhar, minha expressão, mesmo quando eu passei despercebida por todo o resto. Ela segurou meu cabelo, até que eu tivesse certeza de que tudo tinha saído para fora. Assim que me limpei, dei um abraço nela.
  - Obrigada, amiga. Eu realmente não sei o que aconteceu comigo... eu nunca fui de passar mal! - falei estranhando. Ela ergueu as sombrancelhas e não disse nada. Apenas deu meia volta e voltou para a cobertura. Fui logo depois.
  Quando cheguei lá fora, já tinham colocado mais comida na mesma. E aquele cheiro... Aquele cheiro queria me fazer repetir o evento no banheiro mais cedo. Fiz uma careta.
  Os meninos já tinham saído da piscina, e John me abraçou molhado. O estapeei.
  - Saaaai!! - falei rindo.
  - Vamos comer? - ele chama.
  - Não, amor, to bem. Comi bastante antes... - menti.
  - Por que você tá tão branca? Aconteceu alguma coisa? Você tá passando mal? - ele perguntou preocupado. Outro que me conhece bem demais.
  - Ei, ei - ri dele. - Relaxa aí, só não to com fome!
  - Ok, mas não venha choramingar pelas migalhas depois. - ele piscou e foi comer.
  Choramingar pelas migalhas? O que eu mais queria era aquela comida longe de mim. Eu estava muito enjoada. E com vontade de comer doce.

* * *

  - ? - ouvi chamar. Estava no quarto sozinha, descansando, porque me deu dor nas costas. E isso que eu não me exercito nem nada. Ultimamente eu estava tão estranha, que só Deus sabe.
  - Oi... - respondi cansada. abriu a porta e nisso, Sam e Brooke entraram junto com ela e fecharam a porta atrás de si. Me espantei. O que tinha acontecido? - Ei, o que houve?
  - Diz você! - Sam perguntou. - Por que tá tão estranha?
  - Eu não to estranha! Só me atacou algum vírus de febre, deve ter sido isso... - arrisquei.
  - Não, . - disse com firmeza. - Pensa melhor.
  - nos contou o que aconteceu com você mais cedo. Você ficou enjoada e vomitou, e de repente uma repentina vontade de comer doce e agora essa dor nas costas e canseira sem motivos... - Brookes começou a falar. E então eu assimilei o que elas queriam dizer.
  - Não... Não, vocês estão doidas, mais nada.
  Elas se entreolharam, preocupadas.
  - , com quem foi a última?
  - Nossa, parem de ser tão... - comecei a falar, mas me interrompeu. Novamente. Ê garota teimosa.
  - ! Estou falando sério!
  - COM QUEM SERÁ! Com o Patrick que não foi né! - respondi irritada. Pra que tudo isso? Se elas achavam que... Eram loucas!
  Mas a menção disso tudo me fez duvidar um pouco dessa minha certeza. Tentei me esforçar pra lembrar se tínhamos usado proteção... E fazia um bom tempo que não descia nada.
  - PUTZ! - pensei alto. - Droga. Droga, droga, droga! - falei desesperada. As meninas se entreolharam do mesmo jeito: desesperadas. - Gente, pode ser isso! Pode ser! Ah, meu deus, o que eu faço? - falei quase chorando.
  - Calma, . Você ainda não tem certeza... - Brooke diz, tentando me acalmar. Sem sucesso. - Mas se for verdade... É o John, não é não?
  - Sim, né, B! O primeiro e único até agora, a menos que alguém tenha me estuprado enquanto inconsciente! - falei sem humor.
  - Bom, desde que você ficou vomitando no banheiro, eu desconfiei de alguma coisa. Então, enquanto você estava aqui, fiz as garotas irem comigo até a farmácia e comprei isso. - ela diz, tirando um teste de gravidez de farmácia da bolsa. Ela implorou com o olhar, e eu decidi que teria que fazer. Eu também precisava saber.
  - OK. - disse pegando a caixinha.
  - Seja o que for, a gente tá com você. - Sam disse, pegando na minha mão.
  - E compramos do mais caro, só pra ter mais certeza! - Brookes disse, sorrindo.

  Fui no banheiro e li tudo que continha nas instruções da caixinha com muita atenção. No final... Bem. Deu positivo. E aquele era um método razoavelmente confiável, que era comprovado que dava um bom resultado. Droga!
  Eu, com 17 anos, tendo essa notícia. Eu ia ser mãe. Eu ia ter que aceitar a responsabilidade de criar um ser humano. Um pequeno e frágil ser humano, que vai se tornar dependente de mim até o momento que case com alguém. Coloquei a cabeça nas mãos, e comecei a chorar. Isso era muito pra mim. Eu não vou ser capaz de criar um filho sozinha! As garotas me abraçaram. Nos próximos cinco minutos, eu fiquei chorando, e elas tentando me consolar.
  - Oh, , não chora... - sussurrou. - Estamos aqui pra tudo! Vamos ser as tias, e iremos ajudar em tudo o que você precisar. Vamos criar esse filho como se fosse nosso também. Você NUNCA vai estar sozinha. Você tem a nós. E, bem... - ela fez uma pausa e me observou. - Você tem o John. Que eu tenho certeza que depois do choque, vai ficar muito feliz e assumir essa criança. Você não fez esse filho sozinha, .
  Isso só me fez chorar mais. E se ele não aceitasse a criança? E se aceitasse e isso estragasse as coisas com a banda, atrasasse a vida dele? Eu não ia suportar ser a que destruiu os sonhos dele. Um sonho que ele merece tanto realizar! Chorei incontrolavelmente por vários minutos, até cair no sono, e as meninas me deixarem no quarto.

*

(Recomendo colocar a música)
  Acordei eram umas 2 da madrugada. Eu tinha pensado muito sobre o que fazer. Eu iria dar a notícia pro John e arcar com a reação. Deixar claro que não quero que isso atrapalhe a vida dele na banda, que criarei o filho sozinha se for o caso. Porque a felicidade dele é mais importante pra mim que qualquer outra coisa. Fui em direção ao quarto que ele dividia com Pat. Garrett e ele ainda estavam jogando video games lá em baixo, então conseguir achar o quarto só com John lá. Ele estava deitado na cama, mas acordado. Quando me percebeu ali, tentou levantar e sorriu.
  - Hey amor...
  - Hey... Fica aí, Jo, não levanta da cama. - disse, indo em direção dele e entrando embaixo da coberta com ele. Me puxou pela cintura, de modo que ficamos de "conchinha". Ele beijou meu ombro esquerdo e começou a alisar meus cabelos. Fiquei ali, absorta em seus toques que me faziam tão bem. Mas foi ele que puxou conversa.
  - A que devo tão honrosa visita? - ele perguntou.
  - Saudades de você.
  - Eu também. Você dormiu o dia todo, sua cansadinha! A madame não faz nada e ainda se cansa! - ele comentou rindo. Ri junto.
  Silêncio.
  - A verdade é que... Preciso te contar uma coisa MUITO importante.
  Ele se assustou.
  - O que houve?
  Suspirei.
  - Presta bem atenção... É algo que vai mudar a minha e a sua vida, pra sempre. E eu quero te dizer que se for o caso, se for atrapalhar sua vida, não tem problema eu me viro, porque só quero que você realize seu sonho da banda, e não quero que nada impeça isso. Eu te amo muito, John...
  - Eu também te amo... Mas porque tá falando tudo isso, mulher? - ele perguntou ainda mais assustado.
  - John... Não sei como te dizer, mas... Eu estou grávida.

JOHN'S POV
  - John... Não sei como te dizer, mas... Eu estou grávida. - ela disse enterrando a cabeça no travesseiro.
  ESPERA. GRÁVIDA?? Putz... Como eu fui ser tão irresponsável a ponto de deixar isso acontecer? UM FILHO? AOS DEZESSETE? Isso só podia ser brincadeira...
  Mas então olhei para , encolhida ao meu lado, com a cabeça no travesseiro, provavelmente chorando. Era com ela que eu tinha feito esse filho ou filha. Era dela, a mulher que mais amei na vida, tirando dona Jenny com quem eu certamente iria me casar algum dia, pois não via minha vida longe dela, com outro alguém do meu lado.
  Meu filho poderia se parecer comigo. Ser alto, de olhos verdes... Mas teria o nariz, a boca e o jeito de sorrir da . Enquanto a filha... Ia ser a cópia idêntica dela, mas com um gênio mais voltado para o meu. Sorri. Por mais que causasse grandes mudanças, eu não tinha engravidado uma garota qualquer. Uma que fiquei por uma noite, uma que não queria mais saber, uma que eu nem lembrava mais o nome.
  Era minha , a minha namorada. Era dela. Abracei seu corpo encolhido e voltei a mexer no seu cabelo enquanto falava:
  - Você tá louquinha se acha que vai criar esse filho sozinha, amor. - falei, e ela parou de chorar. - Eu sei que vai mudar tudo, mas a gente vai dar um jeito, lembra? Eu não vou te deixar sozinha. Nunca, essa é a última coisa que farei na vida. A gente vai criar esse filho ou filha, e ele ou ela vai ter a melhor vida que pudermos dar. Eu garanto pra você, que se for menina vai ser sua cópia, sem tirar nem pôr.
  Ela se virou pra mim, me abraçando.
  - Eu te amo, John. Você não sabe o quanto fiquei insegura de você não aceitar isso. Vai ser um grande passo entre a gente... E eu decidi que to pronta, só faltava você. Quer dizer... - ela suspirou. - Não estou pronta pra largar de ser uma adolescente e ser "Mãe". Eu tenho dezessete... Mas eu sinto como se eu não fosse suficiente, seja menino ou menina o que está por vir. Eu criando uma pessoa, um ser humano? O que eu faria, como o sustentaria? - parou para pensar. - Eu só quero que isso dê certo. E sei que pelo menos com você as coisas tomam o rumo certo.
  Beijei o topo de sua cabeça, compreendendo todos os seus medos. Eram os mesmos que os meus. Mas ao invés de começar uma longa discussão sobre o assunto, preferi diferenciar. Cheguei mais perto do seu ouvido.
  - "Look at the stars... Look how they shine for you. And everything you do... Yeah, they were all yellow" - cantarolei. Ela sorriu de orelha a orelha, deixando uma lágrima cair. Limpei-a.
  - "I came along, I wrote a song for you, and all the things you do and it was called Yellow" - ela completou. Eu comecei a acariciar seu rosto.
  - "Your skin, oh yeah, your skin and bones, turn into something beautiful, do you know? You know I love you so, you know I love you so".
  Silêncio.
  - Se for menina... Gosto de Kylie.
  - Kylie? Hmm... E que tal Ivy? É tão rock n roll.
  Ela riu de mim.
  - Kylie é mais bonitinho, John.
  - Tudo bem. Mas se for menino, vai ser John VI! - brinquei.
  - Ué, e por que não? - ela riu.
  - De John já chega um na sua vida... - sussurrei.
  - É o único que eu preciso.
  Sorri. Eu estava certo de que, independente do nome, aquela criança seria a mais amada de todo o mundo.

27° capítulo

"I get by with a little help from my friends"

'S POV
  Em pouco tempo, todos já tinham aceitado a ideia de eu estar grávida. Até eu tinha. Minha mãe, é claro não ficou mega feliz, levando o fato de que era pra ser um intercâmbio. ", você nunca aprende né?" e riu "Eles disseram 'não é recomendável fazer laços muito fortes durante o intercâmbio'". No final de tudo, disse que estava louca pra conhecer o John e conhecer o sexo do bebê. Ela finalmente seria avó (não gostou muito do termo, aliás)! Jenny estava toda risadas e felicidade. Ela queria fazer uma festa, um jantar, um baile, um evento... O resto da família aceitou bem, estava tudo muito bom.
  Tudo, tirando o fato de Rachel e ainda estarem aqui. Pelo menos o diferencial é que John não as deixa nem chegar perto. A cada dia que passa, porém, minha vontade de matar as duas é muito mais forte.
  "Não se deixe irritar, é prejudicial ao bebê", eles dizem. Na realidade, todos os passos que dou, agora são prioridades do bebê. Será que fui a única que percebi que só tenho um mês de gravidez? E todo mundo agora me trata como se eu fosse de porcelana e fosse quebrar a qualquer instante.
  A coisa boa, é que posso ficar o dia inteiro sem fazer nenhuma tarefa e botar a culpa na gravidez. Yeah!
  Numa noite dessas, sugeriram de sair. Os olhares imediatamente se voltaram para mim. Festa!! Mas é claro que eu queria festa...
  - O que foi? Vocês não acham que eu vou ficar aqui, né? Vamos todos! - falei animada. Ninguém falou nada e eu rolei os olhos. - Dá licença, não é como se eu tivesse morrendo né? Se vocês não vão - me levantei - eu vou.
  John sorriu.
  - É melhor a gente ir, antes que essa doida resolva fazer alguma loucura. - ele disse e me abraçou.
  - Vocês me tratam como se eu fosse de vidro, daqui á alguns dias eu fujo de todos vocês! - falei e todos riram. No fim, todos concordaram de ir para um pub, bem parecido com aquele em que conheci o Guilherme... Falando nele, nunca mais o vi por aqui.
  Depois daquela noite em que eu e o John brigamos e "fizemos as pazes", Rachel sumiu... Mas quando chegamos no pub, lá estava ela. Virei para .
  - Eu estou falando sério... Minha paciência para essa daí já está nos limites. - ela disse.
  - Você tá mais irritada que eu, e olha que o namorado é meu... - brinquei.
  - , eu to falando sério. Essa menina é meio louca. Será que ela não entendeu que ninguém quer nada com ela aqui? Que droga! - ela disse irritada. Olhei para a Rachel. Agora ela falava com o animadamente. Sorri maliciosamente para a .
  - Entendi tudo... - ri.
  - Que foi? - ela perguntou se fingindo de desentendida.
  - Nada...
  - Você é muito boba, sabia?
  - Só falo o que vejo.
  - Você delira! - ela riu.

  Durante toda a festa, Rachel fez questão de continuar com seu "pé-no-saquismo", como dizia Sam. Dessa vez, eu não toquei em nenhum copo de bebida. Nem que eu quisesse eu poderia, com todos esses "guardas" em cima de mim. Depois de dançar com as garotas, me sentei numa cadeira, e John do meu lado.
  - E aí, tudo bem com você?
  - Estava tudo bem cinco minutos atrás quando você me perguntou isso. E nas passadas três horas em que você ficou perguntando isso. E ainda estou bem. - falei. Ele riu e me deu um selinho leve.
  - É que eu fico preocupado com você... E com nosso filho também. - ele disse colocando a mão na minha barriga, que não tinha crescido nenhum centímetro ainda. Graças a deus. Eu estou abominando a hora em que vou ficar parecendo uma bola enorme. Mas, como sempre me lembro, os meses que ficarei assim, vão valer a pena no final.
  - Amor... - falei sorrindo pra ele e coloquei minhas mãos envolta do seu pescoço. - Eu tô bem. Prometo que quando eu estiver me sentindo mal, você vai ser o primeiro a saber, tudo bem?
  - O primeiro mesmo? - ele fez bico.
  Rolei os olhos.
  - Sim... - falei e voltei a sentar direito na cadeira. - Agora se prepara que sua amiga tá vindo. - disse sem humor quando vi uma Rachel toda sorridente, acompanhada de uma visivelmente irritada. Postou-se em minha frente e abriu o maior sorriso (falso).
  - Oh, , querida... Posso pegar seu namorado emprestado?
  - Na verdade, eu estava descansando aqui, Rachel, não estou a fim de dançar. - ele disse.
  - Para com isso! Não é você quem tá grávido! - ela riu, como se fosse a coisa mais engraçada do mundo, e puxou o John pela mão. Ele me olhou com uma cara de "me salva" e eu dei do ombros, rindo da situação. Enquanto estava sentada ali, comecei a pensar como minha vida tinha mudado. Há alguns meses, eu tinha saído do Brasil, da minha vida rotineira que eu não aguentava mais, pra tentar me achar nos EUA. Engravidar não estava nos meus planos. Eu não sei como lidar com isso... eu sempre fui rotulada como uma "boa menina". Você sabe... Eu tiro notas muito boas, tenho uma família maravilhosa, e tinha tudo para mim na vida (e foi um dos motivos que vim para cá... eu não aguentava mais ninguém dizendo "seu futuro vai ser brilhante" quando eu nem ao menos sabia o que fazer com ele). Aborto não é simplesmente uma opção para mim. Até porque, meu filho ou filha, é uma parte de mim e do John, e eu nunca teria coragem de "matar" isso. E muito menos adoção. Como eu poderia entregar uma parte tão importante de mim e da minha relação para outra pessoa? Enquanto eu pensava nisso, fiquei observando meu namorado. Ele seria o melhor pai que alguém poderia imaginar. Ele é sempre tão protetor e preocupado comigo, e sei que isso não vai ser diferente com nosso filho. De repente, fiquei feliz por tudo isso ter acontecido. Antes de descobrir, eu estava com medo de abandonar toda a vida que eu construí aqui, de abandonar ele, de abandonar Pat, Garrett, Jared, Kenny, Sam... Mas agora sei que isso nunca vai ser possível. Sorri, agradecendo a Deus por ter reservado isso pra mim.

  Esses pensamentos felizes foram afastados assim que vi o que acontecia na pista de dança: Rachel, aquela vagabunda, praticamente pendurada no MEU namorado, tentando beijá-lo. Era visível que ele tentava afastar ela. Levantei e fui em direção dos dois. Cutuquei-a.
  - Com licença? - perguntei. - Acho que é o MEU NAMORADO quem você está tentando beijar. - falei imitando John. Ela sorriu pra mim.
  - , você é tão iludida... - ela falou sorrindo com pena pra mim. COM PENA. Ah não, era hoje que ela apanhava. - Você não vê que o John está com você só porque ele é bom demais para recusar na sua cara um filho? Ele ia se sentir culpado demais... E ele quer esse beijo tanto quanto eu.
  Juro que se eu não tivesse com tanta raiva, eu até riria na cara dela. Mas tudo o que pensava nesse momento era em como bater nessa garota. De todas as formas possíveis.
  - Acho que você está é com ciúmes, Rachel... Que você não foi SUFICIENTE pra fazer ele ficar com você. Que você não foi boa o bastante pra ele te querer. Olha pra você - falei olhando pra ela dos pés a cabeça - e olha pra ele - apontei para o John. - Você realmente achou que ia conseguir ter alguma coisa? E você realmente achou que ia poder chegar aqui, do nada, tentando tirar ele de mim? Você não vê que está forçando as coisas? Se arrastando pra ele... Isso é rídiculo, mas parece que você não tem "semancol". Porque você, Rachel, você me dá pena. Tentando colocar na minha cabeça que meu namorado não me ama? Ele já me mostrou o suficiente que você está errada, enquanto você fica aí tentando, insistindo em uma coisa que nunca vai dar certo. E eu estou te falando isso tudo porque não aguento mais ver você encima dele. PORRA GAROTA, supera! NÃO DÁ PRA VOCÊ ENTENDER QUE VOCÊ É APENAS UMA EX? Olha ao redor! Você está em Coronado, num pub, tentando reconquistar alguém que nunca foi realmente seu! Que está comprometido e que logo vai ter UM FILHO, enquanto você poderia estar curtindo a sua vida. Quantas vezes o John vai ter que te falar não pra você se tocar que não vai acontecer nada? Por Deus garota, se toca, tenha amor próprio, e dá o fora antes que eu resolva parar de ser boazinha com você! - falei, com toda a raiva da minha vida. Eu deveria estar muito vermelha, porque eu me sentia com muito calor de repente. Tinha conseguido fazer uma coisa que nunca aconteceu seriamente antes: eu perdia a paciência.
   E espero que ela tenha absorvido todas as verdades que eu joguei na cara dela. John me olhou surpreso. me puxou pelas cotovelos com esforço. Por mim, eu tinha arrancado os cabelos dela ali mesmo.
  - , calma. - ela disse.
  - Calma nada ! Você quem disse que ia bater nela!
  - Mas VOCÊ é quem tá grávida, não eu! Relaxa aí...
  - Eu não aguento mais ver essa garota na minha frente!! - falei.
  - , me desculpa! Eu não sabia que ela ia causar tantos problemas assim, senão nem tinha chamado. - Brooke apareceu do meu lado.
  - Que isso Brooke, você não tinha como saber...
  - Acho melhor a gente sair daqui antes que você acabe matando ela. - John pega na minha mão e ri.
  - Você tá rindo da situação né seu bobo? - bati nele.
  - Já te disse que você fica linda brava, não é? Você deixou ela com a cara no chão. Essa é a minha garota. - ele me abraçou pela cintura. Já disse que não dá pra ficar brava com ele?
  - Ei, eu tive uma ideia... - Jared diz e todos se viram pra ele. - Que tal a gente deixar essas duas - e aponta para a e a Rachel (Rachel estava sentada em uma cadeira, com uma cara de cu, enquanto parecia estar muito interessada na conversa dela com um outro cara) - aí, ir para uma praia e fazer um luau?
  Aprovada a ideia do Jared, reunimos a galera e fomos fazer com que o resto da noite desse certo.

28° capítulo

'S POV
  Sentamos todos na areia, em volta de uma fogueira que custamos de acender. Olhei pro céu, e estava tudo perfeito. Aquela lua, aquele mar, aquelas pessoas. Como se não houvesse nada que pudesse impedir o mundo de ser feliz. Nada que pudesse NOS impedir de sermos felizes.
  Pat estava com uma daquelas mini baterias, que parecem tambor. Kennedy, Jared e Garrett estavam com violões a postos.
  - Ei, por que vocês não cantam as músicas de vocês? Faz tanto tempo que eu não escuto vocês cantarem... - pedi.
  - Isso! Aproveitem e nos mostrem como é o som de vocês, eu e o nunca escutamos. - disse. Os meninos assentiram e Jared começou a tocar algumas notas aleatórias. No segundo seguinte os acordes de Daisy invadiram o ambiente. Sorri. Nos minutos que se seguiram, eles cantaram as músicas que eu já conhecia. Assim que John cantou a última nota de We All Roll Along, todos aplaudiram.
  - Vocês são muito bons. - disse sorrindo pra eles. - A não exagera quando fala de vocês, então.
  - Eu também me surpreendi! - diz animada.
  - Na verdade, ainda estamos fazendo novas composições... Os nossos "fãs" cobram bastante. - Kennedy riu sem graça.
  - É estranho falar "fãs" desse jeito... Nunca achei que ia dar certo. - Pat admitiu.
  - Bom! Eu soube desde o começo. - sorri. - Não esqueçam de mim quando ficarem famosos. - ri.
  - Você é inesquecível, . - John responde. Eu ia responder, mas interrompeu.
  - Ok, ok, vocês se amam, blablabla... Mas antes que o casal fique aí no maior love, vocês podiam mostrar uma dessas "novas composições" pra nós. - pede.
  Os meninos sorriem entre si e começam a tocar. Assim que John começou a cantar, minha reação foi a mesma da primeira vez: eu não consegui conter um sorriso, e nem os arrepios.

"She said let it slide
All the things that I
Have running through my mind
Will all be gone in time
Remember son
All the things you've done
And all the things you've lost
And all the things you've won

We're just trying to find some color in this
Black and white world"

  Enquanto escutava-os cantar, eu percebia o quanto eles mereciam tudo o que sonhavam. E muito, muito mais. Já tinha os visto se apresentar e percebi a harmonia que eles tem com o público. E como isso não é forçado, sai naturalmente. Sorrio com orgulho de ter conhecido esses meninos. E quando John diz "things will be just fine", eu olho para ele. Ele cantava com olhos fechados e sorrindo. Era óbvio que o momento mais feliz da vida dele era quando fechava os olhos e cantava. E isso era uma coisa que eu não queria tirar dele, mas sabia que podia. Tinha uma grande probabilidade disso acontecer. Eu estava com medo de estragar tudo. É claro que ia atrapalhar os planos que ele faz desde sempre, isso nem ele mesmo consegue esconder direito. E eu não queria que isso acontecesse, mas John estava decidido a fazer com que isso desse certo. E a cada dia, só aumentava minha preocupação com isso tudo.

"Everyone feels cheated sometimes
Yeah we all feel a little
Fucked up sometimes"

  Bati palmas assim que a música acabou.
  - Vocês são incríveis. É sério. - disse.
  Nesse momento percebi o sorriso de todos, e de como eu queria que aquele momento não acabasse nunca mais.

* * *

  Enquanto a galera comia, fui molhar os meus pés no mar. A noite estava maravilhosa e tornava o momento mais perfeito ainda.
  Estava tão distraída que não percebi meu namorado chegando quieto ao meu lado.
  - No que está pensando? - ele pergunta.
  - Em como essa noite tá bonita. - respondo.
  - Não tão bonita quanto você. - ele diz. Corei. Sorte estar escuro. Até imaginava o sorriso de triunfo dele ao me ver corando por suas palavras. Se bem que, ultimamente, eu não me importava mais.
  - Você sempre faz isso? - pergunto.
  - Isso o que?
  - Isso. - apontei pra ele. - Deixar as pessoas sem graça com esses elogios...
  Ele ri baixinho.
  - Não. Só quando é realmente verdade. - ele sorri. Me abraçou por trás. - Você tá meio quieta ultimamente.
  - Só to pensando muito... Você sabe.
  Ele suspira.
  - É aquele assunto bobo de "arruinar minha vida" de novo?
  - Se você tá dizendo que vai arruinar...
  - Eu não to dizendo nada, ! Para com isso, já te falei que é pra parar de ser boba.
  - Engraçado como você sempre me chama de boba, e eu sempre to falando sério... Isso não é assunto bobo, eu não sou boba.
  - Quantas vezes mais você vai insistir nesse assunto?
  - Eu não sei John... Quem sabe até você decidir conversar sobre.
  - Estamos conversando sobre.
  - Isso é sério! - falei alterando a voz.
  - Nunca fui mais sério. - ele responde calmo.
  Me desvencilho do seu abraço e sento na areia. Será que ele não está entendendo a gravidade da situação? EU VOU TER UM FILHO DELE! Não é qualquer coisa. E ele tratando isso como se não fosse nada demais, como se não fosse mudar nada, estava me deixando irritada, preocupada e triste. Meus olhos marejaram.
  Não agora na frente dele, por favor. Ele se ajoelha ao meu lado e olha pra mim. Olho pro outro lado a fim de disfarçar.
  - Ei, você tá chorando?
  - Não.
  - Olha pra mim.
  - Não.
  - Quer parar de me responder com "Não"?
  - Não.
  - É só isso que você sabe falar?
  - Não.
  - É assim agora?
  - Sim.
  Ele se levantou. Suspirei pensando que ele tinha ido embora. Mas senti algo me puxando pelas costas e meu corpo levantando. Ele tinha me pego no colo.
  - EI! Me solta!
  - Não! Até você tirar essa cara de brava daí. - ele disse. Amarrei a cara. - Ahh, é assim? - não mudei a expressão. - Então tá. - ele disse. Nesse instante ele fez como se fosse me jogar no mar. Me agarrei a ele.
  - Não faz isso, não faz isso, John, pelo amor de deus! - gritei.
  Ele riu. Idiota.
  - Me dá um sorriso então.
  - Não! Me coloca no chão primeiro!
  - Não, vai ter que sorrir. - ele riu debochando da situação. Forcei um sorriso.
  - Satisfeito?
  - Não. Quero um sorriso de verdade.
  Comecei a estapeá-lo.
  - Me larga O'Callaghan! Me põe no chão agora. - mas comecei a rir, porque ele fazia cócegas.
  - Viu só, é assim que eu gosto. - ele riu junto e me colocou no chão.
  - Hum. - falei brava. - Nunca mais faça isso.
  Ele me puxou pela cintura.
  - Eu te amo, sabia?
  - Que bom!
  Ele rolou os olhos.
  - Vou ter que te fazer dizer que me ama?
  - Me obrigue.
  - Você sabe que eu consigo... - ele sussurrou no meu ouvido. Estremeci. Ele consegue, consegue mesmo.
  - Eu te amo, droga. - sussurrei de volta enquanto ele me beijava.
  Acho que ia ser sempre assim. Ele sempre ia ganhar de mim.

29° capítulo

  Tudo o que eu mais queria quando chegássemos a Tempe era ir ao médico. Apesar de ter dado positivo e eu ter apresentado todos os sintomas, vai que... Nunca se sabe, não é? Eu ia precisar ir ao médico da mesma maneira.
  Bom, meus planos não foram como eu desejava. No primeiro dia em que chegamos, estávamos todos muito cansados da viagem. No dia seguinte, Tim chegou todo animado dizendo que tinha agendado um show pra eles para dali dois dias. Eu resolvi não tocar no assunto e deixá-los praticar em paz. Os dias que antecederam a apresentação, não teve jeito de ir. Decidi que iria na segunda feira, depois do fim de semana do show.
  No local, enquanto esperava os meninos entrarem no palco com a Sam e a Brooke, parei para prestar atenção nas conversas ao nosso redor.
  - ... Acho que são três.
  - Três? Tudo isso? Qual deles?
  Voltei meu olhar para as donas das vozes discretamente. Eram duas garotas de saia justa, blusa apertada e decotada e salto alto. Revirei os olhos mentalmente. Groupies. Mas dispensei o fato e voltei a prestar atenção quando uma delas mencionou os nomes dos garotos.
  - John, Garrett e o Kennedy.
  - Ah não! O John tem namorada? Isso não pode ficar assim. – ela disse rindo, e a outra a acompanhou. – Quem é a vadia?
  “Com licença?”, pensei. Ela nem sabe meu nome, nem sabe quem sou e já está me chamando de vadia pelo simples fato de eu estar no caminho dela?
  - Não sei. Mas coitada, quando descobrirem ela vai ser muito odiada pelas fãs.
  - Coitada nada. Pra que foi inventar de namorar o vocalista? Isso é se as fãs já não sabem...
  - Sim, as fãs sabem. São mais rápidas que a gente, essas. – e agora abaixou a voz, mas eu consegui escutar do mesmo jeito. – Boatos que a namorada do Oh ta grávida.
  Demorei um tempo pra identificar que “Oh” seria um apelido para o John.
  - Grávida? Então é mais vadia do que eu pensei! – e riu. – Um filho, John O’Callaghan? Vai atrapalhar a carreira toda dele.

  Quando elas mudaram o rumo da conversa para a saia que a outra tinha comprado, desviei meu olhar e constatei que as palavras delas tinham me afetado mais do que deveriam. Então desejei que e estivessem aqui outra vez para me animar. Eles sempre sabiam a coisa certa pra me fazer sorrir. Sam olhou pra mim.
  - Você não escutou o que elas falaram, escutou? Não liga não, . Essas groupies são ridículas, vem aqui achando que vão conseguir alguma coisa. Não deixa a palavra delas te afetarem.
  Felizmente, não precisei responder, pois nesse momento as luzes apagaram, e os garotos entraram no palco sobre gritos. John sorriu e pegou o microfone.
  - E aí, Tempe! Quanta gente aqui hoje... – ele riu. Nesse momento, alguém ergueu um cartaz. John leu. – “Fuck your girlfriend and marry me!”. Ele só deu um sorrisinho quando Jared falou pelo microfone dele:
  - Não fala assim de mim, não! – o que arrancou risadas do público e me fez amar ele mais que nunca. John mandou um beijo para ele acompanhado de uma piscadinha, riu e anunciou a primeira música.

  No final do show, saímos para esperá-los do lado de fora. Ficamos de pé conversando sobre a noite e orgulhosas ao constatar que muita gente tinha comparecido. Mais a nossa frente, havia um grupo de garotas nos olhando e conversando. Duas delas caminharam em nossa direção, e uma delas, a de cabelos bem escuros e olho verde dirigiu-se a mim.
  - Você é a ?
  Fiquei um segundo em silêncio, só assimilando que aquela garota, uma estranha, sabia meu nome. Espera, ela era fã? Então que a groupie falou era verdade. As fãs são realmente muito rápidas.
  - Hm... Sou. – respondi com medo do que viria a seguir.
  Ela me olhou de cima a baixo, com aqueles olhos verdes enormes como se estivesse me julgando.
  - VOCÊ é a namorada do John?
  - Não acho que seja da sua conta. – Brooke respondeu por mim.
  - É da nossa conta sim, o que tem a ver com o John, tem a ver com nós. – a morena respondeu novamente, bravíssima.
  - Por acaso vocês são a mãe dele? Por acaso seu nome é Jenny? Duvido muito. Então não acho que realmente seja da sua conta. – Sam respondeu.
  - Só queríamos dizer a – ela deu ênfase que queria falar comigo e se virou para mim. – que se ela estiver realmente grávida dele, que ela não o envolva nisso.
  - Eu acho que essa questão não cabe à vocês! Não sei onde tiraram essa informação, mas ela é da vida pessoal do John, e vocês não tem nenhum direito de se meter. Não é assunto de vocês, mas sim deles dois. – Brooke disse irritada.
  - Nós sabemos... – a menina que acompanhava a morena, uma loirinha, se pronunciou pela primeira vez. A amiga tentou contradizê-la, mas ela não deixou. – Não Holly, para com isso, o que ela disse é verdade, você não é ninguém pra decidir o que ele faz com a vida dele.
  - Você ta no meu lado ou no lado delas Amy? – a morena perguntou brava.
  - Não é lado, Holly, eu estou falando a verdade, não fica insistindo se você sabe que ta errada. – e agora se virou para nós. – Desculpa, realmente não é da nossa conta, mas nos preocupamos e sei que vocês também, já que são mais próximas deles do que todas nós juntas. Ficamos meio receosas de que essa história fosse afetar o The Maine, só isso. E desculpa se a gente se intrometeu. – ela disse e pegou a amiga pelo braço, voltando para a roda de meninas. Ninguém teve tempo de responder. Assim que os meninos voltaram, forcei um sorriso e os cumprimentei pelo show. Mas a realidade é que tudo o que eu ouvi me fez pensar. E me afetou, muito.

* * *

  Voltamos para casa de tardezinha, e assim que Tim estacionou, fugi para o meu quarto sem dar nenhuma palavra à ninguém. Percebi que John quase veio atrás de mim, mas Sam o segurou e disse que eu tava muito cansada desde o show, e que eu precisava deitar. “Thank God for Samanta!”.  Sentei na minha cama e pensei.
  Então as fãs sabiam de tudo, é isso? E elas estavam com medo que isso terminasse com o The Maine? Deitei.
  Querendo ou não isso podia acontecer. E se o John acabasse ficando tão ocupado com essa vida de “pai” que tivesse que deixar a banda de lado? Eu não iria agüentar isso. Aquela garota do show, Holly. Eu entendo a preocupação dela, porque eu sinto a mesma coisa. De um modo diferente, do lado de cá, mas sinto.
  - Ei, ... – Tim surgiu na minha porta. – Tá tudo bem com você?
  - Ei! Tudo bem sim, eu só estou descansando aqui. – sorri.
  - Ah, ta, até parece. Conta aí o que houve! Sou seu irmão, lembra?
  Deus! Será que os Kirch têm o dom de me conhecer?
  - Nada não Tim, só pensando no que vai acontecer e tal...
  - Relaxa aí , vou amar ser tio! – ele diz rindo e senta do meu lado para me abraçar. – Essa criança vai ser muito mimada.
  - To só de olho no que vocês vão fazer com meu filho, viu? – disse rindo e o abraçando de volta.
  - Mas hein, vim aqui em cima pra te dizer que você foi intimada a descer e sair para comer com a gente.
  Nesse momento os meninos entraram no meu quarto.
  - Esse quarto está ficando meio pequeno pra todos nós. – falei rindo quando eles vieram me buscar. John colocou o braço na minha cintura e sorriu.
  - Vamos lá, .
  Revirei os olhos e os segui.

***

  Mais zoeira do que aquele restaurante estava era impossível. Os meninos não paravam de rir e fazer idiotices, contagiando quem ficava por ali mesmo que pouco tempo. Lá pelo fim do jantar, apareceram umas garotas e pediram para tirar foto com eles. Eles, como sempre muito atenciosos, aceitaram. Estava tudo ok comigo, até umas garotas começarem a olhar pra mim e cochichar e dar risada. Eu realmente tentei ignorar, mas eu nunca fui do tipo calma. Virei para o outro lado e fingi que não vi. Nesse momento, uma delas foi até o John e começou a falar com ele, rir e sussurrar no ouvido dele.
  - Mas as fãs de hoje em dia estão um pouco assanhadas, né não? – Brooke comentou e acabou dizendo tudo o que eu estava pensando. Assenti e voltei meu olhar para meu namorado a tempo de ver a garota tentar beijar ele. E foi aí que eu fiquei irritada. Sam olhou pra mim.
  - Ei , calma, não vai lá tentar matar a menina.
  Levantei-me.
  - Mas quem ela acha que é?
  - Calma...
  Sam se levantou e segurou minha mão.
  - Amiga calma. Sempre tem dessas.
  Eu respirei fundo. Sam era mil vezes melhor nisso que eu. Virei-me.
  - Eu vou lá pra fora e já volto. – disse já indo em direção à saída. Lá fora estava frio. Fechei meu casaco e coloquei o celular no bolso.
  Isso tudo não estava fazendo bem pra mim. Desde que chegamos de Coronado, meus pensamentos estão bagunçados, e a preocupação não os abandona. Quer dizer, tudo vai mudar daqui pra frente. E eu não sei se quero isso. Mas não é como se eu tivesse a opção de pular essa parte da minha vida. Eu tenho que enfrentar isso tudo. Senti algo gelado na nuca, e isso me fez despertar dos meus pensamentos.
  - Vira devagar. Não grita. – uma voz grossa e desconhecida disse. Meu coração acelerou. Era só o que me faltava. Segurei as lágrimas.
  Eu estava sendo assaltada.

30° capítulo

  Fechei os olhos e me virei com as mãos levantadas, rezando para que ele não fizesse nada comigo.
  - Isso. Agora passa o celular e a carteira. - ele diz.
  - Eu não tenho carteira. - sussurrei.
  - Eu disse que você podia falar? - ele cuspiu em mim. - Que tipo de adolescente anda por aí a noite e não leva dinheiro junto? - ele diz zombando de mim. Fico quieta. - Droga! - ele grita. Então eu sinto uma pancada no lado esquerdo do meu corpo. Me segurei para não gritar ou reclamar, sabia que se fizesse qualquer um dos dois, só pioraria a situação.
  - Pega meu celular, mas por favor, não faz nada comigo. - falei oferecendo o objeto. Eu não estava com medo por mim. Eu estava com medo pelo meu filho. A pancada que ele me deu ao lado do corpo já foi forte o bastante pra ter feito alguma coisa. O cara, que está todo de preto e de touca, me olha dos pés a cabeça. Tomou o celular das minhas mãos.
  - Vou levar seu celular, fofinha, mas bem que eu poderia te levar junto comigo, não é mesmo? - ele diz passando a mão pelo meu cabelo e descendo para a minha bochecha. - Você é uma gracinha.
  - Não me toca. - falei por impulso. Mas logo me arrependi. O homem me deu uma bofetada na cara. Eu senti uma dor aguda na bochecha, como se minha mandíbula fosse deslocar. E dessa vez eu gritei.
  - Cala boca! - e me bateu de novo. - Caralho, você era melhor com a boca fechadinha. Então ele olhou pro lados e depois pra mim. - Casaquinho de marca é? Tira e me dá!
  Obedeci. Se eu desse o que ele queria, quem sabe ele me deixava em paz. Ele arrancou o casaco da minha mão e os olhos dele caíram sobre o meu tênis. Droga. Meu all star preferido não! Mas por algum motivo ele não era tão chegado em tênis velho como eu, e não pediu para eu entregar.
  - E não ouse em chamar a polícia, porque Tempe não é grande, e eu decorei esse seu rostinho de princesa. - e saiu correndo com meu celular e minha jaqueta. Me deixando com frio, com dor e com a pior sensação do mundo. Mesmo morando em São Paulo, eu nunca tinha sido assaltada.
  Sentei no meio fio, enterrei a cabeça nas mãos e desatei a chorar. Meu corpo todo doía. Ele tinha me batido com a arma, não bastava a força que esse desgraçado tinha. Coloquei uma das mãos sobre a minha barriga. E se tivesse acontecido alguma coisa? Eu caçaria esse homem e o mataria se alguma coisa tivesse acontecido com o meu filho. Chorei com a ideia.
  No meio disso tudo, me peguei pensando no Brasil. Na minha família, nos meus amigos. Eu queria ir para casa. Mas não essa casa que fica três quadras daqui. Queria a MINHA casa, no Brasil. Queria a minha mãe me abraçando e dizendo que tudo era só um sonho, que eu ia ficar bem, do jeitinho que ela costumava fazer quando eu tinha pesadelos.
  Mas eu sabia que isso não ia acontecer.
  - ? - ouvi alguém gritando. - ?
  Era a Sam. Ela vinha caminhando na minha direção com a Brooke.
  - Achamos ela! - Brookes gritou. Então as duas me olharam direito.
  - Ei, porque você está chorando? - Sam perguntou e logo após arregalou os olhos. - , o que aconteceu com o seu rosto? Meu Deus, B, olha isso! - então as duas correram e se ajoelharam ao meu lado. Sam virou para trás e gritou: - Gente, me ajuda! A ta machucada!
  Dali uns segundos, John vem correndo e se junta a elas, com os meninos vindo ao fundo.
  - , o que houve?
  Entre lágrimas e dores no corpo todo, conto a eles o que aconteceu.
  - Quem foi? Você viu a cara dele? Eu mato se eu achar esse filho da puta! - John falou bravo.
  - Calma John. Ela disse que ele estava de touca, e nesse escuro não tinha como saber.
  - Precisamos levar ela ao hospital, pra ver se não aconteceu nada. - Tim diz.
  - Não, Tim. Eu só quero ir pra casa.
  - Mas , pode ter acontecido alguma coisa!
  - Amanhã, pode ser? - me levantei.
  - Amanhã sem falta.

* * *

  Acordei com o pensamento na noite passada. Eu não tinha conseguido dormir direito. E como poderia?
  Tinha falado com a minha mãe pelo skype. Eu estava morrendo de saudades, e morrendo de vontade de voltar para o meu país. Conversei também com a e o , o que não ajudou nada na situação.
  - Ei ! - eles disseram juntos. Meus olhos se encheram de lágrimas assim que os vi.
  - Que saudades. - falei quase chorando. Os dois perceberam.
  - Ei, o que aconteceu? - perguntou.
  - Nada. - falei limpando as lágrimas. - Só saudades. To louca pra voltar.
  - E a galera daí?
  - Ta todo mundo ok. - respondi consciente de que não era esse o sentido da pergunta deles.
  Silêncio.
  - Você brigou com o John? Até uma semana atrás você não queria nem pensar em voltar.
  - Não brigamos... É que... - fiquei quieta tentando escolher as palavras.
  - Mas aconteceu alguma coisa, não é? Dá pra perceber daqui.
  - É só que eu fico pensando se o melhor pra ele não seria eu me afastar.
  - Você tirou isso de onde? Ele te ama! - diz.
  - Eu sei, mas por mais que ele diga que vamos dar um jeito, eu sei que esse filho vai atrapalhar. E tem outra... Desde que voltamos da praia eu venho percebendo que isso não vai dar certo. Ele tem uma carreira toda pela frente, eu não quero ser um obstáculo, tanto pra ele, quantos pros outros meninos. Ao mesmo tempo eu não sei se é isso que eu quero pra mim. Essa distância, e tem as fãs. Acredita que elas já sabem de tudo?
  - Ai , isso é complicado. Mas você tem um filho dele. Não dá pra fugir disso assim. - diz.
  - Espera... - diz visivelmente confuso. - Você ama ele, ele te ama... Eu não estou entendo pra que tanto drama .
  - As vezes o amor recíproco não é o suficiente. Depende de muito mais pra dar certo. Eu sei que o amo com todas as minhas forças, mais do que tudo, mas eu sinto que se isso continuar, vai afetar nós dois. Nossa vida, nosso futuro.
  - Você tá pensando em terminar com ele e vir pro Brasil, assim, mesmo com o filho? - pergunta.
  - Eu não sei...
  - Pois trate de saber. Daqui uma semana a senhorita volta e tem que resolver isso logo. - ela me lembra.
  - Eu sei.
  - E fique sabendo que nem eu, nem o aprovamos esse seu pensamento. Ele tá te assegurando que vai fazer o possível pra ficar do seu lado, e você, como sempre, toda insegura.
  - Calma , pega leve. - a interrompe. - É verdade tudo isso que sua "mãe" falou. - ele diz fazendo aspas no mãe. Era bem isso que ela parecia mesmo. Só que mil vezes pior. Sorri e ela revirou os olhos. - Seja qual for a sua decisão, você sabe que estaremos te esperando naquele aeroporto com o abraço mais apertado do mundo quando descer do avião, ok?
  - Obrigada vocês dois. - disse enquanto o choro ameaçava aparecer outra vez. Era hora de desligar. - Mal vejo a hora de estar aí... Mas eu vou dormir agora, ok? Chega de sentimentos por hoje. Eu só quero dormir.
  - Boa noite, . Amamos você.
  - Eu não amo. - brincou. - Boa noite .
  E desliguei. E agora, no dia seguinte, ao pensar nessa conversa, me dá um aperto no coração. Tanto de saudades, quanto de indecisão ao que fazer.
  Levanto da cama e tiro os cobertores de cima de mim. Na mesma hora, eu grito. Meus olhos arregalados.
  - ? - Pat sobe correndo no meu quarto. - O que houv... - e para na frase. Ele olha para a minha cama com olhos arregalados. Ele também segurou um grito. - Meu deus. , eu vou chamar o Tim! - e saiu correndo.
  Começo a chorar. Eu perdi meu filho. Como sei? No meu colchão está uma grande mancha vermelho vivo. De sangue.

***

  Assim que chegamos no hospital e eu fui encaminhada para uma sala, um médico me esperava. Não falei nada. Se abrisse a boca, começaria a chorar novamente. Pat disse que era para eu me acalmar, pois nada era certo. Mas era óbvio que tinha perdido meu filho. Quem sangra durante a gravidez? Ninguém. Essa é a graça: você não menstrua.
  Esperei o enquanto o homem me analisava. Eu estava com vontade de sair correndo e chorar meu coração para fora. Eu sabia que algo ia acontecer. Eu deveria ter obedecido o Tim e ter ido para o hospital ontem a noite. Talvez ainda tivesse sido possível salvar.
  - Precisaremos que você faça um ultrassom. - ele me diz. Eu assenti, enquanto levantava e ele me encaminhava para a sala.

  Aquele gel fazia uma sensação horrível em mim. Em outras ocasiões eu acharia engraçado, pois quando era menor amava ultrassom. Mas eu estava muito apavorada e triste para achar graça no mundo. Pat e John queriam entrar, mas a médica para a qual fui transferida para fazer o exame não permitiu. Disse que eu ficaria mais ansiosa. Possivelmente verdade. Eu não queria ver o John. Nem o Pat. Nem ninguém. Eu só queria acordar desse pesadelo. A mulher parou e me informou que eu teria que esperar lá fora os resultados. Me limpei, coloquei minhas roupas e saí. Nesse momento, todos os olhares caíram sobre mim. Dei de ombros pra mostrar que não sabia o que tinha acontecido comigo. John veio até mim, mas eu disse que precisava ir ao banheiro. Sam e Brooke se ofereceram, mas agradeci e disse que iria sozinha.
  Dentro da cabine, comecei a chorar. Por que isso era tudo tão injusto? Já que meu filho tinha mudado tanto o rumo da minha vida, porque o mundo foi injusto e o tirou de mim? Por que eu não posso pelo menos ter ele comigo? Ah, eu descobriria quem era aquele ladrão. E aí eu faria ele sofrer igual eu estou sofrendo agora.
  Uma batida na porta. Uma voz feminina conhecida.
  - , a médica quer falar contigo. - era a Sam. Saí da cabine e ela me abraçou. - Vai ficar tudo bem. - sussurrou. Eu sabia que não, mas apreciava a tentativa. Saímos do banheiro e eu fui em direção da sala. John se pronunciou.
  - Eu sou o pai, eu tenho o direito de entrar, não é? - ele pede ao médico. Ele concorda. Meu coração fica pequenininho. Eu queria olhar para meu namorado, mas eu não ia suportar ver o rosto dele, ele dizendo que ia tudo ficar bem. Eu sabia que não. E sabia como essa história ia acabar mal.
  - ... Eu sinto do fundo do meu coração em dizer que você perdeu o filho. - ele diz.
  Eu assenti, engolindo o choro. John pega na minha mão. Eu não o impeço. Não queria olhá-lo, mas a sensação da mão dele na minha ainda era minha preferida.
  - Foi por qual motivo, doutor? - ele pergunta por mim. - Ou vocês não sabem?
  - Sobre isso que queria conversar. Me contaram sobre o incidente de ontem a noite. - ele diz cautelosamente. Está falando sobre o assalto. Cerro o meu punho livre. Eu estava com raiva desse homem. Era possivelmente por culpa dele tudo isso. - Não foi esse o motivo, apesar de que possa ter contribuído. - ele diz frustrando meus pensamentos. - Seu problema, , não está nas emoções, apesar que as mesmas possam ter ajudado. Já ouviu falar em gravidez ectópica? Pois bem, - ele continua quando sacudo a cabeça. Continuo fraca para pronunciar qualquer coisa. - é isso que você teve.
  - O senhor podia nos explicar? - John pediu educadamente. Pois é, também queria explicações, porque nada fez sentido até agora.
  - Sim. Gravidez ectópica é o desenvolvimento do embrião em outro local que não o útero. No seu caso, como na maioria dos outros casos desse tipo de gravidez, a tuba uterina foi o local em que o embrião escolheu para ser desenvolvido. E sinto em dizer que foi uma má escolha, pois quando o embrião se desenvolve em outro lugar que não o útero, ele não possuí condições de continuar. Esse tipo de gravidez tem grandes chances de aborto nos primeiros meses, como ocorreu com você. Quero deixar bem claro que não é uma regra. Só porque aconteceu agora, não quer dizer que na próxima vez que a Srta tentar ficar grávida isso também ocorra.
  Próxima vez? Ele realmente acha que eu ia tentar mais uma vez? Eu nem estava tentando na primeira! Eu assenti a cada palavra que ele disse. Me levantei e disse com a voz carregada de choro:
  - Com licença. - depois percebi o quão mal educada eu tinha sido e me virei. - Obrigada, doutor.
  E saí do cômodo. Lá fora, desabei na primeira pessoa que encontrei. Pobre Garrett.
  - Shhh... - ele tentou me acalmar passando a mão no meu cabelo. Logo, todos me abraçaram também, e aquilo formou uma espécie de abraço coletivo. Me soltei do Garry e dei de cara com o John. Ele me olhou, os olhos vermelhos, a expressão triste. No meio disso tudo eu só pensei em mim. Em como EU estava sofrendo, em como EU perdi meu filho, em como EU estava cansada disso tudo... E esqueci que o John também estava sofrendo, também perdeu um filho e possivelmente também estava cansado de tudo isso. Ele me abraçou e eu permiti. Apesar de eu o estar evitando, ele ainda era a pessoa que eu mais amava no mundo todo, perdendo de bem pouco para minha família. Mas eles não contam. Eles nem estão aqui. Eu estava chorando na camisa dele, e ele repetia os atos de Garrett.
  - Eu sei... - ele sussurrou.
  - Me leva pra casa, por favor. - eu implorei. Ele assentiu.

* * *

  Já estava virando rotina eu terminar o dia deitada na minha cama, pensando. Agora faltavam dois dias para ir embora. E eu decidi, quatro noites atrás, que os passaria ajudando a Sra. Kirch na casa, porque quando fiquei grávida, ela não me deixava fazer nada. Nesse pouco tempo que me restava, mantive o mínimo contato possível com todo mundo. E minhas noites foram dentro do quarto, pensando no que fazer quando esse intercâmbio acabasse. Eu não queria coisas novas, pessoas novas, vida nova? Bom, eu consegui tudo isso. E agora estava chegando ao fim. Eu ia abandonar meus amigos, meus "pais" e a pessoa que eu mais amei na minha vida toda. Eu construí uma outra vida aqui e, agora que não tenho mais um filho, perdi minha desculpa para manter-los comigo. Meus pensamentos caíram no John. Eu causei tanto sofrimento nele. Ver ele no hospital cortou meu coração, eu só queria que ele não estivesse sentindo tudo isso. Porque me importo mais com os sentimentos dele do que com os meus. Mais com o psicológico dele do que com o meu, e mais do que as conseqüências disso tudo para ele do que para mim. Maldita tuba uterina.
  Tivemos uma discussão noite passada, quando ele veio aqui no meu quarto me obrigar a sair. Ele parecia bem triste. E eu sei que o fato de eu me isolar só piorava tudo. Eu era a pior namorada do mundo.
  - você não pode se esconder para sempre. Eu sei o que você ta sentindo, ok? Eu também ia ser pai.
  - Você não sabe não, porque não é só sobre a criança, John. É sobre você. Na realidade, sobre mim. Em como é tudo culpa minha que você tá assim.
  - Assim como?
  - Você está mal! Você tá triste, e eu to piorando tudo! Eu ouvi Tim dizendo que já cancelaram dois shows por sua causa, e eu sei que a culpa não é sua. É minha. E, como sempre, eu to atrapalhando tudo. Eu não quero mais isso, John. Eu cansei de fazer você sofrer e eu não quero que você cancele shows. Você merece a melhor carreira do mundo, vocês todos. E a culpa é minha. Ia ser minha de todas as formas. Se eu tivesse o filho, eu ia atrapalhar. E agora que eu não tive, também estou atrapalhando.
  - Qual é , não é só sobre você! O que você ta falando? O que você quer dizer com isso? - ele pergunta.
  - Eu vou embora daqui três dias, John. Eu acho que... A gente deveria terminar.
  Silêncio.
  - O que você ta dizendo?
  - É o melhor pra você, pra mim.
  - Você... não me ama mais? - ele perguntou com a maior voz de tristeza.
  - Eu te amo mais que tudo nesse mundo! E é por isso que eu estou terminando! Eu só vou atrapalhar! Por favor, John, não dificulta isso.
  - Caralho , para de achar que é o problema sempre. Você não vai atrapalhar nada. Para com isso. - ele tentou me abraçar, mas eu não deixei. Comecei a chorar.
  - John, porra, chega! Eu vou embora e você vai seguir sua vida, ta ok? Você vai fazer sucesso porque é isso que merece. Agora vai embora e não deixa isso mais difícil do que já é.
  Ele me olhou magoado. Mas ele entendeu. Me deu um abraço apertado, virou as costas e saiu do meu quarto. Depois disso, passo a noite chorando. Muitos tentaram me ligar, falar comigo. Mas eu não queria. Só queria ir para casa. Pro Brasil. E esquecer isso temporariamente. Pois esquecer de verdade nunca. É difícil esquecer que você perdeu o amor da sua vida.
  Me levantei da cama. Sentei na escrivaninha e peguei um papel. Eu sabia o que eu deveria fazer. Eu não podia mais prejudicá-lo, eu não ia suportar muito mais tempo. E foi assim que eu passei o meu último dia em Tempe: escrevendo para John Cornelius O'Callaghan V. Me desculpando por tudo isso, reforçando o quanto eu o amo, mas que era tudo, eu esperava, pelo bem dele.

31º Capítulo

JOHN'S POV

(deixe a musica Take Me Dancing - The Maine carregando e aperte o play assim que começar a ler o capítulo)

  Ela foi embora. Eu a perdi. A única garota que eu amei na minha vida toda. O vôo dela saía as 10h. E eu nem fui no aeroporto. Eu não ia aguentar ver ela indo embora. Meu coração não ia aguentar isso. Você sabe... Ver a melhor coisa que aconteceu na merda da sua vida indo embora não melhora seu humor. Minha mãe entrou no meu quarto pedindo se eu queria alguma coisa. Era assim 24h nos últimos quatro dias. Ela entrava aqui, pedia se tava tudo bem, pedia se eu queria alguma coisa.
  Sim. Não. Obrigada mãe. E ela me olhava com dó. É, eu era realmente um coitado. E burro. E então Ross resolve entrar no meu quarto.
  - Ei cara, não aguento mais ver você assim. - ele diz. Eu não respondo e ele senta do meu lado. - Você é burro pra caralho. - ele me diz e eu volto meu olhar para ele. Ótimo. Não basta você perder quem você mais ama e sua mãe te olhar com dó toda vez que põe os olhos sobre você. Um dos seus irmãos ainda tem que vir te dizer que você é burro pra caralho.
  - Obrigada cara. Me sinto muito melhor agora. - respondo.
  - De nada. - ele diz e vai em direção da porta, mas para antes de ir. - Sabe... Se fosse a minha garota, eu teria ido atrás. Feito ela mudar de ideia. Diria o quanto ela era boba em pensar que ia atrapalhar a minha vida, sendo que minha vida é ela. Ia fazer ela ficar. - ele diz e eu fico em silêncio. Isso era realmente o que eu deveria ter feito. - Mas apesar do fato de você ser o mais velho, parece que eu ainda sou mais esperto. - e dizendo isso, sai do quarto. Quando ele fecha a porta, eu jogo a almofada. Filho da mãe.
  E o pior é que ele estava certo. Enterro minha cabeça no travesseiro querendo sumir. Mas antes que eu possa fazer qualquer coisa, a porta abre de novo.
  Que saco, não se pode nem ficar triste nessa casa? Mas não era o Ross. Era o Shane.
  - Veio me chamar de burro também? - eu pergunto.
  - Não. - ele responde. - Apesar de eu te achar MUITO burro. - completa. Me sinto muito melhor. - Vim entregar uma carta pra você. Pat disse que viria te entregar, mas achou que precisava ficar sozinho. E então vou seguir a linha de raciocínio dele, cortar nossa conversa e sair do seu quarto pra deixar você chorando em paz. - ele diz e sai do quarto.
  Outro filho da mãe. Mas apreciei. Era tudo o que eu queria: chorar em paz. Peguei o envelope que ele depositou no pufe a minha frente. No envelope estava escrito meu nome. Abri. Senti minhas pernas estremecerem ao reconhecer a caligrafia dela. Lágrimas vieram, mas eu resolvi deixar isso pra depois da leitura.
  "Querido John (hahah!),
  Será que depois de hoje vou parar de pensar em você sem lágrimas nos olhos? Sem saudades? Sem vontade de gritar? Talvez não. Não sei o que vai acontecer com você daqui pra frente. Parte de mim está implorando te ver, e a outra implorando para que aquele abraço tenha sido o último. Mentira, essa parte realmente não existe. Porque todo o meu ser está gritando para que eu repense meus atos. Só Deus sabe o quanto você foi importante para mim. E ainda é.
  Não sei se vou aguentar de saudades. Você me fez sorrir, você me fez sentir bem, conhecer um novo lado da vida. Ter que te dar um último abraço, te olhar pela última vez, sabendo que seria o último cortou meu coração. Está cortando ele de pedaço por pedaço agora. Eu sei que estou meio contraditória, pois eu terminei com tudo isso. Mas eu realmente queria poder te ver todos os dias igual aconteceu nesse último ano (que, aliás, foi o melhor da minha vida), mesmo não podendo te ter. Eu queria você comigo, demais. Queria que tivesse dado certo. E poderia. Mas, como eu já te disse, você vai ter uma carreira pela frente. E sinto que se eu permanecesse, ela não seria tão brilhante como eu sei que vai ser. Chega, John. Chega de ser causadora dessa tua infelicidade.
  Eu sei que você pode estar bem pior agora, e sei que a culpa é minha, mas vai passar. Eu sei que vai. E vai me agradecer algum dia. Espero.
  Eu to falando tudo isso, John, porque te conheço. Te conheço e sei que você não vai aparecer no aeroporto amanhã. E aí quando estiver lendo isso vai ser tarde demais. Não se culpe, é assim que deve ser.   Me desculpa se eu não fui a namorada perfeita. E é sem sarcasmo, eu sei que fui horrível nesses últimos dias e só te fiz sofrer. Mas eu to sofrendo também, porque você foi tudo o que eu mais amei. Na verdade, o que mais me dói é pensar que te perdi.
  Ninguém nunca vai ser igual você. Eu te amei (amo) com todas as minha forças. Amei até seus defeitos. Só sei que eu já fiz a merda toda, né não? Tentei te ligar agora, dizer como sou ridícula e como é pra você largar tudo e fugir comigo. Foda-se intercâmbio, foda-se banda, foda-se dinheiro, foda-se futuro, foda-se tudo. Mas que tipo de monstro eu seria? Egoísta, ridícula. Eu posso estragar minha vida, porque eu não tenho nada planejado pela frente. Mas você tem a sua banda que eu sei que vai dar certo. E eu vou torcer por vocês com todas as minhas forças.
  Sei que me importei mais com seus sentimentos e felicidade em um ano do que os meus sentimentos e minha felicidade durante toda a minha vida.
  Estou indo para minha nova (ou antiga?) vida agora. Você não vai mais estar comigo, e eu espero que de tudo certo na sua vida, que de tudo certo e você tenha o que precisa para ser feliz. Porque eu realmente me importo. Realmente quero que você tenha o melhor. Quero seu sorriso lindo, quero sua felicidade.
  Seja feliz, ok? Mesmo afastados, quero que fique sabendo que eu me importo muito contigo. Desculpa por tudo. Viva sua vida. Faça novos amigos, conheça pessoas novas. Sorria, chore, ame, sinta raiva, viva! Boa sorte com tudo o que for fazer. Mas, por favor, não faça besteiras. Não se machuque, não... sei lá, se encrenque, não foda com a sua vida de alguma forma. POR FAVOR.
  Sempre vou me lembrar de tudo que vivi ao seu lado com o maior sorriso que meu rosto permitir. Só esteja bem. Permaneça forte, sorria. E se for assim, prometo fazer o mesmo por mim. Mesmo sem você por perto. Nunca mais.
  Te desejo o melhor,
  ."

  E quando terminei de ler pela primeira vez, li mais umas trinta. E chorei. Ela tinha ido mesmo embora. Eu nunca mais a veria. E tudo o que restou foi uma carta e essas lembranças de merda. Ah, , o que você fez comigo?
  Adormeci com a carta.

* * *

'S POV
Cinco anos depois...

(sugiro que deixe essa música carregando: Far Away - Nickelback e coloque assim que começar o capítulo e Saving Grace quando ela aparecer em itálico)

  "Estranho como a vida pode mudar em menos de uma década. Fazendo cinco anos desde meu intercâmbio, tudo mudou. Quer dizer, tudo, menos eu. Eu era a mesma. Só que com saudades. Saudades de tudo o que eu deixei para trás.
  Os primeiros anos foram impossíveis. Eu chorei, muito, demais. E depois aprendi a conviver. E depois The Maine aparecia ocasionalmente em alguma revista ou site que eu lia, e eu esquecia de ser forte. Eu não podia acreditar que há cinco anos atrás eu tinha conhecido os melhores amigos do mundo, o amor da minha vida e quase tido um filho. E agora eu estava aqui no Brasil, me preparando para uma viagem definitiva para Los Angeles, onde eu atuaria como repórter para uma revista famosíssima.
  As coisas aconteceram bem rápido. Me desdobrei no curso de jornalismo, dei minha vida nisso. E fico feliz, pois me ajudou, mais que tudo, a controlar as lembranças. Logo que descobriram meu apego a língua inglesa, comecei a fazer reportagens para sites americanos. E então a revista me descobriu. Mas, segundo eles, não era suficiente esse contato por internet. Eu teria que me mudar para perto da sede se quisesse continuar com isso.
  Quando recebi a proposta, aceitei. Eu pensei: que mal faria? E não faria mal algum. Mas a ideia de voltar para os Estados Unidos me fazia estremecer, trabalhar para uma revista MUSICAL NOS ESTADOS UNIDOS ONDE SEU EX POSSIVELMENTE ESTÁ FAZENDO O MAIOR SUCESSO não está no meu topo de coisas a fazer. Apesar da ideia me atrair muito. Mas deixei isso para lá, aceitei, pensando que ele deveria estar numa tour, bem longe de Los Angeles.
   entrou no meu quarto, me despertando dos pensamentos. Toda feliz, com a aliança reluzente. Ah, é. Sempre soube que ela e o iam dar certo. E eu era a shipper número um do casal, como relembrei-os na noite passada. Eles me chamaram de estranha.
  - E aí !
  - Fala ! - ela responde. Maldito apelido. - Adivinha, temos correspondência que não é conta para pagar.
  Eu morava com ela em um apartamento. Dividíamos as despesas, mas nunca recebíamos cartas se não de companhia de gás, água e afins. Anyway, o apartamento seria dela e do , pois eu me mudaria para Los Angeles dali uns cinco dias.
  - Essa é novidade. Passa pra cá! - falei já pegando o envelope da mão dela. Abri-o e gelei. Eu conhecia a caligrafia.
  Mas calma! Não era quem você pensou, apesar de ter passado perto...
  Era o Pat. Eu matinha contato com ele e com os garotos. Tinha falado com ele por skype diversas vezes, assim como o Sr e a Sra. Kirch, Bryan e Matt. Mas nunca com John. Ele sempre tinha um compromisso, ou não sei. Eu sabia que ele iria me odiar para sempre. Possivelmente nem leu a carta. E nem o culpo. Era melhor assim.
  Bem, voltando ä carta:
  Droga.
  "Querida //, e ,
  Nós (The Maine), temos o orgulho de convidá-los para nosso primeiro show em São Paulo! Descolamos os ingressos para vocês com entrada ao camarim, assim vocês não precisam ir para a fila, só dizer para o Luciano (segurança) o nome de vocês e tão dentro! Ficaríamos muito felizes se comparecessem. Estamos morrendo de saudades!
  Contamos com a participação de vocês!
  THE MAINE.
  PS: nem pensem em não aparecer. Isso foi apenas uma formalidade. Se não aparecerem, sabemos o endereço e iremos aí do mesmo jeito."

  Terminei a carta rindo.
  - Então? - pergunta.
  - Sem chances. - respondo.
  - Ah, qual é!
  - Eu não vou.
  - Vai deixar de ver eles fazerem o maior sucesso só por causa... Dele?
  - Sim. Eu não quero ir. Ele me odeia. E não quero trazer o passado de volta. Eu demorei muito tempo pra "esquecer" isso.
  - Ele não te odeia... - ela disse sem convicção.
  - Ah, , você sabe que ele tem raiva de mim. E eu não vou estragar a noite dele.
  - Seu problema é que você sempre estraga TUDO achando que vai prejudicar ele de algum jeito. Você é uma bobona. - ela me dá um tapa.
  - Cala boca, vai. Vocês podem ir. Sem mim.
  - Você tá é louca que eu vou deixar você ficar em casa. O show é amanhã, e você vai. Vai linda e maravilhosa, pra mostrar pro O'Callaghan que você não ficou chorando pelos cantos.
  - Mas eu fiquei.
  Ela me bate outra vez.
  - Quietinha! Você vai sair comigo agora para comprar roupas! Sem desculpas, eu sei que você tá livre de trabalho! - e já veio me puxando. Hesitei.
  - , por favor, não faz isso comigo! - falei dessa vez desesperada. - Você mais do que todo mundo tem que saber que ir até lá não vai me fazer bem. Vai trazer de volta tudo o que eu tentei esquecer por cinco anos. Não me obriga a ir, eu te imploro de joelhos! - pedi.
  Ela me analisou com o queixo caído.
  - Meu Deus , você ta quase chorando aí. Tudo bem, não fica assim... Eu só acho que o melhor a fazer seria você ir até lá, mostrar que o passado não te afeta mais, ver as pessoas que mudaram totalmente sua vida ter o sonho realizado.
  - Mas esse é o problema! Você pode achar que isso não me afeta porque eu foquei minha vida em outra coisa, mas a verdade é que eu se eu for até lá, meu passado vai voltar com tudo. Eu não posso fazer isso.
  Ela me abraçou.
  - Já te disse que você é otária? Porque você é. Mas eu te entendo. - ela me solta. - Só acho que o Pat vai ficar muito triste por não ter você lá.
  - Eu to com muitas saudades dele! E de todos... Diz que eu mandei um beijo, mas que eu tinha que trabalhar, sei lá... Eu sinto muito por não poder ir, mas eu não ia conseguir.
  - Tudo bem , mas você vai se arrepender. - ela disse saindo do meu quarto.
  Eu estava convencida do contrário.

* * *

  Eram 23h e a e o ainda não tinha voltado. Respirei fundo. Provavelmente o show já tinha acabado. Dessa eu me livrei.
  Estava assistindo uma coisa muito boba pela televisão, sem na realidade prestar muita atenção, quando a campainha tocou. Era provavelmente a , porque ela sempre esquece a chave e sempre tem que me chamar para abrir. Sorte dela que eu estava acordada, porque nem a pau eu sairia da minha cama para abrir a porta para ela.
  Me levantei do sofá e gritei:
  - Já vou! - e então abri a porta. - E vê se da próxima vez não esquece a porra da chave, ! - disse e olhei para ela. O problema era que não foi com ela que eu gritei. E que essa pessoa que estava parada na minha frente não tinha entendido sequer uma palavra do que eu falei.
  Na minha porta estava parado John O'Callaghan. Depois de anos, eu estava encarando aqueles familiares olhos verdes. E aquele sorriso que eu amava tanto. Eu estava em choque. Não conseguia me mexer, não conseguia pronunciar uma palavra. Não conseguia nem ao menos sair correndo e gritando dali, apesar dessa ser minha maior vontade.
  - . - ele disse. E eu não consegui responder. Eu estava em um conflito interno. Uma parte de mim queria fechar a porta na cara dele e me trancar no meu quarto, e a outra queria sorrir e abraçá-lo e dizer o quanto eu senti falta dele. Mas eu não fiz nenhum deles. Eu só fiquei ali, parada, olhando pra ele igual uma idiota. Ele falou de novo. - Me escuta, e depois você resolve se vai fechar a porta na minha cara.
  E nesse momento ele tirou um violão das costas e começou a tocar. (aperte o play da música)
  Essa me surpreendeu. A última coisa que eu ia esperar daquela noite era ter John na minha porta. Tocando uma música para mim. Depois de tanto tempo, eu achei que ele nunca mais queria olhar na minha cara. Voltei minha atenção para o que ele tocava.

"I walk the tight rope
On my way home
You're my backbone
I know you're somewhere close behind me
I walk the fault line
In the dirty field
In the spring time
I feel the wind starts remind me
Of you"

  Segurei as lágrimas. A voz dele tinha mudado tanto. Mas então eu me senti de volta a cinco anos atrás. Eu, ele, uma promessa de pra sempre. Estava tudo bem.

"And the sweet talk
On the background is
True
All that I know is
All we have is what's left today
Hearts so pure in this broken place
Cause we are, we are, we are
We are, we are, we are
Lovers lost in space
We're searching for our saving grace"

  Tive que me apoiar. Amantes perdidos no espaço procurando pela nossa graça salvadora? Isso era lindo. E correto. E eu ia chorar se continuasse a escutar isso. E eu não podia, porque ele estava ali, me olhando nos olhos e cantando.

"I still remember how your lips taste
On Holiday
You leave in December
What can I do to make you stay?
Cause we won't fade away
We'll find peace while others change
And I know you're somewhere close behind me
And it's true
The sweet sound on the background is
You
All that i know is"

  E então eu fechei os olhos e escutei ele cantar. "Keep on searching, keep on searching, keep keep, keep keep". E permaneci assim até o fim da música, que foi quando eu abri os olhos outra vez. Ele me olhava, tentando ler minha expressão. E eu não sabia o que falar. Então eu só me adiantei até ele e o abracei. Ele retribuiu.
  - Você não achou que ia poder se livrar de mim assim, achou?
  - Nem que eu quisesse. - respondi. Ele me soltou. Me olhou. E olhei de volta.
  Ele, então, me puxou pela cintura. E, lentamente, me beijou. E foi o melhor beijo de todos. Eu não queria nunca mais soltar aquele garoto. Ah, droga, como eu senti falta dele... E como ele fazia bem pra mim. Ele sorriu durante o beijo. O momento não tinha como ser mais perfeito. Me doía pensar que eu ia ter que soltar ele. E que provavelmente eu não o veria mais. Por que tem que ter sempre alguma coisa para nos separar? Depois do que pareceu a eternidade ele me soltou.
  - Eu senti sua falta, . - ele diz me fazendo sorrir. Mas então tudo se torna silêncio. Porque nós dois sabíamos o que vinha depois. Mais uma despedida. Mas, me surpreendendo pela milésima vez na noite, ele só sorri. - Nos vemos em Los Angeles daqui alguns dias. E não pense em fugir de mim outra vez.
  E foi direto ao elevador, me dando um sorriso antes de desaparecer. Me deixando ali, como uma boba. Como sempre.
  Parece que John O'Callaghan ganhou. De novo. Suspirei. Eu sempre ia perder pra ele. Porque, de alguma forma, ele tem meu manual de instruções. Ele sabe como eu funciono. Sabe minhas fraquezas, o que me faz sorrir. Meu coração era dele, sempre foi. Eu fui ridícula em pensar que podia mudar isso de alguma forma. Era ele. Ele e mais ninguém.
  FIM"
  Terminei de digitar. Afastei minha cadeira da frente do monitor, estiquei as costas e estalei os dedos. Finalmente! Depois desse tempo todo... Eu tinha digitado a ultima palavra. Era, com toda certeza, uma grande evolução. Estremeci em pensar que ainda tinha toda a parte da revisão pela frente.
  - Mamãe, mamãe! - uma garotinha e um garotinho, com seus dois e quatro anos, respectivamente, vinham correndo em minha direção. Recebi os dois, um em cada braço.
  - Ei, o que foi? - perguntei. - O que aconteceu agora?
  - Você não sabe quem chegou! - a menina diz animada.
  - Ah é, quem chegou?
  - Papai chegou. - uma voz masculina responde da porta. Eu viro meu rosto para ele.
  Alto, magricela, loiro escuro, olhos verdes, tatuagens por todo o corpo e um sorriso que é de longe o meu preferido.
  John O'Callaghan.
  Tanto eu quanto as crianças correm para ele. Ele me beija e me abraça.
  - Como foi de tour, amor? - pergunto, recebendo vários beijos no topo da cabeça.
  - Muito bem. Mas estou mais feliz agora que estou aqui com vocês. - ele diz sorrindo. Por um momento o encaro nos olhos.
  - Papai trouxe presentes? - o garoto pede alegremente. Enquanto as duas crianças pulam na mochila do pai, seus olhos e os meus se encontram. E voltamos para 13 anos atrás. Quando eu o conheci. Quando as coisas ainda eram incertas, e o futuro era esse, mas o trajeto foi diferente do que o planejado.
  Enquanto John abre a mochila e tira diversos presentes, um para cada cidade que compareceu, eu sorrio. Era isso que eu sempre quis.
  Quando os filhos estão entretidos com os brinquedos, ele tira uma flor e me estende. Uma margarida. E nesse momento, não são necessárias palavras. Um olhar sempre diz tudo.
  E se tem uma coisa que eu aprendi no meio de tudo isso é que não importa muito o que aconteça no meio de tudo. Quando as pessoas foram feitas para ficarem juntas, quando elas simplesmente se completam, não há como nada atrapalhar.
  E essa é minha história. Minha história e de John Cornelius O'Callaghan V.

FIM



Comentários da autora


  Eu queria agradecer, primeiramente, a todo mundo que leu e comentou, ou por aqui, ou pelo twitter. Essa foi a minha primeira fanfic que realmente deu certo, e é tudo graças á vocês! Obrigada por comentar ou com indignação, ou querendo mais, ou sempre me cobrando para o próximo capítulo. Significa muuuuito para mim <3
  Em segundo, mesmo que isso não vá acrescentar nada na vida deles e que eles nem vão ler isso, ao The Maine por ser a melhor banda do mundo. Em terceiro a todas as escritoras(es) que eu já li na minha vida, porque é a partir do que você lê que começa a conseguir escrever.
  Em quarto ao meu professor de Biologia por ter me explicado com a maior paciência o que era gravidez ectópica hshufddfshfu. E por ter dado uma solução (mesmo que cruel) a fic. E por ser um dos professores mais legais que eu tenho, também.
  Por último á minha beta, Lelen, por mandar as minhas atts <3
  E é isso, gente, espero que vocês tenham gostado da fanfic, porque eu me diverti escrevendo. Estou com ideias para próximas fanfics, e espero que vocês acompanhem essas também. Obrigada por tudo mesmo.
  Quem for sentir muuuuuito a minha falta (só que não) pode me seguir @essasfadetm ou @rightgirl_ (:

  Capítulo 31 betado por Anne.