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#008 Temporada

All Of Me
John Legend




A Little Thing Called Love

Escrita por Julia B.

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  Meu horário já chegava ao fim, mas eu não queria ir embora.
  Aquele lugar era o meu canto da paz, meu refúgio para os dias ruins na minha casa.
  Minha mãe estava cada dia mais doente e eu não estava conseguindo lidar com tudo ao mesmo tempo; casa, trabalho e faculdade.
  Eu andava bem cansada e algumas amigas minhas já tinham notado isso, e já haviam vindo falar comigo, mas o que eu poderia fazer além de suspirar e falar que estava tudo bem?
  - HÁ! - surgiu atrás de mim, tentando, pela milésima vez no mesmo dia, me dar um susto.
  Eu comecei a rir da careta de decepcionado que ele fez, era tão bonitinho.
  Era ele quem fazia meus dias melhores.
  Suspirei, me levantando da cadeira onde estava sentada e indo ver os protocolos pendurados.
  Deixe-me explicar: eu trabalho de auxiliar veterinária em uma clínica, todo dia das 10h às 18h.
  Apesar de ser um pouco cansativo alguns dias, eu me sentia bem e era legal.
  E me dava um dinheiro bom, o que já me era um adianto.
  Ao mesmo tempo, fazia faculdade à distância de Administração - eu sei, nada a ver.
  - , tem que dar Meperidina para o gato - murmurei alguns segundos antes de bocejar e cocei um dos olhos a fim de tentar espantar um pouco o sono.
  - Esqueceu como se dá o remédio, ? - ele brincou, e eu revirei os olhos com sua provocação, o fazendo rir.
  - Tô muito cansada e com preguiça, faz esse favor pra mim vai, fofo - apertei sua bochecha só de implicância e ele fez uma careta, me fazendo rir levemente.
  - Tá, pega a ampola que eu dou o medicamento - concordei, passei por ele, abri a gavetinha e puxei uma, lhe estendendo.
  Voltei para sua direção e parei ao seu lado, com a ampola na palma da mão aberta.
  Ele estava inspecionando algo no gato e eu me estiquei para tentar ver também, mas não consegui, e então ele voltou a ficar normal.
  Olhou na minha direção e bufou.
  - Vou ter que trocar o acesso dele, a veia estourou - agora eu tinha entendido o motivo de sua revolta. - Pega um equipo, gaze e álcool, por favor? - concordei, saindo de perto dele por alguns segundos e voltando com o que me pediu. - Aqui, segura a pata dele nessa posição - me mostrou o modo que deveria segurar e eu concordei, aproveitando e colocando dois dedos da outra mão no cotovelo para que ele não puxasse a pata para trás.
  Ele estava tão mal, coitado, que não protestou em momento nenhum.
   colocou o garrote em seu bracinho, pegou o equipo e tirou a tampa da agulha, apalpando para tentar achar a veia do bichano. Suspirou alguns segundos e eu parei para reparar em suas feições por alguns segundos.
  Sempre achei bonito, mas ultimamente ele estava sendo tão bom comigo que havia ficado infinitamente mais atraente.
  Foi minha vez de suspirar enquanto mordia o lábio inferior.
  O que eu não daria para beijar sua boca?
  Há quanto tempo eu simplesmente não me divertia?
  Não digo de sair para beber, digo de ter um tempo para mim, com pessoas que gosto ou mesmo sozinha?
  Foi com aqueles pensamentos tão absortos que acabou me pegando no flagra lhe encarando.
  Deu um sorrisinho de lado, de quem quer claramente dizer que sabe no tipo de besteira que estou pensando, mas me pediu apenas para pegar o esparadrapo.
  Suspirei, espantando os pensamentos para o fundo do cérebro e voltei a me concentrar em apenas ajudá-lo.
  Quarenta minutos mais tarde, fechava a clínica (pois não havia nenhum animal internado, então sem necessidade de qualquer veterinário dormir lá) e eu já estava indo em direção ao ponto de ônibus quando senti uma mão quente pegar em meu braço.
  - Garota! Tá surda? - ele parecia ter dado uma corridinha até mim, pois estava levemente ofegante, e eu sorri sem graça.
  - Tô distraída. O que foi? Ainda precisa de alguma ajuda? - um lampejo pareceu passar em seus olhos, mas ele negou com a cabeça.
  - Só ia perguntar se quer alguma carona para mais perto de casa, tá muito perigoso - ele falou, e não sei se foi impressão minha, mas seus olhos se desviaram rapidamente para meus lábios, voltando aos meus olhos apenas uma fração de segundos depois.
  - Ahn, claro, eu aceito - sorri, agradecida - Tá mesmo muito perigoso. Mas eu não ligo de pegar ônibus, me ajuda a pensar - fui falando enquanto andávamos de volta para a porta da clínica, onde seu carro estava parado.
  Ele riu.
  - Pensar? Isso a gente faz na cama, antes de dormir - O que eu menos fazia quando batia na cama era pensar... - E outras coisas também... - murmurou sob a respiração e eu podia jurar ter sido uma alucinação da minha cabeça fantasiosa, mas aquilo era um tom malicioso?
  Resolvi ignorar, pelo bem do resto da saúde mental que ainda existia em mim, e então entramos no carro e ele o ligou.
  Seguimos em um silêncio um pouco constrangedor; não tinha necessidade de falar meu endereço, pois ele já havia me levado em casa uma ou duas vezes e sabia muito bem onde eu morava e onde ele podia me deixar sem sair completamente de seu caminho.
  Quando vi, já entrávamos na minha rua.
  - ! - exclamei, vendo-o sorrir, provavelmente já sabendo que eu reclamaria. - Não precisava, garoto! Vai demorar mais do que o necessário para chegar em casa agora.
  - Não tem problema - parou no meu portão, me fazendo suspirar aliviada.
  A casa estava escura, sinalizando que mamãe tinha se recolhido cedo.
  - Sério, não precisava - murmurei sem graça, empurrando o cabelo para trás da orelha. - Mas obrigada de verdade.
  Ele sorriu, levou a mão até minha bochecha e fez um carinho de leve.
  - Me recompense não perdendo esse sorriso nunca - murmurou, parecendo mergulhado em uma realidade alternativa. Minha respiração ficou suspensa quando notei que ele se inclinava na minha direção, os olhos pregados nos meus lábios.
  Seus olhos extremamente expressivos subiram até os meus e eu tive vontade de gemer com a intensidade contida neles.
  Ah, meu Deus! Eu ia beijar , meu chefe!
  E o foda-se?
  Isso mesmo, ia, pois a apenas alguns centímetros de nossos lábios se encaixarem mamãe abriu a janela, fazendo um estrondo enorme e assustando a nós dois.
  Ficamos nos olhando alguns segundos em silêncio, aquela expectativa palpável, quando minha mãe gritou:
  - Quem está aí?! - senti meu rosto esquentar de vergonha, me senti uma garotinha, parecia que estava fazendo algo escondido dos pais.
  Abri a porta do carro o mais rápido que consegui e pulei para fora, soltando mais um agradecimento no vazio e fechando a porta do mesmo.
  - Sou eu, mãe! - sinalizei, a fazendo fechar a janela após um aceno positivo de cabeça.

  

  Que porra foi aquela?
  Fiquei pensando no nosso quase-beijo até o dia seguinte, quando fui para a clínica.   Sempre chegava mais cedo do que o meu horário, para dar tempo de tomar café tranquilamente e conversar com o plantonista anterior.
  Quem estava aquele dia era Richard, o cara mais sacana e zueiro que eu conhecia na vida.
  Não sabia por que, mas sabia que precisava falar com alguém sobre aquilo.
  Estava me consumindo.
  - E aí, cara - nos cumprimentamos com apertos de mãos - Tô precisando falar com você.
  Rick voltou a digitar quase freneticamente no computador, me dedicando pouca atenção.
  - Pode falar - falou ainda assim.
  - Então, eu e quase nos pegamos ontem.
  Ele me olhou por alguns segundos com a feição risonha. Sabia que sua vontade era soltar uma gargalhada estrondosa, mas eu não estava ligando naquele momento.
  - Quem? A auxiliar que você é a fim desde que entrou? - caçoou, me fazendo revirar os olhos.
  Ela é gostosa, que culpa eu tenho?
  - É, porra, mas eu acho que o clima vai ficar estranho. Mulher é complicada, ela tem cara de quem não vai ser diferente - eu estava mais divagando do que falando com ele, no entanto ele levou a sério.
  - Come ela, ué - deu de ombros, voltando o olhar para a tela. - Se não der certo, a gente troca a funcionária.
  Richard tinha umas soluções óbvias para alguns problemas que não seriam tão facilmente resolvidos como ele achava.
  - Tá maluco? E o trabalho da garota? E a nossa amizade? Deixa de ser escroto, cara - no fundo, muito no fundo Richard era um bom homem.
  Mas na superfície ele era um tanto babaca.
  - Ué, o que foi? Tá com medo de levar chá de boceta? - gargalhou na minha cara e eu revirei os olhos, perdendo a paciência.
  Me levantei de onde havia sentado e comecei a ir para a parte da internação dos animais, decidido a ignorá-lo. Não sabia por que havia procurado justo ele pra conversar, afinal.
  - Não, sério! - exclamou depois de alguns segundos, mas eu não parei ou me virei, sabendo que ele viria atrás de mim de qualquer modo. - Pega ela. Você tá com essa porra desse tesão encubado tem quase 1 ano, que mal vai fazer uns amassos? Se começar a querer dar merda aí é com você - deu de ombros e voltou lá para frente.
  Fazia algum sentido, afinal.

  

  No dia seguinte eu não sabia com que cara olhar para ele.
  Inicialmente eu fiquei muito envergonhada, mas depois acabei resolvendo deixar aquilo para lá e foquei no trabalho.
  O dia foi corrido, parecia mais quieto e recluso do que o normal.
  Cheguei a perguntar se ele estava passando mal algumas vezes durante nosso expediente, mas recebi respostas tão enfáticas que resolvi deixar quieto.
  No fim do expediente, acabamos pedindo algo para comer e ficamos conversando aleatoriedades. Eu contava uma peripécia que minha gatinha, Micha, tinha aprontado no dia anterior quando o plantonista que o renderia chegou.
  Richard.
  Se tinha um homem mais idiota, eu sinceramente desconhecia.
  Rick, como gostava de ser chamado, foi quem me contratou.
  Eu não sabia que sentimento exatamente nutria por ele, mas não podia dizer que o amava, sinceramente.
  Sorri na sua direção e ele olhou na nossa direção de uma maneira sugestiva, fazendo meu cérebro borbulhar em desconfiança.
  - Ué, tá fazendo o que aqui, ?
  - Fazendo companhia para o neném que odeia ficar sozinho - ri, zoando , o fazendo me presentear com uma careta.
  - Sem graça - murmurou, rindo ainda assim.
  Passaram-se cerca de 15 minutos até que eu tomasse coragem e dissesse que ia embora.
  Pedi para alguém trancar a porta e falou que como estava indo também, para que eu o esperasse perto do carro que ele me deixaria perto de casa.
  Quando ia saindo, depois de me despedir de Richard, o ouvi em uma voz risonha falar alguma besteira, pois o xingou e veio na minha direção apenas alguns segundos depois.
  Ele estava sério.
  - Pronta? - perguntou, me fazendo assentir e então fomos juntos para a saída.
  Depois de vários minutos em silêncio, eu não estava mais aguentando aquela tensão que dava para cortar e comer um pedaço.
  O que estava havendo com nós dois?
  Sempre fomos amigos, e falantes até demais, então aquilo estava muito esquisito.
  - Tudo bem? - perguntou do nada, me dando um sustinho. Logo em seguida começou a rir, me fazendo rir junto.
  - Claro, claro. Só tô cansada - suspirei, pensando no quão mentira aquilo era.
  Eu estava bem, e estava cansada, mas nem de longe aqueles eram meus únicos problemas.
  Chegando à porta da minha casa - não adiantava, ele não me deixava descer antes e nem ir de ônibus -, eu me virei em sua direção.
  Ele virou ao mesmo tempo, parecendo querer falar algo.
  - Obrigada - disse simplesmente, lhe dando abertura para falar o que quisesse.
  - Olha... Sei que fiquei esquisito, mas não sei como ser sutil e isso estava me matando. Então, sobre o que aconteceu ontem...
  - Foi um erro de percurso - o interrompi, não queria ouvir nada que pudesse me fazer decepcionar com ele, pois sabia o que era - Não era pra ter acontecido, foi sem querer, nunca mais vai acon...
  Fui interrompida.
  Obviamente, da melhor maneira possível.
   grudou os lábios nos meus e chupou o inferior. Gemi com seu gosto no meu paladar e levei a mão à sua nuca, a apertando e encostando nossos rostos mais ainda. Mordi seu lábio, chupei sua língua e o senti retribuir tudo.
  Eu estava sem palavras para a intensidade do nosso beijo.
  Quase gemi de novo, dessa vez em descontentamento, quando ele nos separou.
  - Cala a boca - falou, risonho - Eu quero fazer isso tem quase um ano - murmurou, deixando mais um selinho nos meus lábios. - Você tem gosto de melancia - murmurou parecendo curioso.
  Eu fui obrigada a rir.
  - Comi bala - murmurei vagamente, deixando outro selinho nos seus lábios. Não me aguentei e fui deixando beijos em sua barba, e sua cabeça tombou, me dando acesso ao seu pescoço.
  Sem dizer nada, continuamos naquela bolha impenetrável, onde ele já tinha uma das mãos enfiadas por dentro da minha blusa e fazia um carinho lento em minha barriga me arrepiando inteira e eu arranhava levemente sua nuca, uma vez que seus cabelos eram tão curtos que não havia sequer como puxá-los.
  Depois de alguns momentos, foi a vez de brincar com meu pescoço.
  Não sei em que momento da brincadeira o jogo se virou contra o feiticeiro, mas naquele momento eu estava com a cabeça apoiada em sua mão enquanto ele dava pequenas sugadas na pele do meu pescoço e meus gemidinhos saíam como súplicas.
  - Quer entrar? - murmurei baixinho, o fazendo levantar a cabeça para me olhar.
  - Posso? - perguntou, me fazendo sorrir e assentir.
  - Parece, mas minha mãe não mora comigo. São dois sobrados que são quase juntos, mas independentes. Temos a cama toda para nós - murmurei, baixinho, sabia que nossa intenção principal era aquela.
  Se eu dissesse que não me senti atraída por assim que o vi, estaria mentindo.
  A atração foi crescendo conforme os meses iam passando e nós íamos nos conhecendo melhor, mas eu o via como alguém tão impossível para "o meu bico" que nunca sequer considerei que talvez pudesse ser recíproco.
  De qualquer modo, naquele momento, eu só conseguia pensar que tinha que ter seu corpo colado ao meu.
  - Então eu vou - murmurou de volta, porém voltando a me beijar.
  Sua mão se embrenhou em meus cabelos, me puxando mais em sua direção e acabando por me fazer sentar em seu colo.
  Ficamos daquele modo por vários segundos ou minutos, sinceramente eu não saberia especificar, mas nos separei relutante.
  Minha rua já era deserta àquela hora da noite, mas para aparecer um vizinho ou pedestre curioso não custava nada.
  Pedi que ele estacionasse na calçada mais para frente e só então descemos do carro, subindo para minha casa.
  - Não repara na bagunça - brinquei, dizendo a frase mais temida de todas, que nos fez rir.
  Sério, minha casa estava uma zona.
  Não daquelas que você vê em filmes onde tem roupas nem lixo por todo canto, mas o problema do meu cantinho era praticamente coisas da faculdade.
  Eu tinha que estudar tanta coisa, que acabava ficando um pouco desorganizado, mas nada que me impedisse de usufruir da harmonia do meu lar.
  - Oi, coisa linda - quando olhei novamente para , após trancar a porta, ele estava fazendo carinho em uma Micha super carente e satisfeita com a coçadinha atrás da orelha.
  Comecei a rir, reparando como ele ficava bonitinho falando com a bichana e em como ela era safada.
  - Que foi? - devolveu o riso, me olhando alguns segundos depois.
  - Você - murmurei, deixando minha bolsa na cadeira e indo me sentar em seu colo. - Fica tão bonitinho falando com ela.
  - Ah, é que eu tenho charme com as gatas - ele murmurou, enquanto roçava nossos narizes.
  Ri de sua piadinha infame, enquanto evitava que nossas bocas se encontrassem. Vi, com adoração, seus lábios procurarem os meus antes que eu fizesse o que ele menos esperava: sair de seu colo.
  Antes que ele me puxasse de volta, me sentei novamente em seu colo com uma perna de cada lado de seu quadril, os joelhos no colchão, e o abracei pelo pescoço, encurtando nossa distância e ameaçando outro beijo.
  Seus olhos se fecharam na expectativa, assim como os meus, e então eu deixei que nossos lábios se encontrassem novamente.
  Dessa vez o beijo não foi calmo.
  Estávamos, os dois, esperando há mais tempo do que gostaríamos de dizer por aquele momento.
  Apertei sua pele quando suas mãos apertaram minha pele por baixo da camiseta, e então nós dois nos separamos levemente para tirá-la do meu corpo.
  Estávamos ofegantes, mas voltamos ao nosso beijo assim que a blusa voou pelo quarto e eu levei as duas mãos para as costas a fim de abrir o sutiã.
  Separei nossas bocas apenas para fazer um showzinho que sabia que o enlouqueceria - em uma de muitas de nossas conversas sobre sexo, ele acabou comentando que ficava louco por peitos. Não aquele tipo de tarado, mas do tipo que adorava joguinhos.
  Então eu o fiz assistir enquanto tirava as alças sem deixar a peça cair, apenas para enfiar as mãos por baixo do pano a fim de tampar meus mamilos.
  Apenas os mamilos, porém.
   não conseguia desgrudar os olhos daquela parte do meu corpo enquanto apertava cada banda de minha bunda com uma das mãos e mordia o lábio inferior com certa força.
  Eu sentia seu membro crescer com certa urgência abaixo de mim, e para provocar apenas mais um pouco, apertei os dois seios de uma vez e gemi com a pressão maravilhosa que se direcionou direto ao meu baixo ventre, reverbando a corrente elétrica por todo o meu corpo. Joguei a cabeça para trás deixando um gemido se desprender da minha garganta.
  Senti a boca de se apossar da pele de um dos meus seios, me dando um chupão generoso que me fez gemer.
  Sorri, tirando as mãos dali e as apertando em sua nuca, apreciando quando sua língua tocou meu mamilo devagar.
  Gemi baixinho, suspirando, quando de repente...
  - ? Já chegou? - batidas na porta que separava meu sobrado e o de minha mãe nos assustaram, me fazendo pular no lugar.
  - Oi, mãe! - murmurei, rindo baixinho enquanto me olhava meio perdido.
  Comecei a rir de sua expressão, deixei um beijinho em seus lábios e me levantei rapidamente do seu colo.
  Não estava feliz com o desenrolar da situação também, mas o que podia fazer? Eu só ia dar boa noite a ela.
  Abri um pouquinho a porta e coloquei só minha cabeça ali.
  - Oi - falei, sorrindo envergonhada. Ah, se ela soubesse o que estava acontecendo segundos atrás...
  - Oi, minha filha. Só queria te desejar boa noite - sorriu, me dando um beijo na bochecha que eu correspondi.
  - Boa noite, mãe. Toma os remédios, tá? - tomei um susto quando Micha simplesmente passou pelo meio das minhas pernas, passando para dentro da casa da minha mãe. - Você é uma sem vergonha! A sua dona sou eu! - reclamei para a gata dada que ela era, fazendo mamãe rir.
  - Boa noite - entrou em casa, fechando a porta e a trancando.
  Quando me voltei para , estava infinitamente envergonhada.
  Mas ele não tinha expressão nenhuma, só parecia... Perdido.
  Quando olhei para o quê, ele observava meus peitos.
  Sorri, indo em sua direção devagar, observando-o acompanhar o balanço suave que eles faziam quando eu andava.
  No caminho, não resisti e já tirei a calça jeans, ficando apenas de calcinha.
  Quando cheguei em frente ao seu corpo, coloquei uma das mãos em seu queixo, puxando seu rosto para cima, seu olhar para o meu e atacando sua boca.
  Dessa vez ele agarrou minhas coxas e nos virou com maestria, e apenas o que me impediu de dar um gritinho de susto foi sua boca na minha.
  Soltei uma risadinha, o sentindo descer os lábios pela minha pele até que chegou aos meus seios e ele pôde apreciá-los tranquilamente.
  Seus carinhos eram tão suaves que a única coisa que eu conseguia era ofegar e apertar sua nuca com minhas unhas, que não eram enormes mas deviam deixar uma marca significante em sua pele.
  Se ele não estava ligando, não seria eu quem ligaria.
  Estava tão concentrada em sua boca que mal senti sua mão afastar minha calcinha até que ele começasse um carinho lento em toda minha intimidade.
  O fato de eu já estar excitada e consequentemente molhada com certeza ajudava no ato de deslizar os dedos por toda aquela região.
  Apertei as pálpebras em êxtase, seus movimentos não eram ousados nem rápidos demais, só eram feitos com um cuidado e uma atenção além do normal que estavam me deixando maluca.
  Aquilo nem de perto me faria gozar, mas ao mesmo tempo me deixava na beira do precipício, o que era uma combinação um tanto quanto explosiva.
  Quando parou de me torturar, levou seus dedos aos lábios e os lambeu devagar, me fazendo olhá-lo em expectativa e admiração.
  Gemeu baixinho, em seguida me beijando, me fazendo sorrir.
  Finalmente, o empurrei de cima de mim, nos fazendo sentar na cama.
  Puxei sua camisa rapidamente para cima, a jogando em um lugar indefinido do quarto e comecei a desabotoar suas calças. As abaixei rapidamente junto com a cueca e peguei seu pau na mão, passando a masturbá-lo devagar.
   agarrou meus cabelos, aplicando certa força, e puxou minha boca para a sua em um beijo confuso. Ele parecia perdido entre me beijar, me morder ou gemer.
  E eu estava verdadeiramente amando aquela combinação.
  - Preciso de você dentro de mim - murmurei absorta no tesão daquela cena que era um com os olhos em fendas enquanto me observava minunciosamente.
  - Eu também - ele murmurou de volta e eu o libertei, vendo-o sair da cama e jogar calça e cueca no chão. Pegou uma camisinha do bolso da calça e a desenrolou devagar no seu comprimento, me fazendo salivar.
  Anotado para uma próxima vez: chupar aquele monumento que ele chama de pau.
  Ri com meu próprio pensamento enquanto me deitava novamente, tirando a calcinha pernas abaixo e a jogando também no chão.
   apareceu pairando por cima de mim apenas alguns segundos depois, me encarando de uma forma tão intensa que todo meu corpo se estremeceu.
  Coloquei as duas mãos em suas costas ao mesmo tempo em que sentia ele posicionar seu pau em minha entrada e mordi o lábio, me dando conta só naquele momento o quão tinha sentido falta daquela pressão tão familiar.
  Mantive, a muito custo, os olhos abertos e grudados nos seus enquanto ele lentamente me invadia.
  Minha boca se abria a cada novo centímetro mergulhado, e assim como eu, eu o via em êxtase.
  Quando acabou, ele pareceu soltar o ar que guardava havia algum tempo.
  Passei a beijar seu pescoço e barba enquanto fincava as unhas em suas costas, contraindo apenas um pouco meus músculos internos para que me acostumasse melhor à intromissão depois de tanto tempo.
  Fomos obrigados a gemer com a sensação que a apertada de músculos nos proporcionou, e de algum modo ele parecia saber que havia sido proposital, mas não comentou nada.
  Abaixou o tronco e nos envolveu em um beijo calmo porém disperso, pois assim que nossos lábios se encostaram novamente ele voltou a se movimentar.
  Gemi em sua boca, mas ao invés de nos separarmos, aprofundamos o beijo.
   deixou que o peso de seu corpo quase me apertasse demais, me dando uma sensação de firmeza enquanto estocava dentro de mim.
  Nossos suspiros, gemidos e respirações entrecortadas nos diziam que a qualquer movimento alguém poderia nos ouvir; mas nós obviamente não ligávamos.
  Não naquele momento, pelo menos.
  Mordi seu ombro quando notei que meus gemidos poderiam começar a sair alto demais, e nós ficamos ali por alguns segundos, naquela bolha, enquanto ele ia e vinha.
  Em algum momento ele levantou novamente o tronco, me tirando minha base para abafar meus gemidos, o que os fez sair um pouco mais altos.
   me beijou com uma afobação de quem já sabia o que viria - e queria ainda assim.
  - Não vou durar muito - falou ofegante, me fazendo sorrir.
  - Nem eu - garanti, mais inquieta do que nunca com as sensações percorrendo meu corpo de forma cada vez mais intensas. - Eu vou...
  Não soube dizer qual foi o maremoto que me atingiu.
  Ou o tsunami que me engoliu.
  Mas as únicas coisas que tenho certeza é que meu corpo todo se retesou, minhas unhas fincaram nas costas de e meus dentes voltaram ao seu ombro quando nosso orgasmo nos atingiu ao mesmo tempo com força.
  Fiquei aérea por um ou dois minutos, tentando me recuperar da avalanche de sensações novas que me atingiram, quando do nada alguém começou a socar a porta.
  - ! Minha filha! Por que a cama tá batendo?! Me responde!
  Comecei a rir, mas era de nervoso.
  - Eu tava pulando, mãe! - falei alto, rindo baixo na pele de , que começou a rir comigo - ou de mim, eu não tinha certeza.
  - Que hora pra se brincar disso, menina! Vai dormir! - reclamou, me fazendo revirar os olhos e voltar a rir.
  - Mães... - murmuramos ao mesmo tempo, e acabamos rindo mais.
  Quando nos olhamos novamente, eu não soube dizer o que se passou pela mente de , mas na minha só se passava que ele era um dos únicos homens com quem eu tinha dormido e não tinha vontade de sair chutando depois.
  O que, convenhamos, quando se trata de mim: é raro.
  Nossos lábios se juntaram novamente e eu sorri, sabendo que algo estava começando ali.

  MESES MAIS TARDE
  

  Posso dizer com uma certeza assombrosa que subir para sua casa foi uma das melhores decisões que tomei na vida. Ficamos alguns meses saindo juntos; íamos a festas, baladas, somente beber em algum lugar, até que percebemos que já éramos grudados.
  Então, apenas por formalidade, eu a pedi em namoro.
  Eu nunca imaginei que um simples pedido de namoro fosse deixar alguém tão feliz como ficou, e que isso simultaneamente fosse expandir minha felicidade.
  Mas ela estava esquisita havia uns dias. Ia trabalhar absorta em pensamentos, fazíamos as coisas tranquilamente, mas depois ela praticamente saía correndo para ir para casa.
  Não me dava sequer a chance de pará-la para conversar.
  Até que um dia eu resolvi ir em sua casa.
   tomou um susto quando atendeu à campainha com um coque no alto da cabeça e um vestido azul simples que ia até a metade das coxas. A casa cheirava a comida.
  - ? O que está fazendo aqui? - perguntou confusa, me fazendo sorrir.
  - Vim ver por que está fugindo de mim - brinquei, mas realmente querendo saber se era aquele o caso.
  - Ahn... Entra - murmurou sem graça, e foi o que eu fiz, dando de cara com sua mãe deitada em sua cama.
  Ela me olhou de cima a baixo, me avaliando, e eu me senti intimidado.
  Ok, definitivamente não era o modo que eu queria conhecê-la.
  - Bom, minha mãe caiu e tá dependendo de mim para tudo. Por isso eu venho correndo e apareço sempre uns minutos atrasada.
  Assenti, sem saber o que dizer.
  Imaginei várias coisas, mas nada perto daquilo.
   ainda passou por poucas e boas, ainda mais cuidando da mãe sozinha. Eu a admirava tanto que não sabia nem descrever.
  No meio de toda aquela confusão, eu geralmente ia para sua casa e nós ficávamos conversando até de madrugada e depois dormíamos.
  Foi em momentos como aqueles que eu me dei conta que a intenção era ficar para sempre com ela. Por mais que não fôssemos iguais em tudo, e que houvessem provocações que nos fazia realmente sair do sério, meus sentimentos por já estavam em proporções além do que eu sequer esperei.
  Até Richard já havia notado, e para ele notar a coisa tem que ser séria mesmo.
  A situação só se normalizou dentro de quase seis meses, quando sua mãe finalmente voltou a andar e nós pudemos voltar a realmente sair.
  E agora, após um pedido de casamento memorável com direito a alto falante de shopping - sim, nós passamos essa vergonha -, eu estava mais do que nervoso para o nosso casamento.
  Toda a nossa vida amorosa realmente aconteceu em menos de dois anos, surpreendendo a todos que conviviam conosco e ate a nós mesmos. Nem eu esperava me casar tão cedo, quem dirá fazer isso por realmente não ver minha vida sem aquela pessoa.
  Eu estava no altar, distraído arrumando a gravata pela milionésima vez, quando ouvi a marcha nupcial começar.
  Levantei a cabeça, mirando a porta, e lá estava ela.
  A mulher mais linda que eu tivera o prazer de conhecer. Mais generosa, bondosa, com o sorriso mais genuíno impossível e o coração maior do que deveria. A melhor pessoa com quem o universo poderia me presentear. Seu sorriso ilumina os meus dias mais sombrios e sua risada me contagia até quando meu humor não está dos melhores. Seu choro me deixa triste como nada nunca consegue, assim como suas palavras ferinas têm um poder surreal de me provocar e simultaneamente provocar nossas naturezas mais selvagens.
  Quando vi, algumas lágrimas escorriam pelo meu rosto.
  Não me importei de verdade, o que importava era o sorriso radiante dela.

  Mais de uma hora mais tarde, estávamos no salão onde estava acontecendo nossa festa de casamento e eu estava ainda mais nervoso do que na hora da cerimônia.
  Afinal, nosso matrimônio já estava concretizado, eu não a largaria mais, mas fazer aquela declaração em público... Eu teria que trabalhar com toda minha coragem.
  Mas por ela, eu faria.
  Faria tudo isso e muito mais.
  - Chaham, boa noite - chamei a atenção de todos os presentes no microfone, e enquanto inclusive minha esposa me olhava confusa, eu sorri. - Gostaria de dedicar a música para a melhor pessoa do mundo. Para aquela que faz meus dias, momentos e acontecimentos melhores. Para quem sabe me dar esporro - todos riram, inclusive eu -, me ouvir, me ajudar, mas que é orgulhosa para pedir tudo em troca. Não tem problema, eu te venço, né? - novamente todos riram, mas somente eu e ela sabíamos o peso real de minha última frase. - Gostaria de dedicar essa música que acho tão a nossa cara, pra você, amor.
  , muitas vezes, já havia dito que amava quando eu cantava. Por mais que eu discordasse, fazer aquilo não era nada quando via seu sorriso radiante em minha direção enquanto eu cantava All of Me, do John Legend.
  - What would I do without your smart mouth? Drawing me in, and you kicking me out. Got my head spinning, no kidding, I can’t pin you down... What’s going on in that beautiful mind? - cantar olhando em seus olhos não tinha preço, eu podia ver suas lágrimas a ponto de cair, e por mais que não gostasse de demonstrar emoções em público, era justamente aquela minha intenção. Que ela se emocionasse, que entendesse seu real significado para mim.
  Eu já havia lhe falado tantas vezes que a amava, e tentava sempre encontrar novos modos de fazê-lo. Cada um era mais prazeroso do que o anterior ao ver sua carinha surpresa, como naquele exato momento.
  - 'Cause all of me loves all of you; love your curves and all your edges; all your perfect imperfections... Give your all to me, I’ll give my all to you... You’re my end and my beginning, even when I lose I’m winning… - duas lágrimas grossas correram por suas bochechas e ela não fez questão de limpá-las, apenas veio andando para mais perto do palco enquanto nossos olhos não se desgrudavam. Seu sorriso era maior e mais cheio de felicidade do que qualquer coisa que eu pudesse ter o prazer de ver. - How many times do I have to tell you? Even when you’re crying you’re beautiful too... The world is beating you down, I’m around through every move... You’re my downfall, you’re my muse; my worst distraction, my rhythm and blues; I can’t stop singing, it’s ringing, in my head for you...
  Naquele momento nossos corpos já estavam praticamente colados, nossas mãos entrelaçadas e sua mão livre tinha se segurado ao meu smoking.
  Seu sorriso refletia toda a felicidade que sentia, assim como o meu enquanto continuava cantando aquela música que não tinha como ser mais a nossa cara.
  Nossos olhos não se desgrudavam, e quando eu terminei a música nós nos beijamos e em seguida nos abraçamos.
  Eu nunca imaginaria ter uma felicidade tão grandiosa quanto aquela, mas agradeceria infinitamente ao Cosmos que a mandara para mim.