Alejandro Velocidad Korn
Maraíza Santos | Revisada por Natashia Kitamura
Logo quando entrou no carro, mudou a estação de rádio. Enquanto esticava suas pernas, pôs os óculos escuros no rosto e sorriu acenando para que eu desse a partida no carro. Sorri em resposta e acelerei de forma que seus cabelos louros voassem. Ela soltou uma gargalhada sonora ao perceber que eu acelerava o carro cada vez mais.
- Sabe, careta, você nem é tão careta assim. – Ela comentou.
- Como foi no dentista? – Tentei perguntar casualmente ao mesmo tempo em que alternava o olhar para a estrada.
- Normal. Vou daqui a seis meses agora. – Ela virou-se pra mim. – Ah, e eu ganhei pirulitos. – Jogou um pirulito em forma de beijo em meu colo. – E um viva as cáries!
Soltei um sorriso sem graça e guardei o doce em meu bolso. jogou os cabelos que atrapalhavam sua visão para trás e pela primeira vez eu me senti do jeito que os amigos dela me chamavam: careta, idiota e bobinho. De forma careta e clichê me apaixonei por ; de maneira idiota eu entrei no racha para me aproximar dela e de jeito bobinho eu me sinto quando estou perto dela.
- Ei, a gente marcou de se encontrar na Rua Florida, não foi? – Ela perguntou.
- Sim, foi.
Sentimos o chão do carro tremer ao virarmos na rua ao entrarmos na rua Carola. Era uma das ruas de Alejandro Korn que não era pavimentada o que me fez diminuir a aceleração do carro.
- Droga de prefeito. – Resmungou exasperada.
De longe, pude ver um grupo de pessoas ao redor de seus carros. brincava com as chaves do seu Cruze Sport6 enquanto ria de algo que um dos seus amigos falavam. Aquela pose de prepotente me deixava nauseado e só de pensar que já fora sua namorada me faz indagar sobre o que tem dentro da cabeça dela.
Estacionei de frente a uma igreja pequena que havia por lá e saiu saltitante do carro, guardei as chaves no bolso já esperando um apelido infantil que me daria. Ele sempre foi e sempre será assim. Como meu pai me disse uma vez: idiotas sempre serão idiotas.
- Ei, mamerto! – Ele me chamou – Assiste jogo? Estamos fazendo uma aposta aqui!
Me aproximei da roda de pessoas que estavam perto de . Eu me sentia minúsculo quando perto daqueles caras, confesso. Acho que em uma briga, eu perderia até para as garotas; todos tinham um padrão em serem altos, musculosos e cheios de tatuagens. Com certeza, quem passasse por perto de nós se perguntaria o que estava fazendo no meio daquelas pessoas; eu era só mais um magrelo, alto com um porte de frango, como diz minha irmã Gemma.
- Qual é a aposta? – Perguntei.
- Boca Juniors ou San Lorenzo? – Ele arqueou uma das sobrancelhas. Passei a vista ao redor e todos viraram seu olhar para mim esperando uma resposta.
- Boca Juniors, com certeza. – Respondi.
- Aê, careta, muito esperto! – Ele deu uma tapa em minha nuca. Olhei sério em relance para ele mesmo sabendo que não prestava atenção em mim. Senti alguém me cutucar e vi rolar os olhos.
- Deixa ele, careta, você sabe que é assim. – falou enquanto tentava amarrar seu cabelo longo e liso com uma presilha. Em seu pescoço pude ver a ponta da tatuagem de serpente que ela tinha.
- Então, – Chamou atenção – vamos ficar batendo papo? Quero colocar meu pneu pra cantar!
Todos concordaram em ruídos diferentes para que nós fossemos fazer o que combinamos. Quando já me preparava para abrir a porta do meu carro ouvi um pequeno grito de .
- Me larga, ! – Ela saiu de perto dele. – Não me toque!
- Vai me negar um selinho, ? Isso não vai te tornar menos trola. – Ele zombou da garota.
Sangue subiu a minha cabeça e cerrei o punho. Pude ouvir falar “Deixa ela, !”. Ele não tem o direito de tratá-la dessa maneira. Ninguém tinha direito de tratá-la dessa maneira.
- Se enxerga! Trola é a sua avó! – Defendeu-se e segurou seus punhos com força. Com os dentes trincados e seu rosto ficando vermelho.
- Você é só uma vadiazinha de merda! – estava já com os olhos cheios de lágrimas. Ela estava assustada e seu rosto a denunciava.
- Fica... Longe... Dela – Sussurrei as palavras lentamente e ele parecia não ter me escutado já que a ponta dos seus dedos estavam brancos.
Em um ato de adrenalina avancei para cima dele e o soquei. soltou os braços de para proteger seu rosto, e antes que ele soubesse quem o atingiu chutei seu estômago. O sangue circulava em minhas veias rapidamente e a única coisa que eu fazia era chutá-lo. Pulei em cima do seu corpo e o soquei com todas as forças que eu tinha. Enfiei meus dedos dentro de seu rosto fazendo minhas unhas cortarem sua bochecha. De forma violenta preparei-me para atacar seus olhos. Senti ser arrancado de cima de com mãos fortes.
- Madre de Dios, careta! – gritou segurando meu rosto – Você ficou maluco? Perdeu o juízo? É o ! Ele vai te matar! Sai daqui antes que ele se levante.
Os dois brutamontes que me seguravam se entre olharam e me soltaram. olhava para o corpo de com a mão na boca assustada com a cena que acabara de acontecer. gemia no chão com o rosto sangrando e a boca inchada. Olhei para minhas mãos e pude ver sangue de correndo dentre meus dedos. Dei uns passos para trás assustado com o que tinha feito. Eu bati no . Eu quase ceguei .
Senti alguém puxar meu braço e mexer em meu bolso. Tudo parecia tão monótono, eu fazia as coisas mecanicamente. Sentei no banco passageiro e pude ver com as mãos tremendo tentando ligar o carro. E eu apenas olhava pra minhas mãos.
- Vamos lá. – respirou fundo – Você pode isso, , eu sei que pode. – Ela falou para si mesmo e ligou o carro.
Antes que eu pudesse perceber, já estávamos saindo da cidade. Eu via meus dedos cobertos de sangue tremer. Como eu cheguei a perder a cabeça desse jeito? Encostei minhas costas no banco e respirei fundo. encostou o carro fora da estrada, de lado pude ver a placa escrita “Alejandro Korn” mostrando sinais de maus cuidados.
- Qual é o seu problema, ? – me olhou irritada – Você não sabe que o pode fazer com a sua raça? Ele pode mandar aqueles brutamontes dos seguranças do pai dele te matar! Você sabe disso, não sabe?
- O que você quer que eu faça? – Perguntei. – Eu só quero... – Olhei para baixo e vi uma garrafinha de água jogada no chão do carro – Só quero lavar minhas mãos.
Peguei a garrafinha de água e sai do veículo. O dia já estava escurecendo e a estrada estava quase deserta como sempre. Passava um ou dois carros, sem congestionamento. Peguei a garrafinha e lavei minhas mãos da forma que eu conseguia.
- É isso? – saiu do carro e bateu a porta com força. – Você praticamente deixa sem os olhos e só se preocupa com suas mãos?
- Se você ta tão preocupada com ele, vai cuidar daquele patife! – Gritei – Agora lembra que ele te trata como lixo!
A garota deu um passo pra trás assustada com a minha irritação. Enxuguei as mãos na calça e puxei meus cabelos pra trás. Eu estava estressado de forma em que nunca fiquei. Eu precisava de um médico. Eu sou uma pessoa horrível.
- Só tem calma – falou – Por mais que eu ache que ele merecia isso, as coisas não podem ser assim, entende? Você ainda vai se dá muito mal por causa disso.
- Eu sei. Eu sei. – Repeti. Coloquei as mãos nos bolsos da minha calça surrada. Suspirei.
- Ei, – ela chamou – obrigada. Por ter me defendido.
- Por nada.
- O que você vai fazer? – Ela ficou do meu lado e cruzou os braços.
- Eu não sei. Viver cada dia como se fosse o último? Porque a chance de ser o último é bem maior. – Ri do meu desespero. Minha cabeça estava uma bagunça que se eu começasse a ri a qualquer momento eu poderia chorar como um bebê.
Acho que ficamos mais de 10 minutos em pé ali, lado a lado, olhando os carros passarem. Era incrível o conhecimento de sobre carros, ela sabia cada modelo e o ano se mostrando a par do assunto. Nós falávamos sobre os carros admirando os por suas várias formas e tamanhos.
- Não acredito que vou fazer isso. – Ela falou baixinho pra si mesmo e mordeu o lábio inferior graciosamente.
puxou meu braço para baixo e eu a olhei com os olhos arregalados sem entender o que ela fazia. Antes que eu percebesse, ela juntou os nossos lábios. Eu estava de assustado com a iniciativa, mas deixei-me levar ao calor do momento.
Lembro de passar noites acordado imaginando como seria o beijo de . Eu sentia me seguro em uma corda bamba. Ela puxou levemente meus cabelos enquanto eu a apertava contra a minha cintura. Aquilo era tão bom e tão errado. era a garota problema que meus pais sempre diziam para eu evitar, mas era impossível evitá-la. Ela era quem eu queria em meus braços. Ela afastou nossos lábios para tomar fôlego e fechou os olhos com nossas testas coladas.
- Isso é tão errado. Nós não devíamos fazer isso. – Ela sussurrou. Sua respiração batendo em meu rosto e meu coração batia cada vez mais rápido. Segurei meu rosto com minhas duas mãos.
- Eu não me importo. – Voltei a beijá-la mais.
- Espera. – Ela parou-me com a mão em meu peito, parecendo pensativa. – Acho que o carro ta na reserva.
- Sério? – Arqueei a sobrancelha, incrédulo.
- Verdade, não tem a mínima importância. – Ele mordeu meu lábio inferior. Eu tinha sede de , quanto mais eu trocava carinhos íntimos com ela mais vontade de estar com ela me preenchia. Eu sabia que o sentimento não era recíproco, mas eu não ligava. Naquele dia, pela primeira vez, eu não me importava com nada.
E antes de voltarmos para casa, lembro de ouvi-la falar: Acho que tenho quedas por caretas.
*Se tratam de gírias argentinas.
Marmeto: idiota, babaca
Trola: vadia, prostituta, mulher fáci
Madre de Dios: Mãe de Deus, Ave Maria
FIM
Olá!!! Tudo bom? Bem, espero que tenham gostado da história (Que pede uma continuação) pra quem não entendeu (ainda rs) a história se passa em Alejandro Korn, uma povoado da Argentina a qual eu fiz um trabalho. Baseado nessa cidade está aqui a fanfic. Comentem sua opinião sobre a fic. :)