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Quiz #009
// O Tema

Qual o pet ideal para o seu personagem?

// O Resultado

Raposa





A Ilha Invísivel III

Escrito por Fe Camilo

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   caminhou confiante pela floresta, tentando seguir o que parecia ser uma trilha. Havia um sorriso perceptível em seus lábios, a memória vivida do beijo de encravada em sua mente, ainda podia sentir seu corpo eletrizado pela presença da garota. Estava decidido a fazer uma rápida busca pela floresta e voltar para seus braços o quanto antes possível.
  Odeia o observada de perto, ansiosa pelo cenário que estava prestes a se desdobrar. A ninfa tinha uma ótima intuição e conseguia vislumbrar facilmente a energia das pessoas, ainda que projeção astral não fizesse parte de suas habilidades. Ela reparava no pirata que caminhava em passos largos e determinados e conseguia concluir com quase completa convicção que – assim como a maioria dos piratas – ele não fazia parte da lista de bons garotos.
  A ninfa sorriu sabendo que logo colocaria à prova a veracidade de seu coração. Com um pequeno sopro que logo se dissipou em ondas sonoras pelo ar, as plantas passaram a se mover ritmicamente como se embaladas por alguma melodia. A trilha pela qual o pirata seguia logo se desfez à sua frente e o se viu desnorteado vendo apenas árvores e matagal por toda a extensão que seus olhos podiam alcançar.
  As nuvens passaram a lançar sombras sobre a floresta fazendo com que o rapaz percebesse que o fim da tarde chegava. Apesar do empecilho à frente, a ideia de que a noite logo chegaria e estaria sozinha em meio à escuridão fez com que nova determinação se instalasse em seu peito e voltou a seguir caminhando mesmo sem ter uma ideia clara do caminho a seguir.
  Não demorou muito para que chegasse a uma clareira repleta de dentes-de-leão. No centro do local a penugem ruiva de uma raposa se destacava em meio às flores brancas. parou, levando a mão à bainha de sua espada por precaução, ainda não tinha certeza de que tipo de criaturas poderia encontrar ali e do que elas eram capazes. A raposa o olhou como se soubesse exatamente o que ele estava pensando, e caminhou alguns passos à frente, se aproximando do pirata, mas ainda distante do alcance de sua espada.
  O rapaz observou incrédulo quando a raposa assoprou um dente-de-leão e as sementes da planta voaram em sua direção atingindo seu rosto. fechou os olhos por um segundo para impedir que atingissem seu olho, e quando os abriu novamente a raposa estava em sua frente, os olhos sagazes e estranhamente brilhantes lhe causando uma nostalgia inexplicável que o impeliu a se inclinar de modo a melhor olhá-lo, a sensação de que conseguiria destravar a memória subconsciente cada vez mais forte.
  No entanto, para sua total frustração, a raposa se virou e passou a se distanciar lentamente por entre as plantas. Ainda movido pela intuição, passou a seguir o animal, logo passando a apressar o passo para acompanhar seu ritmo floresta adentro. As árvores na região pela qual andava eram tão altas e densas que cobriam completamente a visão do céu que já anoitecia. Algo que o pirata só conseguiu perceber quando finalmente saiu da imensidão de árvores e se deparou com um largo riacho.
  A raposa não estava mais aparente, mas agora o que chamava sua atenção era a figura familiar que se encontrava na água, iluminada pela luz do luar.
  - ? – questionou sem acreditar em seus olhos.
  A garota sorriu um sorriso que não alcançava seus olhos. deu alguns passos à frente, reparando com ceticismo no olhar um tanto distante que dominava o rosto de . Estava prestes a dar meia volta e sair dali constatando que aquela definitivamente não era sua garota quando ela passou a se mover, caminhando em sua direção. A cada passo que ela dava era evidente que estava nua. Seus seios foram a primeira coisa a chamar atenção do pirata, suas mãos formigando pela vontade de tocá-los, ainda se lembrando da sensação de tê-los ao seu dispor.
  A resolução que havia tido foi esquecida assim que ela saiu da água, o corpo perfeito e molhado o hipnotizando. percorreu os olhos pela beldade à sua frente e quando ela estava perto o suficiente para que pudesse tocá-la, não resistiu à vontade de puxá-la para um beijo. Os lábios eram tão macios, doces e deliciosos como se lembrava, mas quando suas línguas se tocaram era como um veneno fosse despejado em suas veias.
  A princípio, sentiu apenas um desejo ardente dominá-lo, fazendo com que a agarrasse pela sua cintura e a puxasse para mais perto, aprofundando o beijo. Mas em seguida, uma vertigem o atingiu em cheio, seus sentidos pareceram desligar ao mesmo tempo em que sua energia esvaía de seu corpo. As mãos que antes enlaçavam a cintura da garota caíram paralisadas ao lado do corpo, sua visão escureceu e o beijo perdeu o gosto.
  Em poucos segundos ele caía de joelhos aos pés da mulher que se assemelhava à sua paixão. Um sorriso maldoso cruzou os lábios dela antes que ela assoprasse para o céu, o som de um assovio estridente parecendo alcançar todos os cantos da floresta antes que a raposa – a qual vira mais cedo – saísse de dentro da água, nadando até a borda do riacho e seguindo elegantemente em sua direção.
   conseguia ver a cena se desdobrar a sua frente, mas como se algum veneno paralisante tivesse atingido seu sistema nervoso, ele não conseguia mover um músculo. Tudo que pôde fazer foi observar com os olhos arregalados quando a garota rodopiou e instantaneamente se transformou em alguém completamente diferente: um corpo esguio, olhos azuis da cor do céu e cabelos lisos loiros tão longos que atingiam o chão.
  A raposa se aproximou calculadamente até chegar ao lado da garota, esfregando a penugem na perna da ninfa em uma carícia. A loira deu uma risada que parecia um tilintar de sinos antes de fazer um cafuné na cabeça do lindo animal.
  - Faça seu trabalho, Beany. – sussurrou no ouvido da raposa.
  Odeia observava do topo de uma árvore a raposa circundar o rapaz com olhar calculista e uma expressão pensativa que muito se assemelhava à de um humano. O animal bateu com as patas no peitoral definido do pirata e ele tombou para trás, sem conseguir controlar o próprio corpo.  Beany escalou o corpo do rapaz até que seus olhos estavam na altura do dele, e após alguns segundos mergulhando naqueles azuis profundos da cor do oceano um grito estridente saiu de sua garganta.
  A ninfa loira riu novamente, batendo as palmas em excitação antes de assumir sua verdadeira forma, deixando o rapaz sozinho e voando floresta adentro. Odeia deu um sorriso resignado, reconhecendo que estava certa novamente. O veredito da raposa era sempre certeiro e inquestionável, ela conseguia reconhecer as almas – verdadeira face das pessoas – e a do pirata caído era tão podre como a primeira maçã da última estação. Com um suspiro, Odeia pegou o dente-de-leão que carregava consigo e assoprou na direção do rapaz, vendo as sementes serem carregadas pelo vento até pousarem exatamente no coração do rapaz.
  A raposa imediatamente reconheceu a sentença de morte e levantou sua pata direta alongando as garras até que elas estavam grandes o suficiente para atravessar a pelo do rapaz e arrancar seu coração. sentia o coração bater forte no peito em antecipação do que estava por vir: aquele seria seu fim.

Fim

  Nota da autora: Ahhh, eu sei que é muito suspense esse final. rs
  Mas na próxima sequência prometo que saberão o que acontece com nosso pirata. <3