Aftershock

Escrito por Caterina Pesce | Revisado por Natashia Kitamura

Tamanho da fonte: |


  Ser filha do cara mais poderoso de Los Angeles parece maravilhoso... Mas é mais do que vocês imaginam. Meu pai, David Johnson, é o atual CEO da rede de televisão MTV, e eu desfruto da boa vida de uma herdeira. Como tenho muitos contatos estou sempre nos melhores lugares, melhores festas, melhores tudo. No meu aniversário de 21 anos não poderia ser diferente, não é?
  Papai disse que eu poderia comemorar onde quisesse, então escolhi comemorar na nova boate de um empresário amigo dele, Michael Thompson. O nome da boate era “Aftershock” - um tipo de tremulação que ocorre pós-terremoto-, e o design dela era tão inovador que, por fora, era como se 2012 tivesse acabado de acontecer, mas com as luzes fortes, música boa até do lado de fora. Dentro era ainda melhor: capacidade máxima 1.500 pessoas. Parece pouco, mas é só pra quem é exclusivo mesmo. A cabine do DJ era como se fosse um capacete espacial e o visor era o vidro separando o DJ da pista, coisa não muito comum. A pista era feita com um piso que muda de cor. O banheiro masculino e feminino são enormes, o feminino tem um look meio “closet”, em ambos tem carregador para os celulares - nunca se sabe, não é? - e tem um banheiro “unissex” - conhecido como Uni - que, como posso explicar, é para ser usado com no mínimo duas pessoas por vez.
  Agora vamos para a parte mais importante da boate: a área VIP. Tem área restrita, com cortinas e sofás bem grandes, uma área com pole dance pra quem quiser se arriscar - acredito que foi pra provocar a Britney ou Lindsay - e uma piscina. Não é uma banheira ou jacuzzi, whatever. É uma piscina. Essa parte fica atras da cabine do DJ, como se fosse outra boate, interligada apenas pela cabine. Essa era a parte mais cool de todas! Era um jeito de se sentir em Ibiza em L.A. Claro que quem fez toda a decoração foi minha queridíssima mãe, Madison Johnson, então era mais que justo que eu fizesse a festa lá.
  - Alô, ? É o Michael! Então, a Aftershock seria inaugurada daqui a um mês, mas resolvi adiar.
  - Mas o quê?! Como assim? Por que isso, Michael?
  - Falei com seus pais e vamos adiar a inauguração para o seu aniversário. Será o maior evento de L.A. - Hm, tenho que me lembrar de agradecer meus pais.
  - Mesmo? E eu posso saber como vai ser? - conheço bem o Michael, deve estar planejando alguma coisa. Afinal, não ia deixar que a festa fosse só mais um aniversário de uma filhinha de papai de Hollywood.
  - Surpresas... Prepare-se. Ache a melhor roupa que puder. Só vão falar de você... E da Aftershock.

  Ninguém quis me falar nada. Disseram para que eu fizesse a lista de convidados. Mil e quinhentas pessoas. “Como essa garota vai achar 1.500 pessoas?”, você deve estar pensando. Mas nessas horas brota gente até do concreto.
  - Hey girl!
  - Quem está falando?- fingi que não reconheci a voz.
  - Hm, é o Adam.
  - Adam? - Prendi o riso.
  - Adam Levine, do Maroon 5.
  - Ah, sim! Desculpa, são muitos Adams, sabe como é?
  - Sim, sim, entendo. Então, soube que você vai fazer 21 anos...
  - É, vou fazer uma comemoração pequena na Aftershock.
  - Na Aftershock? Já vai abrir?
  - É. A openhouse vai na verdade ser a minha festa. Fica tranquilo, já coloquei seu nome na lista.
  - Ah, não precisava! Vai ser que dia? - ri comigo mesma, como se ele não quisesse ir na MINHA festa...   - Dia 13 de outubro. Só não decidimos o horário ainda, mas qualquer coisa ligo pro seu agente pra falar!
  - Sim, claro! Eu queria te chamar para ir no nosso show hoje, é um show privado. Lançamento de novo álbum, fazer algo mais “íntimo” para alguns fãs e... Algumas pessoas mais... “íntimas”. - Ri comigo ainda mais, agora não conseguindo controlar o volume da risada.
  - Claro, Adam. Estarei lá!
  Viram? Todos querem estar na festa da Johnson e garantir um status inigualável. Sem falar com o quão boa a festa vai ser.

  5 semanas e 2 dias depois...

  Finalmente chegou o dia da festa e por incrível que pareça meus pais realmente conseguiram guardar segredo sobre como vai ser. Chamei umas amigas pra passarem a tarde lá em casa e se arrumarem pra “festinha” que aconteceria mais a noite. Ash e Tessa foram as primeiras a chegar lá em casa. Fizemos umas seleções de roupas. Tinha Gucci, Dolce & Gabanna... Mas eu escolhi um Betsey Johnson curtinho, mas no estilo Betsey, bem louco, bem “centro das atenções”. Depois que escolhi, Carol, Hil e Sarah chegaram, finalmente, e começamos a nos arrumar. Os maquiadores estavam fazendo seu trabalho enquanto conversávamos.
  - Carol, em quem você vai dar o bote hoje, hein? - perguntei sem nem hesitar.
  - Ainda não sei... Chamou muito homem gato? Porque aí eu escolho mais de um pra ir pro Uni...
  - Carol, você está muito saidinha, senhorita...! - disse Sarah, ela é a mãezona do grupo.
  - Não, mas falando sério agora... Meu pai disse que teve uma reunião outro dia lá na MTV com a Nicki Minaj a respeito de um especial sobre ela, e ela perguntou sobre a minha festa e ele disse que eu não a havia convidado... Ela quebrou um monte de coisa no escritório.
  - Deve ter esbarrado com a bunda.
  - Hilary!
  - O que foi, Sarah? É verdade... Ela parece que engoliu uma melancia e ficou com prisão de ventre e ficou assim, com a melancia presa.
  - Vamos ignorar a senhorita educação, então... Ash, e você? Planos para como vai estender a noite dessa vez? - implicamos muito com ela, porque na última balada que fomos em NY ela ficou tão louca que pegou o jatinho do pai e foi pra Ibiza porque “precisava continuar a festa”.
  - Ha-ha, muito engraçadas. Pretendo ir pra casa. E sozinha, viu, Tessa.
  - O que isso quer dizer?
  Acho que vocês tiveram uma ideia de como são essas meninas. Um pouco “danadinhas”, como diria meu avô. É sempre assim, desde que fizemos 18 anos viajamos o mundo gastando o dinheiro dos nossos pais com festas e conhecendo gente nova. Principalmente homem e gato. Eu não deveria falar isso mas eu estava naquela festa onde o Príncipe Harry ficou pelado num jogo de sinuca em Las Vegas. Não contem pro meu pai, ele acha que eu tava na casa da minha tia!
  Claro que se a festa começa as 10 da noite a aniversariante tem que chegar meia-noite. É a grande entrada! Todos já estão lá e só esperando por ela. E foi isso mesmo que fiz. Saímos da limusine, e estava tocando “Otis” do Jay-Z e Kanye West. Primeiro as garotas saíram. Eram só flashes, e então eu saí. Parecia até slow motion, que nem naqueles filmes quando a garota mais popular e mais bonita do colégio está chegando e todos param pra olhar.
  A boate já estava LOTADA. Devia ter mais de 1.500 pessoas ali, tenho certeza. Começou a tocar “Wild Ones” do Flo Rida com a Sia, e eu e as meninas já estávamos na área VIP da festa. Mal cheguei e já comecei a dançar feito louca! Foi quando eu o vi, ali um pouco longe, perto do bar. Não fazia ideia quem era, se o Michael tinha convidado ou meu pai. Mas eu não conseguia parar de sorrir e olhar pra ele. Eu estava hipnotizada.

  Saí da área VIP e fui a caminho do bar. No meio do caminho um ex meu me segurou. Ele sempre fazia isso, não entende que eu disse “não” pra ele.
  - , parab...
  - Nem vem com essa, Zac.
  - Por favor, vamos conversar só.
  - Zac, você nunca só conversa. Tenho que fazer uma coisa. Mas aproveita a festa, Troy.
  Sim, eu namorei Zac Efron. Sim, e dei um fora nele. Sim, ele odeia que o chame de Troy. Quem mandou me trair?

  Continuei andando e dançando, até chegar ao bar. Ele ainda estava ali. Ele nem percebeu que eu estava ao seu lado. Como um cara não percebe uma garota como eu? Ainda mais na própria festa? Pedi pro barman um shot de qualquer nome que me lembrei na hora. Nunca fui de beber muito, gosto de curtir e lembrar da noite pra depois que começarem os boatos saber o que foi verdade, o que foi mentira e o que esqueceram de falar.
  - E aí, tá curtindo a festa? - puxei papo com ele. Não tenho nada a perder.
  - É, você sabe... - falou com a maior voz de tédio que já ouvi - Essa aniversariante deve ser muito mimada, mesmo.
  - Hm, eu sou a aniversariante.
  Por um momento teve um silêncio entre os dois. Já estava virando as costas para ir embora quando ele me segurou pelo braço.
  - Desculpe, eu não sabia...
  - Não, tudo bem. Não é como se você estivesse errado.
  - Desculpe. Eu sou o . Sou sobrinho do Michael.
  - .
  - Prazer. E parabéns.
  - Obrigada.
  Fui andando para a parte VIP, quando Michael, da cabine, anunciou a primeira surpresa da noite; um show exclusivo da Jennifer Lopez. O que foi? Gosto de vários tipos de música e a música dela é muito boa pra se dançar. Eu e minhas amigas não saímos um segundo da pista VIP. Mas foi quando Jennifer cantou “I wanna dance and love, and dance again” (Quero dançar e amar, e dançar de novo) que meu olhar, justo na palavra “love” parou nele. O tal sobrinho de Michael, . Dessa vez ele estava olhando e rindo. Eu estava dançando que nem uma louca, não posso fazer nada se essas músicas me animam. Quando acabou o show, que foi rapidinho, umas 6 ou 7 músicas, pedi ao segurança que deixasse na área VIP.
  Enquanto ele se aproximava, eu ia andando devagar, até o aquela parte mais restrita. Tocava “Chasing the Sun” do The Wanted. Ash viu onde estava indo e achou estranho eu estar sozinha entrando na “cabana”. Foi quando ela viu que eu estava apenas atraindo minha presa... Quando ele entrou ali, me olhou e sorriu. Senti um arrepio pelo corpo todo. Quem é esse cara que em nem uma hora mexeu comigo de um jeito que nunca ninguém nos meus 21 aninhos de vida conseguiu?
  - Sabe... Eu não costumo ficar com quem não conheço. Na verdade nunca fico com ninguém.
  - E você quer que eu acredite nisso? Um cara boa pinta como você... Duvido que não tenham várias correndo atrás de você.
  - Ter tem, mas... Não sou esse tipo de cara. Eu nem sei onde arrumei coragem pra vir até aqui com você.
  - A gente pode só conversar. Conversar é bom.
  - Conversar numa boate? E você não tem que cumprimentar as pessoas? Afinal, é sua festa...
  - Tudo bem, já que não quer conversar...
  - Não, não! Eu quero, é que eu achei que você tivesse coisas melhores pra fazer.
  - Não sou a “mimada” que você pensa. Sim, meus pais me tratam como se eu fosse da realeza, mas eu sou uma garota qualquer.
  - Você quis dizer “normal”.
  - O quê?
  - Normal, não uma garota qualquer.
  Nessa hora senti meu rosto corar. Ele estava em um lado do sofá e eu do outro. Era engraçada a cena. Aqueles cantinhos não eram pra ter distância, muito menos conversa. Mas lá estávamos nós, conversando e rindo. Falamos sobre algumas celebridades que estavam na Aftershock pagando mico. Umas roupas nada a ver, implorando por atenção... Típica Hollywood. Foi quando Michael começou a falar no microfone.
  - Essa surpresa aqui é mais do que especial. ama esse cara, e ele não pensou duas vezes antes de aceitar tocar na sua festa hoje. Diretamente da França, David Guetta!
  Dei um grito tão alto e agudo que talvez só os cachorros tenham ouvido. Fangirling total!   Começou com a minha música favorita - ou seria música tema? - “Little Bad Girl”. Comecei a rir quando percebi o que estava fazendo. Me desliguei de tudo e de todos e lá estava eu, no meio da pista, com o ao meu lado, dançando realmente como se a música tivesse sido escrita sobre e para mim. Puxei-o pra dançar comigo, e no início estava sem jeito, mas foi se soltando. Dançávamos que nem loucos, você sentia a vibração da música por todo seu corpo. Realmente, Michael pensou em tudo pra que o nome fizesse sentido. Lembrei da área da piscina, e fui indo pra lá com . Como já se era de esperar, Ash, Tessa, Carol, Hil e Sarah estavam lá com várias pessoas. Principalmente homens. Dois só com a Carol - essa não tem mais jeito, mesmo.
  Não sou burra nem nada, fui com meu biquini por baixo do vestido porque já sabia que faria isso em algum momento. A piscina era coberta e aquecida, tem um sistema de som à prova d’água. As luzes piscavam como na pista. Quando mergulhou, fui até ele e sorri maliciosamente. Ele sorriu de volta, então fui me aproximando mostrando que queria beijá-lo, e ele entendeu o recado. Me puxou pela cintura e seus lábios encostaram de leve nos meus. Parti o beijo com um sorriso, e mais uma vez um arrepio correu por todo meu corpo quando o vi sorrindo de volta. Agora o beijo já foi mais forte, mais aprofundado. Apertava minha cintura com força, sem medo de me machucar. Ficamos lá por um bom tempo nos beijando, dançando um pouco... Mas principalmente nos beijando.
  - Você quer sair daqui, ? - disse com a cara mais pervertida que pude.
  - E onde exatamente você pensa em ir?
  - Já ouviu falar no...Uni?
   deixou um sorriso de lado aparecer, me olhou bem no fundo dos olhos e me beijou. Foi me levando até o Uni, que era entre os dois ambientes, segurando boa parte das nossas roupas.
  - Ei, vocês já usaram bastante! Podem sair agora! - eu disse batendo na porta.
  Nem sabia quem estava lá e há quanto tempo. Só sabia que queria acabar com aquilo ali e agora.
  - Calma, já estamos sa... ? - Ash estava beeeeeeem alta, e muito bem acompanhada, devo dizer - esse é o... Como é seu nome mesmo?
  - Tim. Meu nome é Tim. Ah, parabéns. Eu nem trouxe presente nem nada...
  - O presente pode ser você deixar a gente entrar no Uni! - todos riram, mas eu continuei séria, e puxei pra dentro do banheiro. Que era tudo menos banheiro.
  Estávamos nos beijando calmamente, sem pressa, sem machucar ninguém, mas com muito desejo. Começou a descer e foi beijando meu pescoço e parou ao chegar nos seios. Me segurou pela cintura e me apoiou na bancada, começando a beijar cada vez de forma mais feroz. Envolvi minhas pernas por volta dele enquanto ele tirava a parte de cima do meu biquini. Ele parou e me olhou. Mordi os lábios e voltei a beijá-lo, agora com força. Ele tirou sua roupa íntima e abriu a gaveta da bancada. Michael havia colocado um estoque de camisinhas ali. Colocou-a rápido e tirou minha última peça de roupa. Colocou seu membro devagar enquanto fazia movimentos leves.
  - É o melhor que pode fazer? - disse, em meio a suspiros leves.
  Foi aumentando a velocidade e a intensidade, comecei a arranhar suas costas com as minhas unhas, e soltando alguns gemidos em seu ouvido. Ficamos naquela luta pra ter o corpo do outro durante um tempo até nenhum de nós aguentar mais e sentir aquela corrente elétrica por todo o corpo. Me beijou, agora mais suave e me tirou do balcão.
  Ficamos no Uni um pouco mais, descobrindo o corpo do outro com cuidado e desejo. Parecia que já éramos íntimos há muito mais tempo do que apenas duas horas. Me ajudou a subir o zíper do vestido antes de sairmos, e me entregou o celular dele. Pediu para que eu lhe desse meu número. Hesitei, mas o fiz. Nunca tive um caso que me deixasse assim, meio “pensativa”, lembrando do que aconteceu e me perguntando “por quê não estou continuando aquilo agora?”.
  O restante da festa foi um tanto chata em comparação ao que tinha acontecido. Provavelmente não ia vê-lo de novo, mas são coisas do destino. Comecei meus 21 anos em grande estilo, finalmente me sentindo mulher, não mais uma garotinha. Dancei como nunca, de vez em quando se aproximava, trazia uns drinks, mas passei o resto da festa com as minhas amigas. Quando entramos na limusine já eram seis horas da manhã, e recebi uma mensagem de texto.
  “Eu até iria dormir agora... Mas pensar em você me tirou o sono. Quer me encontrar?
  Ou talvez esse era apenas o primeiro de muitos tremores...

FIM



Comentários da autora