Adolescer

Escrito por Nanda Camilo e Mar Rabelo | Revisado por Mel

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Capítulo 1 – Finais...

  - Eu aposto que eu consigo pegar aquela garota muito mais fácil que você pai. – disse apontando disfarçadamente para uma ruiva sentada no bar.
  - Pois eu duvido. – retrucou o pai causando alvoroço na mesa.
  - Eu aposto em você, tio Rich.– disse confiante e sorridente. Recebendo um olhar de reprovação de .
  - Bem...eu aposto na . – disse brincando com o cabelo azul da garota.
  - Que perda de tempo. – sussurrou .
  - Ah... Eu aposto que eu consigo antes de vocês. – afirmou e se levantou indo em direção à garota.
  Todos observaram em silêncio enquanto se sentava ao lado da moça e sussurrava algo em seu ouvido a fazendo sorrir.
  Os amigos começaram a rir com a cara de pau de e bebeu um gole de grappa¹ antes de se levantar e anunciar:
  - Bem, eu não vou ficar com as mãos abanando. – ela caminhou até uma linda morena que no momento pedia uma bebida para o garçom. Em alguns minutos a morena se rendeu a um beijo. A turma lançou um olhar de desafio a Richard.
  - Ah... Não custa nada tentar, certo? – Richard disse duvidoso com o olhar dos outro sobre si.

  POV

  Entrei no apartamento rindo com papai em me encalço. Me joguei no sofá e olhei pra ele, que estava com o maxilar travado num claro sinal de raiva.
  - Senta aí pai. – disse.
  - , acho melhor você dormir. Você bebeu demais hoje.
  Ri mais um pouco e então parei, colocando a mão na boca pra abafar o riso.
  - Olha pai, desculpa, mas é que a cena foi muito engraçada, fala sério.
  - Não, . Não foi nada engraçado. Não foi engraçado a aposta sem sentido. Não foi engraçado você e saírem pra buscar mulher e me deixar na mesa sendo obrigado a comprovar minha eficácia em conquistar uma mulher, aliás isso foi indelicado. E sem dúvida não foi engraçado aquela mulher jogar vinho na minha cara. – ele disse um pouco alto.
  - Own pai, você fica tão lindo bravo. – ri mais um pouco e me aproximei o abraçando. – Oh! Droga! - Me afastei rapidamente. Eu esqueci que meu pai estava manchado de vinho agora minha roupa tinha manchado também.Foi a vez de o meu pai começar a rir da minha cara.
  - Bem feito, viu? Quem ri por último, ri melhor. – disse rindo da minha cara. Tentei ficar brava e fazer biquinho, mas não consegui, acabei rindo também.
  - Estamos parecendo dois porquinhos. – observei.
  - É. E é melhor lavarmos essas roupas antes que manche de vez. – papai disse assumindo uma postura preocupada e se levantou estendendo a mão.
  - Me dá a blusa que eu vou lavar, e vai tomar um banho pra dormir.
  - Dormir? Não to com sono. – disse birrenta fazendo biquinho.
  - Tudo bem. Então me dê a blusa e vai tomar banho pra passar esse porre. – mandou.
  Fiz uma careta, mas assenti tirando a blusa e dando em suas mãos. Ele me olhou com aquela cara de “o que está esperando pra ir tomar banho?”.
  - Já vou. – resmunguei me deitando exausta no sofá.
  Ele pigarreou e me olhou com as sobrancelhas unidas como se dissesse “você não vai dormir no sofá.” Bufei e me levantei com dificuldade indo em direção ao meu quarto.
  - Vê se lava direitinho senhor Richard. – gritei antes de fechar a porta do meu quarto e cair na cama pronta pra dormir como um bebê.

  POV (Wiki)

  Entrei sorrateiramente em casa para que ninguém percebesse, mas foi em vão.
  - ? É você amor? – minha mãe chamou da cozinha.
  - Droga! – praguejei baixinho e segui até a cozinha. – Boa noite mãe.
  - Ah meu amor! Isso são horas de chegar em casa? Boa noite? Você quer dizer boa madrugada. – suspirou antes de falar mais calma. – Eu fiquei preocupada. Mas como foi? Se divertiu bastante? – perguntou como se eu fosse uma criança de 7 anos voltando do passeio da escola.
  - Foi legal mãe, eu acho que... – ia me despedir, mas ela interrompeu.
  - Não está com fome? Quer que eu prepare alguma coisa? Um lanchinho?
  - Não, mãe. Eu comi por lá. – respondi. – Olha eu vou...
  - Então eu vou preparar um leitinho pra você... – começou.
  - Não! – gritei. – Olha mãe, não precisa tá bom? – tentei ser mais diplomático. – Eu...
  - Que gritaria é essa? – meu pai apareceu na porta da cozinha.
  - Ah, não é nada querido, na verdade, eu vi uma barata e veio me ajudar. – minha mãe explicou sorrindo.
  - Hum... Vê se para de fazer barulho. – resmungou e voltou para o quarto.
  - Mãe, obrigado. Eu vou dormir, ok? Boa noite. – disse e lhe dei um beijo no rosto.
  - Boa noite, meu amor. Durma com os anjos. – a ouvi dizer antes de fechar a porta do meu quarto.
  Bufei encostado na porta e andei até minha cama, me sentando e dando de cara com uma foto minha e de . Sorri me lembrando do dia em que a arrastei para um evento de Cosplay, e ela ficou com a cara emburrada durante todo o evento até que ganhamos o prêmio de casal mais bonito e caracterizado. Então ela me abraçou pulando e deu um sorriso enorme pra câmera. Um sorriso lindo... O sorriso pelo qual me apaixonei.
  Ela é tão incrível, linda, divertida, meiga e brava ao mesmo tempo. Quando ela canta, sinto que flutuo. E perto dela parece que posso fazer qualquer coisa. Eu gosto tanto dela, tanto, mas ela ... Ela nem me enxerga. A não ser como amigo, claro. Como um irmão que ela nunca teve, mas nunca como um amante. Ela nunca imaginou meus lábios tocando os seus, minhas mãos percorrendo o seu corpo, nunca! Como eu imagino todas as noites...
  Abaixei o porta- retrato bruscamente, eu não queria vê-la, não estava ajudando. Me levantei e fui para o banheiro, talvez um banho ajudasse a espairecer e esquecer um pouco da garota dos meus sonhos, puro sonho...

  POV

  Abri a porta do trailer sem ao menos perceber tão entretido estava em beijar a ruiva a minha frente. Passamos pela sala de estar/jantar/cozinha sem ao menos perceber, e quando percebi já estava na cama com a ruiva em cima de mim. Ela me beijava com ferocidade e eu também não deixei por menos. Inverti as posições ficando por cima e comecei a beijar seu pescoço dando leves mordidas a ouvindo gemer no meu ouvido. Ela arrancou minha blusa e começou a acariciar meu tronco nu me arranhando com suas unhas longas. Ela foi traçando um caminho perigoso um pouco abaixo da cintura e meu amigo começou a dar sinais de vida, tentei lembrar o nome dela, mas mesmo com muito esforço não adiantou, acho que a bebida já estava afetando meu cérebro. Abri a blusa dela e tirei a jogando longe, passei a acariciar seu tronco e dar beijos em seu abdômen definido. Quando levantei o rosto novamente para procurar por seus lábios, não foi exatamente o que esperava ver. Os cabelos vermelhos e curtos foram substituídos por um loiro e longo. Pisquei algumas vezes, mas o rosto não mudava, então ela pegou meu pescoço com suas mãos delicadas e me puxou para um beijo. Tornei a beijá-la dessa vez com paixão e desespero, se era só esse momento que eu tinha, eu precisava aproveitá-lo. Ela me empurrou me fazendo tombar para o lado e subiu em cima de mim sorrindo, começando a traçar uma linha com sua língua pelo meu peito e mais pra baixo. Fechei os olhos e suspirei baixinho sussurrando seu nome:
  - Ivy...
  Senti ela parar abruptamente o contato delicioso e abri os olhos para ver novamente a ruiva com quem havia chegado.
  - Como é que é? – ela perguntou. – Hey, cara! Você não é casado, é?
  - Não. – murmurei amargamente.
  - Ótimo. Meu nome é Shirley. – e continuou de onde havia parado, mas a impedi.
  - Acho melhor você ir embora. – disse.
  - Hein? - me olhou sem entender.
  - Eu disse pra você ir embora. – afirmei rudemente.
  Ela se levantou ofendida e começou a vestir a blusa.
  - Idiota! – xingou antes de bater a porta do trailer indo embora.
  - Eu sei. – sussurrei pra mim mesmo.
  Abri a gaveta do criado mudo, tirando de lá a foto de Ivy.
  - Por... – comecei, mas me interrompi. Beijei a foto carinhosamente, uma lágrima escorrendo dos meus olhos.
  Coloquei a foto ao meu lado e fiquei observando. O efeito da bebida passando, o sono me dominando.
  - Te amo. – sussurrei antes de cair no sono.

  POV

  Fui pegando todas as peças que via a minha frente jogando desleixadamente na mala sobre a cama. Os berros da discussão no cômodo ao lado me lembravam de não deixar nada pra trás, pra que eu não precisasse voltar. Eu imaginava que seria difícil chegar em casa e contar todas as coisas que precisava dizer, mas nunca imaginei que a reação seria tão... Tão... Ignorante como a deles. Peguei a foto sobre a cômoda...
  - E a culpa é sua por não saber criar a sua filha – ouvi o berro do meu pai me assustando e me fazendo deixar cair o porta retrato ao chão. Com as mãos trêmulas tirei a foto dentre os cacos, um retrato de minha infância: eu, e brincando sem preocupações... Eu nunca poderia imaginar que uma amizade assim pudesse me levar a isso atualmente. Joguei a foto com raiva dentro da mala e a fechei. Respirei fundo e enxuguei as lágrimas me olhando no espelho, antes de abrir a porta e dar de cara com meus pais que pararam a discussão a me ver.
  - Filha! Por que está fazendo isso conosco? Não foi isso que eu lhe ensinei. – minha mãe insistia aflita.
  - Mãe, pai. Isso não tem nada a ver com vocês, é uma escolha minha, eu...
  - Não me chame de pai. – fui interrompida. – Eu não tenho mais filha.

  POV

  Acenei para o carro de tio Rich que virava a esquina e adentrei a porta de casa sorrindo. Era tão bom sair com os amigos. Papai e mamãe me esperavam em casa. Mamãe se distraindo na costura de uma roupa e papai assistindo ao jornal da madrugada. Os dois pareciam nervosos, talvez nervosos demais pra quem estava fazendo atividades tão comuns e corriqueiras. Eles não perceberam minha chegada.
  - Cheguei! – anunciei alegre, tentando descontrair, talvez eles estivessem preocupados comigo.
  Mamãe levantou os olhos vermelhos e inchados da costura. Por que ela esteve chorando? E papai desligou a televisão e me lançou um meio sorriso sem me olhar nos olhos.
  - O que foi? O que aconteceu mamãe? Tia Alice morreu? – perguntei me sentando ao lado dela e a abraçando. Tia Alice é a irmã mais velha da minha mãe que não estava passando muito bem há alguns dias.
  - Não, querida. Tia Alice está ótima. – mamãe tentou sorrir, mas saiu mais como uma careta.
  - O que aconteceu então? Perguntei olhando para o meu pai. – Não precisavam se preocupar comigo, eu disse que tio Richard estaria conosco e que me traria pra casa.
  - Não, minha filha, tudo bem. Estávamos te esperando por que precisávamos te dar uma notícia. – papai explicou.
  Eu poderia sorrir mais aliviada, era só uma notícia, mas pela cara deles não era uma “boa” notícia.
  - O que é? – perguntei receosa. Será que papai foi demitido do emprego? Especulei sobre o que poderia ser, mas jamais poderia imaginar o que viria a seguir.
  - Eu e sua mãe vamos nos separar. – papai afirmou.
  Fiquei sem palavras. O que poderia dizer? Que tudo ficaria bem? Pra onde ele iria agora? Não sabia o que dizer. Decidi pela segunda pergunta.
  - Pra onde você vai agora? – perguntei para o papai. Não queria que ele fosse pra muito longe, o queria por perto.
  Ele trocou um olhar com minha mãe.
  - Bem, querida... – mamãe começou, me virei para ouvi- la. – Na verdade, papai continuará aqui. Nós que iremos nos mudar.
  - Como? Mas... Pra onde iremos então? – Será que moraríamos na rua?
  - Pra casa de sua avó, por enquanto. – anunciou sorrindo.
  - Pra casa da vovó? – perguntei com a voz um pouco mais alta do que o habitual. – Mas ela mora em Vancouver. É muito longe de Ottawa.
  - Eu sei querida, mas lá é um ótimo lugar para se viver... - mamãe tentou.
  - E meus amigos? Como vou vê-los? – a interrompi
  - Você poderá fazer novos amigos por lá. – ela disse. – Sabe aqui não são boas as companhias. Lá você poderá encontrar amigos da sua idade. – mamãe disse um pouco nervosa. Ela não gosta de e . Me virei para papai.
  - Papai? Por favor, eu quero ficar aqui em Ottawa com você. – pedi.
  - Sinto muito querida. Mas fomos a um advogado, sua mãe é a responsável legal por você. – disse magoado.
  - Mas... – tentei.
  - Sem mais – mamãe disse brava. – Você irá comigo amanhã mesmo para Vancouver. Suas malas já estão prontas, a passagem comprada. – e depois abrandou a voz. – Tenho certeza que você adorará sua nova vida.
  Corri para o meu quarto chorando e tirei o casaco, me jogando na cama em seguida.
  Nova vida? Me perguntei. Acontece que eu gosto demais da antiga.

  ¹ grappa: é uma bebida de origem italiana. Tradicionalmente é feita a partir de bagaço, um subproduto do processo de vinificação.

Capítulo 2 – 9 meses depois...

  POV

  Ai! Minha cabeça está parecendo que vai explodir. Droga! É o mal de uma noite de bebidas e sexo. Levantei da cama com os olhos ardendo e fui lavar o rosto e fazer minha higiene matinal no banheiro. Voltei pro quarto e peguei uma toalha limpa no armário, sequei o rosto e olhei pra pequena mesa que ficava entre a sala e a cozinha. Me inclinei um pouco pra ver se estava vendo mesmo o meu café da manhã pronto. Estava. Bem, talvez eu esteja sonhando. Caminhei até a mesa e me sentei observando o prato com cereais coloridos, um copo com leite, um copo com água e uma aspirina. Sim, uma aspirina. Engoli a aspirina com a ajuda de um pouco de água, despejei o leite no prato com cereais e comecei a comer. Na minha segunda colherada percebi uma movimentação no sofá e me engasguei ao deparar com sentada olhando pra mim.
  - Hey, calma. – ela se levantou e veio em minha direção. – Levanta os braços, anda! – mandou. Fiz o que pediu e aos poucos me acalmei. Empurrei o prato, perdendo a vontade de comer e a encarei.
  - O que você está fazendo aqui?
  - Bom... Hã... O que achou do café que eu te preparei? - tentou desconversar.
  - Se fosse verdadeiro, acharia maravilhoso. Mas o que você está fazendo no meu sonho?
  - Sonho? Ai que fofo! Então me ver é um sonho? – perguntou com os olhos brilhando. Eu hein? Cada sonho estranho que a gente tem. Cocei a cabeça confuso e ela pulou no meu colo.
  - Eu também senti saudade de você maninho do meu coração. – disse me abraçando. – Mas eu sou real, não se preocupe. – e se afastou novamente
  - Ok. Então digamos que você esteja realmente em Ottawa e não em Vancouver com sua mãe, como veio até aqui e por quê? – perguntei entediado.
  - Bem, eu vim de carona, claro. Eu fugi de casa por que meu padrasto e minha mãe queriam me internar em um manicômio ou coisa parecida e vou com o morar na Disney. – disse com tanta naturalidade que parecia estar comentando sobre o tempo.
  - Disney? – comecei a rir. – Esse é o sonho mais estranho que eu já tive.
  - É, Disney. É o nosso sonho, meu e do . – afirmou.
  - Hum... E quem seria ? – perguntei só pra entrar de vez na maluquice. Até em sonhos a é doidinha.
  - é aquele que está mexendo na sua geladeira. Deve estar procurando doces. Ele adora doce. – e caminhou até onde supostamente estava, abrindo a geladeira e pegando uma barra de chocolate que tinha por lá.
  - Ele pode? – perguntou com uma carinha pidona.
  - Mande ele ficar à vontade. – disse e me levantei indo até o sofá e me jogando por lá. – Que sonho mais entediante, caramba!
   sentou ao meu lado comendo o chocolate.
  - Pensei que fosse pro . – provoquei.
  - Era. Mas ele não quis mais. E eu não quis desperdiçar. É pecado.– sorriu.
  - Hum... – murmurei. Olhei em volta do trailer, parecia que tinha esquecido...
  - Ah! Tinha me esquecido. Toma. – me estendeu um papel.
  - O que é isso? – Peguei e vi um número de telefone.
  - É o número da garota que estava com você.
  - Caramba! – levantei num pulo. – Cadê ela?
  - Não se preocupe. Ela acordou antes de você, então eu preparei um café pra ela, conversamos um tempão e ela se foi. Muito simpática. Prometi a ela que o lembraria de ligar.
  - Oh não! – esfreguei o rosto, tentando acordar e nada.
  - Sabia que ela te elogiou muito? Acho que ela daria uma ótima namorada... – continuou.
  - Namorada? Olha , não sei se o sonho te deixou com amnésia, mas eu jamais fico com uma mulher mais de uma vez, e definitivamente, não as namoro. – liguei a televisão procurando por algo interessante. Passava um programa sensacionalista.
  - Na manhã de ontem, a filha do deputado Ohga Tanaka Zhang Yun foi sequestrada e está desaparecida há mais de vinte e quatro horas. A garota que se chama Dreskivt Zhang Yun, não voltou pra casa depois da escola. As buscas pela garota já começaram. As forças policiais de Vancouver, onde a garota mora, e de Ottawa, onde o pai mora estão trabalhado juntas para solucionar o caso. No momento, infelizmente não há nenhuma pista do paradeiro da jovem. Em breve, voltaremos com mais notícias.Não acredito! - arregalei os olhos e olhei para que me olhava com um sorriso culpado. – Não é um sonho.

  POV

  Cara! Que moreno gostoso, se eu não pegar ele hoje, eu tenho uma síncope. Bebi mais um gole da minha tequila, enquanto olhava (secava) o monumento a minha frente. Ele me olhava também, parecendo em dúvida sobre o que fazer. E pra minha sorte, ele não pensou por muito tempo. Tirou a guitarra que estava pousada ao meu lado e sentou no lugar, me beijando logo em seguida. E não é por que eu estou bêbada, e confesso estou um pouco, mas esse cara beija muito bem. Ele me beijava com selvageria e eu pensava se está bom só num beijo, imagina o resto. A noite estava só começando, estava indo pra uma after party com o pessoal da banda e alguns fãs pra comemorar o sucesso do show e eu sabia muito bem como queria aproveitá-la. Eu já estava ficando sem ar, mas com certeza não pretendia parar, me inclinei e passei as pernas por cima das suas ficando no seu colo e desci o beijo pro seu pescoço dando leves mordidas, enquanto ele passava a mão pelo meu corpo.
  - Hey! Vão pra um motel. – ouvi a voz de Steve, mas parecia distante.
  Voltei a beijá-lo com mais intensidade, mas um barulho irritante me fez parar e olhar nervosa para os caras da banda.
  - Hey não somos nós. – Jeremy se defendeu.
  Logo reconheci a minha música preferida: Rock’n Roll Train, do AC/DC e sorri para o garoto a minha frente, agora que a coisa ia ficar boa. Peguei um limão dos garotos e chupei enquanto jogava um pouco de tequila na boca do moreno e o beijei novamente. A mistura de nossas línguas com o gosto de limão e tequila era inebriante. A música parou de tocar por uns segundos e voltou a tocar do inicio novamente. Parei de beijá-lo e abri minha bolsa em busca do meu celular.
  - Alô? - atendi ofegante e brava.
  - , você precisa vir aqui em casa agora. – ouvi a voz de do outro lado da linha.
  - Como? Você tá maluco? Eu to ocupada agora. – falei já me preparando pra desligar.
  - Espera! – o desgraçado ainda gritou no meu ouvido. – Espera, a coisa é séria . – ele falou num tom urgente.
  - O que pode ser tão sério pra me fazer largar minha after party e uma noite de pura diversão? – perguntei com a voz meio embargada.
  - A fugiu de casa e está bem aqui na minha frente nesse exato momento. – ele disse sério como nunca tive a oportunidade de vê-lo.
  - Hey! – ouvi a voz de do outro lado.
  - Droga! To indo pra aí. – desliguei sem ouvir uma resposta e me levantei do colo do moreno que já estava meio animado e resmungou um pouco, mas eu nem ouvia o que ele falava. Peguei minha bolsa, guardei o celular dentro e disse:
  - Rick, para aí nesse ponto de táxi. – pedi. Ele parou e em menos de cinco minutos eu já estava dentro de um táxi a caminho do trailer de .

  - Tudo bem, me explica denovo, por que você fugiu de casa? – perguntei para .
  - Bom, eu estava saindo do meu quarto de manhã pra ir pra escola, quando ouvi Benny, meu padrasto, tentando persuadir minha mãe a me internar num manicômio. – ela respondeu entediada.
  - E por que ele faria isso? – perguntei sem entender.
  - Por que ele acha que sou infantil demais pra minha idade, devo ter algum problema ou algo assim. – disse. Troquei um olhar com .
  - Liga a televisão . – pedi.
  Ele ligou e colocou em um jornaleco da madrugada.
  -... Até agora nenhuma pista da garota, os policiais estão interrogando todos os familiares e amigos da jovem em busca de algo suspeito. A polícia acha difícil que não haja tentativa de contato com o pai da jovem, o deputado Ohga Tanaka Zhang Yun, por parte dos sequestradores... - pegou o controle da mão de e desligou.
  - Não aguento mais ver isso. O viu a tarde toda e a noite toda também. Por que nós não pedimos uma pizza? O ta com fome. – resmungou a garota.
  - Peraí. – disse nervoso. – você ouviu isso? – me perguntou.
  - O quê? – tentei pensar em algo tão importante que tenha sido dito na reportagem, mas não lembrei.
  - Eles vão entrevistar os amigos . Quem você acha que serão os primeiros apontados pela mãe dela a serem interrogados? – perguntou bagunçando os cabelos e andando de um lado pro outro.
  - Nós. – sussurrei. – Tudo bem, temos que achar um lugar pra ela ficar então. – concluí.
  - Sim, mas... – ele me olhou com um brilho no olhar que entendi no mesmo minuto.
  - Vamos. Nós ligamos no caminho. – disse me levantando e arrastando pela mão.

  POV

  - Na minha casa? – perguntei descrente ao ouvir a ideia absurda de e . – Isso é ridículo. Eu não posso esconder alguém que foi supostamente sequestrada.
  - Você não entende ? Você é acima de qualquer suspeita. – me disse insistente.
  - Gente, desculpa, mas eu não posso fazer isso. – afirmei.
  - Tudo bem, não tem problemas. Eu posso ficar na rua, no frio, passando fome, e talvez eu encontre algum cara mau que me sequestre de verdade... – falava com um rosto desolado e os olhos rasos d’água.
  - Aii! Ta bom, ta bom. Pode ficar aqui. Mas se a polícia aparecer aqui... - antes de terminar a frase alguém bateu à porta. Esbugalhei os olhos em desespero – Oh não!
  - Fedeu – disse fazendo uma careta estranha.
   olhou pra a procura do que fazer e a mesma sussurrou baixinho. – Se esconde no quarto. Anda!
   correu pro quarto e eu respirei fundo antes de ir abrir a porta tremendo de medo. Adeus carreira de advogada bem sucedida. Abri a porta preparada para o pior, mas era apenas Wiki furioso.
  - Tudo bem , diz logo qual é o assunto de vida ou morte. – disse andando em direção à . Todos nós suspiramos aliviados. foi até porta do quarto e bateu. – Pode sair.
  Uma sorridente saiu correndo indo abraçar Wiki.
  - Hey. – disse enquanto o abraçava. – Estava com saudade Wiki. – O garoto ficou dividido entre olha- la com raiva pelo apelido e em espanto por vê-la ali.
  - O que... O que você está fazendo aqui? – perguntou.
  - Ela fugiu de casa. – expliquei – E ainda bem que você chegou, assim vai poder me ajudar a colocar na cabeça desse POVo que mantê-la aqui escondida é...
  - Um absurdo. – ele completou. – Sua mãe deve..
  - Estar morrendo de preocupação e blá blá blá. – disse entediado. – Pode poupar o discurso Wiki. A já nos apresentou uma palestra sobre o assunto.
  Wiki me olhou em cumplicidade.
  - Olha Wiki. – foi até o garoto- Todos sabemos que não é o certo a se fazer, mas a mãe da quer interna- la num manicômio. Não vamos escondê-la pra sempre, só precisamos arranjar uma solução para isso.
  - Tudo bem. – ele concordou impotente. Ah é, tinha me esquecido que se o mandasse pular da ponte, ele pularia mesmo sem saber nadar.
  - Bom. Já que todos estamos juntos novamente, vamos comemorar! – gritou , tendo a boca tapada logo em seguida por mim. – Epa! Desculpa. – sussurrou.
  - Senti falta dessa garota. – disse aprovando a ideia absurda de fazer festa ás três da manhã.
  - Olha... – comecei.
  - Que tal uma sessão de filmes? Posso fazer pipoca. – sugeriu, me interrompendo.
  - Música. – disse em direção ao som.
  - Bebidas. – disse indo até a cozinha, pra fuçar minha geladeira a procura de qualquer coisa que tenha álcool.
  - Eu realmente não sou a favor do movimento. Mas prefiro ficar aqui assistindo filme do que ouvir minha mãe me interrogar pela saída no meio da madrugada. – Wiki disse e foi em direção à estante procurando por um filme legal.
  - Vou fazer a pipoca. – disse indo em direção à cozinha, mas a puxei pelo braço.
  - Deixa que eu faço. – falei. – Tenho amor a minha cozinha. – murmurei inaudível pra que ela não ouvisse.
  - Eba! – comemorou, indo se sentar ao lado de Wiki. – Ah! E faça também brigadeiro. O adora doce. –    disse um pouco alto para que eu ouvisse, já que há essa hora já ligara o som no último volume. Da cozinha pude perceber Wiki olhando para em questionamento, e ela provavelmente o apresentando à .
   me abraçou por trás me fazendo levar um susto e me ofereceu um pouco da vodca que encontrou. Balancei a cabeça em sinal de negativa e ele chegou perto do meu ouvido.
  - Pena. Seria realmente divertido ver você perdendo o controle. – sussurrou tentando parecer sexy. O que seria, se eu não o conhecesse o suficiente pra saber o tipo de cara que ele é. Apenas o olhei com cara de “Aham, pode parar com a ladainha”. E ele se afastou rindo em direção à que aceitou de bom grado a bebida.
  Esses meus amigos são malucos. Sorri com meus pensamentos. Mas eu sentia falta de tê-los todos reunidos ao meu redor.

Capítulo 3 – Rumos...

  Como se eu já não tivesse motivos suficientes para não ir com a cara da policia, esse cara barrigudo além de interromper uma bela manhã nos braços de uma gata fabulosa, em vez de fazer o trabalho dele de uma vez, fica reparando em cada canto do meu trailer com este ar de superioridade e cara de desprezo, como se ser pago pra correr atrás de vagabundo fosse grande coisa, não que essa pança cheia de rosquinhas deva conseguir correr muito mas...

  - Então, você não teve nenhum contato com Dreskivt Zhang Yun desde que ela se mudou? - O policial que me interrogava sobre o paradeiro da perguntou pela milionésima vez.
  - Não, desde que a mãe dela foi embora e a levou, não tenho nenhuma noticia, como eu já lhe disse. - respondi entediado.
  - Sei... E você disse que estava onde mesmo quando ocorreu o sequestro? - me perguntou provavelmente me julgando com cara de delinquente.
  - Bem... Na verdade eu estava.... - me aproximei para falar mais baixo confidenciando. - Eu estava meio que ocupado com uma amiga minha sabe? - Deixei subentendido, recebendo uma levantada de sobrancelha em compreensão.
  - A jovem em seus..... - vi o homem enrolar-se constrangido a minha frente antes de terminar a pergunta- Em seus lençóis? - ruborizou demorando tempo de mais ao analisar a moça adormecida em minha cama.... Safado.
  Puxei ele de canto, como se quisesse dizer algo que ninguém pudesse ouvir.
  - Na verdade não. E gostaria que isso ficasse somente entre nós, o senhor entente como é? - Menti apontando com olhar para minha cama, como se por acaso fidelidade fosse algo que existisse na minha vida, ou monogamia ao menos...
  - Claro, entendo.... Também já fui jovem - Comentou o policial, como se pudesse se comparar a mim, em qualquer época, coitado. - Mas irei precisar do nome dessa amiga para averiguação. - Complementou o gorducho.
  - Passei a noite toda com a ... Herving... E que noite! - Me gabei de um sonho não realizado... Quem sabe um dia, se bem que depois desta, estarei feliz se sobreviver à fúria dela ao ter que me encobrir nessa.

  POV

  - Srta. Greenywood? – ouvi uma voz séria perguntar. Droga! Não esperava que viessem tão rápido. Mas avisara que eles já tinham passado pelo trailer. Fiz a minha melhor cara de paisagem e me virei.
  - Sim, sou eu. – respondi parecendo meio solicita, meio preocupada. – Posso ajudá-lo?
  - Espero que sim. Sou o oficial Jhon Stander. – se apresentou e me estendeu a mão. O cumprimentei formalmente. – Será que podemos tomar um café? – perguntou.
  - Claro. Vamos. – o guiei até a cafeteria da Universidade, que há esta hora estava vazia. Pedimos café.
  - Creio que o seu amigo, Stuart, já a tenha avisado sobre nossa visita. – o oficial começou, deixando a pergunta implícita no ar.
  - Bom, oficial Stander, eu perdi o contato com alguns amigos nos últimos meses. – disse a verdade, pois desde que foi embora, desde o dia que saí de casa, a faculdade e o trabalho tomavam todo o meu tempo. Raramente saía com os amigos e só via frequentemente, pois a mesma morava no apartamento de frente ao meu.
  - Oh, sim. Desculpe. É que fomos informados pelos pais de uma de suas amigas, Dreskivt Zhang Yun, que vocês eram os melhores amigos da garota na cidade. – Sorriu pra mim. – Como os inseparáveis. – terminou sarcástico.
  - Sim, realmente. Mas quando teve que ir embora para morar do outro lado do Estado, ficou meio difícil continuarmos sendo “os inseparáveis” – disse secamente, frisando as últimas palavras.
  Ele tossiu envergonhado pela brincadeira, a garçonete voltou com os cafés. Tomei o meu tranquilamente, agora eu não era mais a amiga , e sim a advogada .
  - Bem, como deve saber, foi sequestrada, estamos interrogando todas as pessoas próximas a garota. – assumiu o mesmo tom sério inicial.
  - Sim, eu vi nos jornais. Realmente é lamentável, era como a menininha do grupo. A protegida, acolhida. Faz seis meses que não nos vemos, mas ainda assim, lamento pelo ocorrido, mas não há nada que eu possa fazer pelo senhor, oficial. – disse seriamente.
  - Só quero fazer algumas perguntas de praxe. – adquiriu um tom mais respeitoso, por lidar com alguém que lidava com ele no mesmo nível.
  - Claro. – respondi e esperei. Ele pegou um bloquinho de anotações. Isso seria muito fácil.
  - Primeiro: Você realmente conhece a garota, certo? – perguntou.
  - Sim, como já disse.
  - Qual foi a última vez que você a viu? – perguntou.
  - Olha – me inclinei na mesa – Que tal fazermos assim, você finge que fez todas essas perguntas e que eu respondi todas, e eu não conto nada a ninguém?
  - Bem... – ele começou, mas o interrompi.
  - Nós dois sabemos que essas perguntas não nos levarão a lugar algum, certo? Não há nada que eu possa dizer que vá ajuda- lo. Então poupemos nosso tempo. – sugeri sorrindo. Ele me olhou em dúvida por um segundo.
  - Certo. – aceitou. Novato. – Mas você tem que me prometer que isso não sairá daqui. <
  - Eu prometo. - disse sorrindo. – Tenho que ir agora, se não se importa.
  - Não. Eu tenho que entrevistar Frankfurt, conhece? – me perguntou.
  - Sim, faz um tempo que não o vejo também. Ele estuda no outro prédio. – informei e saí dali. Foi mais rápido e fácil do que imaginei.

  POV

  Passei facilmente pelo oficial que me entrevistaria na faculdade, havia me avisado que ele não era difícil de lidar. Um novato, obviamente. Não sei o que acontece com a polícia, mandam um cara como esse pra fazer o trabalho, a poderia ter sido sequestrada de verdade, e é assim que ele faz o trabalho dele? Cheguei em casa e ignorei o falatório da minha mãe indo pro meu quarto e se fechando nele. Joguei minha bolsa em um canto e me sentei na cama pensando sobre como ajudar . Obviamente ela teria que aparecer novamente, falar com a mãe está fora de cogitação, mas talvez o senhor Tanaka...
  Se ela conversar com o pai sobre o assunto, talvez ele resolva isso. É influente e com certeza não acha que a filha tem algum problema mental. É ridículo isso, que a é infantil, tudo bem, não é novidade. Mas isso tudo é culpa deles mesmos que a criaram em uma bolha. Bufei irritado. Não poderíamos levar ela até a casa do senhor Tanaka, alguém poderia reconhecê-la. A melhor forma seria ligando, mas todos os seus telefones devem estar grampeados. Com o que poderíamos ligar? Um rádio de antena universal embutido? Com certeza com esse não conseguiriam nos localizar. Mas demoraria no mínimo uma semana pra fazer. Ouvi o toque de “Rock n’ roll train”, o toque do meu celular, que precisava mudar a propósito, o coloquei por que é a definição de . Caminhei até minha bolsa e peguei o celular que já havia parado de tocar, uma mensagem da .
  “Encontro mais tarde na casa da : às 7 e meia. Não se atrase. Beijos.”
  Não se atrase? E quando é que eu me atraso? Já ia jogando o celular dentro da bolsa novamente, mas parei por um instante. Um rádio demoraria muito pra fazer, mas um celular já feito... Só preciso embutir o chip pra que não possa ser localizado. É isso! Caramba! É só isso! Saí do meu quarto e fui direto para o porão, onde ficavam minhas ferramentas. Eu trabalharia a tarde toda, se preciso. Mas em duas horas, teríamos nossa solução.

  POV

  Voltei da casa do moreno da noite retrasada correndo pra casa, atrasada pra o ensaio da banda, eu dormi tarde demais noite passada, sabe? Ainda bem que tomei banho em sua casa. Agora precisava pegar minha guitarra e as baquetas de Tom estavam na minha mochila. Entrei em casa ofegante e paralisei ao dar de cara com um oficial sentado no sofá bebendo café e conversando com meu pai.Opa!
  - ? Que bom que chegou, filha. O oficial Arnold veio conversar com você.
  - Droga! – murmurei pra mim mesma. – Olá! – acenei. – Será que podemos ser rápidos? Estou um pouco atrasada no momento. – disse apressadamente.
  - ! – meu pai me repreendeu.
  - Ah... Tentarei ser o mais breve possível. – o oficial com cara de buldogue disse.
  - Claro. Espera só um momentinho. – pedi e corri pro meu quarto em busca da bolsa e da guitarra. – Pronto. – anunciei de volta a sala.
  - Por que não se senta ? – meu pai disse com cara de poucos amigos.
  Me sentei de mau grado ao lado do buldogue.
  - Bom... Você conhece há muito tempo? – que pergunta idiota.
  - Sim. Há dez anos exatamente. – respondi.
  - Um bom tempo. De alguns dias pra cá, tem estado estranha? Comentou algo sobre um possível namorado, quem sabe? – quase ri na cara dele com essa.
  - Não, na verdade não. – disse, me segurando pra não cair na gargalhada. Meu pai percebeu e não gostou nada disso.
  - E sobre estar sendo perseguida? Ela tem tido a sensação de ser vigiada? – perguntou.
  - Não. Olha... Não tem como eu saber muito dessas coisas. Faz um tempo que não vejo a . – disse querendo encerrar a corrente de perguntas. - Então...
  Meu pai pigarreou descontente. Que saco!
  - Na verdade, há mais uma pergunta. Você não recebeu nem um tipo de ligação estranha por esses dias? Uma tentativa de contato por parte de alguém? Como... Uma ligação falha? Barulhos do outro lado? – insistiu.
  - Não. – bufei irritada. – Muitas pessoas me ligam e na maioria das vezes eu não atendo. – confessei. – Agora, posso...? – levantei e já me dirigia à porta.
  - Espere! Stuart disse estar com você quando soube da notícia do desaparecimento da garota. Você confirma?
  - Sim, nós... Bem, nós... – eu tinha que me lembrar de matar o quando o encontrasse. Por que eu concordei com essa história mesmo? – Estávamos meio que... Nos pegando? – terminou mais como uma pergunta.
  - Ah... Claro, ele me disse. – o buldogue disse com um sorriso cínico no rosto.
  - Você e o ? – meu pai perguntou entre espantado e desconfiado.
  - Bêbada. – expliquei. – Bom, tenho mesmo que ir, to atrasada pra o ensaio da banda. – expliquei pro buldogue. – E pai! De lá eu vou pra faculdade, ok? – informei. Sim, a minha profissão AINDA não me dá tanto dinheiro, o que me obriga a cursar moda como uma possibilidade para o futuro. – Foi muito bom conhece- lo. – me despedi já abrindo a porta e saindo. Vi entrando no nosso longo corredor e caminhando despreocupada em minha direção. Bem, não exatamente na minha direção, mas na direção do apartamento da que ficava em frente ao meu. Vi a maçaneta se mexendo. Putz! Se o buldogue vê-la, ferrou. Entrei novamente no apartamento o fazendo retroceder e fechei a porta me encostando nela.
  - Bem, tem algo que eu preciso dizer. – disse enrolando.
  - O quê? – perguntou cético.
  - Na verdade... É sobre ligações estranhas. Eu tive uma por esses dias. – sussurrei como se não quisesse que alguém ouvisse.
  - E como era? – perguntou preocupado e abaixando a voz involuntariamente.
  - Era muita estranha, na verdade. – disse sem saber o que dizer. – Era uma voz masculina, e eu ouvi alguns barulhos e sussurros ao fundo. – inventei.
  - Você tem ideia do que possa ser? – perguntou.
  Meu pai me olhava com uma cara estranha. Ele sabia que eu estava mentindo.
  - Não faço ideia. Eu nunca ligaria ao sequestro de . Na verdade, eu pensei que poderia ser Et’s, e talvez seja. – refleti. – Mas foi muita inteligência de sua parte ligar isso a sequestro. Realmente pode haver uma ligação. – o elogiei falsamente.
  - Muito obrigado. Pra falar a verdade, eu só fiz meu trabalho. Um oficial deve pensar em todas as possibilidades. – disse com falsa modéstia.
  Cara, o que essa menina ta fazendo no corredor ainda? Ouvi o barulho da porta da frente bater. Ufa!
  - Bem, já que estamos resolvidos... – Abri a porta novamente olhando para o corredor vazio. – Pode ir. – O empurrei e fechei a porta, me encostando nela novamente, fechando os olhos e respirando fundo, aliviada por alguns minutos. Ouvi um pigarro próximo a mim e abri os olhos vendo meu pai me olhar com uma expressão interrogativa.
  - Atrasada. – disse apenas e abri a porta saindo correndo pelo corredor. O ouvi gritando meu nome, mas continuei correndo até virar no próximo corredor. A porta foi batida com força, teria que inventar uma boa desculpa pra mais tarde. Voltei novamente e entrei silenciosamente no apartamento de , deixei a bolsa e a guitarra ao lado da porta.
  Encontrei sentada no chão se lambuzando com um bolo de chocolate e falando sozinha, ou com como ela diria. Estava linda sorrindo, os olhos brilhando de felicidade.
  - ! – chamei baixinho e fiz sinal pra que ela não fizesse escândalo quando me viu.
  - ! – sussurrou e veio me abraçar. – Que roupa é essa?
  Droga! Esqueci de me trocar, tinha pegado uma roupa emprestada na casa do moreno gato, Jamie seu nome, lembrei!
  - Emprestada de um amigo. – disse pesarosa.
  - Quer bolo de chocolate? – perguntou animada. – Eu e o fomos comprar... – ela parou quando viu minha feição.
  - É sobre isso que vim conversar . Por que você saiu daqui? Você sabe que pode ser reconhecida. – perguntei.
  - Eu sei, mas é que o Enzo estava com vontade de comer bolo de chocolate. Ele adora doce, você sabe.
  - , isso não faz nenhum sentido. Tinha um policial na minha casa agora mesmo, quase que ele te viu. – repreendi, não me deixando abalar por seu rostinho de mocinha inocente.
  - Mas foi o que...
  - Pára com isso ! – falei um pouco alto a assustando. – Desculpa! Não quero brigar com você. Só que você tem que parar de colocar a culpa no, você não pode jogar suas responsabilidades pra cima dos outros. Tudo isso está acontecendo por que sua mãe está preocupada justamente com essas atitudes suas. – respirei fundo. A verdade dói, mas sempre fingimos que estava tudo bem e olha onde estamos agora. – Nós estamos tentando te ajudar, mas você também tem que fazer isso. Você tem 17 anos, está na hora de começar a agir como uma adolescente e parar de agir como criança, por que em algum momento ninguém mais poderá ajuda- la. – terminei pesarosa.
  Ela me olhou com os olhos cheios d’agua.
  - Você tem razão. Eu vou tentar, prometo. – disse. A abracei sorrindo pelos progressos, ela me abraçou forte chorando. Ficamos algum tempo assim, acariciei seu cabelo até acalma- la.
  - Tenho que ir agora. Mais tarde eu volto aqui. – falei com um meio sorriso.
  - Ensaio da banda? – perguntou com a voz embargada.
  - Sim. Vou fazer uma música pra você. – sussurrei em seu ouvido para que ela se sentisse melhor.
  - Mesmo? – perguntou.
  - Mesmo. – prometi.
  Ela sorriu e me abraçou novamente.
  - Te amo camaleão.
  Ri com o apelido que me dera quando pintei o cabelo pela primeira vez há seis anos atrás e me separei caminhando até a porta e pegando minhas coisas.
  - Também te amo. – disse jogando um beijo no ar e fui embora.

  POV

  - , é o seguinte, esse celular tem um chip que foi embutido, assim é quase impossível de ser rastreado, por precaução, você não pode ultrapassar quinze minutos de ligação, ok? – Wiki me explicou calmamente. Eu estava muito apreensiva, e o olhar de todos em mim me deixava cada vez mais tensa, mas não tenho certeza se eu preferiria fazer isso sozinha.
  - Tudo bem, eu só preciso explicar pra ele a situação. – acalmei Wiki que parecia tão nervoso quanto eu. Talvez ele tivesse medo que o aparelho não desse certo e descobrissem onde eu estava. O que eu achava mesmo impossível, ele é um gênio, não é à toa o apelido, Wiki de Wikipédia, ele parece uma enciclopédia ambulante.
  Peguei o celular e disquei o número do celular do meu pai, não queria correr o risco de ele não estar em casa ou algo assim.
  - Alô? – ouvi a voz da minha mãe do outro lado. Paralisei incapaz de desligar rapidamente ou fazer qualquer outra coisa. Segundo Wiki tinha quinze minutos, e não me preocupava com eles no momento. – Alô? , é você? Filha, é você, fala comigo. – a voz dela estava diferente, nunca a ouvira daquela forma, parecia cansada, como se tivesse voltado de festa em que passou a noite em claro, mas ao mesmo tempo cheia de vitalidade em seu desespero. – Quem é? Olha, se você é quem sequestrou minha filha, por favor não faça nenhum mal a ela, é só uma criança, está me ouvindo? ELA É SÓ UMA CRIANÇA, SEU CANALHA! – agora parecia brava, como quando ela dava os discursos enormes dela tentando convencer alguém de seu ponto de vista. – Desculpa, por favor,eu não quis gritar. Olha, eu quero que saiba.... – uma pausa e um soluço engasgado – que nós faremos tudo o que for preciso, nós... – ela não conseguiu terminar, ouvi seus fortes soluços e a voz do meu pai de fundo se aproximando rapidamente do telefone. Desliguei imediatamente.
  - O que aconteceu? – perguntou.
  - Minha mãe atendeu. O que ela está fazendo com o celular do meu pai?– deixei que minha dúvida saísse em voz alta.
  - É provável que eles tenham preferido ficar juntos caso acontecesse algo, como uma tentativa de contato por parte dos sequestradores. – Wiki disse.
  - Pode ser. – disse incerta, não conseguia parar de pensar no desespero crescente na voz da minha mãe.
  - Não se preocupe . Podemos esperar até mais tarde, daí você liga denovo. – disse vendo meu rosto apreensivo. Ela só não sabia que minha apreensão era por outro motivo.
  - Claro. – forcei um meio sorriso.
  Eles se engajaram em uma conversa sobre algo que eu não fazia a menos ideia e eu aproveitei a deixa pra ficar um tempo sozinha. Caminhei até a varanda e me debrucei sobre o parapeito da cerca. Olhei as estrelas no céu, elas pareciam distantes umas das outras, separadas, pareciam solitárias no azul do céu imenso, como eu. A voz da minha mãe, o desespero não me saía da cabeça. Será que era certo eu deixá-los tão preocupados? Fazê-los pensar que eu fui sequestrada, que eu poderia estar mal agora, que eu poderia estar...morta. Com certeza eles já haviam pensado na possibilidade, ainda mais sem nenhuma tentativa de contato por parte dos sequestradores. E ainda mais agora, com essa ligação muda. E tem meus amigos também. Eu estou os fazendo mentir pra polícia, me esconder, se preocuparem com meu bem estar, a já estava arranjando problemas com o pai. Apesar de não ter comentado, eu ouvi o pai dela gritando por ela mais cedo, e ele parecia zangado, como eu nunca vira o tio Rich. Ela e o estavam faltando na faculdade. A tinha razão, eu precisava crescer, isso tudo era culpa minha, dessa minha infantilidade absurda. Eu precisava fazer algo, precisava consertar as coisas, eu não contaria tudo pro papai. Diria apenas que eu fugi, mas que já estou voltando, e voltaria realmente. Eu não me importava mais tanto em ser internada num hospício, me parecia melhor do que a dor que estava impingindo a quem amo. Senti uma lágrima escorrer pela minha face.

   POV

  Parei de prestar atenção na conversa por um tempo e reparei em sozinha na varanda. Parecia tão triste. Levantei do sofá e fui em sua direção deixando o falatório pra trás.
  - . – chamei me aproximando. Ela pareceu se sobressaltar por um segundo e passou a mão no rosto.
  - Wiki. – falou com a voz falha – e pigarreou em seguida – O que foi? – disse com a voz mais estável.
  Caminhei até onde ela estava e me escorei na cerca me virando pro seu lado para observá-la.
  - Vi você tão tristinha aqui, calada. – expliquei – É por causa do seu pai? Não se preocupe, você pode ligar mais tarde, vai conseguir falar com ele. – tentei acalmá-la. - E tenho certeza que o celular não vai falhar, eles não vão te encontrar. – acrescentei pensando que talvez ela estivesse com medo de ser encontrada.
  - Não é por isso que estou assim. – ela respondeu me deixando confuso. Era o quê então?
  - O que é então? – Perguntei franzindo as sobrancelhas.
  - Toda essa situação que eu criei. Eu fico pensando será que vale a pena? É tão inconsequente... Meus pais estão sofrendo por minha culpa. Eu acho que é melhor eu apenas voltar pra casa e parar de preocupá-los. – disse com uma responsabilidade e maturidade que nunca vira em . Parecia que da noite pro dia ela tinha deixado de ser aquela criança que só queria brincar e acreditava em amigos imaginários, em ET’s e em Papai Noel. Sorri em conforto.
  - Se você fizer isso, sua mãe vai te colocar numa clínica, agora mais do que tudo, por você ter fugido de casa e causado toda essa situação. Acredite em mim – disse e coloquei minha mão sobre a sua – Essa não é a solução.
  Ela olhou por um segundo para nossas mãos e depois me olhou nos olhos.
  - Não quero fazer as pessoas que amo sofrer. – confessou.
  Vendo- a assim tão frágil, parecia que algo crescia dentro de mim. Nunca consegui parar pra realmente olhar , mas agora podia ver o quanto ela era linda. Tinha traços delicados de menina, mas os olhos expressivos mostravam muito mais do que uma criança assustada.
  - E você não vai. – respondi. – Nós vamos resolver isso. – sorri e apertei sua mão em sinal de companheirismo, recebendo um lindo sorriso em troca.

Capítulo 4 – Consequências...

  POV

  Observei todos com cara de puro tédio olhando um pra cara do outro esperando até o momento certo pra ligar novamente para o pai da .
  - Cara, que tédio! – expressei meus pensamentos em palavras. - Nem pra ter uma ruiva gostosa aqui – falei em voz alta vendo a careta de e Wiki que tinha encostada em si quase dormindo – Ou melhor, nem pra você acabar com meu tédio. – sussurrei no ouvido da , que riu escandalosamente e se virou pra mim chegando cada vez mais perto mordendo os lábios. Eu jurava que ela ia me beijar, quando ela apenas estava com seus lábios quase se juntando aos meus e disse:
  - Mas é muito cara de pau mesmo. – e se levantou rindo novamente e me fazendo sorrir sem graça. Ah! Vai que um dia dá certo? é muito linda.
  - Tudo bem, como eu sou muito bonzinho, vou dar uma animada no ambiente. – anunciei me levantando.
  - Nada de música. – Wiki disse sério apontando pra que estava dormindo em seu colo.
  - Nem bebidas. – completou.
  - Eu não disse que ia dar uma festa, e sim que ia animar o ambiente. – sorri para os meus dois amigos caretas.
  - O que vai fazer então? – perguntou ainda mais entediada depois da proibição de Wiki e .
  - Espere e verá. – respondi antes de sair do apartamento.
  Esse povo só precisava... Relaxar um pouco.

  Segurei a bandeja de bolo acima da minha cabeça pra que não pegasse e ela insistia pulando pra pegar.
  - Ah me dá um! – pediu.
  - Não. Olha... Eu trouxe um mais gostoso pra você, o seu é especial – expliquei e coloquei a bandeja sobre a mesinha pegando na sacola um pote de sorvete e uma torta holandesa e a entregando a .
  - Eba! – disse indo pegar uma colher pra comer.
  - Ufa! – respirei fundo por conseguir desviar sua atenção e percebi que o pessoal já se servia do bolo com vontade, principalmente Wiki.
  - Não vai comer não ? – ofereceu.
  - Claro! – disse animado e peguei um pedaço de bolo dando uma mordida suculenta.

  POV

  Sentia como se as coisas estivessem acontecendo tão rapidamente, como se fosse um filme passando em velocidade máxima, tudo muito confuso, não conseguia entender a situações. Wiki parecia estar em outra dimensão olhando abismado para algum lugar atrás de mim, me virei assustada, mas não havia nada. Olhei pra ele novamente e desviei o olhar para que comia seu sorvete, insistindo de vem em quando em comer o bolo, mas sem receber a autorização de . Minha cabeça parecia rodar. Procurei em volta, nem sinal da . Me virei e a vi entrando em meu quarto... Meu quarto. Putz! Meu quarto! Me levantei correndo, ela não pode entrar lá. Corri e abri a porta num rompante, vendo com minha girafa de pelúcia na mão. Droga! Tarde demais!

  POV

  Levei um susto com o barulho da porta se abrindo num rompante, mas era apenas . Sorri e me sentei em sua cama a chamando pra sentar também. Queria relaxar um pouco, as coisas estavam meio malucas lá na sala.
  - Eu não sabia que você ainda tinha guardado... – comentei.
  - É...pra falar a verdade, eu também não. Minha mãe deve ter guardado todos esses anos, eu encontrei quando estava arrumando as coisas pra mudar pra cá. – falou um pouco rápido, como se estivesse nervosa. Pensei um pouco sobre as circunstâncias que a fizeram se mudar tão de repente, e me dei conta que não sabia o motivo.
  - Por falar nisso...Eu nunca entendi por que você saiu da casa dos seus pais tão repentinamente. – disse com uma pergunta implícita no ar.
  - Problemas familiares. – disse sendo rude, mas percebi uma tristeza tomar seu olhar.
  Mordi a língua pela bola fora e tentei animá-la.
  - Você lembra quando eu te dei? Eu e o Wiki fomos no parque e eu ganhei essa girafa no tiro ao alvo. Você não pôde ir por que...
  - Meus pais não deixaram. – ela completou. – Daí quando vocês chegaram felizes e rindo, eu fiquei com aquela cara triste por ter ficado trancada em casa o dia inteiro e você me...
  - Te dei ele de presente. – completamos juntas e rimos pela coincidência. – Tempos que não voltam mais... – disse nostálgica.
  - Ah! E quando pagamos aquele mico na frente de toda escola? – perguntei me lembrando de quando tínhamos quinze anos.
  - Qual? – perguntou.
  - O Wiki participava do jornal da escola e nós precisávamos fazer algo pra apresentar no festival, lembra? – insisti.
  - Ah! Lembrei! Foi a época que ele estava fissurado pela cultura japonesa e dizia que era Otaku. – disse sorrindo.
  - Aí nos fez vestir “parecidas”, segundo ele, duas personagens de um anime que ele gostava e simular uma cena de luta do anime. – Começamos a rir. – Foi o maior mico, toda escola viu e riu da nossa cara. – continuei rindo e depois parei. – Mas também teve coisas boas, eu conheci o Steve...
  - Há! Você quer dizer quando ele te seduziu e colocou na sua cabeça essa ideia de banda e você nunca mais teve tempo pra mim? – disse com um evidente ressentimento na voz.
  Tentei me lembrar do por que me afastei na época, mas só conseguia visualizar que eu estava o tempo todo com Steve, Jeremy, Tom e Rick. Eu havia abandonado meus amigos e nem percebi. Eu sempre achei que estava tudo bem, estava correndo atrás do meu sonho e agora minha banda já não era uma banda de garagem. Mas eu feri alguém no caminho...

  POV

  Senti uma coisa estranha, como se tivesse alguém me observando. Olhei para o lado, estava rindo enquanto comia suas guloseimas e tentava de vez em quando pegar o bolo da mão de . Me mexi incomodado e passei os olhos pela sala, vendo me olhar desconfiada, atrás dela percebi um garoto que nunca vira antes. Ele estava encostado na parede olhando a todos com um ar superior e comendo um pedaço da torta de . Fiquei o olhando assombrado, ninguém mais parecia vê-lo. Ele olhou em minha direção e percebeu meu olhar descrente, acenou com a mão como se quisesse ter certeza que eu o via. Fui me arrastando pra trás no sofá quando o percebi vindo em minha direção. Mais rápido do que achei possível ele estava á minha frente; com o susto me inclinei pra trás e acabei caindo no chão. Depois de um momento de tontura e confusão, olhei para o lado e percebi a sala vazia. Pra onde fora todo mundo? Virei para o lado e o cara estranho me olhava raivoso. Era só o que me faltava ter um fantasma com raiva de mim.
  - Quem é você? – ouvi alguém perguntar. Oh! Não, eu perguntei.
  - Eu sou . – se apresentou. – Não posso dizer que é um prazer te conhecer.
  Impressão minha ou ele não gosta de mim?
  - Você é o amigo imaginário da ? – perguntei descrente. Era só o que me faltava ver amigos imaginários de outras pessoas.
  - Amigo, sim, ainda infelizmente. Mas imaginário... Bem, só se você for muito criativo, mas não creio que seja tanto, assim, isso faz de mim alguém real.
  Não é impressão, ele não gosta de mim.
  - Cadê todo mundo? – perguntei olhando pra sala vazia.
  - Como assim, cadê todo mundo? Estão todos aí. – disse como se eu fosse algum maluco.
  Olhei novamente e não vi ninguém. Quando me virei novamente me olhava com uma raiva homicida. Engoli em seco.
  - Hã... Algum problema? – perguntei com a voz falha.
  - Bom, além de você dar em cima da garota que amo e ficar tentando afastá-la de mim? Não, acho que não. – respondeu irônico.
  - De quem...
  - Da sua linda mãe. – de novo, a ironia. – Óbvio que é a .
  - Mas eu não... Eu nunca... – não consegui terminar a frase. Será que eu nunca ficaria com a ? Ela era muito linda, divertida, e agora estava começando a agir como uma mulher. Talvez...
  - Nunca? Seu momento de hesitação e esses seus pensamentos verdadeiros, porém proibidos em relação à minha , comprovam o contrário. – disse como se fosse natural saber o que eu estava pensando.
  - Você lê mentes? – sim, é uma pergunta idiota. Mas não to conseguindo processar as perguntas que meu cérebro formula.
  - Não. É que ela tem uma voz muito alta, é quase impossível não escutá-la. – respondeu. – Idiota. – murmurou. – Não sei o que a vê em você. Só por que tem o cabelinho loiro e liso e os olhos claros? Eu poderia ser assim, se ela quisesse.
  - Do que você... Peraí! Você disse o que a vê em mim? Como assim? Ela...
  - Não ela não está apaixonada por você, sinto muito. – respondeu – Pensando bem, não sinto não. Ela apenas pensa “ele é muito bonito, mas será que eu seria capaz de ficar com um garoto? E mesmo que eu seja, quem disse que ele vai me querer? Ele sempre foi apaixonado pela . Quem consegue competir com a ?”. – citou com a voz idêntica a de .
  Começo a acreditar que esse cara é um ser mágico.
  - Então... A também pensa em mim? – perguntei sorrindo. Mas logo o desfiz quando ele veio pra cima de mim me olhando com os olhos negros de fúria.
  - Olha aqui. A é apenas uma menina, então eu vou te dar um único aviso: Qualquer tristeza, por menor que seja, que você a faça sentir, eu acabo com a tua raça. – enquanto ele falava fechei os olhos em desespero e quando os abri estavam todos na sala.
cansara de tentar enganar e ele respirava mais aliviado.
   estava quieta, parecendo pensativa sentada no sofá, e percebi que fazia algo na cozinha.
  Respirei fundo e balancei a cabeça confuso. Será que fora real?

  POV

  Todos se reuniram ao meu redor novamente enquanto eu discava o número do meu pai novamente. Exatamente à uma da manhã, respirei fundo nervosa, pensando no que falar quando ele atendesse. O que ouvi do outro lado realmente não era o que esperava.
  - Alô? – ouvi a voz sonolenta da minha mãe do outro lado. Minha mãe. De novo? Fiquei muda novamente e percebi que ela pareceu ficar em alerta do outro lado. – Ohga? Ohga? Acorda! – a ouvi chamar meu pai. – Alô? Quem ta falando? – perguntou. – Olha se for o sequestrador da minha... – desliguei não querendo ouvir a reprodução do que acontecera mais cedo. Fiquei em transe alguns segundos pensando o que minha mãe estaria fazendo com meu pai à uma da manhã! E eles estavam dormindo!
  - ? Hey...o que houve? Você está nos preocupando. – Wiki disse passando a mão em frente minha face e me fazendo reparar no olhar de expectativa de todos.
  - Ninguém atendeu. – menti. – Ele deve estar dormindo. – sussurrei.
  Simplesmente não queria ouvir todos me encherem com as mesmas dúvidas que assombravam minha cabeça.
  - Talvez seja melhor ligar amanhã então. – concluiu .
  Assenti com a cabeça e todos começaram a se dispersar pra ir embora. Ouvi vagamente as despedidas e acenei levemente com a cabeça todas as vezes que pensei ter sido chamada.
  Minha mente estava preocupada demais em procurar uma resposta lógica. Apesar da resposta mais lógica, não parecer fazer o menor sentido...

  POV

  Acordei com um barulho irritante, como uma martelada insistente. Me sentei, pensando na noite anterior por um instante. O bolo com haxixe, as reações alheias. Gargalhei escandalosamente, lembrando de como foi divertido ver o povo “descontraído”. Ouvi o barulho novamente e percebi que era alguém batendo na porta. Vesti uma bermuda e caminhei até a porta reparando na bagunça em volta. Quando abri a porta dei de cara com dois policiais. Oh!Não.
  - Hum... Em que posso ajuda- los? – perguntei educadamente. Já disse que policiais me deixam nervoso?
  - Recebemos uma denúncia anônima dizendo que a garota desaparecida, Dreskivt Zhang Yun, está em sua... Casa. – explicou um loiro reparando no trailer.
  - Bom... Deve haver um engano, não há ninguém aqui, como podem ver. – disse me afastando da porta pra que eles pudessem ver o trailer vazio.
  - De qualquer forma, temos um mandado de busca e apreensão, por isso, vamos dar uma olhada em volta, se não se importa – disse o outro, um velho barrigudo já entrando e sendo seguido pelo loiro. Me importo sim!
  - Claro que não, fiquem á vontade. – disse sorrindo ironicamente.
  Eles começaram a revirar mais ainda o que já não estava em suas melhores condições, não deixando passar um lugar, e então o valho barrigudo se virou pra mim com um sorriso de escárnio no rosto e com uma pulseira em mãos. Caminhei até ele e peguei a pulseira em mãos. Era uma pulseira da , em que estava escrito seu apelido, que provavelmente ela havia deixado cair quando estivera aqui.
  - Stuart, você está preso. – o velho barrigudo anunciou em quanto o loiro me prendia com as algemas. Merda!
  - Eu sei, eu sei, e eu tenho o direito de permanecer calado. Qualquer coisa que eu disser, poderá ser usado contra mim no tribunal. – completei o poupando de toda aquela baboseira desnecessária.
  - Ótimo! Assim poupa o meu trabalho. Vamos ter uma conversinha com o delegado...

Capítulo 5 – Será o fim?

  POV

  Com voz sonolenta e cansada atendi ao telefone ainda deitada na cama:
  - Alô?
  - Alô? ? – ouvi uma voz conhecida, mas meu raciocínio embotado pelo sono, tinha dificuldades pra processar de quem era. Eu fui dormir tão tarde e tão cansada que nem mesmo consegui acordar pra ir a faculdade.
  - Quem tá falando? - perguntei me sentando.
  - É o . Olha... Temos um problema. – ouvi a voz de séria do outro lado e despertei imediatamente, levantando da cama e indo até pra ver se ela estava bem, ainda dormia.
  - O que foi? – perguntei mais aliviada por estar bem.
  - Eu estou na cadeia. – disse.
  - Está na cadeia e... Peraí! Você disse cadeia? Como? Por quê? – disse sussurrando pra não acordar .
  - Eu fui acusado de sequestrar a . – explicou.
  - Mas eles não podem... Tem alguma prova contra você?
  - Bem... Uma denúncia anônima e encontraram uma pulseira de na minha casa. – respondeu parecendo calmo apesar da seriedade da situação.
  - Oh! Droga! Tudo bem, eu vou chamar o pessoal e to indo para a delegacia o mais rápido possível.
  - Tudo bem. Vê se não demora. Não gosto de policiais. – terminou, agora parecendo um pouco nervoso ao dizer a última frase.
  Desliguei e liguei pra e Wiki avisando a situação e dizendo pra virem aqui e depois fui tomar banho e me arrumar.

  Enquanto colocava o cachecol de lã, ouvi as batidas na porta. já estava acordada, mas não tinha contado nada a ela ainda, que assistia televisão e tomava seu café da manhã tranquila. Abri a porta e Wiki entrou num rompante, antes que fechasse, também já arrumada saiu de seu apartamento e veio para o meu.
  - E então o que vamos fazer a respeito de ? – perguntou.
  - O que tem ? – perguntou .
  - Você ainda não contou a ela. – Wiki mais afirmou do que perguntou.
  - Não, eu estava esperando vocês chegarem. – respondi.
  - O que aconteceu? – perguntou deixando o café de lado e desligando a televisão.
  - foi preso. – respondi calmamente para não assustá-la. – Um mal entendido, estão achando que ele sequestrou você, mas já iremos resolver isso, não precisa se preocupar. – disse rapidamente.
  - Mas... – tentou contestar.
  - Precisamos ir à delegacia. – afirmei.
  Wiki olhou estranhamente pra e depois se virou para nós.
  - Vão vocês. Eu vou ficar com a aqui. – resolveu.
  - Tudo bem, cuide bem dela. – alertei e peguei a mão de saindo do apartamento.
  - Claro. – o ouvi dizer, mas já estava no corredor e pensava em uma maneira de ajudar .

  POV

  Vi e saírem e corri para o quarto de me trancando lá dentro. Peguei uma roupa qualquer e fui tomar um banho. Eu estava decidida, precisava fazer algo, iria até a delegacia e contaria toda a verdade.
  - , eu não vou deixar você sair daqui. – afirmou Wiki quando me viu voltar à sala toda arrumada.
  - Desculpe, Wiki, mas não estou pedindo sua permissão.
  - Olha... Eu sabia que você ia ter a ideia absurda de ir até a delegacia. Por isso me ofereci pra ficar e cuidar de você, pra que não fizesse tamanha besteira. – explicou.
  - Você não entende Wiki... O está preso por minha culpa...
  - Eu entendo sim, . Entendo que se você se entregar, não poderemos fazer nada para ajuda- la, sua mãe vai interná-la em uma clínica e... – tentou me convencer.
  - Não me importa! Eu não me importo mais com isso agora. O não merece estar preso por minha culpa. Por causa da minha infantilidade! – minha voz aumentava enquanto tentava fazê-lo enxergar o certo. Eu já estava histérica e as lágrimas jorravam sem parar.
  - A vai tirá-lo de lá. Ela vai dar um jeito, vamos pelo menos esperar até que...
  - Não! Eu não posso esperar mais! – disse e caminhei em direção a porta, mas antes que a abrisse Wiki me puxou de volta, fazendo meu corpo se chocar contra o seu.
  - Se você for, eu nunca mais vou te ver. – disse com um sofrimento evidente na voz. Por favor, ... – pediu e tocou seus lábios nos meus por um instante. Aproveitei os segundos, esse poderia ser nosso primeiro e o último beijo.
  - Desculpe! – sussurrei e saí pela porta correndo. Eu estava decidida, ia acabar com todas as idiotices que fiz.

  POV

   andava de um lado para o outro tentando se acalmar, depois da ideia falha de pedir um habeas corpus, ela não imaginava o que fazer. Parecia que o histórico de não ajudava muito. Eu estava tão nervosa que mal conseguia pensar. Levantei rapidamente quando vi meu pai entrar na delegacia com um homem do lado, quando me viu, respirou aliviado e veio em minha direção. O abracei com toda a minha força e deixei que as lágrimas guardadas rolassem por minha face, com meu pai, eu sentia que tudo ficaria bem.
  - Shhh! Tudo bem, meu amor, eu estou aqui agora. – me acalmou.
  - Não está bravo comigo? – perguntei com o rosto escondido em sua jaqueta, como fazia quando era pequena.
  - Um pouco decepcionado, eu diria. Mas agora não é o momento, conversamos depois. – respondeu calmo. Levantei o rosto e encontrei seu olhar. Ele sorriu ternamente e passou a mão pela minha cabeça bagunçando meu cabelo. – Hey, , tudo bem? – a cumprimentou.
  - Oi, Rich. – acenou pra ele nervosa.
  - Richard? – ouvi o homem ao seu lado chamar.
  - Ah, desculpa. Meninas esse é Dr. Frederick, meu advogado, eu o trouxe pra ver como está a situação de . – o homem que parecia simpático sorriu e nos cumprimentou.
  - Vai ficar tudo bem, garotas. Não se preocupem. – disse e se virou chamando meu pai.
  - Já volto, vou ver como o está e trago notícias. – meu pai disse antes de seguir o advogado.
  Desabei na cadeira da sala de espera novamente enxugando as lágrimas. sentou ao meu lado, parecendo mais calma.
  - Dr. Frederick é um dos melhores advogados do Estado. Que bom que seu pai o trouxe. – comentou.
  - É. – sussurrei.
  - Admiro muito seu pai. Essa relação entre vocês, essa compreensão. Ele nem sequer surtou quando você disse que era bi. – falou num misto de admiração e surpresa.
  - Sim, eu realmente sou muito sortuda pelo pai que eu tenho. – disse sorrindo e olhei a porta onde ele tinha entrado.
  Ela me lançou um sorriso torto.
  - Por que você saiu da casa dos seus pais ? – perguntei sem poder me controlar.
  Ela respirou fundo e pensou por um instante, decidindo se dizia ou não.
  - Nós brigamos. - disse com sinceridade, e parecia ter terminado. Me olhou nos olhos e algo que ela viu, parece que a fez terminar. – Eu disse pra eles que sou homossexual.
  Isso me surpreendeu, confesso. De todas as coisas, jamais poderia imaginar que ela era homossexual. Ela sorriu sem graça.
  - Eles não reagiram muito bem, como você pode imaginar. Me disseram que eu era uma aberração e tudo mais. Naquele dia... Naquele dia eu decidi ir embora sem olhar pra trás. – contou e uma única lágrima escorreu por sua face. Enxuguei sua lágrima e a abracei.
  - Obrigado... – agradeci. – Por me contar.
  - Você é a única pessoa a quem poderia contar. – respondeu simplesmente.
  Me separei dela sorrindo carinhosamente e ela retribuiu, parecendo mais aliviada. Nesse instante eu tive vontade de beija-la... Como nunca tive por ninguém, mas me contive, ela acabou de me fazer uma confissão, o nosso amigo estava presa e tínhamos uma amiga fugitiva, essa não era a melhor hora.
  A porta se abriu e os pais de entraram aflitos.
  - Cadê nossa filha?

  POV

  Apesar de não ser a favor de se entregar a acompanhei, não poderia deixa-la sozinha em um momento tão difícil. Durante todo o caminho, em silêncio, pensava no nosso primeiro beijo. Apesar de querer me convencer que ele foi apenas uma tentativa de detê-la, na verdade, foi muito mais do que isso. Eu simplesmente não pude me deter, eu queria beijá-la, meus lábios pediam isso, meu corpo queria o seu toque e foi o que fiz. É claro que isso não é certo nessas circunstâncias, mas parece que depois de toda uma vida sendo racional, chegou o momento de deixar os sentimentos falarem mais alto.
  Entramos na delegacia e na sala de estar, nos deparamos com , , Rich e... Os pais de . Eles ficaram paralisados por um instante e então correram na direção de a abraça-la.
  As meninas nos encaravam espantadas também. Apenas dei de ombros, eu tentei.
  - Minha filha... Onde você esteve? Você... – a mãe tentou perguntar, mas a interrompeu.
  - Eu quero que chame o delegado aqui, eu preciso confessar algo.

  Depois de todos insistirmos muito, conseguimos acompanhar e seus pais à sala do delegado.
  - E então garota, está pronta pra fazer a queixa? – o delegado perguntou.
  - Não há queixa. Na verdade, eu não fui sequestrada, eu fugi.
  - Como? - A mãe perguntou.
  - Sim, mamãe. Eu ouvi sua conversa com Benny. Quando soube que me levaria pro hospício eu tive muito medo, então não fui pra escola, viajei o país e fui parar no trailer de – explicou e olhou pro delegado nesse instante – Depois pensamos em um lugar melhor pra ficar e me escondi na casa da . Não precisa ficar brava com nenhum deles, todos sabiam, mas apenas estavam me ajudando, por que eu pedi. Assim, é tudo culpa minha, e se alguém tem que ser preso aqui, esse alguém sou eu, nem que seja no manicômio. – terminou suspirando aliviada. Sorri, apesar da seriedade da situação, ver se tornando uma mulher... Era linda!
  - Oh, minha filha! – a mãe disse desolada - É verdade que Benny sugeriu isso, mas o que você não ouviu, é que eu não concordei. Quando o ouvi dizendo aquelas barbaridades eu o xinguei e o mandei embora. Eu jamais faria isso com você, meu amor. – disse abraçando a filha.
   retribuiu o abraço aos prantos.
  - E minha filha... – o pai disse – Sua mãe me contou isso tudo, enquanto achamos que você havia sido sequestrada, nos unimos para acha-la e... Bom, a união vai continuar. – terminou sem graça quando viu todos em volta.
  - Quer dizer... Que vão se casar novamente? – perguntou descrente.
  - Isso mesmo. – a mãe confirmou.
  Ela deu um grito de felicidade e abraçou os pais novamente.
  - Então... Deixe-me ver, nunca houve sequestro e toda essa procura foi uma perda de tempo? – o delegado perguntou zangado.
  - Receio que sim delegado. – o pai de disse imponente. – Pessoal, por que não esperam lá fora? Preciso ter uma conversa com o delegado aqui.
  Saímos pra fora aliviados por tudo estar resolvido. olhou pra em cumplicidade, tio Rich foi cumprimentar a mãe de pelo “casamento”. E eu me virei pra sorrindo.
  - Estou orgulhoso de você. – disse.
  - E eu de você. Pela primeira vez seus sentimentos ficaram a frente da razão... E por mim. – disse e me beijou, me deixando espantado e agraciado ao mesmo tempo.
  Todos bateram palmas e comemoraram ao nos ver se beijar.
  - Bom... Eu vou soltar o amigo de vocês. – anunciou o advogado e saiu.
  - Opa! – disse e cocei a cabeça.
  - Nunca, em hipótese alguma, o poderá saber que tínhamos esquecido dele. – determinou. E rimos concordando.

  UPOV (Universal point of view)

  - Ah para, com isso! Vocês já estão me dando nojo! – disse a Wiki que estava abraçado a e se beijavam a cada instante.
  - Nós estamos comemorando, seu chato. – disse mostrando a língua a .
  Eles comemoravam a volta definitiva de à cidade e a soltura de , e de quebra, os pombinhos aproveitavam pra comemorar com os amigos o inicio do romance.
  - O tá meio estressado... – comentou - Deve ser falta de sexo. – sussurrou no ouvido do garoto.
  Ele riu irônico e então sussurrou novamente.
  - Pode ser. Quer me ajudar a relaxar?
  - Por que os dois estão cochichando? Estão combinando a próxima vez que irão se encontrar, olha filha, dessa vez não tem a desculpa de estar bêbada. – Rich disse para a filha.
  Ela ficou de boca aberta por um instante pelo comentário do pai, mas quando descobriu a desculpa que ela deu por ter “ficado” com ele respondeu.
  - Sabe como é né? Eu sou irresistível... – o olhou indignada por ele não desmentir a história. – Mas e você Richard... Já resolveu aquele probleminha em pegar mulher? – continuou. Richard engasgou a ouvir.
  - É mesmo! Tinha esquecido pai, eu prometi te dar umas dicas né? – se lembrou.
  - Não pre...
  - Ok! Lá vai a primeira... – começou .
  - Você tem que mostrar a ela que é você que manda. – interrompeu .
  - Claro que não! Você tem que deixa- la acreditar que ela manda. – discordou .
  - Balela! Mulher gosta de cara que vai lá, puxa ela, e a agarra com vontade. – continuou.
  - Pois saiba, meu amor... Que sou eu que sempre comanda a relação. – disse altiva.
  - Você não conta. – a ignorou – E tem que elogiar bastante Richard. Elas sempre acreditam. Pode exagerar...
  - Não tem nada a ver, pai, é sério. Se elogiar de mais ela vai se achar a última bolacha do pacote. – alertou.
  - Olha... Quando eu chego em uma mulher, eu elogio a roupa, os olhos... – começou .
  - A bunda, o peito... – continuou . – Assim você as desvaloriza. E mulher deve ser valorizada, querido. - Pai, você pode chegar dizendo que a viu sozinha, uma moça tão bonita, e se ela gostaria de uma companhia... – se dirigiu ao pai.
  - Há! E ainda diz que não quer que ela se ache a última bolacha do pacote? Por favor... Olha..
  - Chega! Desse jeito eu to confuso! – Richard reclamou. e Wiki riram.
  - Mas... – e começaram a falar juntos.
  - Ai, chega! – disse e bateu na mesa surpreendendo a todos. – É assim que se faz. – e puxou para um beijo.
  Todos ficam calados por um tempo, surpresos, depois todos começam a brincar da situação.
  - Nossa, ! Quem imaginava hein... – Wiki comentou deixando a garota sem graça.
  - E você... Como se sente sendo substituto de amigo imaginário? – disse retrucando. O garoto fechou a cara. – E aí , cadê o nessas horas?
  - Realizando um sonho... – a garota disse se lembrando.

  POV

  - E então... Está mesmo apaixonada por aquele garoto, hein? – perguntei à .
  - É... Eu nunca senti isso por ninguém antes, acho que estou apaixonada. – ela respondeu sincera, mas receosa em não me ferir. – Olha, eu não quero que você...
  - Tudo bem, eu entendo. E entendo ainda mais ele... Como não se apaixonar? – e me calei quando a percebi sem graça. – Quer saber? Eu estou feliz por você. É assim quando se ama né? Querer o bem da pessoa, que ela seja feliz com quem quer que seja...
  - Acho que é... – murmurou. – O que vai fazer agora?
  - Agora... Vou realizar meu sonho... Tudo bem que é pela metade agora, sem você. Mas... Eu vou pra Disney. – afirmei.
  - Então...Esse é o fim? – perguntou tristemente com lágrimas nos olhos. Sequei suas lágrimas lhe abraçando e dando um beijo no rosto.
  - Não. Esse não é o fim...
  Sorri me lembrando da cena, enquanto descia do carrossel e acenava para uma garotinha que parecia perdida...
  E não era o fim... Não mesmo.

FIM



Comentários da autora

Pessoal, caso queiram saber, nos baseamos em alguns artistas pra fazer os personagens principais:

= Marimoon
= Taylor Hanson
= Josh Holoway
= Maria Flor

Beijinhos