A distância
Escrito por Klarice Stark | Revisado por Mariana
A garota sentou-se em sua cama, apoiando sua cabeça em suas mãos. A vida estava confusa, mais do que nunca. sabia que essa confusão tinha nome, e seu nome era . Ah, sim.
Um cara com mais experiências que ela.
Um cara que ela não poderia esperar para sempre.
Um cara que estaria indo embora nesta noite.
sentia-se vazia, um breu a cercava por dentro. As cortinas ao vento permitiam-na ver o céu escuro e estrelado, fazendo-a pensar o que ele estaria fazendo agora; provavelmente ele estaria sentado em um banco, afastado, isolado e com um exemplar de qualquer um dos autores que os dois gostavam. Ou talvez, ele ainda, sequer, houvesse chegado.
Mas sabia que isso era uma suposição, e apostaria estar certa. Do jeito que os dois se conheciam ela provavelmente teria acertado.
Como todas as relações melodramáticas, sabia que na sua viriam também dificuldades.
E veio.
De uma forma completamente arrasadora. Se as relações precisam de desafios, sabia que estaria disposta a passar por esta. Mas não dependia somente dela, ela não poderia simplesmente dizer para ficar em sua cidade e viver com ela para sempre.
Ela não queria privar de viver sua vida, de voltar para sua cidade. Ela, com todo o amor que tinha a oferecer a ele, não podia ir até o aeroporto, pará-lo e dizer que a faculdade que ele iria fazer era perda de tempo, que seu trabalho não valia nada e que ela era o bem mais precioso que ele poderia encontrar.
Pois, ela, estaria mentindo.
Quando, ao lembrar-se de tudo que passaram juntos e da despedida mais fria que viveu, as lagrimas finalmente vieram. Intensas, fazendo soltar soluços. Claro, que abafados pelo travesseiro. Apesar de estar sofrendo, sofrer calada sempre foi uma de suas manias, depois de decepções com pessoas que andavam ao seu lado, aprendeu que confiar demais em alguém é a pior coisa que ela poderia fazer. Desde então, ter sua confiança por completo – como tinha – poderia considerar-se um troféu.
Duas batidas na porta fizeram-na correr para o banheiro, ela ouvia porta ranger ao ser aberta e trancou-se do outro lado. Abriu a torneira e jogou água gelada em sua face, em seguida secou-a e limpou os olhos. Falhamente, ela ainda parecia ter chorado.
— Filha? — ouvi-se a voz de sua mãe, suspirou.
— Sim?! — Ela respondeu, amaldiçoando-se por tal, se sua mãe não percebesse por seu rosto inchado, - o que não aconteceria -, ela com certeza notaria a sua voz abalada.
— Está tudo bem? É por causa daquele cara, filha? Você comentou que ele estava indo embora.
sentiu que seu coração iria sair de si mesma, pela forma que o mesmo acelerou. Ao contar que o garoto estava indo embora na mesa de jantar, esperava que ninguém tivesse lhe escutado, como costumavam fazer.
Por fim, fechou a torneira e destrancou a porta. Abriu a mesma com cuidado e notou sua mãe, sentada em sua cama, observando-a.
Ao ver sua mãe abrir os braços, não aguentou e desatou a chorar ali mesmo, na porta do banheiro. Com passos calmos e ainda tentando livrar-se das lagrimas, ela conseguiu chegar até sua cama. Deitou-se com a cabeça apoiada no colo de sua mãe, que agora, afagava seus cabelos.
— Vou lhe contar uma história, querida — informou a mãe de , sorrindo. — Houve uma vez, um casal muito feliz, ou até certo ponto. A mulher se chamava... hum vejamos, Johanna. E Johanna tinha muitos problemas em casa, seus pais não deixavam que ela tivesse uma relação com alguém como seu p... como, hum, John. John era inferior, claro, e Johanna era praticamente da realeza. E por isso não poderia ter qualquer envolvimento. Um dia, quando os pais de John faleceram, e ele ainda era menor de idade, automaticamente ele teria que viver com sua tia. Que morava nada mais e nada menos do que do outro lado do continente. E Johanna sabia que ela sentiria muita a falta de John, como ele também a sua. E Johanna não estava disposta a sentir mais do que amor por John, então eles fugiram, querida, e sabe por quê?
— Não. — respondeu cabisbaixa e limpando as últimas lagrimas que caíram.
— Eu me pergunto isso até hoje, querida. — Ela respondeu e as duas riram. — Mas de todas as escolhas que eu pude ter feito em toda minha vida, aquela foi por si, a mais certa.
ajeitou-se ficando sentada na cama. Ela sorriu e arrumou o cabelo.
— A senhora sabia que está me incentivando a fugir com ele, não sabia?
— Eu nunca quis prendê-las em casa — respondeu a mãe. — Talvez você fuja com ele, talvez você fique aqui. Mas algumas vezes, se arriscar é necessário. Se eu não tivesse fugido do conforto de minha casa naquele dia, talvez hoje você nem aqui estivesse. Consegue entender, querida?
— Acho que compreendo.
— Não pense muito, só faça, as melhores coisas nos surpreendem.
A mãe de levantou-se da cama da garota, ajeitou seu vestido florido e saiu do quarto, sorrindo. Parecia que tinha acabado de cumprir uma missão.
– ao contrário do que sua mãe lhe disse – pensou sobre o assunto. tinha uma vida a viver. Havia pessoas nas quais ela não estava disposta a abandonar. Ela nem sabia de certo o que fazer.
Levantou-se rápida da cama. Pegou sua bolsa em cima do criado-mudo e saiu do seu quarto.
Saiu de sua casa.
E andou por sua rua.
Como chegaria até o aeroporto uma hora dessas? Ela não queria saber, um táxi demoraria e ela estava sem dinheiro.
Ir a pé. Essa era a solução.
Ela chegou à Avenida que distanciava ela do Aeroporto.
de .
A distância Dele da Dela.
O semáforo não fechava e encarava seu relógio de pulso impaciente. Os carros continuavam passar a todo vapor. Quando viu uma brecha, colocou os pés à frente e atravessou a rua correndo.
Tudo o que pôde escutar foram às buzinas.
Tudo o que pôde reparar foram os carros parando.
Mas tudo o que pôde enxergar, foi um lindo par de olhos azuis – que combinavam perfeitamente com os seus – encará-la de volta; com perplexidade, surpresa, amor e tristeza.
viu-o desviar o olhar e pegar sua mala com o taxista. Eles trocaram algumas palavras e o táxi se foi. , dessa vez olhou para ela.
E os dois se encararam por um longo tempo.
As pessoas começaram a empurrar para poderem atravessar, o semáforo finalmente tinha aberto. Ela andou para o lado, com os olhos de ainda presos aos seus, como o dela, prendiam os dele.
E, quando ela menos esperou. Ela já andava na direção dele.
E, quando menos percebeu, os dois tinham os lábios colados.
Então, do lado de fora. Puderam ouvir a voz chatinha anunciando que era a última chamada para o próximo voo.
O coração dos dois apertou. E eles se soltaram.
— O que você faz aqui? — ele arriscou perguntar.
— Porque eu não gostei da nossa última despedida — ela respondeu tristemente.
— ... você sabe que eu tenho que ir. Se eu pudesse largaria tudo e ficaria com você, aqui. — falou paciente.
respirou fundo, olhando para os lados, afastando a sensação de choro que lhe tomou.
— Ei, você não precisa ficar assim — falou — Eu vou voltar...
— Daqui quatro anos — repreendeu-lhe .
abaixou a cabeça, sim, ele voltaria. Dali quatro anos, em quatro anos as coisas poderiam mudar tanto.
poderia ter superado .
poderia ter superado .
Ambos poderiam ter achado pessoas novas em suas vidas.
O silêncio que se tomou foi irritante. queria dizer para ficar com ela que seriam felizes para sempre. Ela não tinha certeza se realmente seriam felizes e também, não queria ser egoísta a este ponto de não deixar ir.
— Me leve com você — murmurou ela, repentinamente.
A ideia surgiu tão rápida quanto se foi e negou brevemente enquanto sorria incrédulo.
— , você não pode parar sua vida por mim.
— Mas e se eu quiser?
— Eu não vou deixar.
— ... e-eu só não posso esperar quatro anos — sussurrou cansada. O céu trovejou e eles se encararam.
Ambos os olhares brilhavam.
— Me desculpe — pediu ele, seu tom foi tão baixo que quase pediu para que repetisse, mas o tom baixo igualava-se nos dois. O tom baixo era a decepção perceptível em suas vozes.
— É melhor se apressar, ainda há o check in para fazer. — Ela falou, afastou-se ainda de frente para ele. Acabou tropeçando em algumas pessoas, que reclamaram e xingaram-na.
Virou-se para atravessar a rua, que quase lhe custou à vida. Mas foi impedida por uma mão que agarrava seu braço. O choque foi tão grande quanta a surpresa do beijo que ela recebeu.
Ao passar do tempo, eles se afastaram. Encararam-se e ficaram em silêncio.
Até , de novo, o quebrar.
— Não piore as coisas, — murmurou abaixando seu olhar.
— Eu te amo — disse ele, por fim.
abriu e fechou a boca, várias vezes. abraçou-lhe e depositou um beijo em sua bochecha.
Então ele:
Virou-se.
Agarrou a mala.
A porta do aeroporto foi aberta.
Ele passou.
A porta fechou.
Havia algo a mais que os separava.
FIM
Então meus queridos – sério não me julguem por usar essa palavra, eu não estou usando ela ironicamente. Enfim, realmente a Taylor me pegou com essa música. E também estou passando por um bloqueio terrível UXIIII. Eu sou uma pessoa horrível com músicas e não queria fazer aquilo que todas fazem: misturar a letra da música com a fic, - eu realmente acho chatinho, - por isso me inspirei na música da Taylor – mesmo que não pareça – e até viajei muito, por que depois que terminei e li, não achei muitas semelhanças. É isso e espero que tenham gostado!