A Certain Romance

Escrito por Camila Alves | Revisado por Natashia

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Prólogo

  Penas pelo chão, na cama, no ar.
  Espalhadas por todos os lados do quarto em plena manhã em Londres. Poderia ser uma cena invejável, se não fosse desprezível. Um lord provido de nobreza, mas com o dobro de luxúria.
  São os prováveis primeiros pensamentos que alguém pode ter ao encontrar o chamado largado nessa imensa cama de casal, junto a cerca de cinco ou seis mulheres.
  Idade de homem com o comportamento de uma criança, mas bastava sua beleza, dinheiro e charme que todas caiam em cima. Mas vamos combinar que para a década de 1860, era um homem relativamente fácil. Bastava você ser bonita, mas memória... Ele provavelmente não teria de você no dia seguinte.
  Para algumas, isso já era o bastante.

***

  Os empregados se deslocam de um lado para outro, enquanto apenas quatro pessoas tomam café na mesa colonial. Numa das pontas, um homem com poucos cabelos brancos sobre a cabeça, aparentando uns 45 anos, e na outra uma mulher (sua esposa) com longos cabelos castanhos, olhos azuis e feições mais jovens que as do seu marido, enquanto Bennett e seu irmão mais velho, Klaus, se encontravam na parte central da mesa. A refeição se deu silenciosamente, até pedir licença e se retirar para seu quarto.
  Com as enormes cortinas abertas, a luminosidade clareava o cômodo o máximo que podia, devido ao clima nublado. A moça sentou-se em frente à penteadeira enquanto retirava os grampos que haviam prendido seu cabelo durante a noite, e deixava as ondas caírem sobre os ombros.
  Os olhos claros, cabelos cor de mel, a boca avermelhada e o formato do nariz, davam a ela uma beleza um tanto quanto exótica ao comparar com as outras damas da cidade. Invejada pelas mulheres e requisitada pelos homens. Mas uma verdadeira coquete¹.
  O barulho da porta batendo no andar de baixo foi algo inevitável de se escutar, segundos antes de seu irmão subir as escadas correndo e entrar no quarto de arfando com um envelope em mãos.
  - Afim de ir? - Virou o envelope em sua direção, se escorando com a mão na parede ao lado.
  - Respire. O que é isso? - Levantou-se da cadeira repuxando a saia do vestido, impedindo-o de arrastar no chão do quarto.
  - Uma festa, do Damon... Albarn. - Fez uma pausa conferindo o nome no envelope e depois soltou um sorriso para a irmã. - E melhor do que isso... Nada de pais.
  - Estava demorando. - Acompanhou-o com o sorriso, puxando o convite de suas mãos e em seguida se jogando de costas na cama. Enquanto lia a parte interna, pôde ver Klaus se juntar ao lado dela.
  - Trate de arrumar o que vestir, porque é amanhã. - Deu um beijo em sua testa e levantou-se para se retirar do quarto.

  Era fim de tarde e a chuva tinha recuado por algum tempo, se eles tivessem sorte. tirou proveito do momento para uma caminhada no jardim da casa, como tinha o costume de fazer com sua mãe quando era mais nova. Andava por entre as flores até, involuntariamente, chegar a fonte no jardim. Sentou-se na beirada da mesma com as pernas cruzadas, enquanto passava os dedos sobre a superfície da água.
  O badalar do sino na igreja da cidade chamou sua atenção e a moça se levantou, puxando a barra da saia e entrando na casa novamente, onde seria em pouco tempo servido o jantar.
  Chegava o fim do dia e tudo em que ela pensava, eram nas conseqüências da noite seguinte.

  O vestido estava estirado em cima da cama enquanto Bennett retocava todos aqueles mínimos detalhes, antes de sair para a festa que se iniciaria em alguns minutos.
  Addy, criada na casa, dava o laço final no corpete da menina que já tinha a lingerie vermelha vestida. Os cabelos ondulados emolduravam seu rosto fino e de bochechas rosadas.
  Addy recolheu o vestido na cama enquanto encarava sua obra de arte, abriu-o nas costas e o deslizou sobre o corpo de , se encaixando e ressaltando perfeitamente suas curvas. Com um rápido puxão, deu o laço final que segurava o vestido na parte de trás e se dirigiu a penteadeira da menina.
  Sorriu para a mesma, que levantou os cabelos e a permitiu colocar ali o colar de pérolas que já era herança de sua família há anos. As duas sorriram para o grande espelho e Addy desejou boa sorte à antes de se retirar.

   e Klaus haviam sido deixados exatamente na frente da mansão onde ocorria a tal festa, era possível se ouvir a música do lado de fora enquanto alguns casais passeavam pelo jardim coberto de rosas vermelhas, postas ali para decoração. Klaus segurava a mão da menina como se estivesse a acompanhando, adentraram a casa e cumprimentaram alguns conhecidos com quem tombaram logo no inicio. Algum tempo depois, os dois se separaram com um "cuide-se" vindo do irmão de .
  Depois de alguns drinks e pouco tédio, a menina atravessou o salão observando toda a sofisticada decoração, mas um Degas pendurado em cima da lareira da sala de estar foi o que chamou sua atenção. Ouviu a porta do local bater e sua atenção foi desviada para a mesma, pousando o olhar em um homem o qual não reconhecia.
  - Você é...? - perguntou, levantando as sobrancelhas sugestivamente.
  - Liam Campbell, prazer. Bennett, eu suponho. - Aproximou-se da garota com um enorme sorriso nos lábios.
  - Correto. - A menina sorriu levemente e voltou o olhar para onde estava fixo, minutos atrás.
  - Hm... Degas. - Disse, mas ainda aparentemente na duvida.
  - Novamente, correto. - virou o rosto para ele e lhe sorriu de lado.
  - Uma moça tão bonita quanto à senhorita deveria estar aproveitando a festa, não?
  - Então suponho que você deveria estar em algum dos quartos no segundo andar. - Levantou a sobrancelha direita com um sorriso sapeca nos lábios.
  - Isso quer dizer que você me acha atraente? - Retrucou, umedecendo o lábio inferior e sorrindo de lado sem mostrar os dentes.
  - Interprete da forma como quiser. - A menina virou os olhos e arrumou o colar sobre o vestido antes de voltar a encarar Liam, que nesse momento observava suas ações.
  Mordeu levemente o lábio inferior e tinha os olhos presos aos dele, sem ser capaz de desviar. Campbell colocou alguns fios do cabelo da menina atrás da orelha, escorregando a mão para sua nuca enquanto mantinha os olhos azuis segurando o olhar da menina. estava provavelmente prestes a se render e desviá-lo quando Liam surpreendentemente a beijou.
  O que se iniciou lentamente, em poucos segundos, se tornou um beijo intenso. Liam a puxava pela cintura, enquanto a mesma tinha os dedos da mão direita enterrados no cabelo escuro do rapaz. A barba mal feita arranhava as bochechas da menina levemente, mas ela não se importava. Sentia que todo o trabalho para arrumar seu cabelo havia sido jogado fora.
  Liam já estava sem o colete, tinha a gravata frouxa e o sinto quase se arrastando no chão quando eles começaram a se mover para o quarto mais próximo de onde estavam.
   mantinha toda sua concentração em apenas um foco: despir Liam.
  Portanto, toda a tarefa de guiá-los até encontrar um aposento era do cara.
  As luzes estavam apagadas e assim eles a manteriam, Liam distribuía mordidas pelo pescoço da menina enquanto praticamente arrancava a fita que segura o vestido nas costas. Logo em seguida puxava a parte dos ombros pra baixo, deixando o vestido cair no chão e suspendendo a menina, que saia de cima dos panos sem nem prestar atenção direito na rota que faziam. Liam virou-se e jogou a garota na cama de casal existente no quarto e...
  - Outch. - Os dois pararam imediatamente e se encararam no escuro. Foi possível ver a sombra de Liam se dirigindo a porta e segundos depois as luzes foram acessas.
   estava deitada entre as pernas de um desconhecido, que tinha uma outra mulher ao seu lado na cama. Dormindo.
  - É... O quarto estava ocupado. - Liam franziu o cenho e ergueu o braço direito mexendo na parte de trás do cabelo, quem visse de longe poderia até dizer que ele estava ruborizado.
  - E toda a diversão vai por água a baixo. - suspirou e rolou na cama virando de frente para o casal, mesmo que ainda deitada.
  - Prazer, . - O homem, ou melhor, garoto, disse enquanto mordia o lábio olhando a garota de cima a baixo na posição que lhe era permitido naquele momento. Tendo uma melhor visão, agora com a luz acessa, da lingerie vermelho sangue junto a cinta-liga que ela usava. Sexy.
  - Se você quiser, a diversão não precisa... ir por água a baixo. - Sorriu safado e passou a mão arrumando alguns fios do cabelo que caiam em seu rosto.
  - Esse é um certo tipo de pedido indecoroso para alguém que acabou de conhecer, não acha? - Ela sorria de lado, enquanto se apoiava na coxa esquerda do garoto por alguns segundos para se sentar na cama. O olhar do menino seguia todas as suas ações.
  - Eu não me importo de começar na frente deles. - Apontou com os olhos a menina na cama e Liam escorado na parede ao lado da porta, com uma expressão irreconhecível.
  - Essa seria a última das minhas preocupações. - Piscou pra ele e sorriu com os olhos quase brilhando de luxuria, levantando-se da cama e seguindo na direção de Liam. O rapaz tinha o vestido de em mãos e abria a porta do quarto para que se retirassem.
  - Hey, qual seu nome? - Perguntou com os olhos ainda nas pernas da garota.
  - Está na lista de convidados.

   pôs as roupas rapidamente e saiu do quarto antes mesmo que a menina ao seu lado acordasse. Atravessou alguns poucos corredores chegando rapidamente a seu destino, se encostando rapidamente no bar instalado no meio da casa. Pediu uma bebida e observava o movimento enquanto esperava.
  - Albarn! - Chamou a atenção de Damon, anfitrião, ao vê-lo passar por perto. O garoto sorriu para e fez algum comentário com quem estava ao seu lado, pouco antes de se dirigir a onde estava o garoto.
  - Gostando da festa? - Perguntou enquanto chamava a atenção do barman.
  - Gostaria mais se você pudesse me ajudar. - Levantou uma das sobrancelhas dirigindo o olhar para Damon pela primeira vez.
  - Com o que especificamente?
  - Eu encontrei uma garota. Absolutamente encantadora. Mas ela fez questão de não me dizer o próprio nome. - Virou os olhos e deu um gole na bebida.
  - E o que exatamente você pretende que eu faça? - Fez um sinal com a cabeça e virou o shot que tinha em mãos.
  - Acho que ela estava com um vestido vermelho. Tinha um colar de perolas brancas, cabelos castanhos e ondulados, olhos claros... Encontre-a.
  - Wow, aconteceu algo entre vocês? - Perguntou Damon com o cenho franzido.
  - Não... Ainda. - riu, sendo brevemente acompanhado pelo outro garoto.
  - Tenho quase certeza de quem você esta falando. Tome cuidado, a definitivamente não é mulher que se brinque . - Balançou a cabeça negativamente.
  - Ali, é ela. - tinha o olhar preso a metros de onde os dois estavam, onde falava com um homem com o dobro do seu tamanho, de cabelos igualmente castanhos.
  - Bennett. Não brinque com ela meu caro. - Damon se retirou com uns tapinhas no ombro de , que levantou-se e se aproximou da garota o máximo que pode.
  - Me permite? - Falou se dirigindo ao homem que conversava com a garota.
  - Quem é você? - Os olhos azuis do mesmo analisaram o menino de cima a baixo.
  - . E você é? Por acaso...
  - Klaus Bennett, irmão dela. Licença. - Respondeu virando os olhos e deixando sem resposta durante alguns segundos, o que fez rir.
  - Você deve ter melhores lugares para estar agora.
  - Só se eu estiver nesses lugares com você. - Soltou um sorriso safado e colocou um fio do cabelo da menina atrás da orelha.
  - Economize suas cantadas pra quem precisa.
  - Nem 10 minutos de conversa e já notei que a senhorita é um tanto... - Foi interrompido antes de completar o pensamento.
  - Inflexível, eu sei, todo mundo diz.
  - Aceita uma bebida? - indicou o bar com a cabeça.
  - Se eu dissesse que não, você desistiria?
  - Não. - Estendeu a mão para ela, que hesitou, mas terminou acompanhando-o com um sorriso que fez questão de esconder dele.
  Os dois se encostaram na lateral do balcão enquanto esperavam o pedido.
  - Por que será que eu nunca te encontrei em nenhuma dessas festas? - questionava a menina que tinha, nesse momento, as sobrancelhas levantadas.
  - Vai ver você só não procurou o bastante. - Piscou pra o garoto e disfarçou a vontade de rir dando um gole na bebida que tinha acabado de chegar.
  - Valeu a espera. - Sorriu galanteador e deu um gole em sua própria bebida. Fez-se silêncio entre eles, fazendo-a revirar os olhos e lançar o olhar para um homem alto que passava ao seu lado. O homem a encarou e sorriu, parando por alguns segundos ao seu lado, mas sua atenção voltou-se para o cara que estava ao lado da garota.
  - Cuide bem dessa aqui, viu? - Ele falou e voltou a admirar , analisou-a de cima a baixo, e puxou levemente a saia do seu vestido, tendo como resposta apenas um olhar da menina.
  - Com todo o prazer. - E piscou para o homem que agora se afastava dos dois. - Agora... Onde está o seu irmão nesse momento? Ele realmente não deveria deixar garotas como você andando sozinha em uma festa dessas. - Perguntou irônico enquanto fingia procurar Klaus com os olhos entre as pessoas.
  - Eu não preciso dele, sei me cuidar muito bem sozinha. - Respondeu áspera, bufando em seguida.
  - Desculpe ofender a dama, mas se alguém viesse para cima da senhorita, duvido que pudesses fazer alguma coisa. - Disse levantando a sobrancelha esquerda.
  - Você só fala o que não sabe... - riu ironicamente.
  - Por quê? Vai me provar que não? - Desafiou-a e era muito lógico que o que o interessava ali não era ela prová-lo que podia se defender, era exatamente o contrário.
  - Você está realmente me desafiando? - Bufou indignada e tinha os olhos claros levemente arregalados na direção do menino.
  - Se for necessário. - Antes que pudesse falar ou tomar qualquer atitude, agarrou-a pela cintura e se dirigiu ao seu pescoço. Distribuindo beijos e varias mordidas por ali, apertando seu quadril de leve, subiu as mordidas pela clavícula, alcançando o lóbulo da orelha da menina. Que naquele momento havia sido pega de surpresa.
  Levou longos segundos para demonstrar alguma reação, ela estava estática, quase lívida.
  Com a mão direita puxou mais pra perto pelos cabelos, enquanto envolvia seus ombros com o braço direito. A partir daí, ela era meio quem comandava.
  Virou o rosto do garoto, quase com violência, e agarrou seus lábios o mais rápido que pode, escutando uma risada abafada vinda do mesmo.
  - Fica quieto. - Ela se permitiu rir junto, mas estava mais concentrada em guardar o fôlego.
  - Eu acho... que a gente... devia subir. - tentava falar em meio aos beijos e risadas da parte de . Ela concordou com a cabeça e sem mais nem menos, a pegou pelas pernas e tomou algum rumo irreconhecível pela menina. Já que a mesma não se deu ao trabalho de prestar atenção.
  Em pouco tempo ela escutou o barulho da porta batendo, enquanto já tinha as mãos abrindo os botões da camisa de , fazendo algum esforço para tirá-la já que os dois estavam um pouco colados de mais. Quando fez a camisa passar pelos ombros do garoto, sentiu a superfície macia sob suas costas e o peso dos joelhos e braços do ao seu redor segundos depois. Ele fez questão de tirar a parte do busto do vestido o mais rápido que podia e deslizou o mesmo ate o fim enquanto distribuía mordidas em vários pontos desde os seios de até as coxas. Antes que ele percorresse o caminho de volta, ela o puxou pelo pescoço para cima de si e acariciava os cabelos do garoto enquanto a outra mão fazia o trabalho de tirar as calcas do rapaz, que já se mostrava bastante animado diante a situação.
  Com algum esforço, ela inverteu as posições, quase sentada no colo dele, segurava o rosto do garoto com as duas mãos em meio a um beijo mais aprofundado que os outros, mordendo o lábio inferior de no final.
  Em um curto espaço de tempo seguinte, as ultimas pecas de roupa estavam no chão junto as outras. E naquele momento... realmente não gostaria de ser interrompida como há alguma hora atrás.

  Algum tempo depois, a garota retirou-se do quarto no intuito de buscar algo para beber. Bastante tempo já parecia ter se passado, mas a quantidade de pessoas dentro da casa não tinha reduzido de forma notável. Pediu duas bebidas ao barman enquanto, encostada no balcão, esperava pelos pedidos observando aqueles que estavam a sua volta. Com nada interessante, ela parecia mais atenciosa a conversa entre um dos convidados com um cara que possuía um dialeto um tanto quanto diferente do que ela estava acostumada, obviamente não era de Londres. Tinha o olhar perdido por entre as pessoas, quando as duas taas chegaram.
  Agradeceu ao barman e seguiu de volta ao quarto onde ainda a esperava. Adentrou o mesmo e o menino tinha os lençóis cobrindo-o da cintura pra baixo, apoiou-se nos braços e tinha um sorriso no rosto quando apareceu.
  - Estava com cede. - Disse explicando o porquê das taças, levantando levemente uma delas.
  - Eu também, obrigado.
  O clima, como sempre na cidade, havia mudado rapidamente e o que antes era levemente nublado, se transformou em neve. Estavam no período de inverno e era possível ver através da janela, agora fechada, pequenas bolas de neve caindo no jardim da casa. Em função disso, tinha esfriado bastante, o que fez correr em direção à cama e se juntar a no meio dos lençóis, ainda que ela já estivesse vestida.
  Em meio a conversas, que estava mais para provocações constantes do que qualquer outra coisa, os dois finalizaram o conteúdo que tinham em suas taças.
  - Preciso ir. - afastou os lençóis e se arrastou para fora da cama.
  - Espera. Quando a gente volta a se ver? - Abriu um sorriso de lado pra ela, na tentativa de demonstrar naquele gesto suas segundas intenções.
  - Vá procurar outra garota se quiser satisfazer suas necessidades de virgem, . - Retirou-se do quarto sem nem olhar o garoto de volta.

  A garota andava por entre as pessoas, mas sua mente estava mais voltada para o que tinha acabado de acontecer do que para o que havia ao seu redor. Não conseguia decidir se havia feito besteira ou se aquilo simplesmente não afetaria em nada em si mesma. , o olhar luxurioso do garoto era percebido logo de primeira vista. Por que havia se deixado levar por ele? Isso, nem ela mesma entendia.

  - Bennett? - Foi o que a disse a pessoa que esbarrou na garota no meio daquelas pessoas e fez com que a milionésima bebida que ela tomava naquela noite fosse derramada em parte do seu vestido. Que foi quase salvo por ela ter se esquivado segundos depois.
  - Damon Albarn. - Sorriu irônica depois do mini desastre que ele a havia feito passar.
  - Perdão pelo vestido. - Retirou um lenço que tinha no bolso do paletó e ajudou a menina a enxugar a parte que tinha sido molhada.
  - Presumo que tenha sido você quem levou o a mim, não? - Chutou depois de pensar durante um tempo quem poderia conhecer tanto ela quanto o garoto, chegando a nada melhor do que o anfitrião da festa.
  - Creio... que sim. Algum problema? - Levantou uma das sobrancelhas, mais curioso do que preocupado.
  - Ele é um idiota. Qualquer outra informação que pedir, não o forneça, por favor, Damon.
  - Assim como quiser Srta. - Acenou com a cabeça confirmando o pedido de . O que o deixou ainda mais curioso quanto ao que teria ocorrido entre os dois. - Ele não te fez nada, fez?
  - Seja lá o que tenha ocorrido, provavelmente foi um erro. - Virou os olhos e arrumou alguns fios do cabelo.
  - Aparentemente... Não para ele. - Disse estalando os lábios e olhando por cima do ombro de . Que virou de costas tentando encontrar o ponto em que Albarn mantinha os olhos. Com a visão, apressou o passo sem nem se despedir de Damon.

  Acordou no dia seguinte quase à tarde com as luzes invadindo seu quarto através da janela, depois de voltar para casa com Klaus na madrugada. Afastou a colcha e pôs os pés para fora da cama, parando por alguns segundos antes de se levantar de vez. Desceu as escadas rapidamente e dirigiu a mesa onde somente seu prato estava posto, os pais provavelmente já teriam saído aquela hora.
  - Depois quero falar contigo. - Klaus passou ao seu lado rapidamente, subindo as escadas correndo e sumindo no inicio dos corredores.
  A menina seguiu para a mesa e comeu até se sentir completamente satisfeita, a comida estava simplesmente divina.
  Levantou-se depois de limpar os lábios com o lenço e estava prestes a subir atrás de Klaus quando viu o que tinha em cima de um dos moveis da sala. Um jarro repleto de rosas vermelhas e brancas que tinham junto a si um cartão, ainda fechado. Aproximou-se e pode ver o nome Bennett gravado no mesmo, abriu e pôs os olhos no que tinha escrito.

  Acredito que tenhamos começado e terminado de uma forma um tanto inesperada.
  Espero que possa ter a chance de te encontrar novamente, e por favor,
  não ignore essa mensagem assim como me ignorou nos últimos segundos antes de sair porta afora ontem.
  Atenciosamente, .

  A reação da garota? Nenhuma até aquele momento.
  Permaneceu encarando o bilhete e tentando entender o que aquilo realmente queria dizer. Para ela... As pessoas eram simplesmente complicadas de mais. Só não sabia que era ela quem as complicava na própria cabeça.
  Deixou as flores ali mesmo sobre a mesa e subiu as escadas correndo deduzindo que Klaus estaria em seu quarto, adentrou o mesmo.
  - Com quem você estava durante a festa? - Perguntou Klaus de forma fria, virando-se na direção da garota quando escutou-a entrando no quarto.
  - Por que exatamente isso iria te interessar agora? - Falou mais por curiosidade do que receio.
  - Responda a pergunta .
  - Maior parte com o , por quê? - Franziu o cenho enquanto via o irmão passar as mãos nervosamente pelo cabelo.
  - Não volte a encontrar esse garoto, nunca mais. Me entendeu? Ele é um completo canalha.
  - Klaus? Será que da pra me explicar o que esta acontecendo? - A menina estava naquele momento mais confusa do que tudo, e o irmão realmente não estava facilitando era nada pra ela. Piorando ainda mais quando não fez nem questão de dar uma resposta a ela e retirou-se do local batendo a porta. Homens...
  Ela tinha a mente completamente perturbada.
  Nunca tinha passado por nada parecido com aquilo e não era agora que ela queria ter que passar e muito menos com um garoto como... Ele.
  Na verdade, parando pra pensar, com outros ela pode muito bem considerar coisa de só uma noite, pelo menos da parte dela. E era exatamente por esse motivo que não entendia porque com o tinha que ser diferente na sua cabeça.
  Com o que Klaus tinha dito, ela estava pouco se importando, às vezes o irmão dava esses surtos sem pretexto que no final não acabavam era em nada.

  Em uma terça-feira à tarde, enquanto o sol dava indícios de que apareceria no céu, chegou à casa dos Bennett um envelope de conteúdo desconhecido. Por ter sido a pessoa quem recebeu, o abriu, verificando do que se tratava. Uma festa que ocorreria na noite seguinte, em outra mansão relativamente próxima dali. Inclusive estranhou a proximidade entre as duas festas, não era muito comum de se acontecer, mas avisou brevemente ao seu irmão e seguiu para realizar os afazeres que teria naquele dia.
  Notificando a Addy o acontecimento da festa, a mesma já havia providenciado o que a menina vestiria e o vestido se encontrava pendurado em seu quarto quando chegou à noite na hora de se recolher.

  O tempo gasto para que a menina ficasse pronta nessa noite, foi aparentemente um pouco mais prolongado que o da festa anterior. Os cabelos novamente ondulados distribuídos uniformemente por sobre os ombros da garota, o vestido dessa vez azul marinho, mas que ressaltava a cor clara dos olhos dela. Estava magnífica.
  Os dois foram deixados no local tempos depois da hora marcada no convite, sendo quase obrigados a cumprimentar quase metade das pessoas que estavam por lá. Às vezes nem por simpatia, mas por obrigação mesmo.
  Alguns muitos homens, a essa altura bêbados, cansaram de tentativas atrás de que mais se interessava em beber o que tinha em mãos e em aproveitar com as garotas que estavam no local com ela. Já estava um tanto quanto alta e rindo de alguma estória alheia quando tive uma visão atrás de uma das amigas que pode ter lhe agradado um pouco mais do que ela gostaria.
  Boa parte das meninas ali dirigiu a atenção ao garoto, que só tinha a dele presa em uma delas. Passou por entre aquelas que estavam ali e estendeu a mão a , sentada entre as outras.
  - Acredito que não tenhamos nos despedido direito.
  - Pra mim foi o bastante. - Sorriu irônica e olhou para baixo, ignorando o convite silencioso do garoto.
  - Vou ter que passar por tudo isso de novo com você? - Perguntou levantando uma das sobrancelhas.
  - Tudo isso o quê? - A garota não pode evitar rir com a pergunta de .
  - Você sabe muito bem o que eu quero dizer. - Piscou para a mesma, que virou os olhos e no mesmo segundo se apoiou no menino para se levantar.
  - Não desperdice o que te dou de graça.
  - Certamente não. - Os dois caminharam lado a lado por entre algumas partes da casa, até notar que ele a estava guiando para o jardim da mesma, na parte de trás.
  - Aparentemente você conhece bem o local. - Franziu o cenho sorrindo levemente.
  - A casa é minha. - Ele sorriu de volta em resposta aos olhos levemente arregalados da menina. - E sim... A festa foi só uma desculpa pra te reencontrar.
  - Não acredito que os homens chegam a esse ponto. - Riu de si própria.
  - Dependendo de qual seja o objetivo... - Riu acompanhando a garota.
  Com algum tempo e bastante conversa, os dois terminaram sentados juntos em baixo de uma das arvores que o garoto tinha no jardim da mansão. A garota Bennett poderia negar até morte, mas a presença dele era definitivamente algo que não a incomodava. Para falar a verdade, poderia considerar-se que ela gostava de tê-lo por perto, apesar dos conflitos. Que para muitos poderia aparentar discussões inúteis, mas para os dois não passavam de provocações das duas partes.
   mexia nos cabelos da menina que estava encostada no ombro do garoto brincando com os dedos da mão do mesmo.
  - Nunca passei por isso com nenhuma outra. - disse a ela, mesmo parecendo falar mais para si mesmo do que a qualquer um.
  - A mesma coisa comigo. - Levantou o rosto sorrindo para o garoto tanto com os lábios como com os olhos. Aquela sim era uma noite em que ela poderia dizer que estava verdadeiramente feliz. - Nunca pensei que diria isso, mas... Bendita a hora em que fui interrompida.
  - O que você quer dizer com isso? - Franziu as sobrancelhas em sinal de duvida.
  - A ocasião na qual nos conhecemos. - Riu de leve e foi logo acompanhada pelo garoto quando a lembrança lhe veio à mente.
  - É exatamente como dizem... Lugar certo na hora certa.
  - E a pessoa mais certa ainda. - A menina riu de leve e tocou carinhosamente os lábios do garoto. Era realmente de se espantar como os dois reagiam, tendo se conhecido em tão pouco tempo. Mas o que sentia, era que aquilo já estava para acontecer, talvez só um pouco atrasado e não se importava em talvez estar adiantando as coisas consideravelmente mais do que deveriam ser.
  Teve a impressão de escutar seu nome sendo chamado de longe, mas imaginou ser só da cabeça dela mesmo.
  - ? Acho que estão te chamando. - Disse enquanto mexia em seus cabelos. A menina levantou o rosto e só deu tempo de ver o irmão partindo pra cima dos dois puxando pela camisa pra longe dela, acertando o garoto com um soco na mandíbula.
  - Fique LONGE da minha irmã seu filho da puta! - Klaus acertou o garoto novamente, dessa vez com mais força que na anterior. levantou-se de onde estava apoiando as mãos na arvore e correu para onde os dois agora se socavam e embolavam no chão.
  - KLAUS! Solte-o, pare com isso. Você não sabe o que esta fazendo! - A menina gritava na tentativa em vão de afastar o irmão de .
  - Você pode brincar com quem quiser, mas a minha irmã você não põe nessa apostas! - Outro soco, dessa vez no estomago, fazendo o garoto gemer de dor.
  - Aposta? Que historia é essa? - não reagia mais quanto a nenhum dos dois, só estava parando encarando-os, assim como muitos agora em volta. Tentando assimilar ou simplesmente entender o que Klaus falava. Acordou de seus pensamentos quando viu o irmão levantar depois de dar um chute no menino encolhido no chão.
  - Esse filho da puta entrou em uma aposta com mais não sei quantos caras pra quem pegava você primeiro. Eu MANDEI ficar longe desse garoto . - Klaus passava a mão pelos cabelos nervosamente, enquanto tinha o rosto completamente vermelho e o lábio inferior sangrando. A menina estava em choque, parada encarando o garoto no chão. Balançou a cabeça em sinal de negação e saiu correndo dali, adentrando a casa e tomando um rumo desconhecido, atravessando vários cômodos antes de terminar parando na cozinha. Encostou-se ao balcão e ali mesmo deixou que as lágrimas que prendeu por alguns segundos, caíssem por vontade própria. Primeira pessoa por quem realmente se interessava e o ?conto de fadas? tinha sido arruinado em menos de uma semana. Tirou uma das mãos do balcão e enxugou rapidamente as lágrimas que tinha no rosto, não era o tipo de mulher que gostava de se mostrar sofrendo na frente de quem bem quisesse ver. Escutou um barulho vindo da porta e levantou o rosto rapidamente, no intuito de verificar quem a interrompia.
  Manteve o olhar indiferente fixo em que nesse momento entrava na cozinha em passos milimetricamente calculados até chegar a uma distância que era, para ele, aceitável entre os dois depois daquele momento.
  - , eu... Eu não queria ter participado disso. Estava com a cabeça em outro lugar, eu... Eu ainda não tinha te conhecido de verdade, me desculpe. Eu me arrependi no segundo seguinte que fiz isso, me desculpe, por favor, eu... - Foi interrompido por que assim como o olhar, tinha um tom que demonstrava total indiferença quanto ao que o garoto dizia naquele momento.
  - Segura isso. - Entregou um copo, que estava no balcão ao seu lado, rapidamente na mão do garoto, que o segurou firmemente. - Agora solta ele no chão.
   olhava a menina sem entender nada do que acontecia ali, sem entender o propósito, mas terminou por fazer o que a mesma mandava, seguindo a trajetória do copo com olhos até o chão.
  - O que aconteceu com o copo? - Perguntou enquanto o mesmo voltava o olhar para ela, que agora tinha a mandíbula rígida e um olhar frio.
  - Ele se quebrou. Por que está fazendo isso?
  - Agora pede desculpas e vê se ele fica inteiro novamente. - Foi a última coisa que disse antes de virar as costas e sair do aposento sem sequer um sorriso no rosto.

  Injusto. Para ela, essa era a melhor palavra que descrevia o que acontecia consigo naquele momento. Uma pessoa que aparentava não ligar para esse tipo de coisa de ?pessoa certa?, mas no fundo no fundo todo mundo precisa de um outro em quem confiar. Mas ela, erroneamente depositou sua confiança em alguém que não merecia, e nunca merecerá. Esse era um sentimento que aos poucos poderia ter se desenvolvido entre os dois, pelo menos na cabeça da menina. Porque aparentemente, para ele, isso nunca foi se quer uma opção cogitada, tudo não passava de uma aposta. Todas as besteiras que ele tinha dito a ela, os pequenos gestos e agora, ate mesmo a forma como os dois se conheceram, tudo tinha sido meticulosamente planejado pelo já conhecido maior cafajeste da elite londrina. Maldita a hora em que não deu ouvidos ao irmão, querendo ou não teria proporcionado uma queda menor. Porque é exatamente como dizem, quanto maior a altura maior a queda e talvez para ela, um dia tivesse feito sim alguma diferença no ponto de vista que tinha sobre o garoto. Mas diferente de muitas que se relacionavam com aquele canalha, ela era uma mulher forte, possuidora de um ego altamente inflamável, mas que não se abalava tão fácil por motivos um tanto banais em seu ponto de vista. E esse era um deles.

  Semanas se passaram desde aquele dia. Semanas nas quais, Bennett mostrava-se cada vez mais bela, mais adulta, mais desejada e mais fria... Ia à maioria das festas, era cortejada por muitos dos belos herdeiros da elite londrina, mas simplesmente os esnobava, julgando-os tolos, por terem os olhos somente em seu dinheiro e beleza.
  O dia em que os irmãos tomariam posse da mansão em que vivam se aproximava e uma das festas que ela mais aguardava e a oportunidade que mais desejava. Desde o incidente na festa em sua casa, vinha-o evitando fortemente e, mesmo que freqüentassem o mesmo círculo social, ela os privara de uma conversa esclarecedora, decisão que em nada agradou ao .
  Estava à tarde em casa quando Basil, conhecido pintor da época, havia ido a sua casa para finalmente entregar o quadro que havia sido pintado por ele retratando a imagem de si mesma e seu irmão Klaus, futuros donos da mansão. O garoto e o pai observavam a pintura que era nesse momento colocada sobre a lareira da casa, substituindo a que antes mostrava o mais velho e sua esposa.
  - A festa de inauguração será hoje à noite. - Mr. Bennett se pronunciava em um tom orgulhoso se dirigindo a Basil.
  - Só não permita que ninguém chegue perto da minha obra, uma das melhores até agora. - Disse o pintor sorrindo brevemente para os três agora presentes na sala. observava o quadro com uma mão na cintura, quando Klaus se aproximou da menina, envolvendo-a com os braços e dando um beijo no topo de sua cabeça.
  Os dois se retiraram da sala, no intuito de não atrapalhar nos preparativos da tal festa e tomaram seus respectivos rumos.
  Horas antes da festas, como conseqüência do tédio, trancou-se em seu quarto para começar a se arrumar. Demorando um tempo bastante considerável com cada uma das etapas que passava.
  Com os cabelos e rosto já perfeitamente da forma que queria, a garota pegou o vestido pendurado no quarto e vestiu-o ela mesma. O vestido tom sobre tom em rosa bebe na pele branca quase desaparecia, mas ressaltava levemente os cabelos dourados da mesma, que usava diamantes no pescoço.
  Preferiu descer quando foi informada de que boa parte das pessoas já estavam na casa, milhões de conhecidos que tinha que cumprimentar um por um e algumas vezes inclusive fingir uma conversa interessante. Com outros, o caso já era diferente, ela tinha prazer em conversar, mas nem todos tinham esse privilegio.
  Já havia batido pé por toda a casa falando com todos e mostrando até mesmo outras pecas de artes que alguns mais velhos se interessavam em conhecer, por saber que os Bennett as possuíam. Estava em meio a uma conversa com a Srta. Everdeen quando seus olhos se prenderam em um local fixo por cima dos ombros da mesma.
  O que ELE estava fazendo ali? Ou melhor... Quem havia se quer ousado convidá-lo naquela casa? Seu irmão, certamente não.
  Manteve o contato visual, mostrando-se - por fora - totalmente indiferente a presença do garoto ali, voltando à conversa com a mulher segundos depois.
  Ainda passou algum tempo com varias pessoas por ali antes de se dirigir aos fundos da casa atrás de outra taça de vinho, ao avistar a garrafa ela mesma se serviu e deu a volta nos calcanhares com objetivo de voltar para o salão. Mas impedida por ter esbarrado no peito de alguém, levantou levemente o olhar, dando de cara com quem menos desejava nesse dia e em qualquer outro daqui pra frente.
  - O que você quer aqui ? - Perguntou levantando uma das sobrancelhas, como de costume.
  - Tua confiança de volta, . - Olhou-a compreensivo.
  - Você nunca a teve, garoto. - Virou os olhos e tentou se desvencilhar, mas a encostou no balcão do local.
  - Encaremos a realidade, o seu irmão estragou tudo e... - Foi interrompido pela garota que tinha o dedo apontando em seu rosto.
  - VOCÊ estragou tudo , desde o começo. Klaus só tentou me prevenir da merda que você começou! - Respondeu em tom autoritário, em seguida desvencilhando seu corpo dos braços de , e andando em direção ao salão; contudo, mais uma vez fora puxada de volta; e segundos depois sua boca foi ocupada não por palavras, mas pelos lábios do garoto que a beijavam com ferocidade.
  Um beijo milhões de vezes mais intenso do que qualquer outro que os dois tinham tido, ele tinha a mão direita apertando a cintura da garota que subia a dela ao seu rosto. Com algum tempo, voltou a si e rapidamente separou os lábios dos do menino a sua frente.
  - Eu já te disse que não foi a minha idéia, eu não queria ter participado e me arrependo disso desde o primeiro momento em que concordei com essa história . - Disse se mostrando completamente calmo diante dela.
  - A única coisa que vale é que você aceitou, . - Balançou a cabeça negativamente com olhar decepcionado em cima do garoto, empurrou os braços do mesmo e retirou-se do ambiente.
  - Espere! - gritou , em tom de súplica, andando na direção dela. parou subitamente e, ainda de costas, ouviu o rapaz proferir as palavras que com certeza ficariam guardadas em sua mente por um longo tempo. - Eu... Gosto muito você! - falou ele, respirando pesadamente, a espera de uma resposta da parte da menina. virou-se lentamente para ele, com um sorriso no rosto, aproximou-se de , que sorria feliz, achando ter conseguido finalmente o perdão da garota. Ela passou os braços ao redor do pescoço do rapaz, que a envolveu pela cintura com os seus.
  - É realmente uma pena que tudo isso seja mentira!- disse ela sorrindo irônica, próxima ao ouvido do rapaz, que afrouxou os braços e desmanchou o sorriso que mantinha nos lábios.
  - Mas... É verdade , eu realmente estou apaixonado por você, quer dizer... Eu acho que estou... - falou segurando-a pelos braços, falando cada palavra com os olhos arregalados e uma voz falha. - Eu não sei ao certo, só sei... Que você é diferente das outras, você é importante pra mim.
  - Infelizmente isso não é o bastante! - retrucou, deixando-o ali sozinho e estático, da mesma forma que fez semanas atrás, com a cabeça erguida e a expressão de total indiferença, carregando consigo toda a frieza que podia suportar.

  Uma garota, trajando um longo vestido salmão, descia às enormes escadas da sala de sua mansão, preenchendo os seus pensamentos com a música que tomava o ambiente da festa que inaugurava a independência dos filhos do casal Bennett, Klaus e , que se tornavam donos efetivos da mansão em que cresceram. , que encontrava-se ao pé da escada, admirava os presentes, pousando seu olhar no irmão, que brindava risonho, com alguns amigos. Sorriu fracamente, e desviou seu olhar para o inicio da escada ao sentir uma leve vibração no corrimão onde pousara sua mão, avistando-o ali, com um olhar que poderia ser considerado triste, mas que não a convencera. retribuiu-lhe com um olhar frio e virou rapidamente o rosto, andando em direção a uma porta entreaberta, que dava acesso ao escritório do seu pai. Andou lentamente, olhando para trás a tempo de ver passar silencioso pelo salão e deixar a sua casa. Respirou fundo, controlando a vontade de voltar atrás na decisão que tomara minutos antes; não poderia se deixar levar por , não novamente. Vozes quase como um sussurro foram ouvidas por ela, que curiosamente se aproximou da origem das mesmas, percebendo que emergiam do escritório ao qual se dirigia. Andou em passos lentos e silenciosos, encostando-se a parede próxima a porta, avistando seu pai e o famoso dono de terras, Mr. Wotton, dialogando com expressões nada agradáveis. Parecia algo realmente sério, mas o som alto no salão a impedia de entender tudo o que diziam, ouvindo apenas algumas partes. Notou quando seu pai abaixou a cabeça, balançando-a fracamente em negação. Mr. Wotton tocou o ombro esquerdo de Mr. Bennett e sibilou a frase com cuidado
  - Não temos muitas escolhas Bennett, ou optamos por isso, ou esteja preparado para as privações... Essa é a única forma eficaz de evitar a sua falência!

1. Que procura despertar a admiração de outrem;
cuida exageradamente da aparência por prazer ou a fim de agradar aos outros.



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