A Better Place

Escrito por Luiza Valente | Revisado por Natashia Kitamura

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  - Precisamos conversar, . - A preocupação era nítida nos olhos extremamente do garoto. - Eu estou voltando para casa.
  - Mas essa é a nossa casa!
  - Não , essa é a sua casa. Eu estou voltando para o Brasil.
  - Você não... Não... Por quê?
  - Eu preciso voltar , é só o que precisa saber.
  - Só o que eu preciso saber!? Eu te amo, você não pode simplesmente ir embora!
  - Sinto muito.
  Ele assistiu a garota pegar as malas ao lado da porta, que ele nem mesmo havia reparado, e caminhar até a porta. As lagrimas nos olhos eram simplesmente incontroláveis, mas o garoto só percebeu que chorava, quando a porta bateu, e ele se viu sozinho no apartamento, sentando no chão e colocando as mãos no rosto. Estava desesperado.
  Sentia-se tonto e sua visão ficava turva. acordou desesperado, suando frio e com lagrimas nos olhos, lançando os braços para o lado a procura do corpo da garota. Havia dois meses que tudo que ele encontrava ali eram lençóis amassados, os mesmos que estavam na cama quando saiu pela porta, levando consigo quase toda a vida do garoto. Os lençóis ainda tinham o cheiro cítrico do perfume da garota. Havia dois meses que ele acordava com o mesmo pesadelo horrível todas as manhãs. Havia dois meses que ela havia o deixado.
  Aquilo já tinha passado de lamentável a ridículo. não saia de casa para quase nada, não sorria mais, não se divertia. Tudo o que fazia era levantar todas as manhãs, depois de ser acordado pelo mesmo pesadelo todos os dias, e se obrigar a ir trabalhar na empresa do Pai. Chegava em casa todos os dias no mesmo horário, caminhava até o quarto, tirava o terno infernal que se obrigava a tolerar, e descia até a cozinha apenas de bermuda a procura de cervejas. Bebia até o sono domina-lo, quando se dava por vencido, caminhava até o quarto e dormia do jeito que estava, esperando ser terrivelmente acordado por sua própria mente no dia seguinte.
  Já havia cogitado a ideia algumas vezes, mas se convenceu totalmente na manhã seguinte, quando decidiu que não toleraria acordar daquele jeito novamente, na manhã seguinte.
  Faltou ao trabalho, comprou uma das últimas passagens para o próximo voo para o Brasil, embarcaria em dois dias, e passou aquela tarde arrumando as malas. Viajaria para o Brasil, e não voltaria a menos que ela esteja ao seu lado.
  Acordou as 2 da manhã, o que lhe privou do pesadelo, e se preparou, estaria no aeroporto às 3:00. A meia hora de espera mais lhe pareceu a eternidade. Finalmente ouviu seu voo ser chamado, e praticamente correu pra o portão de embarque. Tentou dormir no avião, queria que o tempo passasse mais rápido, mas foi impossível. Ficou acordado e completamente inquieto durante as 10 horas que se seguiram, quando finalmente desembarcou no Brasil.
  Respirou o ar fresco do Rio de Janeiro, tinha sentido falta daquele calor de sua cidade natal. Pegou um taxi às pressas e se hospedou no hotel mais próximo do centro que conseguiu. Pegou outro taxi e partiu desesperado para o antigo apartamento da garota, mas ela não estava lá. A verdade era que ela não tinha voltado para lá, mas, em seu estado de desespero, ele ao menos cogitou essa situação.
  Voltou para o hotel totalmente desolado, sem chão, não sabia o que faria agora. Ligou para Lexi, uma antiga amiga de , e ela nem mesmo sabia que a garota tinha retornado ao Brasil, ninguém sabia. Sugeriu ao garoto que a procurasse na casa dos pais.
  E lá foi ele mais uma vez, pegou outro taxi, seu 4º do dia, e foi até a casa dos pais da garota. Tocou a campainha e sentiu seu coração parar por um segundo, e depois voltar a bater com tudo. A mãe da garota atendeu a porta, e não pode deixar de arregalar os olhos com a presença do rapaz ali.
  - Como vai ?
  - Mal...
  E mulher nada lhe disse, apenas abaixou a cabeça e o deixou entrar.
  - Por favor, eu preciso falar com !
  - Ela não está, sinto muito.
  - Você não entende. Eu não quero falar com ela, eu simplesmente dependo disso!
  A mulher respirou fundo e depois suspirou, olhando profundamente nos olhos extremamente do rapaz.
  - Eu disse que ela não estava, não que você não falaria com ela.
  O garoto não pode evitar abrir o mais lindo sorriso do mundo, seu primeiro em dois meses, e abraçar , que recebeu tal abraço com um enorme sorriso de admiração em sua face. Sabia gostava muito de , mas só percebera naquele momento que ele a amava.
  Eles se soltaram do abraço, e quase que imediatamente ouviram a chave girar na fechadura na porta. se virou e a observou adentrar a sala.
  Os cabelos mais longos e mais claros, que ainda carregavam pequenos cachos nas pontas, e muito mais magra. não o percebera ali, se virou e trancou aporta novamente, assustando- se quando se virou para cumprimentar a mãe. Seus olhos , que agora pareciam um pouco maiores em seu rosto mais fino, se esbugalharam mais enquanto um leve tremor tomava conta de suas pernas.
  - O que faz aqui?
  O tom extremamente frio não parecia ter vindo da garota, ela nunca fora fria assim.
  - O que eu faço aqui? Eu vim atrás da garota que me abandonou com apenas um sinto muito, porque eu simplesmente não sei viver sem ela.
  - Va embora, !
  - Só se vier comigo.
  A mãe de já havia deixado os dois sozinhos na sala há um bom tempo.
  - Va. Embora.
  - Como você foi? Sinto muito, mas não.
  - Você não tem ideia do porquê de eu ter ido embora!
  - Claro que não, você disse que estava voltando paro o Brasil, e que eu só precisava saber disso!
  - Va embora , por favor.
  Ela parecia fraca, como se fosse desabar no chão a qualquer momento.
  - Eu posso até ir, mas só depois que você olhar nos meus olhos e me disser por que foi embora.
  Ela se virou e começou a caminhar até a escada, o ignorando completamente, quando sentiu a mão de no seu pulso a puxando, fazendo-a encara-lo. Ela tinha as mãos sobre o peito do garoto, enquanto ele segurava seus pulsos, a proximidade entre os dois era enorme, e ela começava a se perder nos lindos olhos do garoto. Ela abriu a boca e abaixou o rosto, não conseguiria dizer aquilo o encarando.
  - Eu tenho leucemia, .
  - O quê? - Ele praticamente gritou.
  - Eu fiz alguns exames de rotina há três meses, que eles detectaram uma anomalia no sangue, que se revelou ser leucemia.
  - E por que não me contou?
  Ela abriu a boca algumas vezes à procura da resposta, mas desistiu e abaixou a cabeça, permitindo-se ser abraçada por ele.
  - Desculpe.
  Foi tudo que ela conseguiu sussurrar para o rapaz antes de sentir lagrimas rolarem por seu rosto.
  Levantou a cabeça levemente, o bastante para enxergar o maxilar o rapaz e observar duas lagrimas escorrendo por ele.
  O silencio na sala durou pouco mais do que três minutos, mas pareceu durar a eternidade. Ela já não aguentava mais ficar ali, sob o silencio dele, ele parecia ter desistido. Ela se virou e começou a subir as escadas, sentiu a mão dele a segurar pela segunda vez naquela tarde, foi puxada para ele mais uma vez e sentiu a mão livre do rapaz segurar sua nuca e aproximar seus lábios rapidamente.
  Os lábios se tocaram, e a saudade tomou conta. As línguas se tocaram com fúria, e o beijo se tornou intenso. Ela levou as mãos até a nuca do rapaz e bagunçou seus cabelos . Sentiu as mãos firmes e fortes do rapaz saírem de seu rosto, descerem por suas costas e segurarem sua cintura, aproximando totalmente seus corpos.
  Ele só a largou quando não tinha mais folego, e começava a se sentir sufocado, olhou nos olhos reluzentes da garota, segurou fortemente suas mãos e lhe disse:
  - Não me importo se esta doente ou não, se esta morrendo ou não – Engoliu em seco. - Eu só sei que quero passar o resto dos meus dias com você.
  Ela o olhou, confusa, não acreditava que estava mesmo ouvindo aquilo, se não tivesse doente e a beira da morte, seria a vida perfeita.
  - Não posso.
  Ele se engasgou, realmente engasgou, e sentiu seus olhos se enxerem de lagrimas novamente.
  - Como?
  - Não posso fazer isso com você, .
  - Não pode me deixar ser feliz ao seu lado?
  - Não posso te fazer feliz, ...
  - Como não posso ser feliz ao lado da mulher que eu amei, amo, e sempre vou amar?
  - Você não me ouviu ? Eu tenho leucemia!
  - Leucemia é tratável! Você pode se curar.
  - Eu sou terminal, .
  A onda de choro que o abateu foi tão grande que se sentiu enjoado.
  - Não me importo. Me deixe ser feliz, mesmo que por pouco tempo.
  - Sim.
  Os olhos brilharam como nunca, ele a puxou novamente e a abraçou, a levantou e a girou no alto, gritando a plenos pulmões:
  - EU TE AMO !
  Enquanto ela apenas gargalhava, a gargalhada mais bonita do mundo.

  O casamento foi simplesmente lindo. Ele nunca esteve tão lindo. Ela nunca esteve tão linda. E a felicidade que irradiava daquele jovem casal era completamente emocionante.

  O tempo se passou, 2 anos precisamente, e depois de uma piora muito grande e vários sustos, ela começava a se recuperar espantosamente.
  Os médicos se surpreendiam cada vez mais, o estava completamente radiante, assim como ela. Eles voltaram a Londres depois de mais cinco meses, e ela estava quase que completamente curada.
  Venceu o câncer.
  Venceu a leucemia.
  Recuperou o amor de sua vida e viveu feliz ao seu lado.
  Até perder para um caminhoneiro.
   foi atropelado menos de dois meses depois da volta pra Londres.
  Então perdeu o amor da sua vida drasticamente, depois de uma luta incansável contra o câncer. Ganhou o resto da sua vida de volta e perdeu seu futuro...
  O que, na verdade, não importou muito, porque morreu cerca de 3 meses depois dele; sua leucemia voltou muito mais perigosa do que antes e, dessa vez, não tinha por que lutar.



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