A Batalha de Copas
Escrito por Ton
Revisado por Natashia Kitamura
Capítulo 1: O Despertar da Escuridão
O céu noturno estava tingido de um roxo profundo, quase negro, pontilhado por estrelas que piscavam como olhos curiosos. As sombras se estendiam pelas ruínas do País das Maravilhas, onde o brilho lunar mal conseguia atravessar o denso nevoeiro que se arrastava sobre o chão. Alice, com seus cabelos dourados e vestida em um vestido de linho desgastado, avançava cautelosamente através das sombras.
A respiração de Alice saía em nuvens brancas enquanto ela atravessava os escombros da antiga Toca do Coelho, agora devastada e cheia de teias de aranha. O cheiro de mofo e decadência pairava no ar. Ela parou e ouviu o som distante de um tambor ecoando na escuridão, seguido por risos cruéis e agudos que faziam os pelos de sua nuca se arrepiarem.
"Isso não é possível..." murmurou ela, os olhos arregalados de medo. "O que aconteceu com este lugar?"
Uma risada maliciosa respondeu à sua pergunta. "Ah, a pequena Alice está de volta", disse uma voz suave, mas carregada de uma ameaça subjacente. O Chapeleiro Maluco emergiu das sombras, seus olhos brilhando de maneira inquietante sob o chapéu de abas largas. Seu terno estava esfarrapado, e ele segurava um relógio de bolso quebrado. "Eu estava começando a pensar que você não viria."
Alice deu um passo para trás, sentindo o peso da sua decisão de retornar. "O que você está fazendo aqui? O que aconteceu com o País das Maravilhas?"
O Chapeleiro Maluco fez uma careta. "O País das Maravilhas... Ah, é uma sombra de sua antiga glória. A Rainha Vermelha tomou conta. As cartas, antes leais, agora marcham em suas ordens e o reino está mergulhado em trevas."
"Eu preciso saber mais", disse Alice, se preparando para o que pudesse vir. "Como posso ajudar?"
O Chapeleiro Maluco se aproximou, com os olhos fixos nos dela. "Você tem um papel crucial a desempenhar, mas primeiro... precisa enfrentar algo que nunca imaginou. Venha."
Alice seguiu o Chapeleiro Maluco através de um labirinto de ruínas e escuridão até um velho salão adornado com tapeçarias rasgadas e candelabros pendentes de maneira precária. No centro do salão estava uma mesa de chá, mas, em vez de chá, havia poções e frascos de líquido negro.
"Eu... eu não entendo", disse Alice, sua voz tremendo. "O que é tudo isso?"
"Não é apenas uma batalha física", disse o Chapeleiro, acendendo uma vela. "É uma batalha pelo controle das almas. As cartas estão encantadas para se tornarem monstros... e estão caçando qualquer um que se atreva a resistir."
A porta do salão se abriu com um rangido sinistro, e uma horda de cartas desfiguradas entrou, seus rostos retorcidos em expressões grotescas e seus corpos em constante mudança. Os corações vermelhos das cartas estavam manchados com uma substância negra e viscosa, que parecia pulsar como se tivesse vida própria.
"Alice, agora!" gritou o Chapeleiro, puxando uma pequena arma estranha que parecia uma mistura de um relógio e um canhão. "Eles estão vindo!"
Alice rapidamente pegou uma das poções da mesa e jogou-a sobre as cartas que se aproximavam. O líquido fez as cartas se contorcerem e gritarem em uma mistura de dor e raiva. A fumaça se espalhou, e as cartas caíram, se desfazendo em um pó negro.
Mas a vitória foi efêmera. O chão começou a tremer, e uma sombra sinistra se estendeu pela sala. Uma figura imponente surgiu, a Rainha Vermelha, em toda a sua maldade. Seu vestido de veludo vermelho parecia absorver a luz ao seu redor, e seu olhar era puro gelo.
"Bem-vinda de volta, Alice", disse a Rainha com uma voz fria e cortante. "Eu estava começando a me sentir entediada sem você por perto."
Alice sentiu uma onda de terror, mas se forçou a manter a compostura. "Eu não vou deixar que você destrua este lugar", disse ela com determinação. "Vou fazer o que for necessário para libertar o País das Maravilhas."
A Rainha Vermelha riu, uma risada que ecoou pelas paredes e parecia penetrar na própria alma. "Ah, uma corajosa bravura. Mas será o suficiente? Vamos ver, pequena Alice. Vamos ver se você pode suportar o peso da escuridão que eu trouxe."
As cartas se levantaram novamente, seus corpos agora se transformando em formas ainda mais grotescas e ameaçadoras. A Rainha Vermelha ergueu uma mão, e uma tempestade de chamas vermelhas irrompeu em direção a Alice e ao Chapeleiro Maluco. Eles se jogaram para o lado, a fumaça e as chamas queimando o ar ao seu redor.
Alice, com o coração batendo forte no peito, pegou um frasco de uma poção brilhante e lançou-o contra a Rainha Vermelha. A poção explodiu em uma névoa luminosa que começou a enfraquecer a presença sinistra da Rainha.
"Você acha que pode me derrotar com isso?" gritou a Rainha, sua voz agora cheia de fúria. "Você não sabe com quem está lidando!"
Alice lutou contra o medo e avançou com coragem renovada. O Chapeleiro Maluco, ao seu lado, fez o mesmo, atirando contra as cartas que tentavam atacá-los. As chamas da Rainha Vermelha começaram a se dissipar, mas a batalha estava longe de acabar.
Com cada movimento, Alice sentia a força da escuridão se aproximando. O destino do País das Maravilhas dependia de sua capacidade de enfrentar suas próprias sombras e lutar contra a tirania da Rainha Vermelha. Em meio à luta, ela sabia que a verdadeira batalha estava apenas começando.