7 Boys - When The Day Turns Into Night

Escrito por Tize | Revisado por Pepper

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   suspirou, abrindo a porta de casa. Aquele era um local escuro e vazio, preenchido pelo silêncio de uma pessoa só. Subiu as escadas até seu próprio quarto, carregando a sacola repleta de filmes alugados. Era um hábito, agora.
  Todos os dias, no caminho do trabalho para casa, ela parava na locadora para pegar alguns filmes. A insônia sempre a consumia, então ela decidira passar esse tempo desperdiçado fazendo algo prazeroso. Algo que sempre faziam juntos... Ou será que era tudo apenas fruto de sua imaginação? Ela não sabia dizer.
  A verdade é que ele era tão perfeito que poderia ter sido imaginado. Um garoto gentil, fofo, tímido e cheio de aegyos contidos. O cabelo castanho macio e lábios carnudos, além de olhos brilhantes e hipnotizantes. Onde ele estaria agora?
   acendeu a luz do quarto e sorriu, corando levemente, ao ver as fotos espalhadas pelas paredes. Ele mesmo tinha colocado-as ali. Uma a uma pregada com pregos ou fitas adesivas, quando começou a faltar material.
  – Assim vai parecer que eu nem estou longe. Vou ficar te observando e você também vai me ver. – ele explicava enquanto ajeitava a cadeira em uma posição favorável para grudar mais uma foto em cima da janela.
  Ela rira, achando-o doido. Mas esse era um grande charme de Jin. Ele tinha umas idéias engraçadas e fofas que sempre a faziam se sentir especial.
  – Você irá sentir minha falta do mesmo jeito, não é? – ele disse a encarando com os olhos pesados de sentimentos.
  Ela suspirou e virou, mostrando-lhe as costas.
  – Não tem problema. Faça o que tiver que fazer. Eu posso sobreviver sem você se for por um bom motivo. – ela disse com a voz controlada para não se deixar embargar pelo choro preso na garganta.
  Jin sorriu em silêncio, observando-a. tinha uma aparência rígida, carregando um semblante sério e uma expressão de durona. Mas ele sabia que debaixo dessa armadura fria havia uma pessoa delicada e extremamente frágil. E talvez por isso tenha se apaixonado por ela...
  E talvez também por isso tenha hesitado tanto em se decidir.
  – ... – ele a chamava docemente, fazendo-a se arrepiar. – , olhe para mim.
  A garota fungou e se virou novamente para encará-lo descendo da escada com cuidado. A última foto estava colocada em seu lugar.
  – Eu preciso que você seja forte. Por mim. – ele disse assim que parou em frente a ela.
   não sabia como reagir. Ela já havia passado por situações parecidas antes. Amigos, parentes, amores platônicos, todos indo embora e não sendo mais os mesmos, perdendo os laços criados com tanto sentimento e preocupação por muitos anos. Era uma situação traumatizante.
  – Olhe para mim. – ele dizia quando ela tentava se virar para ir embora. – Olhe para mim e me diga o que você realmente enxergar.
   sentiu as lágrimas saírem sem permissão.
  – Eu não sou como os outros. – ele continuou, passando os braços ao redor dos ombros e costas dela, trazendo-a para mais perto de si.
   escondeu o rosto no peito dele, envolvendo a sua cintura como se nunca mais fosse soltá-lo. Ficaram assim até ela conseguir controlar o choro, o que durou alguns minutos.
  – Você não pode largar seu sonho só por causa de uma garota bobona como eu. – ela disse constrangida, afastando-se dele e enxugando as lágrimas desesperada.
  Jin não conseguiu deixar de sorrir. Ela era muito fofa, mesmo tendo aquele tipo de jeito frio e emburrado.
  – Eu prometo que vou voltar logo. Ok? – ele disse dando um de seus melhores sorrisos fofos.
   sorriu de volta e assentiu. Nele ela poderia confiar. Plenamente. Porque ela sabia que Jin não era como as outras pessoas. Ele era diferente... Conheceram-se por acaso em uma festa. Era o destino. Aquele tipo de caso em que você é anti-social e tem amigos animados que em algum momento irão de obrigar a sair de casa e fazer algo diferente. Nem que seja por um dia apenas.
  Os dois estavam sentados lado a lado em um sofá, no meio de uma bagunça generalizada, enquanto pessoas dançavam, bebiam, pulavam, se agarravam, vomitavam, gritavam, cantavam...
  – Eu vou matar todos eles... – ela disse de repente em um tom de voz audível para aquele momento.
  – Eu também... – Jin falou inconscientemente.
  Os dois se entreolharam e riram.
  – Acho que você está na mesma situação que eu. – ele disse e ela assentiu um pouco corada.
  – Meus amigos me obrigaram a vir. Estava pensando em como me vingar. – ela disse dando de ombros e ele riu balançando a cabeça de maneira positiva.
  – Os meus fizeram o mesmo. Que tal uma vingança dupla? Isso seria memorável...
  E foi assim. Tão natural quanto respirar. Fizeram amizade rapidamente, mas não de maneira superficial. Os dois tinham pensamentos parecidos e um modo de encarar a vida que os obrigava a serem sinceros um com o outro. Mas o relacionamento se solidificou mesmo quase um ano após.
  Um dia insuportavelmente quente. já não sabia mais o que fazer para parar de suar tanto. Ela estava cogitando se enfiar dentro do freezer – já que o ar condicionado não estava vencendo – quando Jin apareceu tocando a campainha apressado.
  – Por favor, vamos tomar sorvete... – ele suplicou fazendo aegyo de uma maneira envergonhada e levemente forçada em frente à porta recém-aberta, logo em seguida se desequilibrando e caindo no chão.
   arregalou os olhos, preocupada.
  – Você se machucou? – ela perguntou.
  Ele ergue o polegar.
  – Estou bem. – disse constrangido.
   então riu.
  – Desculpa, mas foi um pouco... – ela se explicava enquanto ele se levantava e a encarava com uma expressão séria.
  – Tudo bem... Mas vamos tomar sorvete? – ele perguntou ainda envergonhado, tentando sair daquela situação.
   assentiu sorrindo. Os dois foram andando procurando o caminho com mais sombra.
  – Eu posso considerar isso como um encontro? – ele perguntou de repente, quando os dois estavam esperando o sinal para atravessarem a rua.
  Ela arregalou os olhos e sentiu as orelhas e bochechas arderem.
  – O-o q-que-e?! – ela gaguejou sem conseguir encará-lo.
  Jin simplesmente sorriu e entrelaçou própria mão com a dela, sem olhá-la diretamente. Ele também estava envergonhado.
  – Esse tipo de coisa só namorados fazem... – ela sussurrou quando o sinal permitiu eles atravessarem.
  – Então seja minha namorada. – ele disse olhando-a brevemente antes de puxá-la para o outro lado da rua.
   entrou em estado de choque. Sem conseguir dizer uma palavra, ou mesmo controlar seus movimentos. Ela estava sendo carregada pela onda de emoções que a atingia, sentindo seu corpo adormecer, sua mente entorpecer e seu coração acelerar.
  “Ele quer que eu seja a namorada dele!” sua mente ecoava. Jin simplesmente sorria como um bobo, as bochechas coradas e o coração saltitante, esperando ansioso por uma resposta positiva. Pelo menos sua parte ele já tinha feito. Agora era com ela.
  Entraram na sorveteria e logo foram escolher os sabores. Como ainda estava em transe, Jin cuidou de tudo. Afinal, ele sabia das preferências dela e isso era o tipo de coisa que ele amava.
  – Ahhhhhh! – ele disse empurrando a colher cheia de sorvete e calda contra a boca mole da garota.
  Já havia se passado cinco minutos e nada dela voltar ao normal. Jin estava começando a se preocupar.
  – , come, já vai derreter. – ele falou sem deixar de encará-la.
  Ela piscou algumas vezes, voltando a corar com intensidade. Balançou a cabeça, tentando voltar ao normal.
  – D-desculpa... – ela murmurou abaixando os olhos para o sorvete.
  Começou a comer sem nunca desviar os olhos da colher. Jin suspirou, um pouco agoniado.
  – Eu posso esperar o quanto for necessário por uma resposta. – ele disse e quase deixou a colher escorregar entre os dedos.
  – R-respost-ta... – ela balbuciava corada enquanto ele ria.
  Nem tinha pensado nisso. Era tudo muito confuso e novo. Ela sempre gostara muito dele, mas não sabia diferenciar o amor da amizade. Não nesse caso. Porque ele sempre a fizera bem, não de um jeito assustadoramente constrangedor como os meninos pelos quais já esteve apaixonada; era um jeito calmo e aconchegante, quase delicado. O jeito dele e apenas dele.
   não estava certa de que o amava a ponto de aceitar namorá-lo. Então por que ficara tão feliz quando ele lhe pedira isso? Ela não entendia. E se por acaso aceitasse e não conseguisse seguir em frente? Seria uma amizade perdida...
  – Desculpe. – ele disse a tirando do transe novamente. – Eu não deveria ter dito isso. Esquece.
  Ele voltou a atenção ao próprio sorvete e não soube como reagir. Precisava fazer algo. Precisava arriscar...
  – Eu aceito. – ela disse fechando os olhos com força e esperando uma reação impactante.
  – O quê? – ele perguntou a encarando com uma pitada de esperança nos olhos.
  – Vamos namorar. Se não der certo, porém, voltaremos a ser amigos como agora, ok? – ela disse e ele entreabriu os lábios, sem fala.
  Ela tinha aceitado. Ela seria sua namorada. Isso o deixava tão feliz que ele nem conseguia se expressar. Simplesmente sorriu de um jeito que fazia seus olhos brilharem e suas bochechas corarem. Naquele dia, quando eles estavam voltando para casa, a luz da tarde já estava sumindo numa mistura de laranja, vermelho e rosa no horizonte. Era uma bela visão, pena que Jin não enxergava mais nada a não ser ela. E vice-versa.
  Algumas semanas depois veio a notícia. Jin tinha uma banda com os amigos e aparentemente eles tinham conseguido um contrato com uma gravadora. Precisavam viajar pelo país fazendo shows e gravando, não tendo mais a vida normal de sempre, se afastando de familiares e amigos. Era a chance de suas carreiras decolarem.
  – Você precisa desse dinheiro. E seus amigos precisam de você na banda. Não desista agora. – dizia.
  Era uma noite que começava a esfriar. Os dois estavam deitados no chão da sala, rodeados de almofadas e cobertores, pipocas aqui e ali, vendo um filme qualquer.
  – Mas eu quero ficar com você. – ele disse e ela suspirou.
  – Eu não quero ser motivo de arrependimento para ninguém. – ela disse se sentando e cruzando as pernas.
  Jin bufou e imitou-a.
  – E você acha que eu não vou me arrepender de ter te deixado? – ele perguntou encarando-a.
   não respondeu. Seu maior desejo era que ele ficasse, mas ela não podia ser tão egoísta. Ele precisava ser independente. E ela também.
  – Vamos ficar bem. Eu te amo. – ela disse e o olhou.
  Jin sorriu docemente.
  – Eu te amo. – ele disse e então se aproximou dela, até seus lábios se tocarem.
  E agora já fazia três anos que ele tinha partido e ela tinha sido abandonada pelos pais. Ok, eles não a abandonaram. Ela que não quis se mudar com o resto da família, pois sabia que assim teria menos chances de reencontrá-lo. Ela esperaria pela volta dele. Mesmo que ele nunca voltasse.
  Mas ele voltaria. Um dia ele bateria na porta, usando um terno preto, o cabelo penteado para cima, óculos escuros. Ela abriria e sorriria enquanto ele tiraria os óculos lentamente para observá-la melhor. Então se abraçariam e se beijariam. Até que ele tivesse que voltar a trabalhar novamente em uma grande turnê. Mas aí ele já carregaria uma aliança em cujo interior estaria escrito: What I feel, you feel inside...
  Enquanto que ela usaria uma com: When the day turns into night.

FIM



Comentários da autora

  Nota da beta: Já que a Tize não se deu ao trabalho de fazer uma n/a (embora ela tenha tentado nos recadinhos HUE), vou aproveitar esse espaço pra dizer que:
  EU ACHO ESSA FANFIC UMA FOFURA EXTREMA E ACHO QUE SOU BIASED DO JIN SÓ POR CAUSA DISSO, FIM
  E também talvez por causa daquela foto lá que ela me mostrou. Mas eu nem sou biased dele *só estou perigosamente inclinada a ser e*