7 Boys - She Wants To Be Me
Escrito por Tize | Revisado por Pepper
Pensei em tentar me acalmar antes de abrir a porta do quarto de hospital, mas não aguentei. Entrei no aposento com pressa e não demorou muito para meus olhos encontrarem com os dela. Aquela maníaca...
– , no que você estava pensando?! – eu exclamei irritado, sem nem me importar em perguntar como ela se sentia.
Deitada na cama, ela me olhou com um beicinho.
– Perseguindo uma modelo e batendo o carro! Mas por quê?! – eu continuei, me aproximando para sentar em uma cadeira que estava logo ao lado dela.
– Eu sei... – ela murmurou com os olhos lacrimejando.
Suspirei. Eu não sei mais o que está acontecendo. Minha namorada é linda, mas... Eu não entendo como a mente dela funciona. Quero dizer... É normal a garota que você ama usar suas roupas sempre? Aprender a dançar e a fazer rap como você? E até adotar os mesmo hábitos?
– Nós precisamos conversar sério... – eu falei, mas acabei parando porque ela tinha começado a chorar.
Aish! Eu odeio quando ela chora. Um rosto tão bonito como o dela, que fazia meu estômago se encher de borboletas só com um sorriso ou olhar merecia ficar sempre alegre e não o contrário.
– Por favor, não chore, ... – eu disse carinhoso, sem saber se eu poderia tocá-la ou não.
Ela fungou demoradamente antes de me olhar daquela maneira que me fazia suspirar.
– Desculpa, Hoppie. – ela disse.
Aquela garota mexia muito comigo. Sem resisti, eu a abracei e dei-lhe um beijo na testa.
– Só não faça coisas que me deixe muito preocupado...
Ela riu contra meu pescoço, me fazendo sorrir. Eu já tinha esquecido o que me deixava irritado. Não importa realmente o que ela fazia em momentos assim...
Dois dias depois, ela já estava de alta. E novamente as coisas bizarras começaram a acontecer...
– Por que você não usa o seu uniforme?! – eu perguntei chocado.
Ela tinha aparecido de manhã cedo na minha casa, me acordando abrindo a cortina da janela e cantando uma de suas músicas favoritas em voz alta, só para se apoderar do meu uniforme logo depois.
– Usar saia é ruim de mais... – ela disse se olhando no espelho.
Eu era muito mais alto que ela, então as calças estavam sobrando e ela tinha dobrado as mangas da camisa.
– Mas então ponha um short por baixo! – eu falei como se fosse óbvio e tirei meu boné da cabeça dela. Quase tive um treco nessa hora. – VOCÊ CORTOU O CABELO?! QUANDO ISSO?!
Ela corou e ajeitou o pequeno topete que agora tinha.
– Ontem à noite eu estava entediada e resolvi mudar de visual. O que achou? Não é igualzinho ao seu? – ela disse animada e eu simplesmente me deixei cair sobre a cama.
– Eu não agüento isso... – lamentei colocando as mãos em meus olhos, tentando me acalmar.
– Hey, Hoppie... – ela sussurrou me cutucando enquanto se sentava ao meu lado na cama.
Tirei as mãos de cima dos meus olhos e a encarei.
– Onde é mesmo que você guarda suas máscaras? – ela perguntou sorrindo e eu gemi agoniado.
Essas coisas só acontecem comigo?
– , sério, o que você...? – eu comecei, mas não consegui continuar.
Ela estava desabotoando a camisa lentamente. Engoli a seco.
– O-o que... vo-você está fazendo? – eu disse tentando desviar os olhos em vão.
Ela me encarou com um meio sorriso.
– Você disse que não quer que eu use seu uniforme, então eu vou tirá-lo. – ela explicou, já indo para o terceiro botão.
– Para! – eu num impulso segurei as mãos dela.
Ela me encarou sem entender nada e eu apenas corei, desviando meu olhar para o chão.
– Não fica fazendo isso na minha frente assim... – eu falei e ela riu.
– Mas quando eu vesti isso aqui você estava de boa! – ela disse rindo.
– Eu estava dormindo, sua boba! – falei me afastando dela, ainda sem olhá-la.
– Mesmo assim, que diferença faz?
Ela estava doida, é? Tudo bem, ela invadiu meu quarto, se trocou aqui mesmo enquanto eu ainda estava roncando como uma pedra e só depois me acordou. Só que agora eu estava consciente e isso não era nada seguro.
– Deixa só eu sair primeiro. Vou tomar banho, quando voltar, quero meu uniforme. – eu disse e sai do quarto.
Estava tão atordoado e irritado que não consegui pensar direito. Só fui tomar banho e voltei para o quarto, vestindo uma toalha. Mas a retardada ainda estava lá.
– Por que...!? – eu resmunguei corando enquanto os olhos dela percorriam pelo meu corpo.
Ok, não que eu não goste dessa sensação, mas é que eu estava esperando a hora certa dela. Já havíamos tido uma conversa antes e eu precisava me controlar. Só que ela ultimamente tem dificultado as coisas para o meu lado. Para variar. Esse tipo de menina... Depois é estuprada e não sabe o motivo! Aish!
– Anda, deixa eu me trocar... – falei segurando a porta aberta para ela sair.
Ela andava devagar, hipnotizada, e eu sentia seus olhos quase me engolindo. Corei absurdamente, não conseguindo encará-la. Se eu tentasse olhá-la, não manteria mais meu autocontrole.
– Hoppie... – ela sussurrou quando estava parada a minha frente, pronta para sair.
– Hum? – eu murmurei, olhando para o chão, sentindo um desconforto enorme.
– Eu deixei o uniforme ali em cima da cama, ta? – ela disse e saiu correndo.
Fechei a porta imediatamente.
– Ah! Por que ela fica fazendo essas coisas? Tarada! – eu reclamei tapando meu rosto com as mãos. – Ok, J-Hope, vamos logo com isso...
Olhei para a cama e arfei. Ela tinha deixado um uniforme sim. Mas era o dela. CADÊ O MEU?!
– Por que está tão bravo, oppa? – ela falava enquanto andávamos lado a lado na escola.
Ela nunca me chamava de oppa. Só quando estava nervosa ou muito envergonhada. Continuei ignorando-a. Iria fazer aquele jogo frio até ela parar de ser tão... ela!
– Aish! Você precisa parar de ser tão estressado, oppa! Ir par à escola sem uniforme de vez em quando é bem saudável... – ela continuava e eu apenas olhei-a de lado.
Seria bem mais divertido se ela voltasse a ser a garota pela qual me apaixonei. No início, era tão fofa e meiga. Raramente brigávamos, e ela era uma verdadeira dama. Às vezes cozinhava e trazia para eu comer na hora do almoço. Ok, ela ainda faz esse tipo de coisa. Mas ela restringira o cardápio a miojo e ovo frito. Poxa, se eu quisesse comer isso, eu mesmo faria, já que são as únicas coisas que sei fazer!
– Já que você não quer andar comigo, eu vou te deixar sozinho. – ela disse e desapareceu da minha vista.
Suspirei. Não é que eu não a queira por perto. Eu apenas quero entender o que ela está fazendo para mudar tanto! Ou o que eu estou fazendo... Porque aparentemente é por minha culpa que ela está tão diferente. Geralmente as meninas tentam se moldar aos gostos dos namorados quando iniciam um relacionamento. Não, não. Ela não estava se baseando nos meus gostos.
Porque ela estava mais parecida comigo e eu não gosto muito de mim mesmo... Mais parecida comigo... Comigo? Parei de andar e arregalei os olhos. Sim! Como eu nunca tinha reparado nisso antes?! Ela estava me imitando! Usando minhas roupas, falando como eu costumo falar, o mesmo corte de cabelo...
– Ela quer ser eu! – exclamei no meio do corredor e todos me olharam atravessados.
Corei um pouco. Mas por que ela queria me ser? Suspirei mais uma vez e entrei na sala. Tinha que pensar em algo e conversar com ela...
– Hey! J-Hope! – ouvi Zelo me chamando.
Olhei-o ainda da porta e senti que minhas crises de dor de cabeça que há anos estavam curadas pudessem voltar. estava sentada no meu lugar. MEU LUGAR. E na mesma pose, inclusive. Ok... Isso está passando dos limites.
– Eu e a estávamos nos perguntando onde você estava. – Zelo disse sem reparar no meu humor.
– Vocês não são dessa sala. O que estão fazendo? – eu falei ríspido, encarando-a.
Ela parecia não se importar.
– Eu a encontrei no meio do corredor, acabamos conversando e quando eu vi já estávamos aqui. Acho que ela veio fazer uma surpresa, sei lá. – Zelo se explicou um pouco constrangido. – Bem, eu vou para a sala na frente. Te vejo depois, . Não se atrasa, se não o professor chega e aí já viu, neh?
Ela o observou se afastar com uma cara indiferente.
– Vamos. Eu não quero mais problemas por hoje. – eu falei cutucando-a com uma das mãos.
Ela me olhou sorrindo.
– Você voltou a falar comigo! – ela disse e eu corei com o aegyo que ela fez.
Aish! Como ela pode ser tão fofa, mesmo usando meu uniforme e com aquele cabelo tão curto?
– Vai logo para a sua sala, vai! – eu disse empurrando-a de leve.
– Arasoo! – ela disse ainda sorrindo. – Te vejo no intervalo, então!
Observei-a sair da sala saltitante, passando pelo professor na porta, que a olhou confuso. Dava para ver ele se questionando o que ela fazia ali e com um uniforme masculino. Essa menina...
Naquela mesma tarde decidimos ir ver um filme. Sim, eu não consigo ficar muito mal com ela. Além disso, precisávamos conversar.
– J-Hope, quando você me transformará em J-? – ela perguntou enquanto aguardávamos na fila para comprar os ingressos.
– Mas do que você está falando? – eu ri.
– Você sabe... Hoje de manhã, na sua casa... – ela começou e eu a interrompi colocando uma mão sobre a boca dela, sentindo minhas orelhas arderem.
– Yah! Não fique falando isso assim. É constrangedor. – eu falei.
Ficamos em silêncio desde então. O que ela queria dizer? Será que finalmente estava pronta para...? Comecei a assobiar e a olhar para qualquer coisa que não fosse ela. Só queria saber como ela conseguia me deixar daquele jeito, tão nervoso e feliz?
Compramos os ingressos e assistimos ao filme. Era um daqueles de comédia que não deixava ninguém sair sem chorar de tanto rir. Eu sempre a levava para ver esse tipo de filme, pois eu amava as risadas escandalosas que ela soltava, sem vergonha ou pudor. Aquilo me fascinava muito. Por sorte, eu também sou assim...
– O que vamos fazer agora? – ela perguntou assim que saímos de lá.
Suspirei pensativo. O que poderíamos fazer? Olhei-a, enquanto mordia o meu lábio inferior. Ela ainda estava usando o meu uniforme. Eu não tinha reparado antes, mas agora vê-la usando algo meu me deixava até que orgulhoso. Passa a impressão de que ela era minha. Ou estava querendo ser... Sim! Ela não queria me ser. Ela queria ser minha!
– Vamos lá para casa. – eu falei sem conter um sorriso.
me olhou um pouco surpresa, mas assentiu. Por sorte meus pais tinham empregos noturnos, então teríamos alguma privacidade. E meus irmãos já não moravam mais conosco. Tínhamos a casa todo apenas para nós. Preciso parar com isso, sério.
– Você está com fome? – perguntei quando entramos na sala e eu percebi o clima ficar um pouco tenso.
Ela apenas negou com a cabeça.
– Ok. Vamos jogar aquele jogo que você vive perdendo, já que você não está com fome. – eu disse puxando-a pela mão, indo em direção ao meu quarto.
– Yah! Como assim, eu vivo perdendo? Foram só duas vezes! – ela protestou e eu ri.
– E foram só duas vezes que o jogamos... – eu falei e ela me deu um tapinha.
– Você é mentiroso. Aish! – ela disse enquanto eu abri a porta do quarto e entrávamos.
– Tem certeza de que não quer comer nada? – eu perguntei olhando-a se sentar na cama.
– Está me achando magra, J-Hope? – ela indagou cruzando os braços.
Não, meu bem, é que eu fico preocupada de que te falte energia. ALGUÉM TIRE ESSES PENSAMENTOS PERVERTIDOS DE MIM! EU JURO QUE SOU INOCENTE!
– Talvez um pouco... – eu disse corando ao observá-la com mais cuidado.
Sim, eu já não estava mais me controlando. Mas isso foi bom, porque agora eu tinha reparado... Ela realmente estava mais magra!
– Você anda fazendo algum tipo de dieta ou o que? – perguntei me sentando na cama ao lado dela.
Não consegui deixar de sorrir quando a vi corar.
– Não... É só que... – ela balbuciou, me fazendo corar também.
Aish, ela era muito fofa, como não gostar dela?! Quando dei por mim, já estava beijando sua testa, bochecha, pescoço...
– O-Oppa? – ela disse nervosa e eu sorri contra a curva do seu pescoço.
– O quê? – falei e a senti estremecer levemente.
– O que você está fazendo?
Afastei-me um pouco para encará-la nos olhos. Waaah...
– Você é realmente bonita. – eu disse sorrindo como um bobo e ela corou absurdamente.
– Yah! Para com isso... – ela disse escondendo o rosto com as mãos.
Suspirei.
– Você não quer, não é? – eu falei dando a impressão de estar muito magoado.
Ela afastou alguns dedos para que pudesse me enxergar.
– Não é isso... – ela murmurou e eu me deitei na cama soltando um grande suspiro.
– Não é isso...? – eu repeti e suspirei novamente.
Ela se aconchegou ao meu lado, se deitando acanhada.
– Eu só... Estou um pouco envergonhada. – ela disse olhando para o teto, como eu fazia.
– Eu te amo, . – falei e então a olhei.
Ela estava paralisada, olhando para o teto ainda.
– Eu realmente gosto de você. Não importa se você fica mudando o cabelo ou usando minhas coisas. Eu te amo, mesmo você sendo um pouco doidinha. – eu continuei e ela me olhou com seus olhos grandes. – Eu só queria que você soubesse. Não precisa tentar se parecer comigo. Você sempre foi, é e será perfeita à sua maneira.
Eu limpei uma lágrima que caia solitária de um de seus olhos com um beijo e ela sorriu.
– Desculpa, mas é que... Eu acho que estou tão apaixonada por você, que acabei criando uma obsessão. E você nunca me disse uma coisa dessas antes... – ela disse sem conter mais as outras lágrimas.
A abracei com cuidado, aproximando bem nossos corpos.
– Eu te amo. Desculpa se nunca te disse isso antes... Mas eu realmente te amo. E vou repetir isso quantas vezes você quiser... – eu sussurrei no ouvido dela, sentindo-a se arrepiar.
– Oppa... – ela murmurou contra a pele do meu pescoço e eu fechei meus olhos. – Eu também te amo.
Afastei-me um pouco para encará-la. Ela ainda chorava um pouco, mas sorria como se fosse a pessoa mais afortunada da face da terra. Garota estúpida. Essa pessoa sou eu, não você!
– Então... – ela disse e eu entendi imediatamente o que ela queria dizer.
Sem deixar de sentir aquela velha sensação boa de borboletas no estômago, com o coração batendo forte em meu peito, eu me aproximei de seus lábios e nos beijamos. Ela seria minha J-. Para sempre.