31 Days
Escrito por Sarah Silva | Revisado por Mariana
Fazia exatamente um mês que ele havia me deixado. Quatro semanas que ele havia saído por aquela porta. Trinta e um dias que nós havíamos brigado.
Flashback on
- COVARDE! – Gritei com todas as forças e com todo o ar que havia nos meus pulmões e o empurrei pelo peitoral. – EU ODEIO VOCÊ! – Gritei novamente. Era mentira, mas era uma mentira que eu contava mais para mim do que para ele.
- Tente entender… - Ele começou. Mas que palhaçada.
- Tentar entender? – Disse em uma pergunta obvia e sárcastica. – O que há mais para entender?
- Foi sem querer.
- Foi sem querer? – Repeti o mesmo ato de alguns segundos atrás. Obvia e sárcastica. – Vai me dizer que você transou sem querer? Forjou o orgasmo também?
- Eu não quis…
- COVARDE! – Gritei de novo. – ASSUMA SEUS ATOS, ! VOCÊ NÃO É O REI DO BOM SENSO? PRÍNCIPE DAS VERDADES?
- Eu estava bêbado. – estremeceu e sentou no sofá.
- E a bebida te fez esquecer de mim? – Perguntei, queria uma resposta que fosse significativa, e que eu pudesse reconsiderar o seu ato. Mas sabia que não teria. – Te deu aminésia, foi isso?
- Eu só me dei conta de que havia feito merda quando acordei e vi que não era você.
- Ela ao menos era parecida comigo? – Eu desejava profundamente que fosse.
- Não.
- ENTÃO POR QUE RAIOS VOCÊ SÓ SE DEU CONTA DE QUE ELA NÃO ERA EU NO OUTRO DIA? – Ele se assustou com mais um de meus gritos e se encolheu. – ELA AO MENOS TRANSAVA BEM?
- Não tanto quanto você. – Ele me lançou um olhar cheio de intenções e se, eu não estivesse muito puta com ele, talvez levasse algo de mim.
- Se ela não era parecida comigo, não transava tão bem como eu… - Listei. – POR QUE VOCÊ ME TRAIU, PORRA?
- Calor do momento.
- Você está brincando com a minha cara?
- Não. – Será que ele só sabia responder “Não”?
- Olha, eu aceito tudo. – E realmente aceitava. – Aceito que os papparazzis não me deixem nem comprar pão sem uma pegunta como “Onde está ?” e eu realmente tenho vontade de dizer “Você sabe que ele está em Turnê, porra”, mas eu não digo. Aceito que suas fãs me odeiem na boa, que me mandem mil e uma ofenças pelo twitter, me mandando parar de fingir. Mas não as xingo, porque elas são SUAS fãs, e eu não posso prejudicar o seu trabalho. Mas se tem uma coisa que eu não aceito, . É a traição.
- O que você está querendo dizer?
- Acabou, .
- , não. Me perdoa, eu não quis…
- Pare de dizer que você não quis, você quis sim. – Ordenei. – Caso contrário não teria feito.
Flashback off
E ele foi embora, do meu apartamento, da minha vida. Menos do meu coração. Caminhei até a cozinha e abri o armário, dei de cara com xícara que ele alegava não viver sem. Pois é, , estava vivendo sem a xícara, sem mim. E eu sem você. Ignorei-a e peguei outra qualquer, servi a xícara de chá. Eramos opostos, ele gostava de café, mas eu só bebia chá. Eu não sabia nem lavar um arroz e, ele cozinhava para mim. Eu era imperfeita, mas ele era um cafajeste.
Flashback on
“Hey, baby, sou eu. E eu só queria te ligar e falar isso Eu te amo muito, muito, muito Sempre procurei fazer você saber que é minha princesa. E você merece todo o amor do mundo. Você é o amor da minha vida!”
Sorri, ele tinha deixado uma mensagem na minha caixa postal. A One Direction estava na Austrália e eu em Londres. Turnês interminaveis, e compromissos em outros países. Distância. Amor. Saudade. Estar apaixonada por um astro pop, grande bosta.
“Oi” – Disse crua ao ouvi-lo dizer alô do outro lado da linha. Na Austrália. Droga de oceano.
“Hey, amor” – Ele respondeu animado. – “Aconteceu alguma coisa?”
“Sinto sua falta, quando essa turnê acaba?” – Droga, parecia que eu estava reclamando do trabalho dele, de fato estava, mas não havia sido minha intenção.
“Eu também sinto sua falta, . Acaba em breve” – A voz de soava doce, e eu desejava mais que tudo estar na Austrália, no hotel com ele. Ou que ele estivesse aqui em Londres, no meu apartamento. Em qualquer um dos dois estariamos juntos, ele com uma mão no meu cabelo, e com a outra segurando um pedaço de pizza. Eu apoiaria minha cabeça no ombro dele e sentiria seu perfume. Droga de distância, droga de oceano que me empedia de sentir seu perfume e beijar seus lábios.
“Eu só queria que você estivesse aqui comigo pra vencer esses dias terrivelmente chatos”
“Logo logo, meu amor… logo logo”
“Semana passada eu falei com a sua mãe” – Lhe disse, achei que deveria saber. “Ela também sente sua falta, . Ligue para ela”
“Eu ligarei” – ‘Cinco minutos, ’. Ouvi ao fundo. - “Preciso ir”
“Eu amo você”
“Eu também amo você, ”
Flashback off
Percorri todo o caminho da cozinha até a pequena varanda, e com todo o caminho eu quero dizer a sala. Puxei a cortina e a porta de vidro da varanda que ela escondia, me coloquei para fora, era estreito, mas cabia. Estava ventando, e serenava um pouco. Eu estava com uma camiseta de , e tinha o cheiro dele, e me fazia lembrar dele.
Flashback on
- E-eu s-sou… - Suspirei, coração SE ACALMA, PORRA! – Eu sou virgem.
- Eu sei. – O filho da puta sorriu, caralho. Ele estava tirando com a minha cara?
- Oi? Como assim? – Questionei com o semblante sério. Como ele sabia? Eu nunca havia dito… A não ser que… filha da puta.
- Exatamente o que você está pensando. – Ele afrouxou os braços que estavam me envolvendo. – Ela me contou.
- Eu vou matá-la.
- Eu só queria dizer que não tem problema algum. – Agora ele estava sério. Como assim não havia problema, havia problema sim, eu tinha dezessete anos e era virgem. – Sabe, você ser virgem. Estou aqui para resolver seu problema.
- , você é imundo. – Ele riu. Eu ri da risada dele. Ele me beijou.
Flashback off
Há trinta e um dias atrás nós haviamos brigado porque ele transou com uma fã nos US. E há trinta e um dias ele havia dito que ela não transava tão bem quanto eu, o que me fez pensar que a garota era mesmo muito ruim de cama, porque eu não era o que se podia chamar de experiente no assunto.
Sai da varanda, realmente estava muito frio e estava começando a chover. Fui até a sala, nada tinha mudado. Ainda havia coisas dele ali, mas o que mais fazia falta não estava. Ele. Tinha uma escova de dentes dele no banheiro, um par de meias na minha gaveta, a xícara, e pelo menos umas duas camisetas no meu guarda-roupa. Me acomodei no sofá e abracei os joelhos. Droga, mesmo depois de ter me traído eu sentia falta daquele idiota.
flashback on
- Euamovocê.
- , querido. Respira e depois fala. – Aconselhei. Dei um gole no meu frapputino de Chocochip, ele havia me levado ao topo da London Eye para ficar falando em códigos?
- Eu. Amo. Você. – Ele disse pausadamente. Eu engasguei, o olhei com os olhos arregalados e uma expressão surpresa.
- Como é que é? – Perguntei quando consegui assimilar as palavras.
- Eu sei que é cedo pra falar as três palavras… Mas eu…
Eu o beijei. Pois é, selei meus lábios no dele no topo da London Eye, com uma mão em seu cabelo e com a outra segurando o precioso copo de frapputino. Eu odiava café, mas amava Starbucks. Seus lábios não eram doces, não eram salgados e nem nada do tipo. Eram apenas… diferentes. Senti sua língua adentrar a minha boca, e logo a minha já não estava dentro dela. Suas mãos estavam na minha cintura, seu toque. Seus dedos eram tão… tão… eles me arrepiavam.
- Eu amo você, .
De fato, não era cedo para as três palavras.
Flashback off
Droga, eu estava chorando. De novo. E pelos mesmos motivos. e a sua estranha mania de partir e consertar meu coração ao mesmo tempo. Tinhamos nos conhecidos em um pub. Ele estava aproveitando as férias e, eu estava tentando esquecer o fora que tinha levado. Desde então, e eu fomos vistos juntos, tem noção? Eu estava sendo vista com um famoso. O fandom da banda atacou, Perez Hilton atacou, SevenTeen, E!News, SugarScape até a VogueTeen atacou. Sempre havia matérias do tipo “ e possível namorada nova” E da noite para o dia, era o príncipe dos Tabloides, e Kim Kardashian passou a dividir o posto dela de Princesa dos Tabloides comigo, não tenho certeza se ela me odiou, as únicas vezes que nos vimos foram em premiações ou em desfiles, e nunca se quer comentou alguma coisa sobre o assunto, sinal de que eu não era tão importante assim. Quanto a , ele só dizia que eu era uma amiga, mas que era especial. E desde a London Eye e as três palavras eu fui anunciada públicamente namorada dele, e é lógico, as groupies não ficaram felizes.
Há trinta e um dias, eu era obrigada a conviver com a ausência dele. E com a saudade. E com as fofocas. “ é visto saindo de boate”, “ está solteiro”. Isso era pouco, ainda tinham as ameaças e ofenças, que eu imaginava que com o nosso término, iam diminuir. Estava completamente enganada:
@1DmyPrideL @ Só queria seus cinco minutinhos de fama não é? VADIA
@Ilov31D @ Espero que não volte com ele, ele merece alguém melhor. #StayStrongNiall
@OneErection @ Deve ter terminado com você é porque não é boa de cama!
@PayneConda @ Que não venha atrás do meu Liam
@JBe1D @> GORDA, VADIA, PUTA #Hates #IsBitch
Eu nunca twittei nada que difamasse, ou que ofendesse alguma fã de , aliás, eu não queria mais problemas com elas do que já tinha. Mas vou dizer que houve dias péssimos, daqueles em que você só tem vontade de xingar as pessoas e, se xingar por não ser boa o suficiente. Me lembro de que eu passei um dia – quase – inteiro na frente do espelho me perguntando o que havia de errado em mim. Tentei até parar de comer, emagreci uns sete quilos em dois meses, e mesmo assim eu ainda era chamada de gorda.
Me levantei do sofá, mais ainda estava chorando. Eu só queria que aquele imbecil desse algum sinal de vida, mesmo que tivesse pedido para que ele nunca mais me procurasse, eu já havia o perdoado, afinal eu ainda o amava. Sei que dizem “Quem ama perdoa” e “Quem ama não magoa”, eu particularmente, achava essas as frases mais clichês da face da terra. Ele dizia que me amava, mas tinha me magoado. Eu havia dito – também – que o amava, mas não havia o perdoado quando ele se desculpou.
A campainha havia tocado, e eu estava indo em direção a porta para atender quem fosse, parei e dei uma olhada no espelho pendurado na parede, eu estava horrível, o entregador provavelmente se assustaria e sentiria pena, mas eu não queria a pena de ninguém, muito menos a de um entregador. Pedi pizza pelos senguintes motivos. (a) Eu mal sabia fritar um ovo e, (b) Odiava o macarrão instantâneo de Londres. Mas, não era o entregador de pizza. Era ele.
- Eu sei que fui o cara mais idiota do mundo, e que eu merecia uma bela surra. Você é tão forte e independente, e eu sou um moleque. Sempre reclama quando eu quebro um copo, ou quando eu aumento demais a TV. Você odeia gatos e eu tenho três. Gosta de Yorkishires e, eu gosto de Terriers. Tem um fetiche pelo Danny Jones, mas não me trocaria por ele. – Ele disse e entrou no apartamento, pingando água no meu adoravel tapete do Bob Esponja. – Você me irrita quando enfia o pé gelado no meio das minhas pernas, e eu sei que te irrito quando deixo a toalha em cima da sua cama. Perde a linha quando falo de outras garotas, mas sabe que faço isso pra te deixar com ciumes e toda nervosinha, porque sabe como eu adoro te ver assim. – Ele sorriu e deu uma pausa, e meu sorriso provavelmente estava prestes a rasgar meu rosto. – Faz trinta e um dias que você me mandou embora e, nunca mais te procurar. Eu sinto sua falta, tô quase enlouquecendo sem nós dois, mas se você disser que não sente o mesmo eu prometo, eu saio por essa porta… - apontou para trás com o polegar. – E te deixo em paz, antes que você faça isso eu preciso dizer te dizer três palavras… - sorriu, agora sem mostrar os dentes. Eu sabia quais eram as palavras, e ele sabia que eu sabia. – Eu amo você.
Eu simplesmente me deixei cair em seus braços, eu o abracei, tão forte. Suas mãos estavam tremendo, mas ainda sim ele segurava a minha cintura com força, eu passei a mão pela curvatura de sua coluna e se arrepiou. Eu não queria sair dali nunca. Mas precisava beija-lo, precisava de seus lábios nos meus imediatamente. Fiz o que esperava a trinta e um dias, o beijei, com toda vontade e ternura do mundo. Seus lábios estavam gélidos, mas ainda sim sua língua estava quente.
- Eu amo você também. – Foram as últimas palavras que eu proliferi antes de que ele me levasse para o que voltava a ser o NOSSO quarto. E voltava a ser a NOSSA casa, já que ele vivia mais lá do que na própria casa. Ele tinha voltado. A NOSSA vida tinha voltado.
FIM