20 Years

Escrito por Li Santos | Editado por Natashia Kitamura

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Capítulo Único

Em homenagem aos 20 anos de FLOW! おめでとうございます!

  Tóquio, verão de 1992
  Residência dos Asakawa

  Apesar do intenso calor que faz na cidade, o jovem Kohshi está bastante agitando tocando sua guitarra imaginária com um guarda-chuva em mãos enquanto ouve sua banda favorita: a X Japan. O grande sonho da vida de Kohshi é se tornar tão famoso quanto seu ídolo, ele quer levar música e alegria para as pessoas assim como seu ídolo faz na vida dele e dos fãs. Ele está no final do Ensino Médio e sabe que teria um caminho longo para alcançar seu objetivo, mas isso parece fazer a vontade de Kohshi crescer mais e mais. A apresentação do jovem Asakawa é interrompida por seu irmão mais novo, quase dois anos, que adentra ao quarto.
  — Me empresta 100 iens, cara? — diz Take ao entrar no quarto, recebendo o olhar irritado de Kohshi.
  — Por que você nunca tem dinheiro se ganhamos a mesma mesada? — pergunta ele retoricamente. — Precisa economizar, Take! — ele dá a bronca, soltando o guarda-chuva no chão e caminhando até a escrivaninha onde sua carteira está.
  — Só hoje, bro, preciso comprar algo urgente — se defende o mais novo.
  — O que dessa vez?
  — Saiu meu mangá favorito, capítulo novo eu preciso ler agora! — anima-se ele.
  — E por que raios não guardou dinheiro se sabia que sairia o mangá novo? — Kohshi pega a carteira toda e põe no bolso da calça.
  — Ah, Kohshi, não me dê sermão. Apenas me dê o dinheiro, está bem? — Take estende a mão para o mais velho.
  — Eu vou com você — determina ele.
  — Ah, não! — lamenta-se. — Você vai ficar me regulando, prefiro ir sozinho — ele faz um beicinho.
  — Vamos logo! Eu também tenho que ir à banca.
  Dito isso, o mais passa por Take que retorce o rosto numa careta raivosa e frustrada, mas acaba cedendo e acompanhando o irmão. No caminho, eles passam pela casa do amigo deles, Keigo, que está na varanda da casa conversando com sua irmã mais nova, a , é um ano mais nova que ele também que hoje tem 15 anos. Os irmãos Hayashi parece não terem visto os Asakawa passar e continuam conversando animadamente, por estar com pressa, Take vai na frente quase correndo até a banca. Após alcançar o irmão, Kohshi observa algumas revistas da banca e começa a folear algumas. Uma delas chama atenção do mais velho que começa a ler e a se encantar com o que vê. É uma revista que vende instrumentos, o que mais chama a atenção dele são as guitarras, cada uma mais bonita que a outra. Decidido, Kohshi pega sua carteira e paga pela revista de instrumentos e pelo mangá do irmão, que nem repara na aquisição do mais velho.
  Kohshi faz o caminho de volta para casa com a cabeça fervilhando em ideias.

  Dias depois...
  Os irmãos estão foleando a revista de instrumentos pela vigésima vez, só naquela noite. Ambos estão no quarto de Take, pois Kohshi vai lá para mostrar uma guitarra que ele realmente havia gostado e quer comprar, mas não tem dinheiro suficiente em sua conta bancária. O mais novo dá a ideia de eles trabalharem em meio período para financiar a guitarra, Kohshi até gosta da ideia, mas ele tem uma melhor. Sem contar ao irmão, ele volta para seu quarto com uma ideia fixa na mente.
  No dia seguinte, o mais velho entra em contato com a revista e faz o pedido. Animado demais para ficar calado, ele acaba contando ao Take que finalmente havia comprado a guitarra que eles tanto gostaram e que chegaria na casa deles em alguns dias. No dia que a guitarra chega, a festa está instaurada na casa dos Asakawa.
  — Finalmente! — comemora Kohshi ao trazer o embrulho para dentro de casa, fechando a porta com um chute. — Take! Take! — ele grita pelo irmão e põe o pacote em cima da mesinha de centro na sala, analisando-o.
  — O que houve? — Take desce as escadas e logo vê o enorme pacote em cima da mesinha. — Não me diga que...
  — Chegou, cara! A guitarra chegou! — ele diz, empolgado. — Feliz aniversário, irmão!
  — Hã? — espanta-se Take, terminando de descer as escadas. — Ela é para mim? Eu achei que...
  — Meu presente para você para que fique fera e a gente monte uma banda. O que acha? — propõe o mais velho.
  — Cara... você é demais, Kohshi!
  Take dá um rápido abraço no irmão e desembrulha o pacote que contém sua guitarra nova. Ao terminar de abrir e pegar o instrumento em mãos, o mais novo sente uma emoção única, uma alegria inexplicável. Os irmãos Asakawa passam o restante do dia dedilhando notas aleatórias na guitarra nova. Kohshi também quer aprender, quer ajudar o irmão a compor músicas e assim poder formar a banda que tanto sonha. A aquisição nova é adquirida após Kohshi juntar boa parte de seu dinheiro com a ajuda do dinheiro do irmão, que não sabe – ainda – que o mais usou o dinheiro dele para comprar-lhe esse presente.
  Mais alguns dias se passam e Take já está melhorando, todas as tardes após o colégio ele pratica em sua guitarra incansavelmente. Em uma dessas tarde, Kohshi mostra uma música que havia escrito há alguns dias, após uma tarde que ele passou com os amigos na casa de Keigo.
  — Acha que a letra é boa? — questiona ele, receoso, para o irmão. Take ainda lê o papel e faz expressões diferentes a cada estrofe lida. — Fala alguma coisa, Take...
  — Você escreveu para a , acertei? — indaga o mais com o ar maroto, o que faz Kohshi se engasgar com o ar que respira e tossir um pouco. — Sabia... — Take ri com a reação dele.
  — Está óbvio assim? — diz o mais velho, preocupado.
  — Eu te conheço Kohshi, eu sei que foi escrito para a . É óbvio que você gosta dela — responde Take com o ar de sabe tudo.
  — Será que devo mostrar para ela?
  — Ainda não — diz. — Antes, é melhor colocar uma melodia em cima.
  — Oh, seria bom realmente — concorda Kohshi.
  — Já tenho algo em mente, mas tenho que praticar mais antes de te mostrar, ok?
  — Claro!
  — Será minha forma de te agradecer por ter usado o meu dinheiro para comprar a minha guitarra — zomba ele que já sabe sobre a artimanha do irmão. Eles riem com o comentário.
  — Eu usei parte do meu dinheiro também e até já consegui comprar a minha guitarra — diz, em defesa de si próprio.
  — Seu pilantra — Take ri e volta a ler o papel. — Se a não for apaixonada por você, como eu acho que é, certamente ela ficará, irmão.
  Kohshi não diz nada, apenas sente o rosto corar ficando envergonhado de repente. , por ter a mesma idade de Take, é da mesma classe que ele, e por serem todos amigos, estão sempre se vendo e indo na casa um do outro. Mas, mesmo assim, Kohshi nunca ficou tanto tempo à sós com a jovem como nesse dia que o inspirou para escrever a música. Naquela tarde, eles resolveram levar a guitarra nova dos irmãos – Kohshi ainda não havia comprado a dele – para mostrar aos irmãos Hayashi. A agradável tarde foi regada com muita música, risadas e uma longa conversa paralela entre Kohshi e que descobriram muitas coisas um do outro.
  O coração do Asakawa mais velho se encheu ainda mais de amor.

  Tóquio, 1993
  A banda formada por Kohshi e Take ganha mais um integrante e um nome. O novo baterista é vizinho dos jovens e agora se chama WYBURN. Eles fazem sua primeira apresentação oficialmente como uma banda em uma das inúmeras casas de show da cidade. Keigo está presenta na plateia, os olhos de Kohshi procuram durante toda a apresentação pela figura da Hayashi mais nova, mas não a vê.
  — Ela anda muito ocupada e focada nos estudos. Quer estudar em Yokohama, na universidade de lá — explica Keigo, após o show.
  — Ah... tão longe assim? — diz Kohshi com o ar triste.
  — Também achei, até falei para ela tentar a faculdade de Tóquio mesmo, mas ela quer estudar lá — lamenta-se Keigo. — Papai está bem chateado com isso.
  — Oh, imagino — diz Kohshi e completa: — Diga que eu desejo boa sorte para ela, por favor.
  — Valeu, cara!
  Keigo e Kohshi já concluíram o ensino médio e não pensam em fazer uma faculdade por enquanto. Take e estão no último ano, enquanto a Hayashi foca em seus estudos, o Asakawa mais novo só pensa em deslanchar na carreira de músico. E ele não está errado.
  Meses se passam e eles ficam bastante famosos em uma das melhores casas de show da cidade, a Potato House, longe dali ninguém os conhece, mas, quando pisam na propriedade, são os reis. Todo fim de show eles têm que tocam mais músicas além do esperado, pois ameaçam quebrar o local caso não haja mais show deles. Um verdadeiro caos de fanatismo.
  Vendo o sucesso da banda, Kohshi e Take, que não contam mais com um baterista fixo, passam a fazer lives semanais em suas redes sociais em busca de um segundo vocalista. Uma opção que surge é o nome de Keigo, mas Kohshi não sabe se é do interesse do jovem em cantar com eles.
  — Oh, olá Kohshi! — diz a senhora Hayashi, ao abrir a porta e ver o jovem Asakawa parado ali.
  — Olá, senhora Hayashi — ele se curva, cumprimentando a mulher e sorri. — O Keigo está?
  — Não, querido, ele saiu para comprar uma coisa para mim. Quem está aí é a , está arrumando as coisas dela para a viagem — informa ela e Kohshi sente um nó em sua garganta.
  — Viagem?
  — Não está sabendo? passou na faculdade de Yokohama. Ela viaja semana que vem — diz a mulher. — Por que não entra e vai falar com ela? Pode subir, querido, você já é de casa.
  Ela dá passagem para que ele entre e Kohshi não sabe se deve realmente entrar. Seu coração não sabe como reagir, nunca pensou de fato na possibilidade real da partida da para outra cidade. Após seu breve conflito interno, o jovem entra na casa e sobe as escadas devagar sentindo seu corpo ficar pesado de repente. Ao se aproximar na porta do quarto de , antes de bater na porta, ela sente a presença de mais alguém ali e se vira na direção dele.
  — Kohshi? — indaga ela e sorri ao ver o rapaz.
  — Oi — Kohshi sorri de volta, tímido e ajeita os cabelos.
  — Keigo não está — avisa .
  — Eu sei, a... a sua mãe me disse — diz ele, sem jeito. — Ela me disse também que você vai para Yokohama semana que vem — conclui ele, olhando para os lados, evitando o olhar dela.
  — Ah, sim, eu passei na faculdade de lá.
  — Parabéns, — reunindo forças, ele a encara e dá o seu melhor sorriso.
  — Obrigada, Kohshi!
  — Quer ajuda? — oferece ele, vendo que o chão do quarto dela está uma bagunça e cheio de roupas e livros espalhados.
  — Ah, já estou terminando.
  — Não parece — ele ri levemente e o acompanha.
  — Me ajuda a guardar esses livros, então.
  Ele entra no quarto e senta-se no chão, começando a pegar alguns livros da pilha e limpá-los com um pano. Enquanto faz isso, eles começam a conversar, mas não comentam sobre o fato de ficarão longe por cinco anos, que é o tempo do curso da escolha de . Kohshi não quer pensar nisso, ele mal consegue olhar para a jovem Hayashi sem sentir vontade de chorar, já sentindo saudades dela.
  Duas horas depois, eles terminaram tudo, nesse meio tempo o Keigo chega e arrasta o amigo para seu quarto.
  Depois desse dia, Kohshi não a vê mais.

  Tóquio, 1998
  A banda formada pelos irmãos Asakawa faz extremo sucesso pelos pubs da cidade. Eles agora são uma banda independente e se chamam Pinking. Durante esse tempo, Keigo, que é melhor amigos deles, frequenta todos os shows e sabe todas as músicas. Ele trabalha em um restaurante como assistente de cozinha e sempre que pode vai aos shows e ensaios para apoiar os irmãos Asakawa.
  Hoje é um dia importante para Keigo, pois sua irmã está de volta à Tóquio após cinco anos e ele logo a arrasta para ir a um dos shows da Pinking, sem avisar aos amigos da chegada da irmã. Do palco, assim que a vê ao lado do amigo, Kohshi sente o corpo gelar. está ainda mais bonita. Agora ela está com 21 anos e todo o amor que Kohshi sente por ela volta a lhe inundar e o faz quase desmaiar no palco, mas ele aguenta firme, iniciando o show.
  Alguns minutos se passam e Keigo sobe no palco, muito empolgado com a vibe do show e toma o microfone reserva que está na frente do Take e começa a cantar junto com o Kohshi. A sensação que ele sente é incrível e quase inexplicável. Uma energia única que o rapaz quer definitivamente sentir novamente.
  No caminho para casa, os irmãos Hayashi conversam sobre essa sensação e o incentiva a continuar cantando.
  — Você tem talento, irmão — comenta ela.
  — Papai odiaria se eu começasse a cantar numa banda — diz Keigo, coçando a nuca.
  — Acho que você deveria seguir o seu desejo pessoal, maninho. Não ligue muito para o que vão achar, ainda mais o papai — diz , risonha e aperta o braço do irmão. — Lhe dou o maior apoio.
  — Acha que eu tenho mesmo talento?
  — Claro que tem, seu bobo!
  Eles riem, cúmplices e continuam o caminho de volta para casa.

  Dois meses depois acontece outro evento na cidade e a Pinking é convida para tocar. É nesse evento que Kohshi e Take ouvem a pergunta que os fazem enxergar a banda com outros olhos.
  — Por que vocês não se tornam mais originais? Param de fazer tantos covers e passam a tocar músicas autorais? Deveriam tentar.
  O comentário deve amigo os fazem virar a chavinha para uma nova era na banda. Assim que chegam em casa, compõem juntos 15 músicas, muitas delas envolvendo HIP HOP, ritmo que faz a mente de Kohshi quase explodir de alegria. E não é que ele é bom nisso?
  No dia seguinte, o Asakawa mais velho acorda empolgado para contar ao Keigo tudo que escreveu junto com o irmão na tarde anterior. Antes mesmo dele ir até sua casa para tal, ele recebe uma ligação da irmã do amigo.
  — Oi, ! Tenho novidades... — ele começa a ligação bastante empolgado, mas a jovem o interrompe.
  — Kohshi! Me ajuda, por favor — a voz aflita dela o faz desmanchar seu sorriso.
  — O que houve, ?
  — O Keigo... ele sofreu um acidente de carro — anuncia ela com a voz trêmula.
  — O que? E... e aonde você está? E ele? Você está bem? — pergunta ele, aflito.
  — Eu estou em casa, papai e mamãe estão viajando e eu não sei o que fazer, me ajuda, Kohshi!
  — Calma, , eu estou indo para aí, ok?
  A jovem murmura um “sim” do outro lado e Kohshi desliga a ligação, indo diretamente para a casa de Keigo, onde está. Ao chegar lá, ela o abraça forte e conta que recebeu uma ligação do hospital dizendo que o irmão tinha sido internado após um acidente de carro, mas que está bem. Nervosa, ela não pensou em mais ninguém para ligar a não ser Kohshi. Eles vão juntos ao hospital e, chegando lá, são avisados que Keigo tinha quebrado algumas vértebras, mas que está consciente e já instalado no quarto.
  — Meu irmão! — diz a jovem assim que entra no quarto onde Keigo está e corre para abraçar ele.
  — ... — Keigo põe seu braço livro nas costas da irmã, seu outro braço está preso ao cateter por onde passa o analgésico indo direto para suas veias. — Kohshi... — diz ele ao ver o amigo se aproximar.
  — Você está bem, cara? — questiona ele.
  — Com um pouco de dor, mas estou bem. Obrigado por vir — agradece ele, sorrindo.
  — O que aconteceu, seu irresponsável?! — dá uma tapinha no irmão que geme de dor.
  — Ai, ! Calma, eu não tive culpa. O instrutor perdeu o controle do carro e capotamos — diz ele referindo-se ao instrutor de direção com quem está tomando aulas para aprender a dirigir.
  — Nunca mais faça isso! — ela volta a brigar. — Eu quase morri de preocupação, Keigo!
  — Me desculpe, irmãzinha, eu não quis te preocupar — solidariza ele e a abraça novamente. — Sua bobinha, tudo você chora.
  — Não me faça chorar, idiota!
  Kohshi sorri de leve e eles ficam mais um tempinho ali até o médico pedir para deixarem Keigo descansar. No dia seguinte ele recebe alta do hospital e continua seu tratamento em casa. O que mais chateia Keigo é não poder ir aos shows da Pinking que, após Kohshi ouvir de outro amigo que o som deles “fluía muito bem”, resolve mudar o nome da banda para FLOW.

  Tóquio, 1999
  Residência dos Hayashi

  Keigo está jogado no sofá da sala de casa, ao seu lado sua irmã . ambos veem televisão. De repente, o telefone toca.
  — É para você, Kei — diz a mais nova, sem ao menos atender a ligação.
  — Como sabe? Virou adivinha agora? — zomba ele sem tirar os olhos da TV.
  — Eu sei que é para você — diz ela, simplesmente e atende a ligação. — Alô? Ah, oi... só um minuto — ela estende o aparelho para o irmão. — Para você, maninho.
  — Quem é? — ele diz, desconfiado.
  — Atende que você vai saber, Keigo! — ele revira o olhar e atende a chamada.
  — Alô?
  — Parabéns! Você foi escolhido para ser o novo vocalista do FLOW! — Kohshi tenta disfarçar sua voz, mas logo é reconhecido por Keigo que encara um ponto aleatório da sala, atônico com a fala do amigo.
  Ele leva alguns segundos e diz:
  — Ahn... Obrigado! — ele desliga.
  — Por que desligou? Seu bobo! — ri da cara espantada que o irmão faz e senta ao lado dele.
  — Não sei... eu sou o vocalista do Flow agora? — pergunta ele, olhando para a irmã.
  — Parece que sim, né? Está feliz?
  — Muito!
  Não demora para a Flow gravar sua primeira demo, já com Keigo como vocalista. Como esperado por ele, seu pai não fica muito feliz com a notícia, mas logo aceita que o filho tem realmente talento para cantar e o incentiva. Essa parte o surpreende bastante, mas fica agradecido pelo apoio do pai. Na primeira apresentação da Flow, Keigo está bastante nervoso, mas está lá para lhe dar apoio. Após o show tudo ocorre bem e o público adora a chegada do novo vocalista.
  Quase no fim do ano, Kohshi convida um rapaz chamado Got’s, que conheceu alguns dias antes, para ser baixista da banda.
  — Fazer parte de uma banda parece ser realmente fantástico.
  É a resposta dele ao convite de Kohshi. Agora banda tem quatro integrantes oficiais e correm para gravarem mais demos para o próximo show, eles distribuem várias cópias para as pessoas que chegam à casa de show.
  Antes da apresentação, Kohshi decide finalmente dizer a verdade para e a chama num canto do camarim.
  — Queria falar comigo, Kohshi? — diz ela, encarando o rapaz.
  — Sim, eu preciso lhe confessar algo, .
  — Pode dizer...
  — Eu te amo — ele diz, de supetão, surpreendendo a moça.
  — Hã? — Kohshi segura as mãos dela e a encara.
  — Eu amo você, — o olhar sincero dela a faz sentir-se bem e um sentimento é despertado dentro dela.
  — Koh... — sussurra ela, sentindo-se ofegante.
  — Eu sempre... — ele engole em segue e prossegue: — eu sempre te amei, desde que éramos adolescentes e...
   não o deixa concluir a frase, ela puxa os braços de Kohshi para mais perto dela e o beija nos lábios. Um beijo inocente, mas cheio de amor envolvido. Os outros integrantes da Flow encaram a cena não tão surpresos, pois já haviam notados a troca de olhares de ambos e se perguntavam quando que eles iam se declarar finalmente.
  — Eu aceito — ela diz, após o beijo.
  — Hã?
  — Se vai me pedir em namoro, eu aceito — ele sorri e a encara.
  — Quer namorar comigo, Hayashi?
  — Quero, Kohshi Asakawa, claro que eu quero!
  Mais um beijo. Mais um, entre muitos que ainda viriam.

  Tóquio, 2000

  O namoro entre Kohshi e está mais firme do que nunca. A Flow também está mais sólida como banda, tanto que Got’s os inscreve para se apresentarem no fim do ano na Velfarre, uma famosa casa de show da cidade.
  Kohshi e Got’s passeiam pelo centro de Shibuya em busca de uma lanchonete para almoçarem. Ao acharem, eles entram e fazem o pedido ao atendente que logo chama a atenção dos dois pela quantidade de tatuagens que tem. O pedido deles chega e eles comem, ainda de olho no atendente, antes de irem embora eles puxam conversa com o rapaz e descobrem que ele é baterista. O convite logo é feito e Iwasaki aceita ser baterista da Flow.
  Entre junho e julho são marcadas mais apresentações, porém o Iwasaki não aparece nos ensaios, fato que deixa os demais membros muito irritados.
  — Já é a terceira vez só esse mês — comenta Take, irritado e andando de um lado a outro do estúdio.
  — Calma, tenho certeza de que ele está a caminho — tenta apartar.
  — Pois eu acho que não — diz Kohshi e senta-se no chão ao lado da namorada. — Ele não vai vir, amor — ele dá um selinho nela e olha para o irmão que está bem aflito.
  — Como vamos fazer?
  — Nossa apresentação é em três semanas, caras! Precisamos ensaiar e temos pouco tempo — conclui Keigo.
  — Vamos ligar para o Iwasaki — diz Kohshi.
  — Eu não quero nem falar com ele, estou muito puto — afirma Take, bufando.
  — Nem eu — reforça Keigo.
  — Eu ligo — diz e todos a encaram. — Eu digo para ele que vocês precisam conversar seriamente.
  — Você é tão fofa, amor — Kohshi segura o rosto dela e dá um longo beijo em sua bochecha.
  — Hey, menos empolgação, Asakawa — alerta Keigo, ciumento.
  — Não seja ciumento, Keigo — diz a mais nova rindo do ciúme do irmão.
  — Já deveria estar acostumado — diz Kohshi dando de ombros e continua beijando o rosto de , que sente cócegas e começa a rir. — Fofa!!!
  Depois de sair dos beijos do namorado, liga para Iwasaki e diz que os rapazes precisam falar com ele urgente. Mais tarde, na casa da Keigo, eles fazem uma reunião e nela é decidido o futuro da banda. E a decisão é simples: Iwasaki pede perdão pelas faltas e diz que quer continuar sendo baterista da Flow e quer ajudar a banda a subir na carreira. Sendo assim, eles passam a ensaiar todo dia para a apresentação na Velfarre que é um grande sucesso.
  Antes do fim da apresentação, Kohshi surpreende a todos com uma declaração para sua namorada que está no backstage atrás do palco acompanhando tudo.
  Junto com a declaração, veio o pedido:
  — , Hayashi, quer ser minha esposa?
  Todos se surpreendem com o pedido dele, ainda mais e começa a chorar de emoção enquanto corre e pula nos braços dele gritando para todos ouvirem sua resposta positiva ao pedido. A vida de Kohshi não pode estar mais feliz: aceita seu pedido de casamento e sua banda grava o primeiro tape original com seis músicas inéditas.
  A vida só reserva coisas boas para a banda e para ele.

  Tóquio, 2022
  20 anos de Flow

  O marco na carreia da banda é alcançado neste ano, junto com ele a comemoração de 20 anos de casamento entre Kohshi e que agora estão com 44 e 43 anos, respectivamente. Seus filhos, Hayato que tem 16 anos, Hero que tem 14 e Sayuri com 11 anos, também estão no camarim do show de comemoração de aniversário da banda. Keigo e sua família também estão lá, juntamente com as famílias dos demais membros, todos tão felizes quanto estavam no primeiro show oficial da banda há 20 anos.
  — Você está linda, amor — comenta Kohshi dando um beijo em que sorri envergonhada.
  — Você sempre diz isso — ela diz e completa: — Está nervoso?
  — Eu estava mais nervoso no dia do nosso casamento — comenta ele.
  — E você quase desmaiou — relembra ela, rindo.
  — Não me lembre disso, amor — Kohshi fica rubro de vergonha e dá mais um beijo na esposa.
  — Continua sendo um fofo, meu maridão — ela aperta as bochechas dele.
  — Eca, mamãe! — dispara Hero ao se aproximar. — Por que está sendo fofa com o papai? — ele faz uma expressão enojada.
  — Hero! — exclama , envergonhada.
  — Quando tiver um amor, você também será assim, meu filho — diz Kohshi e ri.
  — Espero que não — conclui o garoto e se afasta dos pais.
  — Se ele puxar realmente a você, ele será pior que isso — diz referindo-se ao Kohshi.
  — Você me inspira a ser sempre melhor a cada dia, meu amor.
  — Awn! — eles se beijam mais uma vez, ainda muito apaixonados.
  Keigo interrompe brevemente o momento deles para discursar antes de subirem ao palco. Ele diz sobre o orgulho que sente em poder subir ao palco mais uma vez com os amigos, os irmãos que a música lhe deu. Fala dos filhos e sobrinhos e de sua esposa que está grávida de sete meses do segundo filho do casal. Emocionado, Keigo conclui seu discurso dizendo que deseja uma vida longa à banda e que quer continuar deixando a música fluir deles para os fãs espalhados pelo mundo.
  Ao fim, todos se abraçam e dizem a plenos pulmões o grito de guerra da banda antes de subir ao palco.
  — F – L – O – W!!!

"Você pode voar Agora é a hora de pular
Você pode mostrar lágrimas de vez em quando
Vamos começar a caminhar juntos
Suas lágrimas se transformam em estrelas
Nos iluminará"
- Who Needs Baby, FLOW

Fim



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