1-800-HOT-GUYS

Escrito por Jessie O. & Steph | Revisado por Mariana

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   despertou preguiçosamente naquela manhã, sentiu o calor do sol queimar levemente o braço descoberto. Esticou-se por baixo dos lençois antes de acordar de verdade abrindo os olhos não podendo ver nada além do breu. Todos os dias e noites de sua vida se resumiam a mais densa escuridão imaginável. Procurou com as mãos pelo celular sobre o criado mudo e com o comando de voz “Bom dia, Charlie” ouviu o aparelho anunciar: “Bom dia, . São sete e quarenta e três da manhã em São Francisco”. Sentou-se na cama e espreguiçou mais uma vez ficando de pé e em seguida caminhando até a cozinha. Optou por fazer um café bem forte para afastar de vez o sono.
  Tateou o balcão encontrando o controle da TV e ligou o aparelho. Ouviu a voz de uma jornalista anunciar:
  “Hoje à noite acontecerá a grande festa que marcará a pré-estreia de ‘Passengers’, o novo filme hollywoodiano, baseado no best-seller de mesmo nome, da jovem escritora , que é deficiente visual...”
  Antes mesmo que a matéria fosse concluída ela desligou a TV. Odiava esse tipo de notícia, “Escritora deficiente visual”, e daí que ela era cega? Precisavam anunciar isso toda vez que pronunciassem seu nome? Que merda! Há vinte e sete anos, passara por um processo chamado pelos médicos de hipóxia neonatal que, traduzindo, significava que ela teve falta de oxigenação durante o parto. Isso causou um dano em seu nervo ocular, a condenando à uma vida na total ausência de luz. No entanto, contrariando todas as expectativas da sociedade, sempre fora uma pessoa bem resolvida. Não se tornara uma vítima da injustiça que era sua deficiência. Em seu primeiro dia na escola, quando um coleguinha começou a zombar sua cegueira, calmamente esperou até que o riso cessasse para que logo em seguida iniciasse um discurso humilhante. Discurso este que terminou em lágrimas do garotinho que prosseguiu para o banheiro na tentativa de se esconder.
  Não foi difícil para ela conquistar um séquito de amigos-seguidores a partir daí, o que potencializou sua personalidade autoritária e sua habilidade com as palavras. Ainda na escola, fez parte do grêmio estudantil, deu aulas de reforço para alunos com dificuldades em diversas matérias, foi oradora e presidente de sua turma no ensino médio. No ensino superior não foi nada diferente. Dentro do campus da faculdade mais difícil do país, em Cambridge, ela sempre esteve dentre os destaques no mundo acadêmico e social. Não era pra menos que seu nome estava gravado na história de Harvard junto à diversos ex-presidentes e figuras importantes do país. Obviamente houveram alguns membros de irmandades e fraternidades que tentaram a excluir, mas nenhum destes foi forte o suficiente para ofuscar o brilho de . Além de inteligente, carismática e generosa, também era bonita. Não havia pessoa alguma que conversasse com esta por cinco minutos e não ficasse simplesmente encantada. Aos vinte e três anos, recém graduada, ela lançou seu primeiro best-seller “Would?” que contava a história de superação de um garoto criado nas ruas que se tornara um dos representantes mais influentes das Nações Unidas. Dois anos depois seu segundo sucesso chegava às prateleiras, “Gravity”, uma envolvente trilogia de ficção científica que já fazia os livros serem considerados os novos 2001 e também se tornou o primeiro trabalho de a ser adaptado para as telonas. O livro no qual Passengers foi inspirado, de mesmo título, contava uma intrigante história de mistério na era vitoriana.
  Seu sucesso profissional fazia com que sua agenda estivesse sempre cheia, mas isso não era motivo para que ela não se divertisse. Pelo contrário, se divertia e muito. Cercada de amigos, deixava para trás um rastro discreto, ainda que longo, de romances mal acabados. Bem, mal acabados não era exatamente a expressão certa. Talvez eles nem devessem ser chamados de romances, eram paixões de uma noite só, ela não tinha espaço e nem vontade o suficiente para se manter com uma só pessoa àquela altura do campeonato. Havia quebrado diversas barreiras, mas sabia que estas eram apenas a ponta do iceberg. Planejava mostrar ao mundo o quão capaz eram as pessoas julgadas como ‘deficientes’, talvez até faria algumas palestras encorajando-as e, quem sabe então, se sentaria para pensar em construir algo mais duradouro com alguém que valesse à pena.
  Passou a mão pelo vestido justo sentindo a diferença nas texturas do tecido ao longo deste. Acima da cintura ele era rendado, de uma forma descrita por sua assistente como ‘sensual’, e no restante era um pouco mais comportado. Ainda assim abraçava suas curvas de modo a valorizá-las. Tessa, sua assistente e amiga, a descreveu como um anjo dourado ao que ela colocou o vestido pela primeira vez. Aquilo foi o suficiente para a convencer a levá-lo. Era assinado por um designer famoso, cujo nome ela não se importou em memorizar, aquela era a parte mais chata da fama. Ter que se vestir com assinaturas cobiçadas, a fim de não ser julgada como ‘brega’ e massacrada no Fashion Police. sinceramente preferiria ter ido à uma Lord and Taylor’s qualquer para comprar a droga da roupa, porém ela sabia que aqueles pequenos detalhes insuportáveis eram consequências de sua competência como autora. Seu cabelo longo estava partido de lado e fora jogado por cima de um dos ombros, os brincos de pérolas davam o ar de delicadeza necessários e o batom vermelho era o toque final.
  Podia ouvir os vários ‘clicks’ que denunciavam os diversos fotógrafos estrategicamente posicionados na entrada principal do local. Sabia que estava bonita, confiava no gosto de Tessa e tinha sido elogiada pelo porteiro do prédio e também pelo motorista, então desceu do veículo sorridente e confiante. Parou alguns minutos para que mais fotos fossem tiradas. Seus tímpanos reclamaram ao ouvir os gritos agudos de um grupo de mulheres logo atrás de si. Não conseguiu identificar o nome, mas sabia que algum ator provavelmente bonito e gostoso acabara de chegar. Sentiu o ar se deslocar, como acontecia ao que alguém se aproximava, e logo em seguida ouviu uma forte e grave ao que o homem se apresentou.
  - Senhorita , muito prazer. Keanu Reeves. – Ke o quê? Que raio de nome era aquele? Não era muito familiarizada com o cinema, muito menos com filmes de décadas mais recentes, preferia os livros e a música. Portanto, não conseguia se lembrar de maneira alguma de algum ator com aquele nome... exótico.
  - Olá. Er, bem, me desculpe, mas não sei se conseguirei pronunciar seu nome corretamente. Muito prazer, por favor, me chame de .
  - Certo, , e é Keanu. Key-ah-nu, mas você pode me chamar de John se preferir. É o nome do seu personagem que eu interpreto no filme.
  - Oh, Key-ah-nu, então você é o John! – sorriu – Espero que tenha feito um bom trabalho. Tenho um carinho especial por ele.
  - Creio que fiz o meu melhor, vamos entrar? – assentiu com a cabeça e ficou levemente agradecida por ele não ter oferecido ajuda. Cavalheiramente, apenas colocou a mão em suas costas, na altura da cintura, e ela soube por onde seguir até chegar ao salão. Foram cumprimentados por mais uma dúzia de pessoas até ouvirem uma voz particularmente fanha gritar por ela.
  - querida! Você chegou! – sentiu uma mão em seu braço – E veio muitíssimo bem acompanhada. Keanu, querido, finalmente se apaixonou! – gargalhou ao ouvir as palavras da mulher. Stella Harper era uma das herdeiras da editora que a lançou no mundo, então foi preciso que estivesse na presença da velha mais vezes do que julgava ser necessário. A mulher, que provavelmente poderia ser sua mãe, era uma das solteironas que mais gerava fofocas no mundo dos famosos. Seu comportamento egoísta, esnobe e simplesmente irritante a impediam de arrumar um parceiro. Não existia homem no mundo que a aguentasse. Para o bem de sua sanidade, se via obrigada a conversar com ela vez ou outra, querendo atirar em si própria enquanto o fazia. Detestava sua presença. Ouviu o homem abafar um riso antes de respondê-la.
  - Stella, não seja indelicada, e eu não estamos juntos. Apenas nos encontramos no tapete vermelho lá fora.
  - Não foi dessa vez que você me garantiu um bom partido, Stella. Sinto muito.
  - Não desistirei, , ainda vou ajudá-la a encontrar sua metade da laranja! – não via o rosto da outra, mas deduziu que ela havia piscado – Por falar nisso, preciso lhe apresentar o . Ele é uma gracinha, está me acompanhando esta noite. Onde é que se enfiou? – podia jurar que o tal já havia fugido da companhia daquela doida antes que esta percebesse
  - Bom, eu preciso me encontrar com o resto do elenco. Gostaria de conhecê-los, ?
  - Claro! Seria um prazer. Até mais, Stella!
-   Até daqui a pouco, querida. Tchau, Keanu! Te vejo por aí. – já um pouco afastados da velha, ela não pôde deixar de agradecer
  - Obrigada, Key-ah-nu. – sorriu pro homem – Você me salvou de uma noite torturante ao lado dela.
  - De nada. Sei como Stella pode ser inconveniente, mas realmente vou me encontrar com o elenco. Suponho que você não tenha de fato a intenção de conhecê-los, não é?
  - Acertou. Poderia me indicar a direção do bar, por favor? – rezou para que ele não a conduzisse pelo braço até lá. Detestava se sentir dependente de alguém.
  - À sua esquerda. – gostou de Keanu. Pelo menos ele não a tratava como criança.
  - Obrigada mais uma vez. Até breve, Key-ah-nu. – segurou a bolsa e a bengala discretamente dobrada
  - Até, .
  A recepção após a exibição do filme estava mais cheia do que esperara. Seu coração se encheu de orgulho e alegria ao perceber que, querendo ou não, todas aquelas pessoas estavam ali por ela. Sentou-se no bar, tomando um drink doce recomendado por uma conhecida, antes que esta se desculpasse e saísse dali com sabe-se lá-quem. Ótimo. Estava sozinha no meio daquela multidão de desconhecidos. Se sentiu ser cutucada no ombro esquerdo e virou-se lentamente afim de encarar quem quer que falasse consigo.
  - . Muito prazer. – esticou a mão para ela que apertou a sua levemente.
  - O prazer é meu. – os dedos grandes e quentes dele envolviam os seus menores firmemente. Balançou a cabeça antes que se permitisse pensar no dano que estes eram capazes de causar. O homem sentou-se no banco ao lado do seu, perturbadoramente perto dela, já que conseguia sentir seus braços se tocarem, se o perfume de Keanu poderia ser descrito como intoxicante o de era com certeza hipnotizante. Fazia com que ela quisesse afundar o nariz no pescoço dele e não o tirar dali tão cedo.
  - Você é muito bonita.
  - Obrigada. – respondeu educada achando um tanto quanto estranho aquele tipo de elogio vindo de um homem que, até então, era completamente desconhecido.
  - Só estou sendo sincero. É como um colírio para os olhos. – cerrou os olhos ao ouvir as palavras sairem da boca do homem.
  - Que tipo de piadas você costuma fazer com pessoas paraplégicas? – estava prestes a pular sobre o pescoço dele e cegá-lo com as unhas.
  - Como?
  - Agora vai se fingir de idiota? – apontou para a bengala próxima à sua perna esquerda.
  - Oh meu Deus! – arregalou os olhos envergonhado mesmo sabendo que ela não o via – Eu juro que não sabia. De maneira nenhuma zombaria da sua deficiência, mil perdões.
  - Já deveria ter imaginado. – bufou.
  - Não foi proposital. Céus, que vergonha. – passou a mão pelo rosto – Nem sei o que te dizer. Como posso reparar o meu erro?
  - Tenha mais cuidado antes de sair falando pelos cotovelos da próxima vez.
  - Deixe eu te ajudar. Precisa ir a algum lugar? Ou que eu te compre um drink?
  - Está querendo, mais uma vez, insinuar que eu sou inútil, ? Suas desculpas estão se tornando inválidas a cada palavra que saí da sua boca.
  - Certo. Caralho. Oh, desculpa, não queria dizer isso também. – as mãos dele estavam suando.
  - Que seja. Agora, se me dá licença. – tentou caminhar indo um pouco para o lado, mas ele se pôs novamente à sua frente segurando seu ombro levemente.
  - Por favor, me deixe recomeçar. Sou , muito prazer. – antes que a mulher pudesse abrir a boca para lhe dar uma resposta atrevida, a voz fanha já conhecida invadiu seus ouvidos.
  - , querido! Vejo que já encontrou a . – odiava mesmo Stella. Que voz insuportável. – , este é , o brotinho que veio comigo.
  - ? ?! – arregalou os olhos – Você é a autora de Passengers e da trilogia Gravity?
  - Sim, eu sou. Stella é um grande prazer encontrar o seu , mas eu preciso ir. Com licença. – não esperou uma resposta. Simplesmente saiu o deixando de queixo caído e uma mulher levemente magoada ao seu lado. Foda-se. Não fazia questão de ser educada mesmo.
  - Coitadinha. – Stella se virou para o acompanhante – Eu entendo essa revolta. Não deve ser fácil pra ela né? Tão jovem.
  - Stella, vou até a mesa buscar alguns doces que tal? Já volto. – se afastou seguindo na mesma direção da escritora – ! – chamou seu nome, mas a mulher havia sumido em menos de cinco segundos. se amaldiçoou mentalmente. Aquela festa estava sendo um perfeito porre. Stella, além de feia, conseguia ser a pessoa mais chata que ele conhecera em toda a sua vida. O que era algo a ser considerado, já que em sua profissão encontrava mulheres de todos os tipos praticamente todos os dias. Quando, finalmente, encontrou uma mulher inteligente e que, de quebra, também era bonita estragou tudo. Merda.

**

  - Como é ser a responsável por um grande sucesso de críticas que provavelmente será um estouro nas bilheterias, ? – a repórter perguntou animada.
  - É completamente surreal. Realmente não esperava tudo isso, me sinto honrada e super animada para ver a reação dos fãs ao filme.
  - Ver uma autora como você que é jovem, mulher e deficiente visual fazendo tanto sucesso é motivador. O que mais inspira a sua vontade de escrever?
  - Eu escrevo livros de tópicos variados justamente por isso. Não quero ser conhecida simplesmente como a autora cega que escreve histórias de auto ajuda ou de romances perfeitos. Escrevo o que gostaria de ler, minha deficiência é o de menos. Meu primeiro livro foi inspirado não só em minhas dificuldades, mas também nas dificuldades dos cidadãos desse país. Pelo sonho americano que já está ficando tão esquecido e que é a base da nossa sociedade. – sorriu.
  - Maravilhoso. Quem seriam os seus autores favoritos?
  - Tenho muitos, de gêneros variados, os principais seriam Anthony Burgess, H.P. Lovecraft, Sylvia Plath, Jack Kerouac, Arthur Miller e Tennessee Williams.
  - Vejo que é uma fã de clássicos. Poderia nos dizer um livro que mudou a sua vida?
  - Nossa, é difícil responder. Tantos livros foram importantes para mim ao longo dos anos. Mas acho que hoje escolheria Crime e Castigo do Dostoiévski. Li na adolescência e amadureci muito com ele.
  - Podemos esperar uma peça de sua autoria no futuro então?
  - Tudo é possível. Sempre amei peças, principalmente do Tennessee. Venderia um rim por uma cópia de Sweet Bird of Youth da primeira edição de 1959. - riu - Não tenho certeza se meus talentos são comparáveis aos destes mestres. O futuro dirá.
  - Nós temos certeza que sim. Muito obrigada por falar conosco. Voltamos ao estúdio com você, Sarah.
   caminhou já cansada pela festa. Iria embora em meia hora. Estava decidida. Alguns homens haviam se aproximado de si sem muito sucesso. Parece que ela passaria aquele sábado sozinha. Havia tempos que isso não acontecia. Deus, aquilo a fazia parecer uma vadia, mas ela realmente não se importava. Não deixaria que seu caráter fosse determinado por uma coisa tão boba quanto o número de homens que passavam por sua cama afinal, não vivia na década de quarenta e ainda que vivesse duvidava que seu comportamento seria alterado de alguma forma. Ela era o que era, não tinha fôlego suficiente para se esconder atrás de máscaras e fazer-se de santa. Acompanhada do diretor do filme, deu passos lentos por entre a multidão enquanto tomava um gole de seu champanhe vez ou outra. Sentia-se ser observada, mas não ligou muito praquilo. Eles se aproximaram da varanda do local e seu espaço foi invadido por um perfume familiar, o sotaque peculiar do homem revelou sua identidade e as palavras saídas de sua boca a obrigaram a engolir um sorriso.
  - Sinceramente, Randy Winston deveria ser oficialmente nomeado o personagem literário mais importante de nossa geração. A maneira com a qual ele lida com seus problemas, a forma que seus pensamentos foram descritos e a mensagem deixada por ele ao fim da novela são perfeitas. Não há como negar a criatividade e precisão da narrativa.
  - Estava decorando essa fala em frente ao espelho antes de vir aqui fazer a caridade de elogiar o trabalho de uma cega, ? – estava, na verdade, surpresa e lisonjeada em saber que o homem havia gostado de seu livro. Porém, não daria o braço a torcer. Ainda estava com a raiva acumulada pelas besteiras ditas por ele mais cedo.
  - . – disse surpreso e as pessoas ao seu redor se afastaram – Eu realmente sinto muito. Não quis te ofender. O que posso fazer para me desculpar? Quer ir até a festa? Dançar um pouco? Posso te ajudar a chegar lá... – não conseguia parar de falar tamanho era o nervosismo que sentia. Não tinha certeza se ela o havia escutado, já que a mulher não movera um sequer músculo.
  - Senhor - respirou fundo –, por favor, se quer mesmo me ajudar basta me deixar sozinha.
  O tom de voz calmo e excessivamente baixo dela fez com que os pêlos em sua nuca se ouriçassem. Droga, ela estava furiosa com ele. Logo ela, , sua autora favorita. Linda como ele nunca poderia ter imaginado. Não o queria ver nem banhado à ouro.
  - Sinto muito, mais uma vez, . Com licença. – não soube explicar o porquê dos calcanhares terem girado e o levado embora quando o que realmente queria era permanecer ao lado dela e envolvê-la num abraço. Talvez em seu íntimo ele soubesse que forçar um diálogo ali, com ela chateada daquele jeito, pioraria e muito sua situação. Teria de dar um jeito de mostrá-la que ele não era um idiota sem noção.
  Caminhou em passos largos até o bar onde pediu um uísque duplo, sem gelo. Tinha prometido à Stella que não beberia na festa – ela sabia como ele se ‘empolgava’ dançando com álcool correndo em suas veias – mas que aquela velha chata se fodesse. Em geral, seu emprego não era tão ruim. Conhecia várias mulheres, algumas bem bonitas, inteligentes e elegantes. Ainda ganhava uma nota preta praquilo. Quer dizer, tinha dinheiro o suficiente para sustentar todos os seus luxos. E, em troca, bastava fazer sexo! Havia coisa melhor para um cara como ele? De vez em quando esbarrava em algumas acompanhantes como Stella. Feias, chatas, velhas, que o faziam repensar seriamente se já não estava na hora de procurar outra profissão. Todo fim de semana rezava para que alguém, qualquer outra mulher, ligasse antes dela. Aquela infeliz parecia ter um pacto com satã. Sua curiosidade foi maior e o obrigou a falar com Drew, seu chefe, para saber se este não o poderia ajudar. Talvez recomendando outro cara pra ela.
  - , você sabe que eu te ajudaria, cara, mas Stella Harper pagou o dobro do valor usual para reservar todos os fins de semana desse verão com você. O que diabos fez com ela na primeira visita, hein? – ainda conseguia ouvir a risada do homem em sua mente. Porra! Todos os finais de semana do verão. Era tortura. Como se livraria dela? Deveria ter enforcado aquela velha insuportável na primeira noite, isso sim.
  - ! Estava procurando você. – sorriu pra ele – Onde estão os doces? – Caralho, tinha se esquecido por um segundo como aquela voz fanha era insuportável – Não acredito que está bebendo! Bebê, você sabe como fica quando toma um drink. Larga isso agora! – seu sorriso se desfez ao olhar para o copo nas mãos do homem e, logo em seguida, lhe tomou o uísque. sentiu o maxilar travar e precisou contar até cem para não fazer uma besteira e enfiar a mão na cara daquela enrugada. – Deixe as bebidas para os a-dul-tos. – com uma piscadinha, que mais parecia uma careta, ela virou o copo tomando o restante do líquido âmbar de uma só vez.
  - Stella, você não tinha que trabalhar um pouco nessa festa? Achei que antes de sairmos tinha me questionado se eu me incomodaria em ficar um pouco só... - só queria não precisar olhar praquela mulher ridícula nem uma só vez pelo resto de sua vida. Era pedir muito?
  - Claro, anjinho, você tem razão. Inclusive, estou indo agora participar de uma sessão de fotos exclusiva com . Você não se incomoda mesmo, não é? Prometo que mais tarde compenso minha ausência. – escorregou o dedo indicador do início do tórax dele até sua cintura enquanto falava, finalizando o gesto nem um pouco sensual com um leve beliscão em sua virilha. O que o fez saltar um pouco para trás.
  - Wow, Stella! – olhou ao seu redor percebendo que nenhum dos convidados prestava atenção à cena – Okay, okay. Pode ir, não me incomodo. Nos vemos depois. Sem problemas. – a noite não ia ser fácil pra ele, sabia disso, ainda bem que um certo comprimido azul sempre habitava sua carteira desde seus primeiros encontros com Harper. No entanto, talvez naquela noite ele não precisasse do remédio. Bastava fechar os olhos se concentrando numa moça linda, meio autoritária, de vestido dourado.

**

  Assistia aos repórteres sensacionalistas da FOX se perguntando mentalmente porque diabos ainda não mudara de canal. Colocou a louça dentro da lava louças, sentando-se no sofá sem saber o que fazer a seguir. Antes que pudesse fazer algo a respeito, sua mente a levou de volta a festa da noite anterior. Especificamente pra perto do homem que teve a capacidade de lhe irritar em um minuto e, no seguinte, fazer com que ela risse feito uma escoteira que acabou de vender seus biscoitos para um homem bonito. Patético. Ainda assim, não conseguia tirar os comentários feito por de sua cabeça. sinceramente não esperava ouvir palavras tão doces de um homem que, a julgar por sua acompanhante, deveria ser superficial. Quem era esse tal ? De onde surgira? E, mais importante, o que ele fez de errado para merecer a companhia de uma pessoa feito Stella Harper? Com aquilo em mente, entrou no escritório sentando-se sobre sua escrivaninha e ligando o computador.
  “Você tem três emails novos, - a voz robotizada informou. Checaria aqueles depois de fazer o que a trouxera ali. Digitou o nome do homem rapidamente, se sentindo um pouco boba ao fazê-lo e quase fechou a janela antes de ouvir a voz novamente.
  “Resultados da pesquisa: , associado ao fã clube oficial desde dois mil e nove. Facebook, twitter, instagram, www.hotguys.com. Selecione no teclado numérico qual dos links deseja ver” - sentiu uma risada escapar pelo nariz ao ouvir a última url, que era um tanto quanto ridícula. A curiosidade de foi mais forte que ela mesma, se pegou apertando a tecla de número quatro repetidas vezes, não conseguindo conter o riso.
  “Carregando o website. Agora reproduzindo o vídeo de introdução” - uma música estranha começou a tocar, daquelas que só se ouve em boates e a voz do robô foi substituida por uma voz grossa desconhecida - “Bem vindos ao Hot Guys ponto com. Meu nome é Drew e eu serei o seu guia por um dia no nosso portal da alegria.” - rolou os olhos ao perceber a tentativa fracassada do narrador de fazer uma rima interessante - “Aqui no Hot Guys, você poderá encontrar homens de todas as raças, alturas, tipos físicos ou qualquer que seja a sua preferência. Sua satisfação é nossa obrigação. Portanto, se um de nossos acompanhantes te decepcionar não hesite em deixar um feedback negativo na página do dito homem. Nós garantimos que isso não vai acontecer.” - ele riu de uma maneira irritante - “Temos acompanhantes disponíveis vinte e quatro horas por dia, sete dias na semana. Pode levá-los à festas, jantares, viagens ou simplesmente para o conforto de seu lar. Tenho certeza que encontrará o homem que procura aqui e fará da sua noite com ele uma lembrança inesquecível.” - a música parou e a mulher gargalhou brevemente. Deveria ter imaginado que Stella nunca conseguiria arranjar um homem que a suportasse a não ser que houvesse uma troca de dinheiro por trás de tudo. Patético. Sua curiosidade não acabou por ali.
  - Computador, encontre na página. - colocou a mão no queixo.
  “ . Abrir link em uma nova aba?”- confirmou - . 30 anos. Um metro e oitenta e três. Oitenta quilos. Olhos azuis. Cabelos castanho claros. Cento e sete centímetros de peito, trinta e oito de bíceps e setenta e seis de cintura. Disponível todos os dias da semana exceto quartas. Não atende homens. Fala inglês, francês e alemão. Para agendamentos falar com uma das atendentes no número 1-800-HOT-GUYS ou 1-800-468-4897.” - se pegou imaginando o homem por trás daquela descrição e os mesmos pensamentos que tivera ao tocar a mão dele retornaram à sua mente. Droga. Balançou a cabeça fechando a aba e afastando qualquer coisa sobre o tal de sua mente.
  - Computador, abra meus emails.
  “Três emails novos em sua caixa de entrada. Remetentes: Jo Stewart, Clayton Barnes e . Abri-los em ordem de chegada?”
  - Abra o de primeiro. - sua curiosidade a impedia de fazer qualquer coisa a não ser ouvir o que diabos o homem queria consigo.
  “Assunto: Foi um prazer conhecê-la. Corpo do email: Olá senhorita . Nosso encontro ontem à noite teve seus altos e baixos, mas espero que tenha gostado da minha presença o quanto eu gostei da sua. Peço desculpas mais uma vez pela minha indelicadeza, fico assim perto de mulheres bonitas, e deixo aqui meu número de telefone caso não queira passar o fim de semana sozinha. 213-975-8835. Esperarei ansiosamente a sua ligação. Tenho certeza que não vai se arrepender. Seu .” - sentiu a temperatura do próprio corpo elevar junto com a raiva que a dominava gradativamente. Quem aquele imbecil pensava que ela era? Já não bastavam os comentários feitos na noite anterior? Ele ainda tinha a audácia de presumir que ela não conseguiria arranjar alguém sem que pagasse por isso? Oh, mas ele iria se ver com ela. Se iria. - “Adicionar aos contatos?” - nem se deu o trabalho de responder a pobre máquina, pegou o celular no bolso digitando os malditos números prestes a perfurar o aparelho com os próprios dedos. Chamou uma, duas, três, quatro vezes e, quando ela estava quase desistindo, a voz sonolenta do homem se pronunciou.
  - Alô?
  - Quem você pensa que é hein? - praticamente gritou.
  - O quê? Quem tá falando? - podia ouvir o barulho dos lençóis ao que ele se mexia.
  - Quem você acha? Ou será que sai por aí ofendendo mulheres todos os dias? Oh, desculpe! Esqueci que provavelmente você mandou seu telefone por email para todas as mulheres da festa!
  - Oh, Deus, ? ? Não! Eu não mandei meu telefone pra ninguém, só pra você. - ela ouviu o som de algo se quebrando e xingar um “Merda, meu copo!” baixinho.
  - Não. A fada dos dentes!
  - É tão bom ouvir sua voz. Como vai?
  - Como acha que devo estar após ler aquele seu emailzinho presunçoso? Você deve se achar o último Dr. Pepper da máquina não é?
  - Não entendo. O que foi que eu fiz dessa vez? - riu um pouco e ela teve vontade de quebrar-lhe os dentes.
  - ‘Deixo meu telefone aqui caso não queira passar o fim de semana sozinha’? Ainda tem a cara de pau de me perguntar o que fez de errado? Você ao menos leu o que estava escrevendo ou seu cérebro de minhoca não é rápido o suficiente pra você fazer as duas coisas simultaneamente?
  - Não vejo como isso foi uma ofensa, mas me desculpo sinceramente por tê-la ofendido. É a última coisa que eu iria fazer propositalmente à uma pessoa como você.
  - Uma pessoa como eu? - a raiva só se inflamou - Acho melhor se calar antes que diga mais alguma besteira, . Passar...
  - Não! Espera! - disse desesperado - Por favor, me ouve.
  - Diga.
  - Eu queria te dar um livro. Uma peça rara, edição de 1866 de Crime e Castigo.
  - Pode parar com a brincadeira, .
  - É sério, . Eu comprei em um leilão beneficente. Sei que você adora esse livro, e que gosta de colecionar exemplares raros, eu queria te dar um presente. Só isso.
  - Certo. - respirou fundo - Anote aí o endereço da minha caixa postal.
  - É um livro tão delicado, as páginas já estão bem gastas. Acho que seria melhor se eu lhe entregasse pessoalmente.
  - Está se saindo mais abusado do que eu imaginava, . - a maneira com a qual ela disse seu nome o fez ficar um pouco excitado demais
  - Temos um trato então?
  - 533 Parkway Avenue. Apartamento 181. Não demore.
  - Já estou aí. - riu antes de desligar e ela passou a mão pelos cabelos se perguntando se aquela havia sido a decisão certa.
   ponderou se deveria trocar de roupa, ainda que não fosse muito com a cara de seu visitante não seria muito educado atendê-lo de pijamas, mas ao mesmo tempo ela queria mais que ele e sua opinião sobre ela se ferrassem. Depois de todos seus comentários indelicados, deveria era lhe agradecer infinitamente por deixá-lo tomar um minuto sequer do seu tempo. Desligou a televisão, não queria que ele a julgasse como uma caipira racista que acredita nas notícias da FOX, ajeitando os cabelos como pôde com as próprias mãos e sentou-se no sofá. Sua perna balançava-se involuntariamente daquela maneira irritante que as pessoas costumam fazer quando estão nervosas e ela se amaldiçoou. Por que diabos estaria nervosa? Era só um homem qualquer vindo lhe entregar a droga de um livro, não era como se ele estivesse vindo a pedir em casamento. Os minutos passavam-se numa lentidão insuportável, estava seriamente pensando em ir trabalhar um pouco até que o homem chegasse e, talvez assim, esse nervosismo idiota fosse embora. Levantou-se caminhando na direção do escritório e, quando estava prestes a se sentar na confortável cadeira de couro, ouviu a campainha tocar. Bufou frustrada e retornou à sala de estar.
   virou o volante do seu Lexus uma última vez antes de chegar ao destino desejado. Olhou seu reflexo no espelho vendo que uma expressão um pouco desesperada tomara conta de seu rosto e, mesmo sabendo que ela não o veria, aquilo o incomodou bastante. A ideia que pudesse achá-lo tolo, mal educado e superficial era muito perturbadora. Por algum motivo ele estava convencido a provar pra mulher que ia muito além das aparências. Ser garoto de programa ou não em nada alterava o seu caráter e a sua inteligência. É claro que com algumas mulheres ele tinha que interpretar o papel de um homem sem conteúdo, a fim de ganhar uma boa gorjeta, mas não era nada como essas mulheres. Não era nem ao menos sua cliente. Ele não admitiria que ela pensasse que o homem fosse nada além do melhor. Ativou o alarme do carro, colocando as chaves num dos bolsos de seus jeans escuros, subiu as escadas que davam acesso à porta da casa de tamanho mediano e ajeitou a camisa social roxa antes de apertar a campainha. Se passaram alguns instantes, ele estava prestes a tocar o botão novamente, até que ela abriu a porta deixando-o francamente sem palavras. Não conseguia parar de encarar as pernas expostas pelo short de malha que a mulher vestia.
  - Olá? - se pronunciou impaciente. Sabia pelo aroma que estava à sua frente, só não entendia o porquê de ele insistir em se manter calado.
  - Erm, oi. - sorriu encarando o rosto dela e adorando a maneira que seus longos fios castanhos o emolduravam
  - Ah, você. - tentou soar ácida sem muito sucesso - Onde está o meu livro? - esticou as mãos para ele que encarou os dedos dela os imaginando numa parte de seu corpo que estava ganhando vida gradativamente
  - É bom rever você também. - sorriu abertamente - Não vai me convidar para entrar? - ela bufou afastando-se do caminho - Obrigado. - roçou seu corpo no dela propositalmente vendo-a franzir um pouco as sobrancelhas.
  - Já que está aqui, sente-se. - apontou para o sofá branco e ele o fez.
  - Sua casa é muito bonita.
  - Nunca a vi, então não tenho certeza se confio em seu bom gosto. - riu sem vontade.
  - Se serve como referência, eu também acho que você é muito bonita.
  - Deu pra perceber pelos seus comentários ontem à noite.
  - Oh, sobre isso, eu realmente sinto muito. Foi extremamente insensível da minha parte, não vou me perdoar se esta for a sua lembrança mais marcante de mim. - aproximou-se dela no sofá.
  - Não se preocupe, eu encontro babacas todos os dias. Você não é nada extraordinário. Até quarta feira vou ter me esquecido que ao menos existe. - não podia vê-lo, obviamente, mas sentiu que ele havia recuado e de alguma forma sabia que carregava uma expressão chateada no rosto - O livro?
  - Oh, sim. Aqui. - colocou-o sobre seu colo, pegando suas mãos e as depositando por cima do mesmo.
  - Obrigada. - disse entre os dentes irritada com o ato. Ele pensava que além de cega ela era burra ao ponto de não conseguir pegar a droga de um livro por conta própria? Tateou a capa, abrindo as páginas e sorrindo ao que o cheiro do papel gasto atingiu suas narinas. sorriu involuntariamente ao ver aquilo, observou o rosto dela com mais cuidado aproveitando-se da proximidade e estava realmente tendo que se controlar para não estragar o momento. Virou-se para o homem, que ficou encantado com a maneira que seus longos cílios tocavam o topo de suas bochechas ao que ela piscava, ainda sorrindo. - Muito obrigada pelo presente, .
  - Eu quem devo agradecer por ter me dado a oportunidade de presentear minha autora favorita.
  - Você leu mesmo meus livros, huh?
  - Claro. Todos eles.
  - É realmente impressionante saber que um garoto de programa também pode ser inteligente se quiser. - antes que ela pudesse se controlar as palavras haviam saído de sua boca. O silêncio que tomou conta do local foi extremamente doloroso e ela quis se estapear por tê-lo ofendido. - M-me desculpa. Falei sem pensar.
  - Tudo bem. - sussurrou envergonhado - Estou acostumado à esse tipo de julgamento. - trincou os dentes decidido a fazer o próximo comentário, mesmo sabendo que este a deixaria furiosa - Me surpreende uma pessoa na sua condição ao menos saber o que é um garoto de programa.
  - O que quer dizer com isso? - colocou o livro na mesa de centro.
  - Nada. - sorriu sem vontade - É... Quer dizer, não sei... Quer dizer, uma pessoa como você não deve estar tão acostumada com uma abordagem tão... tão direta. Né? Se bem que para escrever suas histórias você tem que ler sobre todo o tipo de assunto. Deve estar por dentro de tudo na teoria… – coçava a cabeça tentando juntar as palavras de forma a não ofender mais uma vez.
  - , você está insinuando que eu não seu lidar com homens me cantando?
  - Não... Sim... er... Bem, eu imagino que uma moça como você seja muito pura, . – ela gargalhou, fazendo com que ele a encarasse de um jeito abobado.
  - , se o “muito pura” não tivesse sindo tão engraçado, eu estaria brigando com você agora pelo “moça como você.” Realmente acha saudável me ofender dentro da minha própria casa, ?
  - Não estou ofendendo. Apenas disse o que é óbvio.
  - Que seria?
  - Oras, que uma mulher como você não deve nem ao menos saber o que é estar com um homem de verdade.
  - E você sugere que eu faça o quê? Pague um homem de verdade? - queria estapear-lhe o rosto - Além do mais, você não sabe merda nenhuma da minha vida.
  - Não me lembro de ter em momento algum te cobrado um centavo.
  - Ha! Como você é iludido, ! Acha mesmo que sou como a Stella? Não preciso de pessoas como você na minha vida.
  - Não precisa - aproximou os lábios do ouvido dela - ou não dá conta? - ficou sem reação. Sentia o coração bater depressa dominado pela raiva e sua respiração falha a irritava.
  - Você disse que achava que eu era pura, certo? Deixe-me te mostrar toda minha pureza. - rosnou antes de atacar os lábios dele.
  O homem arregalou os olhos, genuinamente surpreso, antes de envolver sua cintura com as mãos e puxá-la pra perto de si. A mulher o empurrou pelo peito, sentando-se em seu colo e enfiando as mãos por baixo da blusa dele arranhando sua barriga definida. Por enquanto a descrição do site estava certa. O sentiu subir as mãos pela parte traseira de sua coxa até chegar na barra dos shorts e puxá-la de encontro a sua pélvis. Por baixo dos jeans, seu membro ficava ereto cada vez mais rápido e aquilo só piorou quando a mulher decidiu pressionar-se contra o mesmo num movimento de vai e vem. Subiu a barra da blusa que ela usava, jogando-a no chão e encarou seus seios expostos já que ela não usava sutiã. Suas mãos foram mais rápidas do que ele imaginava e, logo, ele os apalpava causando gemidos abafados vindos dela. Tateando o tecido macio da camisa, ela encontrou o topo da mesma e em alguns instantes os botões desta voaram para todos os lados ao que quase literalmente rasgou a peça de roupa. sorriu contra seus lábios, tirando o que restava da camisa e se deixando ser empurrado para que deitasse no sofá. As unhas de marcavam sua pele juntamente com seus lábios ao que ela descia pela extensão de seu tronco definido. Não precisou de ajuda para desabotoar ou tirar os jeans pesados que envolviam as pernas definidas dele. Os delicados dedos de sua mão o acariciaram por cima das boxers pretas, ergueu seu rosto sorrindo na direção do homem que se forçava a engolir os gemidos que ela provocava.
  - Ué, cadê a sua língua afiada? O gato comeu? – riu.
  Antes que ele pudesse retrucar, suas boxers desapareceram e sua visão ficou embaçada ao sentir os lábios quentes dela em si. Os movimentos iniciais foram torturantemente lentos, quando ele fez menção de emaranhar seus dedos no couro cabeludo dela tomou um tapa ardido e, derrotado, aceitou o ritmo que ela impôs. Vagarosamente seu membro desapareceu dentro dela e quando deu por si já sentia a ponta do nariz da mulher em sua base. Aquela visão só o fez ficar ainda mais excitado, se é que aquilo era possível, nunca havia encontrado uma mulher que o engolisse por inteiro com tanta facilidade e as vibrações que ela fazia com a garganta estavam o deixando à beira do abismo. Ficou um pouco irritado ao imaginar quantos caras já tiveram o prazer de serem chupados por , mas uma mordida em sua virilha o fez espantar a ideia.
  Como se pudesse ler os pensamentos do outro, tirou-o de dentro de si lambendo a glande e iniciando movimentos rápidos e precisos. Impedido de tocá-la, envolveu os próprios cabelos puxando-os com força e se concentrando para fazer aquilo durar mais. Queria que durasse horas. Dias. sentiu o pré gozo dele na ponta de sua língua e diminuiu a sua velocidade antes de parar por completo. A escritora havia parado a provocação, e agora se encontrava de pé em sua frente.
  - Está com os olhos bem abertos, ? Aproveite os benefícios que a visão pode lhe proporcionar. – olhou para ela que o encarava ofegante, seus cabelos estavam ainda mais bagunçados, saliva rolava pelo seu queixo e ela sorria de lado. Teria que agir logo antes que fosse tarde demais. Pegou-a pelos ombros, invertendo as posições e a ouvindo dar um grito surpreso ao que jogou seus shorts e a calcinha no chão.
  - O que pensa que está fazendo?
  - Te mostrando o poder da minha língua afiada. - pressionou a mão ao seu peito, forçando a mulher a se manter deitada.
  Sentiu a língua do homem percorrer toda sua extensão parando em seu clitóris e se movimentando com destreza sobre o mesmo até que ela começasse a se debater embaixo dele. Seu dedão substituiu a língua enquanto esta fazia movimentos de zigue e zague de cima a baixo repetidas vezes. Por fim, a penetrou sentindo os músculos internos dela reagirem se contraindo ao redor de si e gemeu satisfeito com aquilo. Sentando-se sobre os calcanhares, penetrou-a com dois de seus dedos sorrindo com a maneira involuntária que ela pulou antes de começar a empurrar os próprios quadris em sua direção e arranhar o couro do sofá. Aproximou seus lábios dos dela, observando a expressão de prazer em seu rosto ao que gemidos longos escapavam de si e uma das mãos de o direcionou ao seu pescoço. Entre beijos e mordidas por ali, seus dedos se curvavam dentro dela e sentia as unhas da outra arranharem um de seus ombros com força. A dor era extremamente prazerosa. O empurrou com as mãos na direção do carpete, caindo por cima do corpo dele, que gemeu com o impacto, retirando seus dedos de dentro de si e envolvendo seu membro pulsante o direcionando a sua entrada.
  - Agora sim, eu aceito sua ajuda.
  - Retiro o que disse sobre sua pureza, , mas acrescento que além de linda, você é muito gostosa. – grunhiu ao senti-la o apertar com força e perceber que mal havia enfiado a cabeça e as mãos dela se apoiaram em sua cintura antes que deslizasse rapidamente sobre ele gritando ao ser penetrada por completo. Ficaram parados por alguns minutos se encarando involuntariamente, ele sentindo-se ser praticamente estrangulado por ela e se sentindo mais cheia do que nunca havia sentido em toda sua vida. Colocou as mãos nos quadris dela, apalpando sua bunda logo em seguida, mas quando tentou erguer o corpo da mulher sentiu-se ser estapeado novamente. Suas mãos menores envolveram as dele, as pressionando contra os seus seios e o ameaçou silenciosamente caso ele as movesse muito longe dali. Apoiou-se nele mais uma vez começando a se mover, a princípio lentamente e depois com uma velocidade quase inacreditável. erguia os quadris ao que ela abaixava os seus, e o gemido rouco que escapava por entre os lábios da mulher quando seu membro tocava um ponto preciso dentro de seu corpo o estava enlouquecendo. Por mais que se controlasse, sabia que não duraria muito mais tempo e agradeceu aos céus quando os músculos internos dela começaram a se contrair ao redor dele. Seus dedos finos foram ao encontro de seu ponto de prazer e ela gritou ainda mais alto. O outro se sentou, grudando seu peito ao dela e, com mais algumas estocadas profundas, atingiram o clímax aos berros. Há muito tempo ele não gozava daquele jeito. Encostou-se no sofá com a mulher ainda em seu colo, tirando os fios de cabelo que grudavam na testa suada dela e sorriu antes de beijá-la brevemente. nada disse. Tentava apenas normalizar sua respiração enquanto sentia as pontas dos dedos mágicos dele acariciarem sua cintura. Os olhos azuis do homem a fitaram curioso quando ela começou a rir do nada.
  - O que foi?
  - 1-800-HOT-GUYS. - riu com mais vontade.
  - Ai meu Deus.
  - Não se preocupe, . - aproximou os lábios do ouvido dele - Quando eu precisar te ensinar mais alguma coisa pode deixar que te ligo.

FIM



Comentários da autora


N/A - Jessie: Hey, girls! Gostaram de 1-800-hot-guys? Quando a Steph me contou as ideias geniais que deram origem a essa fic e me chamou pra escrever com ela, foi impossível negar!
Obrigada pelo convite, vaca! Foi sensacional - e absurdamente divertido - escrever com você. <3
Obrigada também a Mari por ser uma beta-ninja (já adotei o apelido que Steph te deu) incrível.
Esperamos que vocês tenham se divertido tanto quanto nós lendo essa fic. Comentem!!
Xoxo
Steph: Olá! Espero que tenham curtido esta história pequenina. Ainda tô pegando o jeito de escrever shortfic, então obrigada à minha parceira Jessie por ter super ajudado nessa parte. Digam aí nos comentários o que acharam okay? E até a próxima ;)