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Escrito por Fe Camilo
Observei a sala intacta à minha frente tentando gravar a sensação de estar ali pela última vez. Por quase um ano aquele havia sido meu escritório, minha segunda casa - considerando o tempo que eu passava ali - e o meu lugar favorito em toda a empresa, principalmente porque tinha a visão perfeita da sala à frente, onde poderia trocar olhares com o motivo de eu estar ali, aquela que pensei ser a mulher dos meus sonhos.
Um riso amargo escapou dos meus lábios ao recordar a última vez que a observei de longe, a mudança brusca em sua fisionomia ao se deparar com Richard - seu ex - caminhando em sua direção como se fosse o dono do lugar. Era até irônico relembrar os alertas recebidos por minhas amigas que foram completamente ignorados por mim: "é só uma fase", "ela está passando por uma crise de meia idade e você é efeito colateral", "daqui a pouco ela volta com o ex e finge que você nunca existiu".
Apesar da aspereza nas palavras, elas estavam certas no fim das contas. O mais bizarro é pensar que em algum momento eu havia sido exatamente esse tipo de lésbica que se recusava a se relacionar com mulheres que se diziam "hétero", justamente por não acreditar que elas estariam realmente investidas na relação. Ainda assim, lá fui eu me apaixonar por uma mulher treze anos mais velha do que eu, recém-divorciada, com dois filhos adultos e que estava prestes a atingir a falência.
Depositei a caixa sobre a mesa e comecei a vasculhar as gavetas, coletando tudo que precisaria levar comigo, as memórias instantaneamente dominando minha mente cansada.
FLASHBACK - 10 meses antes
Met you when your heart was broke, I filled your cup until it overflowed.
Tomei mais um gole de cerveja antes de me concentrar na próxima tacada, competitiva demais para perder agora que estava na reta final, mais duas bolas encaçapadas e a vitória era minha, além dos vinte dólares apostados. Assim que encaçapei a bola sete e levantei meu olhar com um sorriso vitorioso eu a avistei, os cabelos loiros um tanto bagunçados, um terno feminino que a fazia destoar dos outros clientes e um olhar atordoado de quem parecia ter recebido a pior notícia do mundo.
Uma cotovelada me fez sair do transe e me movimentar, dando espaço para que meu oponente fizesse sua jogada. Virei mais um gole da minha Heineken antes de desviar meu olhar para ela novamente, percebendo o momento em que ela se sentou na bancada do bar e pediu uma bebida. Apesar de não aparentar fisicamente, algo me dizia que ela era bem mais velha - ao menos dez anos a mais do que eu - sua postura e gestos assertivos denotavam isso, pelo menos para meus olhos que sempre eram atraídos por "milfs".
Meu oponente errou mais uma vez, um incompetente completo. Sorri debochadamente, deixando claro que aquela fora sua última chance, e dois minutos depois encaçapava a última bola necessária para vencer. Ele lançou o taco desleixadamente sobre a mesa, a irritação evidente em seu olhar. Ri da atitude infantil e bebi mais um gole de cerveja estendendo a mão para pegar o dinheiro que ele me oferecia com cara de poucos amigos.
- Mais "sorte" na próxima, bro! - provoquei propositalmente, ele não passava de um babaca que achou que poderia me vencer por eu ser mulher.
Coloquei a nota no bolso da minha calça jeans e caminhei na direção do bar, finalizando minha cerveja em um único gole antes de chegar ao balcão. Me sentei próxima da mulher que havia visto minutos antes e reparei que ela bebia um whiskey sem gelo, mas fazia careta todas as vezes que tomava um gole da bebida. Sorri, achando a atitude ligeiramente fofa e pedi mais uma cerveja para o barman sem tirar os olhos dela. Ela tinha uma dessas belezas clássicas, que é ressaltada pela idade e eu não conseguia parar de observá-la, a tal ponto que em um momento seus olhos cruzaram com o meu.
Fiz questão de não desviar o olhar, evidenciando meu interessante e esperando por qual seria sua reação. Um franzido em sua testa deixou claro que ela não estava acostumada a chamar atenção de outras mulheres, e ela logo direcionou sua atenção para o copo de whiskey. Depois de vê-la fazer uma cara ainda pior ao tomar mais um gole da bebida, não contive a risada que escapou meus lábios e não pude manter minha boca fechada.
- Sabe, tem maneiras mais prazerosas de afogar as mágoas. -comentei com duplo sentido, recebendo sua atenção. Ela olhou para mim com a testa franzida novamente antes de olhar para os lados para ter certeza de que eu realmente estava falando com ela. Aproveitei a deixa para me levantar e chegar mais perto pedindo por duas doses de tequila. – Aqui.
Empurrei uma dose em sua direção e fiz o ritual tradicional com sal e limão fazendo questão de realizar cada gesto pausadamente para que ela pudesse me acompanhar. Ela ainda parecia confusa e estranhando minha atitude, mas não protestou enquanto seguia meus movimentos, e tão próxima eu podia sentir o cheiro do seu perfume que exalava feminilidade. Eu queria mais do que tudo ouvir sua voz, mas mesmo depois de dar uma leve engasgada com a tequila, não pronunciou uma palavra sequer.
- Depois da segunda dose você se acostuma. – afirmei pedindo mais uma rodada para o barman. – . – me apresentei, oferecendo minha mão em cumprimento. Ela hesitou um pouco, mas logo retribuiu o gesto.
- . – a voz combinava com seu rosto, leve com um toque rouco. Virei mais uma dose enquanto ela me acompanhava, parecendo apreciar o gosto da tequila bem mais que do whiskey esquecido em seu copo.
- A que devemos uma terça-feira de bebedeira? – sondei tentando transmitir desinteresse, embora a vontade de conhecê-la melhor crescesse a cada segundo. Ela pediu mais quatro doses para o barman e virou uma em um único gole antes de responder.
- A um ex traidor e incompetente que me deixou com uma dívida maior do que posso pagar. – sua sinceridade foi tão genuína que me surpreendi, permanecendo calada por alguns segundos antes de levantar minha dose para brindarmos.
- Um brinde a superar homens inúteis e dar a volta por cima. – eu queria acrescentar que eu poderia ajudá-la no processo de esquecer o ex, mas algo me dizia que a cantada cortaria a atmosfera amigável que havia sido criada.
- Salute! – replicou brindando comigo antes de virar a dose.
Nossos olhos se encontraram e ela pareceu pela primeira vez na noite reparar de fato em mim, parecendo um tanto surpresa e ao mesmo tempo satisfeita com o que via. Se fosse outro momento e eu não soubesse o motivo dela estar ali eu aproveitaria aquele momento para beijá-la. Mas apesar de ela ser exatamente o meu tipo, algo me dizia que ela não era para o meu bico. E apesar da atração que eu sentia, havia também algo nos seus movimentos e na maneira como ela bagunçava seu cabelo parecendo de forma inconsciente, que atiçavam a vontade de entendê-la melhor, ajudá-la e – quem sabe – fazer parte de sua vida.
Milfs = mothers I’d like to f*ck.
FLASHBACK OFF
Comecei a esvaziar as gavetas rapidamente, esperando conseguir pegar todas as minhas coisas e desaparecer daquele lugar antes que ela chegasse e eu precisasse encará-la novamente. Um cartão caiu ao chão assim que eu peguei minha agenda, e antes mesmo de ler o que estava escrito eu já sabia do que se tratava: o cartão de agradecimento que ela havia me dado junto com um vaso de flores após eu ter passado o final de semana cuidando dela.
FLASHBACK – 8 meses antes
Took it so far to keep you close, I was afraid to leave you on your own.
Apertei a campainha e aguardei alguns minutos até que ela atendesse, tentando ignorar a parte do meu cérebro que insistia em me alertar que eu estava passando dos limites. A surpresa de ao me ver era evidente, mas não dei tempo para que ela se recuperasse e me mandasse embora. Antes disso, mostrei as sacolas em mãos com um sorriso largo enquanto me explicava.
- Eu não poderia deixar minha CEO à mercê de uma doença qualquer, então vim preparada para cuidar de você até se recuperar. – fui abrindo espaço entre seu corpo e a porta para adentrar a propriedade, apreciando a beleza do lugar que claramente pertencia a alguém com dinheiro e bom gosto.
- Pensei que você tinha uma reunião com os investidores. – comentou ainda confusa.
- Sim, e já está tudo resolvido. – afirmei terminando de desempacotar o kit de sobrevivência à gripe que eu havia preparado e lhe oferecendo um comprimido e uma garrafa de água.
- O que foi resolvido? – perguntou com ar suspeito. Impressionante como mesmo doente ela não parava de se preocupar com todo o resto. Peguei um termômetro e encostei em sua testa, medindo sua temperatura. Só então reparei que ela usava um pijama do Piu-Piu que parecia ao menos três números maiores que o seu, e apesar da vontade de rir me contive o suficiente para respondê-la.
- Eu consegui os investimentos. Agora tome seu remédio e vá se deitar. – ela mordeu os lábios parecendo hesitante, mas logo assentiu e seguiu escada acima.
Preparei uma sopa de ervilhas enquanto me familiarizava com os utensílios e temperos que havia em sua cozinha. A casa me parecia grande demais para alguém que morava sozinha, mas eu sabia que era ali que vivera boa parte de sua vida com o ex-marido, e onde criaram seus filhos. Assim que finalizei a sopa, servi em um cumbuca bonita que encontrei nos armários com alguns croutons, e decidi levar também um copo de água.
Caminhei indecisa até o segundo andar da casa, sem saber onde ela estava. Mas logo a encontrei deitada em seu quarto dormindo. Coloquei a bandeja sobre a mesa de cabeceira e a acordei com delicadeza, percebendo o seu olhar confuso ao me ver em seu quarto.
- Eu trouxe sopa para você. – informei enquanto ela se sentava e olhava curiosa para a bandeja ao seu lado.
- Por que você está fazendo tudo isso, ? – questionou mordendo o lábio novamente, seu habitual gesto de nervosismo.
- Fazendo o quê? Já disse que vim para cuidar de você, a empresa precisa de você 100% o mais rápido possível.
Ela riu com ironia evidente em seu tom de voz antes de pegar a bandeja sobre a mesa e beber um gole de água.
- Nós duas sabemos que eu sou meramente uma peça decorativa naquele lugar. É de você que a empresa precisa.
- Como assim? Você é meu apoio moral. Além disso, eu precisava de uma folga. – retruquei procurando pelo controle remoto e ligando a TV antes de me sentar ao seu lado na cama. – Ficou bom? – perguntei ao vê-la tomando a sopa.
- Hum... está perfeita! Você realmente não cansa de surpreender com seus talentos. – comentou parecendo realmente surpresa por eu saber como cozinhar uma sopa simples.
- O que posso dizer? Eu faço o meu melhor. – sorri retirando uma mecha do seu cabelo que estava prestes a mergulhar na sopa antes de procurar por algum canal interessante na TV.
- Obrigada. – ouvi ela dizer assim que decidi por deixar em um reality culinário. Me virei em sua direção, encontrando seus olhos amendoados me encararem com uma emoção que interpretei como gratidão. – Por tudo. Você é como um anjo que caiu do céu.
Sorri honestamente ao ouvir seu elogio e recostei minha cabeça na cabeceira, entendendo que não havia muito o que dizer. A verdade é que eu fazia de tudo para ficar ao menos um pouco ao seu lado, preocupada em deixá-la sozinha à própria sorte e querendo mais do que tudo protegê-la dos próprios problemas. Eu já havia entendido que ela jamais seria minha, mas fazer parte da sua vida era o suficiente para mim.
FLASHBACK OFF
Joguei o cartão no lixo e terminei de esvaziar todas as gavetas, organizando tudo dentro da caixa. Após retirar tudo que precisava sobre a mesa, me sentei na cadeira observando o porta-retrato sobre a mesa, incerta se gostaria de levá-lo comigo. Era uma foto minha com , ela estava absolutamente deslumbrante em um vestido preto com decote profundo, enquanto eu vestia um terno feminino branco. Aquele foi o dia que marcou a recuperação completa da empresa quando ganhamos o prêmio de melhor agência corretora de imóveis do ano.
FLASHBACK ON – Três meses antes
I said I'd catch you if you fall. And if they laugh, then fuck 'em all.
Terminei de amarrar o laço do seu vestido e observei a nossa imagem no espelho, meu terno branco contrastando com seu vestido preto. Mergulhei meu rosto em seu pescoço, sentindo o cheiro floral do seu perfume e depositando beijos molhados do seu pescoço até a clavícula. Ainda não havia me acostumado com o fato de que agora ela era minha, e eu poderia beijá-la como e quando quisesse.
- Vamos nos atrasar. – sussurrou ao sentir minha mão deslizar um pouco além de sua cintura.
- É por uma boa causa. – mordisquei o lóbulo de sua orelha no mesmo momento que meus dedos alcançaram a barra de sua calcinha. suspirou em aprovação, mas logo se afastou me olhando com reprovação.
- Nós fomos indicados, não podemos chegar atrasadas. – afirmou se distanciando ainda mais e seguindo até a penteadeira, ajustando pela quinquagésima vez o cabelo e maquiagem.
- Okay, okay. – concordei finalizando o nó na minha gravata. – Mas garanto que você ficaria muito menos nervosa se deixasse eu te aliviar um pouco.
Ela me lançou um olhar sério do reflexo do espelho antes de retocar seu batom. Eu sabia que ela estava uma pilha de nervos, havia estado assim a semana toda, mas naquele dia em particular estava ainda pior.
- Vai dar tudo certo. – disse me aproximando e enlaçando sua cintura em um abraço. – Nós vamos vencer.
Eu estava extremamente confiante que ninguém merecia mais o prêmio do que nossa empresa, os números diziam por si só. Porém assim que se esquivou do meu abraço, parecendo ainda mais nervosa, notei que isso não se tratava exatamente do prêmio.
- O que está te incomodando? – questionei tentando capturar seu olhar.
- Eu só não quero que o foco do prêmio seja perdido por conta de... – ela ainda evitava meus olhos – você sabe, nós.
Então era isso. Ela estava com vergonha de ser vista comigo, ao menos como sua namorada. Eu já estava acostumada com o fato de que ela preferia ficar em casa e não demonstrar qualquer afeto quando estávamos na empresa, mas pensara que essa seria a oportunidade perfeita para assumir nosso relacionamento, ou ao menos é o que havíamos combinado.
- , já falamos sobre isso. Foda-se todo mundo que tiver algo de ruim a dizer a nosso respeito. – me aproximei levantando seu queixo, a fazendo olhar nos meus olhos. – O que nós temos é mais importante do que isso.
Ela assentiu em concordância, mas eu conseguia ver que ela ainda parecia hesitante. Colei nossos lábios lhe dando um beijo longo e apaixonado, tentando mostrar a ela que nossa conexão era mais importante e verdadeira do que meia dúzia de burburinhos idiotas. Ela se entregou ao beijo, segurando a minha gravata e me puxando para mais perto até que ambas estávamos sem ar. Juntei minha testa na dela, recuperando o fôlego.
- Eu vou estar lá com você, o tempo todo. Eu vou cuidar de você, prometo. – ela assentiu novamente, mas dessa vez percebi a sinceridade e confiança em seu olhar. – Vamos?
FLASHBACK OFF
You know I'm the one who put you up there
Name in the sky. Does it ever get lonely?
Balancei a cabeça ao relembrar da minha ingenuidade em acreditar que somente porque ela havia finalmente aceitado mostrar as pessoas que estávamos juntas, tinha a real intenção de ficar comigo. Aquela noite eu mal a vi, enquanto ela era o centro das atenções, passando por diferentes rodas de conversa e parecendo evitar me apresentar às pessoas. Quanta estupidez ter pensado que tudo fora uma mera coincidência, ela claramente não queria que soubessem, manter sua “reputação” intacta era – aparentemente – mais importante do que sua própria felicidade.
Boa parte do que via da nossa relação era muito mais uma projeção minha do que a realidade, mas de uma coisa eu tinha certeza: eu a fazia bem. Ela poderia negar o quanto quisesse seus sentimentos, mas eu sei que ela não se sentira amada e querida por anos, a solidão que dominava seu coração foi dissipada porque eu estava lá, lutando contra todos os seus demônios, afastando a insegurança, o medo, a desesperança que ela alimentara por anos.
Terminei de limpar a mesa e olhei uma última vez ao redor, respirando fundo para fechar aquele capítulo de uma vez por todas. Peguei a caixa sobre a mesa e estava prestes a sair pela porta quando ela surgiu, parecendo afobada por ter corrido até ali. Paralisei enquanto ela entrava na sala e fechava a porta atrás de si, impedindo minha saída.
- , espere. Nós precisamos conversar sobre isso. – afirmou quase como se suplicasse.
- Não acho que tenha mais nada a ser dito. – retruquei desviando o olhar, aquele que tinha o poder de me deixar de joelhos sem o menor esforço.
- Eu posso explicar... eu sei que parece horrível, mas eu posso explicar. – disse se aproximando, suas mãos tocaram as minhas antes dela pegar a caixa e colocar novamente sobre a mesa.
- Ok, então, explique. Porque de onde eu vejo, você saiu com seu ex sem me falar nada, ensaiando me deixar e voltar para a vida medíocre que levava.
- Foram só alguns jantares. – tentou se justificar – Eu não queria que você interpretasse da maneira errada e acho que, depois de tudo que Roger e eu passamos, ele merecia isso. Nós temos uma história juntos!
Era evidente que até mesmo ela se esforçava para acreditar nas próprias palavras, tentando se convencer que o caminho convencional que seguiu por toda a vida era a coisa certa a se fazer.
- Uma história de mentiras, enganações e abandono. Uau, que sortuda! – a esse ponto a raiva começava a me dominar, eu já havia passado do ponto de ser compreensiva.
Notei que atingi um nervo quando seus olhos se encheram de lágrimas, ela definitivamente não estava acostumada a ouvir a verdade nua e crua, mas eu passei tempo demais cuidando das suas cicatrizes enquanto ela sequer se importava em como eu me sentia.
- Você nem o conhece, e não sabe quase nada de tudo que vivemos. – se defendeu com a voz embargada.
- Eu sei o suficiente. Sei que ele quase te levou a falência, te fez sentir rejeitada por anos e te abandonou quando você mais precisava dele. – rebati irritada, havia abandonado o posto de proteger seus sentimentos – É claro que ele convenientemente apareceu depois que você voltou a andar com as próprias pernas e está mais rica do que nunca, mas se para você isso quer dizer que ele te ama incondicionalmente... boa sorte.
Peguei a caixa novamente e voltei a caminhar na direção da porta, sendo segurada pelo braço antes de chegar à saída.
- , por favor, não faz isso com a gente. – pediu, e dessa vez as lágrimas escorriam por seu rosto.
- Você fez isso com a gente, . Aproveita a vista do topo, espero que consiga mantê-lo sem mim.
Me desvencilhei da sua mão e saí porta afora sentindo meu coração despedaçar no peito. Ao mesmo tempo, eu sabia que o fim era necessário. Eu ainda não entendia muito bem o motivo de ter me apaixonado tão perdidamente por alguém a ponto de deixar minha vida em modo de espera para viver a dela, porém se havia algo de bom em toda essa história de amor trágico era que eu havia entendido meu valor. Qualquer mulher que conquistasse meu coração seria uma sortuda por me ter por perto e era bom que ela percebesse isso. Quanto à , ela poderia voltar a sua solidão, eu vou ficar bem.
Esquecer um amor é duro, porém sofrer por quem não te merece é pior.
(Mirely Anteo)