Ray Dias
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Sem curiosidades para essa história no momento!

Wine

Prólogo

Wine – Changmo (prod. Suga)

  O som de gritos ecoando o seu nome por todo o galpão poderiam ser escutados dos quarteirões mais próximos. revirou os olhos por imaginar que alguma merda teria acontecido e ele teria que limpar a bagunça, de novo.
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  — Estou aqui, senhor Chan! – gritou largando as ferramentas no chão e saindo de baixo de um dos carros.
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  — Seu filho da mãe! Vem aqui no escritório agora!
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  A voz do homem não era nada parecida com a voz de “preciso que limpe outra merda” que o Chan usava. Na verdade, arqueou a sobrancelha tentando imaginar o que teria acontecido, já que ficou claro que ele havia feito alguma coisa errada, mas ele não se lembrava de nada. Apenas limpou as mãos nas estopas rasgadas e subiu as escadas do galpão até o escritório do chefe do desmanche em que trabalhava.
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  — Estou aqui.
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  Ele falou, entrando de qualquer jeito e se jogando no sofá dali, do mesmo modo.
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  — Você sabe que é o meu funcionário favorito, . O meu garoto de confiança aqui… Mas, a minha filha não! A não, entendeu?
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  Na mesma hora, entendeu qual a merda ele havia feito. Se manteria desentendido daquilo até quando fosse possível negar.
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  — Chan, eu não tenho ideia do que está falando.
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  — Como você é sonso, garoto… – Chan o observou com as sobrancelhas franzidas, analisou da cabeça aos pés, e ordenou: — Vamos, dê-me um cigarro!
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   suspirou e retirou o maço do seu bolso, atirando o pacote ao chefe. Chan acendeu um, e jogou o maço e o seu isqueiro, de volta para . O garoto também pegou um cigarro, e imaginou se aquilo seria um “cigarro de permissão” entre pai e… O cara que estava pegando a filha do chefe.
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  — Eu não sou idiota. Você realmente tem a coragem de comer a minha filha, ?
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  — Eu não estou comendo a sua filha.
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   queria segurar uma risada. De certa forma não estava mentindo, já que para ele o verbo “comer” se limitava a saciar a fome de nutrientes que o estômago humano precisava.
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  — E por que então vocês foram vistos em atividades nada inocentes dentro do seu carro, na saída da cidade?
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  — Olha, senhor Chan, eu não nego. Eu posso mesmo ter sido visto ali realizando as minhas… As minhas coisas, entende? Mas, daí cogitar que era a que estava embaçando o vidro do meu carro com seus gemidos é um pouco demais.
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  — Sabe que eu corto isso aí, né? – Chan advertiu olhando entre as pernas de — Eu não tenho o menor problema em mutilar alguém.
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  — Eu sei disso, senhor Chan, pode ficar tranquilo.
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  — Hm… Acho que foi uma péssima ideia colocar vocês para trabalharem juntos.
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  Chan coçou a cabeça e encarou novamente o rapaz jogado ao sofá. lhe passava uma absurda confiança em seu olhar. O rapaz era ótimo em todos os aspectos: talentoso nos negócios, discreto, inteligente, sabia conversar e tinha uma lábia que muito vinha a calhar, e era leal acima de tudo.
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  — Tá certo, . Eu vou dar mais esse voto de confiança, e está avisado! Eu não tenho a menor vontade de te chamar de genro, ouviu? Agora vai fazer um serviço externo para mim!
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Capítulo Um

Meses antes…

  As estrelas estavam mais brilhantes do que em qualquer outra noite. finalmente abriu os olhos, após aqueles minutos em silêncio, no seu carro a pensar no dia exaustivo que tivera. Ainda não conseguia acreditar que a filha do chefe iria trabalhar com ele. Uma grande merda! Ele sempre preferiu trabalhar sozinho. Saiu do carro, puxou seu maço de cigarros e isqueiro, e bateu forte a porta. Enquanto caminhava em direção à mureta do mirante da cidade, ouviu um rugido de motor. Podia saber só pelo som: Camaro, ano 69, preto com listra vermelha lateral. Era o carro de .
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  Sem olhar para trás, acendeu seu cigarro e sentou-se na mureta larga, apoiando um braço atrás, de forma relaxada. O ranger do motor do outro carro silenciou, saía do carro, com uma garrafa de um vinho barato debaixo do braço. Seus saltos altos fazendo barulho por suas pisadas fortes. Ela nem mesmo se importou com o carro ao lado. Não fez a menor diferença buscar saber quem estava ali, apenas sentou-se na mureta afastada do homem que ela não fazia questão de cumprimentar ou saber quem era. Também não tinha medo, sabia se proteger muito bem se necessário. sentou-se na mureta, puxou a rolha da garrafa que já estava aberta e bebeu. Alguns goles depois, a fumaça do cigarro de estava sendo direcionada ao rosto dela pela brisa leve, decidiu reclamar.
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  — Ei! Você não pode fumar em outro lugar? – perguntou ela sem ao menos olhar para o estranho.
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  — Não. – ele respondeu a olhando de lado, com um semblante de ultraje — Mas você pode sair daqui se quiser.
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   estava irritada, tiveram um dia estressante com a “convocação” do seu pai, e antes de chegar ali havia brigado com ele de novo. Ainda tinha que ouvir o estranho dizer a ela para sair ela, ao invés dele apagar o cigarro? Estava pronta para dar a ele uma bela de uma resposta mal criada quando o olhou e viu o sorrisinho presunçoso no rosto de ninguém menos do que, .
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  — Você… – ela constatou sem paciência — Eu vou ser obrigada a te ver fora daquela merda de galpão também?
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  — Hm… Eu cheguei primeiro e o mirante é público, embora eu o frequente a muito tempo e ninguém mais venha aqui.
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   se deu por vencida. Os dois continuaram ali em silêncio. Ela se levantou e foi se sentar do lado oposto que estava a corrente de vento, e mais perto de , que lhe olhou desconfiado.
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  — O quê? – ela perguntou com expressão ácida — Eu não sou obrigada a fumar também!
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  — Sabe… – perguntou com sua voz desinteressada e os olhos fixos às estrelas no céu — Eu fiquei curioso para saber por quê a filha do Chan de repente aparece com o pai, e ele a coloca nos negócios… Você não parece ser muito conivente com o que fazemos.
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  — Isto é uma deixa para ouvir minha história de vida?
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  — Isso foi só uma pergunta, que não faz muita diferença se vai ser respondida ou não.
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   tinha que admitir: a maneira como parecia desinteressado a ela, desde cedo quando Chan anunciou que eles trabalhariam juntos, e ele apenas assentiu e revirou os olhos sem muita discussão, não só a deixava curiosa, como também interessada em descobrir quem era o tal .
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  — Ok… Minha mãe foi presa como cúmplice das tramas do meu pai, há alguns anos. E então, ela sempre me disse para “não me meter com o trabalho dele”. A gente morava juntas antes disso… Não que eles fossem separados, mas… meu pai achava mais seguro assim. Eu passei a visitar ela na cadeia mais vezes do que eu achei que duraria o tempo dela presa… E fui percebendo que por mais que eu a dissesse que ficaria de fora de tudo isso, era um pouco impossível fugir.
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  — E aí ela morreu há seis meses e você veio morar com o seu pai. – a frieza na voz de já deixava nítido que ele era um homem pouco sentimental.
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  — Sim…
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  — Você não quis estudar? Sei lá… Fazer uma faculdade ou qualquer coisa que realmente lhe desse a oportunidade de não morar com o Chan?
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  — Pra ser bem sincera eu sempre odiei a escola. Eu queria mesmo produzir vinhos, mas isso é totalmente fora da minha realidade.
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   a observou curioso, em seguida olhou para a garrafa de vinho nas mãos dela, e sem que percebesse, ele a pegou e virou o gargalo em sua boca, depois de jogar a bituca de seu cigarro fora. ficou atenta de um modo interessado aos gestos e expressões de .
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  — Para quem quer produzir vinho você bebe suco de uva.
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   gargalhou, o que contagiou um riso fraco em . E ele sorria lindo.
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  — Eu falei que era fora da minha realidade… – ela sorriu presunçosa dizendo em seguida: — Mas, eu sei beber vinho sim senhor, eu tenho bom gosto, só não tenho grana pra bancar isso.
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  — Sei… aprendeu a beber vinho com o Chan? – o tom de deboche era nítido na voz de .
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  — Não… Aprendi sozinha. Não foi nenhum homem a me ensinar.
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  — Entendi… Uma mulher cara… Bem, o Chan tem que desmanchar mesmo muitos carros por aí!
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   relevou o fato de mencionar que ela dependeria do pai, até porque ela não queria aquilo.
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  — E você, senhor funcionário do mês… Nunca pensou em estudar?
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  — Eu sou engenheiro mecânico formado. – ele disse como se não fosse nada.
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  Na verdade, estava se gabando discretamente naquele momento, e foi impossível que não se assustasse com aquilo. Ela nunca diria que ele tinha uma formação. Por que ele vivia aquela vida então?
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  — Você fez faculdade? – perguntou embasbacada a ele — E por que não abriu a sua oficina e saiu dessa merda de vida em que trabalha para o meu pai?
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  — Porque eu não gosto de uma vida certinha. Por que acha que seu pai confia tanto em mim? Ele sabe que não teria um engenheiro formado trabalhando no desmanche dele, e modéstia à parte, eu sou ótimo em tudo o que eu faço.
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   devolveu a garrafa para ela, com um olhar cheio de segundas intenções e um sorriso de pura malícia. Havia conseguido despertar a curiosidade em e tinha noção daquilo desde que foram apresentados.
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Capítulo Dois

[…]

  O carro estacionado na porta do galpão, todo preto, com vidros fumê e discreto não denunciava que dentro havia uma pessoa impaciente a aguardar a princesinha do desmanche. surgiu na porta do galpão arrastando o pesado portão pelos trilhos, com uma expressão sonolenta e nada amigável. Seus cabelos soltos com a franja cobrindo um pouco da testa e dos óculos escuros, um batom extremamente vermelho nos lábios, as calças jeans rasgadas e a blusa surrada do Smile, nos pés, all stars.
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   observou a mulher por um instante e sentiu sua irritação quase se dissipar. Como ela conseguia estar tão desgrenhadamente linda de madrugada? A garota se aproximou do carro e não conseguindo enxergar nada, abaixou-se ao vidro tentando enxergar dentro do veículo. bufou e abriu a porta por dentro a assustando.
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  — Está atrasada! – ele ralhou assim que ela entrou.
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  — Ah me dê um desconto vai, hoje é meu primeiro dia.
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  — A partir dos próximos você vai chegar meia hora antes, ou eu te deixo para trás. Não é como se eu precisasse de você mesmo.
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   o encarou, e já estava mais irritada ainda. Não bastando acordar às duas da manhã ela ainda teria que lidar com aquele humor de ? O homem arrancou com o carro, e ela reclamou em bom tom:
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  — Aish… Se for para lidar com este seu humor de manhã, me faça o favor de ir sozinho então.
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  — Cala essa boquinha, .
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  Ela soltou um sorriso ultrajado e com a cabeça apoiada à mão, na janela, olhando para o retrovisor, ela fez que questão de não se calar.
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  — Aonde vamos?
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  — Verá quando chegarmos.
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  — Como fazia isso sozinho?
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  — Caralho… Você não vai calar a boca?
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  — Não com você me pedindo desse jeito. – ela respondeu atrevida e ligou o rádio.
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   revirou os olhos e a encarou rapidamente, vendo um sorriso provocante surgir nos lábios da mulher. Estava fodido. Sentiu um desejo urgente de beijar os lábios vermelhos da mulher.
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  — Pra quê os óculos?
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  — Se quer conversar agora, começa me respondendo.
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  — Eu vinha de moto. – deu-se por vencido — Deixava-a estacionada em algum lugar escondido perto de onde faria o furto. Depois mandava alguém vir buscar quando não dava pra jogar ela dentro do carro.
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  — Tudo isso para não trabalhar em equipe?
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  — O único trabalho em equipe que eu gosto é na cama. Quer ver? – ele perguntou com a sobrancelha arqueada, provocando-a e sorrindo travesso.
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  — Talvez outro dia. – ela respondeu o surpreendendo.
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   não explicou o motivo dos óculos e os dois seguiram calados até o ponto onde sabia que teria mercadoria a roubar, só foi possível ouvir dentro do carro o som baixo das músicas que tocavam.
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  Chegaram no bairro que sabia que haveriam bons carros, e em uma das ruas anteriores ao ponto onde ele efetivaria o delito, deixou estacionado seu carro com dentro.
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  — Pula para o banco do motorista, e me encontre daqui dez minutos há duas quadras daqui. Se atrasar, eu vou partir e te deixar para trás.
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  Ele ordenou e bateu a porta do motorista antes que ela pudesse responder qualquer coisa. desceu do carro e deu a volta indo para o banco do motorista, impaciente. Observou caminhar com um porte elegante que nem combinava com um bandido como ele, acendendo a um cigarro e ir tranquilamente virar a uma esquina.
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   sorriu imaginando o quanto a princesinha do crime estaria irritada com ele aquela manhã. Não queria ter chegado aquele ponto e nem admitir algo do tipo, mas incontestavelmente depois de vê-la tão largada e gostosa pela manhã, soube que iria fazer um bom trabalho em equipe com ela. Do jeito que ele gostava.
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  O bairro de classe média, tranquilo e pacato não poderia estar mais silencioso e deserto naquela madrugada. caminhou direto ao seu alvo, já havia sido estudado pelo olheiro do desmanche, e ali estava: um Nissan modelo do ano, novo, reluzente e cujo sabia o quanto teriam valor as suas peças. Aproximou-se do carro, utilizou sua chave mestra para abrir sem disparar o alarme, e entrou. Sentado no banco do motorista, primeiro desligou o alarme com seu aparelho portátil que hackeava a sistemas como aquele, em seguida desligou a caixa preta, e procurou pelo sinal que havia rastreador no carro, quando encontrou aquele sistema de segurança rapidamente e com eficácia de um mestre no assunto ele desligou o rastreio. Deu partida com a sua segunda chave, própria para o arranque e dirigiu tranquilo ajeitando os retrovisores como o próprio dono do automóvel. Acima de qualquer suspeita. Sabia cada ponto cego daquele bairro, por isso dirigiu por ruas sem câmera até um ponto onde pode estacionar e com uma fita tampar as placas do veículo. Novamente entrou no carro e deu partida ao ponto de encontro em que já estava estacionada o aguardando. Passou sem parar ao lado do carro dela e piscou o farol, a garota então seguiu o veículo de de volta ao galpão.
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  E aquela era a rotina dos dois por alguns meses. Quando chegava no galpão, rapidamente iniciava o desmanche. era apenas a motorista dele, Chan não queria a envolver mais do que o necessário em tudo aquilo. E pelos meses que trabalharam juntos, os dois começaram a se odiar menos, e cada vez mais sentirem-se atraídos pelas brincadeiras e provocações um do outro.
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Capítulo Três

[…]

  — Por que está usando óculos em plena madrugada? Da primeira vez que fez isso na sua primeira ida comigo, não me respondeu, mas também não fez mais isso… Você apanhou ou algo do tipo?
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   perguntou direto enquanto estendia a ela uma cerveja no mirante onde costumavam parar de vez em quando apenas para observar a noite da cidade, ou passar um tempo juntos e sem dar o braço a torcer que aquele fosse o motivo. sabia que Chan e ela vinham discutindo com mais frequência do que o habitual, e estava estranha nas últimas semanas, supor que ela havia apanhado era algo possível para ele.
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  — Meu pai nunca me bateria. – ela respondeu com certeza, ao virar uma boa quantidade de cerveja no gargalo.
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  — Ah é? – perguntou desconfiado e imediatamente puxou os óculos do rosto dela, e a mulher o encarou com raiva: — Hm… Passou a noite chorando, então. Por isso.
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  — É foi sim, mas não vou ter essa conversa com você, . Esquece.
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  — Eu não disse que queria ouvir suas lamúrias. Mas, na boa? Não precisa fazer isso, esconder de mim. Até porque fica ridículo você igual ao Steve Wonder no meio da madrugada.
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  — Vai se ferrar. – ela não conseguiu evitar a risada pela piada dele.
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  Mais uma vez, bebiam calados. Desesperados para se entregarem aos desejos do corpo um do outro, mas extremamente medrosos de que aquilo os fizesse depender um do outro. Sem terem tocado a boa um do outro, e já sentiam algo especial um pelo outro, simplesmente por serem idênticos um ao outro, imagina então se se envolvessem.
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  — Eu quero… Ir embora, mas ele não deixa… – falou finalmente.
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  — Está contando suas lamúrias agora? – a encarou debochado com um sorriso de lado.
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  — Eu sei que você não se importa , então… Só escuta, por favor. Eu não tenho amigos nesta merda de vida, e antes que você diga qualquer coisa, eu não estou reivindicando isso de você.
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   se surpreendeu. Não imaginava que era aquilo que pensava sobre ele ou sobre os dois. Com certeza aquilo era bem diferente do que ele pensava. Ficou em silêncio indicando-a com um olhar que ela poderia continuar.
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  — Eu tenho juntado uma grana há algum tempo, para comprar umas terras no interior… Seoul não é compatível com meu sonho.
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  — A vinícola?
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  — É… Primeiro eu tenho que ter um vinhedo, não é? Então preciso ir para o campo e produzir e…
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   a interrompeu com uma gargalhada, cuspindo um pouco da cerveja e não entendeu nada e apenas ficou o encarando irritada.
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  — Qual foi, ?! – ela gritou com ele.
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  — Cara… … Você bancando a camponesa… Vamos combinar vai, é engraçado! – sorriu debochado para ela.
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  — Eu acho a coisa mais bizarra do mundo você ser um nerd engenheiro com falso tipo de badboy e nem por isso fico rindo da sua cara!
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  — Yá, yá… Relaxa um pouco garota… – ele riu batendo nos ombros dela com os seus — Eu só acho que você vai ficar… – deu uma encarada nela de cima a baixo: — Fofa com um vestidinho de camponesa pisando em uvas…
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  — Eu posso continuar?
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   perguntou segurando o riso, fingindo seriedade e ignorando o flerte, então jogou o casco da garrafa de cerveja num canto e se abaixou para pegar outro atrás da mureta e ela continuou:
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  — O fato é que eu já tenho o suficiente para começar, então eu queria ir embora… Mas o Chan insiste que eu vou ficar com a oficina no lugar dele até que ele tenha condições de cair fora desse negócio e passar para… – ela olhou de uma forma misteriosa: — Outro.
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  — Ele sempre disse mesmo que a oficina era sua.
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  — Como é que é?
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  — Não achou que seu pai deixaria você como contrabandista de peças e de carros adulterados não é?
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   pensou um pouco a respeito, um pouco surpresa pelo pai ter pensado em manter ela “limpa” de alguma forma.
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  — Aproveitando que você está me contando isso… O que fazem com os carros que você desenha, monta e adultera?
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  — Os customers?
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  Customers era como eles chamavam os carros que estilizava em réplicas desde os projetos desenhados até a montagem.
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  — Com tudo na verdade… Como é o esquema? Eu nessa há meses te ajudando e nem sei no quê.
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  — Se eu te contar… – a encarou bem humorado: – Eu vou ter que te matar.
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  — Vai se foder, . Conta logo!
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  Ele adorava o jeitinho irritado dela.
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  — Nós vamos nos foder daqui a pouco, sem pressa. – ele murmurou a surpreendendo e a deixando, ruborizada — Mas bem, vendemos os customers para uma galera dos rachas e alguns colecionadores… É um trabalho artístico sabe? E eu aproveito cada peça que dá dos carros mais fodidinhos.
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  — Como ninguém descobre que os customers são carros roubados?
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  — Porque não tem chassi… São réplicas, que saem mais baratas para nós de produzir e mais caras para eles comprarem. Entendeu?
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   falava sobre tudo com um absurdo orgulho na voz e ainda estava impressionada. Observá-la ali com aqueles olhos fixos nele a tentarem desvendar o que havia por trás de , estava deixando-o ainda mais desejoso de beijá-la. Então sua expressão de orgulho e sorriso deu espaço para uma respirada profunda, um fechar de olhos como se lutasse contra si, e a sua voz acompanhou seu corpo no que ele chamaria de “tentativa de não ser impulsivo”:
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  — Termina logo sua história.
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  — Ahn? – despertou de seus devaneios, confusa, e observou o corpo tenso de ao seu lado
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  Assim como ele, também estava se controlando para não sentar no colo daquele homem extremamente misterioso e singular, sexy e com cara de bom fodedor e mandar à merda todos os seus sonhos, apenas para viver uma vida sem regras com ele.
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  — O vinhedo… – ele pronunciou e ela continuou:
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  — Ah… É isso! Ele não quer me deixar ir, eu não encontrei ainda um motivo que me prenda aqui e me faça desistir e nós temos discutido muito por isso. Meu pai tenta encontrar uma forma de me fazer ficar, e eu uma forma de ir…
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  — Entendi… – concordou terminando de virar sua cerveja de uma vez e olhando o horizonte iluminado da cidade pelo mirante em que estavam sentados: — Acabou?
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  — Sim, por quê? Vai sair correndo para algum lugar? – debochou com um sorriso sarcástico e impaciente.
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  — Não, mas eu vou te foder agora.
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   saltou da mureta ficando em pé atrás de , a mulher estava confusa ainda olhando para o lugar em que ele estava sentado, quando sentiu as mãos dele na cintura dela a girando para ficar sentada de frente para ele. Com medo de cair no abismo do mirante e surpreendida por ele, imediatamente largou a garrafa que caiu montanha abaixo, fazendo um barulho de estilhaço e segurou firme ao pescoço dele.
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  Encarou assustada, e antes que pudesse lhe perguntar se ele era louco ou coisa assim, ela vislumbrou o sorriso de luxúria de e o sentiu invadir sua boca num beijo que nem precisaria de permissão. Tanto quanto ele, queria sentir a língua dele em sua boca e sugá-la de forma a nunca mais desejar a boca de nenhuma outra mulher.
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   puxava a gola da camisa dele cada vez mais para si como se pudesse se fundir ao corpo dele, e inclinava-se sobre ele sentindo as mãos de puxando-a e apertando sua bunda. Sem muita demora, afinal estavam se segurando há muito tempo, ergueu em seu colo e carregou-a até o carro, onde ela desceu de seu colo e se escorou na lateral ainda beijando voraz a boca um do outro. abriu a porta traseira do carro, e interrompeu o beijo encarando maliciosamente o rosto de . Deslizou seu polegar pelos lábios dela com um olhar tão intenso em seus olhos, que sentiu-se molhada.
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  — Alguma objeção? – ele perguntou olhando profundamente nos olhos dela.
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  — Só se você quiser parar. – ela respondeu e puxou o lábio de entre seus dentes.
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  Ele sorriu e puxou a própria blusa para cima e pôde ver o abdômen que tanto flagrou vez ou outra, em um sujo de graxa no desmanche de algum carro. Ela sorriu de modo safado ao vê-lo jogar a própria blusa pela janela do motorista e abrir a porta traseira para ela entrar, como um cavalheiro. caminhou risonha e sensual até o banco de trás, mas quando ia entrar, ela sentou-se à porta e o impediu.
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  — Qual é? – ele perguntou confuso.
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  Ela sorriu e levou as mãos ao cinto da calça dele, e olhou ao redor tendo certeza que estavam sós, e excitado pela ideia da mulher. Sorriu de canto mordendo aos próprios lábios, vendo e sentindo lhe proporcionar um prazer preliminar.
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  — Já deu para o começo… – ele murmurou quando sentiu que estava quase lá, e afastou-se da boca da mulher que riu sacana entrando mais ao carro e se deitando no banco traseiro: — Tem muita roupa nesse corpo, princesinha…
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  Ela odiava que a chamasse daquela forma, mas sabia que ele estava só provocando. tirou sua blusa enquanto tirava as calças dela percebendo-a somente de lingerie. retirou também sua calça e fechou a porta traseira do carro, os dois já sentindo o quão abafado ficaria ali dentro. Então com seus corpos seminus, ele se posicionou sobre o corpo dela distribuindo beijos em seu pescoço perfumado, e apalpando toda parte do corpo dela que ele desejou.
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  Aquele realmente era o melhor trabalho em equipe de , não poderia negar nem se quisesse.
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Capítulo Quatro

  Três meses se passaram em que e estavam em um relacionamento casual escondido de Chan. Ela estava apaixonada e tinha certeza daquilo no dia em que pela primeira vez, quase foram pegos. Mas demonstrar os sentimentos ou apenas ser possível que outras pessoas o lessem, era algo que não criava expectativa. Ele era uma incógnita, uma máquina sexual e só. Embora muitas vezes ele demonstrasse cuidado e preocupação por ela, do jeito dele… Nem que ela fosse um guru, teria como a saber lê-lo. Ela não era tão boa em ler as pessoas como ele, e até sabia que era o tipo que precisava de palavras e não gestos, para compreender algumas coisas. Ele não iria dar à ela palavras, porque para não se envolver mais do que já vinham fazendo era melhor. Ela tinha um sonho bonito, um desejo de vida comum, e sem muita confusão. Não queria contato com o mundo do pai, mas o mundo do pai dela era também o mundo de . Então, embora tão parecidos, eram também diferentes em suas perspectivas. Qual a razão de nutrir algum tio de esperança, então? Eles não deveriam ficar juntos, nada parecia se encaixar muito para aquilo. E o único dia em que quase foi pego, dentro de todos os anos de trabalho para o Chan, foi o dia também em que ele percebeu que era hora de dar um basta.
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  Como toda vez, estava estacionada próxima ao lugar do delito e já dirigia tranquilo ao encontro dela. Mas, havia algo que estava deixando a mulher tão preocupada que não notou que atrás de si, há alguns metros, havia um carro a observando e seguindo. Em sua mente ela só conseguia pensar: “De quantas maneiras possíveis você ainda vai foder mais a sua vida, ?”. A pior coisa que poderia lhe acontecer naquele momento havia acontecido, e ela ainda estava apaixonada. Era uma tola mesmo! Quando o carro de surgiu ao lado dela, ele baixou o vidro percebendo a mulher aérea e irritado esbravejou:
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  — Porra , tá dormindo!?
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  — Que susto, ! Que merda!
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  — Vamos logo! Vê se acorda! – ele bronqueou e deu partida devagar para não fazer barulho.
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   bateu no volante puta com o modo como ele a flagrou, desatenta. Deu partida logo atrás dele, e então alguns metros à frente percebeu o carro atrás de si, e emparelhou com , já assustada. Gritou para ele através do vidro:
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  — Estamos sendo seguidos!
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  — E você não percebeu isso antes? – esbravejou novamente.
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  Agora ele estava realmente revoltado por falhar na única coisa que ela tinha como função ali: despistar. Não tiveram tempo de continuar discutindo porque os tiros foram ouvidos. Na tentativa de protegê-la, ele gritou:
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  — Acelera!
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   obedeceu e ganhou à dianteira enquanto atrás, o carro de mantinha a velocidade para dar tempo de fugir. Ela olhou pelo retrovisor o carro sendo alvejado de tiros por dois homens não identificados atrás. Não era a polícia. Certamente, uma gangue ou algum rival do seu pai.
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  Não poderia ver levando os tiros e não fazer nada. Ela entrou numa rua paralela e retornou na contramão. Entre um prédio e outro, estavam as duas ruas, e havia um beco por onde poderia surpreender o carro inimigo e assim fez. Quando ela embicou no cruzamento, o carro de passou e ela acelerou com tudo na tentativa de bloquear o outro carro com o seu, mas melhor do que ela previu, o seu carro bateu bem no meio do Hyundai que os perseguia o encurralando na calçada. bateu a cabeça no volante e cortou um pouco sobre o cílio. Observou os caras desmaiados no outro carro, e sem esperar para saber se viveram ou morreram, ela deu ré e tomou a posição em direção a . Assim que viu o que havia feito, parou o carro, mas não podia sair dali. Observava aflito ao retrovisor, até que ela dirigiu até ele novamente emparelhando.
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  — Tudo bem? – ela gritou do seu carro observando se encontrava algum sinal de ferimento nele.
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  — Vamos embora! – não respondeu se estava bem, só conseguia se sentir bravo pelo sangue que escorria do rosto de .
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  Chegaram ao galpão e foram recebidos pelos seguranças do desmanche, que assim que perceberam que algo havia dado errado mandaram chamar Chan na sua residência que ficava acima da oficina. Quando Chan surgiu observou o rosto de e iria bater em , mas os capangas carregando no colo deixaram os outros dois perceberem que ele havia levado um tiro.
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  — ! – correu até ele desesperada.
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  — Sai daqui. – ele ordenou: — Anda logo, ! Sai!
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  Ela ficou assustada parada ao ver os caras de Chan levarem para o galpão.
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  — Subam com ele! – Chan ordenou aos homens indicando para levar o rapaz à sua casa.
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  E então ele notou os olhos da filha, marejados e culpados.
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  — Foi minha culpa! Eu não prestei atenção se estavam seguindo a gente, pai! – ela murmurou chorando.
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  Chan se aproximou da filha pegando em seu rosto para observar o ferimento.
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  — Está machucada em mais algum lugar?
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  — Não! – ela chorava tirando as mãos cuidadosas dele de seu rosto: — Eu legal, eu tive que bater no carro deles, pai! me mandou fugir e se deixou pra trás sendo alvejado!
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  — Era a polícia? – Chan perguntou estranhando a situação.
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  — Não! Acho que era uma gangue… Sei lá.
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  — Tem uns caras novos no pedaço… Não achei que fossem se meter comigo, eu avisei a eles! – Chan vociferou e olhou para a filha que ainda estava andando de um lado pro outro com as mãos à cabeça desesperada — … Vocês dois, o que está acontecendo?
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  — Ah pai, fala sério! Vamos subir! Ele com a porra de uma bala no corpo!
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  Ela falou brava fugindo do pai e indo para casa. Chan seguiu-a e quando ela entrou na casa, estava deitado no sofá da sala e um dos caras da equipe arrancava a bala de sua perna.
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  — Porra o que você tá fazendo? – ela gritou tentando ir para cima do homem, mas um dos capangas a segurou.
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  — Ele sabe o que está fazendo, . – ouviu a voz do seu pai — Não podemos levar o para o hospital ou a polícia se mete no meio. O Xian é médico.
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  — O quê? – ela o olhou surpresa e ainda brava: — É pré-requisito para você que seus bandidos tenham faculdade é?
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   gritou e saiu da sala em direção ao seu quarto. Ela bateu a porta, foi direto para seu banheiro e tomou banho. Em seguida ela mesma fez seu curativo. Quando saiu do quarto, não havia movimentação de ninguém e nem os resmungos de dor de podiam ser ouvidos. Abriu a porta do quarto do pai e estava vazio. Retornando à sala, viu deitado com uma mão à testa, e sem graça e preocupada ela se aproximou. Puxou uma cadeira para se sentar perto dele:
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  — Ei… Você legal? – ela perguntou e já sabia que ele iria dar uma resposta mal educada pela pergunta idiota.
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  Mas só a olhou de cima a baixo à procura de ferimentos nela, e acenou silencioso que estava legal.
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  — Está ferida em algum lugar?
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  — Não. Foi só um corte na testa quando bati neles.
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  — Que porra estava pensando ao fazer aquilo, ? – começou a brigar — Eu mandei você fugir!
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  — Eu não ia te deixar pra trás sendo alvejado, ! Se eu tivesse fugido você poderia estar morto agora! – ela gritou e ele desviou o olhar do dela, e praguejou baixinho. — Me desculpe… Foi minha culpa e…
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  — Esquece. – ele a interrompeu e então a olhou curioso: — Desculpe gritar com você lá embaixo.
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  — Tá…
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  Os dois ficaram em silêncio se olhando, então perguntou observando a expressão de quem segurava o choro no rosto de :
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  — Por que estava tão distraída hoje? Tá rolando alguma coisa?
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  — Não é nada. Eu só… Não prestei atenção. – ela desconversou.
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  — Seu pai vai te deixar ir agora, pode ficar tranquila.
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  — Eu não sei se eu quero ir… – confessou.
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  — Como é que é? – se esforçou para se sentar a olhando incrédulo e irritado por imaginar as razões que ela teria para ficar: — Você vai abandonar seu sonho na oportunidade perfeita por qual razão, posso saber?
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  — Eu não sei se eu quero ir, só isso! – mentiu ela se mostrando instável.
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  —
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  A voz de deixava explícito que ele iria dizer algo que ela não queria ouvir. Ela imaginou mesmo que ele fugiria no primeiro momento que ela demonstrasse querer escolhê-lo, mas no fundo de seu coração esperava ser correspondida de alguma forma.
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  — Hoje mais cedo o seu pai me perguntou sobre nós.
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  — E o que você disse?
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  — Eu neguei, é claro! Viram a gente num carro, te reconheceram e bateram para ele, mas Chan acreditou em mim.
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  — Ele me perguntou há pouco também.
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  — Você negou não é?
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  — Eu deveria? – ela perguntou sentindo a garganta embargar e começando a ficar brava por demonstrar “zero” sensibilidade ao que eles vinham vivendo juntos.
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  — Quer saber o que ele me disse? – perguntou ao notar que ela se abalava e não esperou resposta: — Que apesar de eu ser o garoto de confiança dele aqui, ele não tem a menor vontade de me chamar de genro, .
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  — Tá, mas e você? – ela perguntou brava e impaciente: — Você não sente nada? Nem a porra de um carinho, por mim!?
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  — … – ponderou entre ser duro demais ou duro o suficiente: — Eu sabia que não daria certo nós trabalhando juntos, mas imaginei que você seria mais racional … Eu tenho sim um carinho por você, nos tornamos amigos ou algo do tipo, mas é só isso, .
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  E a lágrima que ela segurava não se conteve em rolar. Ela movimentou a cabeça numa afirmativa silenciosa e saiu dali em direção à saída da casa. Iria comunicar ao seu pai que estava caindo fora, mas nem foi preciso, ele apareceu pela varanda e a observou chorando. Olhou para a filha, de cima a baixo, preocupado, mas se manteve silencioso, sabia que ela iria dizer algo.
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  — Eu não vou ficar mais aqui.
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  — Eu não pretendia mesmo deixar você continuar com isso. Mesmo que você quisesse ficar, com o você não trabalha mais. E nem com ninguém, na verdade. Se quiser tocar a sua oficina, eu te dou todo apoio, mas se eu estiver certo sobre o que eu penso… Não vai ser prudente por enquanto.
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  — E o que você anda pensando, pai? – perguntou sarcástica.
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  — Aquele filho da puta estava transando com você, não é? E agora você está apaixonada… E ele não, porque como eu sabia: ele não é homem pra você.
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  — Então saiba que a culpa disso é sua por nos colocar juntos, antes de tentar repreendê-lo de alguma forma.
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  — Não vou fazer nada com ele, eu gosto do como um filho. Ele é meu garoto de confiança aqui.
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  — Só não gosta dele como genro… – ela soltou em tom de voz acusador para o pai.
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  Preferia acreditar que não a queria pelo o que Chan dissera a ele, e não por falta de algum sentimento.
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  Uma semana depois, ainda estava afastado das atividades que não poderia fazer, e estava partindo. Havia se despedido do pai em casa, e entrou ao escritório da oficina, onde esboçava novos desenhos para futuros customers.
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  — Ei… – ela pronunciou e ele a encarou sorrindo e indicou a ela que entrasse — Eu indo nessa…
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  — Se um dia você quiser… – ele falou com sua expressão de pouca emoção: — Eu adoraria visitar o seu vinhedo e rir de você vestida de camponesa pisando em uvas.
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   riu. Queria se manter firme e sem nenhum tipo de abalo por aquela despedida, mas foi inevitável não rir.
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  — É claro… Vai ser bem vindo, . – ela sorriu e olhou para os projetos dele na mesa: — Estão muito bonitos… Quem sabe um dia eu não encomende um?
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  — Eu posso te fazer uma miniatura para se lembrar de mim e do momento de sua vida sem lei, se quiser. – ele brincou.
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  — Eu não vou precisar de uma miniatura de carro para me lembrar de você, .
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  Havia algo oculto naquela frase. sentiu pelo tom de voz dela, que agia como se nunca fosse de fato se despedir de . Ela sorriu e sem dar um aperto de mão, um beijo ou até mesmo um abraço, acenou para ele e deu as costas saindo do escritório arrastando a mala.
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  — Boa sorte, . – ele desejou sincero se escorando no encosto de sua cadeira de trabalho a observando sorrir e partir.
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  Era definitivo, ele nunca mais veria a única mulher por quem se percebeu apaixonado ao levar aquele tiro. A única que o fez, pela primeira vez na vida, não pensar só nele. Ele abriu mão de ser um motivo para ela ficar, para que vivesse sua vida de sonhos e vinhos.
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Epílogo

“Eu não aguento isso, tem uma sensação tão doce como o primeiro e esquisito vinho que tomamos. É muito amargo e dolorido, vou mantê-lo bem diante aos meus olhos e te deixar ir assim como as lágrimas caem dos meus olhos…”
(Wine – Changmo).

  Há meses que não dava notícias ao pai e Chan estava preocupado e com saudades. Naquele dia ele decidiu ir visitá-la no interior e deixou no controle de tudo na oficina. Duas horas e meia de viagem depois, Chan avistou a pequena propriedade vasta, sem qualquer plantação frondosa, mas com várias parreiras montadas à esperada de quando os galhos já existentes, de forma tímida, dessem frutos. Desceu de seu carro à porteira da propriedade e buzinou. Viu uma mulher com grande chapéu de palha, ao longe. Era uma senhora, e logo estranhou se estaria no endereço certo. A mulher fez sinal com as mãos para que o carro entrasse:
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  — Hana, vá avisar a jovem senhora! – gritou a senhora para uma das suas ajudantes mais jovens que entrou correndo à casa modesta da propriedade.
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   estava sentada à mesa do computador fazendo contabilidade dos gastos com a colheita e estudando, como vinha fazendo arduamente, para que o negócio desse certo e se expandisse e ela pudesse ter bons compradores.
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  — Senhorita ! – gritou a jovenzinha ao entrar: — Tem visita na propriedade!
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  — Oh, obrigada, Hana…
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   estranhou e levantou-se caminhando para a entrada da casa. Chan desceu do carro e cumprimentou a velha senhora que lhe acenou e agora estava a cumprimentá-lo:
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  — Este é o vinhedo de ? – ele perguntou.
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  — É sim senhor, a menina foi chamá-la! O senhor, quem é?
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  — Eu sou o pai dela.
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  — Uwa! – a mulher sorriu largamente: — Ela ficará muito feliz!
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  — A senhora quem é?
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  — Oh, eu me chamo Jang Mi! Eu ajudo a pequena , que não pode fazer o trabalho pesado.
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  — Não… Pode?
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  Chan perguntou confuso, mas a filha surgiu à porta e Jang Mi lhes sorriu dizendo: “Ah aí está ela! Senhorita! Seu pai veio visitá-la!”. sorriu por finalmente rever o pai. Não tinha objeções de que ele a visitasse, mas nunca acreditou que ele iria. Chan por sua vez estava surpreso, curioso e morrendo de saudades. Os dois se abraçaram emocionados, e ele entrou. Conheceu a casinha modesta de , almoçou com ela, passou o dia ali conhecendo a propriedade pequena e os planos da filha e por fim conversaram.
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  — Como você me esconde uma coisa dessas, ?
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  — O senhor sabe como eu sou independente pai… Eu consegui comprar isso aqui sem depender de você…
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  — É, mas juntou dinheiro desde garota para isso! … Agora me deixe ajudar vai, me deixe comprar móveis pra casa, te ajudar com dinheiro… Sei lá…
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  — Isso vai deixar o senhor em paz? – ela perguntou já disposta a aceitar.
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  Depois de saber que sozinha era difícil chegar onde almejava e sentindo a sincera preocupação do pai, que tanto lhe impediu de fazer aquilo, mas naquele dia estava ali orgulhoso dela, aceitaria ajuda.
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  — Vai sim.
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  — Então tudo bem.
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  — E vou ficar em paz também se me disser se o pai é quem eu penso que é. – Chan proferiu preocupado.
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  — É, é o
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  — Se eu soubesse não teria deixado você partir daquele jeito! Você não contou a ele, contou?
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  — Claro que não… Ele não me queria, porque eu iria forçá-lo a ficar comigo por uma gravidez?
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  — Não é questão de forçá-lo a algo, é direito dele saber e dever dele assumir! Eu vou contar a ele, .
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  — Não, pai, eu não quero que ele se sinta obrigado a nada.
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  — … Eu preciso te contar uma coisa.
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  Ela prestou atenção ao pai que estava ansioso para contar-lhe, a parte desconhecida de sua despedida.
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  — Naquele dia do tiroteio, você avisou que iria embora e entrou para seu quarto. Eu conversei com ele, e soube na mesma hora que o estava apaixonado por você. Mas ele é pé no chão demais para admitir sonhos que ele não poderia ter, e você é algo que ele julga não merecer. De certa forma eu concordo, acho que não existiria nunca homem nenhum no mundo que mereça a minha menina… Mas, a questão é que ele não te pediu pra ficar porque ele julga que você merece mais do que o amor de um engenheiro que se iguala a um gângster trabalhando em um desmanche, e que gosta do que faz… O como eu gosta de viver fora das regras, . Não é como se ele não tivesse opções, é uma escolha dele.
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  — Está me dizendo que ele me ama? E me deixou ir por achar que era melhor para mim? – perguntou revoltada e o pai assentiu: — Eu não sei se acredito nisso, pai.
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  — Tudo bem! Mas eu vou dizer a ele que você quer vê-lo, não vou contar nada sobre essa criança. Se ele vier, você saberá que ele sente alguma coisa.
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  — Ele não viria aqui só porque eu queira o ver, pai…
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  — Se ele te ama, ele virá sim. Um homem apaixonado que abre mão da mulher que ama, não perde a chance de vê-la uma última vez.
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  Chan se levantou e se despediu da filha. Passou a viagem toda de volta sentindo-se culpado por deixar partir, grávida de . Não permitiria mais que os dois ficassem distantes e se quisesse continuar naqueles negócios, ele não o impediria, mas não deixaria também ele comandar de frente como eram seus planos iniciais. Agora ele tinha um neto, e não queria que o pai de seu neto arriscasse a vida como ele arriscou. Convenceria de algum jeito, a ir produzir vinhos com , ter uma vida pacata, e se manter no fio da navalha com os customers, sem muitos problemas. E foi pensando em mil e uma maneiras de ameaçá-lo caso rejeitasse ir ver a filha ou sair de suas funções escusas na Fastbox, que Chan voltou para casa. Como imaginou, estava trabalhando. Tinha um motor “v8” em cima da bancada de trabalho, que o mesmo desmontava para limpeza e restauração.
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  — E aí, ? – Chan se aproximou com as mãos ao bolso.
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  — Como foi sua viagem? Trouxe alguma coisa nova? – o mais novo perguntou ainda concentrado em seu trabalho.
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  — Eu fui ver a .
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  Chan pronunciou e o olhou de repente, surpreso, mas assentiu em silêncio.
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  — Ela quer te ver. – Chan falou estendendo a ele um papel com o endereço — Não seria bom vê-la?
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   ponderou e encarou os olhos de Chan na busca de alguma armadilha. Mas notou que o homem sorria, então ele sorriu de volta pegando o papel.
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  — Ela está bem?
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  — Vá ver com seus próprios olhos.
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  — Tudo bem… – murmurou confuso.
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  Voltou sua atenção para o trabalho que fazia e Chan lhe deu as costas sorrindo.
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  Dias depois, lá estava com o som no último volume, o carro rasgando os pneus na estrada, e o vento que entrava pela janela fazendo seu cigarro apagar mais rápido do que ele fumava. Quando o carro despontou do ponto final da estrada, ele avistou as colinas ficarem para trás e várias pradarias se apresentarem como paisagem. Eram diversas plantações de arroz, e riu ao pensar: “Essa maluca veio plantar uvas no meio de uma região de arroz?”, já pensava o quão frustrada estaria por seu negócio não dar tão certo, mas logo outros campos mostraram uma região mais seca de solo próprio e úmido. E no meio de tanto verde, um pedacinho tímido de terra com parreiras ainda sem uvas, e uma casinha simples no meio. Adentrou a propriedade depois de abrir a porteira, e que estava sozinha naquele dia, estranhou o barulho alto de rap. Saiu pela casa até a entrada e sentiu o coração dar pulos ao ver o Camaro estilizado de estacionando em frente à sua casa. Seu pai estava certo, ele havia ido.
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   desceu do carro, vestido como sempre: cabelos despenteados, roupas rasgadas e surradas de modo proposital, as tatuagens do braço à mostra, óculos escuros e cigarro – que ele jogou no chão e pisou com seu tênis sujo. Quando ergueu os olhos para a mulher à porta da casa e sorriu, seu queixo caiu ao mesmo tempo. Tirou os óculos, espantado. E caminhou devagar em sua direção, ainda inexpressivo, mas com olhos grandes de susto: ela estava com uma barriga de sei lá… Sete meses?
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  — Então você veio… – ela murmurou sorrindo ao alto da escada da varanda.
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  Ele subiu poucos degraus, ficando de frente para ela, um pouco mais baixo encarando a barriga dela:
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  — E você… Era por isso que não queria uma miniatura de um dos meus customers, não é? – pela primeira vez sorriu debochado a encarando nos olhos.
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  — Eu disse que não precisaria. Eu tenho uma miniatura de você.
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   sorriu como nunca o viu sorrir em todos os meses desde que o conhecera. Ele a abraçou dando um cheiro forte em seu pescoço e depois beijou sua boca com saudade e alegria.
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  — E eu achei que só viria provar um bom vinho… – debochou.
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  — Digamos que você vai ter muitas experiências novas, além de provar bons vinhos…
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  Ele sorriu e limpou as lágrimas que escorriam dos olhos dela.
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  — Ei… Cadê a roupa de camponesa?
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  — Eu sou a chefe aqui, queridinho… – zombou: — Mas se você ficar mais tempo, um dia pode ser que me veja vestida como tal.
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   pegou a mão dele o guiando para dentro da casa, e a puxou para si antes de entrar e abraçou e beijou novamente, dizendo com toda a certeza de quem um dia queria ouvir aquelas palavras saindo da boca dela:
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  — Eu fico.
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Fim

  Nota de autora: Obrigada por terem lido a história até aqui! Eu espero que vocês realmente tenham gostado de ler “Wine”, tanto quanto eu amei escrevê-la! Deixem seus comentários, eles são muito importantes para quem escreve viu? Um beijinho, e até a próxima!

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