When In Paris…
UM ANO ANTES
Suas mãos deslizaram por meu corpo como se eu fosse uma deusa.
Seus lábios passearam por pontos estratégicos entre minha boca e minhas pernas.
Sua respiração ofegante, ao invés de me relaxar, causou pequenos tremores em partes diferentes do meu corpo.
Senti minhas mãos perderem o rumo em suas costas largas, úmidas por um suor que parecia mais um bálsamo.
Quando gememos junto ao som de um trânsito caótico em algum lugar fora do quarto e iluminados pelo brilho piscante que a Torre sempre emana durante a noite, eu imediatamente soube:
Paris, de fato, era a cidade do amor.
DIAS ATUAIS
Os gritos dos fotógrafos clamando por um mísero olhar vindo de mim começou antes de eu pisar fora do carro. Massageei minha têmpora e respirei fundo, exausta sem ter feito nada mais do que ser a boneca de cabeleireiros e maquiadores por toda a manhã.
– Sorria e acene – Daliah, minha agente, disse pouco antes da porta ser aberta pelo motorista.
Respirei fundo e coloquei em meu rosto o sorriso que todo mundo queria ver. Fingi estar de bom humor, honrada por ter sido convidada pela vigésima vez para estar presente na primeira fila do desfile de uma das marcas mais prestigiadas no mundo da moda de luxo.
Uma mulher vestida em um terno preto simples e sem graça, feito para fazê-la ser invisível, me guiou por entre o rebuliço de fotógrafos, fãs e jornalistas.
Mesmo de dia, minha visão era preenchida de flashes e vultos berrantes. Como se eu fosse surda. Como se eu fosse uma peça preciosa posta a destaque.
Passei 20 minutos presa entre fotos, autógrafos e muita atuação. Para uma atriz vencedora dos maiores prêmios do cinema mundial, fingir que estava adorando tudo aquilo era tão fácil quanto abrir os olhos.
Somente uma pessoa saberia enxergar a verdade.
A única pessoa que realmente importa.
A única que escolhi deixar em troca de um castelo. Um castelo de areia.
Todos os dias, meu castelo desmorona e me faz lembrar da decisão estúpida que tomei.
Eu poderia estar em seus braços, sorrindo genuinamente em algum lugar no sul da Itália, da França ou de qualquer lugar do mundo.
Mas a arrogância falou mais alto. Eu queria a fama, o dinheiro e o poder. Queria ser bajulada, invejada, adorada, endeusada. Queria estar no topo de qualquer pirâmide.
Jamais passou pela minha cabeça que de nada adiantaria ter tudo isso estando sozinha.
Eu deveria ter escolhido ele. Deveria ter sido humilde e entendido que nenhum dinheiro ou poder no mundo substituiria o prazer de ser amada.
Ele, o homem que me mostrou que o mundo é mais do que estar acima das pessoas…
… que disse que eu era mais do que uma mulher com um talento nato para as artes cênicas; eu era alguém digna de um amor…
… que provou ser a única pessoa capaz de consertar alguém tão incompleta como eu.
Chato.
Chato é a palavra que mais representa minha vida.
Após o desfile – chato –, tive de marcar presença em uma festa – muito chata – repleta de pessoas chatas, algumas sequer sabendo se comunicar devido à barreira linguística. Sorri e tentei trocar algumas palavras com uma pessoa ou outra, mas toda conversa era tediosa e chata.
– Você poderia ter ficado mais tempo.
– Nem pensar – retruquei Daliah, que suspirou. Ela, tanto quanto eu, não suportava minha personalidade. – O que mais tenho hoje?
– Uma entrevista para a Vogue. Aquela que deveria ter sido feita ontem, mas você teve uma enorme enxaqueca…
– Eu sei, eu sei – balanço a mão, não dando importância ao blá blá blá chato dela – Eles enviaram as perguntas?
– Mudaram algumas por conta do desfile de hoje. Deve levar até 20 minutos.
– E depois?
Daliah suspirou de novo.
– Depois você está livre. Mas preciso de você acordada amanhã às 6h. Temos que pegar um voo para Nice e então um carro para Mônaco.
– O que vou fazer em Mônaco mesmo?
– Você disse a seu amigo piloto que iria prestigiá-lo no camarote. A assistente dele me ligou três vezes para confirmar sua presença essa semana.
– Cancele.
Daliah parou de mexer em seu tablet e olhou para mim.
– Como?
– Cancele. Eu não vou.
– Você confirmou as três vezes que perguntei.
– É, mas agora não quero mais ir. Ele não está me pagando para isso. Só quer que eu compareça para ver se consegue um pouco de atenção como aquele jogador de futebol americano. Eu decidi que não quero ser usada para benefício de um babaca.
– Achei que você gostava de sair com ele.
– É, ele trepa bem – ergo os ombros – Mas não quero trepar com ele essa semana, então não vou.
– , você não pode cancelar esse tipo de programação de última hora.
– Acho que posso sim. Ele cancelou a ida à minha premiere em outubro por motivo nenhum, então acho que posso cancelar o que eu quiser, quando quiser.
Daliah respirou fundo. Eu tinha um bom argumento. Eu sempre tenho um bom argumento para tudo o que faço. Ela só precisa ser convincente da mesma forma que eu para quem quer que precisasse receber a notícia da minha mudança de planos.
– Então mudarei o voo de volta para Nova Iorque…
– Não. Vou ficar em Paris.
– …
Devo dizer que Daliah merece qualquer mérito que a faça ser santificada.
Não sou uma pessoa de personalidade fácil – isso sempre me faz ser interessante para a mídia e os fãs –, mas minha agente tem o dom de se importar comigo. Ela é a única pessoa que, não importa quanta merda eu faça, sempre fecha os olhos e arruma qualquer bagunça que esteja prestes a se tornar um apocalipse.
É por isso que vejo seu olhar de pena toda vez que decido ficar em Paris.
Porque, além de ser a única pessoa que se importa comigo, também é a única que sabe da minha história – o que provavelmente me faz parecer mais humana e mortal do que para o resto da população mundial.
Não respondo, porque não preciso. Ela não irá mudar minha opinião e sabe disso, por isso, ao invés de insistir para que eu não maltrate meu psicológico esperando por alguém que disse nunca vir, faz a mesma coisa de sempre: reserva um quarto no melhor hotel próximo da Torre Eiffel e programa o envio das refeições nos dias que estarei presa em minha cama, assistindo a um filme antigo.
Para minha defesa, eu não fico dentro do quarto o tempo inteiro.
Por uma ou duas horas da madrugada, passeio pelas ruas vazias e finjo ser uma pessoa ordinária com uma vida comum.
Nessas poucas horas, eu coloco uma roupa que uma pessoa comum usaria para ir a um encontro em Paris, e faço o mesmo trajeto que eu e ele fizemos diversas vezes todas as vezes que viemos a essa cidade.
Rio sozinha como uma louca quando finjo dançar uma valsa às antigas, da mesma maneira que fizemos. Após uma rodopiada ou outra, chego à beira do rio Sena e sinto toda a tristeza e melancolia de fingir a presença dele.
Me apoio no muro à beira do rio e sinto o cheiro nojento que ele exala. Não era assim na companhia dele. Quando estava por perto, tudo o que podia sentir era seu perfume.
Caminho sem rumo pelo rio sem perceber que estou sendo seguida. Quando vejo, estou em uma área aberta, sem muito lugar para me esconder. Decido, então, fazer o que sempre faço quando me vejo sem saída: enfrento a situação.
Afinal, se eu não consigo me esconder, ele também não consegue. Por isso me viro na direção da pessoa. Espero ver um paparazzi se esgueirando como pode para que eu não acabe com seu trabalho, ou então um fã me gravando para depois se gabar aos amigos.
Eu esperava muitas coisas, e nenhuma delas era ele.
– … – minha voz sai falha.
Poderia ser uma miragem. Eu havia, de fato, bebido o bastante para enxergar coisas, mas pude ouvir o som de seus passos, e sentir a poeira se mover de acordo com que ele chegava mais próximo. Minhas narinas captaram o seu perfume e, de repente, Paris voltou a ser romântica, cheirosa, potente… tudo o que eu amava.
Devem ser por volta das 3 da manhã. O céu estava encoberto por nuvens acinzentadas e a lua de vez em quando aparecia atrás delas. Não era um cenário bonito, apesar da Torre Eiffel estar bem atrás de nós, presenciando um reencontro que eu sonhei todos os dias desde que ele foi embora.
– O que você… – senti minha voz morrer. Lembrei do motivo pelo qual não estamos juntos. Por culpa minha. Não tenho nenhuma moral para iniciar uma conversa com ele.
Então esperei.
Esperei enxergar em seus olhos o amor que eu via quando andamos neste mesmo local durante anos.
– Como você está? – sua voz soou doce.
Apertei os lábios. Deveria falar a verdade? Fingir que estou bem? Ele sempre me viu como uma mulher forte. Alguém que veio do nada e se tornou tudo.
Mas a verdade é que eu estou cansada. Então só hoje… só agora, vou ser sincera.
– Terrível. Quebrada. Incompleta.
– Você disse que ficaria bem – ele murmurou após alguns segundos em silêncio.
– Eu… – fechei meus olhos e engoli o bolor que se formava em minha garganta – Eu estava errada.
– Por que você não procurou ajuda?
Seus dedos vieram até a altura de meus olhos e moveu um tufo de cabelo que insistia em voar à frente. Meu rosto imediatamente sentiu o calor de sua pele roçar na minha. Fechei meus olhos com a intenção de eternizar a sensação.
– Só há uma pessoa capaz de me consertar.
Devido à ausência de resposta, abri meus olhos. Ele estava muito perto. Tão perto que seria impossível eu não ouvir qualquer sussurro que ele dissesse. As borboletas em meu estômago voltaram à vida. Senti minhas bochechas corarem como há muito não faziam. Graças a Deus, pensei. Não é uma miragem.
– Você deveria estar bem – sua voz saiu baixa, falha –, deveria estar vivendo o melhor da vida. Sorrindo por ter tudo o que queria. Estar rodeada de pessoas.
– Eu estava errada – repeti, sentindo a urgência de fazê-lo entender que não importa se eu estivesse em um lugar com todas as pessoas do mundo. Eu continuaria solitária.
– Era para eu ser o miserável dentre nós dois, . Não você.
Apertei meus lábios. Então ele estava bem. Ele estava bem e eu era a miserável.
Engoli seco, ou melhor, engoli o choro. Olhei para meus pés e lembrei que eles vestiam um salto. De repente, meus dedos começaram a reclamar de dor.
– Como posso ir embora sabendo que nós dois estamos na merda?
A dor física dos meus dedos dos pés, então, passou.
Ergui meus olhos de forma surpresa, minha boca abriu mostrando meu choque.
– Você…
– Eu só vim ter certeza de que você seguiu em frente como disse que faria.
Meus lábios mudaram para um pequeno sorriso trêmulo.
– Você veio porque ainda me ama – respondo.
E então ouvimos somente Paris. Ouvimos o som do rio e as folhas das árvores. Ouvimos as luzes amarelas e o som de um carro ou outro passando por perto e também ao longe. Ouvimos a lua por detrás das nuvens… mas o que soou mais alto, foi a batida de nossos corações. Disparados como uma metralhadora ativa na guerra. Uma guerra que nós dois travamos por orgulho e arrogância, e que nós dois perdemos.
– Eu vim porque eu nunca deixei te amar.
E como se fosse combinado, selamos nossos lábios em um beijo que prometia nunca mais deixar-nos cometer o mesmo erro outra vez. Nunca mais faríamos a loucura de nos afastarmos, de acharmos que é possível uma vida feliz sem o outro.
Eu nunca mais o deixaria ficar longe de mim.
E a Torre Eiffel estava de testemunha.
Eu devia ter lido com o Felix, faz mais sentido com ele HAHAHAHA
NÃO CONSIGO VER O LEE KNOW AGINDO TODO FOFO DESSE JEITO, MESMO ELE QUERENDO MUITO KKKKKKK
Eu juro que tava esperando um final triste, mas né… É uma fic de Natashia Kitamura, só se a música fosse MUITO deprê as coisas terminariam mal, e olhe lá HAHAHAH
queen
EU TO GRITANDOOOOOOO
Eu visualizei o Bangchan todinho nesse papel hihihi
Amo que teve final feliz com o meu querido <3