What A Scummy Man

   caminhava pelas ruas desorientada, era assim todas as vezes que se drogava e bebia todas que tinha direito e que não tinha.

  Havia sido expulsa de casa por seus pais por ter se envolvido com drogas, não tinha um tostão e precisou tomar uma providência extrema. Seus problemas:

  Precisava de um lugar para viver, precisava se alimentar, e pra tudo isso, precisava de dinheiro fácil.

  De que forma uma garota de dezessete poderia conseguir grana nas ruas? Não havia outro modo para senão a prostituição.

  Não era uma coisa que lhe agradasse, mas se quisesse sobreviver em sua nova vida sem luxos precisaria fazê-lo.

  Eram poucas as roupas que trazia na mala que fizera as pressas antes de ser expulsa, pegou as mais provocantes que tinha no momento, entrou numa cabine telefônica e trocou de roupa ali mesmo, já era quase madrugada, ninguém passava por aquelas ruas num horário daqueles, a não ser garotas da noite e homens a procura de sexo fácil.

  Caminhou para fora da cabine sentindo-se horrível, não gostava daquelas roupas e tampouco gostava da imagem que elas passavam. Suspirou e pegou um saquinho plástico de dentro de sua bolsa, pegou um comprimido de lá e o engoliu sem rodeios. Iria precisar de uma ajudinha extra se quisesse que tudo corresse bem sem que quisesse sair correndo.

  Os efeitos da droga logo começaram a aparecer, estava muito mais alegre e solta enquanto caminhava pelo calçadão. Não tardou até o primeiro carro parar tocando de leve a buzina, logo o motorista baixou o vidro para que pudesse falar com a garota.

  — Oi linda, tá a fim? — perguntou um rapaz loiro de olhos castanhos, não aparentava ter mais de vinte e poucos anos.

  — É pra isso que tô aqui. — murmurou completamente tomada pelos efeitos da droga, logo se viu entrando no carro e o motorista deu partida.

  Os dois pararam num hotel luxuoso e foi levada até um dos quartos. O rapaz loiro sequer esperou que a garota se acostumasse àquilo, simplesmente a agarrou e, entre beijos, foi empurrando-a em direção à enorme cama.

  Não houveram tantas preliminares, apenas os beijos e então as roupas foram tiradas e largadas no chão, depois de alguns minutos tudo o que se podia ouvir eram gemidos, suspiros e respirações ofegantes… Fora simplesmente assim a primeira noite de .

  O rapaz loiro dos olhos castanhos voltou mais vezes depois daquela primeira noite, sempre cavalheiro e amável, às vezes ficava com a garota a noite toda trocando carícias depois do que realmente importava, isso aconteceu durante quatro meses inteiros. Ele aparecia esporadicamente ao longo do mês, fazia promessas nas quais tentava não acreditar, mas eram ditas com tanta convicção que era difícil não crer.

  Mais algumas semanas e ela se viu apaixonada pelo jovem rapaz, fora inevitável apesar de tudo ter acontecido às avessas, primeiro viera o sexo, depois a paixão…

   suspirava de amores ao se lembrar do rapaz e suas promessas de tirá-la daquela vida. Os meses foram se passando e as visitas do “homem perfeito” foram ficando cada vez mais esporádicas, até tornarem-se nulas. Depois de um ano naquela vida, o rapaz nunca mais apareceu para nada, o que frustrou completamente o coração frágil de uma garota que havia acabado de sair de sua adolescência.

  Durante seis meses se entregou a única coisa que lhe sobrara para sobreviver naquela vida, o prazer. Com o tempo ela foi aprendendo a apreciar não só o sexo como também os sentimentos e sensações que ele trazia. Com cada um dos clientes era algo diferente, aquela vida inconstante lhe satisfazia combinada com as horas de prazer. O dinheiro que ganhava havia virado o suficiente para alugar um quarto de hotel para turistas, diárias baratas mas confortável.

  Seis meses naquela vida inconstante e sem ver o rosto de seu primeiro cliente e paixão, ela sequer lembrava direito dele, mas numa noite em especial ela se viu obrigada a recordar.

  Lá estava ele, o homem loiro que lhe fizera falsas promessas paparicando uma jovem garota de programa. A garota sentiu o sangue ferver, por mais que quisesse esconder, ainda haviam feridas não cicatrizadas nela.

   resolveu observá-los de longe, aproveitando para fingir comprar um milk-shake num local perto e perfeito para disfarce. O homem levou a garota para o mesmo hotel em que se hospedara. aproveitou a deixa e, se esgueirando discretamente, aproximou-se do carro do rapaz que o deixara estacionado não muito longe do hotel. A garota pegou o resto de seu milk-shake de morango e o derramou no vidro traseiro do veículo logo escrevendo “Não caia na conversa desse babaca” no caso de a garota de programa estar acompanhando o próprio babaca.

  Depois de terminar sua arte, sentiu-se como uma criança, mas quem ligava? Ela é que não.

  Voltou a andar despreocupadamente na calçada até perceber um carro escuro começar a acompanhar seus passos. encarou o veículo de sobrancelha erguida enquanto o mesmo parava junto com ela.

  — Hei, amigo, vai querer alguma coisa ou o quê? — perguntou batendo no vidro fumê do carro que logo foi baixado.

  — Na verdade, vou querer algo… — Um rapaz jovem apareceu no lado do motorista, parecia um pouco constrangido. — Quer jantar comigo? — perguntou logo ficando um pouco sem graça.

   arregalou os olhos ao reconhecer o rosto do rapaz que lhe dirigia a palavra e a convidava para jantar… , seu ex-colega de classe.