Natashia Kitamura
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War

Prólogo

  - ! – gritava pelo namorado que segurava uma mangueira ligada em sua direção. – Venha até aqui se é homem mesmo!
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  E fora então que ela dissera as palavras mágicas. O namorado logo tratara de largar o que segurava e ir correndo em direção à garota, que tentara fugir, mas não conseguira e agora ria caída no chão com o peso dele em cima dela.
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  - Quem é homem aqui? – ele lhe fazia cócegas.
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  - Você! Você! Machão!
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   ri e então deita ao seu lado, sendo abraçado pela garota, que sorri e lhe toca os lábios.
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  - Eu te amo . – ela diz meiga e ele então abre um sorriso maior do que achava que poderia abrir.
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  - Eu quem te amo . – ele inverte a posição e a beija longamente. – Mais do que poderia amar qualquer outra pessoa ou coisa no mundo.
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  Não havia casal no mundo tão apaixonado quanto aqueles dois. Era possível sentir o amor que rolava ao redor deles à kilômetros de distância. Os pais já estavam acostumados com o fato de que eles eram para sempre. Não havia quem discordasse disso.
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  Na verdade havia. E ele se chamava Deus.
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Capítulo 1

  BAM!

  - , vamos conversar… – dizia na porta do quarto da namorada, encostado no batente com uma expressão triste.
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  - Já conversamos. – ela diz chorosa.
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  - Claro que não conversamos, você não disse nada, só gritou comigo.
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  - EU GRITEI PORQUE VOCÊ PARECE QUE NÃO ME OUVE! – ela berra de volta e ele ouve coisas se quebrarem dentro do quarto.
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  - ! Se você não abrir essa porta, eu arranco ela!
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  - ENTÃO ARRANCA! PORQUE EU NÃO VOU ABRIR!
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  A família de e estavam reunidas no andar de baixo, apenas ouvindo a discussão do casal. Por mais que eles quisessem intervir, não podiam. Era um assunto dos dois e o que estava decidido não podia voltar atrás.
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   dá dois passos para trás e chuta três vezes a porta, a quebrando e vendo uma boquiaberta olhando para ele.
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  - VOCÊ É LOUCO? – ela grita e taca o travesseiro que abraçava. Ele segue calmo até ela e a beija, recebendo alguns tapas. – Não é me beijando que vai ter meu apoio.
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  - Eu preciso do seu apoio. – ele murmura. – Você não entende? Não é como se eu quisesse ir. Eu tenho de ir e não tenho uma escolha.
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   nada diz. Se afasta dos lábios de e olha para baixo.
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  - Eu não quero que você vá. – sua voz sai tremida.
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  - Eu não quero ir. – ele murmura baixo. – Quero ficar aqui, com você. Amadurecer com você, então casar com você, ter filhos com você, viver com você.
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  Ela o abraça.
  - Por que eles te escolheram?
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  - Não foi algo aleatório. O país precisa de mais homens no Afeganistão. Somos obrigados pela lei.
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  - Mas… E se você–
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  - Shh… Não vai acontecer nada comigo lá. – ele sorri e segura o rosto dela. não conseguia levar a sério. Confiava em , mas era a guerra. Ela não confiava na guerra. – E sabe por quê? – ela nega com a cabeça. – Porque eu tenho um forte motivo para voltar vivo. – ele acaricia suas bochechas. – Eu preciso voltar para ficar com você. Para nós termos a nossa casa no campo, isolada do mundo e dos nossos pais. – eles riem. Ela segura nos pulsos que estavam parados ao lado de seu rosto. – Eu vou voltar. Por você.
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  O silêncio toma conta do quarto. se aproxima rapidamente do namorado e o abraça o mais forte que conseguia. Não queria perder a presença dele.
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  - Serão apenas três meses. – o pai de dizia tão inseguro quanto qualquer um ali que estava para se despedir do garoto de 21 anos. – Três meses e teremos nosso moleque de volta. – ele olha para o filho que sorri e abraça o pai.
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  - Parem de contar os dias sendo que sequer parti. – ele ri tentando animar a todos que pareciam fúnebres. – Vaso ruim não quebra, lembra? – e ri mais. Todos dão pequenas risadas, menos . Não conseguia. Desde que recebera a notícia de que iria para a guerra por causa do exército, sua alegria já não conseguia mais tomar conta de seu estado. Apenas se sentia feliz quando estava junto a ele, sentindo sua presença consigo.
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  Todos estavam apreensivos por essa ida. Estavam acompanhando a guerra no Afeganistão pela televisão. A coisa não estava boa. E agora que foram recrutados mais 5.000 homens nos Estados Unidos, eles podiam ter a certeza de que a coisa estava bem feia.
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  Uma van pára a frente da casa de , buzinando e indicando que estava na hora dele ir. Era possível ver diversos garotos da mesma idade ou até mais novos que ele sentados tão apreensivos com o futuro quanto ele. Um por um ele se despede da família e amigos. O pai vai em direção à van conversar com o superior e o motorista, para dar um tempo a mais para o filho e . Sabia o quanto a nora estava mal.
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   então pára em frente a garota, que olhava para baixo. Toca em seu queixo e o levanta cuidadosamente, procurando pelo olhar da namorada que estava vermelho e cheio de lágrimas, pronto para caírem.
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  - Dói mais em mim do que em qualquer outra pessoa te ver assim. – ele sussurra. Duas grossas lágrimas caem dos olhos de . – Eu vou voltar, . Eu te prometo. Serão só três meses.
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  Sem dizer nada, ela apenas o abraça, deixando as lágrimas correrem soltas pelo seu rosto, recebendo um aperto desesperado do namorado.
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  - Eu te amo, . Não me deixa, tudo bem?
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  - Nunca. – ele sorri e beija o topo de sua cabeça, segurando então em seu rosto e lhe dando um beijo de despedida. Ficaram por longos segundos, até ouvirem a buzina novamente. Ele suspira e ela faz uma careta, expressando dor. – Eu te amo . Eu vou voltar. Eu prometo.
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  Eles então, de mãos dadas, andam até a varanda da casa, onde ele se vira para ela e lhe dá mais um beijo, encarando o rosto dela por alguns segundos com um sorriso já de saudade e se vira, indo em direção à van que estava com a porta aberta. sentia seu coração ir com ele. Contava os passos que ele dava para longe dela. Sua vontade era de correr até o namorado e agarrá-lo de modo que ele não precisasse ir mais. Mas era errado. Ele estava fazendo isso pelo país. Por ela.
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  Mais uma lágrima cai.
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Capítulo 2

  Os dias se passavam devagar sem .
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   não conseguia se divertir sem ele. Era como se a sua parte boa estivesse extinta.
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  As cartas dele estavam cada vez piores.
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  As coisas não estão nada boas aqui. A cada dia que passa mais e mais pessoas são mortas. Metade dos homens que conheci depois que cheguei e que já estavam há meses antes de mim não têm esperança de vida. Sequer lembram como é a vida normal deles. Nenhum tem mais vontade de viver, mas todos lutam para estarem acordados no dia seguinte.
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  Sinto muito a sua falta. Não há nada aqui que me faça querer ficar. Tudo o que se passa só me dá mais vontade de querer ir para os seus abraços e te apertar forte. Não sabe o quanto preciso de você. As mulheres que são soldadas aqui não pensam em voltar para casa e terem uma vida normal de mulher. Meu colega, Adam Mizzi de Washington, disse que elas se alistaram depois que os homens que amavam terem morrido durante a guerra. A razão de viver delas já não existia mais.
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  Depois que ouvi isso, luto todo dia para me manter vivo para você. Estou contando os dias para voltar. O tempo parece não passar, principalmente quando estamos em campo. Ainda não consigo acreditar que faltam apenas duas semanas para eu poder olhar em seus olhos e te abraçar, sentir sua presença e nunca mais te largar.
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  Nós aprendemos a dar valor à muitas coisas aqui. E tenho certeza de que quando eu voltar, serei uma outra pessoa.
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  Eu te amo, . Te amo cada vez mais a cada segundo que se passa e minha saudade já nem tamanho mais tem de tão enorme que está. Eu estou voltando, espere só mais um pouco.
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  Para sempre seu, .”
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   sorria ao ler a carta dele. Era como vida para seu corpo. Olha para o céu e agradece ao cara lá de cima por estar mantendo-o vivo e o trazendo de volta para si. Não havia pessoa mais aliviada ao receber uma simples carta.
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  - Mãe! A senhora não levou as flores para o vaso da sala? – gritava para a mulher que estava na lavanderia, estendendo as roupas.
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  - Não filha, pode fazer isso para mim, por favor! – ela ouve o grito e suspira, pegando as orquídeas e as levando até a mesa de canto da sala. Despercebidamente olha para a rua e vê uma imensa van estacionando a frente de casa. Arregala os olhos. Conhecia aquela van.
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  - Meu Deus! – ela sorri e deixa as flores caírem ao chão.
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  - O que aconteceu menina– Oh meu Deus! – a mãe sorri ao ver a mesma visão de e a filha correr até o lado de fora da casa rapidamente. Não havia quem não visse o sorriso da garota. Três homens uniformizados saem da van com uma mochila.
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   conhecia aquela mochila. Olha para o rosto dos homens. Não era uma boa expressão. Seu estômago embrulha. Dá dois passos para trás.
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  - Senhorita ? – ele olha para a garota, que assente. Um silêncio se instala e a mãe de já estava parada ao seu lado, com a mão na boca, olhando horrorizada para os três soldados. – Eu sinto muito.
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   não conseguia raciocinar.
  - O-o q-q…
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  - O avião que o trazia de volta fora alvo de mísseis. – um dos homens diz grave. – Não houve sobreviventes.
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   coloca suas duas mãos à boca. O choro não conseguia ficar calado. Ele queria sair. Sente os braços da mãe lhe envolverem. Não consegue mais se manter em pé e vai lentamente caindo ao chão, enquanto gritava por . Não era possível, não com ela. Não podia ser verdade.
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  Os soldados não se moviam e sequer reclamavam do comportamento da garota em público. Os vizinhos apareciam e logo entendiam a situação, colocando as mãos à boca e olhando chocados para a menina que chorava alto no meio do caminho entre a casa e a van. A mãe sussurrava palavras de conforto em seu ouvido, mas nada era ouvido por . Ela só sabia pensar em e no fato de que nunca mais o veria, nem o sentiria perto de si. Não conseguia parar de chorar. Não queria mais viver. Queria estar com ele.
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  Seu já não era mais seu. O seu ‘para sempre’ já não existia mais. A sua espera fora em vão. A sua promessa não fora cumprida. Já não existia & . Olha para o céu a procura de alguma estrela que brilhasse no claro. não estava lá ainda. Ainda.
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  Ele poderia estar em qualquer lugar, menos o lugar que ambos mais desejavam. Ao lado dela.
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Capítulo 3

  - Ela não se alimenta direito, não sai, não tem vontade de fazer nada. Tudo isso desde que o namorado morrera há três meses! – a mãe dizia desesperada para o médico da família, que olhava para a garota enquanto esta dormia.
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  - O baque da perda de fora intenso. – o pai falava preocupado ao lado da mulher. – Era para ele voltar no dia em que ela recebera a notícia. Os dois eram imensamente apegados, não sei se o senhor se lembra.
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  O profissional concorda com a cabeça.
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  - Me lembro claramente dos dois juntos. É uma das poucas cenas de pacientes que me esforço para não esquecer. Seria inacreditável se apenas ouvíssemos sobre o relacionamento dos dois. Não são todos que encontram o amor da vida tão cedo assim.
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  Os pais concordavam com a cabeça. Era visível o quão havia enfraquecido desde que soubera da morte de . Ainda não conseguia acreditar. Não conseguia convencer a si mesmo de que ele nunca mais voltaria. Que ela nunca mais o tocaria. Que nunca mais ouviria sua voz tentando confortá-la de que tudo dará certo.
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  O funeral do garoto não fora nada muito bom, pois não havia um corpo. estava em algum lugar a caminho dos Estados Unidos.
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   não conseguia parar de sentir sua falta. Era como se seu corpo ainda estivesse esperando por ele. A saudade aumentava a cada dia que passava. E cada vez que ela pensava que ele não iria voltar, mais o sentimento crescia.
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  Ao encontrar alguém parecido com na rua, se segurava para não correr até ele e o abraçar. Não entendia porque Deus o tira-la dela. Estava tudo tão bem. Tudo tão certo.
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  - Ela não está doente, está depressiva. – o médico diz calmo para os pais. – E não irá melhorar até ela decidir por ela mesma que tem de seguir em frente.
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  A mãe suspira exausta.
  - Não há nenhuma maneira–
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  - Um psicólogo talvez. Sua filha está perturbada com a falta da presença do garoto.
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  Os pais se entreolham. O doutor tinha razão. Ela não podia mais perder a vida por alguém que já não estava mais vivo.
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  - Já separou tudo? – sua mãe lhe atormentara o dia inteiro para juntar tudo o que lembrava do quarto da garota. Porém ela não entendia quetudo lembrava ele. Tudo. A parede, a janela, o aroma, a cama. Não havia o que não lembrasse ele. Ao se olhar no espelho se lembrava dele.
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  - Quase. – ela diz sem tom, pegando todas as cartas que havia recebido desde que conhecera . Abre a mais recente.
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  “As mulheres que são soldadas aqui não pensam em voltar para casa e terem uma vida normal de mulher. Meu colega, Adam Mizzi de Washington, disse que elas se alistaram depois que os homens que amavam terem morrido durante a guerra. A razão de viver delas já não existia mais.”
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   levanta a cabeça e olha para o céu escurecendo por detrás da janela. Olha para a foto de e ela dentro da caixa. Sua razão de viver já não existia mais.
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  - NUNCA! – o pai berrava para a filha no almoço do dia seguinte. – VOCÊ ESTÁ LOUCA?
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   havia contado sua vontade de se alistar para o exército aos pais, que imediatamente expressaram sua opinião contra o desejo da filha.
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  - , querida. – a mãe dizia trêmula com a idéia da filha. – Sei que está assim por , mas tem de deixar isso para trás–
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  - Não tem nada a ver com . – ela mente. – Eu só não quero ficar parada aqui. Se tem mulher lá que ajuda, por que não posso ajudar também?
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  - Há outras maneiras melhores de ajudar do que se alistar no exército. – o pai dizia sério.
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   nada responde. Nada tiraria essa idéia de sua cabeça. Sem dizer mais nada, sai da mesa de almoço e segue até seu quarto, a trancando.
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  Não seriam seus pais que iriam a impedir de fazer o que achava que tinha de fazer. Juntara o tanto de roupa que achava que deveria levar e esperou dar 4 da manhã. Pegara o mini-álbum que não tivera coragem de jogar fora junto com as outras coisas que juntara que lembrava . Fora o mini-álbum que ele lhe dera antes de ir para o Afeganistão e que ele mesmo havia feito para ela.
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  Flashback

  - Toma. – ele dá um pequeno pacote retângulo para a namorada enquanto estavam deitados na grama do quintal da casa dela, encarando o céu estrelado.
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  - Não sabia que era para trocarmos presentes. – ela ri pegando o pacote e o rasgando.
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  - Não era. Eu apenas achei que seria bom te dar isso.
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  Ela diminui o sorriso ao ver o que era. Se senta para ver melhor e sente-o se sentar ao seu lado para ver junto dela e analisar suas expressões.
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  - Isso…
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  - É só um álbum de bolso. Sabe. Para você levar consigo sempre e não ficar trancada em casa só para ficar me vendo. – ele faz uma cara convencida a fazendo rir.
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  - Muito inteligente.
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  - Fiz um pra mim também. – ele sorriu. – Para levar comigo.
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  Ela sorria encarando seu rosto. Acaricia a bochecha do namorado que fecha os olhos para sentir melhor o toque. Se aproxima lentamente dele e fecha os próprios olhos, sentindo a respiração de e sua mão em sua cintura.
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  - Eu te amo. – ela sussurra e ele abre um sorriso ainda maior.
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  - Não tanto quanto eu te amo. – ele sela os lábios com os dela logo em seguida, a deitando no chão novamente.
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  Fim do Flashback

  Ali estavam diversas fotos dos dois. Felizes. Despreparados para o futuro terrível que os aguardava. Suspira e olha para o céu. Seu coração reclama de saudades mais uma vez. Abre a janela do quarto e pula, correndo para longe da casa e deixando um bilhete. Tinha 20 anos, era grande o suficiente para responder por seus atos. Mesmo que um deles seja morrer.
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Capítulo 4

  - E o que você sabe fazer? – o homem lhe perguntava assim que chegara sua vez de completar a lista de requisito para o alistamento.
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  - Fiz um curso de enfermagem de um ano e meio. Não deve ser nada parecido por lá, claro. E nunca tive experiências como as que terei lá, mas eles me ensinaram como agir num momento desses.
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  - Já pegou em alguma arma?
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  Ela nega com a cabeça.
  - Qual o motivo de querer se alistar?
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  Ela hesita. Talvez fosse melhor não falar sobre .
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  - Sabe num momento quando paramos para pensar no que queremos fazer e não temos uma resposta para nossa pergunta? – o homem concorda com a cabeça, não muito interessado na resposta. – Quando aconteceu isso comigo, eu estava assistindo a um programa que falava da guerra no Afeganistão. Achei que era o certo a fazer.
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  - Você sabe o que te espera por lá, certo? – ela concorda. – E seus pais?
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  - O que tem eles?
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  - Eles sabem que estão aqui?
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  - Sim. – responde limitada. Eles sabiam que ela estava lá. Havia dito na carta que deixara.
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  - E eles concordam do seu alistamento?
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  - Não.
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  O homem sorri.
  - É uma garota bem corajosa. Tudo bem, aguarde ali. – e aponta para uma sala cheia de cadeiras.
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  Sem dizer mais nada, a garota se levanta e segue até onde o soldado havia indicado. Só haviam mulheres lá dentro. De todas as idades. A maioria era jovem, um pouco mais velha que ela apenas. Sentou-se ao lado de uma que achava ter sua idade.
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  - Sou . – ela sorri para a garota, que apenas abre um pequeno sorriso de volta e nada mais faz.
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  Ficara por três horas ali, sentada sem fazer nada. Não abrira o álbum de bolso que havia dado. Sabia que iria chorar se o fizesse. Respira fundo e olha para o teto branco. Sabia o que estava fazendo e não estava com medo. Estava ansiosa.
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  - Vocês estão aqui porque querem ir para a guerra. – uma mulher enorme e com uma aparência grotesca andava de um lado para o outro na frente de todas as mulheres dentro daquela sala. – Enquanto milhares de homens tentam se safar dessa responsabilidade, vocês estão indo por vontade própria. – ela diz parando no meio do palco e olha para o rosto de várias presentes. – É um orgulho para nossa nação americana. Porém eu gostaria de adverti-las a tempo, aqui e agora, sobre o que irão ver por lá. Todas têm o tempo enquanto estiverem aqui de desistir e voltar para suas casinhas e ter sua vida de mordomia.
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  Não era possível ouvir nem um pio dentro da sala. A soldada então, ao ver que ninguém se mexera para sair da sala, acena com a cabeça para outras mulheres de uniforme, que apagam as luzes e ligam um projetor, mostrando vídeos de cenas da guerra que estava acontecendo no Oriente Médio. Pessoas mortas, corpos mutilados, crianças chorando desesperadas, mulheres agachadas sobre o corpo de seu enteado… sente seu estômago embrulhar. Sabia o que era aquilo. Sabia o que era perder alguém querido. E era por essa razão que estava ali. Aperta o álbum de bolso guardado no meio de seu casaco que estava pousado em seu colo.
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  Ela sentia algumas mulheres se levantarem e se retirarem da sala, umas saindo com a cabeça baixa, decepcionadas consigo mesmas e outras saindo correndo com as mãos na boca, provavelmente indo procurar algum banheiro mais próximo para vomitar. não estava nem um pouco enjoada. Queria ir logo para lá, queria logo ajudar a todos. Queria logo sentir a emoção e esquecer .
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  Arregala os olhos mais para si do que para o que estava assistindo. Pela primeira vez em três meses desde que ele se fora pensara em esquecê-lo. Aperta ainda mais o álbum em seu colo. Não podia esquecer . Nunca.
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  Passa-se quarenta minutos e era possível ver metade do tanto de mulheres que haviam dentro da sala. A soldada volta ao palco, olhando cada uma das que ficaram.
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  - Muito bem. Espero que saibam o que estão fazendo. – diz séria. – O que menos precisamos são pessoas que desistem quando já estão lá. Uma vez que você pisa em terras afeganistãs não há como voltar. À não ser em um ano.
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  - Um ano? – uma das mulheres grita surpresa.
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  - Esperava que fosse o quê? Seis meses? Sete? – a soldada responde rudemente. Ninguém diz nada. – Isso não é um emprego qualquer. Sua vida está correndo risco.
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  - Mas nós não vamos lá para cuidarmos dos feridos? – pergunta confusa. As soldadas riem e ela sente o rosto queimar.
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  - Você acha mesmo que os terroristas ligam para quem cuida e quem mata? – a soldada olha para a garota, que encolhe. – Não, eles querem mais é que todos morram, de acordo com o Alá deles. – mais risos das soldadas. – Se acha que irá ficar num local fechado e protegido, é melhor dar meia-volta menina. Lá até o Papa corre risco de vida.
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   não se move e tampouco desvia o olhar dos olhos da soldada que abre um pequeno sorriso debochado e se vira para a sala.
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  - Se há alguém que quer desistir, agora é o momento. A partir do próximo minuto não será permitido a retirada de mais ninguém e a obrigação do alistamento. É sua última chance.
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  Mais duas ou três, talvez até quatro ou cinco mulheres se levantaram rapidamente, saindo. No fim, não ficara mais do que trinta mulheres dentro da sala que no início sequer cabia todas as que gostariam de se alistar.
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  - Fora o que eu imaginei. – a mulher diz olhando para todas as trinta. – Muito bem, façam uma fila indiana aqui. Vamos começar com essa droga.
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  Uma por uma as mulheres foram completando fichas com seus dados cadastrais e tirando uma foto. Calada, fizera tudo o que lhe fora mandado. Revistaram-lhe tudo. Pediram-lhe para tirar a roupa para análise. Fizeram tudo o que deveriam fazer, menos cortar-lhe o cabelo. Não iriam cortar o cabelo. Mulheres não necessitavam cortar o cabelo, desde que o mantivesse preso.
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  - Vocês vão passar os próximos cinco dias em treinamento numa base militar à alguns quilômetros daqui. Em seguida partirão para o Afeganistão. – a soldada diz de frente para todas as mulheres. – Nos vemos no avião. – e se vira, saindo da sala.
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  - Vocês irão receber um colar com uma pequena placa de metal, onde não poderão retirar por nada na vida. É o código de vocês, serão chamadas por esse número a partir de agora. – uma outra soldada, um pouco menos forte e mais baixa dizia alto para que todas ouvissem. – Seus uniformes serão entregues junto com o colar.
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  Lentamente as mulheres recebem seus novos pertences e então seguem para uma van. pára a frente do automóvel. Pega a si mesma lembrando de entrando numa igual há meio ano atrás. Seu estômago embrulha.
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  - Algum problema? – uma soldada diz séria ao seu lado e ela dá um pequeno pulo de susto.
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  - Não, desculpe. – e caminha para dentro da van, se sentando ao lado de uma garota que aparentava ser da sua idade. Loira, os olhos mel e as sardas nas maçãs. Olha para ela e abre um pequeno sorriso.
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  - Ansiosa? – ela pergunta. concorda. – É, eu também. Nem acredito que estou fazendo isso. Sou Sophie. – ela levanta a mão para cumprimentá-la.
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  - . – sorri pequeno para a loira.
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  - Se alistou escondida? – a garota pergunta olhando interessada para a que seria sua nova e única amizade do próximo ano. nega com a cabeça. – Sorte sua. Meus pais eram totalmente contra meu alistamento. Mas eu nasci para isso, sabe, cuidar das pessoas e tudo mais. Ir para lá.
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   concorda com a cabeça.
  - Eu não conseguiria dormir sossegada se não me alistasse. É como criança em noite de natal. Fica agitada.
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  E até chegar na base, Sophie não parara de falar um minuto. Duas horas de viagem. Havia certos momentos que era possível ouvir apenas a ela e mais ninguém. Mas gostava. Ter com o que se distrair. Ao chegar na base, fora recepcionada por uma mulher idosa, porém com uma aparência séria e perigosa. Olha uma por uma analisando cada um dos perfis que chegara à sua base. Fala por alguns minutos sobre os tipos de treinamento que elas teriam. Resistência, rapidez, o que fazer num momento de emergência, como lidar com os desesperados. Aonde direcionar um corpo morto ou um caso perdido.
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  Depois de algumas dicas e mostrando as salas de treinamento, todas foram mandadas para seus quartos. Sophie pedira para dividir com , já que as duas estavam mais chegadas. A outra sequer reclamara. Gostara de Sophie, apesar de falar demais. Parecia entender de tudo sobre enfermagem. aprenderia muitas coisas com ela. Tomaram um banho e seguiram para o refeitório.
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  - Então. – Sophie diz enquanto as duas se sentavam numa mesa separada das outras. Aparentemente as amizades já estavam feitas e cada grupo de mulheres sentava em um canto do refeitório, o que fez com que as duas pudessem ter uma mesa só para si. – Nós só falamos de mim. Me conte sobre você. Por que está aqui?
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   olha para a garota e resolve comer sua sobremesa. Pega o pote de pudim de frutas vermelhas e abre o selo de papel alumínio, pegando a colher e enfiando uma colher na boca. Olha para Sophie, que a olhava com seus enormes olhos mel em sua direção ansiosa por uma resposta. Suspira.
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  - Eu tenho um namorado… Tinha. – ela se auto-corrige. Sophie se encosta no encosto de sua cadeira interessada. – O nome dele era . Há seis meses ele fora recrutado para a guerra. Ficaria por três meses e então voltaria. Era apenas uma questão de última necessidade do governo. – ela olhava para o doce e brincava com o conteúdo. – Na volta, um missel atingiu o avião que o trazia de volta para casa. – seu estômago volta a embrulhar e seus olhos lacrimejar. Ainda era sensível demais com essa situação. Suspira e limpa os olhos antes que as lágrimas escorressem por seu rosto mais uma vez. – Numa das cartas que ele me mandou. A última antes de voltar, ele disse que as mulheres que estavam na guerra tinham o motivo de não terem mais uma razão para viverem uma vida normal, uma vez que o amor da vida delas haviam morrido durante a guerra. Eu não sei porque… Quando re-li aquilo… Foi como se… Se fosse um sinal, sabe? – ela levanta o olhar para Sophie, que a olhava com pena. – Então decidi me alistar.
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  - Nossa… Eu… Sinto muito. – Sophie diz baixo e balança a cabeça. – Você não sente, sei lá, que é inesperado demais e ousado demais ir para lá porque ele se foi?
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  - Não. – responde certa. – Se eu ficasse lá… Se eu tentasse ter uma vida normal… Eu não conseguiria. era tudo para mim. – ela olha para as mãos e deposita o doce na bandeja. – Eu só quero fazer algo que me faça sentir viva. E não ficar pensando nele porque dói. Muito.
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  Sophie concordava com a cabeça. Sorri para que devolve um pequeno sorriso e olha para o céu afora. Hoje a estrela estava lá. Brilhando. Sorri mais uma vez. estava ali para apoiá-la. Estava ali para ela, como prometera que estaria para sempre.
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Capítulo 5

  Cinco dias se passaram tão rápido quanto imaginavam que fosse ser. sentia estar mais preparada do que nunca para ir à guerra.
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  - Vocês têm dez minutos cada para se comunicar com quem quiserem. – a soldada que havia lhes mostrado o vídeo à cinco dias atrás na sala de alistamento disse. – Estejam certas de que só voltarão a ouvir a voz da pessoa daqui a no mínimo três meses. Ao se decidirem, entrem na fila.
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  Todas pensavam pacientemente a quem ligar. já sabia que seria seus pais. Por isso fora uma das primeiras a entrar na fila.
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  - Número? – a telefonista dizia para ela, que dita lentamente afim de não pedir para repetir. A mulher então lhe entrega o fone. se senta na cadeira de frente para o telefone e espera tocar.
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  - Alô?
  - Oi mãe. – ela diz séria. Não ouve resposta por breves minutos, até decidir falar, já que seu tempo era contado. – Eu tenho apenas 10 minutos para falar com a senhora e o papai. Bom, oito agora. – ela olha o relógio ao lado do telefone. – Eu só queria dizer que estou bem e que parto amanhã de manhã para lá. E… Bom. Desculpe por tudo, eu só acho que se ficasse aí, eu não iria conseguir continuar.
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   pausava rapidamente para ver se a mãe dizia algo. Nada. Era possível apenas ouvir a respiração da mulher. Talvez o pai também estivesse ali e os dois estivessem ouvindo no viva-voz.
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  - Eu não me vejo fazendo outra coisa senão isso. Eu quero salvar vidas. Eu quero esquecer tudo aí. Ficar aí, olhar para o lado e me lembrar de tudo… É forte demais, eu não sou forte o suficiente para superar. Não com tudo me lembrando ele. Me desculpe. Eu amo vocês. Vou manter contato sempre que puder.
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  A mulher à sua frente bate a mão no relógio de pulso. Os dez minutos haviam dado.
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  - Não esperem por mim como eu esperei por ele. Por favor. Eu só quero viver a minha vida da melhor maneira. Desculpe se pareci egoísta. Eu amo muito vocês. – e desliga o telefone com as lágrimas nos olhos. Se levanta lentamente, triste por não poder ter ouvido a voz dos dois. Era tudo o que queria antes de ir. Sentir que eles estavam a apoiando. Respira fundo e segue até seu quarto com Sophie, que só aparece duas horas depois.
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  - Como foi? – ela pergunta para , que estava deitada encarando o teto. Ela mexe os ombros. – Tive de falar com meu irmão. Meus pais ainda estão nervosos com a minha decisão.
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  A amiga nada diz.
  - Meus pais também não quiseram falar comigo. Eles só ficaram ouvindo o que eu tinha a dizer.
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  - Pelo menos eles te ouviram. – Sophie diz escovando o cabelo.
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   nada responde novamente. Fecha os olhos e a imagem de lhe vêm à memória.
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  Flashback

  - Eles não conseguem entender o meu ponto de vista! – ela andava nervosa por seu quarto, enquanto apenas a encarava deitado em sua cama. – Eu só queria ajudar!
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  - Você se estressa muito com algo que não há necessidade em se preocupar, amor. – ele diz carinhoso e ela revira os olhos. – Eles são adultos, você não espera que eles entendam o nosso ponto de vista, não é?
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   ri com o comentário do namorado.
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  - Pára de me fazer rir, estou num momento nervoso.
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   dá uma gargalhada gostosa.
  - Eu gosto do seu sorriso. Para falar a verdade, eu amo seu sorriso. – ele se senta na cama e pega na mão da garota, a puxando para ele.
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  - Você disse há algumas horas atrás que amava de me ver nervosa.
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  - Eu amo te ver nervosa. – ele sorri a deitando.
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  - Pare de se contrariar.
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  - Não estou me contrariando, oras.
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  - Claro que está. Diz que ama meu sorriso e meu nervosismo!
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  - É porque eu amo seu sorriso e seu nervosismo.
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  Ela levanta uma sobrancelha rindo. Ele então enlaça sua cintura.
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  - Eu amo tudo o que você faz ou é. – sussurra com seus lábios perto dos dela. – Não ligue para os seus pais, até você se tornar adulta, eles quem mandam no pedaço.
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   ri e sente os lábios de se juntarem aos seus, calando o barulho da risada.
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  Fim Flashback

  Era impressionante como ele conseguia lhe fazer sorrir em tão pouco tempo. Sempre tão sereno. Sempre dizendo as palavras certas no momento certo. Ele sabia o que fazer sempre. Abre os olhos com o barulho de uma sirene.
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  - Hora de ir. – ouve a voz de Sophie sonolenta ao seu lado. Lentamente se senta na cama, coçando o olho. Ainda estava escuro. Suspira. Era hora de ir para um novo mundo. Um mundo que não queria que tivesse ido. Um mundo que agora ela queria ir.
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Capítulo 6

  - Como foi seu dia? – Sophie perguntava à três semanas depois de terem chegado ao Oriente Médio. Elas dificilmente caiam num setor juntas. Era trabalho 24 horas por dia. Havia dias em que não dormia. Mas nunca dias em que ela tinha folga. Folga não existia ali. Não enquanto houvesse a guerra.
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  - Como todos os outros. – ela responde enxugando o cabelo. – E o seu?
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  - Terrível. Uma bomba explodira à alguns kilômetros da base e vieram uns sessenta feridos de uma vez. Nós estávamos em apenas dez.
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   faz uma careta. Mal conseguia cuidar de cinco ao mesmo tempo. Precisava melhorar suas habilidades.
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  Três semanas havia se passado e ao ver dela, tudo era da maneira que descrevia em suas cartas. Pessoas chorando, berrando de dor, implorando pela vida. Alguns pediam a morte, outros apenas fechavam os olhos à espera dela. já havia perdido as contas de quantas pessoas morreram desde que chegara há apenas algumas semanas.
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  - ! – ouvem gritar chamando por seu nome no dia seguinte. A garota, vestida com a calça de soldado e uma camisa da mesma estampa, corre até o superior e em posição, ouve suas ordens. – Precisamos de mais uma pessoa para a equipe da enfermaria dos soldados. Vá para lá. O jipe está aí a frente para te levar até lá.
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  - Sim senhor! – ela diz correndo para fora da base e indo até o tal jipe, onde o motorista já esperava com o carro ligado.
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  Logo que chega no local ouve seu número ser chamado, a fazendo correr até o novo superior. Ele rapidamente explica os procedimentos da nova base e a manda logo entrar em ação. corria de um lado para o outro cuidando de todos os que chegavam por lá. Não parara por um minuto sequer.
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  - Pode relaxar agora. – uma das mulheres mais experientes lhe dizia. – Não há mais muito o que fazer, deixe para os mais velhos.
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  - Sim senhora. – diz pegando uma gaze e indo limpar o rosto de um novo soldado que chegava ensangüentado. – Acho melhor colocar a camisola. – ela diz se virando e indo pegar a vestimenta para o soldado.
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  - Obrigado. – ouve ele dizer e sorri sem olhar para ele. Silenciosa, molha o algodão na água e limpa todo o rosto e os cortes nos braços. – Sou . . – ele se corrige dando-lhe o apelido. Ela sorri e concorda com a cabeça, ainda limpando todo o sangue. – E você?
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  - .
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  - . . Nunca te vi aqui.
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  - Nunca estive aqui.
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  - Bom, não posso te desejar as boas-vindas. Não acho que seria muito ético. – ele ri sozinho e ela apenas abre um sorriso. – Muito trabalho?
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  - Não tanto.
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  - Bom. Muito bom. – ele diz voltando a se calar. – Você sabe algo sobre dores nas costas e tal?
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  - Espere eu terminar de arrumar esses cortes e me mostre onde dói.
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  - Certo. Você não tem outra coisa para fazer, não é?
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  - Não.
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  Ele então fecha os olhos, tentando descansar.
  - O que vocês fazem lá?
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   sorri ainda com os olhos fechados.
  - Todo dia fazemos uma coisa diferente.
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  - Tipo?
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  - Tipo… Desarmar bombas, afastar possíveis vítimas de um local de explosão, salvar pessoas dentro de um prédio em chamas, lidar com os terroristas…
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  - E vocês matam pessoas?
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   ri.
  - Todo o tempo.
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  - Não há uma regra do tipo, só o mate se ele tentar lhe matar?
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  - Há uma regra. Mate todos que estiverem com uma arma apontada para sua testa.
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   concorda com a cabeça ainda concentrada no corte da testa do soldado.
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  - Pronto. – diz alguns minutos depois. – Fique de bruço. – prontamente a obedece. Descansa a cabeça no travesseiro.
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  - Aqui e aqui. – ele indica um local no topo das costas e outro no pé da mesma.
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  - Certo. – ela passa a mão pelas costas nua do homem. – Está com diversos nós.
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  - Nós?
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  - Tensão.
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  - Ah, sim. – e ri. – Não há como nos livrarmos deles então.
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  - Sabe onde é o quarto 775? – ela dá um passo para trás, organizando os medicamentos que havia acabado de usar com .
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  - Sei.
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  - Passe lá daqui a duas horas. – ela diz com a atenção virada aos equipamentos e então olha para ele. – Vou tirar os nós daí.
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  - Ok. – ele responde.
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  - Está dispensado. – ela se vira e se afasta de , que a observava se distanciar com um sorriso.
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Capítulo 7

  Toc Toc

   olha em direção a porta e então se levanta da cama, indo até a mesma e abrindo, dando de cara com um . Ele sorri e ela sem dizer nada abre mais a porta, dando espaço para que ele entrasse.
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  - Tire a camisa e deite ali. – ela aponta para a mesa que estava coberta com seu edredom. Sem reclamar o soldado a obedece. – Não vai demorar. – ela passa as pontas dos dedos nos lugares indicados por ele mais cedo, o fazendo reprimir o corpo com a dor. – É, está bem feio.
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  Ele murmura algo e fecha os olhos, para tentar concentrar em não sentir a dor. então faz uma massagem, onde pegava em alguns lugar estratégicos e outros onde parecia que estava colocando a coluna de de volta ao lugar certo. Ele gemia de dor em alguns lugares. A massagem durara cerca de uma hora, de maneira que adormecera.
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  Ao abrir os olhos, vira escrevendo num caderno de capa desgastada e um lápis em mãos.
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  - Por que não me acordou?
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  - Porque não causaria efeito na dor.
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   se espreguiça, fazendo as costas estralarem mais um pouco.
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  - Foi muito bom, obrigado.
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  Ela balança a cabeça e se levanta, indo até a porta, mas pára ao ver que encarava o álbum que estava aberto em cima da pequena mesa do quarto dela.
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  - Ele… É seu namorado?
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  - Ex. – ela o conserta. – Ele fale…
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  - Eu sei. – ele a corta, a fazendo o olhar surpresa.
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  - Como?
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  - Eu sei sobre . – ele diz ainda encarando a foto de com o namorado. – Se importa? – e aponta para o álbum. Ela nega com a cabeça e ele pega o objeto, passando de uma página para outra. – É exatamente igual à que ele tinha.
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  - Você o conheceu?
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   ri.
  - Éramos do mesmo time.
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   então se aproxima.
  - Então você já sabia quem eu era?
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  - Tinha uma noção. – ele concorda com a cabeça. – Ele só falava em você quando se referia à alguém da vida real.
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  Ela se senta na cadeira.
  - O que ele dizia?
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   olha para a foto e então respira fundo.
  - Não sei se…
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  - Por favor. – ela diz com os olhos brilhando. – Eu só… Bom. Só queria saber como…
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  - Não acho que ele era diferente do que era lá nos Estados Unidos. – diz se sentando na cama de . – Ele tinha uma meta, que era sair vivo daqui. Tecnicamente ele conseguira.
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  Ela estava com a cabeça abaixada. então se levanta, a fazendo desviar sua atenção para ele.
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  - Aonde vai?
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  - Dormir. Tenho de acordar cedo. O dia começa de madrugada para nós. Imagino que seja o mesmo para você. – ele diz sério. – Obrigado pela massagem. – e se vira, abrindo a porta do quarto dela e saindo.
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   fica por um tempo ainda olhando por onde ele havia saído, até se levantar e se sentar onde estava sentado até o momento. Pega o álbum e o abre. Então era o mesmo por lá. Sorri vendo seu sorriso na foto. Imaginava se ele dera esse mesmo sorriso algum momento com os amigos soldados. Deita lentamente abraçada ao álbum.
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  - Sinto sua falta. – olha para o céu pela janela acima de sua cama. – Sinto muito a sua falta . – sua voz trêmula e baixa sai da maneira que lhe convinha de modo que ninguém além dela pudesse ouvir. Sem dizer mais uma palavra, seus olhos se fecham e o sono toma conta de toda sua consciência.
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  Um mês no “Outro” mundo

  Era claro que já não pensava tanto em quanto quando chegara no Afeganistão. Porém nos dias em que ela se isolava em seu quarto, no escuro da noite, o homem tomava conta de seus pensamentos, não a deixando em paz.
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  - Por que você não vai embora? – ela dizia perturbada batendo a mão na cabeça algumas vezes, tentando afetar a imagem dele dentro de sua memória. – Por que não me deixa seguir em frente?
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  Olha para o álbum de bolso aberto em sua mesa. Se contém a ir até lá e olhar. Sentada em sua cama, encosta na parede e encolhe as pernas, as abraçando e escondendo o rosto por entre elas. Já não sabia se tinha lágrimas para derramar por ele. Talvez sim, talvez não. Passam-se minutos e ela não saía daquela posição. Olha no relógio que marcava vinte e três horas. Por que não estava na enfermaria? Porque não havia soldados gravemente feridos. As enfermeiras mais experientes estavam conseguindo lidar com tudo, então as novatas tinham de ficar em seus quartos, apenas esperando uma ordem para voltarem à base.
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  Toc Toc
   abre os olhos.
  Toc Toc
  Levanta a cabeça e olha para a porta. Tinha certeza de que estava ouvindo batidas.
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  Toc Toc
  Não era miragem. Se levanta e sente as costas reclamar com a dor repentina de um movimento brusco e uma posição diferente da que ela já havia se acostumado. Se dirige lentamente até a porta, massageando a coluna e a abre, vendo encostado com o braço no batente sorrindo. Ficam calados se encarando, até ela mudar o peso de perna e ele limpar a garganta.
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  - Achei que estivesse entediada.
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  Ela nada diz.
  - Quer jantar?
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  - Não estou com fome. – ela murmura e ele concorda com a cabeça. Ri e passa a mão pela nuca. – Sabe fazer massagem?
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  - Posso tentar.
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  Ficam por mais alguns minutos calados até ela então dar alguns passos para trás e ele entrar. Ela fecha a porta atrás dele e se dirige para a mala, pegando uma loção e colocando na mesa para que ele pudesse passar nas mãos. se dirige até a pia que havia no quarto e lava as mãos, enxugando-as na roupa em seguida e arregalando os olhos ao ver a garota retirar a parte de cima de sua vestimenta e deitando na cama de bruços semi-nua.
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  Ele respira fundo e pega a tal loção e passando por entre as mãos, agachando ao lado da cama de que não era tão alta e encostando sua palma em sua pele lisa.
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  - Mais para baixo. Bem na cintura. – ela murmura com a voz travada e ele desliza as mãos para o fim da costela, apertando e a fazendo estremecer e encolher, juntando os braços mais perto do corpo. sente os pequenos calombos no local e passa a massagear moderadamente. – O que vocês faziam quando não tinham o que fazer? – ela pergunta com a voz um pouco abafada pelas mãos e o travesseiro. a olha e então volta o olhar para o local que massageava.
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  - Nós nunca não tínhamos o que fazer.
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  - E quando não faziam? – ela insiste.
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  - Nós bebíamos sentados em frente ao quarto dele e admirávamos o céu. era corajoso. Ele era ousado.
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   encarava o chão imaginando e sentados à frente de seu quarto em cadeiras e olhando para a imensidão azul com uma garrafa de bebida em mãos. Sorri. Era bom saber que ele tinha algum momento de paz, por mais que ele fosse pequeno. Fecha os olhos e passa a vê-lo na guerra, com a arma em mãos e liderando o time.
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  - Ele sempre era o primeiro a se aproximar da área perigosa. – ri. – Era um louco. Parecia saber que não ia morrer.
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   não descurva seus lábios que estavam em direção ao céu. Se lembra de um trecho de uma das cartas que ele mandara:
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  “Sei que pode me achar um louco e querer pedir para explodirem uma bomba ao meu lado, mas eu gosto de sentir a adrenalina do momento. Tenho medo, muito medo, quando estou no quartel e paro para pensar o que pode acontecer comigo no dia seguinte. Mas quando estou lá… Quando estou de frente com a morte, a encarando… Sei que não é meu momento. Sei que não irei morrer.”
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  - E ele estava sempre certo. – diz subindo as mãos pelas costas da garota e continuando a massagear. – Sempre saía vivo, por mais apertado que estivesse a situação.
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  “Você não vai acreditar de onde estou escrevendo essa carta. Do meio do deserto. Eu juro. Nosso comboio fora bombardeado antes de nós entrarmos nele e estamos sem condução de volta. Há inimigos a alguns metros de distância. É minha pausa. Estamos há um dia e meio aqui e ainda não mandaram ajuda. Estamos em poucos, uns sete, oito. Gostaria de estar com você, mas não você comigo.”
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  - Me lembro dele ter se apegado a uma garota que o ensinava a falar a língua nativa. – abre os olhos. Sabia da garota. – Com todo respeito, era óbvio as intenções dela com ele. Mas mesmo assim era claro que ele não estava nem aí para essa intenção. Ele queria aprender a falar a língua.
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  ?? ??? ?? ???? ????, sei que não entendeu nada, mas acredite, eu sei falar isso. Você iria rir, como sempre faz quando eu falo Uzurbequijão. Uma garota tem me ensinado. Não se enciúme, ela só é boa em ensinar persa, nada mais. Tem sido bastante útil para mim na hora ‘h’. Para acalmar os nativos e afastá-los sem precisar do tradutor ao lado. Prometo lhe infernizar até o fim falando em seu ouvido quando eu voltar. Ah, de qualquer maneira, significa Eu Te Amo.”
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   olha o álbum em cima da mesa. Fecha os olhos novamente.
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  “A única coisa boa aqui é o fato de eu saber que estou salvando vidas e garantindo que o nosso filho não precise passar pelo que estou passando.”
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Capítulo 8

  Depois de três meses por lá, finalmente conseguira o direito de um telefonema de quinze minutos. De início pensara em recusar a oferta mas sabia que devia uma satisfação aos seus pais, mesmo os abandonando.
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  - Número? – a soldada diz sentada no lado oposto da mesa. então dita o tal e recebe o fone da mulher, se sentando na cadeira e encarando o relógio da mesma maneira que fizera da vez anterior. Demora alguns minutos para atenderem.
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  - ‘s. – ela ouve a voz do pai e trava. – Alô? Alô!
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  - Oi pai. – ela murmura e então não se ouve mais nada. Ambos ficaram em silêncio esperando a tensão passar. – E-eu… Bom. Eles me deixaram ligar.
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  Da mesma maneira que fora anteriormente, não conseguia ouvir nada além da respiração dele no outro lado da linha. Fecha os olhos exausta.
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  - Não sei se ainda está aborrecido comigo pelo que fiz, mas só quero que saiba que não me arrependo. E que se peço perdão, é pelo fato de ter vindo sem a permissão, mas não por ter vindo. Estou longe do perigo por enquanto, só cuidando dos soldados e não tendo tanto trabalho quanto esperava.
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  Eles nada respondem novamente. Sabia que a mãe estava por lá. Ouvira os passos se aproximando. A mulher à frente bate no relógio mostrando que já havia passado os quinze minutos. então suspira.
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  - Não irei mais ligar. – fala já aborrecida. – Não tenho interesse em informar à alguém que sequer tem a preocupação de me responder em dizer como estão. Adeus. – e bate o telefone no gancho. Limpa as lágrimas que cismavam em cair.
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  - É sempre assim. – a mulher negra diz carinhosa. – Eles dificilmente se deixam aceitar pelo fato.
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   abre um pequeno sorriso e então se levanta, se dirigindo para fora do trailer em que eram feitas as ligações. O sol estava alto e já não precisava mais ir para a enfermaria. Ficara as últimas 29 horas de plantão e antes disso apenas 3 horas de descanso das 33 horas em pé. Provavelmente teria mais algumas poucas horas para tomar um banho e pensar.
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  - Qual o motivo da agonia? – ouve a voz de ao seu lado. Ela o olha e abre um pequeno sorriso, voltando a caminhar encarando o chão. – Ligou para seus pais, não é?
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  Ela concorda.
  - É… É sempre assim. – ele suspira e coloca as mãos no bolso da calça enquanto caminhava ao seu lado, encara o céu por detrás de seus óculos de sol. – Meus pais provavelmente acham que eu já estou há quinhentos quilômetros abaixo da terra.
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   o olha surpresa. Ele ri.
  - Pois é. – pausa. – Eles quase criaram a terceira guerra mundial em casa quando fui recrutado há 11 meses.
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  - Onze meses? – arregala os olhos. Não pôde deixar de pensar o quão injusto era. ficara por apenas três meses e não sobrevivera. Fica séria e volta a olhar o chão. – Então você vai embora mês que vem?
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  - Em vinte e oito dias para ser exato. – ele sorri. – Não ache que estou maluco para sair daqui. Eu já nem lembro mais como é lá. – e continua encarando o céu, enquanto ela encarava o chão. – Depois de algum tempo, você se esquece o que fazia. Aqui é tudo na base da negatividade.
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  Ela não respondia nada.
  - E você? Quanto tempo tem mais?
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  - Uns nove meses. Ou mais. Não fico contando os dias.
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  Ele ri.
  - Você é a primeira que ouço falar isso. Todos aqui contam os dias que faltam para pegar o avião e voltar para casa.
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  Ela levanta os ombros.
  - Eu vim porque quis, não porque fui obrigada. Não tem porque eu voltar atrás em minha decisão.
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  - Está certa. – ele concorda. – Você parou de viver.
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  Ela o olha surpresa.
  - Como?
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  - Você. – ele afirma. – Acha mesmo que ficar aqui é viver? Acha mesmo que está ajudando a salvar a vida das pessoas ficando?
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   nada responde. Era óbvio que ela achava isso. novamente ri e balança a cabeça, colocando as mãos na cintura.
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  - Você e eram mesmo iguais.
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  - Você não sabe sobre nós dois.
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  - Sei até mais do que gostaria. – ele diz mais sério, ela então dá um passo para trás. Fora pega desprevenida. – A quem acha que ele contava tudo? Nós éramos parceiros de times. Nossas missões eram todas juntas. E quando estamos em campo, o que menos queremos é falar sobre a morte que está ao nosso redor. Então falávamos sobre coisas agradáveis. Eu dificilmente tinha algo bom a dizer. Fazia tanto tempo que me aconteceu que já nem me lembrava mais. Mas tinha muito o que contar.
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  Ela não tinha o que falar. Não sabia o que ele sabia sobre ela e . Não se sentia confortável em saber que ele sabia tanto assim sobre os dois.
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  - Isso não é vida, . – ele balança a cabeça parando de caminhar. – Isso é fugir da realidade.
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  - Eu–
  - Você veio para cá para esquecê-lo, mas corre atrás dele quando não está na enfermaria. Você não quer esquecer , . Você não veio para esquecê-lo. Você veio para ficar mais próximo dele. Sei que é difícil de ouvir e de aceitar, mas você tem que cair na real: se fora e não vai voltar. Você está aqui e não vai para lá.
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  - Cale a boca. – ela lhe dá as costas.
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  - Se você quisesse tanto ter ido para lá, já teria se matado. Aceite o fato que não o verá mais. Comece a viver!
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  - Vá para o inferno . – ela diz batendo a porta em sua cara. Se joga em sua cama com os olhos transbordando lágrimas que haviam sumido fazia mais de um mês. Não lembrava mais como era sentir tamanha tristeza. Chora pedindo pelo amor de Deus para que esquecesse tudo.
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   nunca imaginara que um dia desejaria nunca ter conhecido . Fica por horas na cama esparramada, até encarar a foto dele em pé em sua direção. Com a voz trêmula e chorosa, ela diz antes de adormecer:
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  - Eu ainda te amo demais para te esquecer…
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Capítulo 9

  O dia seguinte não fora nada diferente. ao acordar, fora direto para a enfermaria, onde lhe deram milhares de coisas com o que se preocupar e se esquecer do ocorrido do dia anterior. Tivera êxito pelas primeiras 18 horas. Até aparecer no local.
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  - Quando é sua folga?
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  - Quando minha supervisora me der. – ela o responde não lhe dando atenção. O homem então se vira e segue até uma das soldadas que ali estavam, lhe dando a palavra.
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  - ! Liberada. – a mulher diz sem olhar para si. ao ouvir levanta o olhar para , que a encarava com um sorriso no rosto. Sem dizer nada, ela deixa a prancheta que segurava numa mesa e sai andando do local sendo seguida por ele.
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  - Não vai me dirigir a palavra?
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  - Preciso?
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  - Seria bom. – ele diz caminhando logo atrás de si. – Está aborrecida?
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  Ela nada responde.
  - Não irei me desculpar por algo que não me arrependo de ter dito.
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  - Não estou exigindo nada. – ela o retruca, ele então pega em seu braço e a vira para ele.
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  - Você ao menos pensou no que eu disse?
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  Ela olha em seus olhos e então para os lados. Bendita hora noturna em que todos estavam festejando como faziam toda noite para se esquecerem de onde estavam no meio da embriaguez.
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  - Acha que consegui não pensar? – ela lhe responde friamente, se soltando e voltando a caminhar até seu quarto.
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  - Causara algum efeito?
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  - Sim e garanto que não é positivo no seu ponto de vista.
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  - Não pedi que fosse.
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  - Mas tivera a intenção.
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  - Certamente.
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   o encara sério e se prepara para fechar a porta em sua cara, mas ele não permite, entrando e fechando a porta atrás de si.
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  - Quem pensa que é–
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  - Sei que está aborrecida. – ele a corta agora a olhando sério. – Mas eu fiz uma promessa.
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  Ela nada responde. O olha surpresa com sua afirmação. Ele respira fundo.
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  - Quando eu e estávamos socorrendo um amigo nosso que havia sido alvo de um tiroteio, finalmente se realizou de que ele poderia ser o próximo. – estava parada em pé no meio do cômodo enquanto andava de um lado para o outro. – Assim que voltamos para cá, ele veio me fazer um pedido.
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  Flashback

  - É sério cara! – dizia enquanto tirava com sua cara por ele ter ficado traumatizado em ver Adam ser atingido pelos tiros. – Não tem nada a ver comigo!
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  - Tá bem, tá bem. – puxa uma cadeira e a vira, sentando na mesma e apoiando nas costas do objeto. – Fala.
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  - Quero que me prometa uma coisa. – ele diz se aproximando. – Eu sei que meu tempo aqui é menor que o seu, mas caso eu… Bom. Caso eu não volte para lá, eu preciso que você encontre .
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  - Quê? – abre a boca espantado com o pedido.
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  - Me deixa terminar! – o amigo diz nervoso. – Procure ela e entregue essa carta. Mas apenas a entregue em mãos. Encontre com ela. Conheço minha garota, não iria sossegar até ver que o ruim realmente acontecera. – tira do bolso um envelope pardo dobrado ao meio. Estava um pouco grosso o conteúdo, mas não se importara. o recebe olha o embrulho na qual não estava escrito nenhum endereço. Apenas um ‘Para .
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  - Você está maluco
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  - Não estou. Eu só quero me garantir de que ela terá uma última notícia minha antes de eu ter partido. Não quero que nossa última palavra seja a minha dizendo que voltarei, sendo que não irei. Sei que vou sobreviver. – ele acrescenta ao ver abrir a boca para protestar. – É só por precaução.
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  Sem reclamar, guarda o envelope no bolso de sua jaqueta.
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  Fim Flashback

  Ele estava com o envelope estendido para . Ela olhava com os olhos estremecendo com as lágrimas e os lábios tremiam. Era possível ver que a cor estava um pouco desgastada com o tempo. Lentamente pega a carta. Sua respiração estava falha. Olha para e este sem dizer nada, sai do quarto para lhe dar alguma privacidade.
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  Ela encara o envelope e estremece ao ver a letra de ao ler “Para .
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  Fecha os olhos e respira fundo. Se senta e encara o céu.
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  - Você não vai me pedir para te esquecer, não é?
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Capítulo 10

  Clique aqui para ouvir Money Honey do This Century em uma nova janela. Se não fosse ela, talvez o capítulo não fosse tão bom quanto planejava que fosse.

  ,

  Se está lendo essa carta, é porque eu já não estou mais junto de você.
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  Meu coração dói de pensar nessa possibilidade. Dói em saber que não cumpri o que prometi. Dói em ter a noção de que você está caída em algum lugar, chorando pela minha perda. Sei que irá ficar arrasada.
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  Eu sempre soube que o que acontecesse comigo, você iria ficar tão acabada quanto eu ficaria se acontecesse algo com você. Eu mal consigo imaginar o tamanho da dor que você deve estar sentindo. E se recebeu essa carta tão tarde a ponto de ter de reviver tudo, eu sinto muito. Eu não desejo nunca que ela chegue a você.
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  Hoje eu descobri onde estou. Aqui é o fim da vida. É o lugar onde não quero nunca que você esteja. É onde Deus não existe e não se importa mais.
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  , você sempre foi o amor da minha vida. Desde que nos conhecemos há cinco anos naquele píer. Eu lembro que quando te vi sentada ali, com os pés pousados dentro da água, encarando a lua que estava tão próxima. Eu sabia que você era a pessoa que me faria feliz. E você assim o fez.
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  Não sei descrever o quão sortudo me sinto por ter sido escolhido para ficar ao teu lado. Para ter o seu sorriso, o seu toque, o seu amor.
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  Você é simplesmente o anjo que Deus me enviou para avisar de que o céu não é assim tão mal.
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  A função desta carta não é lhe fazer voltar com nossas lembranças e sim aceitar de que elas são boas, mas se foram. Está sendo tão difícil para mim escrever quanto você para estar lendo. Pedir para que você esqueça tudo o que passamos juntos, tudo o que me esforcei para te fazer não esquecer, tudo o que quis que fosse para sempre… É a mesma coisa que eu pedir que a guerra acabe. Eu não quero. Não queria que fosse da maneira que está sendo.
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  Eu tinha tantos planos, tinha tanta coisa para te mostrar, tantos lugares para levar, tantas situações para passar com você.
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  Mas se está lendo isso, nada mais é possível. E ninguém sente mais do que eu. Não me desculparei por ter morrido. Talvez fosse para ser. Me desculparei por não ter corrido atrás de você quando brigamos pela primeira vez. Me desculparei por não ter sido mais forte para ter encarado o governo e ficado ao seu lado. Me desculparei por estar fazendo essas lágrimas escorrerem pelo seu lindo rosto. Me desculparei por ter me esquecido de ir à festa de Janice há três anos. Me desculparei por ter ganhado em nossa competição de quem seria o último a dormir. Me desculparei por não ter lhe pedido em casamento mesmo sabendo que você era o amor da minha vida.
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  Perdão por não ter conseguido cumprir minha promessa. Perdão por te fazer chorar. Eu te amo tanto que sei que estarei me remexendo onde quer que eu esteja por sentir a sua tristeza.
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  Eu queria que fosse diferente.
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  Mas querer não é poder. E eu sinto tanto por não poder ter a vida que nós sempre quisemos juntos. Nós dois, nossos filhos e nossa casa. Nosso lar.
Se eu soubesse que isso fosse acontecer eu teria feito diferente. Mas nós não sabemos o que está por vir.
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  As coisas simplesmente não acontecem da maneira que nós queremos, . Só gostaria que você soubesse por esta carta, de que eu te amo. E que pode parecer estúpido dizer que te amarei até o fim, sendo que o meu já chegara. Mas eu te amarei mesmo assim. Te amarei da mesma forma que estou te amando neste momento enquanto te escrevo. E não há amor que supere isso.
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  Me desculpe por pedir a você que esqueça. Tudo o que eu queria era curar o seu coração machucado com todo o meu amor. Mas a única coisa que posso lhe pedir agora é que aprenda a deixar o passado para trás. E por mais que eu deseje que nós fossemos para sempre, nós não seremos. O para sempre chegou ao fim . E você tem que continuar, achar um outro alguém para criar uma nova história. Um outro eu. Alguém para curar o machucado que eu criei. Para cuidar da ferida que se abriu.
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  Eu sempre estarei em débito com você pelo tanto que me esperou. Mas a espera chegou ao fim. Chega de esperar . Eu não vou voltar, por mais que fosse tudo o que eu mais desejasse. Eu sou seu passado. O passado que você deve guardar em algum lugar no fundo de sua memória. Agora eu sou lembrança. E nada mais.
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  Olhe para frente e veja seu futuro. Ele é brilhante, eu tenho certeza. Nunca vi mulher tão maravilhosa como você. Viva a sua vida. Não acabe com ela porque a minha acabou. Siga em frente e faça o que tem de fazer. Não era para nós sermos.
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  Obrigado meu amor. Obrigado por ter sido simplesmente a melhor coisa que ocorrera em minha vida inteira. Obrigado por ser tudo o que jamais pensei em ter. Obrigado por ter feito dos meus últimos momentos, os melhores. Obrigado por ter me amado e feito de mim o homem mais feliz do universo.
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  Jogue essa carta no lixo junto com todas as outras coisas que lembram a mim. Olhe para frente e comece uma nova vida. Não pense no que poderia acontecer caso eu estivesse aí. Viva.
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  Eternamente seu, .
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Capítulo 11

  Ela não conseguia. Aperta o papel entre suas mãos e deixa suas lágrimas escorrerem rapidamente, uma atropelando a outra, como se estivessem numa corrida por seu rosto. Chorava sem medo de pensar o que as pessoas fora estariam pensando. Balança a cabeça, brigando com internamente. Como poderia ela realizar o desejo dele? Chorava sem conseguir parar para respirar. Suas pernas enfraqueciam. Estava prestes a desabar no chão, quando um par de braços a rodeia e a aperta contra um peito formado.
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   sabia que era aconchegante. Sabia que estava se sentindo protegida. Apenas queria que aquele fosse , e não… .
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  O fato de quem fosse aquele que a estava a consolando não lhe importava. Suas lágrimas encharcavam sua camiseta branca e suas mãos apertavam a roupa fortemente, como se necessitasse daquele apoio para não ir em encontro ao chão.
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   a apertava mais ainda contra si. Quanto mais ela se encolhia em seus braços, mais proteção ele dava. O fato era que ela agora já não era a namorada do amigo falecido. Ela era , a enfermeira carinhosa que cuidava de todos sempre atenta e com boa vontade que apenas tentava esquecer o terror do seu maior pesadelo. Era aquela que ele havia se apaixonado. Observá-la por todos esses tempos, protegê-la da maneira que o amigo pedira… não aguentara. Não havia como não se apaixonar por ela. Com seu jeito íntimo, sua maneira reservada de ser.
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  Encosta os lábios no topo de sua cabeça e sente o aroma de suas madeixas. Fecha os olhos pedindo aos anjos que a fizesse parar de sofrer tanto. Olha janela afora. havia planejado aquilo. Mesmo com o pouco tempo de convivência, a necessidade de ter alguém à quem contar as histórias da vida fizeram com que e se tornassem grandes amigos que poderiam dizer que se conheciam há anos!
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  Ele sabia que sabia que ele iria sobreviver. Que iria voltar para os Estados Unidos e montar sua própria família. Ele sempre dissera isso para o amigo. Porém o sentimento de um soldado havia tomado conta dele e apenas agora que havia reaberto o coração que conseguira perceber que o amigo estava certo. Que o amigo agira da maneira que tinha de ter agido.
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  Ele estava garantindo um futuro feliz para aqueles que ele se preocupava. e . O amigo, que tantas vezes salvara sua vida e fora seu baú de histórias pessoais, e a namorada que era a peça chave de sua razão de viver. Tudo o que queria agora, era que o amigo conseguisse fazer o que ele não fez. Dar à uma vida que ela merecia. A fazer feliz. Tão feliz quanto ele havia feito.
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  Ainda encarando a estrela que mais brilhava no céu escuro, sorri para , agradecendo por ser um amigo tão bom. Uma pessoa tão maravilhosa. Tão indigna de ter tido o futuro que teve.
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  “- Há algumas pessoas que vêm ao mundo apenas para certificar de que a outra irá ser feliz.” dizia com um sorriso estampado no rosto enquanto se lamentava pela morte de alguém. – “Ele fez todos nós felizes por estarmos vivos”.
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  Aperta mais o corpo de contra o seu. A carrega até a cama e consigo deita lentamente. Ela o abraça forte, a procura de apoio e assim ele o faz.
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   fora a certeza da felicidade dos dois.
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  ”Não vou te decepcionar. Obrigado amigo.” fecha os olhos com um sorriso nos lábios e tomba a cabeça para o lado, sentindo o aroma dos cabelos de entrarem em seu pulmão.
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Capítulo 12

  - Você não vai me levar no colo como nos filmes? – sorria feliz para , que ri e a pega em seu colo.
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  - E aonde a senhorita quer ir?
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   faz uma cara pensativa e aponta com a cabeça para fora, onde ele segue e coloca os pés na areia. Olha para a recém-mulher e a vê lhe encarando com um belo sorriso nos lábios.
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  - Eu te amo. – ela sussurra apaixonada.
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  - Eu te amo mais. – ele sussurra de volta.
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   e haviam acabado de se casar. Ao contrário do que todos pensaram, ficara por mais 9 meses com no Afeganistão.
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  E o agora era dez meses depois.
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  Ao acabar o prazo de e no mundo paralelo ao real, ambos voltaram juntos, no mesmo avião, com as mãos dadas durante toda a viagem. Para não haver erro de se separarem caso acontecesse alguma coisa. Ao chegarem em terras americanas, não hesitaram em correr até a imobiliária e compra-lhes uma casa na praia. Da maneira que queria. Pés na areia. Um mês depois eles passavam sua própria lua-de-mel em seu lar doce lar.
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  A cerimônia fora apenas composta por eles, o juiz e o anjo de suas vidas. .
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  Com um sorriso no rosto, os dois adormeceram juntos felizes, com a foto do melhor amigo e melhor companheiro que ambos já puderam ter no móvel em seu quarto, de maneira que os dois pudessem vê-lo antes de fechar os olhos.
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  E os dois, sem exceção, agradeciam todas as noites a . E nunca mais chorara de saudade. Pois a saudade não existia mais e sim fora substituída pela vida. A vida que trouxe de volta à ela.
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  Onde quer que ele estivesse, estaria sorrindo. Sorrindo por uma missão cumprida.
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  E não há guerra no mundo que acabe com uma vida. Ela apenas inicia outra ainda melhor.
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Fim

  Natashia says: É uma fanfic que eu pude dizer que chorei enquanto escrevia, espero que vocês tenham tido as mesmas sensações que eu tive (:

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