Vicious Game
Capítulo 1
WARD1 • UM ANO ANTES
Localização Confidencial.
Um clic suave do cartão destrancou a porta revestida e quase impenetrável de titânio.
Edmund fez uma careta coçando com a ponta de seu polegar o pescoço, justamente onde a gola de seu jaleco estava incomodando-o, deixando sua pele sensível, irritada. Era frustrante, mas o material de poliéster costumava a causa alergia nele desde que era pequeno. Uma falha, dizia seu pai sem com um tom condescendente e austero. Coçar seu pescoço a fim de aliviar os sintomas de sua própria alergia o lembram, tardiamente que suas unhas estão grandes novamente, e ele, sem conseguir conter o impulso, passou a roê-las novamente. Era um habito de sua infância quando a ansiedade chegava a seu limite e ele precisava extravasá-la de alguma forma, suas mãos estão trêmulas quando a porta do elevador se abriu a sua frente dando uma visão ampla do corredor pálido e austero que se estendia pelos laboratórios. O cheiro intenso de álcool etílico, produtos de esterilização e até mesmo o aroma suave de gazes percorre o ambiente de maneira quase familiar se não fosse pelo ardor constante em seu nariz.
Edmund fez uma careta, esfregando instintivamente sua mão em seu rosto, tentando aliviar a pressão de sua alergia enquanto projetava-se para fora do elevador, quase tropeçando em seus pés enquanto unia as sobrancelhas, tenso. Edmund endireitou o colarinho de seu jaleco, tencionando a mandíbula com força enquanto uniu as sobrancelhas, inspirando fundo, mesmo que o ar estivesse queimando suas narinas.
– Doutor Ward? Doutor Ward! – A voz impaciente de Doutora Vidal ecoa pelos ouvidos de Edmund que se obrigou a piscar diversas vezes para se concentrar no momento em mãos e não nos estímulos externos que estavam o desorientando.
Scarlet Vidal era uma mulher alta, mas com os saltos altos finos ficava ainda mais alta e estranhamente mais parecida com uma modelo do que uma cientista de fato. Usava óculos grandes e pesados, que emolduravam seu rosto em formato de coração, as maçãs do rostos altas e elegantes possuíam uma quantidade considerável de sardas suaves, o que fazia com que o nariz pequeno e delicado avermelhado a fizesse parecer surpreendentemente mais meiga do que de fato era. Os cabelos loiros e encaracolados estavam presos em um coque alto e perfeitamente ordenado, algumas mechas pendiam por seu rosto, lembrando-o das bonecas de porcelanas russas, embora ela fosse a pessoa mais americana que ele já havia visto. Verdade seja dita, era difícil esperar algo diferente da herdeira da Atlas Foudantions, a ideia utópica do American Way of Life andando elegantemente por entre os corredores dos laboratórios demandando respostas e informações. Edmund tenciona a mandíbula piscando e voltando a si mesmo enquanto assentia em concordância para a loira a sua esquerda, unindo as sobrancelhas.
– O que aconteceu desta vez? – Questionou Ward enquanto retirava a prancheta com as avaliações recentes dos subjetos da ala noroeste. Os olhos escuros de Edmund percorrem rapidamente as fichas, analisando os status atuais dos projetos e percebendo com uma ponta de desgosto e impaciência que mais nove subjetos haviam morrido aquela manhã. Ward tencionou a mandíbula assentindo em um cumprimento silencioso para dois outros colegas quando os dois viravam para a esquerda, descendo as escadarias, caminhando em direção a Geladeira.
– Houve remissão nos subjetos 721 e no 316, ainda não confirmado, Doutor Trevino e Peterson estão trabalhando para analisar o que aconteceu, mas provavelmente os corpos estão rejeitando os componentes da injeção – Vidal informou com um tom firme e distante, quase inexpressivo de tão monótono. Scarlet retirou o crachá de seu pescoço para desbloquear a parta dupla revestida a frente deles, antes que Edmund escutasse o pequeno ruído de descompressão do ambiente. Ele lutou contra o impulso de engolir em seco.
De todos os lugares da Indústrias Atlas, a Geladeira era o que mais o incomodava.
As temperaturas eram reduzidas a baixo níveis para que os subjetos entrassem em estado de dormência autoimposto pelo sistema acelerado pela mutação agora presente em seus corpos. Os procedimentos eram caros e não havia desculpas ou tampouco tempo a serem perdidos, portanto havia uma necessidade inerente dos protótipos serem mantidos sob uma temperatura amena para conservá-la e seus estados de hibernação. Era verdade que os experimentos ainda estavam em fase de desenvolvimento, muito prematuro para que se pudesse ser desperdiçados os recursos ao reiniciá-los novamente, do zero, em outros subjetos. Embora ainda estivesse sendo feitos, os protótipos que possuíam um avanço positivo no experimento eram propositalmente conservados para uma melhor avaliação para o relatório dos avanços feitos para a empresa.
A mutação era um assunto complexo, ainda em processo de descoberta. Não haviam muitos detalhes sobre, apenas uma potencial predisposição para que ela se despertasse. Uma EQM, uma Experiência de Quase Morte. A predisposição causada pela compreensão do cérebro dos traumas ocorridos apresentavam um maior fluxo de adrenalina e os tornava sensíveis, e era aí que eles deveriam agir. Era necessário rapidez para manter o estado de adrenalina em constante alta para que as injeções fossem devidamente absorvidas. O problema disto, era justamente o cérebro.
– Algum dano cerebral? – Ward questionou, entregando a prancheta de volta para Doutora Vidal e então virando-se para a direita, arregaçando por um breve momento as mangas de seus jalecos, apertando os lábios enquanto seus olhos registravam as numerações dos subjetos e os status.
– Apenas no Córtex Parietal, alguns traumas na amígdala apresentando instabilidades e alterações de humor vigentes. O subjeto 252 apresentou agressividade desde a última intervenção. – Ward uniu as sobrancelhas, por um breve momento encarando a mulher a sua esquerda, observando-a por um longo momento em completo silêncio.
Ward ainda não sabia dizer exatamente o porquê, mas algo dentro de si parecia ter ficado em alerta com as falas de Vidal. Vidal era muitas coisas, mas a ultima que ele deveria fazer era subestimá-la. Havia algo de felino em Vidal, algo de perigosamente observador e criteriosa, uma mente brilhante por trás da postura despreocupada, e até mesmo, submissa, de herdeira de uma companhia do tamanho da Atlas. A filha do chefe não iria se sujeitar a andar por entre reles mortais se não tivesse uma agenda pessoal igualmente. Ward poderia ser muitas coisas, poderia questionar-se profundamente de suas ações e a ética de seus atos, mas ele não era igualmente estúpido.
– Vou assumir que a senhorita não teve contato nenhum com os subjetos em questão por pelo menos as últimas três horas, correto? Ou está indo contra as diretrizes de funcionamento deste local outra vez? – Ward questionou por fim, estreitando os olhos enquanto a observava atentamente. O barulho contínuo dos freezers em funcionamento ecoava pelo estado como um zumbido irritante, a essa altura transformando-se em algum tipo fundo musical desconfortável, mas imperceptível.
Scarlet lançou um olhar enviesado para Ward, os cantos de seus lábios se curvando suavemente em um sorriso que não chegava a seus olhos.
– Não senhor. Hierarquia é o componente essencial para o melhor funcionamento desta empresa, eu jamais… – Scarlet como sempre, o respondeu com um tom de voz formal e precisamente ensaiado, como se tivesse aprendido a recitar aquelas palavras de tantas as vezes que o precisou fazer no passado. Ward estreitou os olhos, sequer ouvindo-a antes de bruscamente interrompê-la com um olhar sugestivo para a parte interna da manga do jaleco dela. As manchas de carmesim eram evidentes pelo tecido pálido, apesar de cuidadosamente ocultados para não chamar a atenção de outra pessoa.
– Então esconda melhor o sangue de suas roupas, da próxima vez – Ward não esperou por uma resposta vinda da loira, apenas voltou a caminhar sério e tenso em direção as celas e câmaras criogênicas da geladeira.
O eco das solas dos sapatos italianos dele ecoam pelo porcelanato branco, impecavelmente lustrados e encerados. O brilho fluorescente das lâmpadas de led rebatendo contra o chão branco, quase transformando-o em uma espécie de espelho. Ward levou sua mão esquerda novamente em direção ao seu pescoço afim de coçá-lo outra vez, prendendo a respiração enquanto as câmaras mais ao fundo revelavam os corpos aprisionados em estado de hibernação.
A luz falhou; por uma fração de segundos, ela piscou, irregular, antes de voltar ao normal, mas Ward não percebeu tal coisa, os olhos dele desviaram-se no meio do caminho para uma câmera pequena e muito especifica em sua construção e estrutura, inclinada à 45º graus, perpendicular, como uma espécie de berço feito de metal, fios e criogenia. A única daquela forma, e dentro desta, o corpo pequeno de uma garotinha de no máximo 14 anos, os cabelos loiros como fios de ouro, a pele pálida doentia e os batimentos fracos irregulares. Maddelyn Stryker.
Ward arrancou sangue de seu pescoço sem perceber.
Ele praguejou baixo, tentando normalizar sua respiração, buscando algo para limpar o sangue de seu pescoço sem contaminar ainda mais suas luvas, agora, inutilizadas e demandando descarte imediato.
O cientista praguejou entre dentes, retirando as luvas contaminadas e então buscando com o olhar por algo na Geladeira que ele pudesse usar para cobrir suas mão e mantê-las longe de contaminar quaisquer dos subjetos até que o procedimento de verificação fosse feito em todos os subjetos ali. Para seu completo azar, ele não havia achado nada, apenas um pequeno dispositivo com álcool em gel disposto nas paredes, o que, apenas fez com que o interior das unhas de Ward ardessem mais, o sangue em contato com o álcool tornando-se absurdamente desconfortável. A luz se apaga outra vez, e desta, Edmund percebeu com uma ponta de incômodo.
Havia três geradores naquela instalação, o primeiro sendo o de emergência, o segundo para contingência e o terceiro para recalibração: quando o sistema elétrico dos laboratórios falhava, e sofria um desligamento, o gerador de emergência seria imediatamente acionado quando houvesse a primeira queda de energia. A possibilidade de novas quedas eram restringidas para a uma mísera falha no servidor que estava preparado para suportar potenciais instabilidades na rede elétrica, só ocorreriam falhas posteriores em caso de algum ataque em potencial – o que não era algo comum, mas igualmente, havia uma razão para que as diretrizes do laboratórios desejassem manter seus avanços sobre segredo de estado; não eram os únicos buscando pela evolução daquele projeto. A segunda queda, muito provavelmente viria diretamente do primeiro gerador, desligada manualmente.
Era neste ponto em que eles entrariam no sistema de contingência dos laboratórios. Os alarmes ainda não seriam acionados, mas o sistema de segurança seria imediatamente disparados. Os elevadores iriam parar e as saídas, como entradas seriam bloqueadas proibindo quaisquer movimentações, tanto externas, quanto internas. O sistema de segurança era liderado pelo time Delta, ou como alguns funcionários dos laboratórios haviam os apelidados de Watch Dogs – Cachorros de Segurança, em um termo depreciativo, porque não eram exatamente melhores do que os animais em questão –, que iria verificar cada um dos cômodos e espaços do laboratório em busca da identificação rápida e remoção efetiva do problema em questão. O inimigo seria capturado e eliminado com eficiência, como o esperado.
Ward nunca havia os vistos falhar. Mas embora ele tivesse presenciado ataques, é claro, eram ocasiões extremamente raras e lideradas por uma companhia Chinesa concorrente da Atlas – Zhao, era o nome, pelo o que Ward se lembrava –, ninguém nunca havia saído de dentro daquele laboratório que não devesse sair. Bem, ninguém, é claro… ninguém até…
Até agora.
As lâmpadas oscilaram outra vez, e então tudo ficou escuro. A terceira era a última etapa de segurança dos laboratórios Atlas, e talvez, a mais significativa de todas. Era basicamente um recomeço autoinduzido.
Quando o segundo gerador falhasse, significava que o que quer que estivesse atacando-os ou se infiltrado dentro, estava vindo de dentro. Um dos subjetos, para ser mais específico. Algum subjeto estava tentando escapar. Não era algo comum, após os desenvolvimentos de novas metodologias para se assegurar que os subjetos seriam submissos e facilmente contidos, – um autor russo havia dito uma vez que a prisão mais efetiva era aquela que o prisioneiro sequer percebia em que estava –, não havia mais motins ou tentativas de fuga, exceto por um único subjeto…
– Feche a porta! – Ward praticamente gritou, voltando-se na direção de Vidal, com os olhos arregalados e uma expressão tensa, no momento que a iluminação retornou. – SCARLET, A PORTA!
A iluminação desligou mais uma vez, e então os alarmes soaram. Altos, intensos e impiedosos, reverberando pelas as paredes consideravelmente grossas e revestidas para o único propósito de contenção, da Geladeira, enquanto a iluminação oscilava, ora acesa, ora apagada. Ward soltou um chiado entre dentes, disparando na direção da câmara criogênica de Maddelyn Stryker, as mãos espalmadas contra o metal gélido e espesso da câmara enquanto ele desesperadamente tentava digitar o mais rápido que conseguia na pequena tela de segurança ao lado da câmara criogênica, o código de segurança que iria retirar a câmara criogênica e ocultá-la sob um sistema reforçado de contenção.
– Vidal, a porta! – Gritou Ward, batendo na pequena tela com o código de segurança, quando demora para ser lido, e então o cientista congelou em seu lugar, franzindo o cenho ao voltar seus olhos na direção da porta.
Ainda estava aberta.
O código de segurança da câmara criogênica de Maddelyn Stryker é acionado, com um clique suave, e então, a câmara criogênica funcionou, recolhendo-se para dentro das paredes, acidentalmente fazendo com que Ward desabasse bruscamente no chão. O cientista praguejou entre dentes, inspirando fundo com um soluço enquanto disparava, meio engatinhando, meio correndo para trancar a porta.
Ward se levantou praticamente esmurrando o botão de emergência quando a energia oscilou outra vez, desligando-se completamente. Ao longe ele podia ouvir o eco distante dos gritos que percorriam pelos corredores. Gritos desesperados seguidos de golpes violentos.
Ward tremeu, dando alguns passos para trás enquanto a porta soltava um sonoro chiado de descompressão, começando a se mover para trancá-lo dentro da Geladeira. Uma vez dentro da Geladeira, nada de fora poderia alcançá-lo. Ainda assim, os gritos estavam ficando mais altos, mais dolorosos de escutar, e por um breve momento , antes da porta se fechar completamente, Ward ainda conseguia ver um de seus colegas cambaleando por entre seus pés, as duas mãos agarradas a própria cabeça enquanto os olhos se reviravam em suas órbitas, o cheiro denso de carne queimada se espalhando pelo ar, atingindo as narinas de Ward como um soco. Ward arregalou os olhos, tremendo no lugar enquanto os olhos dele capturavam, antes da porta densa de ferro se fechar a sua frente, a visão aterrorizante de uma queimadura no formato ramificados, espalhando-se pela pele inteira de seu colega, até este desabar no chão
Eletricidade.
Ward engoliu em seco, virando-se na direção das celas que se abriam a sua frente dentro da Geladeira. Não haviam muitas, apenas 13 no total – ainda assim, eram treze subjetos bem sucedidos, potenciais sucessos preparados para uso. Todas as celas estavam trancadas, as baixas temperaturas do espaço categoricamente para manter os internos em estado de hibernação profunda. O coração de Ward martelou em seu peito, irregularmente, de maneira quase dolorosa, uma onda de adrenalina amortecendo as mãos dele, trêmulas demais para que pudesse sequer segurar algo por muito tempo, sua respiração tornando-se mais e mais rápida, o ruído acelerado e rápido, formando uma fumaça esbranquiçada acima de seus lábios, esvanecendo-se pelo ar enquanto os olhos disparavam de um lado para o outro. Não, não, a tentativa de fuga não vinha dali de dentro, não podia.
Com a pulsação acelerada, Ward avançou na direção das celas, puxando uma das alavancas de metal para baixo e abrindo o painel de controle da cela, digitando rapidamente os códigos de ativação dos gazes de contenção, praguejando alto por suas mãos estarem tão trêmulas que ele mal conseguia sentir a porcaria de seus dedos, tão mole que ele não sentia o toque. Ward grunhiu alto, pressionando com os nós dos dedos. Thud. Ward avançou para a cela ao lado, digitando novamente o código de ativação dos gazes de contenção, tossindo alto enquanto tentava cobrir com o braço esquerdo seu rosto, o formigamento em suas mãos aumentando lentamente com o cheiro forte dos gazes escapando por entre as portinholas de comida na parte de baixo da porta. Thud! Crack!
Ward congelou no lugar por uma breve fração de segundos, unindo suas sobrancelhas, com o eco do ruído. Sua respiração se alterando para um hiperventilar baixo. Os olhos, arregalados, se voltam para o restante do corredor obscurecido pela a queda da energia.
– Senhorita Vidal? – Ward tentou chamar, mas não houve resposta.
Trincando os dentes com ainda mais força, Ward passou a correr para a próxima cela, desta vez, atrapalhando-se com os códigos e errando, uma, duas vezes até conseguir acertar o código. Thud.
Thud.
Thud.
BOOM!
Ward não teve tempo de sequer registrar direito o que estava acontecendo. Em um momento, o barulho de algo atingindo constantemente uma das portar das celas ao fundo do corredor, e em outro, a porta explodiu de dentro para fora. Pedaços de metal fincam-se violentamente contra as outras e até mesmo a parede, e o Subjeto 305 estava, então, em cima de Ward.
Os olhos verdes agora completamente obscurecidos de um preto profundo – a Cólera, a deterioração do cérebro do subjeto, ou, o estágio final da injeção –, enquanto lágrimas igualmente escuras escorriam pelo rosto contorcido do Subjeto 305 em uma raiva animal, deixando manchas pela pele dele como tinta. A respiração estava acelerada atingindo o rosto de Ward com uma mistura esquisita, impossível de ser definida, mas lembrava vagamente de carne queimada, ou ao menos carne queimando, enquanto a mão do subjeto 305 se fechava violentamente ao redor da garganta de Ward, puxando-o para cima, deixando-o suspenso do chão.
Uma onda elétrica percorreu pelo corpo inteiro de Ward. Ele sentiu o impulso de se encolher, mas não tinha outra alternativa, se não agarrar com toda as suas forças, e seu desespero, o pulso da criatura a sua frente.
Ao fundo de sua mente, Edmund tentou se lembrar das informações que tinha daquele subjeto. Não havia sido o primeiro, mas certamente havia sido um dos subjetos mais promissores. Estrutura muscular atlética, cérebro intacto e perfeitamente saudável, e excelente adaptação aos processos, fossem celulares ou até mesmo físicos. O que mais…? O que mais…?
– Diga meu nome – o subjeto gritou entre dentes.
– Comando três, vinte e sete, noven… – Ward começou a tentar dizer, esforçando-se desesperadamente para pronunciar a numeração correta do código de desativação do subjeto 305, mas ouvir os números apenas faz com que o subjeto 305 apertasse com mais força a garganta de Ward. Ward começou a se sufocar, os olhos se escurecendo nos cantos enquanto se debatia, tentando encontrar um apoio que pudesse decorar seu pé e aliviar a pressão em sua cabeça e pulmões. Ward, todavia, falhou miseravelmente.
– Diga meu nome! – Demandou o subjeto 305, e Edmund entrou em completo pânico. Soluços desesperados por ar escapavam pelos lábios entreabertos dele, enquanto se debatia com mais intensidade. A eletricidade parece aumentar, e uma onda latente de dor percorreu o corpo de Ward, como se estivesse em chamas. Lágrimas escorreram pelos cantos dos olhos de Edmund que começou a ficar mais e mais desorientado. Então, foi como se tivesse um botão e o subjeto 305 tivesse o girado bruscamente completamente para o lado oposto, liberando uma sensação excruciante de pura dor.
Edmund teria gritado, se ele sequer conseguisse o fazer.
– Diga meu nome! – O subjeto 305 gritou, mais uma vez.
– Eu não… eu não… sei… – A voz esganiçada de Edmund é bruscamente cortada com uma onda elétrica de alta voltagem que o queimou, de dentro para fora. O que caiu aos pés do subjeto 305 era nada mais, nada menos do que apenas um amontoado de cinzas.
As cinzas grudam nos pés do subjeto 305 quando esteve voltou a andar, deixando para trás um rastro que desapareceu completamente quando ele finalmente entrou no elevador dos laboratórios Atlas.
E então, há apenas silêncio quando a porta se fechar. E uma música irritante.
1 Referência a personagem Melanie Ward, criada pela Taaci (@arTHemis no Wattpad) para a história Sins of Past (Acts of Vengeance). Não há nenhuma conexão, todavia, entre ambos os personagens ou
Nota da Autora: ideia doada por: Carol Caputo. Usado aqui como inspiração e referência para o desenvolvimento da história; Deadpool (o primeiro filme); Vicious da V. E. Schwab; Six of Crows da Leigh Bardugo, Resident Evil da Capcom e The Boys.
Capítulo 2
• AGORA
Praga, República Tcheca.
— Essa é a ideia mais idiota que você já teve até agora — chiou em voz baixa, forçando um sorriso educado e profissional quando um outro funcionário do hotel lançou um olhar para os dois dentro do elevador, se silenciando apenas até as portas do elevador fecharem a frente deles. mordeu o interior de suas bochechas tentando não sorrir com a expressão exasperada de , uma parte de si mesma achando, no mínimo, engraçada a situação toda, apesar de sua seriedade. a encarou, frustrado. — Eu não sou cego, eu posso literalmente ver que você tá escondendo o teu sorriso.
negou com a cabeça, exalando exasperado e então levando sua mão direita em direção a própria gravata de seu terno, tentando ajustá-la pela vigésima nona vez. apenas ajeitou seu próprio paletó com indiferença fingida.
— Não faço ideia do que você está falando — se defendeu, mas o sorriso discreto, torto, traia exatamente a inocência que ela estava tentando fingir. — Além do mais, não é como se eu estivesse sozinha. Eu estou do lado de um super herói, não vai dar nada errado. Confia em mim.
forçou um sorriso sarcástico para , mas a preocupação em seus olhos era genuína.
— Claro, porque isso não foi o que você disse nas últimas três vezes que deram errado?! — grunhiu, irritado, e então deu alguns passos na direção de até que estivesse parado a frente dela. Instintivamente, se aproximou dele para ajustar sua gravata, puxando-a de volta ao lugar, e então dobrando a gola da camisa social branca que ele estava usando por baixo.
— Desta vez vai dar certo, eu sei que vai, tô sentindo! — exclamou com um tom de voz determinado e confiante, terminando de ajeitar a gravata de , e ignorando a maneira com que os olhos dele se encontraram com os dela. Não era que ela não gostasse de , mas estava começando a ficar bem aparente que os dois estavam cruzando uma linha ali. Poderia ser completamente coisa da cabeça de , e muito provavelmente apenas pura carência estúpida, mas havia algo ali. Ela conseguia sentir, pairando no ar em palavras não ditas, e ela igualmente estava ciente que sabia também. Nenhuma linha havia sido cruzada ainda, ao menos, nenhuma que pudesse destruir sua amizade com o italiano de forma permanente, mas ela podia sentir que estavam prestes a fazê-lo.
E ela odiava que não pudesse controlar a sensação de culpa que surgia sempre após tais pensamentos — que estavam começando a ser mais frequentes nestes últimos meses.
Mesmo que a tivesse abandonado sem o mínimo de dignidade de oferecer-lhe um motivo para o porquê ele havia o feito, ainda não conseguia deixar de sentir como se estivesse o traindo. Mesmo que fizessem quase quatro anos desde que o desgraçado havia fugido com sua ex para sabe-se lá onde, de acordo com , e a deixado passar pela a humilhação de espera-lo chegar a maldita igreja por horas até perceber que ele nunca chegaria, ainda tinha aquela estranha sensação de que não podia se aproximar de outra pessoa. Especialmente de , que, antes de tornar-se o melhor amigo dela, havia sido dele. Era meio que esquisito, mas os dois pareciam ser completos idiotas por manterem vivo o fantasma de um completo desconhecido entre eles: — porque era isso que era, apenas um desconhecido, ela não sabia se havia sequer o compreendido algum dia, mas era evidente que não o fazia.
E, no entanto, era insuportável a ideia de se relacionar com outra pessoa.
Não porque de repente tivesse se tornado cínica e não desejasse se relacionar com mais ninguém, tampouco por se ressentir com . Ela havia aprendido muito cedo com sua mãe que: alguém que vai embora da sua vida, jamais foi sua, para começo de conversa, ninguém que te ama, abandona. Mulher inteligente e sorrateira era Sonja, mas certamente com um excelente ponto, e um que mesmo o pai dela não poderia discordar desta vez. Verdade seja dita, sentia-se presa naquela situação, sem saber ao certo o que fazer, justamente porque não tinha como desligar a parte de sua mente que era estupidamente leal.
e ela nunca havia tido um final. havia apenas desaparecido, e embora ela soubesse que aquele deveria ser o ponto final deles, o termino definitivo que não teria como ser desfeito — por uma escolha dele, diga-se de passagem —, seu corpo e seu coração ainda estavam acostumados com a ideia de permanecer e ser leal a .
Mas não estava mais aqui, sim. era uma boa pessoa. Céus, melhor do que jamais poderia sequer pensar em ser!
— , eu… — começou a dizer, mas foi bruscamente interrompido quando as portas do elevador finamente se abriram.
deu um passo para trás, prendendo sua respiração e então voltando seu olhar para a marca de onde o elevador havia parado, apenas para conferir se estavam no andar certo ou se ela havia apertado, outra vez, o número errado. 23, perfeito. ofereceu seu melhor sorriso inocente e tranquilo para seu potencial supervisor, tentando apenas parecer como uma empregada em seu primeiro dia de trabalho e nada mais, enquanto se colocava atrás dela, calmamente a guiando em direção à onde as bandejas estavam.
Um grito exasperado de seu supervisor, o Sr. Wellington, e então estava livre do olhar incomodado do homem o suficiente para poder inclinar-se na direção de com uma expressão focada.
— Certo, a gente tem pelo menos uns vinte minutos sobrando ainda até conseguir localizar Dr. Ward — sussurrou urgente para , pegando a bandeja que o melhor amigo lhe oferecia, e então ajeitando-a em seu antebraço, equilibrando-a, antes de começar a empilhar as taças de champagne, enfileiradas. — Quantas mais informações a gente conseguir absorver melhor.
— Continuo achando que seria melhor você ter ficado de fora dessa, a gente nem sabe que tipo de monstros Dr. Ward pode ter trazido desta vez — avisou com um tom de voz ainda mais baixo, grave, sua voz adquirindo uma tonalidade mais irritadiça, parecendo ter pouco sucesso em ocultar sua própria raiva.
Aquele assunto era algo delicado para , sabia. Ela, igualmente, não o julgava, havia algo de estranhamente perturbador em perceber que seu antigo professor da faculdade, era, agora, o seu carrasco. sabia que Dr. Ward possuía muitos débitos, especialmente com . O homem que havia sido responsável por roubar tudo o que possuía, que havia o tornado algum tipo de… criatura. Não mais humano para ser como todos os outros, mas igualmente, não mais um quase deus, pois seus poderes não era vistos como uma benção, apenas uma maldição. Era por isso que queria ajuda-lo, era por isso que queria encontrar as respostas das lacunas que a empresa BioNova havia deixado, e se certificar que mais ninguém pudesse machucar .
Sentia que devia isso a , assim como igualmente, não poderia negar o instinto protetor que tinha desenvolvido com o homem de cabelos , e olhar sempre doce.
— Para que Dr. Ward faça algo, ele primeiro vai ter que me pegar. — lançou um olhar na direção de , significativo. — E eu não vou perder o nosso encontro no Praetors mais tarde. Você ainda me deve aquela cerveja — disse com um sorriso travesso preso em seus lábios, dando uma piscadela para o homem.
Ela não poderia ter visto, pois já havia marchado discretamente em direção às mesas, seu rosto uma máscara de inocência, ocultando suas intenções enquanto silenciosamente acenava com a cabeça e oferecia as taças de champagne para os convidados naquela festa de gala empresarial, mas os olhos de , que acompanhando-a fixamente, haviam se iluminado como verdadeiras estrelas, um quase sorriso esperançoso surgindo em seus lábios, ao passo que ele murmurava para si mesmo somente a palavra “encontro”.
O grande salão da BioNova era realmente impressionante, mesmo para alguém não acostumado, não por sua opulência e extravagância, mas sim empiricamente por seus avanços na tecnologia. Hologramas espalhados pelo salão, dançando ao ritmo de músicas bem marcadas, mas com melodias suaves o suficiente para ainda ser algo elegante. tencionou sua mandíbula, achando curioso a playlist, afinal My Way de Frank Sinatra estar tocando.
Há um tempo atrás, enquanto ela finalizava seu trabalho de apresentação do seu mestrado, lembrava-se de ouvir resmungando a melodia para cima e para baixo na casa deles, quando distraído. supôs que isso deveria ter sido o primeiro sinal de que algo estava errado com ele. Algo que ela não poderia saber dizer, mas que desvirtuava o comportamento dele, intangível, mas sempre presente, como um fantasma, por trás de sua mente. E aquela música havia sido um grande indício disso. Mas ela havia escolhido ignorar, fosse por conveniência, fosse porque a ideia de perde-lo fosse extremamente dolorosa. De qualquer forma, agora, ela percebia a ironia da situação, ao ouvir a música ser entoada pelo grande salão requintado. A maior parte das paredes eram feitas de vidro, elegantes, com uma janela panorâmica que formava quase uma faixa cristalina do céu noturno de Praga, embora aquela noite fosse uma noite chuvosa. As mesas eram dispostas em grandes cubículos com uma divisória aparentemente feita de hologramas, simulando arbustos e flores coloridas e havia uma grande parede feita de um aquário com peixes exóticos ali, coloridos como neon deslizando pela água.
Era um evento de gala empresarial, então a maioria das pessoas ali estavam vestidas para impressionar. havia perdido a conta de quantas mulheres com cabelos cuidadosamente presos em coques perfeitos, emoldurados por flores ou palitos de materiais como ouro, prata e até mesmo jades, prendendo seus cabelos em penteados discretos porém elegantes. Vestidos justos e longos, de cetim, seda e até mesmo veludo emolduravam os corpos das mulheres enquanto ternos cuidadosamente perfeiçoados em alfaiataria francesa e italiana envolviam os corpos masculinos. O teto alto, era obscurecido por uma camada de vidro preta, e do centro do salão havia um grande e elegante lustre de cristal, com formato de gotas cintilando de forma impressionante.
Mais ao fundo, havia um palco improvisado de madeira, com um púlpito de vidro, discreto, embora as laterais possuíssem luzes em neon, movendo-se como se fossem algum tipo de onda sumindo e reaparecendo. podia sentir o cheiro das comidas diferentes e exóticas que o espaço estava oferecendo para seus convidados. Podia ouvir as risadas discretas e características de pessoas ricas e importantes possuíam. Ela podia sentir o cheiro de variações de perfumes caros e marcantes, e ela podia ver os rostos sérios, sombrios de um pequeno grupo de pessoas que integravam grupos separados.
estreitou os olhos, lutando contra o impulso de procurar com o olhar o rosto de , desesperada para compartilhar o que padrão que ela estava percebendo bem ali, a sua frente. Ela exalou baixo, forçando um sorriso enquanto aproximava-se de um dos grupos, oferecendo champagne.
Eram três pessoas marcantes, em três grupos rodeados de empresários e suas acompanhantes, conversando baixinho sobre algo que ainda não conseguia entender direito. Um homem de cabelos e olhos brancos, com cicatrizes envolvendo seu rosto inteiro, embora estivesse bem alinhado e vestido. Um pouco mais atrás encontrava-se uma mulher com aparecia semelhante ao do homem de cabelos e olhos brancos, a pele igualmente pálida como porcelana, de aparência frágil sob o toque, mas diferente dele, ela só possuía uma cicatriz em seu olho esquerdo, lábios cheios e angulosos, e cabelos volumosos compunha um ar etéreo, quase angelical, mas que estranhamente não passava segurança a . E então havia a mulher de cabelos longos, escuros como a noite, olhos afiados de um tom violeta intenso, quase anormais, cintilando com energia pura.
Um sorriso surgiu pelos lábios finos da mulher de cabelos escuros, enquanto ela se esticava na direção de , para alçar uma das taças de champagne. se projetou para frente estendendo de forma praticada a bandeja, mas não tocou no vidro, o que tornou a situação ainda mais estranha quando a mulher de cabelos escuros como a noite segurou seu pulso para pegar a porcaria da taça.
Um arrepio percorreu pelo corpo inteiro de quando sentiu o toque gelado da outra mulher em seu pulso. De repente era como se seu pulso estivesse envolto de pequenas agulhas, espetando sua pele, com uma ponta de desconforto, mas não o suficiente para que acabasse derrubando a bandeja acidentalmente, mas o suficiente para fazer com que ela congelasse no lugar. Por um momento a sensação é estranha, como se ela tivesse perdido o controle de seu corpo e não conseguisse se mover. Ela sentiu uma pontada, primeiro, em seus pulmões, mas então a dor aguda passou a aumentar, enquanto ela tentava se obrigar a respirar, e falhava miseravelmente. Seus pulmões começaram a ficar doloridos, sua visão estranhamente polvilhada por pontinhos obscuros, embaçando sua visão. não demorou muito para começar a entrar em pânico.
— Scarlett. — A voz de Dr. Ward, grave e contida, ecoou atrás de , e ela se tencionou no mesmo segundo, mas não deixou isso deixar transparecer em sua expressão. Seu rosto estava começando a ficar mais arroxeado quando Dr. Ward apoiou a mão dele sobre o ombro de . — Já disse a você, sem demonstrações públicas.
Scarlett, a mulher de cabelos escuros como a noite, mantém o olhar fixo no rosto de , antes de soltar seu pulso, e soltar um arfar, tentando recuperar seu folego, cambaleando um pouco para o lado, desorientada.
— Tire um minuto para você, querida — Dr. Ward disse, sem perder um segundo olhando para .
engoliu em seco, repousando a bandeja sobre um dos balcões de mármore preto liso, e então cambaleou em direção a um pequeno corredor a sua direita, apoiando seus braços na parede e deixando-se escorregar pela parede até ficar agachada. As mãos, trêmulas dela disparam em direção ao colarinho de sua camisa, tentando arrancar a gravata ao redor de sua garganta, e abrir os dois botões enquanto ofegava, desorientada. Que porra…
—… como se fizesse alguma diferença para você. — A mulher de cabelos escuros como a noite, a tal Scarlett pareceu ronronar, ironicamente. uniu as sobrancelhas, surpresa, mais por ver que a mulher podia falar do que qualquer outra coisa. inspirou fundo, e então exalou baixo, piscando algumas vezes, tentando clarear sua mente. Merda, a dor em suas têmporas ainda estava a incomodando. — Professor, você já foi melhor nisso.
— E pelos céus, diga-me a que se deve sua crítica, senhorita Stryker? — Dr. Ward respondeu com um tom de voz baixa, pragmática. estreitou os olhos, sem conseguir ignorar o arrepio que percorreu sua coluna, enquanto os olhos dela se voltou na direção de Dr. Ward.
Era um homem impressionante, e estranhamente assustador. Não era alto, ou muito largo, sequer poderia dizer que tinha músculos o suficiente para que pudesse sustentar uma briga, mas havia algo no rosto envelhecido do homem que era estranho. Calmo demais, controlado demais. A falta de exposição de emoções era o suficiente para deixar desconfortável. Não era normal que um humano não possuísse tais propensões. Normalmente, era derivado de algum problema muito sério a falta de sentimentos. Doutor Hugh Ward, um renomado cientista e especialista em biotecnologia, um homem poderoso e influente no ramo da pesquisa ao ponto de conseguir uma cadeira na Universidade de elite em Turin, era um homem fisicamente esguio, traços fortes e bem marcados, maçãs do rosto grandes, olhos em um tom de azul meio acinzentado, penetrantes, controlados e perturbadoramente observadores, mandíbula quadrada coberta por uma camada bem feita de barba, e os cabelos cuidadosamente aparados, mais altos no topo da cabeça, revelavam uma faixa grisalha ao redor das costeletas e parte inferior da cabeça. Era expressivo, já havia assistido as aulas dele uma vez, a quase oito anos atrás, mas dotado de uma frieza que ainda hoje a perturbava.
costumava admirá-lo, pensou ela amarga.
— Não a reconheceu, Ward? — Scarlett pareceu ronronar, dando um passo na direção de Dr. Ward, esticando a mão na direção de da gravata do homem, enroscando os dedos longos no tecido de maneira ameaçadora. Dr. Ward segurou o pulso dela com firmeza, empurrando-a para trás com uma expressão de advertência que pareceu apenas diverti-la mais. — Aquela é , querido, sabe? A repórter do The Tribune? — Scarlett ronronou e praguejou baixo, obrigando-se a endireitar, apalpando os bolsos de seu uniforme de garçom em busca do pequeno comunicador que compartilhava com , suas mãos tremendo, amortecidas. — E se ela está aqui, então, provavelmente não vai demorar muito para que ela descubra o que você está escondendo. Você não quer isso, quer, Hugh?
Escondendo? estreitou os olhos, prendendo a respiração, desta vez, voluntariamente. O que diabos ele estava escondendo? Então era de fato verdade todas as malditas teorias que ela havia feito aqueles anos? Os desaparecimentos de pessoas, o envolvimento da BioNova com a antiga Manifesto? O que as duas empresas, uma de biotecnologia e a outra de propaganda e marketing poderiam estar fazendo? E porque o que estavam fazendo precisava de pessoas desaparecidas? trincou os dentes, merda, ela sabia que deveria fugir dali urgentemente. Ela sabia que não era mais seguro, e deveria confiar em , mas, com o coração martelando em sua garganta, pela primeira vez, em muito tempo, ela estava tão perto de descobrir o que diabos haviam feito com e como vinga-lo… era uma oportunidade boa demais para deixar-se escapar.
poderia ser muitas coisas, mas nunca havia sido uma covarde. E se ela poderia finalmente ter as informações necessárias para destruir de vez a BioNova, então ela o faria sem hesitar, custasse o que custasse.
— Encontre-a. Seja discreta — Dr. Ward disse por fim, e trincou os dentes para não praguejar novamente, mesmo que seu corpo inteiro estivesse desesperado para o fazer. — Siga o protocolo.
Scarlett levou a taça de champagne em direção aos lábios, finalizando-a com um gole, antes de abrir um sorriso divertido para Dr Ward.
— Será um prazer… — Scarlett havia começado a dizer, mas não havia esperado para escutar o restante, ela começa a correr, o mais rápido que conseguia.
Suas mãos ainda trêmulas, finalmente alcança o comunicador de , apertando um único botão que era para funcionar apenas como uma chamada, um bip que eles sabiam que estavam em perigo, mas para sua completa surpresa, e desespero, , seu melhor amigo, não veio. Ela desviou de alguns garçons, esbarrando propositalmente contra um para fazê-lo derrubar as taças que segurava, criando uma distração enquanto corria cegamente pelos corredores que se abriam, tentando se lembrar onde diabos estava o elevador, apenas para perceber que os seguranças do espaço já estavam se movendo em sua direção.
ofegou, tremendo, os olhos arregalados enquanto seu coração martelava contra sua caixa torácica. A descarga de adrenalina que atingiu sua corrente sanguínea amorteceu o tremor em suas mãos, e a sensação dolorosa em seus pulmões, mas sua respiração ainda estava escapando rápido demais, tornando sua garganta seca e fazendo seu nariz arder. lançou um olhar desesperado ao seu redor, agindo por instinto, e então correndo para a direita. Ela empurrou um dos convidados em direção aos degraus da escadaria, antes de voltar a correr o mais rápido que ela conseguia. Suor grudava contra suas têmporas e nuca, fazendo algumas mechas de seus cabelos grudarem contra a pele, e não demorou muito para que suas panturrilhas começassem a arder com o esforço físico.
Ela virou a direita, e então novamente a direita, seguiu para a esquerda, e soltou um praguejar alto ao perceber que havia acabado de se deparar com uma armadilha já que dois seguranças a esperavam no final do corredor. soltou um resmungo inteligível girando em seus calcanhares, caindo acidentalmente no chão e então rolando instintivamente em direção a uma rampa, usando o impulso para tentar se levantar. soltou um grito estrangulado quando um dos seguranças agarrou a parte de trás de seu rabo de cavalo, e no completo desespero, se debatendo, ela apenas se lançou contra uma porta de vidro, chocando-se bruscamente contra o vidro, e então lançando-se para dentro no momento que a porta de vidro se fechou, no momento que as luzes se apagaram.
ficou presa pelos cabelos na porta, soltando um grito de dor enquanto obrigava-se a puxá-lo, quebrando-o por consequência, os fios rompendo-se de forma dolorosa e irregular, até que ela se desequilibrasse com violência, voltando a correr da melhor forma que podia. Quando as luzes voltam a se acender, tudo brilha em um vermelho intenso oscilante, ascendendo e apagando. Ela está prestes a virar para a direita novamente, em direção ao maldito elevador quando braços fortes, e estranhamente familiares envolvem seu tronco, puxando-a para a direita, em direção ao que parecia ser um pequeno quarto para a disposição do material de limpeza, e o sistema de descarte do prédio. Mãos fortes e enluvadas envolveram a boca dela, com força o suficiente para silenciá-la, mas não o suficiente para machucá-la, enquanto o outro braço envolvia o tronco dela com força, tentando a fazer parar de se debater.
E então, lá estava ela, tentando se soltar daquele estranho, prensada contra um vão entre as paredes, apertado o suficiente para que pudesse sentir cada centímetro do corpo de seu maldito sequestrador, prestes a gritar quando aquele perfume atingiu seu nariz.
Céus… ela o reconheceria em qualquer lugar…
— Não se mexe — sussurrou aquela voz masculina, grave e reverberando com um sotaque suave, terrivelmente familiar ao pé de seu ouvido, quase urgente, a respiração dele chocando-se contra a parte de trás de sua orelha, cálida e tão pesada quanto a dela. O hálito ainda com aquele mesmo cheiro familiar que misturava menta, pasta de dente e café. congelou no lugar, não porque estivesse com medo, e muito pelo o ataque inesperado, embora realmente a tivesse deixado em alerta. Não, havia congelado porque ela imediatamente havia reconhecido aquela merda de voz. Não era possível… qual seria a chance…?
A voz pertencia a .
Continua
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