Unspoken Promises
Prólogo
Abril de 2024, Hampstead – Maryland, Estados Unidos
As mãos dela tremiam com intensidade enquanto andava nervosamente de um lado para o outro no banheiro, o silêncio quase ensurdecedor ao seu redor contrastando com a tempestade dentro de si. ainda sentia o eco da tragédia que havia destroçado sua vida poucos dias antes. A imagem de , seu noivo, parecia se repetir sem parar em sua mente: o sorriso dele tão vivo, os olhos cheios de planos para o futuro que nunca chegariam a acontecer.
A perda ainda era crua, uma ferida aberta que parecia latejar com cada respiração. Dois dias. Haviam se passado apenas dois dias desde o enterro, mas a dor já parecia uma eternidade. A moto, que antes era símbolo de liberdade e aventuras compartilhadas, havia se tornado a causa do fim abrupto de tudo o que ela mais amava.
apertou o teste entre os dedos, sentindo o peso da incerteza esmagando seu peito. Se o resultado fosse positivo, sua vida mudaria para sempre, mas, ao mesmo tempo, seria como se uma parte de ainda estivesse com ela. E isso a aterrorizava tanto quanto a confortava.
Os pensamentos continuaram girando enquanto ela olhava o relógio pela milésima vez. Será que conseguiria ser forte o suficiente para enfrentar o que vinha pela frente? Será que estava pronta para encarar mais uma reviravolta tão grande enquanto ainda tentava juntar os pedaços do seu coração despedaçado?
Ela fechou os olhos, deixando uma lágrima escorrer pelo rosto. costumava dizer que ela era a mulher mais corajosa que ele conhecia. Mas naquele momento, enquanto aguardava o resultado, não se sentia nada além de perdida.
parou de andar de um lado para o outro e encarou a porta do banheiro. Seus pés pareciam presos ao chão, como se cada passo em direção à pia exigisse mais coragem do que ela tinha. Respirando fundo, ela reuniu todas as forças que restavam e cruzou o pequeno espaço até o lugar onde o teste aguardava, solitário e carregado de respostas.
A pia parecia mais distante do que deveria, e quando finalmente chegou lá, sua visão ficou turva pelas lágrimas que insistiam em cair. Ela fechou os olhos por um momento, tentando reunir coragem para encarar a verdade. A mão tremia quando ela estendeu os dedos para pegar o pequeno objeto, mas parou antes de tocá-lo. Não precisava. Mesmo à distância, o resultado estava claro.
Duas linhas.
A confirmação caiu sobre ela como uma onda esmagadora, roubando o ar de seus pulmões. deixou escapar um soluço enquanto a realidade se firmava. Ela estava grávida.
Por um instante, uma mistura de emoções explodiu dentro dela. Medo, choque, tristeza… e uma pontada inesperada de algo que ela mal conseguia nomear. Era esperança? Talvez fosse o vestígio de , uma parte dele que ainda viveria nela.
Ela pressionou uma mão contra o ventre, ainda plano, enquanto tentava absorver o que aquilo significava. O amor da sua vida havia partido, e o vazio deixado por sua ausência parecia insuportável. Mas agora, dentro de , algo estava crescendo. Não era apenas uma lembrança dele, mas uma vida nova. Não apenas uma, ela logo descobriria, mas duas.
se fora, mas ele havia deixado algo para trás. Algo que a puxaria para frente, mesmo quando ela sentisse que estava desmoronando. “Eu vou cuidar de você. Eu prometo”, sussurrou, quase sem perceber.
O teste ainda estava em sua mão, mas ela não precisava mais olhar para ele. sabia que sua vida nunca mais seria a mesma. E, por mais assustador que fosse, uma pequena fagulha de determinação começou a nascer dentro dela. Ela não estava sozinha.
💨💨💨
Novembro 2024, Hampstead – Maryland, Estados Unidos
Os meses que se seguiram foram os mais solitários da vida de . A gravidez avançava, mas o luto por parecia não ter fim. Cada dia era uma batalha entre a dor de sua ausência e a necessidade de seguir em frente por causa dos pequenos corações que agora batiam dentro dela.
A família de havia deixado claro desde o início que não a apoiaria. Eles nunca gostaram dela, julgando-a inadequada para o noivo que consideravam “bom demais”. Quando tentou compartilhar a notícia da gravidez, buscando algum tipo de conexão ou ajuda, recebeu apenas silêncio ou respostas frias.
“Não vamos apoiar essa loucura”, foi o que a mãe de dissera, com um tom que mais parecia um veredito. “Não concordávamos com o noivado, muito menos com isso.”
, com o coração em pedaços, percebeu que estava completamente sozinha.
Ela precisou se agarrar ao pouco que tinha. Trabalhando como garçonete em uma cafeteria local, ela passou os primeiros meses de gravidez escondendo a barriga crescente, com medo de perder o emprego. Seus colegas viam o cansaço em seus olhos, mas ela evitava qualquer conversa sobre sua vida pessoal. Não queria se abrir, não queria parecer fraca.
Cada turno era uma luta contra o cansaço e as dores no corpo que só aumentavam. Mesmo nos últimos meses de gestação, continuava em pé, limpando mesas, servindo cafés e sorrindo para clientes que jamais imaginariam o peso que ela carregava.
À noite, em seu pequeno apartamento, ela permitia que as lágrimas caíssem. O silêncio era ensurdecedor, e a falta de era quase insuportável. O quarto que seria do bebê permanecia vazio, sem berço, sem roupas. Ela não tinha condições financeiras para preparar nada, e isso a deixava ainda mais assustada.
Houve momentos em que se perguntava se conseguiria continuar. A solidão, o luto e o medo pareciam esmagadores. Mas sempre que pensava em desistir, sentia os pequenos movimentos dentro de seu ventre. Era como se os bebês soubessem quando ela estava no limite e enviassem pequenos chutes de esperança.
— Vocês precisam de mim — ela sussurrava para a barriga, acariciando-a com ternura.
Os últimos dias antes do parto foram os mais difíceis. precisou abandonar o trabalho quando o inchaço e as contrações se tornaram constantes. Mesmo assim, ela continuava se forçando a se levantar todos os dias, a arrumar a casa, a planejar o mínimo possível para a chegada dos gêmeos.
No fundo, ela sabia que estava esgotada. Mas também sabia que não podia desistir. Seus bebês seriam sua nova razão para viver, a única luz no meio da escuridão que havia tomado sua vida.
E, mesmo sozinha, mesmo sem apoio, ela prometeu a si mesma que faria tudo o que fosse necessário para garantir um futuro para eles. Porque, apesar de toda a dor, ela sabia que o amor de ainda vivia – através dela e através das vidas que ela carregava.
💨💨💨
Dezembro 2024, Hampstead – Maryland, Estados Unidos
A noite já tinha caído, e o pequeno apartamento de estava em silêncio, exceto pelos murmúrios suaves dos gêmeos enquanto finalmente adormeciam. Ellie, com seus cachinhos dourados, segurava firmemente a manta que havia bordado às pressas durante a gravidez. , o menino que levava o nome do pai, dormia serenamente ao lado da irmã, a expressão tranquila que só os bebês pareciam ter.
ajeitou os cobertores ao redor deles, inclinando-se para depositar um beijo suave na testa de cada um.
— Boa noite, meus amores! — sussurrou com um sorriso cansado, mas cheio de ternura.
Enquanto caminhava para a sala, esfregando os olhos para afastar o cansaço, o som inesperado do celular sobre a mesa de centro a fez parar. A tela brilhava com um número desconhecido. Seu coração acelerou. Não era comum receber ligações, ainda mais àquela hora.
Por um momento, ela pensou em ignorar, mas algo dentro dela a fez atender.
“Alô?” — Sua voz saiu hesitante, carregada de cautela.
“Boa noite. Estou falando com a senhora ?” — A voz do outro lado era profissional, mas gentil.
“Sim, é ela” — respondeu, agora mais alerta.
“Sou Jennifer Andrews, do departamento de Recursos Humanos da Brighter Horizons, em Nova York. Estamos entrando em contato a respeito do processo seletivo que você participou conosco alguns meses atrás”
ficou estática, incapaz de processar as palavras de imediato. O processo seletivo… Ela quase tinha esquecido dele. Tinha sido meses antes, quando ainda estava vivo e a vida parecia ter algum tipo de direção. Na época, os dois haviam sonhado juntos com a possibilidade de se mudarem para Nova Iorque. Mas a resposta nunca veio, e, após a tragédia, ela tinha desistido de esperar.
“Eu… Sim, eu me lembro” — respondeu, a voz quase tremendo.
“Gostaríamos de informá-la que, após uma reavaliação do processo, decidimos oferecer a você a vaga para a qual se candidatou. Estamos muito impressionados com suas qualificações e acreditamos que você seria uma excelente adição à nossa equipe.”
precisou se sentar. As palavras ecoavam em sua mente, mas era difícil acreditar que eram reais.
“Nova Iorque?”, murmurou, mais para si mesma do que para a pessoa do outro lado.
“Isso mesmo. Entendemos que é uma mudança significativa, mas o cargo oferece suporte na transição, incluindo um bônus inicial para realocação.”
sentiu um turbilhão de emoções tomar conta dela. A oportunidade era como um raio de luz em meio à escuridão que havia dominado sua vida, mas também trazia dúvidas e medos. Ela pensou nos gêmeos, na solidão que sentia, na falta de apoio. Será que conseguiria recomeçar em uma cidade tão grande e distante?
“Eu… Eu preciso de um tempo para pensar” — respondeu com sinceridade, tentando manter a voz firme.
“Compreendemos perfeitamente. Vou enviar todos os detalhes por e-mail, e você pode entrar em contato assim que estiver pronta para nos dar uma resposta. Mais uma vez, parabéns, senhorita . Estamos ansiosos para trabalhar com você.”
A ligação terminou, mas continuou segurando o celular, encarando o vazio enquanto tentava assimilar o que acabara de acontecer.
Nova York. Uma nova vida. Uma chance de reconstruir tudo, não só para ela, mas para Ellie e .
Ela olhou em direção ao quarto onde os gêmeos dormiam.
Talvez… talvez seja isso que precisamos. — sussurrou para si mesma. Por mais assustador que fosse, a ideia de um recomeço começava a parecer possível – e, pela primeira vez em muito tempo, sentiu uma faísca de esperança.
Capítulo 01
Nova Iorque parecia infinita aos olhos de , e aquilo fez os olhos dela se encherem de água pela milésima vez no dia. Ela encarava a vista de sua janela, enquanto esperava Suri voltar com seu crachá que havia ficado pronto.
Já fazia uma semana desde que chegara à cidade. Tudo havia acontecido tão rápido que, às vezes, ela se perguntava se estava vivendo um sonho. Levou apenas dois dias para tomar a decisão de aceitar a proposta da Brighter Horizons, e a empresa não apenas facilitou sua mudança como garantiu toda a assistência necessária.
O apartamento já estava alugado e mobiliado quando ela chegou com os gêmeos, um alívio considerando que a última coisa que ela queria era passar semanas lidando com burocracias e caixas de mudança. A empresa também providenciou uma babá para cuidar de Ellie e enquanto ela trabalhava, algo que sequer imaginava que pudesse ter. Pela primeira vez desde que ficara sozinha, sentia que não carregava o mundo inteiro nos ombros.
E agora, ali estava ela, em seu primeiro dia de trabalho.
O escritório da Brighter Horizons era moderno e sofisticado, ocupando um dos andares altos de um prédio envidraçado em Manhattan. ainda não acreditava que agora fazia parte daquilo. Depois de meses de incerteza, insegurança e medo, estava diante de um futuro que parecia promissor.
Ela respirou fundo, tentando conter a ansiedade. Era seu primeiro emprego na área de formação e, embora estivesse grata, não podia evitar o nervosismo. Será que ainda lembrava como trabalhar em um ambiente profissional? Será que daria conta da rotina com os gêmeos?
— ?
Ela se virou ao ouvir a voz de Suri, uma das coordenadoras do setor de Recursos Humanos. A mulher sorria enquanto lhe entregava o crachá com seu nome e foto recém-tirada.
— Bem-vinda oficialmente à Brighter Horizons — disse Suri com entusiasmo.
pegou o crachá, sentindo um frio na barriga ao deslizar os dedos sobre a identificação. Era real. Era seu novo começo.
Ela prendeu o acessório no blazer e forçou um sorriso determinado.
— Obrigada. Estou pronta para isso.
Ou, pelo menos, era o que esperava.
💨💨💨
— Pronta para conhecer seu colega de setor? Ele deve chegar já já. não costuma se atrasar, muito pelo contrário. — Suri olhou o relógio no pulso, sorrindo — A equipe será dividida entre vocês dois, como já havíamos comentado e ele vai passar para você os nomes dos nossos colaboradores que farão parte da sua equipe e apresentará você para eles também.
assentiu, apertando levemente o crachá preso ao blazer.
— Claro. Estou prontíssima.
Mais uma vez,, esperava estar.
Enquanto Suri conferia alguns papeis na mesa, se pegou pensando em seu novo colega de setor. Não fazia ideia de quem ele era, e a curiosidade começou a crescer. Como seria trabalhar diretamente com alguém que ela nunca tinha visto antes?
Provavelmente, um senhor de meia-idade, rabugento e exigente, pensou. Um daqueles profissionais que já estão na empresa há décadas, resistentes a mudanças e impacientes com novatos. Talvez um homem de terno cinza, olhar crítico e uma postura rígida, alguém que falaria com ela em frases curtas e secas, como se estivesse sempre ocupado demais para perder tempo com qualquer coisa que não fosse trabalho.
Suspirou, preparando-se mentalmente para o pior. Se fosse esse o caso, ela apenas precisaria manter a paciência e provar sua competência sem entrar em conflitos desnecessários. Afinal, depois de tudo que passara nos últimos meses, lidar com um colega ranzinza não deveria ser o maior dos seus desafios.
— Ele não deve demorar — avisou Suri, lançando-lhe um olhar animado.
forçou um sorriso, mesmo sentindo o estômago se revirar de expectativa.
Que venha o colega de setor.
Suri se encostou na mesa de e cruzou os braços, sorrindo para .
— Então, já teve tempo de explorar a cidade? Sei que uma semana não é muito, mas Nova Iorque pode ser intensa logo de cara.
soltou uma risada baixa.
— Acho que “intensa” é um bom jeito de descrever. Ainda me sinto meio perdida, para ser sincera. Tudo é tão grande, tão rápido…
— Você se acostuma — Suri garantiu, piscando. — Eu nasci e cresci aqui, então acho que sou suspeita para falar, mas não trocaria essa cidade por nada. Já levou os gêmeos para passear?
— Algumas vezes. Fomos ao Central no fim de semana. Eles adoraram ver os esquilos correndo pelo gramado. Acho que foi a primeira vez em muito tempo que me senti… normal.
Suri sorriu com ternura.
— Isso é ótimo. Você merece um recomeço tranquilo. E Nova Iorque pode ser um lugar incrível para isso.
Antes que pudesse responder, a porta de vidro do escritório se abriu, e um homem alto entrou com passos firmes, equilibrando um copo de café na mão. Ele usava um blazer bem ajustado, e o cabelo escuro estava perfeitamente penteado para trás. Seu olhar era sério, mas não rude — apenas concentrado.
Suri endireitou a postura e sorriu.
— Ah, e aqui está ele.
se preparou para encarar o senhor rabugento que havia imaginado, mas, assim que olhou para o recém-chegado, seu cérebro travou por um instante.
Definitivamente, ele não era um senhor de meia-idade.
— , este é — Suri anunciou. — Seu colega de setor.
O homem ergueu os olhos do café e a fitou com um leve arqueamento de sobrancelha, estendendo a mão para cumprimentá-la.
— É um prazer conhecê-la.
piscou algumas vezes, sentindo o rosto esquentar.
Ok… Isso definitivamente não era o que ela esperava.
— O prazer é meu senhor . — saiu do transe e sacudiu a mão dele.
— Pronta para começar? — caminhou até sua mesa, não sem antes lançar um olhar para Suri, que estava escorada em sua mesa.
Suri entendeu o recado e então se afastou rapidamente da mesa dele e lhe lançou um sorriso amarelo.
— Quando quiser. — pegou a agenda sobre sua mesa e respirou fundo.
— , seja gentil, por favor! — Suri pediu baixo, mas não baixo o suficiente para que não ouvisse.
— Gentil? — encarou Hariet — Vai fazer a garota achar que sou um monstro, quando na verdade só sou direto e focado no que tem que ser feito.
Os olhos dele pularam de Suri para , analisando-a pela primeira vez.
sustentou o olhar dele, mantendo a postura firme, apesar de sentir uma pontada de nervosismo com a intensidade daqueles olhos escuros.
— Direto e focado, entendi — respondeu com um pequeno sorriso. — Acho que podemos trabalhar bem juntos, então.
inclinou levemente a cabeça, como se estivesse avaliando sua resposta. Ele não sorriu de volta, mas algo em sua expressão parecia quase satisfeito.
— Vamos ver — disse simplesmente, virando-se para pegar alguns papéis em sua mesa. — Primeiro, vou te passar a lista dos colaboradores que estarão na sua equipe. É importante que conheça cada um deles, porque vão depender de você tanto quanto de mim.
abriu sua agenda e se preparou para anotar.
— Certo. Pode começar.
começou a listar os nomes, dando pequenas descrições de cada membro da equipe. Sua voz era firme e precisa, sem rodeios, e percebeu que ele realmente não era o tipo que perdia tempo com amenidades.
De vez em quando, ela sentia o olhar dele sobre si, como se estivesse analisando sua reação, avaliando se ela realmente estava absorvendo tudo ou se desistiria no meio do caminho.
Ela não desistiria.
— E por último, mas não menos importante — continuou, entregando-lhe um documento —, temos uma reunião amanhã cedo para revisar os projetos em andamento. Você vai precisar estar preparada.
pegou o papel e leu rapidamente as informações.
— Entendido.
Suri, que observava tudo de sua mesa, sorriu de lado.
— Acho que ela vai dar conta de você, .
Ele lançou um olhar de canto para antes de responder:
— Vamos ver.
ergueu o queixo e sustentou o olhar dele.
— Você vai ver.
💨💨💨
pegou seu café e indicou com um movimento de cabeça para que o seguisse.
— Vamos conhecer a equipe.
ajeitou a postura e o acompanhou pelos corredores modernos da Brighter Horizons, sentindo um misto de nervosismo e empolgação. Esse era um grande passo — seu primeiro contato com os colegas de trabalho e, principalmente, com a equipe que ficaria sob sua responsabilidade.
O setor era amplo e bem iluminado, com divisórias de vidro e mesas organizadas em pequenos grupos. Algumas pessoas estavam concentradas em seus computadores, enquanto outras discutiam algo em voz baixa. Assim que perceberam se aproximando, os olhares se voltaram para eles.
— Pessoal, essa é — anunciou, sem rodeios. — Nossa nova colega de setor. Chefe da antiga equipe da senhorita Franz, que estava comigo até a contratação de uma nova supervisora.
Alguns sorrisos surgiram entre os funcionários, e retribuiu, mesmo sentindo a pressão do momento.
— Bem-vinda! — uma mulher de cabelos curtos e óculos disse animadamente.
— Obrigada, é um prazer conhecê-los — respondeu, tentando gravar os rostos.
— Agora, vamos à sua equipe — cortou, conduzindo-a até um grupo específico mais ao fundo da sala.
Um grupo de quatro pessoas estavam ali, conversando sobre algo no computador de um deles. Quando notaram e , endireitaram-se rapidamente
— Pessoal, essa é — ele disse. — A partir de agora, ela será responsável por trabalhar diretamente com vocês.
O primeiro a se apresentar foi um homem alto, de sorriso fácil.
— Oliver , analista de projetos. Seja bem-vinda, .
— Obrigada, Oliver — ela apertou a mão dele.
— Emily Carter — a mulher de cabelos cacheados ao lado dele sorriu. — Designer.
— Ótimo conhecê-la, Emily.
— Alex Rivera, assistente administrativo — disse um rapaz moreno, acenando de leve.
Por último, uma mulher de expressão mais séria se apresentou.
— Chloe Bennett, planejamento estratégico.
apertou a mão de todos, tentando decorar os nomes e rostos.
— Espero que possamos fazer um ótimo trabalho juntos — disse com sinceridade.
— Isso depende de você — Chloe respondeu, com um leve arquear de sobrancelha.
Antes que pudesse responder, interveio.
— é qualificada o suficiente para isso. Vamos dar a ela a chance de mostrar.
Houve um breve silêncio, e então Oliver sorriu.
— Claro! Acho que todos nós estamos animados para ver como será essa nova fase.
Emily assentiu, e até Chloe pareceu relaxar um pouco.
respirou fundo. Era sua chance de mostrar que estava pronta para esse recomeço.
E ela não iria desperdiçá-la.
💨💨💨
passou a próxima hora conversando individualmente com cada membro da sua equipe, tentando conhecê-los melhor e entender seus estilos de trabalho.
Oliver era amigável e bem-humorado, com um jeito descontraído que deixava a conversa leve. Emily se mostrava criativa e empolgada, claramente apaixonada pelo que fazia. Alex era um pouco mais reservado, mas muito prestativo e eficiente.
Já Chloe… bom, Chloe parecia ter decidido, desde o início, que não gostava de . Sua postura era rígida, suas respostas eram curtas e, a cada explicação de sobre sua visão para o trabalho, Chloe apenas cruzava os braços e arqueava uma sobrancelha, como se desafiasse cada palavra dita.
suspirou internamente. Ainda não sabia o motivo da antipatia, mas teria que lidar com isso.
Quando finalizou as conversas, percebeu que o tempo tinha passado rápido demais. Pegou o celular e viu que já era quase meio-dia. Automaticamente, abriu as mensagens da babá para se atualizar sobre os gêmeos.
Babá: “As crianças comeram bem e estão brincando agora. Tudo tranquilo por aqui!”
sorriu de leve, aliviada.
Estava prestes a responder quando sua própria bolsa voou em sua direção. Por reflexo, ela a pegou no ar, surpresa.
— Almoço — disse simplesmente.
piscou algumas vezes.
— Como assim?
Ele apenas ergueu uma sobrancelha.
— Nós temos de almoçar juntos, no mesmo horário, e a equipe também. Assim, não acontece nenhum desfalque na produção e, se precisarem de nós, estamos os dois aqui.
Ele já começava a andar quando bufou, jogando a bolsa no ombro e o seguindo.
— E você acha que jogar a minha bolsa em mim é a melhor forma de me avisar?
deu de ombros.
— Funcionou, não funcionou?
revirou os olhos. Aquilo ia ser interessante.
Com passos largos, ela acompanhou até o elevador e quando eles entraram, acabaram se encarando.
— Correu tudo bem com sua equipe? — ele apertou o botão do térreo.
— Sim. Só a Chloe… ela vai ser um desafio.
soltou um riso amargo e voltou a encarar .
— Posso garantir que sim.
— Você também não teve uma experiência boa com ela.
— Não. Não acho que ninguém nessa empresa tenha tido uma boa experiência com ela… e eu… bom, eu tenho carta branca para dizer isso.
abriu a boca para questionar mais, mas a porta do elevador se abriu e apenas saiu do mesmo, fazendo-a acelerar os passos outra vez para acompanhá-lo.
— Você vai me seguir? — parou de andar de uma vez, fazendo parar a poucos centímetros de si.
O olhar de caiu sobre ela, analisando-a com atenção. Agora que estavam tão próximos, notou detalhes que antes haviam passado despercebidos. A linha bem definida da mandíbula, o jeito como os olhos dele tinham um tom levemente mais quente sob a luz suave do hall, e a pequena cicatriz próxima à sobrancelha esquerda.
Ela piscou algumas vezes, afastando esses pensamentos.
— Bom… tecnicamente, sim. Afinal, você parou bem no meu caminho — respondeu, cruzando os braços e tentando parecer indiferente.
ergueu uma sobrancelha, como se se divertisse com a resposta. Seu olhar escorreu lentamente pelo rosto dela, e sentiu um arrepio involuntário quando os olhos dele se prenderam nos seus.
— Você é sempre assim?
— Assim como? — desafiou, inclinando levemente a cabeça.
— Intensa. — Ele sorriu de canto, um sorriso pequeno, mas que a desconcertou por um momento.
apertou os lábios, sem saber se aquilo era um elogio ou uma provocação.
— E você é sempre assim?
— Assim como? — Ele imitou o tom dela.
— Misterioso.
O sorriso no canto dos lábios dele se alargou um pouco, e então, sem aviso, ele apenas se virou e voltou a andar.
— Vamos almoçar, .
Ela piscou, ainda um pouco atordoada, antes de bufar baixinho e segui-lo mais uma vez.
Definitivamente, seria um mistério a ser desvendado.
💨💨💨
— Pode me falar um pouco mais da sua experiência com a Chloe? — questionou enquanto tentava acompanhar os passos de pela movimentada Manhattan.
— A profissional ou a de quando nós fomos noivos por quatro anos e ela me trocou por um dos diretores?
parou no meio da calçada, sentindo o choque atravessar seu corpo como uma corrente elétrica.
— O quê? — A palavra escapou antes que ela pudesse se conter.
apenas continuou andando, como se tivesse acabado de comentar sobre o clima, mas ao perceber que havia ficado para trás, parou e virou-se para encará-la.
— Algum problema? — Ele ergueu uma sobrancelha, impassível.
piscou algumas vezes, tentando processar a informação.
— Você e a Chloe… foram noivos? Por quatro anos? — Sua voz saiu um pouco mais alta do que gostaria, e algumas pessoas que passavam por ali lançaram olhares curiosos.
suspirou e deu um passo na direção dela, abaixando ligeiramente o tom de voz.
— Sim. E agora ela é um dos desafios que você vai ter que lidar na sua equipe.
ainda sentia a surpresa em cada parte do seu corpo. Chloe já havia parecido hostil no pouco tempo que se conheciam, mas agora tudo fazia sentido.
— Isso explica muita coisa… — murmurou, cruzando os braços.
— E vai explicar ainda mais quando você perceber que ela detesta qualquer mulher que trabalhe comigo.
mordeu o lábio, sentindo um frio estranho na barriga.
— Ótimo — resmungou. — Primeiro dia e já ganhei uma rivalidade gratuita.
riu baixo, mas sem humor.
— Bem-vinda à Brighter Horizons.
Ele então voltou a andar, e o seguiu, ainda absorvendo a revelação.
Definitivamente, aquele emprego prometia ser muito mais desafiador do que ela imaginava.
Gente, a mulher só queria trabalhar e receber seu dinheirinho pra sustentar seus pacotinhos de amor e recebe problemas.