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(Un)Lucky

Nota: As partes escritas em itálico são o ponto de vista do seu favorito.

  13 de junho de 2003, 8:25p.m., sexta-feira, primeiro show oficial do All Time Low…
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  Não sei bem o porquê, mas aquilo tudo não me soava bem, quer dizer… Era sexta-feira TREZE, aquilo não podia ser bom. Droga, eu disse para os caras simplesmente marcarem para outra data, quem sabe no sábado? Mas não, eles teimaram que sexta era “perfeito” já que a casa de shows enchia mais e todas aquelas coisas. Como eram três contra um, eu não pude contestar.
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   , do All Time Low era um daqueles americanos típicos e supersticiosos. Não chegava nem perto do décimo terceiro andar de um prédio, assim como ficava paranoico quando via um gato preto cruzar seu caminho ou uma escada interrompendo seu percurso. Mas uma coisa que realmente apavorava nosso pequeno personagem principal eram as sextas-feiras treze. Nesses dias todos os seus medos e superstições aumentavam consideravelmente e, para a paranoia de nosso amigo aumentar ainda mais, o primeiro show de sua recém-formada banda caía bem na data citada.
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  # Flash #

  — Cara, conseguimos nosso primeiro show considerável! — sorria feito besta ao meu lado completamente extasiado com a notícia que nosso queridíssimo nos trouxe. Também, quem de nós quatro não estava na mesma situação?
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  — Beleza! — exclamei completamente satisfeito. Finalmente iam ver o quanto nossa banda era boa. — E quando vai ser? — perguntei, parando por um instante.
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  — Nessa sexta — murmurou ainda com seu sorriso estilo “eu sou o fodão” no rosto.
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  Foi então que tudo parou para mim e eu comecei a fazer as contas: hoje era terça, dia 10… Terça. Quarta, quinta, sexta… Dez. Onze, doze… TREZE?!
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  — Espera aí, será sexta-feira treze! — exclamei fazendo os três me encararem com uma cara que dizia muito bem “E daí?”.
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  — É, cara, qual o problema? — perguntou confuso.
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  — Droga, pessoal, sexta-feira 13 é dia de azar, A-Z-A-R! — Tentei fazê-los perceber o quanto aquilo era sério, mas tudo que fizeram foi rir. Gargalhar seria a palavra mais correta, acho.
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  — , você precisa parar de ser tão… “Americano”. — chegou mais perto me dando tapinhas no ombro. — Relaxa, cara, nada pode estragar a nossa sexta-feira. — Ele voltou a sorrir seu sorriso “fodão” e ignorou meus protestos.
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  # End Flash #
  
  Faltavam cinco minutos para o início do primeiro show do All Time Low para um público consideravelmente maior que o normal e estava mais do que uma pilha de nervos. Ele sentia que alguma coisa daria errado naquilo tudo, só por se tratar de uma sexta-feira treze.
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  Eu ouvi o som da guitarra da música que tocava antes do nosso show dar seus últimos acordes e com esse som meu coração deu um salto de nervosismo. Estava chegando a hora do desastre, eu podia sentir… O que será que ia acontecer? As guitarras desafinariam? O baixo perderia uma corda? A bateria desmontaria no meio do show?
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  Ah, droga! Isso não vai dar certo!
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  Depois de muitos gritinhos e a plateia finalmente muito animada, a atração principal da noite subiu ao palco: os garotos do All Time Low. Todos vibraram quando deu seus toques na bateria e o show finalmente começou. Por uma hora e meia a agitação durou e, por mais incrível que parecesse, nada de errado havia acontecido. Aparentemente o sexto sentido para desastres de nosso estava errado, aparentemente
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  Certo, eu estava errado quanto ao show, ele foi realmente ótimo e nada de errado que eu poderia ter imaginado aconteceu.
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   pensava no quanto esteve errado em temer uma simples sexta-feira quando tropeçou no pé de alguém e foi levado ao chão com e tudo. O instrumento, por sua vez, fez um barulho estranho e nada agradável embaixo de seu .
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  O rapaz se sentou no chão começando a questionar se seu sexto sentido havia mesmo falhado e seu olhar se voltou para que havia se partido.
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  (Daqui para frente, apenas narra)
  — NÃÃÃÃO! — eu berrei ao ver o estado de meu instrumento, era de cortar o coração de qualquer .
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  — Cara, o que houve? — Ouvi se aproximar e agachar ao meu lado.
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  — Droga, olha só para isso! — exclamei sentindo-me triste pelo que acabara de perder.
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  — Xii, que dó… Mas bem que já tava na hora de trocar, você usa isso há anos! — Minha vontade era de meter um murro no meio da cara de , como ele ousa?
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  Eu me levantei chateado com os “destroços” do meu finado instrumento. Quando me virei, uma garota – que eu não faço nem ideia de onde surgiu – pulou no meu pescoço dizendo o quanto me amava e sem mais nem menos me tascou um beijo.
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  Pude ouvir um “até que essa sexta treze não tá tão ruim pra você, ” vindo de que olhava a cena completamente confuso. É, o choque foi tanto que eu mal fechei os olhos com o beijo, na verdade aquilo estava mais me sufocando do que tudo.
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  Foi então que eu ouvi uma voz irritada dizer alguma coisa e a garota que me sufocava foi puxada para longe, para meu alívio. Aí eu vi quem era o zangado. Um cara do tamanho de um armário que estava berrando coisas para mim, acho que eram ameaças, não sei, estava ocupado demais me xingando por não ter convencido os caras de mudarem a data do show para o dia seguinte. Tudo o que pude assimilar foi um: “Acho que houve um mal-entendido aqui, amigo” partido de .
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  Só o que sei é que me cansei daquele dia fatídico. Dei as costas para a garota maluca e sufocadora e seu armário ambulante. Caminhei para ir até o bar do lugar, obviamente não sem antes levar uma cotovelada no estômago por estar passando no meio de uma multidão que tentava sair ao mesmo tempo da casa de shows.
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  Sentei completamente acabado numa daquelas banquetas do bar sinceramente rezando para que ela não se desmontasse comigo em cima. Eu ia pedir uma bebida qualquer para refrescar a mente, quando uma garota desastrada tropeçou com um copo na mão e virou o conteúdo todo em cima de mim. Certo, acho que não tinha mais nada para acontecer comigo naquela noite, pelo menos eu esperava que não tivesse.
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  A garota se endireitou e quando viu que eu estava completamente molhado, colocou a mão na boca e arregalou os olhos.
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  — Deus, me desculpe! — ela exclamou deixando o copo de lado procurando por alguma coisa em sua bolsa.
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  — Tudo bem — murmurei sem ânimo, acho que não podia esperar nada de bom numa sexta-feira treze…
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  — Droga! — ela resmungou parando de procurar seja o que for na bolsa. — Não trouxe nenhum lenço para te ajudar a secar tudo isso… — ela choramingou.
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  — Não se preocupe com isso, eu já estava indo embora mesmo… — Dei de ombros num suspiro.
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  — Não, espera, posso te pagar uma bebida? Um petisco? Qualquer coisa que quiser! — A garota à minha frente parecia desesperada por um sim, e eu achei graça no desespero dela. — Sabe, eu vi você tocar e sei o quanto isso toma energia, posso tentar me redimir pagando alguma coisa para você… — ela murmurou, agora mais para envergonhada do que desesperada.
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  — Tudo bem então… — disse dando de ombros de novo.
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  — Certo! — Ela se animou e pulou no banquinho ao lado do meu. — Hey, Jeff, me vê uma coca com bastante gelo e… — Olhou para mim.
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  — O mesmo…
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  — Certo, duas cocas com bastante gelo então, Jeff, por favor! — Ela sorriu para o tal Jeff que concordou sumindo de vista para preparar nossa bebida.
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  Depois disso ficamos num silêncio incômodo, mas ela parecia se segurar para não falar algo. Ela conseguiu ficar calada até Jeff sumir novamente depois de trazer nosso pedido.
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  — Sabe, parece que você teve um dia péssimo! — ela finalmente murmurou e eu dei um risinho sem graça o que aparentemente a fez suspirar de alívio.
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  — É, não foi um dos melhores… — murmurei vendo a garota baixar o olhar parecendo chateada. — O que foi?
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  — É que eu ajudei a torná-lo pior — ela soltou, fazendo bico.
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  — Não, é só a maldita sexta-feira treze… — Dei de ombros e ela riu. — Sei que não deve ser supersticiosa.
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  — Na verdade, sou um pouquinho. — Ela riu um pouco mais descontraída e se virou pra mim. — Eu tinha medo de passar debaixo de qualquer tipo de escada. Se eu estivesse andando de mãos dadas com alguém na rua e tivesse um poste no caminho, eu fazia a pessoa contorná-lo para não soltar minha mão… Sabe, dizem que dá azar. — Ela riu de si mesma.
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  — E o que a fez mudar de ideia quanto à essas coisas? — perguntei ficando interessado.
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  — Nada, com o tempo fui percebendo que era bobagem viver “morrendo de medo” de coisas que eu mal sabia se eram reais. Claro que eu ainda evito ao máximo fazer essas coisas, só o faço se for realmente necessário. — Ela sorriu.
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  Passamos um bom tempo conversando, até que gritou por mim perto do palco. A casa de shows já estava completamente vazia, só havia as pessoas que trabalhavam lá e a gente.
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  Eu sorri agradecendo àquela garota e me levantando para ir embora um pouco menos pesaroso quanto ao dia depois de muito conversar com uma “ex-supersticiosa”. Eu estava pronto para caminhar quando senti um puxão em meu braço, o que me fez virar novamente e, um pouco desequilibrado, bater com a testa na testa de alguém.
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  — Ai — ela murmurou rindo sem graça.
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  — Desculpe — falei.
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  — Tudo bem, fui eu que te puxei. — Ela sorriu. — Só queria te entregar isso. São suas, certo? — Ela estendeu a mão com a chave de meu carro. — Estavam caídas no chão.
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  — Ah, obrigado… Mas… — Encarei ela que me encarou de sobrancelha erguida. — Por que não me… — eu perguntaria “Por que você não me chamou ao invés de me puxar?” e então me lembrei que não havia me apresentado.
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  — Sou . — Ela sorriu como se soubesse o que eu acabava de me lembrar e entregou as chaves para mim dando-me as costas.
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  — Ah… Sou ! — eu quase gritei. Cara, aquela garota andava rápido!
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  — Eu sei! — Ela virou de costas sem parar de andar para poder me encarar, sorriu marota e me mandou uma piscadela.
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  Fiquei ali parado feito bobo no meio da casa de shows observando sumir à minha frente. Ela sabia quem eu era, então por que…
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  — , a gente tem que ir embora! — foi a vez de gritar me chamando.
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  Me virei e já caminhava em minha direção pra me buscar. Quando chegou perto o bastante, ergueu a sobrancelha e murmurou:
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  — Certo, , o que foi isso? — perguntou olhando o caminho por onde havia sumido.
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  — Nada, , só a melhor sexta-feira treze da minha vida. — Eu ri acompanhando-o para irmos embora.
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Fim

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