Trampoline

  Desde a primeira vez que vi Poppy com um megafone travando a entrada do vestiário masculino, eu já sabia que ela era especial. Não demorou muito para ter a confirmação, que veio uma semana após iniciarmos uma conversa aleatória no meio de uma aula de matemática por meio de mensagens em um aplicativo pouco conhecido. Logo de primeira nossa sintonia se estabeleceu e nós não nos desgrudamos em nenhum momento, temos o costume de ficar até tarde nos celulares e como íamos juntos para as aulas, sempre dormiamos juntos, tanto aqui como na minha casa. Quem nos visse andando por aí dizia com tranquilidade que éramos amigos há anos, porém a realidade é que nos conhecemos há dois meses e meio, e a sensação é que trouxemos nossa amizade de outras vidas. Além de tamanha inteligência, Lolly tinha um coração gentil, que era mascarado pelo seu jeito mais fechada após ter passado por um relacionamento abusivo com seu ex, Johnny, que infelizmente frequentava a nossa escola e às vezes tentava falar com ela, mas Poppy o ignorava e me puxava para outro canto, a fim de distrair sua mente. A garota não precisava de ninguém para denfendê-la e se bobear, comprava as minhas discussões e nem preciso falar que Lolly ganhava todas. Nesses meses nós cuidavamos um do outro, ajudando a melhorar as cicatrizes que carregavamos durante os anos que passamos sozinhos. Era incrível como só de olhar para aquelas órbitas castanhas eu podia sentir uma paz invadindo o meu corpo, assim como eu conseguia ser 100% transparente, algo que eu evitava com qualquer outra pessoa.

  Definitivamente Poppy é especial, e para mim, ela é muito mais que isso.

  - Oficialmente, estou exausta. E nem um pouco bêbada. – Ela falou ao encarar a garrafa a sua frente – Um brinde, Jasper, à nós.

  - Que nosso descanso seja o mais merecido possível! – Peguei a bebida e dei um bom gole, sentindo a garganta arder de leve.

  - Acho que não te agradeço o suficiente por tudo, então, aqui vai os meus mais sinceros obrigada, amore mio. – Poppy beijou minha bochecha, me fazendo sorrir.

  - Você nem precisa, baby. Eu amo esse teu jeito de demonstrar sem precisar falar sempre, inclusive, eu gosto de você.

  - Seria isso uma declaração, mí amor? – Ela se aproximou.

  - E se fosse?

  - Eu teria que retribuir com isso.

  Lolly se inclinou e encostou seus lábios nos meus, iniciando um beijo lento. Levei minhas mãos para o seu rosto e acariciei suas bochechas, enquanto nossas línguas iam se conhecendo melhor. As tão famosas borboletas surgiram no meu estômago e eu não tinha dúvidas de que estava totalmente apaixonado por Poppy desde que nos conhecemos. Depositei vários selinhos em sua boca e seu rosto, provocando uma risada gostosa vinda dela que me fez rir também. Nos entreolhamos e ela deitou sua cabeça no meu ombro, suspirando e entrelaçou seus dedos nos meus. Continuamos assim até que em uma fração de segundos meu corpo estava totalmente molhado e eu submerso, podendo ouvir apenas aquela gargalhada maquiavélica de Lolly. Com pena, estendeu sua mão para me ajudar, e eu a puxei em forma de vingança para dentro da piscina, recebendo água no rosto.

  O restante da nossa madrugada se resumiu em muita água, comida e risadas, e eu desejava que continuássemos desse modo por muito tempo.”