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Ideia #054

Isabella Lopo

// A Ideia
Uma ladra perigosa que vive em Nova Iorque acaba sendo capturada por um dos melhores policiais do Estados Unidos. Mas por ele ser tão competente, talvez fosse a hora de quebrar as regras com uma fora da lei.

// Sugestões
// Notas

Esta história não possui capas prévias (:

Titanium

1. Armadilha

  A última coisa que o detetive Collins imaginou que pudesse acontecer em sua vida, agora estava se concretizando. Sentado na cadeira da sala de interrogatório com uma pasta recheada de provas falsas diante dele e um sentimento de raiva lhe transbordando o corpo. A detetive Foster mantinha seu olhar decepcionado com o parceiro com quem trabalhou durante cinco longos e turbulentos anos, cheios de casos perigosos que conseguiram resolver.
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  — Pela última vez Collins, onde está o diamante?! — ela se levantou no impulso da impaciência e bateu na mesa.
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  — Pela última vez eu vou dizer, eu sou inocente. — repetiu ele, num tom amargurado — Você me conhece, Foster, sabe que armaram para mim.
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  — Por favor, você passou meses infiltrado na Titanium, se envolveu tanto que acabou sendo seduzido por uma deles, e agora vem me dizer que é inocente? — a mulher alterou seu tom de voz, visível sua raiva — Confesse logo que você matou o Gambino e diga onde escondeu esse diamante.
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  — Eu não matei ninguém e esse diamante não está comigo. — Collins a confrontou com o olhar seguro — O fato de ter me envolvido… Por favor, digo eu, está agindo como se não me conhecesse, Foster.
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  — E não o conheço mesmo, não fui eu quem arrancou a confissão de uma ladra no meio de um ato sexual. — ela cuspiu as palavras em sua cara, parecia estar guardando aquela mágoa desde o ocorrido — Como acha que ficou toda a repartição quando ouviu os gemidos daquela… vadia, enquanto contava sobre os contrabandos de pedras?!
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  Collins manteve-se em silêncio, contra fatos realmente não havia argumentos e esta foi a única forma que encontrou para conseguir uma confissão e finalmente levá-la para atrás das grades. Ganhar a confiança de uma peça importante da organização criminosa e tirá-la de cena, lhe entregando às autoridades. Com métodos nada convencionais ou ortodoxos, causando constrangimento e espanto em todo o júri que participou do julgamento.
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  — Ela está presa, não está? Eu cumpri o meu dever, destruí o depósito deles, peguei as provas e entreguei à corregedoria. — mais uma vez ele se defendeu — Em toda a minha vida eu segui as regras sem hesitar, sempre fui um detetive exemplar…
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  — Parabéns pelo seu exemplo. — sua voz continuou ríspida — Entrega as provas e no dia seguinte ao julgamento, as rouba.
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  — Já disse que não fui eu! — desta vez ele gritou mais irritado ainda.
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  — Detetive Foster! — a voz robusta do capitão Phill soou da porta, chamando a atenção de ambos — Acabamos por hoje.
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  — Mas senhor, eu não terminei. — questionou ela, um tanto surpresa.
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  — Terminou sim, não temos provas circunstanciais de que o homem nas fotos é o detetive Collins, e entraram com um pedido de habeas-corpus que o juíz liberou. — o homem de cabelos brancos e olhar cansado, voltou sua atenção para Collins — Eu não sei quem está te ajudando, mas você tem um ágil advogado.
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  — O senhor também não acredita em mim? — Collins o olhou decepcionado — O senhor me viu nascer, eu cresci em sua casa, meu pai foi o seu melhor amigo…
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  — Então me prove que eu estou errado, filho, e me perdoe por não acreditar em você. — disse o homem, deixando transparecer sua decepção no olhar — Depois do que fez para prender aquela mulher…
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  — Capitão! — Collins manteve seu olhar fixo no homem, transmitindo sua sinceridade nas expressões de seu rosto.
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  — Tire as algemas, Foster. — ordenou o homem — E você, sabe que não pode sair da cidade sem avisar… Ainda é o suspeito principal.
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  A detetive engoliu seco revoltada pela ordem, porém acatou retirando as algemas dele, seu olhar frio fez com que não a reconhecesse. Para ele, Bridget Foster era mais que uma parceira de trabalho, se tornou uma grande amiga com quem dividiu muitos dos seus desabafos da profissão e quase engatou em um romance. Após a fatídica confissão, as coisas começaram a ficar estranha entre eles, até que Alfred Gambino, o gangster mais conhecido de Chicago, foi assassinado no mesmo dia em que o Pink Panter, um raro diamante rosa, foi roubado da sala de provas da corregedoria.
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  Como o departamento de polícia de Chicago havia ligado ambos os crimes? Outra prova que estava guardada juntamente com o diamante foi encontrada pelos legistas no bolso da jaqueta da vítima. Gambino, encontrado em um beco escuro caído ao lado de sua moto, morreu engasgado com o próprio sangue minutos antes de um morador em situação de rua lhe encontrar. Não demorou até que o perímetro fosse fechado e a equipe de forense fizesse seu trabalho recolhendo as provas.
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  Mas e Collins?
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  O fato dele ter se envolvido com a famosa ladra foi a primeira peça do quebra-cabeça, seguido de uma mensagem no celular da vítima marcando um encontro no local, com uma foto do diamante para atraí-lo. O destinatário? O próprio , ou pelo menos foi seu número detectado pela companhia telefônica. E por último, correspondências recebidas de um dos endereços de prédios comerciais espalhados pelo país que pertenciam a Titanium, além de uma surpreendente maleta de dinheiro encontrada no forro do teto de sua kitnet, que ficava em um prédio decadente próximo à linha do metrô.
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  Em sua defesa, Collins continuava alegando que as provas foram implantadas, o detetive com sua impecável ficha tinha vários casos e condecorações para comprovar os anos de dedicação servindo ao Estado. Entretanto, quem vê cara, não vê coração, e após chegar ao limite da insanidade no seu último caso bem sucedido, a forma em que recolheu a confissão de Castaño em meio à intensa madrugada de desejo e perdição, fez com que sua imagem e reputação fossem colocadas à prova.
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  Para a polícia, ele representava mais um policial honesto que se corrompeu; para a Titanium, ele certamente faria todo o trabalho sujo para descobrir quem foi o verdadeiro assassino de Gambino e roubou o diamante; já para a ladra condenada que completava quatro meses na Penitenciária Feminina de Illinois, ele representava a chave de sua cela que logo se abriria para a liberdade.
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Como nos apaixonamos
Mais intensamente do que uma bala poderia te atingir?
Como desmoronamos
Mais rápido do que um grampo cai?

– River / Bishop Briggs

2. Sorte em dobro

1 ano antes…

  Dizem que quanto mais sorte uma pessoa tem no jogo, mais azar ela atrai no amor. Entretanto, algumas leis de Murphy não se aplicavam ao detetive Collins, o homem mais obstinado, honesto e comprometido que o Departamento de Polícia de Chicago já viu em anos. Uma ficha impecável que incluíam vários casos solucionados de peso e grande valor para a sociedade, o que ele tinha de competência tinha de humildade em não se importar por seu nome ser não estar atrelado aos crimes desvendados, deixando os créditos para seus superiores.
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  Por sempre trabalhar disfarçado em suas missões, sua parceira a detetive Bridget Foster, era o braço direito e conselheira em muitos deles para que garantisse o sucesso final. E o que dizer da amizade de ambos que iniciou no treinamento da academia de polícia e se fortaleceu quando foram recrutados pelo capitão Phill para iniciarem um trabalho minucioso e secreto para a DP de Chicago. Amizade essa que ao longo dos seis anos de convivência, sendo quatro deles trabalhando lado a lado, foi demonstrando outros tipos de sentimentos desconhecidos por Collins resultando em algumas noites de amor e boas conversas.
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  A divisão em que ambos trabalhavam era pequena, restrita, discreta e muito privada, ou seja, altamente secreta direcionada a resolver os casos mais específicos e problemáticos para o estado de Illinois, que muitas das vezes se estendia ao país. Contando com a participação do hacker, Timothy Wesh recrutado de um centro de detenção para jovens delinquentes, e mais dois policiais recém transferidos das cidades de Rockford e Peoria, para agregar ao grupo.
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  — Passo. — disse em voz baixa, o alvo da vez, em sua quarta mão fracassada.
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  — Mais uma. — pediu , confiante que fecharia mais uma vez em seu jogo favorito.
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  Blackjack sempre foi um jogo de sorte e azar, suas regras claras definia como vencedor aquele que fizesse 21 pontos nas cartas ou o que mais se aproximasse desse valor. E estrategicamente a sorte estava a favor de Collins, que em seu disfarce tinha o foco no alvo à sua frente. Carlo Riina, um conhecido da máfia mexicana de atuava no sul do Texas próximo à fronteira com o México, estava em maus lençóis com alguns membros da Nuestra Familia, devendo a muitos clientes e em total falência devido a algumas ações de boicote por parte de Foster sob os comandos de seu parceiro.
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  — Parabéns senhor, mais uma vez conseguiu. — disse a funcionária que comandava a mesa — Está com uma noite de sorte.
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  — Acho que sim. — ele sorriu de canto, ao notar seu alvo distraído e vulnerável, seria este o momento ideal para terminar a missão que se completava quatro meses em andamento.
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  Um olhar discreto para Foster que se mantinha próximo ao bar tomando um drink, e um aceno sutil com a jogada de cabelo da detetive, foi a deixa para a luz geral se apagar permanecendo apenas as laterais de emergência acesa. Logo um barulho de estrondo soou, assustando alguns e vários policiais apareceram cercando todos, com suas armas apontadas e gritando para que todos se deitassem no chão. O lugar onde estavam era uma casa de jogos clandestina, a única propriedade que Riina ainda possuía e a mais desejada pelos membros de sua máfia. Agora se tornaria um local marcado pela polícia e totalmente descartável pelo mundo do crime.
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  — Fique exatamente onde está, Carlo Riina. — o barulho dos policiais foi dando espaço para a forte voz do capitão — Você está preso por lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, sonegação de imposto e o assassinado de duas garotas de programa…
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  O capitão foi enumerando mais outros crimes que Collins conseguiu as provas para prendê-lo. Sem expor sua equipe de espionagem, Phill apenas assentiu para os policiais que renderam disfarçadamente os detetives, para tirá-los dali, pois oficialmente o caso Laureles do Texas estava encerrado e com sucesso pela equipe Alpha. Do lado externo da edificação, os detetives foram alocados em um carro, que ao fechar as portas foram recepcionados por Freya Flamers e Adrian Brown, os outros integrantes da equipe.
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  — Parabéns, chefes. — brincou Tim, o hacker, ao se comunicar pela vídeo-chamada — Eu achei que o Riina fosse explodir a qualquer momento e pedir a sua cabeça.
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  — Riina estava desestabilizado, mas não teria coragem de matar mais nenhuma pessoa, depois do aviso que recebeu da “família”. — explicou com tranquilidade.
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  — Você é muito aventureiro, desafiá-lo no jogo dele. — Foster o repreendeu, jamais havia concordado com o plano de prendê-lo na casa de jogos.
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  — Tínhamos que manter o disfarce. — argumentou ele, com um sorriso de canto — Além do mais, foi divertido aprender a ler o baralho.
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  — De nada, chefe. — brincou Tim, rindo no fundo.
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  — Obrigada Tim, seus talentos para o crime tem nos ajudado muito. — admitiu , sem cerimônias.
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  — Que bom que tudo terminou bem. — comentou Freya, voltando o olhar para a janela do carro — Já não via a hora de um pouco de descanso.
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  — Teremos quantos dias de folga? — perguntou Adrian, já traçando seus planos de um final de semana aventureiro com sua filhinha escoteira de oito anos.
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  — Desta vez, conseguimos uma semana com o chefe, esse caso foi muito desgastante, psicologicamente. — respondeu Foster, sentindo-se ainda tensa pelas emoções anteriores.
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  — Sério, chefes? — Tim vibrou um pouco, já fazendo planos para os dias de glória.
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  — Sim. — confirmou — Nós merecemos depois que três casos bem sucedidos e alguns criminosos atrás das grades.
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  — Pra ficar melhor, só a freya aceitando meu convite para jantar. — brincou Tim, sabendo da reação dela.
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  — Se enxerga. criança. — a policial fez uma careta e manteve a atenção na estrada.
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  O que fez todos rirem discretamente.
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  Era um fato que desde que se juntou a equipe há dois anos, o jovem Tim havia despertado um grande interesse na policial mais durona que Rockford poderia oferecer. E quanto mais ele jogava seus charmes, mais ela lhe esnobava dizendo que não estava interessada em criá-lo, afinal ela era dez anos mais velha que ele e sem nenhuma motivação para lidar com relacionamentos.
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  — É uma pena que os créditos nunca vem pra gente. — comentou Adrian, percebendo estar se aproximando do galpão onde ficavam.
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  — Ossos do ofício. — disse Bridget, ao retirar seu celular do bolso e identificar uma mensagem do hospital.
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  A vida de Foster nunca foi fácil. A perda dos seus pais quando criança a fez ser fechada para o mundo e para as amizades, sua única família resumia a avó materna de quem cuidava com muito amor e dedicação, e agora se encontrava em uma casa de repousos devido a uma doença crônica que a impedia de viver livremente sozinha. Com as contas da casa de repouso e os tratamentos da vovó Dolores, combinados aos outros gastos, não foi difícil para ela aceitar a oferta e entrar para a equipe Alpha. Contudo, a maior de todas as razões foi poder trabalhar ao lado do amigo que conquistou sua atenção no primeiro dia da academia de polícia.
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  — Chegamos. — anunciou Adrian, ao estacionar o carro e desligar o motor.
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  — Finalmente, férias! — Freya se espreguiçou ao sair do carro, já sentindo o gosto de liberdade temporária.
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  — Vocês demoraram! — disse Tim, da porta do galpão com sua ansiedade — Fiz sanduíches.
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  — Você só pensa em comida? — Freya o recriminou.
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  Seu esporte preferido.
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  — Eu também penso em você. — ele disse num tom honesto, soando de forma espontânea.
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  Ela deu um suspiro desinteressado e seguindo até a porta passou por ele, não ligando para suas palavras.
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  — Meu amigo, eu no seu lugar já tinha desistido. — expressou Adrian, para o rapaz — Já faz quanto tempo que ela te renega?
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  — Dois anos. — afirmou Foster, sem rodeios ao passar por eles.
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  — Viu, dois anos. — continuou Adrian, preocupado com o amigo — É muito tempo para uma pessoa aceitar ser rejeitada.
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  — Deixa ele, Adrian. — segurou o riso — Tim ainda é jovem, tem muito o que sofrer por amor.
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  — Fala isso, porque sua vida é boa e sem problemas. — Adrian defendeu o garoto — Você tem muita sorte, isso sim.
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  — Eu estou bem, chefes. — admitiu Tim, seguro do que dizia — Não me importo com as rejeições, uma pessoa só perde se desistir, e isso eu não farei.
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  Tim seguiu até o carro para pegar as caixas no porta-malas, deixando ambos boquiabertos por sua determinação. O jovem hacker tinha mesmo muita determinação, e os muitos conselhos de sua mãe antes de falecer o fizeram aprender que a única forma de alguém perder é desistir do que quer. E crescendo nas ruas, acabou descobrindo seu talento com a tecnologia que o levou a hackear o computador de um assessor do governo. Consequência disso? Quatro anos no reformatório, por se tratar de um menor de idade, que se transformou em dois graças ao recrutamento do capitão Phill.
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  — Hum… — Foster deu a primeira mordida no sanduíche que a esperava — Está gostoso.
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  — Tenho que admitir, está mesmo. — Freya deu o braço a torcer, impressionada com a recepção do hacker — Ainda me pergunto desde quando essa criança sabe cozinhar.
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  — Desde quando fazer sanduíche é cozinhar? — retrucou Adrian, rindo dela.
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  — E por acaso se esqueceu da última vez que ele fez o jantar? — retrucou Freya, lembrando-se do risoto de camarão que comeu pela primeira vez.
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  — É, nossa criança está crescendo. — brincou Foster, rindo de leve — Será que agora você dá uma chance a ele?
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  — Claro que não. — Freya fez uma careta.
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  — Assim você corta meu coração. — resmungou Tim, entrando com as bolsas penduradas por seu corpo.
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  — O que faz aí?! Largue isso e venha comer conosco. — ordenou , ao pegar um sanduíche e dar uma mordida.
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  — Claro, chefe! — Tim deixou as bolsas pesadas no canto da porta e correu até eles.
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  O galpão mesmo tendo uma aparência de velhos e abandonado em seu lado externo, internamente poderia ser comparado a mais confortável casa das montanhas. Moderna com toques industriais, por seu piso de cimento queimado e os encanamentos aparentes, era um bom espaço e desfrutava da luz natural que o telhado zenital lhe permitia através do vidro. O layout do espaço tinha o aspecto de home office, uma mistura de escritório com sala de estar de uma casa com um lavabo embaixo da escada. Os quartos individuais ficavam no mezanino, cada um contendo o seu respectivo banheiro dentro.
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  — Mais uma vez quero agradecer pelo empenho e dedicação de todos. — disse , agora um pouco mais sério ao erguer o copo de suco em brinde — Que nossa próxima missão seja um sucesso também.
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  — Ah chefe, nem chegamos nas férias e já está falando da próxima missão? — reclamou Tim, num tom de brincadeira.
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  O que fez os outros rirem.
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  — Fique tranquilo, Tim, nós teremos nossa semana de folga. — garantiu Foster.
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  — Isso é música para meus ouvidos. — assentiu Tim.
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  — Aposto que só vai ficar dormindo a semana toda. — disse Adrian, provocando.
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  — Claro que não, eu vou comer e jogar também. — alegou o hacker.
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  — Criança viciada. — Freya o olhou indignada.
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  — Eu trocaria tudo isso por você. — retrucou ele, olhando-a como uma criança que deseja ganhar presente de natal.
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  Ela revirou os olhos e se levantou da banqueta na qual sentou.
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  — Eu agradeço pelo sanduíche e é o máximo que terá de mim. — ela se afastou da mesa, indo se jogar no sofá — Eu vou passar minha semana fazendo trilha.
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  — Depois eu que sou viciado. — resmungou Tim.
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  — O que você disse aí? — Freya o olhou atravessado.
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  — Eu?! Nada. — ele desviou o olhar, fazendo-se o inocente.
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  De certa forma, era meia verdade. Freya era um pouco frenética com adrenalina, o que a incentivava a procurar pelas atividades mais aceleradas nos seus tempos de folga. Fazer trilha, escalada e aulas de muay thai eram as primeiras na lista, em contrapartida a única coisa que desacelerava seu ritmo era a fotografia, sua paixão que lhe fazia parar o tempo para registrar os detalhes mais singelos da natureza de concreto que Chicago lhe oferecia.
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  — E você, Adrian? — perguntou Foster — O que vai fazer nessa folga?
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  — Ver a minha pequena. — respondeu ele — Já faz um tempo e espero que a Mercedes esteja menos raivosa agora.
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  — Ah, depois do depósito que fez para ela… — comentou Freya, fechando os olhos — Que mulher não fica menos raivosa quando lhe dão grana?!
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  — Você ainda gosta dela, não é? — perguntou Bridget.
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  — Sim, e espero que um dia ela posso me perdoar e entender o meu lado. — respondeu ele, com o coração dolorido.
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  Adrian era um bom pai, porém em dois anos de relacionamento não conseguiu ser um bom marido. E o sentimento de que poderia ter feito mais para não perder a ex-esposa lhe consumia por dentro, e a saudade que tinha da filha pesava bem mais em toda a situação atual. Mercedes ainda se sentia magoada pelo término da relação, por sentir que a cada dia era menos amada por ele e que seu trabalho como policial vinha em primeiro lugar.
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  — Você está bem? — perguntou , ao perceber o amigo com um olhar distante e triste.
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  — Sim, estou… — ele respirou fundo — Estou ansioso para passar esta semana com minha pequenina.
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  — Isso é o que importa, Adrian. — disse Foster, para confortá-lo — Sua filha.
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  — Sei que foi difícil entender que a família vem em primeiro lugar, mas agora eu sei o que devo ou não fazer. — assegurou ele — Serei um bom pai para a Helena.
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  — Não temos dúvidas disso. — Foster sorriu para ele.
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  — E quanto ao nosso casal do ano? O que farão nesse tempo? — indagou Tim, curioso.
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  — Casal do ano? — Foster o olhou surpresa — De onde tiraram isso?
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  — Ah, por favor, não vão negar, né? — Freya entrou no assunto, erguendo a cabeça para olhar a amiga — Vocês dois são tão óbvios…
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   manteve a serenidade no olhar, enquanto a amiga se encolheu envergonhada pelo comentário. Não era um segredo a forte amizade de ambos, menos ainda os sentimentos dela por ele, entretanto Collins tinha um lado indeciso que não o deixava se abrir para novos sentimentos com ela, mesmo sentindo-se atraído por ela. Talvez pelo medo de perder a melhor amiga e magoá-la, ou por não saber se expressar da forma que ela esperava. No final, ele sempre pedia para ambos permanecerem como estavam, sendo amigos e em raros momentos ao a mais, sem compromissos.
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  — Terão a casa só para vocês. — comentou Tim, segurando o riso.
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  — Pare de pensar besteiras, criança. — Foster o repreendeu.
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  — Até você, chefa? — ele fez uma careta, se chateando.
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  O que fez Adrian rir um pouco.
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  — Você pediu por isso. — disse Collins, ao se levantar da cadeira em que sentou — Vou para o meu quarto, preciso descansar.
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  O líder do grupo seguiu para as escadas, se espreguiçando pelo caminho. Seu corpo dolorido, sua mente cansada e muitos pensamentos na cabeça, antes de descansar ele tinha um relatório para redigir e breve explicações para dar ao capitão. Inicialmente a prisão seria feita na casa de Riina, porém na percepção do detetive teriam mais sucesso o prendendo no seu habitat natural: a casa de jogos.
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  Entrando no quarto, ele caminhou diretamente para a escrivaninha e ligou o notebook. Retirando o celular do bolso, conferiu algumas mensagens do capitão confirmando a semana de folga para os demais integrantes da equipe, e uma reunião com ele e Foster na manhã seguinte. Ele deixou o celular em cima da cama e, retirando a camisa, seguiu para o banheiro. Uma ducha quente para relaxar o corpo, ele retornou ao quarto com a toalha enrolada na cintura não se importando de se vestir, sentou na cadeira, abriu documento do word começou a digitar seu relatório.
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  — Toc, toc. — disse Foster, do lado de fora ao bater na porta.
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  — Pode entrar. — disse ele, concentrado na tela do notebook.
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  — Não disse que ia descansar? — questionou ela, entrando e fechando a porta — Por que será que eu já imaginava que estivesse fazendo isso?
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  Ela riu baixo.
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  — Você realmente é um viciado em trabalho. — comentou ela.
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  — Nossa equipe é formada apenas por viciados. — confirmou ele, rindo baixo — Cada um com seu ponto fraco, o seu é a Netflix… Já terminou a última temporada de Grey’s Anatomy?
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  — Não venha me colocar contra parede, não sou a única que ama séries. — alegou ela, em sua defesa cruzando os braços e indo até ele — Mas sim, já terminei e agora estou vendo Good Doctor.
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  — Tem certeza que está na profissão correta? — perguntou ele, enrugando a testa, tentando entender como ela gostava tanto de séries médicas.
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  — Tenho sim. — assentiu ela.
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  — Não me parece. — ele riu — Você não gosta de CSI, mas não vê problemas em assistir médicos morrendo.
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  — Pare de recriminar minhas séries. — reclamou ela, emburrando a cara.
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  — Hum… — ele desviou sua atenção para ela — Você fica muito fofa brava.
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  — Pare de dizer isso, vou acreditar. — ela segurou o riso.
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  — Fico feliz quando você se solta mais e conversa com os outros. — comentou ele, a evolução dela.
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  — Você me ensinou a fazer amigos e confiar nas pessoa, muito obrigada. — ela sorriu de leve.
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  Ele se levantou da cadeira e a puxando para mais perto, lhe beijou audaciosamente sem pensar nas consequências que poderia acarretar ao coração da pobre detetive. E por achar que o azar jamais recairia sobre sua vida amorosa, Collins mantinha a passos lentos a possibilidade avançar com a amiga, pelo menos de forma oficial já que nos bastidores…
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  — … — sussurrou ela, ao retomar seu fôlego.
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  — O quê? — perguntou ele, intrigado.
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  — Você está apenas de toalha. — comentou ela, se envergonhando.
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  Ele apenas sorriu de canto e voltou a beijá-la. E a noite possivelmente renderia para ambos, como era de se imaginar.
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  — Bom dia, a minha dupla imbatível. — disse o capitão Phill, ao aparecer no terraço de um prédio aleatório da cidade.
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  — Bom dia, capitão. — disse ambos em coral.
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  — Devo parabenizá-los pelo sucesso da missão. — confessou o homem, colocando as mãos nos bolsos da calça — Achei que levariam mais tempo para conseguirem as provas, e toda a agilidade só mostrou que este projeto é um sucesso.
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  — Agradecemos o reconhecimento, senhor. — disse Foster, já ansiosa pelo assunto que possivelmente seria tratado ali.
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  — A que se deve nossa presença aqui?! — foi direto ao ponto.
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  — Sempre assim, Collins, não dá um ponto sem nó. — Phil riu um pouco — Mas está certo, queria ter mais dez como você, filho.
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  — Então, senhor? — a mulher manteve o olhar fixo nele, esperando.
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  — Ao longo desses quatro anos de equipe, vocês já lidaram com diversos criminosos e gangues medíocres, mas tudo isso era um treinamento. — iniciou ele, o assunto sério.
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  — Treinamento? — Collins se viu confuso, para ele as missões eram reais demais para serem meros treinamentos.
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  — Sim, eu estava preparando vocês para algo maior, e sinto que estão prontos. — explicou melhor o capitão — Vocês já ouviram falar de Alfred Gambino?
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  — Sim, ele é um gangster que pensa que manda em metade de Chicago. — respondeu Foster, com as informações que tinha.
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  — Disse bem, ele pensa que manda, mas não manda. — confirmou Phill, respirando fundo — E não digo isso porque temos policiais competentes.
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  — Então é pelo quê? — indagou , se interessando pelo assunto.
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  — Gambino é um fantoche nas mãos de um grupo de mafiosos que se denominam Titanium. — revelou ele.
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  — Titanium? Nunca ouvi falar. — Foster tentou puxar em sua memória sem sucesso.
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  — Eles são os maiores criminosos que já vi e controlam as principais cidades do país, de forma bem sutil e silenciosa, por isso não os conhece. — explicou Phill, mantendo a seriedade no tom de voz — É assim que eles trabalham, usam gangsters como o Gambino para serem o chamariz e controlam o crime das cidades onde se instalam, é assim que trabalham e se algo sai errado…
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  — Quem leva a culpa é o chamariz. — concluiu o raciocínio.
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  — Isso mesmo. — conformou o capitão.
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  — Então nosso alvo é o Gambino ou a Titanium? — indagou Foster, não entendendo bem a missão.
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  — O alvo de vocês, ou melhor, o alvo do detetive Collins é uma ladra. — respondeu o homem, se auto corrigindo na informação.
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  — Uma ladra? — Bridget tentou assimilar suas palavras — Espera, como assim somente o Collins? Eu e a equipe não vamos participar?
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  — Você e o restante ficarão focados em Gambino, ele é a ponta do Iceberg que precisamos associar a Titanium. — explicou Phil, sem detalhar muito e voltando a atenção para o homem ao lado dela — Já Collins ficará na linha de frente, a ladra que será seu alvo é Castaño, sobrinha de Franco Castaño, mais conhecido como Castellano.
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  — Acho que já ouvi esse nome, Castellano. — comentou , o achando familiar — Por acaso, ele foi um chefe da máfia italiana que sofreu golpe dos amigos e teve a família dizimada?
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  — O próprio. — assentiu o capitão, voltando o olhar para o horizonte, suavizando mais as expressões em sua face — Seu irmão mais novo tinha se desligado da família por não querer participar da máfia, mas nem isso foi o bastante para que ele fosse poupado…
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  — E a única pessoa que restou foi a sobrinha, a tal ladra?! — Foster não estava gostando muito daquela história, pois seria sua primeira vez trabalhando em direção contrária à do amigo.
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  — Sim. Ela conseguiu escapar da chacina e com a família dizimada, ela acabou em um orfanato por um tempo, até que Benedict Magnus o atual chefe da Titanium e amigo de infância de Castellano, soube do ocorrido e a adotou como filha. — continuou Phill, acrescentando a importância da mulher — Ele a treinou desde a infância para saber entrar e sair sem ser percebida, se infiltrar no meio das pessoas e pegar o que quer sem que percebam, ela é inteligente e impecável no que faz, não deixa rastros.
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  — Ela já matou alguém? — questionou Foster.
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  — Não sei dizer, mas ela é bem persuasiva, tenho certeza que conseguiria fazer isso sem sujar as mãos, o fato é que essa ladra é o centro de equilíbrio da Titanium, já que todas as informações e transações que eles fazem, primeiro passa por ela. — completou o capitão certos da importância da missão — Tirando ela da jogada, vamos desestruturar a Titanium e acabar com eles.
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  — E o que exatamente quer que eu faça, senhor? — perguntou , tentando absorver toda a informação e já traçar sua meta de comprimento.
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  — Uma confissão, precisamos que ela confesse seus crimes e assim a levaremos para prisão, sem ela para auxiliá-los em seus negócios, será mais fácil pegá-los a partir do Gambino. — terminou o capitão, fechando os detalhes — Quero que arrume suas coisas de imediato, sua passagem para Manhattan já foi comprada para esta noite, um informante te conseguiu uma vaga em uma competição de corredores, segundo ele, a própria está a procura de um novo motorista.
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  — Hoje já? — Foster tentou conter sua insegurança interna, sentindo-se irritada pelas condições no novo trabalho — Senhor, acabamos de completar uma missão!
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  — Sim, não há tempo a perder diante de uma oportunidade única de se infiltrar na Titanium. — ele manteve o olhar em Collins — E nada como o nosso melhor espião para fazer isso, e quanto a você detetive Foster, tire a semana de folga e estude um pouco mais sobre o Gambino, seu trabalho e dos outros começa na próxima semana.
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  — Sim, senhor. — assentiu ela, engolindo seco.
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  — Alguma dúvida, Collins? — perguntou o capitão — Está em silêncio, não questionou.
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  — Está tudo certo senhor, em duas horas estarei pronto para a viagem. — assegurou ele, com clareza.
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  — Muito bem, você será encontrado pelo meu informante no aeroporto de Chicago, a senha é Pink Panter. — informou Phill — E antes que eu me esqueça… Tenha cuidado, filho, muitos agentes já tentaram contra essas pessoas e acabaram se corrompendo por causa da persuasão da Castaño, mantenha o foco.
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  — Eu vou, senhor. — assegurou .
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  Assim que o capitão se afastou de ambos. Foster manteve-se em silêncio olhando para o horizonte com sua mente fervilhando de pensamentos negativos e inoportunos. Collins a conhecia como ninguém, após todos aqueles anos de amizade, e já imaginava o que estaria se passando em sua cabeça. Com leveza, ele a abraçou por trás, envolvendo seus braços em sua cintura.
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  — Não fique preocupada. — sussurrou ele, dando um beijo suave em seu pescoço.
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  — Como sabe que estou preocupada? — resmungou ela, tentando disfarçar sem sucesso.
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  Seu coração acelerou sentindo o calor do corpo dele.
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  — Minha maior qualidade é ser observador, lembra? — explicou ele — Eu te conheço muito bem, todos os seus olhares e seu quando está preocupada.
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  — Essa será a primeira vez que vamos trabalhar longe um do outro. — alegou ela — Confesso que não gostei disso, não gostei de saber sobre essa ladra e…
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  — Ei, calma. — ele a virou para ficarem de frente um para o outro — Você sempre será minha melhor amiga, e nada vai mudar isso.
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  Melhor amiga… Essas palavras martelaram na mente dela. Era visível que Foster desejava ser bem mais que isso.
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  — Eu sei… — ela forçou um sorriso — Posso te ajudar a arrumar as malas?
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  — Claro que pode. — ele riu.
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  — E já pensou em qual personagem vai ser? — indagou ela, mantendo o olhar suave para ele.
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  — Não terá personagem. — revelou ele, confiante em sua estratégia prévia — Eu irei conhecê-la em sua essência, serei seu motorista, então não terá nenhum disfarce comigo, acho que devo ser eu mesmo.
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  — Vai jogar com as mesmas cartas que ela? — supôs ela.
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  — Sim, será um duelo de titãs. — brincou ele, arrancando uma risada boba dela.
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Como um criminoso disfarçado
Vou explodir como no jogo Trouble

– Butter / BTS

3. Castaño

Norte de Florença, 16 anos antes…

  As noites de Toscana nunca foram tão frias como aquela e, para pequena com seus nove anos de idade, pareciam pior devido aos pesadelos que vinha tendo há semanas. 
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  Na vida, tudo parece bem mais fácil quando estamos na fase da inocência dos males do mundo, algo que a criança havia perdido no verão passado, quando passou férias na casa de seu tio Castellano, em meio a uma brincadeira de achados e perdidos com seus primos, ao se esconder no porão do celeiro, acabou por testemunhar o próprio tio cortando a garganta de um homem desconhecido. Ela não conseguia nem mesmo falar do assunto com o pai, menos ainda esquecer tal cena que parecia martelar em sua mente. O cheiro do sangue, os gritos do homem pedindo por clemência, o olhar satisfatório de seu tio após o feito. Esse era o motivo para tantos pesadelos.
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  — Está tudo bem, minha querida. — Marco, como um bom pai atencioso, mais uma vez naquela madrugada abraçou a filha com carinho, após chegar correndo em seu quarto — Papai está aqui, está tudo bem.
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  — Estou com medo. — disse a criança, se encolhendo nos braços do pai, com o corpo trêmulo.
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  — Pequena… — a voz suave de sua mãe soou da porta, com um olhar de ternura para ela — Diga-nos, o que lhe aconteceu para que estes pesadelos tenham aparecido?
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  Mercedes era tida como a melhor psicóloga infantil da região, por isso que conseguia entender bem os momentos de mudanças de humor de sua filha que caracterizava traços leves de bipolaridade. Então diálogo nunca havia sido o problema deste lar, menos ainda demonstrações de carinho e afeto, que fortalecia o laço familiar. A mãe, a passos silenciosos e leves, se aproximou da cama e se sentou de frente para filha e marido, mantendo o olhar atento à criança.
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  — Se eu disser… Vão brigar comigo. — sussurrou ela, sabendo que havia entrado em um local proibido da casa do tio.
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  — Pequena? — a mãe segurou de leve em sua mão e sorriu com graça — Estamos aqui para te ajudar.
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   manteve-se em silêncio por alguns instantes, respirando mais profundo e com o olhar baixo. Assim que fechou os olhos por um momento, a fatídica cena que lhe atormentava veio como um flash, assustando-a internamente, então seus olhos abriram de imediato.
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  — Foi na casa do tio Castellano, estávamos brincando de achados e perdidos… — ela se retraiu um pouco, ainda com medo de contar a eles — Eu me esqueci que não podia entrar no celeiro e…
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  — Não precisa dizer mais nada, querida, já entendemos. — o pai deu um beijo no topo de sua cabeça, e levantou-se controlando sua irritação seguindo para a porta.
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  — Eu fiz algo errado, não fiz? — a garotinha olhou a mãe, com os olhos já marejados.
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  — Não é culpa sua, minha querida. — Mercedes se aproximou mais da filha e a abraçou — Não precisa dizer o que viu, mas sempre que vier em sua mente, tente focar nos momentos mais felizes que já teve e logo passará.
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  — Então será todos os nossos momentos em família. — disse ela, com os olhos brilhando.
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  — Sim, todos os momentos em família contam — assentiu a mãe, lhe dando um sorriso singelo — Agora volte a dormir, e pense nos momentos bons.
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  A criança assentiu e escorregou o corpo de leve para se ajeitar na cama, ao receber um beijo na testa de sua mãe, fechou os olhos e se concentrou nas boas memórias. Mercedes afastou-se da cama com cautela e saiu do quarto, ao encontrar seu marido com o olhar irritado no corredor, já presumia outra briga entre os irmãos Castaño. Em um suspiro positivo, reunindo paciência para lidar com o lado explosivo do marido, se aproximou dele.
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  — Não faça nada precipitado desta vez. — pediu ela, ao segurar em sua mão — Ele ainda é a sua família.
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  — Minha filha estava na casa dele, por anos eu me mantenho afastado, por um pedido seu eu me aproximei novamente dele, relutante, mas assenti que nossa filha passasse as férias lá e o que ele me fez? — Marco não aceitava o legado de crimes de sua família, e o afastamento havia sido por este motivo.
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  — Querido, não sabemos ao certo o que ela viu. — ela tentou suavizar a situação.
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  — Minha filha estava lá, todos sabem como é curiosidade de criança e mesmo assim ele faz seus negócios lá? — Marco sentiu sua voz alterar um pouco — Não precisa ser um gênio para imaginar o que ela viu.
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  — Papai, está bravo comigo? — a voz de soou da porta, revelando metade do seu rosto.
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  Ambos olharam em sua direção, e antes mesmo que pudessem ter alguma reação a sua pergunta, o barulho de vidro quebrando soou do andar de baixo surgiu para lhe chamar a atenção.
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  — O que foi isso? — sussurrou a mulher, com o olhar temeroso.
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  — Mercedes, pega nossa filha e saia da casa pela porta secreta. — ordenou ele, já certo do que poderia ser.
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  — Do que está falando? — a mulher não entendeu a princípio.
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  — Mercedes. — ele olhou fundo nos olhos dela — Preciso que seja prudente e centrada, nossa casa está sendo invadida, pega nossa filha e se esconda do alçapão do armazém, até o amanhecer. Me entendeu?
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  — Sim… — assentiu ela, controlando seu desespero.
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  — Não olhe para trás. — finalizou ele.
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  — Mas e você? — perguntou ela, já sentindo as lágrimas formadas no canto do olho.
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  — Não olhe para trás. — insistiu ele, a empurrando de leve — Agora vá.
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  Ela assentiu ainda temerosa pelo que poderia lhe acontecer. Correndo até o quarto da filha, pegou a menina pela mão e fez um breve sinal de silêncio, os olhos de mesmo assustados assentiram a ordem da mãe, e cautelosamente a seguiram até o closet do seu quarto, encontrando uma porta falsa ao centro da parede. Do outro lado, desceram por uma escada de acesso até chegar ao túnel que finaliza na garagem. Mercedes parou por um momento para retomar o fôlego com sua filha, precisou ser forte para não olhar para trás, então ao longe soou alguns disparos deixando-a ainda mais apreensiva.
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  — Mamãe? — disse .
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  Mercedes olhou para a filha e novamente fez o sinal de silêncio, pegando impulso, ambas de mãos dadas começaram a correr entre os corredores do vinhedo, com a dificuldade do solo coberto pela neve, já ouvindo vozes que pareciam persegui-las. Quando finalmente conseguiram chegar no armazém, a mulher guiou a filha até os fundos e abrindo a porta do alçapão, a deixou escondida e pediu para que fizesse silêncio.
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  — Fique aqui, não faça barulho e só saia ao amanhecer. — pediu a mãe, com lágrimas nos olhos, ao saber que possivelmente seria a última vez que veria a filha. 
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   assentiu já em lágrimas e se encolheu após a porta ser fechada, lhe restando apenas um feixe de luz que passava pela fresta. Ela se lembrava das muitas vezes que o pai brincou com ela de achados e perdidos, lhe mostrando como sair do alçapão pelo tubo que o ligava ao canal. Tudo ficou silêncio para ela, até que as vozes retornaram seguido de gritos de medo e dor de sua mãe, a pequena se remexeu no alçapão e se aproximando da fresca, presenciou a pior e mais dolorosa cena de sua vida, a qual lhe assombraria pelos próximos anos de sua vida. 
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  Seu olhar que rapidamente cruzou com o olhar da mãe em lágrimas, se desviou para o homem que a machucava fixando a atenção em sua tatuagem de serpente no braço direito. A criança ainda não sabia como, mas o sentimento de raiva e vingança estava latente internamente. 
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  — Mamãe… — sussurrou ela, ao fechar os olhos se encolhendo novamente, tampando os ouvidos para não ouvir os gritos finais de sua mãe.
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  Na manhã seguinte, o frio do inverno acordou a pequena criança, que ao sentir o corpo tremer pela brisa gelada, voltou à realidade ao se lembrar do terror que viveu na madrugada passada. No meio do silêncio, ouvindo o assobio do vento, levantou a porta do alçapão e lentamente ergueu seu corpo, ela forçou a desviar o olhar para o lado. Os olhos cheios de lágrimas, não queriam ver pela última vez o corpo de sua mãe estirado no chão. A passos curtos e lentos, se dirigiu para a porta do armazém, o sol como sempre estava fraco, mas era perceptível os poucos raios sendo misturados ao tempo nublado. Ao longe, algumas viaturas da polícia podiam ser vistas com nitidez pela estrada.
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  Não confie em ninguém!
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  Soou uma voz interna, com o mesmo tom de seu pai, o que a fez correr em direção ao vinhedo para se distanciar o máximo que poderia. Não demorou muito até chegar à propriedade do velho Nick, um senhor rabugento que odiava crianças, mas tinha um carinho especial por sua mãe, a qual viu nascer. Ela estava com fome, com frio e cansada de tanto correr, precisava de um lugar para se esconder, então, rodeou a casa a fim de encontrar alguma janela aberta, o que de fato aconteceu. A criança se esforçou para alcançar o peitoril e passando pela janela, escorregou de leve o que a fez cair no chão. 
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  Seu corpo gelou com o barulho, porém, para sua sorte o dono da casa estava em sono profundo no sofá da sala. Com cautela e rapidez, ela subiu as escadas até o quarto do homem e pegando um casaco, o vestiu para se aquecer. Ela limpou as lágrimas que insistiam em cair de seus olhos, não podia se deixar entristecer, precisava seguir em frente e chegar até a casa de seu tio. 
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  Mas como ela iria até Veneza?
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  Criada de acordo com os princípios de honestidade e integridade do pai, aquele seria o início de uma nova fase em sua vida, no qual quebraria todo o aprendizado anterior e ela mesma criaria seus próprios princípios e regras. A primeira delas: sua necessidade vem acima dos outros, para obter segurança. E assim, efetuou seu primeiro roubo, ao abrir o armário do velho Nick, e pegar sua caixa de economias. No lugar, apenas deixou um bilhete pedindo desculpas e dizendo que devolveria depois com juros, afinal, não se desconstrói com facilidade, os ensinamentos dos pais. 
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  Enfrentar a neve não seria mais o problema, seu novo desafio seria lembrar-se com precisão o endereço do tio. Algumas horas de espera pela oportunidade de seguir para a estação de trem, os rumores de uma nevasca se espalharam pelos passageiros da estação, deixando a criança temerosa e mais vulnerável ainda. Para alguém tão pequena, escondeu-se com facilidade do vagão de bagagens, aproveitando a viagem sem nenhum custo, próximo ao vagão da cozinha, e com mais possibilidades de pegar mais objetos sem a necessidade de devolução.
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  Horas de espera até que ouviu o anúncio do maquinista sobre a chegada do trem na cidade de seu tio. Saída silenciosa e discreta, com destino traçado, dos muitos detalhes que puxou na mente sobre a viagem do verão passado, uma lhe traria auxílio, a residência do tio Castellano era exatamente em frente ao Bosco dell’Osellino, um dos mais belos bosques do país. Finalmente ao chegar em frente à casa, mais uma vez a criança de viu sozinha e desamparada, internamente sua raiva aumentava mais e mais.
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  Por que isso está acontecendo comigo?
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  Por que perdi meus pais? 
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  Por que perdi todos? 
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  Pensou ela, consigo mesma, mantendo os olhos fixos na faixa de restrição policial, com a placa na porta indicando que o local era a cena de um crime. Em segundos, as lágrimas retornaram para rolar em sua face, e certamente elas seriam suas companheiras por longos anos.
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  — Vendetta. — sussurrou ela, puxando com mais força o ar para seus pulmões.
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  Aquela havia sido a última palavra em forma de conselho, de seu tio Castellano, após seu relato constrangido sobre algumas meninas zombarem dela na escola. Uma palavra da qual não entendeu o profundo significado naquele dia, agora se mostrava mais clara. A vingança sobre aqueles que te ferem.
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  — A única coisa que está acima da honra, é a vendetta. — continuou ela, as palavras do tio.
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  E um dia ela se vingaria do que fizeram com seus pais, encontraria o homem que machucou sua mãe e o mataria, da mesma maneira que viu seu tio Castellano fazer com seus inimigos.
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Eu quero respirar, eu odeio essa noite
Eu quero acordar, eu odeio esse sonho.

– Save Me / BTS

4. Fast & Furious

Constellation House – Central Park
Manhattan – New York
1 ano antes…

  A primavera sempre foi a estação favorita de , porém, foi nesta mesma estação que o pior dia de sua vida aconteceu. Algo que a assombra quase todas as noites, em seus pesadelos constantes que a oprimiam e atormentavam. E naquela noite, parecia ainda mais sufocante reviver a terrível cena da garotinha escondida no alçapão, ouvindo os gritos de dor da sua mãe.
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  — AAAHHHHHHH! — gritou ela, ao despertar de mais um pesadelo, erguendo seu corpo no automático.
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  Sentada sobre sua cama, ela respirou fundo tentando se acalmar internamente. Seu olhar passou pelo quarto até chegar no celular em cima da mesa de cabeceira ao lado. Pegando o aparelho, ela ligou a tela e viu algumas ligações perdidas da secretária Kim, a fiel funcionária e amante às escondidas de Benedict Magnus, o chefe dos chefes da Titanium.
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  — São três da manhã… não acredito que dormi todo esse tempo — sussurrou ela, sentindo-se mais calma e ignorando totalmente a forma em que acordou.
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  Já estava acostumada com sua condição psicológica e não iria se deixar desgastar por pesadelos dos quais não tinha controle. Sua preocupação era uma específica: Ter a autorização de Magnus para destruir os Serpens, a gangue contratada para dizimar seus parentes e matar seus pais.
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  — Hora de trabalhar — disse se espreguiçando um pouco mais, então levantou-se da cama e seguiu em direção ao closet.
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   olhou para as roupas penduradas, pensando em qual seria seu look da vez, então pegou uma calça jeans pantalona preta e uma camisa social feminina branca, finalizando com um scarpin vermelho e um sobretudo preto. A bolsa da Chanel, recém comprada da última coleção, foi apenas um toque especial para a mulher de negócios que deveria se passar nas próximas horas.
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  Morar no mais luxuoso edifício residencial em frente ao majestoso Central Park, lhe proporcionava uma vista de causar inveja que de tempos em tempos, lhe prendia a atenção facilmente. Seu novo endereço havia sido um presente do último cliente, Isaac Brown, um executivo importante de Wall Street que se encantou pelas curvas de e sua agilidade em resgatar pequenos objetos “perdidos”. Por isso, sua função na Titanium era específica e fundamental. Era ela quem conseguia para os clientes vip as mais desejadas pedras preciosas que o mundo possuía, além de outros artefatos ainda mais valiosos. Ladra era um termo forte, pois seu trabalho era apenas recolher um artefato ansiado por seus clientes, negociando a um bom preço posteriormente. Naquela madrugada, ela tinha uma reunião com Lionel Tenebrae, um importante político britânico que, anonimamente, havia solicitado os serviços da Titanium.
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  — Meredith?! — Sua voz soou firme pelo apartamento que se localizava na cobertura do prédio.
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  — Senhora, o táxi especial a aguarda na entrada — disse sua assistente, que a aguardava próximo à porta, com uma pequena maleta nas mãos.
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  — Kim me ligou, ela deixou algum recado? — indagou ao pegar a maleta de sua mão, checando a trave dela.
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  — Sim, ela agendou uma reunião com o senhor Magnus para terça pela manhã no clube de golfe — respondeu a assistente, prontamente. — Já acrescentei em sua agenda digital.
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  — Muito bem. — Assentiu mantendo o olhar na maleta em sua mão, pensando nos próximos passos.
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  Dentro da maleta havia alguns documentos que foram preciso três meses de pesquisa ao passado e algumas buscas, desgastando um pouco a mente e o físico de com as viagens necessárias. Se tratava de registros hospitalares que há muito o cliente achava estar perdido, mas que o ajudariam a desvendar alguns mistérios ligados à família Tenebrae. Para ela, havia sido um tanto curioso um político de família importante e fundador da Continuum requerer seus serviços em anonimato e sigilo. Algo positivo para ela, que teria mais um argumento para elevar o valor de seus serviços, já que o preço inicial não a agradava mais, devido a seus esforços.
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  Não que os negócios da Titanium dependessem exclusivamente das aquisições de , entretanto, seus lucros proporcionavam a base de clientes em potencial e influentes que impulsionavam os inúmeros esquemas de lavagem de dinheiro. Benedict Magnus era um homem honrado e após a sua ascensão ao trono da máfia siciliana, serviços como transporte ilegal de pessoas, trabalhos sexuais forçados e vendas de drogas haviam sido desativados oficialmente por ele. Para acalmar os outros membros que não concordavam com seu posicionamento, a solução foi recrutar gangster de importantes cidades pelo mundo para estarem à frente dos negócios denominados por ele como “não oficiais”.
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  — A entrevista com os candidatos à vaga de motorista está agendada? — perguntou ela ao pegar na maçaneta da porta para abri-la.
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  — Sim, senhora, local selecionado e horário confirmado, será neste sábado, como programado. — Assentiu a jovem, demonstrando sua eficiência. — Selecionei muito bem cada corredor, temos cinco candidatos em potencial.
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  — Não quero falhas desta vez, me entregue um dossiê completo de cada um deles até amanhã à noite — ordenou Valeria, lembrando-se da última motorista, uma russa da KGB infiltrada que quase lhe custou a vida.
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  — Tenho meu contato entre os militares — assegurou ela, sabendo que as informações eram necessárias para a escolha final. — Todas as informações já constam impressas em seu escritório, em dossiês completos e detalhados.
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  — Espero que seu contato seja confiável. — Ela respirou fundo, odiava quando seus planos saíam do planejado. — Confirme o almoço de terça com Magnus e separe o traje apropriado para o evento — disse finalizando suas ordens. — Nos vemos à noite, e não se esqueça de levar Zeus ao veterinário, percebi que ele tem estado estranho.
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  Disse se referindo ao seu cachorro da raça Dobermann.
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  — Sim senhora. — Assentiu Meredith, memorizando todas as suas tarefas para aquele dia.
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   seguiu para o elevador, após deixar seu apartamento e chegando no hall de entrada, foi barrada pelo funcionário da recepção tendo a informação de que seu táxi vip estaria no estacionamento à sua espera. Ao se deslocar para lá, encontrou uma Mercedes A200 preta com a porta do banco de trás do passageiro aberta e o motorista ao lado. O homem trajava um terno preto, que o deixava ainda mais charmoso e descontraído com a presença do All Star nos pés, com a expressão facial séria, mantinha o olhar profundo e observador que deixou a mulher intrigada a primeiro momento. De todos os motoristas que já havia solicitado daquela empresa, a postura daquele era bem diferente, sem traços de medo ou insegurança por estar diante dela, pelo contrário, seu olhar firme lhe transmitia profissionalismo que tanto desejava em alguém.
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  — Boa noite, senhorita Magnus — cumprimentou o homem com a voz rouca, num tom baixo e consistente.
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  — Boa noite — disse ela, ao se aproximar mais e entrar no carro.
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  O homem assentiu com a cabeça e fechou a porta, seguindo para o seu lado do carro. Ao engatar a primeira, o motorista olhou rapidamente no relógio, a fim de projetar o tempo gasto no percurso até o hotel já traçando todo o trajeto em sua mente. Uma eficiência que a deixou impressionada, comparando com os outros motoristas dos quais teve a infelicidade de contratar. Assim, às quatro da manhã em ponto, o táxi vip estacionou em frente ao restaurante italiano Del Fiore, no qual seu cliente já a aguardava em uma mesa ao lado da vidraça do espaço premium do mezanino.
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  — Retorno em dez minutos — anunciou ela, tendo uma confirmação com o aceno de cabeça por parte dele.
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  Respirando fundo, reforçou sua postura empoderada e seguiu para dentro do lugar. Seu olhar discreto passou pelas pessoas presentes no andar de baixo, até chegar no mezanino e ser apresentada ao suposto cliente. Logo, o homem levantou-se com um sorriso de canto discreto no rosto, estranhou o fato de não reconhecer o rosto do homem, pois a informação que sua memória lhe fornecia era totalmente contrária. Para sua segurança, a mulher sempre decorava as mais detalhadas informações de seus clientes, até mesmo para a construção de seus argumentos de negociação.
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  — Prazer, senhorita Magnus. — O homem esticou a mão em cumprimento.
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  — Presumo que não seja o senhor Lionel Tenebrae. — Ela apenas olhou para a mão dele com desdém, sem retribuir o cumprimento.
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  — Está certa. — Ele deu uma risada baixa, sem graça pela reação dela, então encolheu a mão e colocou no bolso da calça. — Meu tio tem estado muito ocupado e não pôde vir, além do fato de ser uma pessoa influente que não pode ser vista com pessoas como a senhorita.
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  — Como eu? — Ela se mostrou levemente ofendida, arqueando a sobrancelha direita.
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  — Por favor, não julgue minhas palavras negativas — pediu ele, contornando a situação —, mas a senhorita sabe que a família Tenebrae precisa manter a discrição e muitos conhecidos nossos também possuem negócios com a Titanium.
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  — Não levarei para o pessoal desta vez — assegurou ela, mantendo a seriedade no olhar.
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  O homem assentiu com suavidade no olhar e gesticulou com a mão direita para que se sentassem. Após a aproximação do garçom para servi-los de vinho do porto, continuou a conversa.
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  — Devo saber o nome do sobrinho leal? — indagou ela, avaliando-o pelas suas sutis expressões.
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  — Claro. — Ele manteve o sorriso de canto. — Andrei Tenebrae.
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  — Andrei… Curioso, não reconheço seu nome — comentou ela, puxando as informações daquela família em sua memória.
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  — Digamos que não posso ser o popular da família — explicou ele, de forma enigmática.
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  — Imagino o motivo. — colocou a maleta em cima da mesa, mantendo o olhar nele. — Diante disso, como posso ter certeza de que seu tio o mandou?
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  — Good Doctor — disse ele a palavra-chave.
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  O que tinha de detalhista, tinha também de perfeccionista. Para ela nenhum fio poderia estar solto diante de seus trabalhos, então para sempre ter a certeza do cliente certo com a entrega bem-sucedida, envios programados para os clientes com a palavra-chave, eram preparados a fim da informação chegar ao receptor em exatos dez minutos antes de cada reunião de fechamento, sendo sempre o nome de um seriado que se adequasse ao objeto solicitado.
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  — Interessante — sussurrou ela, em sua constatação de legitimidade. — Pelo contratempo entre o receptor e por não informarem, terão que pagar um acréscimo de 15% do valor total.
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  — Já estamos pagando uma taxa extra pela urgência — indagou ele, achando um tanto exagero de sua parte.
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  — Dou a vocês uma hora para fazerem a transferência. — Ela se levantou, pegando a maleta novamente.
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  Logo sentiu a movimentação de algumas pessoas em ambos os andares, o que a fez entender que certamente todos eram seguranças particulares da família, denominados por eles, sliters. não se sentiu intimidade, mantendo seu olhar seguro e firme.
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  — Como eu disse, uma hora, ou farei uma oferta aos Dominos — continuou ela, mencionando a família rival dele.
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  — Vejo que fez seu dever de casa — comentou Andrei, controlando sua raiva pela situação.
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  — Sempre gostei das aulas de história — confessou ela. — O que me diz?
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  — Negócio fechado. — Assentiu ele, ao olhar para a mulher que estava no canto, fazendo um aceno com a cabeça.
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  — Transferência concluída — disse a funcionária.
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  — Viu, não foi tão difícil assim. — Ela soltou a maleta e deu um passo se afastando da mesa. — A Titanium agradece a preferência e confiança.
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   sorriu de canto com ar de deboche e se retirou do restaurante, retornando ao carro. Antes de entrar, deu a ordem para que seguissem para o endereço de uma cafeteria apreciada por ela, em New Jersey, próximo a Princeton University, onde tomava seu café da manhã todos os dias. A princípio, tudo seguia conforme o planejado para aquele dia, entretanto, nem sempre o controle de tudo está em nossas mãos e infortúnios acontecem a todos.
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  — Estamos sendo seguidos — informou o homem, ao olhar o retrovisor por um instante para ver a face dela. — Preciso conduzi-la a um local seguro.
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  — Prossiga. — Assentiu ela, olhando para o reflexo dos olhos dele no retrovisor.
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  Logo, o motorista fez uma manobra ao reduzir a marcha e jogar o carro para a pista direita, entrando em uma rua estreita. não sabia o caminho que ele seguiria para chegar ao local pré-determinado por ela, que fora especificado para a agência de táxi, portanto, ao não reconhecer as ruas das quais passavam, ela se colocou em estado de alerta, chegando a desconfiar do homem no banco da frente.
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  — Para onde está me levando? — indagou ela, ao voltar seu olhar para trás notando que ainda estavam sendo seguidos.
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  — Como eu disse, para um lugar seguro. — Continuou ele, mantendo o mistério.
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  — Exijo que me diga. — Ela elevou um pouco o tom de ordem. — Você possui uma rota pré-determinada.
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  — Sua rota está comprometida, havia dois carros com a mesma placa a esperando no ponto de troca — relatou ele, com seu tom firme e um tanto áspero, mantendo o olhar nos retrovisores. — Agora três carros estão nos seguindo.
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  Nem mesmo terminou a frase e novamente girou o carro ficando de frente para seus perseguidores, deixando em surtos internos por finalmente constatar que não estava mais no controle daquele dia. O motorista manteve o carro engatado na primeira, controlando a embreagem e em um piscar de olhos, acelerou deixando o carro andar até chegar à velocidade desejada. Em outra manobra arriscada, ele jogou o carro para a calçada, passando por seus perseguidores, ao olhar para o lado fez questão de encará-los a fim de gravar seus rostos. O homem do carro mais próximo jogou o seu veículo contra o dele, conseguindo passar de raspão. Com isso, o motorista do táxi vip acelerou mais um pouco mesmo com o impacto e virou a esquina.
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  — Me dê dez minutos e estará segura novamente — disse ele, confiante no caminho em que estava conduzindo o carro.
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  Como dito, exatamente o tempo que pediu foi o necessário para que chegasse ao local que ele queria. Um beco sem saída, que dava para os fundos de uma confeitaria razoavelmente requisitada no Brooklyn, chamada Coffee Shop.
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  — Chegamos — disse ele, ao desligar o motor do carro.
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  — E que lugar é esse? — perguntou ela, ainda sem saber como reagir àquele contratempo.
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  O motorista se retirou do carro e foi até o lado dela, para lhe abrir a porta. Manteve o olhar sereno, o que inicialmente deixou-a irritada.
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  — Um lugar seguro — afirmou ele.
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  — Todo lugar tem um nome. — Insistiu ela, ao destravar seu cinto e descer do carro.
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  — Lugares com nome tendem a ser perigosos — argumentou ele, com o tom mais baixo. — Mas se insiste, esta é a entrada de funcionários da Coffee Shop, a senhorita não queria tomar café da manhã? Ainda estamos dentro do cronograma, porém, devo pedir desculpas pelo desvio e pelo atraso de dez minutos.
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  Por alguns instantes, se deixou surpreender com a informação e eficiência dele, não conseguindo formular uma resposta de imediato e por mais que não fosse a Bakery Home, o resultado não parecia tão ruim assim.
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  — Me acompanhe, por favor? — disse ele, indicando o caminho.
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  — Espero não me desapontar — retrucou ela, não deixando a última palavra ser dele.
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   como uma boa italiana orgulhosa, não gostava que as coisas fugissem do seu controle, e trabalhar com alguém com pensamentos e decisões próprias como aquele motorista, a assustava ao mesmo tempo que a intrigava, com um misto de pensamentos e sensações, deixando-a espantada e um pouco desnorteada.
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  Adentrando o lugar pela porta dos funcionários, foram recepcionados pela senhora Charlotte Ginger, a confeiteira chefe, que não poupou palavras para demonstrar o quanto conhecia o homem, bem como a simpatia em receber .
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  — O que me sugere? — perguntou a ela, após encarar por alguns minutos o cardápio.
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  — Geralmente eu costumo conhecer meus clientes primeiro para depois sugerir um de meus confeitos, mas pelo seu olhar e seus traços sutis, imagino que um tradicional Tiramisù, seja sua sobremesa favorita — respondeu a confeiteira, certa de sua avaliação final.
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  — Impressionante — comentou , suavizando seu olhar de surpresa. — Vou aceitar sua sugestão.
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  Aquela realmente era sua sobremesa favorita, que sempre ao degustar, boas recordações de sua mãe lhe vinham à mente, como se estivesse ao seu lado.
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  Após o café da manhã, foi conduzida pelo motorista ao edifício Empire State, no qual todo o andar 67 fora alugado pela Titanium, destinado aos seus membros platinum. Castaño possuía duas salas com vista privilegiada, a qual lhe proporcionava alguns momentos de contemplação da paisagem e minutos de silêncio do barulho da cidade grande.
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  Com o motorista a sua disposição para todo o dia, ela o deixou de sobreaviso para alguma eventualidade de deslocamento e assim que chegou em seu escritório, fez algumas ligações para se certificar de suas teorias.
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  — Pierre, não é a primeira vez — disse ela, se referindo ao atentado pela manhã. — Eu estava saindo de uma negociação, o que significa que estou sendo vigiada ou que temos um traidor entre os nossos.
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  — E meu pai sabe disso? — indagou o rapaz, num tom preocupado.
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  — Magnus sempre sabe de tudo, mas não me permite fazer nada — reclamou a mulher, engolindo a realidade a seco, com o olhar de raiva direcionado para o horizonte.
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  — Serpens é a gangue mais antiga que trabalha para nós, daí vem a constante proteção do meu pai, você sabe disso. — Ele voltou a explicar racionalmente a situação.
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  — Eles mataram a minha família, quando vou poder revidar? — questionou ela, com um grito preso na garganta. — Você não estava lá, Pierre, não ouviu os gritos da minha mãe.
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  — O seu tio era o melhor amigo do meu pai — retrucou o rapaz, demonstrando empatia pela dor dela. — E eu o considerava meu segundo pai… Mas as coisas não acontecem como queremos e também me revolta por eles saírem impunes.
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  — E eu posso ser perseguida por eles? Não mais importante? — retrucou , num tom de revolta, girando a cadeira para o lado. — Quanto eu valho para a Titanium?
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  — Para mim, você vale muito, por isso meu pai não te puniu quando abateu o líder deles — argumentou Pierre, lembrando-a da sua pequena vingança contra o homem que machucou sua mãe.
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  Não foi fácil para reviver aquela madrugada em sua mente, menos ainda focar nos detalhes sombrios que atormentavam suas noites de sono, mas bastou ouvir a voz de Aldred Sierra, para reconhecê-lo e escrever seu nome no topo da sua lista de Vendetta. Entretanto, tudo possui consequências, e após descobrirem que fora responsável pelas últimas horas de agonia e dor do seu inimigo, os subordinados de Sierra iniciaram seu contra-ataque.
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  — Estamos em uma guerra, Pierre, no final, só um lado sairá vivo — afirmou ela, convicta de seus planos futuros, levantando-se da cadeira e dando alguns passos até a vidraça. — Não vou esperar pela aprovação a minha vida toda.
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  — Apenas te peço um pouco mais de paciência, meu pai não vai reinar para sempre — informou o rapaz, também com seus planos para o futuro. — E quando eu assumir, eles serão os primeiros a serem dizimados.
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  — Espero que me dê as honras — disse, com um sorriso de canto.
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  — Sabe que, em tudo, a preferência é sua. — Sua afirmação soou como uma indireta para ela, principalmente no quesito sentimental.
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  Após ser resgatada por Magnus, teve o prazer de passar sua adolescência convivendo com Pierre, o que gerou uma cumplicidade incomum e inesperada, sendo desenvolvida pela amizade de ambos. Contudo, o olhar e admiração de irmã que ela lhe demonstrava não foi o suficiente para afastar os sentimentos mais profundos do rapaz que, sem receios, confessou seu amor declarando esperá-la o tempo que for preciso.
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  Com o passar dos dias, finalmente chegara o sábado da corrida. Ainda na madrugada daquele dia, permaneceu na sala de seu apartamento lendo o dossiê de cada corredor selecionado, observando seus pontos positivos e negativos, assim como seus antecedentes criminais. Quanto mais olhava as fichas, mais seus pensamentos evidenciavam o rosto do taxista que a surpreendeu, forçando-a a retornar a concentração de tempos em tempos. Assim, às dez da noite em ponto, Castaño se dirigiu para o Porto de New York, em sua moto, onde sua secretária Meredith já a aguardava com os candidatos.
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  — Senhorita Magnus, estes são os candidatos que mencionei — disse a secretária, apontando da direita para esquerda. — Kimbely Brown, Gustav Flint, Daniel Malore, Kaila Columbus e Juan Gonzales.
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  — Espero que todos tenham decorado o trajeto traçado — iniciou , ainda surpresa pela sua decisão inesperada de mudar as regras do jogo, ao longo dos dois dias de reflexão que teve antes da corrida. — A tarefa de vocês é se deslocar do ponto A ao ponto B, e efetuar a entrega do objeto que consta em seu porta-malas, a única regra é que nenhum carro pode passar pela rota que decoraram. Se isso acontecer, estarão desclassificados, por isso, o carro de cada um contém um rastreador que nos dará a localização de todos durante a corrida.
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  — Senhora?! — Meredith olhou para ela, confusa da mudança no planejamento.
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  Logo os cochichos de indignação por parte dos corredores soaram discretamente, fazendo-a perceber.
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  — Imprevistos acontecem, principalmente para alguém como eu, se conseguirem completar a tarefa, estarão aptos a trabalhar para mim. — Reforçou ela, dando mais entonação a sua voz. — Dou a vocês trinta minutos para completarem.
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  Todos assentiram, ainda contrariados e, sob o olhar de consentimento para a secretária, Meredith ordenou para que entrassem em seus carros e dessem a partida. O cronômetro foi ligado e um funcionário já estava a postos no ponto de entrega, aguardando os corredores e demarcando o tempo de cada um.
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  — Não entendo o motivo de mudar o planejado — comentou Meredith, ao desviar seu olhar do tablet para . — Se deve ao ocorrido de quarta-feira? Com o taxista misterioso?
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  — Como eu disse — ela pegou o tablet da mão de sua funcionária e se atentou ao mapa mostrado na tela, com a localização dos corredores —, imprevistos sempre acontecem.
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  — Como desejar, senhora, mais alguma mudança projetada? — indagou a secretária, curiosa.
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  — Teremos uma pequena contribuição do policial Jones e seus amigos de trabalho. — Assim que terminou a frase, um sorriso satisfatório surgiu no canto de seus lábios, sendo contemplada pelo som de viaturas da polícia ao longe.
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3 dias antes da corrida…

  As poucas horas de voo foram proveitosas para Collins, que utilizou deste tempo para estudar mais sobre seu alvo de investigação. A vida de obviamente não era um livro aberto e demandou muito tempo para a equipe de inteligência reunir tais informações sobre seu passado, atividades para Titanium e rotina diária, a fim de ajudá-lo da melhor forma possível. Com isso, o detetive pode traçar seu próprio planejamento estratégico, que pudesse ser ainda mais eficaz que o roteiro inicial proposto pelo capitão Phill. Chegando no aeroporto, foi recepcionado por Joshua, o contato de Manhattan que o auxiliaria em todo o trabalho que faria na cidade, a começar por seu disfarce e o acesso a joia mais rara da Titanium.
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  — Chegamos — disse Joshua, ao adentrarem o loft onde morava. — O espaço é pequeno, mas pode se acomodar no sofá, minha cama fica no mezanino.
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  O rapaz continuou seguindo até o sofá, onde deixou a mala do detetive. Seu loft ficava na cobertura, o que lhe dava acesso ao terraço que tinha feito de jardim recentemente, algo do qual se orgulhava, pois, sua paixão por plantas o fizera frequentar um curso técnico de paisagismo, levando assim à abertura de sua floricultura, como um disfarce de sua condição de agente especial.
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  — Não ficarei por muito tempo, se tudo der certo, em um ano consigo a confissão que necessito — disse Collins, o objetivo de sua missão.
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  — Bem, então acho que precisa se preparar. — Joshua se afastou e caminhou até seu espaço de trabalho. — Vou enviar agora mesmo suas informações para a secretária da Castaño.
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  — A mulher realmente confia em você? — indagou o detetive, incrédulo do sucesso.
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  — Claro, já dei inúmeras provas — explicou o rapaz, ao sentar na cadeira e ligar o notebook.
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  — E como consegue trabalhar para ambos os lados? — Isso era o que deixava mais perplexo ainda.
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  — Bem, com o melhor argumento de todos. — Ele o olhou confiante. — Para se ter uma coisa, é preciso dar outra em troca. Tanto o governo quanto os criminosos sabem disso, e eu sou apenas o intermediário.
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  — E tem feito um bom trabalho, segundo o capitão Phill — confessou Collins, ao se aproximar com a atenção na tela. — Mas não irá precisar enviar minhas informações a ela, em troca, preciso que coloque outra pessoa em meu lugar.
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  — E quem seria? — indagou Joshua.
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  — Esse nome. — Collins retirou um papel do bolso e colocou em cima da mesa, o móvel era madeira com estrutura de metalon, soava um design industrial moderno assim como o restante do loft.
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  — Por que a mudança de planos? — Ele olhou o nome, logo tentando projetar uma forma de inserir os dados no sistema, aparentando realismo. — Como pretende se aproximar?
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  — Só precisa saber que eu gosto de trabalhar ao meu modo — respondeu retirando o celular do bolso para fazer uma ligação. — Apenas insira este nome no sistema e elabore uma ficha convincente, depois ligue para o número atrás e passe as coordenadas para a pessoa que vai atender, dizendo o local e hora da corrida.
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  — Estou impressionado, não foi fácil conseguir essa vaga e você não a quer? — Joshua tentou não se mostrar ofendido, mas a chateação era visível.
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  — Tenho os meus métodos e não será em uma corrida que vou atrair a atenção dela. — O detetive se afastou dele, seguindo em direção à porta.
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  — E aonde vai? — perguntou o rapaz, já não entendendo mais nada.
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  — Iniciar a minha missão — respondeu o outro, já saindo pela porta.
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  Sim, Collins já tinha todo o roteiro decorado em sua cabeça, do início ao fim. As poucas horas que teve no trajeto foi o necessário para construir sua estratégia e escolher os contatos necessários para a execução, tendo como base a rotina diária de Castaño. Sendo este seu ponto de partida, o detetive apenas precisou encontrar o carro ideal para a missão e seguir em frente sua rota.
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  Local certo, hora certa.
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  Collins se colocou ao lado de sua Mercedes preta, parada no estacionamento do subsolo, no prédio onde ela morava. Segundo sua estratégia, ele teria apenas uma chance para impressionar a mulher que, futuramente, seria a faísca que incendiaria sua vida.
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Someone call the doctor.
– Overdose / EXO

5. Little Flower

Pierre House – Upper East Side
Manhattan – New York
1 ano antes…

   não estava nem um pouco surpresa com o resultado dos candidatos, pois apenas dois haviam conseguido concluir o trajeto e chegar ao destino sem serem pegos pela polícia, porém, com atrasos. Certamente por mais que conseguissem, os pensamentos dela estavam direcionados a outra pessoa, o motorista que a impressionou sem o menor esforço. Algo que ela insistia em negar para si mesma, e se forçava a ignorar as persistentes cenas que invadiam sua mente.
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  — O que posso dar em troca de seus pensamentos? — A voz suave e aveludada de Pierre despertou a atenção de Castaño, que logo sentiu as mãos do homem pousar em sua cintura, virando-a para ficar de frente para ele. — Está mais silenciosa que o normal.
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  O olhar dele se manteve atento a ela, mesmo com traços de serenidade.
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  — Apenas estou me perdendo em minhas reflexões com mais facilidade — explicou ela, dando um sorriso disfarçado.
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  Logo ela sentiu a brisa fresca que entrava pelas portas e janela tocarem seu corpo. Passar as manhãs de domingo na mansão de Pierre era a tradição que ambos haviam construído ao longo dos anos. Um dos raros lugares em que se sentia em casa e protegida, principalmente pelo amigo ter lhe demonstrado, por várias vezes, sua lealdade e afeto, conquistando a confiança dela.
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  — E qual é a reflexão da vez? — indagou ele, curioso, pois a cada momento desejava conseguir decifrar o enigma que ela representava para ele.
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  Castaño sempre foi de poucas palavras e, as raras vezes que desabafou com o herdeiro Magnus, sempre o deixou preocupado por suas perturbações internas. O que Pierre mais desejava era ter o coração dela, porém, a única coisa que a mulher lhe permitia oferecer, era seu ombro amigo.
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  — Nada de interessante. — Ela sorriu de canto, de forma mais aberta, suavizando o olhar. — E o nosso café da manhã?
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  — Está pronto. — Ele piscou de leve e lhe roubou um selinho rápido, ao se afastar dela.
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  Pierre seguiu para o corredor de acesso à cozinha, em risos num tom baixo. soltou um suspiro bobo e o seguiu até o local, apenas observando o seu entusiasmo.
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  — Venha, me deixe te alimentar — disse o rapaz, ao se aproximar da mesa de refeições e arrastar a cadeira para que ela sentasse.
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  — O cheiro do café está bom — comentou a moça, ao sentir o aroma, se sentando na cadeira. — Isso aumenta meu apetite.
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  — Hum… Então hoje você não vai apenas fingir que está comendo como no domingo passado — comentou Pierre, olhando-a desconfiado.
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  — Digamos que domingo passado eu não estava em meu melhor humor — explicou , rindo baixo.
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  — E hoje você está? — Ele puxou a cadeira e se sentou de frente para a companheira.
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  — Talvez. — Ela respirou fundo ao bebericar o café posto em sua xícara.
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  — Conseguiu seu motorista? — indagou ele, ao levar um morango à boca.
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  — Ainda não… — Castaño manteve o olhar na xícara, pensativa sobre sua decisão final a respeito da corrida.
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  — Se quiser, posso disponibilizar um de meus funcionários — ofereceu o homem, ao olhá-la atento.
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  — Não precisa, já sei o que vou fazer. — Com firmeza quanto à sua decisão, ela manteve a confiança.
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  — Está preparada para ver meu pai na terça-feira? — indagou ele, voltando a atenção para a refeição.
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  — Sempre estou preparada para ver o Magnus. — Ela riu baixo. — Mas… Ainda não entendi o motivo dele querer me ver. Como soube?
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  — Por acaso ouvi a Kim confirmando o café no clube de golfe — respondeu Pierre. — Você pretende dizer a ele sobre a perseguição de quinta?
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  — Não. — Ela deu uma garfada na panqueca e levou a boca, saboreando o gosto do alimento. — Nós dois sabemos que seu pai não fará mais nada a meu favor, então… Não vale a pena.
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  — Queria poder fazer algo para parar isso. — O homem bufou um pouco, sentindo-se irritado por sua limitação.
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  Apesar de filho e único herdeiro legítimo da fortuna da família Magnus e da posição de líder do pai, Pierre não podia ir contra as ordens de Magnus enquanto o mesmo estivesse no poder, afinal, os bastardos, Paola e Pietro Morelis, esperavam o mínimo de distração do primogênito para derrubá-lo e tomar seu lugar.
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  — Não quero que se prejudique por minha causa — disse , ao finalizar o alimento em seu prato.
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  — Faria qualquer coisa por você… — Ele se levantou da mesa e se aproximou dela, pegando em sua mão e a levantando-a junto. — Sabe disso.
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  — Agradeço, Pierre, por tudo que fez por mim, por todos esses anos. — A mulher sorriu de leve para ele. — Sempre será uma das partes mais importantes em minha vida.
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  Pierre sorriu de canto, a puxando para mais perto, mantendo seus corpos e rostos mais próximos, sentindo sua respiração. Por mais que sentisse um carinho profundo por ele, e talvez até mesmo atração, ela não queria misturar as coisas, menos ainda perder a amizade que construíram com o tempo. Entretanto, as esperanças no coração do homem a seu respeito permaneciam acesas mesmo contra sua vontade.
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  Os dias passaram e logo na terça pontualmente se encontrou com Magnus no clube de golfe. Ela observou discretamente as pessoas que estavam frequentando o lugar naquele dia, identificando alguns rostos conhecidos. Logo, a secretária Kim a parou no caminho, conduzindo-a para o espaço vip do campo, onde Magnus aguardava.
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  — Bom dia, senhor — disse , assim que desceu do carrinho que as levou ao local.
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  — — o homem sorriu com satisfação por sua pontualidade —, quero lhe apresentar Alfred Gambino, nosso novo associado.
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  — É um prazer conhecê-la, senhorita Magnus. — O homem manteve o olhar interessado ao cumprimentá-la de forma despojada.
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  — Igualmente, senhor Gambino. — voltou seu olhar para Magnus, como se pedisse uma explicação mais detalhada pelo fato de estar ali.
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  — Gambino tem se mostrado um associado muito valioso para a Titanium, por isso, queremos lhe dar um presente muito estimado por alguns de nossos clientes — anunciou Benedict, de forma que ela pudesse entender as entrelinhas.
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  — O Pink Panther — disse a mulher, em alto e bom tom, movendo o olhar para o gângster. — Você deseja o diamante mais bem escondido do mundo?
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  — O senhor Magnus me garantiu que você conseguiria encontrá-lo para mim. — Gambino sorriu de canto, de forma debochada.
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  Mas lá no fundo, Valeria conseguia ver nos olhos do homem que o mesmo não acreditava em sua capacidade de resgatar a pedra para ele.
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  — Bem, se o senhor Magnus lhe garantiu, apenas aproveite sua estadia nas instalações do clube e aguarde meu retorno. — deu o primeiro passo para se afastar e direcionou seu corpo para a saída.
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  No impulso do seu corpo, Magnus pegou em seu braço, parando-a no caminho.
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  — Deseja mais alguma coisa, senhor? — Ela voltou seu olhar para o homem.
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  Internamente, estava transbordando ódio e frustração por ter que engolir a existência dos seus inimigos em silêncio e apenas manter sua cabeça abaixada para os mandos de Benedict.
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  — Ainda és a minha niña? — indagou ele, fazendo-se o pai preocupado.
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  — Sim, senhor. — Castaño suavizou sua voz, deixando seu olhar mais doce. — Sempre serei.
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  — Deixa-me orgulhoso — disse ele, na sutileza de um tom de ordem.
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  A mulher assentiu com a cabeça e se afastou de Magnus, seguindo seu caminho. Castaño dirigiu em seu carro até o Empire States, tinha alguns assuntos para finalizar antes de se concentrar em sua nova missão.
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  — Senhorita — Meredith adentrou no escritório dela, com algumas pastas na mão, entregando-lhe —, aqui estão os documentos que pediu a respeito do Gambino.
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  — Agradeço, Meredith. — pegou a pasta e abriu, olhando superficialmente as informações. — Vamos ver o que você tem escondido.
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  — Se o senhor Magnus souber que está investigando sobre o Gambino… — A funcionária a alertou. — A senhora não tem medo?
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  — Medo do Magnus? — a olhou com seriedade e firmeza.
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  — Senhora, eu tenho medo até mesmo da senhorita Kim — confessou a secretária.
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  Castaño riu baixo, sensibilizada por seus temores.
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  — Já vivi coisas muito piores que me fazem não sentir nenhum medo relacionado a Magnus — admitiu ela, refletindo seu passado. — E Kim, apenas continua se mostrando a primeira dama, porque tem espaço nos lençóis do poderoso chefão.
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  Ambas deram algumas risadas pela referência. Então Meredith voltou seu olhar preocupado para ela.
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  — O que fará agora? Sobre o cargo de motorista? Afinal, dispensou os dois candidatos que passaram no teste. — Curiosa, ela se sentia intrigada pela chefe não ter dito mais nada após o teste de sábado.
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  — Eles não passaram, Meredith, chegaram atrasados, sabe disso — explicou num tom sereno ao se levantar de sua cadeira e deixar a pasta em cima da mesa. — Não cumpriram o objetivo.
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  — E agora? — insistiu a funcionária.
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  Castaño respirou fundo, dando alguns passos até a varanda privilegiada de seu escritório, refletindo sobre sua prévia decisão. Ela nunca havia se deixado impressionar por alguma situação, menos ainda se interessar por alguém aparentemente insignificante, mas ali estava ela, sem conseguir controlar seus pensamentos continuamente direcionados ao taxista misterioso. Em uma ação previamente por impulso, ela se afastou do beiral e voltou à sua mesa, pegando sua bolsa e as chaves de seu carro.
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  — A senhora vai a algum lugar? — indagou Meredith, se assustando com o movimento da chefe. — Não me lembro de ter algum compromisso em sua agenda para esta tarde.
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  — Tenho um assunto em particular para resolver, tire o restante do dia de folga, sei que precisa dar atenção ao seu noivo e os preparativos do casamento. — sorriu discretamente. — Antes que ele a peça para escolher entre nós dois.
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  — A senhora sabe muito bem qual seria minha escolha — respondeu a assistente, prontamente.
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  — Por isso mesmo, não quero arruinar mais um relacionamento seu. — argumentou com mais seriedade.
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  — Devo minha vida à senhora — alegou a outra, lembrando-se do dia em que conheceu Castaño e recebeu sua ajuda. 
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  — Vá descansar e aproveite sua folga — insistiu , seguindo em direção à porta —, somente volte ao trabalho amanhã após o almoço.
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  — Sim, senhora. — Meredith assentiu.
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   desceu pelo elevador vip até o estacionamento e entrou em seu carro, dando partida no motor, seguiu pelas ruas inicialmente tentando se lembrar do trajeto que havia feito na quinta. Após algum tempo dirigindo, misturando a sensação de estar perdida com a ideia de ter perdido sua razão, finalmente ela havia encontrado a escondida cafeteria Coffee Shop. Estacionando do outro lado da rua, permaneceu minutos dentro do carro, tentando entender o que estava acontecendo com sua sanidade mental e se exatamente ela deveria estar ali.
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  — Hum?! — De repente, despertou de seus devaneios, ao ouvir alguns toques no vidro da janela do banco do passageiro.
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  Abaixando o vidro, notou uma silhueta masculina parada em frente.
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  — Se veio pelo café da manhã, deveria ter chegado mais cedo. — O tom firme do homem a deixou estremecida enquanto acompanhava o movimento de seu corpo, revelando seu rosto.
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  — Acho que já sabe pelo que eu vim — retrucou a mulher, destravando o cinto de segurança e saindo do carro.
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  Encará-lo era a parte fácil, entretanto, a intensidade de seu olhar é que a deixava em pequenos surtos internos.
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  — Prefiro ouvir de seus lábios — insistiu ele, mantendo as mãos nos bolsos da calça e o olhar nela.
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  — Tenho uma proposta de trabalho para você. — Com segurança e firmeza, deu alguns passos até o homem, parando a sua frente.
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  — E por que acha que quero trabalhar para você? — indagou ele, com serenidade.
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  — E por que você não iria querer? — retrucou ela, com confiança. — Podemos fazer um teste.
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  — Você vem me oferecer um emprego e quer fazer um teste? — O homem riu baixo, Collins realmente estava admirado com a ousadia da ladra. — Nem mesmo sabe meu nome.
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  — Collins — respondeu ela, prontamente. — Motorista há três meses na Taxi Motors.
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  — Estou impressionado. — O agente não imaginava que ela também havia feito seu trabalho de caso, no entanto, seguia aliviado por não ter deixado nenhuma ponta solta sobre sua verdadeira identidade. Apesar de, nesta missão, utilizar seu nome verdadeiro.
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  — Preciso saber se consegue se adaptar a minha rotina — argumentou Castaño, arqueando a sobrancelha direita. — O que me diz? Aceita o desafio?
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  — De quanto estamos falando, sobre o salário? — indagou , deixando se mostrar interessado.
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  — O suficiente para te deixar interessado em minha proposta — respondeu a mulher, o deixando curioso.
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  — Quando começamos? — perguntou o homem.
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  — Agora — respondeu , ao jogar as chaves em sua mão para ele. — Preciso ir a um lugar.
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  Ele pegou as chaves no ar e assentiu ao abrir a porta do banco de trás do carro para ela entrar. entrou logo depois, ajustando o banco do motorista e ligando o motor.
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  — Para onde vamos? — indagou.
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  — Vamos para o Bronx — anunciou ela.
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  Collins assentiu seguindo com o carro para o endereço especificado por ela. A mulher, por sua vez, não se impressionou ao notar que a rota por onde ele seguia era totalmente desconhecida por ela, ruas que nunca imaginou que existissem na cidade em que vivia há anos. Ao chegarem em frente a uma floricultura, desceu do carro e pediu para que o homem esperasse do lado de fora, então adentrou o estabelecimento.
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  — Pequeno Lírio! — O som surpreso da senhora Alberg foi abafado por seu olhar gentil e o sorriso cativante. — Não esperava sua visita.
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  — Eu também não esperava vir aqui hoje… Mas… — Ela não conseguiu terminar sua frase.
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  Ingrid Alberg conhecia muito bem a jovem adulta para saber que sua presença ali era mais do que necessária.
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  — Vejo que precisa de uma boa conversa e uma xícara de chá. — Completou Ingrid, mantendo o sorriso acolhedor. — Não se preocupe querida, chegou em um bom momento.
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  Na teoria, Ingrid era uma subestimada psicóloga que após algumas desilusões com o trabalho, acabou fechando seu consultório e abrindo uma floricultura, sua segunda paixão na vida, entretanto, quando alguém recebe o dom de ouvir e cuidar de pessoas, não se pode apenas virar as costas para isso. E foi o que aconteceu. Por fim, na prática, após seu caminho cruzar com de outras mulheres que visivelmente precisavam de ajuda, a doutora Alberg resolveu montar, através de sua floricultura, um seleto grupo de apoio denominado Little Flowers no qual cada uma de suas pacientes receberia o nome de uma flor e seriam tratadas assim, permitindo que a médica pudesse ajudar as mulheres a encontrar suas respostas da melhor forma possível, enquanto lhes ensinava a arte da jardinagem.
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  — Obrigada — disse , ao receber a xícara de chá das mãos da outra mulher.
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  — É notório que está preocupada com algo. — Ingrid se afastou um pouco, seguindo até a bancada de trabalho. — Não quer me dizer o que a atormenta?
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  — Preciso realizar outro serviço para Magnus e sinto que este será ainda mais difícil e… — Ela bebericou um pouco o líquido, observando a doutora mexendo no vaso em cima da bancada.
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  — E? — insistiu ela.
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  — Algo me diz que tem algo errado — confessou Castaño, suas inquietações. — Nunca falamos sobre a morte dos meus pais, nem do tio Castelano… Ele sempre me reprime por querer vingança e não me deixa fazer justiça.
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  — Você acha que Magnus está envolvido com o que fizeram com sua família? — perguntou a médica, instigando a reflexão sobre a possibilidade.
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  — Eu não sei… Se fosse, qual o propósito em me deixar viva? — contra-argumentou , pensando mais a respeito. — Ele poderia ter me matado quando descobriu que sobrevivi.
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  — Você não está sendo útil para ele, agora? — A mulher manteve sua atenção na planta que manuseava de um vaso pequeno para outro maior. — Sabe qual o segredo para se ter um lírio bonito e florido?
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  — Não — respondeu , prontamente.
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  — As raízes… O lírio precisa de um recipiente espaçoso para que suas raízes se desenvolvam com perfeição — respondeu ela, finalmente voltando seu olhar para a jovem. — Se há uma coisa que Magnus lhe deu foi espaço para se desenvolver… Agora está na hora de você florescer a seu modo, e não aos mandos dele.
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  — Acha mesmo que estou pronta para minha independência? — tentou não se mostrar insegura.
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  — Há quanto tempo você tem vindo em minhas aulas de jardinagem? — indagou Ingrid, fazendo-a refletir mais uma vez.
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  — Sete anos. — A jovem respirou fundo. — Graças a você, meus pesadelos não me afetam mais.
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  — Isso é graças a você mesma, ao seu esforço. — Revelou a mulher. — Sei que ainda tem alguns temores e traumas que precisam ser trabalhados, mas… Tenho certeza que está pronta para o próximo nível da sua vida.
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   assentiu e tomou mais um gole do seu chá, mantendo sua atenção na médica que continuava a realizar o replantio do lírio no vaso maior. Foram mais algumas horas de conversas aleatórias sobre plantas, o novo motorista e os planos que ela tinha para o futuro, além de sua amizade com Pierre que a deixava apreensiva.
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  Se realmente Magnus tivesse ligação com a morte de seus pais, ela não deixaria passar, nem mesmo pelo amigo.
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  — Para onde iremos agora? — perguntou Collins, assim que ela retornou ao carro.
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  — Para casa — respondeu ela ao respirar fundo, já sentindo sua mente mais clara e preparada para o que viria a seguir.
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O DNA no meu sangue me diz
Que é você quem eu venho procurando.
– DNA / BTS

6. Novo funcionário

Constellation House – Central Park
Manhattan – New York
7 meses antes…

  Mesmo com a missão de conseguir o Pink Panter para Gambino, tinha outros artefatos em sua lista que precisavam ser resgatados e entregues, o que lhe demandou um certo desgaste mental e físico. Foram os meses mais corridos e sufocantes para ela, que nem mesmo obteve minutos de paz para comparecer em suas aulas de jardinagem.
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  — Não acha que está se esforçando além do necessário? — A voz de Collins soou atrás dela, despertando-a de seus devaneios.
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  Já se passavam das duas da manhã e não havia parado nem um minuto para descansar, completando vinte e quatro horas acordada, concentrada em seus estudos e pesquisas para encontrar a localização do diamante rosa. Sua última entrega tinha sido um colar de rubis que, no passado distante e oculto, havia sido de uma rainha da França e leiloado no século XVIII pelo Museu de Paris, seu antigo dono, um sheik da Arábia Saudita, acabou tendo seu cofre profanado pelas mãos mais delicadas que existiam no ramo. Entrar em sua mansão mais protegida do oriente médio não foi um problema, porém, sair dela é que demandou algumas noites de planejamento.
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  — E você não acha que está muito intrometido para um mero motorista? — retrucou ela, o olhando atravessado assim que o homem abaixou a tela do notebook.
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  — Meredith está preocupada, então me ligou e pediu para que cuidasse da senhorita. — Alegou ele ao cruzar os braços e encostar na mesa, ficando de frente para ela.
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  — Abusado… — sussurrou ela, respirando fundo. — Meredith não deveria ter te ligado e você… Não está autorizado para entrar em meu quarto.
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  — Me desculpe se não sou um funcionário muito obediente. — O homem sorriu de canto com certo deboche, algo que a deixava em surto de raiva.
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  — O que você quer? — indagou ao se levantar, mantendo o olhar sério para ele.
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  — Quero que confie em mim — pediu Collins, mantendo o olhar profundo e sereno — e me deixe cuidar de você.
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   já havia ultrapassado os limites formais do cargo de motorista. A deixa para a aproximação foi em uma noite chuvosa em que teve uma repentina crise de ansiedade devido aos altos barulhos de trovões. De alguma forma, sua memória do passado se ativou, fazendo-a se mostrar indefesa, levando assim à reação de Collins de iniciar sua fase de aproximação.
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  Ao longo dos cinco meses que seguia trabalhando para Castaño, o agente infiltrado já passou a se considerar praticamente seu segurança pessoal, não a deixando sozinha nem por um minuto sequer, sendo seu objetivo principal estar o mais próximo dela, saber seus segredos e, finalmente, conseguir uma confissão, por menor que fosse.
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  — Você trabalha para mim, tem viajado ao meu lado há meses, deveria se considerar um homem de sorte — retrucou , tentando manter estabilidade diante dele.
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  — Tem tanto medo de se expor assim? — insistiu o homem, deixando-a desconfortável.
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  — Volte para seu posto e me deixe sozinha. — Castaño se afastou dele, então sentiu uma breve tontura que deixou seu corpo enfraquecido.
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  — Senhorita Magnus… — a amparou em seus braços. — Está tudo bem? 
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  — Sim… — sussurrou ela, relutante em assentir que estava estranha.
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  — Não está. — O homem a pegou no colo no impulso da preocupação e a levou para o quarto.
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  Colocando o corpo da mulher sobre a cama, Collins mediu sua temperatura, constatando que ela estava meio febril. Ele já havia passado por algo assim com sua parceira, Foster, então já sabia brevemente como poderia cuidar dela. Em seus dois dias de recuperação, sempre que Valeria acordava, fazia questão de expulsá-lo de seu quarto do hotel, sendo ignorada na mesma proporção.
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  — O que ainda faz aqui? — sussurrou ela, ao despertar do pequeno cochilo e o ver próximo de sua cama.
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  — Por que ainda faz essa pergunta? — indagou , dando um riso bobo. — A senhorita possui duas escolhas: ou me demite ou se acostuma com os meus cuidados… O fato é que não sairei do seu lado.
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  — Tem tanto medo da Meredith assim? — perguntou , sem entender o motivo de tanto cuidado que ele estava tendo com ela, apenas por um pedido de sua funcionária.
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  — Não é pela Meredith — disse ele, ao olhá-la com carinho.
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   respirou fundo ao sentir a entonação em sua voz.
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  — Você é apenas o motorista — disse ela, tentando se autoconvencer disso.
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  — Diga mais uma vez… — se aproximou um pouco mais dela, com certa ousadia, fingindo medir sua temperatura.
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  — Por que está cuidando de mim? — indagou Castaño mudando o sentido da pergunta.
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  — Por que eu não cuidaria? — retrucou ele. — Por que sou o motorista? 
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  — Collins… — sussurrou a mulher, quase prendendo a respiração pela aproximação dele.
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  Mais do que com Pierre, que era um amigo, não conseguia entender a grande atração que sentia pelo motorista misterioso, que se intensificava ainda mais com seu jeito dedicado e gentil de cuidar dela. A última coisa que poderia acontecer é Castaño abrir seu coração para um desconhecido e se permitir apaixonar por ele, entretanto, sua sanidade mental não estava preparada para lidar com os conflitos internos relacionados a .
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  — Preciso voltar ao trabalho. — Ela ergueu um pouco mais o corpo, o observando aferir sua temperatura, agora com o auxílio do termômetro.
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  — Não vou permitir que se esforce além do necessário — anunciou ele, fazendo a postura de enfermeiro particular.
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  — Tenho você para cuidar de mim. — Brincou ela, arrancando um sorriso discreto dele.
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  — Está com fome? — perguntou Collins, voltando o olhar para ela.
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  — Vai pedir serviço de quarto a essa hora? — retrucou , voltando o olhar para o relógio de pulso na mesa de lateral da cama.
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  — O que eu pretendia era cozinhar para você. — Esclareceu o homem.
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  — O motorista sabe cozinhar? — O olhar de demonstrou que ela estava impressionada. — Gostaria de poder acompanhar esta façanha.
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  — Está bem o suficiente para se levantar? — questionou o rapaz ao cruzar os braços, pensando em como poderia tirar proveito da situação para quebrar o restante das barreiras criadas pela mulher.
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  — Estou sentindo minhas pernas, então… — Ela soltou uma risada ao tomar impulso para se levantar. — Acho que posso fazer uma visita à cozinha do hotel.
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  — Como a senhorita quiser. — Assentiu ele, se afastando um pouco e gesticulando com a mão, a direção do caminho para a porta.
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  Ver um plano seguir com seu curso conforme o calculado era o que Collins mais gostava em seu trabalho como agente secreto, entretanto, naquela madrugada, enquanto cozinhava para , o homem nunca imaginou que as coisas pudessem dar tão certo e a seu favor, acontecendo de forma natural e totalmente improvisada. As conversas aleatórias de variados assuntos; as risadas espontâneas dela, que o admirava ainda mais; os olhares intensos que fazia os corações acelerarem sem pedir licença.
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  — O que achou? — perguntou ele, curioso para saber sua opinião.
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  — Por acaso você é filho da dona do café? — retrucou a moça, também curiosa pela história dos dotes culinários de seu motorista.
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  — Achou isso por eu saber cozinhar? — O homem riu de forma mais aberta e a olhou. — Então você gostou?
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  — Eu não disse que gostei. — A mulher sorriu de volta, sentindo seu olhar se focar nos lábios de .
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  Logo respirou fundo, tentando manter seu equilíbrio interno, porém, sentindo o seu coração acelerar pela intensidade que emanava dele.
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  — Seus olhos já me responderam. — Collins sorriu de canto e se aproximou mais dela, então pegou o garfo em sua mão, enrolou um pouco do macarrão e levou à boca.
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  Com um sorriso escondido, continuou castigando o alimento, enquanto a encarava.
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  — Motorista abusado — reclamou ela, num tom baixo. — Eu deveria te demitir.
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  — Deveria? — a tocou de leve na cintura de , fazendo-a se levantar da banqueta e se afastar da bancada em que fazia a refeição, Collins, se inclinando um pouco mais para cima dela, deixou seu rosto mais próximo, e sussurrou: — Me demita…
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   respirou fundo, sentindo levemente o aroma do perfume do homem. Não que ela estivesse em uma posição indefesa, porém, com sua mente cansada pelo desgaste dos roubos e o rastreamento do Pink Panther, não iria lutar contra a ocasião, menos ainda as investidas do agente. A oportunidade estava diante dele, e , sendo um bom jogador, apenas se deixou levar pelo momento e iniciou o primeiro beijo do inusitado casal.
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  — Bom dia — sussurrou Collins, assim que percebeu que ela havia acordado.
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  — Eu deveria perguntar o que faz aqui… Afinal, te expulsei do hotel após finalizar o jantar — comentou ela, ao se espreguiçar na cama e perceber a presença do homem —, mas sei que não teria a resposta adequada.
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  — Já disse que não vou sair do seu lado. — Ele manteve a seriedade e firmeza no olhar.
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  — O que você quer? — indagou , sabendo que aquele relacionamento de funcionário e chefe não era tão simples assim. — O que você realmente quer de mim?
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  — O que eu poderia querer de você? — retrucou , mantendo-se encostado no beiral da janela, olhando-a. — A não ser a sua confiança.
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  — E por que deseja tanto a minha confiança? — insistiu a mulher ao se levantar e se aproximar do agente, parando à sua frente.
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   manteve o olhar mais sério ainda. Desejava internamente entender as reais intenções do motorista e desvendar todos os mistérios que o rodeavam.
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  — Porque ainda desconfia de mim — respondeu ele, simples e objetivo. — Meredith não é a única que se preocupa com você.
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  — Vai me dizer que está preocupado com seu salário no final do mês? — brincou Castaño, tentando descontrair o ambiente. — Não se preocupe, no contrato de trabalho dos meus funcionários tem uma cláusula te assegurando financeiramente, caso aconteça algo comigo.
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  — Não é por isso — o homem se afastou da parede e se aproximou mais dela —, não me importo com o dinheiro, me importo com você.
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  — O motorista não pode se apaixonar — comentou ela, erguendo um pouco mais seu corpo, para deixar seus lábios mais próximos dos dele. — A vida real, não é como nos contos de princesa.
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  — Então… Terei que torná-la a minha princesa. — Collins deu o primeiro movimento e a beijou novamente.
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  Naquela altura do jogo, não estava mais pensando racionalmente e havia mudado todo o seu planejamento sobre como conquistar a confiança da mulher. Assim como Valeria se sentia atraída por ele, na mesma proporção acontecia com o agente, relacionado a ladra que deveria investigar. Das muitas noites ao longo dos cinco meses convivendo com ela, as raras vezes em que a viu atordoada por seus pesadelos mais dolorosos, o fez sensibilizar, principalmente quando descobriu a realidade por detrás de sua afiliação à família Magnus. 
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  Os escassos relatórios sobre Castaño não tinham nenhum registro sobre a morte de sua família e as circunstâncias pelas quais ocorreu, menos ainda os traumas causados à pequena criança, que agora, sendo mulher, ainda precisava lutar contra seus medos e tormentos. Saber sobre a vida dela, convivendo com ela, algo que ele nunca imaginou viver.
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  — Está arrependida? — perguntou ele, ao acariciar seus cabelos.
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  — De me tornar uma princesa? — Ela riu com graça. — O que aconteceu aqui…
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  — Não diga que não deve se repetir — pediu ele, quase em tom de ordem. — Não vou me desculpar, menos ainda me afastar de você.
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  — Não está facilitando. — A mulher girou seu corpo na cama e o olhou com seriedade. — Ainda é o motorista.
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  — Não me importo. — A confiança em seu olhar a intimidava de forma sutil.
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  — Preciso voltar ao trabalho. — ergueu o corpo e voltou sua atenção para o notebook em cima da escrivaninha aos pés da cama.
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  — Precisa que eu faça algo para você? — indagou Collins, tentando entender o que tanto ela procurava. — Ou ainda não tenho sua confiança?
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   tocou de leve as costas de Castaño, deslizando seus dedos com suavidade por seu corpo, sentindo a mesma se arrepiando gradativamente.
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  — Você realmente quer me ajudar nisso? — Mais uma vez a mulher estava admirada com a ousadia dele. — Eu sempre trabalhei sozinha.
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  — Duas cabeças pensam melhor que uma — reforçou ele, sua teoria.
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  A mulher arqueou sua sobrancelha direita, pensativa na proposta. Num respiro fundo, se afastou do homem e engatinhou sobre a cama até chegar na escrivaninha, então, pegando o tablet, retornou para perto dele e se concentrou em encontrar a informação que precisava.
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  — Já que está tão disposto assim… — virou o tablet para seu motorista, mostrando a foto de um homem — preciso que me ajude a encontrar esta pessoa.
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  — Por qual motivo quer encontrá-lo? — indagou ele, curioso.
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  — Não convém saber. — Ela manteve a confidencialidade do propósito, observando a reação do rapaz.
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  — Se este é o primeiro passo para confiar em mim… — Ele sorriu de canto e retirou o objeto da mão da mulher, o colocando na mesa lateral, então voltou sua atenção para ela novamente, a puxando para mais perto. — Por que não me conta mais sobre você?
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  — O que você quer saber? — indagou ela, se deixando ser seduzida pelo homem.
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  — O que você quer me contar? — retrucou ele, iniciando o beijo, malicioso e envolvente.
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  Mesmo sabendo da possibilidade de se arrepender depois, tanto quanto continuaram se entregando um ao outro, afastando as preocupações com o futuro. E a cada momento íntimo juntos, de forma espontânea e fluida, o agente conseguia descobrir mais sobre a vida e rotina da ladra assim como seus trabalhos e obrigações para com a Titanium.
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Eu perdi minha cabeça
Desde o momento em que te vi
Só de estar ao seu lado
Meu mundo fica em câmera lenta
Por favor, diga se isso é amor?
– What is love / EXO

7. Titanium

Chinatown – Chicago 
  Atualmente…

  Lá estava Collins, com o olhar fixo nas evidências que tinha colado em um quadro de cortiça na parede da sala, tentando entender o fio que havia deixado solto naquela história. Após perder seu apartamento com sua prisão repentina, graças ao apoio de Joshua, o amigo que fez em New York, seu novo abrigo temporário se localizava em uma rua pouco movimentada do bairro de Chinatown.
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  — O que eu deixei passar?! — sussurrou ele, voltando seu olhar para um recorte de jornal, com a matéria sobre a prisão de .
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  Quanto mais ele refletia as informações diante dele, mais seus pensamentos se voltavam para a mulher que trouxe o caos para sua vida. Justo a única vez que decidiu quebrar as regras, foi o momento que a lógica não lhe fez mais sentido na vida, o que resultou no seu coração apaixonado por uma criminosa.
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  Minutos em silêncio, sendo envolvido por suas lembranças das muitas noites de amor com a Castaño sedutora, logo sua atenção foi despertada com o toque do interfone. Mas quem seria? E como sabia que ele estava naquele lugar? Pegando uma manta que havia forrada no sofá, jogou sobre o quadro e seguiu até o aparelho para saber quem o procurava.
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  — A menos que seja o dono do apartamento para consertar o encanamento da cozinha, eu não estou em casa — disse, não se importando com a ironia em suas palavras.
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  — Tenho certeza que vai querer ter uma conversa com o filho de Benedict Magnus, afinal, temos um assunto em comum. — A voz de Pierre soou do outro lado da linha, com traços de amargura e aspereza. — Mas se preferir, posso comprar todo o prédio também.
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   engoliu seco assim que sua mente absorveu a informação e ligou o nome do chefão da Titanium a pessoa do qual falava. Em um movimento preciso, apertou o botão para abrir o portão de entrada, seguindo após para a porta a fim de aguardá-lo. Não era a primeira vez que ambos ficavam frente a frente, entretanto, a situação era completamente diferente. De um lado, estava o melhor amigo que faria qualquer coisa pela mulher que dizia abertamente amar, do outro, estava o agente que a seduziu para lhe jogar em uma cela fria, se apaixonando no processo.
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  — Pierre Magnus — disse Collins, tentando conter seu olhar surpreso.
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  — Collins. — Sua entonação foi de firmeza e autocontrole.
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  Internamente ele desejava matá-lo, principalmente por se lembrar da forma em que havia conseguido a confissão de Castaño.
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  — Entre — disse o agente abrindo um pouco mais a porta para que o herdeiro Magnus entrasse.
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  Pierre assentiu permanecendo inicialmente em silêncio, enquanto analisava cada detalhe do ambiente que adentrava. Desde as garrafas vazias de cerveja ao lado da lixeira próximo a bancada da pia, até a manta que escondia o quadro de evidências.
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  — Como me encontrou aqui? — indagou , após fechar a porta e se sentir incomodado pelo silêncio dele.
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  — Como acha que conseguiu sair tão rápido da cadeia? — Pierre voltou seu olhar para ele, de punhos fechados, ainda se controlando internamente. — Temos um informante em comum.
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  Era óbvio que sua referência era Joshua.
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  — E o que você quer? — insistiu o agente, em suas indagações.
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  — Primeiro… — Pierre soltou uma risada rápida ao se aproximar dele e, no impulso de liberar sua raiva, o socou tão forte, que o derrubou no chão. — Agora me sinto mais aliviado…
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  — Devo imaginar que mereci isso — comentou , ao se apoiar no chão para se levantar.
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  — Merecia algo bem pior. — Pierre cuspiu a realidade em sua cara. — Ela confiou em você, e você a expôs da forma mais cruel e nojenta que existe.
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  — Me mata então, ou faça algo pior comigo. — O agente limpou o vestígio de sangue que escorria no canto da boca. — Eu sei que cometi a pior burrada da minha vida quando…
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  — A entregou para os federais?! — Supôs Pierre o restante da frase.
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  “Quando não segui as regras e as quebrei ao me apaixonar por ela.” Pensou o agente, o ponto central da verdade.
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  — O que você quer vindo aqui? — voltou a atenção para Magnus. — Apenas socar minha cara?
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  — Não. — Pierre manteve sua postura de cavalheiro superior. — Estou aqui para fazer um acordo com você, por isso não deixei que ficasse preso, pois não me ajudaria em nada.
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  — E o que me propõe? — O agente se mostrou atento e curioso à proposta.
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  — Eu te darei todas as provas que precisa para destruir meu pai e todos ligados à Titanium, associados e clientes, sem exceção… Principalmente os responsáveis pela morte do Gambino — anunciou Pierre, demonstrando seriedade em sua oferta.
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  — E em troca? — indagou o outro.
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  — Vai me ajudar a tirá-la daquele presídio. — Finalizou Magnus, o motivo de estar ali. — E vai limpar a ficha dela.
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  — Não há como fazer isso, ela mesmo confessou. — tentou argumentar, não conseguia imaginar uma forma de fazer o que ele pedia.
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  — Eu não me importo em como vai conseguir isso, mas se quiser limpar seu nome, terá que limpar o dela antes. — O tom de ordem de Pierre soou pelo lugar, causando inquietação no agente.
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  — E quando começamos? — Relutou em assentir, pois ainda lutava consigo mesmo e com o sentimento que fazia seu coração bater mais forte pela ladra do caos.
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  Pierre deu alguns passos até o quadro de evidência, em um movimento preciso, o descobriu jogando a manta no chão.
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  — Agora. — Afirmou, voltando o olhar para seu inimigo, momentaneamente aliado.
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  — Detenta vinte e sete!? Detenta vinte e sete?! — Ao longe a voz das carcereiras gritava a mulher que, sem preocupações, estava a socar o rosto de outra detenta.
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  Aos risos, a mulher que vestia o macacão com o número zero, dois, sete, parou por um momento para retomar o fôlego, então olhou para o rosto que se mantinha ao chão, bem abaixo dela.
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  — Quero que se lembre de nunca mais mexer com alguém que está quieto. — A voz de Castaño soou com firmeza e raiva, enquanto voltava a socar o rosto da outra detenta.
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  Ela estava com raiva… Raiva por ter descoberto que sua família havia sido morta pela ganância dos homens que compunham o conselho da Titanium… Raiva pelo responsável de mandar os Serpens atrás dos seus pais, ser Benedict Magnus… Raiva por ter se apaixonado por um agente disfarçado enviado para a prender, mesmo sabendo quem era ele… Raiva de si mesma por ter magoado seu melhor amigo… E raiva por estar presa naquele lugar.
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  Enfim… Ela apenas estava descontando todas as suas frustrações acumuladas em uma infeliz detenta que se achou no direito de tentar domá-la e lhe fazer sua escrava. Logo que as guardas chegaram no local da briga, separaram ambas as mulheres, levando a detenta cinquenta e dois, desacordada, para a enfermaria, enquanto arrastava Castaño para a solitária, a fim de refletir um pouco por seus atos.
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  — Guarda Bellou — disse ela, num tom de deboche, após a porta da cela se abrir e um pouco de luz entrar naquele espaço pequeno.
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  Se contava três dias no espaço do castigo.
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  — Você tem visitas — disse a mulher carrancuda e mal-humorada, mostrando o cacetete pendurado na cintura. — E espero que se comporte desta vez.
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  — Eu sempre me comporto. — soltou uma gargalhada boba, se levantando do chão. — Então, quem veio me visitar?
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  — Melhor ver por si mesma — disse a outra guarda que estava mais atrás.
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  Castaño respirou fundo e saiu da cela isolada, seguindo pelo corredor em direção à sala de visitas. Ao entrar, seus olhos foram de encontro a Pierre que estava de pé, bem ao centro à sua espera. Um sorriso espontâneo apareceu em seu rosto e sem se importar com os guardas atrás dela, e menos ainda no ambiente em que se encontrava, ela correu até ele e o abraçou apertado.
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   se sentia aliviada por Pierre estar ali e, aparentemente, não a odiar.
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  — Não acredito que veio — disse ela, num tom baixo mantendo o brilho no olhar. — Fique com medo que me odiasse para sempre.
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  — Eu nunca te odiaria, ao contrário do que sinto diante desta situação. — Pierre desviou seu olhar dela para alguém atrás, fazendo-a entender que não estava ali sozinho.
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  Logo deu meia volta e se deparou com parado ao lado da porta. Em segundos, ela sentiu uma explosão de raiva tomar conta de seu corpo, tomando um impulso inesperado para socá-lo, e foi o que fez. As guardas se moveram para lhe impedir, porém, Pierre, com o olhar, as fez ficar afastadas.
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  — EU TE ODEIO!!! — gritou Castaño, enquanto distribuía alguns socos que eram defendidos no susto pelo agente.
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  — … — tentou segurá-la para que se acalmasse. — , por favor, me escute.
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  — Te escutar?! — Ela finalmente parou e tentou se acalmar, sentindo-o segurar seu pulso com força. — Foi por te escutar que terminei aqui.
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  — Me perdoe. — Ele abaixou um pouco mais seu tom, puxando-a para mais perto e aproximando seus rostos. — Confesso que o plano era prender você e desfazer a Titanium… O motorista se apaixonar não estava nos meus cálculos.
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  — Me solta… — pediu ela, em sussurro, se segurando para não se render ao seu charme. — Por favor.
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  — Ainda quero que seja minha princesa — retrucou ele, soltando seu pulso e deslizando as mãos pelos braços da mulher.
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  — Não existe espaço para princesas no meu mundo. — Ela elevou um pouco mais seu tom de voz, com segurança no olhar e se afastou do homem.
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  — Já acabaram a DR? — disse Pierre ao voltar seu olhar para as guardas e fazer um sinal para que saíssem do lugar. — Temos algo mais importante para nos preocupar.
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  — O que ele faz aqui com você? — perguntou , tentando entender como os dois homens de sua vida estavam aparentemente trabalhando juntos.
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  — Agora vai falar comigo em terceira pessoa?! — soltou um comentário sarcástico, rindo baixo.
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  Castaño lançou um olhar atravessado para o agente, e depois voltou sua atenção para o amigo.
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  — Nada mais justo que o causador de tudo isso seja quem vai nos ajudar a resolver o problema. — Pierre deu alguns passos e puxou uma cadeira para se sentar. — Meredith me mostrou os documentos que conseguiu comprovando a traição do meu pai, e tem meu apoio para fazê-lo pagar.
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  — Como está Meredith? — indagou ela, preocupada com sua funcionária.
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  — Fique tranquila, ela está muito bem amparada e adiou o casamento — anunciou ele, num tom brincalhão —, afinal, sua madrinha de casamento estava na solitária.
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   riu de leve, se esforçando ao máximo para manter a descontração no ambiente, e seu olhar bem longe do agente perigo.
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  — Como os dois pretendem me tirar daqui? — Ela olhou para , depois voltou o olhar para Pierre. — Porque vocês vão me tirar daqui, não é?!
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  — Mas é claro que vamos — confirmou Collins, o objetivo da visita.
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  — Esta é a fase um, de nosso plano — completou Pierre.
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  — Antes de prosseguirmos, preciso passar em um lugar após me tirarem daqui — pediu Castaño ao sentir a necessidade de fazer uma visita à doutora Alberg, para uma xícara de chá.
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  Ambos assentiram com o olhar. Estavam aliviados por ela estar bem e ansiosos para devolver a liberdade da mulher que fazia seus corações acelerarem.
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Mas, mamãe, eu estou apaixonada por um criminoso
  E esse tipo de amor não é racional, é físico.
  – Criminal / Britney Spears

  “Vida: Não é o que temos que nos define, e sim como nos levantamos após uma queda.” – Pâms

Continua

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Fe Camilo
Fe Camilo
1 ano atrás

Meu Deeeeus, ansiosíssima pela continuação *-*
Tô amando, Pams! E a PP é incrível, estou encantada com a força e sabedoria dela desde criança <3

Lelen
Admin
1 ano atrás

Eu tô chateada que o backup ficou corrompido e não salvou meus comentários HOASDNAOS
MAS LEMBRE-SE QUE EU TÔ LENDO E ATUALIZA LOGO, POR FAVOOOR.
E o motorista bonito nem é suspeito não, né? HAHAH
Too good to be true

Lelen
Admin
11 meses atrás

ah, mas certeza que o Magnus tá envolvido nas merdas tudo. E tomara que a Valerie esfregue esse diamante na cara do Gambino (eu ia chamar de Cambito, socorro kkkkk), apesar de que, acho que ela vai fazer algo mais NASDPONAPD
Na verdade, acabo de montar um plot twist do nada na minha mente, mas vou deixar pra ver se estou certa ou não conforme a história HEHEHEH
Vai rolar romancezinho com o Collins? Se não, já anota aí que quero continuação com romance com o Collins KKKKKKKKKKKKKKK

Lelen
Admin
11 meses atrás

Gzus, esses dois vão ter que resolver muitas coisas na hora de continuar (vão continuar, né?) o relacionamento, um tem mais esqueletos no armário que o outro kkkkk
Espero que esteja chegando a hora da vingança. Ainda suspeito que o Magnus pai tem a ver com a merda toda, bora verificar na próxima att! 🧐

Lelen
Admin
11 meses atrás

Ih, ó! Tu finalizou, mas vai ter que continuar, senhora HAHAHHAHA
Mais uma pra listinha de pedidos da Lelen 😂
Precisamos saber como a bichinha foi presa, como ela vai sair e limpar o nome, também aceito a festa de casamento da Meredith e precisamos saber como esse triângulo amoroso vai terminar HEHEHEHEHEH
Vou ficar no aguardo dessa continuação 👀


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