The One That Got Away
Capítulo Único
Era uma tarde de inverno, me recordo bem de todos os detalhes. Em como a neve caía, as crianças fazendo anjos na mesma, e em como foi bom ter ficado em casa. Pude por minha vida em dia, a correria sempre crescia cada vez mais, e quase não conseguia administrar meu tempo. Aqueles flocos brancos animavam qualquer um, não só por ausentar nossos trabalhos e aulas, mas por ser a época do ano favorita de e de “nossos” filhos. A situação em que nos conhecemos foi um tanto cômica e um pouco cara para ambos os lados. Meu trabalho requer viagens para cidades vizinhas, já que cubro quase toda a região de Insbruque. Quando voltava de uma sessão fotográfica, já tinha escurecido, então fiquei mais cuidadosa no trânsito. Meu sócio não me acompanhou, decidiu passar o restante da semana com seus familiares que moravam por lá. Até que a estrada estava sossegada, e eu gosto muito dela desse jeito, era o meu horário preferido para dirigir. Ao chegar à divisa para voltar a Insbruque, senti algo chocar-se com a traseira do meu Mach 01. Puxei o freio de mão na hora do susto, e logo tirei o cinto, respirando fundo e indo ao encontro do outro motorista. Naquela hora, meu coração doeu, o carro era modelo 1975, que herdei do meu pai, depois de seu falecimento. Falando no mesmo, uma coisa que eu havia aprendido fora “As pessoas só vão te irritar se você deixar, isso serve para batidas de carro também, mocinha.”. Nunca imaginaria que aquilo se encaixaria tão bem nas circunstâncias passadas. Felizmente, o sujeito, vulgo, , disse que pagaria o concerto e ajudaria na pintura. Na minha cabeça nunca havia pensado que um estranho tornara-se meu melhor amigo, e que arcaria com todo o custo, se eu não intervisse. Não seria apenas o conserto de um carro, seriam dois, e o preço ficaria muito puxado. Então resolvemos dividir a conta. A partir dessa época começamos a nos falar mais e a amizade surgiu.
Toda vez que saímos juntos achavam que nós namorávamos, sempre perguntavam e outros até diziam que formávamos um casal lindo. Era engraçado e eu me divertia, adorava ver as feições surpresas de quando negávamos, já que saíamos com meus gêmeos, e os tratava como se fossem filhos dele. Eu namorava há três anos quando engravidei de Pedro e Caleb, foi uma alegria imensa. Não tinha a pretensão de me casar imediatamente, nem Scott, meu ex. Porém, dois anos após de eu tê-los, meu relacionamento com ele terminou, e um tempo depois foi quando eu conheci . Scott não deixava nada faltar, amava as crianças mais do que qualquer coisa e continuamos mantendo uma relação de amizade saudável. Era bom para ambos e para nossos bebês. O aparecimento de não interferiu em nada, foi uma das melhores coisas que poderia ter ocorrido naquele tempo. Conforme fomos ficando mais íntimos, o que não demorou, ele me auxiliava com as crianças durante meu trabalho e outros afazeres. E os meninos logo se acostumaram e simpatizaram com ele, o apelidando de “tio dos cachinhos”, mais tarde. Minha mãe brincava dizendo que seus netos tinham dois pais e que não precisavam de mais nada, e ela ficara feliz em ver que tanto Scott quanto se davam bem, por mais que no início se estranharam.
Pedro e Caleb estavam com cinco anos quando, sozinhos, pegaram o telefone e atenderam, e começaram a conversar com a moça da telefonia. No momento que me dei conta, tirava o aparelho das pequenas mãos de Caleb e voltou à ligação. A cara emburrada dos dois foi de proporcionar bastante risada, os olhos azuis de Pedro mostraram certa tristeza, enquanto os castanhos de seu irmão logo prendiam a atenção em um desenho animado. Para melhorar o humor do Pê, liguei para seu pai e deixei-os conversando direto, no viva-voz, para que o outro também pudesse falar com Scott. Enquanto eu terminava o almoço, olhava as crianças, e cinco minutos depois trouxe o celular para mim, pois Scott queria confirmar a ida à minha casa para buscar os meninos. Quando os buscou, eu e o decidimos dar uma volta pela cidade e fotografar mais as paisagens. Primeiro começamos com as árvores e afins, captando cada pormenor que havia. Em seguida, esperamos o pôr-do-sol, mesmo fraco, o céu ficava em camadas diferentes e era ótimo de se ver e captar sua beleza natural. No final de nosso passeio, paramos numa barraquinha onde vendia chocolate quente e compramos dois. Sentamos em um dos bancos mais próximos dali e jogamos conversa fora, rindo muito e pensando no que fazer depois. Optamos por ir para a casa dele e assistir um filme, e eu ficaríamos por lá mesmo. Pode-se dizer que o dia havia sido memorável, assim como outros momentos bons e ruins que já passamos juntos nesses três anos. Ao chegar ao espaço dele, acabamos nem assistindo nada, transformamos sua garagem em um estúdio de fotografia, e o restante da nossa noite resumiu-se em fotos, companheirismo e edição.
Três anos se passaram, e agora eu trabalhava na minha própria “empresa”, juntamente com Edward, meu sócio e amigo de curso de fotografia. A empresa que eu era empregada antes era realmente boa, mas eu queria abranger novos horizontes, ter mais oportunidades de “pensar fora da caixa”. O quê eu amava ia além de capas de revistas e jornais, de ser repreendida por dar uma ideia inovadora. Então, eu e Ed fizemos essa parceria e com o tempo fomos crescendo. Confesso que nos jogamos de cabeça nesse projeto, tínhamos dinheiro guardado para investir, mas uma hora acabaria. Com muito esforço, conseguimos nos erguer, formando a Lotus Fotografia. Minha felicidade era tamanha, pois eu estava satisfeita com o quê fazia e tinha meus não tão pequenos – agora com oito anos -, , e o nosso mais novo membro da família: Spike. O pitbull ainda era filhote, mas deu-se muito bem com os garotos, além de se mostrar dócil e brincalhão.
Sentia-me completa até, anos mais tarde, o trabalho tomar um espaço bem maior na minha vida. Era ensaio atrás de ensaio, fotos aqui e acolá. O cansaço cada vez mais visível e as olheiras profundas, e nesse mesmo tempo, Pedro teve pneumonia e seu estado era grave. Scott teve que ir viajar a negócios, sua firma havia aberto uma filial em outro país. Assim que avisei de Pedro, ele afirmou que voltaria o mais breve possível. me cobriu enquanto eu ficava com Pedro, cuidava tanto de Caleb e de mim, pois eu mal saía do hospital. Eu temia muito em perder meu garoto, ele começou a apresentar melhoras três semanas depois de ter sido internado, mas uma vez ou outra ficava bem mal. Nos primeiros dias meu emocional estava muito abalado, o desespero crescia rapidamente e eu tive muito medo. Caleb ficava comigo e com o irmão quando voltava da escola, almoçava conosco e depois o deixava na casa de sua mãe, Donna, que adorava os gêmeos. foi a peça essencial para mim. Eu nunca serei tão grata a ele, só poderia agradecer em outras vidas. Ele tinha uma banda e também era do mesmo ramo que o meu, o quê o facilitou quando me substituiu. Meu melhor amigo dizia que eu não tinha o quê pedir obrigada, que ele sabia que eu faria o mesmo. E eu realmente faria como fiz.
Meses após o melhoramento de Pedro, fiz uma viagem com eles. Aproveitei o feriado para passar um tempo com meus filhos, o que eu não fazia depois da saída do hospital. Visitamos alguns museus, parques e monumentos, algo que os três gostavam. Passamos quatro dias de pura alegria, diversão e estudo, tudo gravado em star, minha câmera. O domingo adentrou em nossas vidas e era hora de voltar, no dia seguinte eles tinham aula e eu precisava voltar aos meus afazeres. Na mesma semana, me convidou para ir a um show de sua banda que seria no sábado, e disse que teria uma surpresa para mim. A animação me consumiu, mas fingi que estava tudo bem. Os restantes dos dias passaram correndo, com tamanho trabalho e idas a cidades vizinhas que eu tinha que ir, e finalmente, aquele dia maravilhoso havia chegado. Após ter me arrumado, deixei os gêmeos com Scott e Maddie, sua esposa, e fui ao encontro de .
21/08/2010. Esse dia me marcou positivamente, e ainda suspiro igual a uma adolescente ao lembrar. O show havia sido muito bom, um dos melhores que eu já tinha ido deles, o local era amplo e estava lotado. Como era de costume, sempre na última música eles escolhiam uma garota para subir no palco e cantavam para ela. Mas, nessa hora, ele virou para mim, que estava nos bastidores, e chamou-me com aquela voz rouca. Eu não sabia o que viria, fiquei tão surpresa quanto o público ali presente. A banda era famosa em nossa cidade, mas não ao ponto de em cada esquina alguém para-los. Eles se divertiam com o quê faziam, e isso dava o gosto de continuar. Observei atentamente o homem parado ao meu lado, como seus olhos verdes e seu cabelo enrolado um pouco acima dos ombros. Sua barba era um detalhe que sempre gostei e brigava com toda vez que ele queria tira-la. Perto dele eu era uma formiga, já que tinha 1,60m e ele tinha 1,95m, mas era algo que ambos gostavam. No final da música, ele pegou o microfone e caminhou até a mim, pegando minha mão e juntando ao seu peito. Seus batimentos aos poucos iam acalmando, e logo se apressou em falar. Ainda tenho todas as palavras guardadas em minha mente.
“, sabe por que meu coração não está mais acelerado? Porque você é a única que sabe e consegue acalma-lo, como ninguém. Acho que se eu precisasse bateria no seu Mach 01 modelo 1975 de novo para poder te encontrar. Há seis anos tive a oportunidade de conhecer essa pessoa maravilhosa, que não quis me matar quando teve aquele acidente e que é uma mãe maravilhosa. Tenho orgulho de ti, meu amor, e você é a melhor pessoa que eu poderia encontrar. Então, que tal ser mais do que uma melhor amiga e amante de todas as horas? Quero dizer, aceita esse músico de poucos versos como seu namorado?”.
E foi ali que começamos a namorar. Era algo realmente inesperado, por mais que ficássemos algumas vezes, ambos tinham a liberdade de se envolverem com outras pessoas, já que não tínhamos nada sério. E isso nunca interferiu nossa amizade, sabíamos separar as coisas, mas não impedia de um ciúme bobo rolar. Quando anunciamos, as respostas foram unânimes: “demoraram até demais para se assumirem”. Ríamos das pessoas falando isso, e outras, como nossas mães diziam que já estava mais do que na hora de sermos completamente felizes. E os gêmeos, nem preciso anunciar a alegria imensa que tiveram ao saber. Até Spike, que estava enorme, se animou ao ter a presença de direto.
E a tão esperada tarde de inverno, a qual caía neve e “nossos” filhos brincavam nela, e era a época que você e os gêmeos mais gostavam, e à tarde que consegui organizar meu tempo, já que mais uma vez meu trabalho me consumiu. Seis anos depois do pedido que complementou mais ainda minha vida, do show que estava fixado em minha memória e eu nunca o apagaria de lá, você voltava para casa. Uma mensagem apareceu em minha tela apareceu, e tratei de respondê-la rapidamente. Sorri ao ler “Estava lembrando de 2010, meu amor. E vejo o quanto te amo, até de noite, se cuida e manda um beijo pros pirralhos!” Isso só reforçou o quanto eu me sentia bem e alegre, e na mesma intensidade, mandei “Você sempre fazendo-me sorrir. Eu te amo, “ para você. Se não me engano, por volta das cinco horas, os rapazes foram brincar com uns amigos na calçada, e eu aproveitei para assistir um pouco de TV. Tudo estava nos trilhos, até que o meu celular tocou freneticamente. Corri para atendê-lo, e fui surpreendida com a voz de Corey me dizendo para ir para o hospital do centro mais perto, pois havia acontecido um acidente grave contigo. Meu coração doeu tão forte, como na vez em que Pedro havia ficado internado. Deixei-os na casa de August, nosso vizinho e lutei contra a neve que estava no meu carro. Não tinha tanta assim, mas eu precisava ir o mais rápido possível. Acho que nunca andei numa velocidade como dessa tarde. Adentrei o hospital e procurei a recepcionista, e a mesma me informou que você estava na sala de cirurgia e que eu teria notícias assim que acabassem. Perguntei por Corey, e ele estava na enfermaria, onde eu o encontrei, todo ralado. Ouvi atenciosamente como tinha acontecido. Você foi desviar de um animal que estava na estrada e acabou perdendo o controle do veículo, chocando-se com um muro. Seu melhor amigo tentava me acalmar, e eu, de algum modo, o ajudava a pensar em outras coisas, em coisas boas. Duas horas depois, o médico trouxe notícias: você havia resistido, mas sua situação era grave.
Não saí do seu lado, assim como você não saiu do meu. Dessa vez, Scott cuidou dos garotos, e eles vinham te visitar depois da escola e almoçavam conosco. Nesse período, ainda fraco, você cantava para mim a nossa música, ficávamos lembrando diversas coisas, e eu só tinha que agradecer a você. , você foi o cara mais sensacional que eu pude conhecer. Acho que nunca fiquei tão feliz com alguém que bateu no meu precioso e ainda queria arcar com tudo. Você diz que eu não tenho o quê agradecer, mas eu tenho. Começando por ter sido e ser esse melhor amigo que eu tirei a sorte grande de ter, sem você, eu teria enfiado muito o pé na jaca. Agradeço todas às vezes que me ouviu falando de amores ilusórios, coisas sem noção e bobagens às três e meia da manhã. Agradeço por ter sido o segundo pai para Pê e Leb, por amá-los como se fossem realmente seus filhos, por não ter ligado pros comentários maldosos de conhecidos ao saberem que nem pai das crianças você era e fazia tudo por eles. Eu vejo nos olhos deles o quanto ambos te amam. Sou grata ao fato de estarmos 12 anos nesse barco, de altos e baixos, mas mesmo assim, continuarmos fortes e unidos como nós somos. A Lotus foi fruto meu e de Edward, mas tive um grande incentivo vindo de ti, e o nome “Lotus” veio daquele nosso portfólio que a antiga empresa não quis. Lembra-se de como fiquei brava e você disse que não era necessário? Você me pôs em seus braços e falou para eu “relaxar” que tudo sairia bem. E tu tinhas razão. Sei que nesses 12 anos, eu aprendi muito contigo e vice versa; Vimos que o amor e o carinho são coisas cultivadas, puras e fáceis; Conviver um com o outro nos fez crescer, nos fez enxergar um lado bom de tudo, mesmo nos momentos ruins, que não foram poucos. Mas, se me permite, sendo bem clichê, com você tudo acaba ficando bem.
Eu cresci ouvindo “você só valoriza quando perde”, mas discordo plenamente. Eu sempre valorizei a pessoa que tu és assim como você me valorizava. Nós fomos felizes, meu amor, e continuaremos sendo em próximas vidas.
Eu te amo, obrigada por fazer esses 12 anos valerem a pena, meu músico de poucos versos.
Fim
Nota: Olá a a a, amigos! Como estão?
Mais uma short, yay. Espero que gostem, foi feita com muito amor e carinho. <3
Vamos conversar pelos comentários ou pelo twitter, okay? Não se esqueçam de comentar, pupilos.
Beijos da tia Liv e até a próxima!
Sempre criativa essa menina… Arrasa sempre, Liv sz
Comentário postado originalmente em 02 de Abril de 2016
Obrigadaa, Lars sz
Comentário postado originalmente em 02 de Abril de 2016
COMO VOCE OUSA FAZER ISSO COM O MEU POBRE EMOCIONAL?
VAMOS FAZER UMA FIC COM UM FINAL FELIZ? AN? AN?
mas que Lindeza que ficou. To muitíssimo orgulhosa de você <3<3<3
Comentário postado originalmente em 02 de Abril de 2016
Tentarei, tentarei. hahaha
Não prometo, mas quando eu tiver tempo, escreverei uma mais feliz.
Obrigada, Mels <333
Comentário postado originalmente em 02 de Abril de 2016
Sempre escrevendo de forma incrível <3
Comentário postado originalmente em 03 de Abril de 2016
Obrigada, tio Vold! hahahaha <3
Comentário postado originalmente em 03 de Abril de 2016